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8º ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
– 8º ELBHM –

CADERNO DE RESUMOS

Organização do Caderno de Resumos


Marcos Lübeck

Centro de Engenharias e Ciências Exatas – CECE


Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
13 a 16 de Agosto de 2018
Foz do Iguaçu – Paraná – Brasil
Editora da UNIOESTE
2018

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COMISSÃO ORGANIZADORA LOCAL
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) - Foz do Iguaçu - Paraná - Brasil
Dr. José Ricardo Souza (UNIOESTE)
Dra. Kelly Roberta Mazzutti Lübeck (UNIOESTE)
Dr. Luciano Panek (UNIOESTE)
Dr. Marcos Lübeck (UNIOESTE) - Coordenador Local
Dra. Nayene Michele Paião Panek (UNIOESTE)
Dra. Renata Camacho Bezerra (UNIOESTE)
Me. Vanessa Lucena Camargo de Almeida Klaus (UNIOESTE)

COMISSÃO DE APOIO LOCAL


Antonio Rodrigues Junior (Laboratório de Ensino de Matemática/UNIOESTE)
Marcelo Botura Sousa (Centro Acadêmico de Matemática/UNIOESTE)
Rodrigo Cabanha (Centro Acadêmico de Matemática/UNIOESTE)

COMISSÃO CIENTÍFICA - BRASIL


Dr. Fumikazu Saito (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
Dr. Iran Abreu Mendes (Universidade Federal do Pará)
Dra. Lígia Arantes Sad (Instituto Federal do Espírito Santo)
Dr. Marcos Vieira Teixeira (Universidade Estadual Paulista)
Dr. Sergio Roberto Nobre (Universidade Estadual Paulista) - Coordenador no Brasil
Dr. Wagner Rodrigues Valente (Universidade Federal de São Paulo)

COMISSÃO CIENTÍFICA - PORTUGAL


Dra. Carlota Simões (Universidade de Coimbra)
Dr. Fernando José Bandeira de Figueiredo (Universidade de Coimbra)
Dr. Henrique Guimarães (Universidade de Lisboa)
Dr. João Manuel Caramalho de Melo Domingues (Universidade do Minho)
Dr. Luis Manuel Ribeiro Saraiva (Universidade de Lisboa) - Coordenador em Portugal
Dra. Mária Cristina Ribeiro Correia de Almeida (Universidade Nova de Lisboa)

ORGANIZAÇÃO
Sociedade Brasileira de História da Matemática (SBHMat)
Seminário Nacional de História da Matemática/Sociedade Portuguesa de Matemática
(SNHM/SPM)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Curso de Licenciatura em Matemática da UNIOESTE do campus de Foz do Iguaçu


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................1

PROGRAMAÇÃO.......................................................................................................................................2

CONFERÊNCIAS .......................................................................................................................................3

A EMERGÊNCIA DE EXPERTS EM EDUCAÇÃO E A PRODUÇÃO DE SABERES PEDAGÓGICOS .......4

HISTÓRIA PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA: QUAL HISTÓRIA E QUE PESQUISA? FORMATO PAI
OU CIÊNCIA FILHA? .....................................................................................................................................5

INSTRUMENTOS PROPOSTOS POR PEDRO NUNES ..............................................................................6

JOSÉ ANASTÁCIO DA CUNHA (1744-1787) E OS HISTORIADORES DA MATEMÁTICA PORTUGUESA


.......................................................................................................................................................................7

O ENSAIO PREMIADO DE ANTÓNIO MONTEIRO E A SUA IMPORTÂNCIA IGNORADA ........................8

SOLUÇÕES PARA EQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU PRESENTES NO PAPIRO DE RHIND ................9

SIMPÓSIOS TEMÁTICOS ......................................................................................................................10

HISTÓRIA DO ENSINO/EDUCAÇÃO DE MATEMÁTICA ...........................................................................11

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO BRASIL .................................................................................................12

AS MATEMÁTICAS E AS CIÊNCIAS AFINS NA CONSTRUÇÃO DOS TERRITÓRIOS NACIONAIS:


ATORES, ARTEFATOS E INSTITUIÇÕES .................................................................................................13

HISTÓRIA DAS MATEMÁTICAS NOS SÉCULOS XVI E XVII ....................................................................14

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NOS SÉCULOS XVIII A XX.........................................................................15

HISTÓRIA E EPISTEMOLOGIA DA MATEMÁTICA....................................................................................16

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 1...............................................................................17

A ARITMÉTICA DOS ANOS INICIAIS NO LIVRO “MEIN RECHENBUCH” ................................................18

A MATEMÁTICA NO ENSINO PROFISSIONALIZANTE DO BRASIL E DE PORTUGAL (1942-1978)......19

A PROFESSORA JÚLIA ALVES BARBOSA E A INSERÇÃO DA MULHER POTIGUAR NO ENSINO DE


MATEMÁTICA..............................................................................................................................................20

A PROVA DE TRIGONOMETRIA NO PRIMEIRO CONCURSO DE ADMISSÃO À ESCOLA DE MINAS


DE OURO PRETO .......................................................................................................................................21

A VISÃO DO METODÓLOGO SANTOS HEITOR DA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NO ENSINO


TÉCNICO .....................................................................................................................................................22

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ALTURAS INACESSÍVEIS: UMA ANÁLISE HISTÓRICA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA..23

AS NOÇÕES DE REPRESENTAÇÕES DE CHARTIER EM DISSERTAÇÕES E TESES EM HISTÓRIA


DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO BRASIL (2010 A 2015) ......................................................................24

AS PESQUISAS REALIZADAS EM UM ACERVO DE LIVROS ANTIGOS: DA SUA CONSTITUIÇÃO AOS


PRIMEIROS ESTUDOS...............................................................................................................................25

DECROLY E OS CENTROS DE INTERESSE: UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES


