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AFETIVA
Referencial
Teórico
SUMÁRIO
4 - Os valores ............................................................................................................................................................................... 21
Relação professor-
aluno: foco na
Os caminhos que levam à Pedagogia Afetiva: afetividade
2.1 Socioemocionais
2.2 Neurociências
2.3 Correntes educacionais
Pedagogia Afetiva –
fortalecendo o percurso
Os princípios fundantes:
valores e limites
As referências da literatura
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2 Os caminhos que nos levam
à Pedagogia Afetiva
A vida emocional é um campo com o qual se pode lidar, certamente
como matemática ou leitura, com maior ou menor habilidade, e exige seu
conjunto especial de aptidões. E a medida dessas aptidões numa pessoa
é decisiva para compreender por que uma prospera na vida, enquanto
outra, de igual nível intelectual, entra em um beco sem saída: a aptidão
emocional é uma metacapacidade que determina até onde podemos usar
bem quaisquer outras que tenhamos, inclusive o intelecto bruto.
(Goleman, 2001)
Socioemocionais
Pedagogia Afetiva
Educação Neurociências
Tabela 1: Posturas/competências socioemocionais que exercem influência e são influenciadas pelo afeto.
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Termina a construção de A possibilidade aberta pelo
estruturas intelectuais próprias pensamento e raciocínio
do raciocínio hipotético- hipotético-dedutivo permite ao
dedutivo, que é característico jovem tomar como conteúdo de
nos adultos. É o ápice do seus pensamentos os próprios
desenvolvimento da inteligência sentimentos e usá-los em uma
e corresponde ao nível de nova categoria, a abstrata.
pensamento hipotético-dedutivo Aparecem os sentimentos
ou lógico-matemático. ideológicos calcados em ideais
Período operatório coletivos (KUPFER, 2003).
concreto ou das As estruturas cognitivas da
operações formais criança alcançam seu nível mais
(12 anos em diante) elevado de desenvolvimento
e tornam-se aptas a aplicar
o raciocínio lógico a todas as
classes de problemas.
Capacidade de logicizar, ou seja,
de transformar o pensamento
simbólico e intuitivo em
pensamento operatório
(WADSWORTH, 1996).
Wallon organizou sua obra com base nos princípios do materialismo histórico e dialé-
tico compromissado com o pleno desenvolvimento e humanização dos indivíduos. O teóri-
co defendia a origem histórico-social do psiquismo humano e afirmava que o biológico não
determina o indivíduo, mas o indivíduo não existe sem o biológico. Procurando explicar o
desenvolvimento humano do ponto de vista do ato motor, da afetividade, da inteligência, que
coexistem de forma integrada, o teórico afirmava que as emoções iniciais são o recurso ex-
pressivo das necessidades, diferentemente dos sentimentos e das paixões que dependem de
representações. Assim, no início da vida, afetividade e inteligência estão misturadas. Ao longo
do desenvolvimento, a reciprocidade se mantém e as aquisições de uma fase se refletem na
outra, em uma sucessão com predomínio ora do afetivo, ora do cognitivo. Cada fase incorpo-
ra as aquisições do nível anterior.
Para Wallon, há uma distinção entre emoção e afetividade, sendo as emoções manifes-
tações de estados subjetivos, mas com componentes orgânicos. Contrações musculares, por
exemplo, são sentidas e comunicadas por meio do choro, significando fome ou algum des-
conforto. Ao defender o caráter biológico das emoções, Wallon ressalta que elas provêm da
função tônica e provocam mudanças no tônus muscular. Já a afetividade engloba um conjun-
to de sentimentos – (de origem psicológica) e emoções (de origem biológica) e apareceria
mais tardiamente na vida da criança, no momento em que surgem os elementos simbólicos,
que permitem que as emoções se transformem em sentimentos1.
1 Disponível em: < https://www.fe.unicamp.br/alle/textos/SASL-AAfetividadeemSaladeAula.pdf>.
Acesso em: março de 2018.
