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trabalho
‘
Eis o artigo.
Adam Smith é autor de duas teses inovadoras em sua época. A primeira a de que o
trabalho está na base da produção da riqueza. Num período histórico hegemonizada pelas
teorias do mercantilismo e da fisiocracia, a afirmação reorganizou o pensamento da
economia política, particularmente da teoria valor que passou a ser adotada por autores
como Ricardo e Marx.
A segunda tese, essa mais ousada, a de que o vínculo social não é resultante de um pacto
social, mas produto de uma harmonia não intencional de interesses. Essa tese rompe com
os contratualistas – Hobbes, Locke e Rousseau – que preconizavam a existência de uma
instituição forte – Estado – para controlar, organizar e proteger a vida social. Adam
Smith vai por outro caminho, considera que se pode estabelecer relações de
convivialidade a partir das relações de troca.
Professor de filosofia moral, Adam Smith acredita na pessoa humana. Chave para essa
compreensão é a sua categoria de ‘simpatia’ que desenvolve no livro A teoria dos
Sentimentos Morais, obra angular sem a qual A Riqueza das Nações não pode ser
compreendida. A ideia de simpatia é simples: a capacidade que cada um tem de se
colocar no lugar do outro. Adam Smith considera que colocando-nos no lugar das outras
pessoas podemos avaliar se uma ação é correta ou não. Sugere que todos carregam um
‘homem dentro do peito’ que age como ‘espectador imparcial’ avisando-nos dos
excessos e controlando as ações.
Como arguto observador identifica que o trabalho é também lugar do conflito. Segundo
ele, nas relações de trabalho se impõe uma lógica de classe caracterizada pelo “egoísmo
dos comerciantes e dos manufatureiros”. Os primeiros se unem a fim de reduzir os salários
ao máximo e os segundos buscam aumentar a sua remuneração. Smith alerta para a
tendência de abusos por parte de corporativismo mercantil e dos monopólios geralmente
em conluio com o Estado. Defende salários satisfatórios e um mínimo de proteção aos
trabalhadores. De certa forma, antecipa Durkheim que critica duramente relações de
trabalho sem nenhuma regulamentação. O trabalho à mercê apenas do mercado é fonte
de anomia, diz o sociólogo francês.
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/571160-adam-smith-teoria-economica-e-trabalho