DOS PRIMEIROS ANOS ESCOLARES VOLTADOS PARA A MATEMÁTICA NO ÂMBITO DO ENSINO
GLOBALIZANTE, 1920-1950 .......................................................................................................................26

DOMINGOS AFFONSO MACHADO E A MATEMÁTICA PARA O COMÉRCIO NO MARANHÃO ............27

ENSINO DE ARITMÉTICA, GEOMETRIA E DESENHO LINEAR NA ESCOLA DOMÉSTICA DE NATAL


(1911-1930)..................................................................................................................................................28

ESTUDANDO POTÊNCIAS E RAÍZES COM OS PROFESSORES CARLOS GALANTE E OSWALDO


MARCONDES ..............................................................................................................................................29

EXAMES DE MATEMÁTICA EM PORTUGAL: UMA REFLEXÃO EM PERSPETIVA HISTÓRICA............30

FILMES E OUTROS MATERIAIS NO ENSINO DA MATEMÁTICA NO LICEU NORMAL DE PEDRO


NUNES (1956-1969) ....................................................................................................................................31

GEOMETRIA ANALÍTICA COMO CONTEÚDO ESCOLAR: UM LEVANTAMENTO DE DISSERTAÇÕES E


TESES .........................................................................................................................................................32

IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ESTUDOS HISTÓRICOS CORRELATOS A ORGANIZAÇÃO


DE CURSOS DE MATEMÁTICA NO BRASIL .............................................................................................33

MAPEAMENTO DA PRODUÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO


MATEMÁTICA DA UFOP .............................................................................................................................34

O CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIDATICA DA MATEMÁTICA MODERNA DO INSTITUTO DE


EDUCAÇÃO DE PORTO ALEGRE .............................................................................................................35

O ENSINO DA MATEMÁTICA NO INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS .....................36

O ENSINO DE MATEMÁTICA NO COLÉGIO LUTERANO CONCÓRDIA NAS PRIMEIRAS QUATRO


DÉCADAS DO SÉCULO XX ........................................................................................................................37

O PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA DA


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: UM OLHAR SOBRE A SUA HISTÓRIA E O
PERFIL DOS PROFESSORES FUNDADORES .........................................................................................38

PRIMEIRAS LIÇÕES DE COISAS DE NORMAN ALLISSON CALKINS: PROPOSTA DE ENSINO E AS


ADAPTAÇÕES DE RUI BARBOSA PARA OS PESOS E MEDIDAS NO BRASIL......................................39

UMA ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE ÁLGEBRA NO LIVRO-TEXTO “TIJOLÃO” (1966) .......................41

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 2...............................................................................42

A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA MATEMÁTICA APLICADA NA USP: O CASO DA CADEIRA Nº 20 ........43

A MATEMÁTICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DO RIO DE JANEIRO: UM BREVE OLHAR DESDE A


ACADEMIA REAL MILITAR .........................................................................................................................44

ARTEFATOS HISTÓRICOS E ENSINO DE MATEMÁTICA: ESTADO DA ARTE NOS ANAIS DO


ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA .........................................................................45

DIDÁTICA DA MATEMÁTICA (1961): POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DA ÁLGEBRA .....................46

vii


FRANCISCO ANTONIO LACAZ NETTO (1911-1991): BREVE BIOGRAFIA E PRODUÇÃO
BIBLIOGRÁFICA..........................................................................................................................................47

IGNACIO DA CUNHA GALVÃO E SUA DISSERTAÇÃO SOBRE AS SUPERFÍCIES ENVOLTÓRIAS DE


FEVEREIRO DE 1848 .................................................................................................................................48

LÉLIO GAMA: VIRAGENS DE UM MATEMÁTICO EM BUSCA DOS FUNDAMENTOS ............................49

PROFESSORA EURIDES ALVES DE OLIVEIRA: BREVE BIOGRAFIA E CONTRIBUIÇÕES AO


DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA DA UNESP/RIO CLARO ................................................................50

PROFISSIONALIZAÇÃO DA MATEMÁTICA NO RIO DE JANEIRO: OS PROBLEMAS NA FNFI.............51

SOBRE DUAS APOLOGIAS A JOAQUIM GOMES DE SOUSA PUBLICADAS EM JORNAIS DO SÉCULO


XIX ...............................................................................................................................................................52

UM APANHADO SOBRE A OBRA DE EUGÊNIO RAJA GABAGLIA .........................................................53

UMA INVESTIGAÇÃO INICIAL ACERCA DO DESENVOLVIMENTO DO CÁLCULO VETORIAL NO


BRASIL ........................................................................................................................................................54

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 3...............................................................................55

A HISTÓRIA DA MISSÃO JESUÍTICA DE SANTA MARÍA DEL IGUAZÚ ..................................................56

A LEI DOS COSMÓGRAFOS (1801), UMA REFORMA ADMINISTRATIVA DO TERRITÓRIO PARA OS


MATEMÁTICOS ...........................................................................................................................................57

AS MATEMÁTICAS ENTRE A DIPLOMACIA E AS PRÁTICAS DE CAMPO NAS DEMARCAÇÕES


TERRITORIAIS SUL-AMERICANAS DO SÉCULO XVIII ............................................................................58

AS PLANTAS DE FORTIFICAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: ARQUITETURA MILITAR E AS


CONQUISTAS ULTRAMARINAS (1700-1750)............................................................................................59

MATEMÁTICO, DEMARCADOR E POLÍTICO: CONSAGRAÇÃO E CONTROVÉRSIAS NA TRAJETÓRIA


DE ANTÓNIO PIRES DA SILVA PONTES (1749-1805) .............................................................................60

OBSERVATÓRIOS ITINERANTES E A CONSTRUÇÃO DA AMÉRICA PORTUGUESA (1750-1787)......61

OS CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS À FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO MILITAR NO SÉCULO XVIII