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No seu processo de desenvolvimento, o indivíduo depende de sua capacidade biológi-
ca e do ambiente, que o afeta de alguma forma. Assim, por exemplo, uma criança que nasça
com o aparelho fonador em perfeitas condições só vai desenvolver a fala se estiver em um
ambiente que desperte isso, com falantes que possam ser imitados e outros mecanismos de
aprendizagem (MAHONEY E ALMEIDA, 2005).
Wallon acredita em uma alternância da afetividade e da cognição, propondo cinco
estágios de desenvolvimento nos quais ocorrem conflitos internos e externos que causam
rupturas, retrocessos – eventos geradores de evolução. Contudo, ressalta que cognição e
afeto –coexistem durante todo o processo de desenvolvimento e que um pode se sobressair
ao outro.
ESTÁGIOS CARACTERÍSTICAS PREDOMINÂNCIA
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Crise de oposição. Predominância do
conjunto afetivo e da
A criança explora a si mesma como direção centrípeta.
um ser diferente dos demais e dá-se
a construção da subjetividade por
meio das atividades de oposição e, ao
Personalismo mesmo tempo, de sedução e imitação.
(3 a 6 anos) ‘Idade da graça’, sedução do outro. Meio
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3 A relação professor-aluno
Ser otimista é se sentir responsável. Você diz a um indivíduo
que ele pode se modificar, que ele pode chegar a um nível mais
alto de funcionamento, que ele pode chegar a uma independência
que lhe permitirá contribuir, de maneira significativa, com a
sociedade. Quando você mostra que ele pode ser um indivíduo
consciente, responsável por ele mesmo e por aquilo que acontece
ao redor de si, quando você postula esta modificabilidade, então
você está engajado. Quando nós acreditamos que isso é possível,
é direito deles e dever nosso tornar isso possível.
(Feuerstein, apud Das Ross, 2002)
Tabela 5: Critérios de mediação. Fonte: Reuven Feuerstein. Mediated Learning Experience (MLE), 1994.
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Dessa maneira, ao se elencar as competências requeridas do educador do Sistema Maxi
de Ensino, em primeiro lugar coloca-se a possibilidade de que ele estabeleça vínculos para
que seja possível se instaurar um clima de confiança e respeito mútuo entre ele e o seu grupo
de alunos, sem que haja prejuízo nos diferentes papéis que cada um ocupa. “Ser próximo e
estabelecer uma boa relação com o aluno significa que o professor possa ocupar o seu próprio
lugar na relação de ensino-aprendizagem de modo amoroso” (MEIER E GARCIA, 2007).
Além disso, para que o professor realize plenamente as tarefas propostas, em uma
perspectiva cognitivo-afetiva, muitas outras habilidades são requeridas: ter formação e
conhecimento sobre as características da faixa etária com a qual vai trabalhar; apresentar
escuta ampliada para as questões colocadas pelo grupo; estabelecer um clima favorável
para a aprendizagem, baseado em relações de respeito, equidade, confiança, cooperação e
entusiasmo; manifestar altas expectativas em relação às possibilidades de aprendizagem e
desenvolvimento de todos os seus alunos; estabelecer e manter normas de convivência em
sala de aula, de modo a promover nos alunos a responsabilidade pela sua aprendizagem e a
dos colegas e mostrar flexibilidade e abertura para mudar seu percurso e suas aulas diante
de novos desafios.
Um professor aberto ao diálogo com os alunos e com sua equipe, que aperfeiçoe o seu
saber enquanto atua com base na troca de experiências e estudo, faz parte do perfil do educa-
dor que, comprometido e engajado, está interessado em que seu aluno se desenvolva e, por-
tanto, dedica-se à tarefa de maneira intencional e prazerosa.
