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MICHEL FOUCAULT: A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS


Conferência I

 Oposição ao chamado “marxismo acadêmico”. Segundo o marxismo defendido


nas universidades, existiria um sujeito de conhecimento (ou seja, o ser humano,
alguém capaz de conhecer as coisas) previamente dado. Este sujeito não seria
construído pelas condições econômicas, políticas e sociais. Ao contrário, ele
seria capaz de conhecer as coisas, mas teria esta capacidade restringida pelas
condições econômicas, sociais e políticas em que vive.
Para Foucault, não há um sujeito (ou seja, o ser humano) previamente dado que
seja influenciado pelas condições econômicas, políticas e sociais. O sujeito de
conhecimento é forjado ou construído (isto é, inventado) pelas condições
econômicas, políticas e sociais. Não só o sujeito de conhecimento, mas também
noções como “verdade”, “conhecimento” e “objeto de conhecimento” são
forjadas (ou seja, inventadas) pelas condições econômicas, políticas e sociais.
Deste modo, pode-se investigar a história da formação do sujeito de
conhecimento, do conhecimento, do objeto de conhecimento e da verdade. Estes
temas, segundo Foucault, nunca foram entendidos da mesma forma: cada
período histórico os entende de maneira diferente.
Em outras palavras, uma determinada sociedade cria um certo tipo de sujeito de
conhecimento, um certo tipo de conhecimento, um certo tipo de verdade e um
certo tipo de objeto de conhecimento.
Por exemplo, a sociedade moderna, baseada no valor da ciência experimental e
matemática, determinará:
a) Que o sujeito de conhecimento seja aquele que se usa da experiência e das
regras da matemática para conhecer (ou seja, o homem que se dedica à
ciência);
b) Que o objeto de conhecimento sejam os aspectos da coisa que podem ser
contados ou calculados (ex.: tamanho, velocidade, massa e etc.);
c) Que a verdade provenha do discurso veiculado pela ciência experimental;
d) Que a única forma segura de conhecimento seja a ciência experimental.
 Hipótese de trabalho de Foucault. Segundo Foucault, as práticas sociais de
controle e vigilância (o que ele chama de práticas judiciárias) deram origem a
um novo tipo de sujeito de conhecimento, de objeto de conhecimento, de tipo de
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conhecimento e de verdade. Noutros termos, estas práticas judiciárias tiveram


influência não só no direito penal, mas também na compreensão sobre o que é o
homem (isto é, sobre o que é o sujeito de conhecimento), sobre o que é
conhecido pelo homem (isto é, sobre o que é o objeto de conhecimento), sobre o
que é entendido como conhecimento verdadeiro (isto é, sobre o que é a verdade)
e sobre qual é a forma segura de conhecimento (isto é, sobre o que é o
conhecimento).
Levando isto em consideração, Foucault analisará as seguintes práticas
judiciárias:
a) O sistema do inquérito (presente tanto no pensamento grego, aparecendo na
tragédia grega Édipo Rei, quanto no pensamento medieval, aparecendo nos
tribunais da Inquisição. Este sistema influenciou na reflexão filosófica e
científica grega e medieval). O autor analisará o sistema de inquérito nas
conferências 2 e 3.
b) O sistema do exame (presente no século XIX. Este sistema influenciou no
surgimento das chamadas ciências do exame: sociologia, psicologia,
psicopatologia, criminologia e psicanálise). O autor analisará o sistema de
exame nas conferências 4 e 5.
 Pressuposto de Foucault na conferência 1. Na conferência 1, Foucault defende
que o sujeito de conhecimento não é algo que existe além da história, mas sim
algo que é construído no interior da história. Noutras palavras, as considerações
sobre o que é o ser humano variarão de acordo com o período histórico e a
sociedade analisada. Da mesma maneira, as considerações sobre o que é o
conhecimento, o que é a verdade e o que é conhecido pelo homem serão
diferentes conforme o período histórico e a sociedade analisada.
 Influências de Nietzsche em Foucault. Análise histórica (ou genealógica) da
formação do sujeito e do conhecimento.
1. O tempo e o espaço não dependem do conhecimento (ou seja, tempo e
espaço não são condições para o conhecimento, como defende Kant), mas
sim o conhecimento depende do espaço e do tempo (ou seja, o conhecimento
é inventado em um determinado local e em um determinado instante do
tempo).
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2. O conhecimento não é algo que teve uma origem (ou seja, algo já presente
na natureza humana e que aflorou em algum momento da história), mas sim
algo inventado (ou seja, algo fabricado em algum momento da história).
3. O conhecimento não é algo que faz parte da natureza humana e que provém
de alguma capacidade do ser humano, mas sim algo que surge por causa da
luta entre os instintos humanos. O conhecimento surge com o objetivo de
controlar os instintos e refrear a luta entre eles. Assim, o conhecimento é
contra-instintivo e contra-racional.
Além disso, o conhecimento se relaciona (ou luta) com um mundo sem lei e
ordem, buscando impor-lhe uma regulação e um ordenamento. Assim, há
uma relação de poder, de luta e de dominação entre o conhecimento e o
instinto e entre o conhecimento e o mundo. Não há uma relação de harmonia
ou adequação entre eles. Em outras palavras, existem duas rupturas:
a) Entre o conhecimento e as coisas: não há uma relação de harmonia ou
adequação entre o conhecimento e o mundo, mas somente uma
relação de dominação.
b) Entre o conhecimento e os instintos: não há uma relação de harmonia
entre o conhecimento e os instintos humanos, mas somente uma
relação de dominação.
4. O conhecimento esconde um desejo implícito de se afastar e de destruir o
objeto e não de se aproximar e se assemelhar a ele. O conhecimento destrói e
se afasta das coisas, porque esquece a singularidade e a diferença das coisas,
introduzindo-as violentamente em um esquema. Assim, o conhecimento não
levar a ver as coisas como de fato são. Por isso, para Foucault e Nietzsche, o
conhecimento leva ao desconhecimento das coisas.
5. Compreendemos o que é o conhecimento quando compreendemos as
relações de poder e de luta entre as coisas e os homens. Em outras palavras,
o conhecimento surge das relações de força e das relações políticas da
sociedade.
Por exemplo, porque a Antiguidade e a Idade Média davam importância ao
conhecimento especulativo (ou seja, ao conhecimento da essência e das
causas das coisas) e a Idade Moderna dava importância ao conhecimento
experimental e matemático (ou seja, ao conhecimento baseado em
experiências e em cálculos matemáticos)?
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Para Foucault, haveria uma relação de luta e de competição entre os


conhecimentos especulativos e experimentais na Idade Antiga, na Idade
Média e na Idade Moderna.
-Por um lado, as condições econômicas, sociais e políticas da Idade
Antiga e Média fizeram com que o conhecimento especulativo ganhasse
a competição, subjugando o conhecimento experimental e se tornando a
única forma segura de conhecimento.
-Por outro lado, as condições econômicas, sociais e políticas da Idade
Moderna fizeram com que o conhecimento experimental ganhasse a
competição, subjugando o conhecimento especulativo e se tornando a
única forma segura de conhecimento.
6. As condições políticas, econômicas e sociais são as causas pelas quais
surgem certas noções sobre o que é o conhecimento, o que é o sujeito de
conhecimento, o que é o objeto de conhecimento e o que é a verdade.

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