.....................................................................................................................................................................62

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 4...............................................................................63

A ÁLGEBRA COSSISTA ALEMÃ – SIGNIFICADO E IMPACTOS ..............................................................64

A CONCEPÇÃO E A CLASSIFICAÇÃO DAS DISCIPLINAS MATEMÁTICAS DE ADRIAAN VAN


ROOMEN .....................................................................................................................................................65

A INFLUÊNCIA DAS ÁLGEBRAS DO SÉC. XVI EM DESCARTES............................................................66

A RÉGUA DE CÁLCULO CIRCULAR NA OBRA THE CIRCLES OF PROPORTION AND THE


HORIZONTAL INSTRUMENT..., (1632), DE WILLIAM OUGHTRED: REFLEXÕES INICIAIS NOS
ASPECTOS CONTEXTUAIS .......................................................................................................................67

O USO DE DOCUMENTOS ORIGINAIS EM PESQUISAS QUE ENVOLVEM A HISTÓRIA DA


MATEMÁTICA DOS SÉCULOS XVI E XVII.................................................................................................68

PROBLEMAS DE MEDIÇÃO DE ALTURAS UTILIZANDO O ESQUADRO MÓVEL DE OTTAVIO FABRI


(C.1544-C.1612): UMA ARTICULAÇÃO ENTRE A HISTÓRIA E O ENSINO DE MATEMÁTICA...............69
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UM ESTUDO INICIAL DA OBRA CHRONOGRAPHIA, REPORTORIO DOS TEMPOS... (1603), DE
MANOEL DE FIGUEIREDO E O INSTRUMENTO BALHESTILHA.............................................................70

UM ESTUDO PRELIMINAR DA OBRA VIA REGIA AD GEOMETRIAM (1636) DE PETRUS RAMUS ......71

UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A GEOMETRIA E A ÓPTICA QUINHENTISTA A PARTIR DO


TRATADO LE SCIENZE MATEMATICHE RIDOTTE IN TAVOLE DE EGNATIO DANTI ...........................72

UM ESTUDO PRELIMINAR DA OBRA DE ARTE ATQUE RATIONE NAVIGANDI (1573) DE PEDRO


NUNES.........................................................................................................................................................73

UM OLHAR SOBRE A PROPOSIÇÃO XXX II DE JAMES GREGORY ......................................................74

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 5...............................................................................75

A CONCEPÇÃO GEOMÉTRICA DE MOUTARD EM RELAÇÃO AOS ESCRITOS DE PONCELET .........76

A CONTRIBUIÇÃO INICIAL DE SYLVESTER PARA A TEORIA DOS INVARIANTES: UMA ANÁLISE DE


ASPECTOS ALGÉBRICOS E GEOMÉTRICOS ..........................................................................................77

A DISPUTA ENTRE GERGONNE E PONCELET ACERCA DA GEOMETRIA DE SITUAÇÃO (1827-1828)


.....................................................................................................................................................................78

A INTERVENÇÃO DE BENTO DE JESUS CARAÇA NA ATUÁRIA ...........................................................79

A RECEPÇÃO DA TEORIA GERAL DAS SUPERFÍCIES DE GAUSS NA FRANÇA DO SÉCULO XIX ....80

APONTAMENTOS SOBRE A PROFISSÃO DE ACTUÁRIO EM PORTUGAL ATÉ MEADOS DO SÉCULO


XX ................................................................................................................................................................81

EDWIN A. ABBOTT E SUA OBRA PLANOLÂNDIA: A ATUALIDADE SOCIAL DE UM UNIVERSO


MATEMÁTICO-LITERÁRIO .........................................................................................................................82

ENSAIOS HISTÓRICOS SOBRE A PRESENÇA DA MATEMÁTICA NA IMPRENSA CIENTÍFICA MILITAR


EM PORTUGAL (1850-1914) ......................................................................................................................83

JOSÉ ANASTÁCIO DA CUNHA (1744-1787) TAMBÉM PROFESSOR DE “QUANTIDADES NEGATIVAS”


.....................................................................................................................................................................84

MATEMÁTICA DAS PENSÕES EM PORTUGAL: A HISTÓRIA RECENTE ...............................................85

NOVAS PERSPETIVAS SOBRE O ENSINO DA MATEMÁTICA NA REFORMA POMBALINA DA


UNIVERSIDADE DE COIMBRA (1772) .......................................................................................................86

O CÁLCULO INFINITESIMAL EM PORTUGAL ANTES DA REFORMA POMBALINA ..............................87

RELAÇÃO ENTRE PRINCÍPIOS VARIACIONAIS E HIDRODINÂMICA ENTRE O SÉCULO 18 E FINAL


DO SÉCULO 19 ...........................................................................................................................................88

TEORIA DA INFORMAÇÃO: SUAS ORIGENS, DESDOBRAMENTOS E DESAFIOS ATUAIS .................89

UM BREVE ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO MATEMÁTICA DE D’ALEMBERT ........................................90

UM ESTUDO SOBRE OS ÉLÉMENS GÉNÉRAUX DES PRINCIPALES PARTIES DES


MATHÉMATIQUES, DE ABBÉ DEIDIER, DE 1745.....................................................................................91

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 6...............................................................................92

A PRESENÇA DA GEODÉSIA NO CURSO DE MATEMÁTICA DA ACADEMIA MILITAR BRASILEIRA NO


SÉC. XIX ......................................................................................................................................................93
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ÁLGEBRA ISLÂMICA MEDIEVAL: CONCEITOS ALGÉBRICOS VS CONCEITOS GEOMÉTRICOS EM
SHARAF AL-DIN AL-TŪSĪ (C.1135-C.1213) ...............................................................................................94

APERFEIÇOAMENTO DOS SISTEMAS DE CONTAGEM E MEDIDA EM UR III ......................................95

DA FRANÇA PARA O BRASIL: ARTHUR THIRÉ E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ..................................96

