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Adam Smith, teoria econômica e

trabalho

Em tempos de embuste do neoliberalismo que preconiza o fim do Estado na regulação


das relações de trabalho é oportuno invocar o liberalismo clássico e o seu principal
expoente: Adam Smith escreve Cesar Sanson, professor do Departamento de Ciências
Sociais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

Eis o artigo.

Adam Smith é autor de duas teses inovadoras em sua época. A primeira a de que o
trabalho está na base da produção da riqueza. Num período histórico hegemonizada pelas
teorias do mercantilismo e da fisiocracia, a afirmação reorganizou o pensamento da
economia política, particularmente da teoria valor que passou a ser adotada por autores
como Ricardo e Marx.

A segunda tese, essa mais ousada, a de que o vínculo social não é resultante de um pacto
social, mas produto de uma harmonia não intencional de interesses. Essa tese rompe com
os contratualistas – Hobbes, Locke e Rousseau – que preconizavam a existência de uma
instituição forte – Estado – para controlar, organizar e proteger a vida social. Adam
Smith vai por outro caminho, considera que se pode estabelecer relações de
convivialidade a partir das relações de troca.

Professor de filosofia moral, Adam Smith acredita na pessoa humana. Chave para essa
compreensão é a sua categoria de ‘simpatia’ que desenvolve no livro A teoria dos
Sentimentos Morais, obra angular sem a qual A Riqueza das Nações não pode ser
compreendida. A ideia de simpatia é simples: a capacidade que cada um tem de se
colocar no lugar do outro. Adam Smith considera que colocando-nos no lugar das outras
pessoas podemos avaliar se uma ação é correta ou não. Sugere que todos carregam um
‘homem dentro do peito’ que age como ‘espectador imparcial’ avisando-nos dos
excessos e controlando as ações.

Adam Smith acredita, portanto, na pessoa humana e na sua capacidade de estabelecer


juízos morais que permitem uma convivência pacífica com as demais. O fato de acreditar
na pessoa humana não significa que seja ingênuo. Ele diz que as pessoas se aproximam
das outras movidas sobretudo por interesses pessoais. É daí que se origina a famosa frase
que ‘não é da benevolência do açougueiro, do padeiro e do cervejeiro que esperamos
nosso jantar, mas sim da consideração de seus próprios interesses’.

É a história da mão invisível. O argumento basicamente sustenta que cada indivíduo


agindo na busca do seu interesse – self-love - acaba contribuindo sem querer para o bem
comum, ou seja, as tais conseqüências não-intencionais. Mas atenção, Adam Smith
nunca foi um defensor irrestrito do laissez-faire – expressão, aliás, criada por François
Quesnay e não pelo pensador escocês que sequer a utilizou em suas obras.
Adam Smith tem claro o potencial deletério da ‘mão invisível’ quando levada ao
extremo. Essa percepção é sobretudo importante quando pensada a partir da categoria
trabalho – o lugar por excelência das relações de troca. Espectador privilegiado do
nascedouro da Revolução Industrial, logo percebeu o caráter revolucionário da divisão
do trabalho com os ganhos de produtividade.

Como arguto observador identifica que o trabalho é também lugar do conflito. Segundo
ele, nas relações de trabalho se impõe uma lógica de classe caracterizada pelo “egoísmo
dos comerciantes e dos manufatureiros”. Os primeiros se unem a fim de reduzir os salários
ao máximo e os segundos buscam aumentar a sua remuneração. Smith alerta para a
tendência de abusos por parte de corporativismo mercantil e dos monopólios geralmente
em conluio com o Estado. Defende salários satisfatórios e um mínimo de proteção aos
trabalhadores. De certa forma, antecipa Durkheim que critica duramente relações de
trabalho sem nenhuma regulamentação. O trabalho à mercê apenas do mercado é fonte
de anomia, diz o sociólogo francês.

Em tempos de embuste do neoliberalismo que preconiza o fim do Estado na regulação


das relações de trabalho, é oportuno invocar o liberalismo clássico e o seu principal
expoente: Adam Smith. Certamente o autor seria crítico do comportamento da cobiça
desmedida dos capitalistas que perderam a noção do juízo moral e da reforma
trabalhista levada a cabo por muitos que invocam o seu nome para justificá-la.

http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/571160-adam-smith-teoria-economica-e-trabalho

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