Afetividade
Acolhimento Mediações
e formação de intencionais de
vínculos aprendizagem
Educador
Maxi
Autonomia
Proatividade Especialização
Trabalho em equipe pedagógica em
Observação uma perspectiva
Comunicação cognitivo-afetiva
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4 Os valores
O afeto, como o primeiro pilar ou princípio fundante da Pedagogia Afetiva vem sendo
visitado e sua importância tem sido destacada dentro de cada um dos campos tratados. A Pe-
dagogia, o segundo pilar da Pedagogia Afetiva, ganhou destaque na releitura realizada no item
2.3 –Correntes educacionais. O terceiro pilar, o dos valores, traz a importância dos limites e
da disciplina merecedores de atenção nesse documento.
Resgatando os valores elaborados pelo Sistema Maxi de Ensino, que são norteadores
das ações pedagógicas, tem-se:
• os valores éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do res-
peito ao bem comum;
• os valores políticos dos direitos e deveres da cidadania, do exercício da critici-
dade e do comprometimento com a ordem democrática;
• os valores estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de ma-
nifestações artísticas e culturais são os princípios norteadores de nossas ações
pedagógicas.
Em uma reflexão sobre sua importância e aplicação foram levantadas as seguintes con-
siderações, compartilhadas abaixo.
Uma pessoa pauta sua conduta por meio de valores, legitimando as normas que de-
correm de sua ação, quando age com a convicção de que a regra que seguiu representa um
bem moral. Já outra, que age respeitando a regra por medo de ser surpreendida fazendo algo
que não deveria, guiando-se por um controle externo ou lei, não construiu a consciência da
moralidade.
Essas regras legitimam-se sob a forma de uma obrigação, um imperativo: deve-se agir
dessa maneira, não se deve fazer isso! Porém, como fazer com que as regras e o seu cumpri-
mento sejam construídos e incorporados pelos sujeitos? Por que alguns conseguem cons-
truir uma moralidade em consonância com o que é esperado para a vida em grupo e em so-
ciedade e outros não?
A resposta a essa questão é bastante complexa e remete a um grande número de es-
tudos. Considerando os três temas aqui abordados – socioemocionais, neurociências e cor-
rentes educacionais – serão apresentadas algumas alternativas para auxiliar nessa construção.
Tendo em vista os estudos decorrentes das correntes educacionais e a importância dos
valores, sabe-se que, ao mesmo tempo em que o sujeito desenvolve afeto e cognição, elabora,
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também, sua moralidade. Confundindo no início da vida a moralidade como o universo
físico, as normas são compreendidas como leis heterônimas e advêm da ordem das coisas,
sendo, portanto, intocáveis e não modificáveis. Em um estágio posterior, tendo a criança dez
ou onze anos, vai se consolidando a percepção de que ela mesma pode agir no universo mo-
ral, o que lhe permite estabelecer reações de reciprocidade e defender novas regras. Passa-se,
assim, de uma obediência passiva da criança às ordens e regras a uma obediência ativa decor-
rente do respeito mútuo.
Nas correlações com os três campos anteriores no que diz respeito às contribuições
advindas da afetividade, têm-se que, para que o aluno valide um conjunto de regras, é preciso
que as compreenda e perceba como algo positivo para si, contribuindo para seu bem-estar.
Sob essa ótica, o papel do professor como modelo e incentivador das discussões de cunho
ético é imprescindível para que sejam atingidos os resultados esperados – possibilitar aos es-
tudantes a atribuição de sentido e o decorrente respeito às regras por convicção e não apenas
por medo das consequências provenientes de seu descumprimento.
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6 Referências bibliográficas
ALVES, R. (2002). A arte de produzir fome. Sinapse. In: Folha de S. Paulo, 29/10/2002,
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FILHO, I.A.T.V. et al. ALMEIDA, S.H.V. As compreensões do humano para Skinner, Piaget,
Vygotsky e Wallon: pequena introdução às teorias e suas implicações na escola. Disponível em:
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LEDOUX, Joseph. The Emotional Brain. New York: Simon & Schuster, 1996.
_____________ . Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio, 2015.
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