EUCLIDES PITAGÓRICO? NOTAS HISTORIOGRÁFICAS ACERCA DA SECTIO CANONIS..................97

NISABA: DEUSA SUMERIANA DA MATEMÁTICA.....................................................................................98

O INFINITO ATUAL COMO OBJETO DE ESTUDO NA MATEMÁTICA .....................................................99

O STATUS EPISTEMOLÓGICO DE CONHECIMENTO MATEMÁTICO ..................................................100

PARTICULARIDADES HISTÓRICAS DA CONSTITUIÇÃO DE OBJETOS MATEMÁTICOS: O CASO DO


INFINITO ....................................................................................................................................................101

UMA BREVE BIOGRAFIA SOBRE O MATEMÁTICO PERSA OMAR KHAYYAM ...................................103

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO GERAL .......................................................................................104

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E A COMPOSIÇÃO DO SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL .........105

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NA OBRA DE IMRE LAKATOS .............................................................106

A IMPORTÂNCIA DE O PROFESSOR CONHECER A TRAJETÓRIA DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA


PARA ENSINAR ÁLGEBRA ......................................................................................................................107

ABU´L – WAFA E OS SABERES E FAZERES NO SÉCULO X ................................................................108

ACERTOS E EQUÍVOCOS NAS TRADUÇÕES PARA A LÍNGUA PORTUGUESA DE ALGUMAS OBRAS


DE LEWIS CARROLL: O QUE A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA TEM A VER COM ISSO?........................109

AS BARRAS DE NAPIER E A OBRA RABDOLOGIAE SEU NUMERATIONIS PER VIRGULAS ..., (1617),
UM ENFOQUE CONTEXTUAL HISTÓRICO .............................................................................................110

AS MATRIZES A PARTIR DO ESTUDO HISTÓRICO EPISTEMOLÓGICO .............................................111

CIÊNCIA E MATEMÁTICA NO MUNDO ISLÂMICO MEDIEVAL: VIDA E OBRA DE AVICENA ..............112

CONCEITOS GEOMÉTRICOS NA CULTURA GUARANI NO ESPÍRITO SANTO: CONTEXTOS E


HISTÓRIA ..................................................................................................................................................113

EL MODELO SOCIOEPISTEMOLÓGICO EN LOS INICIOS DEL ÁLGEBRA ..........................................114

INFINITAMENTE PEQUENO: OS INDIVISÍVEIS DE KEPLER, CAVALIERI E WALLIS...........................115

ISAÍAS RAW E O IBECC/FUNBEC DE SÃO PAULO: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS


E DE MATEMÁTICA ..................................................................................................................................116

MALBA TAHAN E O ALGEBRISMO: UMA ANÁLISE NA REVISTA AL-KARISMI (1946 – 1951) ............117

MATEMÁTICA ISLÂMICA NA FIGURA DE AL-BIRUNI ............................................................................118

O ÁBACO DE GERBERT E O TEXTO HISTÓRICO RÉGULA DE ABACO COMPUTI (976 D.C.) COMO
RECURSOS DIDÁTICOS NA ARTICULAÇÃO ENTRE A HISTÓRIA E O ENSINO DA MATEMÁTICA ..119

O TRATADO DA CIRCUNFERÊNCIA DE AL-KĀSHĪ (1427) ....................................................................120

SIMETRIA: UMA HISTÓRIA DO “CONCEITO MODERNO” E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES


PEDAGÓGICAS.........................................................................................................................................121


SOBRE A NOÇÃO DE FUNCIONALIDADE NOS PERÍODOS DA ANTIGUIDADE, IDADE MÉDIA E
IDADE MODERNA: USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
DA COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE FUNÇÃO, PARA ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA .................122

UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NA AQUISIÇÃO DO


CONCEITO DE NÚMERO REAL ...............................................................................................................123

PÔSTERES .............................................................................................................................................124

A EQUAÇÃO DE PELL SOB UM OLHAR HISTÓRICO ............................................................................125

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA EM DISCIPLINAS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL DE


PROFESSORES DE MATEMÁTICA DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS LOCALIZADAS NA REGIÃO
SUL DO BRASIL ........................................................................................................................................126

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DESENVOLVIDA NO PIBID-


MATEMÁTICA-UEM ..................................................................................................................................127

A LÓGICA FUZZY SOB UM OLHAR HISTÓRICO ....................................................................................128

A RELEVÂNCIA DE EULER NO DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS SENO E


COSSENO .................................................................................................................................................129

ABORDAGENS HISTÓRICAS E A EQUIVALÊNCIA DE ESTÍMULOS CONTRIBUINDO PARA O ENSINO


DE ESTATÍSTICA E PROBABILIDADE NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ...................130

ANDRÉ WEIL E A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA .....................................................................................131

AS CARTAS DE EULER A UMA PRINCESA ALEMÃ: CORRESPONDÊNCIAS DIDÁTICO-CIENTÍFICAS


ENTRE HISTÓRIA E ENSINO DE MATEMÁTICA ....................................................................................132

AS DUAS VISÕES DA “CRISE DOS INCOMENSURÁREIS” ...................................................................133

ASPECTOS HISTÓRICOS DAS GEOMETRIAS EUCLIDIANA E ESFÉRICA E SEUS ESTUDOS NO


ENSINO MÉDIO.........................................................................................................................................134

ASTROLÁBIO CASEIRO E TRIGONOMETRIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ..................................135

BATTLEMATH: JOGANDO E ENSINANDO COM A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA ................................136

CONCEPÇÕES SOBRE A MATEMÁTICA E O CONHECIMENTO MATEMÁTICO - UM LEVANTAMENTO


BIBLIOGRÁFICO DE TESES E DISSERTAÇÕES ....................................................................................137

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA MATEMÁTICA NO INÍCIO DO SÉCULO


XX A PARTIR DO ESTUDO DE BIOGRAFIAS .........................................................................................138

EXPERIÊNCIAS INTERCULTURAIS COM/NA EDUCAÇÃO (ESCOLAR) INDÍGENA TUPINIKIM DE


ARACRUZ, ESPÍRITO SANTO ..................................................................................................................139

FATOS HISTÓRICOS DOS ELEMENTOS DE EUCLIDES E DO PAPIRO DE RHIND ............................140

FIBONACCI E A FORMAÇÃO DO CONCEITO DE PROPORÇÃO ÁUREA .............................................141

FRANCIS GALTON (1822-1911), REGRESSÃO LINEAR (1875) E ESTUDOS ANTROPOMÉTRICOS


BRASILEIROS: USANDO A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA PARA APLICAR FUNÇÕES AFIM ..............142

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E JOGOS: O MANCALA ...........................................................................143

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NOS LIVROS DIDÁTICOS DOS SEXTOS ANOS: UM OLHAR PARA O
PNDL 2014.................................................................................................................................................144

IMPRESSÕES DE FUTUROS PROFESSORES ACERCA DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA ................145

LINHA DO TEMPO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA NUMA ESCOLA VIVA ......146

xi


MALBA TAHAN: RELAÇÕES ENTRE HISTÓRIA E O ENSINO ...............................................................147

MULTIPLICAÇÃO MEDIEVAL: ESTUDO E TRADUÇÃO DE UM MATERIAL A PARTIR DA HISTÓRIA DA


MATEMÁTICA VOLTADO PARA A SALA DE AULA.................................................................................148

O LIVRO “HISTÓRIA DOS PESOS E MEDIDAS” COMO REFERÊNCIA PARA AULAS DE GEOMETRIA
...................................................................................................................................................................149

O MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON OU SIMPLESMENTE MÉTODO DE NEWTON PARA O CÁLCULO


DE RAÍZES QUADRADAS? ......................................................................................................................150

O PROBLEMA DA TRISSECÇÃO DO ÂNGULO ......................................................................................151

O TEOREMA DE EULER...........................................................................................................................152

O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NAS AULAS DE MATEMÁTICA: DISCUSSÕES NA


FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA ................................153

PRINCÍPIO DE CAVALIERI: OS INDIVISÍVEIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ..........................154

RELATIVIDADE DO MOVIMENTO: UMA CAUSA PERSISTENTE DE “REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS” 155

RESOLUÇÕES GEOMÉTRICAS DE PROBLEMAS ALGÉBRICOS DO PAPIRO DE RHIND .................156

SISTEMA DE NUMERAÇÃO BABILÔNICO E JOGOS NO AUXÍLIO AO ENSINO DO SISTEMA DECIMAL


...................................................................................................................................................................157

SOBRE CINEMA E HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: O TRABALHO DESENVOLVIDO NO GETOM ........158

TEORIA DOS GRAFOS NA VISÃO DO SÉCULO XVIII ............................................................................159

UM ESTUDO SOBRE OS ELEMENTOS DE EUCLIDES ..........................................................................160

UM ESTUDO SOBRE PROBLEMAS DE ÁLGEBRA GEOMÉTRICA DOS ELEMENTOS DE EUCLIDES


...................................................................................................................................................................161

UMA ANÁLISE A PARTIR DOS TRABALHOS DO 6º ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA


MATEMÁTICA............................................................................................................................................162

UMA ANÁLISE HISTÓRICA DO PERÍODO ANTERIOR À VINDA DO MATEMÁTICO PORTUGUÊS


REMY FREIRE PARA O BRASIL ..............................................................................................................163

UMA BREVE HISTÓRIA DA ÁLGEBRA DOS QUATÉRNIOS ..................................................................164

UTILIZANDO FATOS DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA COMO AUXILIO PARA O ENSINO DO


TEOREMA DE TALES ...............................................................................................................................165

xii


8º Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática - ELBHM
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
13 a 16 agosto de 2018 – Foz do Iguaçu/Paraná/Brasil

APRESENTAÇÃO

Os Encontros Luso-Brasileiros de História da Matemática (ELBHM) são importantes


eventos internacionais que congregam, fundamentalmente, pesquisadores e interessados em
História da Matemática do Brasil e de Portugal. A sua organização é uma ação conjunta entre a
Sociedade Brasileira de História da Matemática (SBHMat) e a Sociedade Portuguesa de
Matemática/Seminário Nacional de História da Matemática (SPM/SNHM). O Encontro está
celebrando 25 anos de existência, e esta 8º edição se concretiza no Centro de Engenharias e
Ciências Exatas (CECE), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), no
Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, no Brasil, de 13 a 16 de agosto de 2018.
Seus objetivos são incentivar o intercâmbio entre brasileiros e portugueses, e de outras
nacionalidades, que trabalham com História da Matemática; divulgar e discutir as pesquisas
realizadas em História da Matemática e no âmbito das relações entre História, Epistemologia,
Cultura, Tecnologia e Ensino de Matemática; difundir a História da Matemática aos professores
dos Ensinos Fundamental, Médio e Superior, e entre alunos de graduação e pós-graduação em
Matemática, Educação Matemática, História das Ciências e áreas afins. Este Encontro Luso-
Brasileiro de História da Matemática, em especial, ficará marcado pela junção da história e da
contemporaneidade, pois seus participantes têm a oportunidade de desfrutar de belíssimos
cenários naturais, além de diversas maravilhas tecnológicas e culturais, bem como trocar
experiências e trabalhar em prol do desenvolvimento da ciência e tecnologia, do crescimento
social, cultural e humano, pautados em sérias pesquisas que fundamentam estes progressos.
Produto da dinâmica acadêmica e científica, o ELBHM torna-se maior em cada edição,
congregando cada vez mais interessados em pesquisar, discutir e divulgar suas investigações
em História da Matemática e áreas afins. Assim, o Encontro oferece uma ampla programação,
na qual são apresentadas produções, debatidos assuntos emergentes, expostos problemas e
soluções, bem como são divulgadas muitas experiências. Com início em Coimbra, Portugal, em
1993, o ELBHM busca, desde então, estreitar as relações científicas entre os pesquisadores
dos países sede dos eventos. Inicialmente, pensou-se organizar os Encontros de 4 em 4 anos.
Hoje temos um algoritmo que implica que cada Encontro no Brasil se realize 4 anos após o
anterior em Portugal, e que cada Encontro em Portugal aconteça 3 anos após o anterior no
Brasil. O rol dos Encontros é o seguinte:
1º ELBHM: Universidade de Coimbra, Portugal, 31 de Agosto a 3 de Setembro de 1993.
2º ELBHM: Águas de São Pedro, São Paulo, Brasil, 23 a 26 de Março de 1997.
3º ELBHM Universidade de Coimbra, Portugal, 7 a 12 de Fevereiro de 2000.
4º ELBHM: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil, 24 a 27 de Outubro de 2004.
5º ELBHM: Castelo Branco, Portugal, 3 a 7 de Outubro de 2007.
6º ELBHM: Universidade Federal de São João Del-Rei, Brasil, 28 a 31 de Agosto de 2011.
7º ELBHM: Óbidos, Portugal, 15 a 19 de outubro 2014.
8º ELBHM: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do Iguaçu, Brasil, 13 a 16 de
agosto de 2018. Daí, se comemora 25 anos. Um grande momento para este importante evento.
Neste 8º Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática participam 260 pessoas,
entre palestrantes, apresentadores e ouvintes. São 151 trabalhos sendo apresentados como
Palestras Plenárias, Simpósios Temáticos, Comunicações Orais e Pôsteres. Mais informações
podem ser acessadas em: http://www.elbhm.com.
Assim, queremos agradecer às instituições e pessoas que nos ajudaram, de uma forma
ou de outra, a realizar este belíssimo e grandioso Encontro: a Sociedade Brasileira de História
da Matemática (SBHMat) e a Sociedade Portuguesa de Matemática/Seminário Nacional de
História da Matemática (SPM/SNHM), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (FAPESP), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
a Itaipu Binacional/Turismo, ao Parque Tecnológico Itaipu (PTI), a Prefeitura Municipal de Foz
do Iguaçu/Secretaria Municipal de Turismo, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE), campus de Foz do Iguaçu, as Comissões Científicas do 8º Encontro Luso-
Brasileiro de História da Matemática (ELBHM), aos Coordenadores dos Simpósio Temáticos,
aos Palestrantes e Conferencistas, aos Expositores e Participantes em geral, bem como aos
Professores, Funcionários e Alunos do Centro de Engenharias e Ciências Exatas (CECE) do
Curso de Licenciatura em Matemática e do Centro Acadêmico de Matemática (CAM).

Comissão Organizadora do 8º ELBHM


Foz do Iguaçu, agosto de 2018


8º Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática - ELBHM
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
13 a 16 agosto de 2018 – Foz do Iguaçu/Paraná/Brasil

PROGRAMAÇÃO

Este evento acontece nas dependências do CECE/PTI, no Auditório César Lattes, nas
Salas Florestan 1, 2 e 3, e nas Salas de Aula do Curso de Licenciatura em Matemática da
UNIOESTE, nos dias 13, 14, 15 e 16 de agosto de 2018, promovendo conferências plenárias,
comunicações orais e apresentações de pôsteres, bem como apresentações artístico-culturais.

Solenidade de Abertura:
Diretor Geral da UNIOESTE do campus de Foz do Iguaçu
Diretor do Centro de Engenharias e Ciências Exatas
Diretor do Parque Tecnológico Itaipu
Presidentes da SBHMat e do SNHM/SPM
Coordenadores Científicos do Evento
Coordenador Local do Evento

Conferência de Abertura:
Dr. Iran Abreu Mendes - UFPA - Brasil

Conferências Plenárias:
Dr. António José Duarte Costa Canas - Escola Naval - Portugal
Dr. José Francisco da Silva Costa Rodrigues - Universidade de Lisboa - Portugal
Dr. Fábio Maia Bertato - UNICAMP - Brasil
Dra. Rosilda dos Santos Morais - UNIFESP - Brasil

Conferência de Encerramento:
Dr. Luís Manuel Ribeiro Saraiva - Universidade de Lisboa - Portugal

Simpósios Temáticos:
1. História do Ensino/Educação Matemática.
Organizadores: Dr. Wagner Rodrigues Valente (UNIFESP) e Dra. Mária Cristina Ribeiro correia
de Almeida (UIED-FCT-UNL)
2. História da Matemática no Brasil.
Organizadores: Dr. Sergio Roberto Nobre (UNESP) e Dr. Marcos Vieira Teixeira (UNESP)
3. As Matemáticas e as Ciências Afins na Construção dos Territórios Nacionais: atores,
instituições e territórios.
Organizadores: Dr. Fernando José Bandeira de Figueiredo (Universidade de Coimbra) e
Dr. Tomás Augusto Santoro Haddad (USP)
4. História das Matemáticas nos séculos XVI e XVII.
Organizadores: Dr. Gert Felix Schubring (UFRJ) e Dr. Fumikazu Saito (PUC-SP)
5. História da Matemática nos séculos XVIII a XX.
Organizadores: Dr. João Manuel Caramalho de Melo Domingues (Universidade do Minho) e
Dr. Carlos Roberto de Moraes (UNIARARAS)
6. História e Epistemologia da Matemática.
Organizadoras: Dra. Lígia Arantes Sad (IFES) e Dra. Bernadete Morey (UFRN)

Comunicações Orais e Pôsteres:


Propostas por pesquisadores da área.

13/08 14/08 15/08 16/08


8 – 10h Credenciamento na Comunicações Orais Comunicações Orais Comunicações Orais
Barreira de Controle da
Usina de Itaipu
10 – 10:15h e Entrega de Materiais Intervalo Intervalo Intervalo
10:15 – 12:15h no Conferências Plenárias Conferências Encerramento
PTI/CECE/UNIOESTE Plenárias
12:15 – 14h Almoço Almoço Almoço
14 – 16h Abertura Simpósios Temáticos Simpósios Temáticos
16 – 16:15h Intervalo Intervalo Intervalo
16:15 – 18:15h Simpósios Temáticos Simpósios Temáticos Apresentação de
Pôsteres


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CONFERÊNCIAS


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Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
13 a 16 agosto de 2018 – Foz do Iguaçu/Paraná/Brasil

A EMERGÊNCIA DE EXPERTS EM EDUCAÇÃO E A PRODUÇÃO DE SABERES
PEDAGÓGICOS

Rosilda dos Santos Morais – UNIFESP – rosildamorais7@gmail.com

Uma conferência sobre História do Ensino de Matemática não tem como propósito abarcar a
complexidade de um tema tão amplo. Assim, o que se pretende é contar uma história do
ensino de Matemática e reconhece-se que há muitas outras a serem contadas... La mise en
scène desta conferência serão os experts em educação, sujeitos que no final do século XIX e,
sobretudo, no curso do século XX se dedicaram com zelo, de maneira sistemática, sobre uma
base de saberes da profissão docente por ela mesma, em outras palavras, inspetores,
professores do ensino primário e do ensino secundário, diretores de escola os quais
constituíram-se em experts em razão de sua expertise profissional, a saber, por conhecerem o
ofício docente, por nele se destacarem e serem legitimados (HOFSTETTER et al. 2013). Esses
sujeitos sistematizaram saberes, saberes objetivados, que ditaram modelos de formação
docente ao longo do tempo, ou seja, foram os responsáveis pela produção de novos saberes
no campo pedagógico, por construírem um campo disciplinar especifico para a educação e
onde se institucionalizará progressivamente uma expertise neste campo (HOFSTETTER et al
2013). É objetivo desta conferência problematizar o processo de institucionalização da
expertise, do especialista em educação, no Brasil, pois se acredita que seja possível construir
uma sistematização de saberes com vistas a conceituar o seu papel nas profissões do ensino e
da formação (VALENTE et al. 2017). Isso posto, interroga-se sobre “Que papel
especificamente tiveram os experts na elaboração dos saberes profissionais do professor que
ensina matemática?”.

Referências
HOFSTETTER et al. Pénétrer dans la vérité de l’école pur la juger pièces em main. L’irrésistible
institucionnalisation de l’expertise dans le champ pédagogique (XIXe-XXe siècles). In:
BORGEAUD, P. et al (orgs). La Fabrique des savoirs. Figures et pratiques d’experts. George
editeurs. 2013.
VALENTE, W. R. et al. A Matemática na Formação de Professores e no Ensino: processos
e dinâmicas de produção de um saber profissional, 1890-1990. Projeto Temático. Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). 2017-2022.


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HISTÓRIA PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA: QUAL HISTÓRIA E QUE PESQUISA?
FORMATO PAI OU CIÊNCIA FILHA?

Iran Abreu Mendes – UFPA – iamendes1@gmail.com

Os estudos em história para o ensino da Matemática no Brasil têm gerado importantes


resultados que apontam temáticas e abordagens didáticas como contribuição para a formação
conceitual e didática de professores de Matemática e para suas ações docentes na educação
básica. Em minhas pesquisas sobre esse tema identifiquei uma diversidade de focos de
pesquisa baseados nas informações sobre o desenvolvimento histórico da Matemática,
adaptados para o ensino dos conteúdos matemáticos escolares. Entretanto, considero
necessário esclarecer sobre a necessidade de uma análise mais criteriosa acerca dessa
dimensão pedagógica dada à história da Matemática para a formação e para as práticas de
professores, advinda das pesquisas realizadas no Brasil, uma vez que há uma produção em
crescimento nessa área, originada principalmente dos mestrados profissionais em Educação
Matemática, Ensino de Ciências e Matemática e pela Sociedade Brasileira de História da
Matemática (SBHMat), mas que precisam da criação de um espaço ampliado de
esclarecimento, disseminação e interação profissional que torne efetiva essa abordagem
pedagógica na escola. Com base nessas reflexões pretendo fazer uma discussão centrada nas
seguintes questões: Qual o formato epistemológico das pesquisas sobre história para o ensino
de Matemática? De qual pesquisa se trata? Que história deve ser focalizada em uma proposta
de abordagem didática para a formação de professores e para a escola? De que maneira as
modalidades de uso didático da abordagem histórica nas aulas de Matemática têm sido
produzidas por pesquisadores e educadores, quais seus significados pedagógicos e até que
ponto são utilizadas pelos professores de Matemática em suas aulas nas escolas públicas da
Educação Básica? Minhas indagações serão fundamentadas em autores como Michel Serres
(2008), Nicolas Bouleau (2002) e Maurice Caveing (2004) para fazer situar os campos em qua
essa história para o ensino da Matemática está situada, visando propor sua inserção na
formação e ação dos professores para o ensino de Matemática e apresentar uma agenda de
trabalho a ser implementada nos próximos quatro anos para uma inserção dessa dimensão
histórica na formação de professores como política de formação conceitual e didática de
professores de Matemática.

Referências
BOULEAU, Nicolas. La règle, le compas et le divan: plaisirs et passions mathématiques.
Paris: èditions du Seil, 2002.
CAVEING, Maurice. Le problème des objets dans la pensée mathématique. Paris: Librairie
Philosophique J. Vrin, 2004.
SERRES, Michel. Ramos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.


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INSTRUMENTOS PROPOSTOS POR PEDRO NUNES

António Costa Canas – Escola Naval – costacanas@gmail.com

Nas várias obras que publicou, Pedro Nunes sugeriu diversos instrumentos, para serem
usados pelos homens do mar, no seu quotidiano. Nalguns casos, trata-se de instrumentos
novos, noutros casos, são simplesmente adaptações feitas em instrumentos existentes, com o
objetivo de melhorar o rigor das observações, como é o caso do nónio. Nesta apresentação,
começaremos por indicar os diferentes instrumentos que Pedro Nunes sugeriu, descrevendo
muito sucintamente cada um deles. Seguidamente, centraremos a nossa atenção nos
chamados «instrumentos de sombras». Pedro Nunes propôs dois instrumentos distintos, cujo
funcionamento se baseava na observação da sombra, provocada pela incidência do Sol sobre
uma parte do instrumento. O primeiro desses instrumentos servia para determinar a direção do
Sol, necessária para alguns dos procedimentos de cálculo que Pedro Nunes sugeriu. Quanto
ao outro instrumento de sombras, servia para medir a altura do Sol. Embora os dois
instrumentos de sombras sejam diferentes um do outro, diversos autores contemporâneos
confundem-nos. Explicaremos as diferenças entre ambos, para esclarecer as confusões que
por vezes surgem na literatura. Finalmente, será apresentado, com maior detalhe, o
instrumento destinado a medir a altura do Sol, que geralmente é conhecido como «instrumento
jacente no plano», para o distinguir do outro instrumento de sombras. Este «instrumento
jacente no plano» é apresentado em várias versões, sendo explicadas das diferenças entre
elas.


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JOSÉ ANASTÁCIO DA CUNHA (1744-1787) E OS HISTORIADORES DA MATEMÁTICA
PORTUGUESA

Luis Manuel Ribeiro Saraiva – CIUHCT/CMAFCIO/UL – lmsaraiva@fc.ul.pt

José Anastácio da Cunha (1744-1787) é um dos poucos matemáticos da história matemática


portuguesa com uma contribuição significativa para a comunidade internacional. Ele surge num
momento de viragem da matemática portuguesa, após cerca de dois séculos de mediocridade
e estagnação, integrado na reforma da Universidade de 1772, a qual veio depois ser reforçada
com a criação da Academia das Ciências de Lisboa em 1779. Neste período podemos localizar
os começos da matemática que se veio a desenvolver em Portugal no século XIX. Apesar do
curto intervalo em que esteve na Universidade portuguesa (1773-1778), e da sua condenação
pela Inquisição, que levou ao seu afastamento das instituições de matemática superior da sua
época, Anastácio da Cunha não só influenciou os seus contemporâneos, como foi sempre uma
figura de referência da matemática portuguesa. Nesta conferência faremos uma análise do
modo como a figura e obra de Anastácio da Cunha foram relatadas e avaliadas, desde as
considerações do seu contemporâneo Francisco de Borja Garção Stockler até às apreciações
feita no século XX (para as quais muito contribuíram dois artigos essenciais do historiador A. P.
Youschkevitch nos anos 70) nos Congressos realizados em 1987, nas comemorações do
bicentenário do seu falecimento. Neste processo cronológico, falaremos, entre outras, das
análises de Francisco do Castro Freire, Rodolfo Guimarães, Pedro José da Cunha, Francisco
Gomes Teixeira e José Vicente Gonçalves.


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O ENSAIO PREMIADO DE ANTÓNIO MONTEIRO E A SUA IMPORTÂNCIA IGNORADA

José Francisco da Silva Costa Rodrigues – FC/UL – jfrodrigues@ciencias.ulisboa.pt

O inédito e ignorado “Ensaio sobre os FUNDAMENTOS da ANÁLISE GERAL” de 1939, prémio


Artur Malheiro de 1938 atribuído pela Academia de Ciências de Lisboa a António Aniceto
Ribeiro Monteiro, é uma monografia original que reflete e antecipa uma viragem nos estudos
matemáticos em Portugal, antecedendo a criação do Centro de Estudos Matemáticos de
Lisboa em 1940, pelo Instituto para a Alta Cultura. Regressado de Paris, onde se doutorara em
1936 com Maurice Fréchet, Monteiro faz uma extraordinária síntese em quatro capítulos
abstratos, que vai da Teoria dos Conjuntos à Análise Geral, passando pela Álgebra Moderna e
pela Topologia Geral, e estabelece, em bases firmes, o modernismo do movimento matemático
português do início da década de quarenta do século XX. Nesta comunicação propõe-se fazer
a análise deste importante Ensaio, das suas fontes e da influência que se pode identificar nos
posteriores trabalhos de Monteiro e dos seus discípulos.


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SOLUÇÕES PARA EQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU PRESENTES NO PAPIRO DE RHIND

Fábio Maia Bertato – UNICAMP – fabio_bertato@yahoo.it

O Papiro de Rhind (ou de Ahmes) é uma excelente fonte para nosso conhecimento acerca da
matemática praticada pelos egípcios antigos. O manuscrito, datado do século XVII a.C., é uma
cópia de outro manuscrito muito mais antigo (c. séc. XIX a.C.) e se encontra no British Museum
(papiros 10057 e 10058). Nosso objetivo é apresentar alguns problemas algébricos presentes
no papiro e suas respectivas soluções, indicando nomenclatura, métodos, paralelos com outros
problemas, limitações, entre outras informações que possibilitam ampliar o entendimento sobre
a prática matemática egípcia. Todas as considerações serão amparadas em nossa experiência
ao traduzir ao português tais problemas diretamente do hierático, via transcrição ao hieróglifo.


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SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

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HISTÓRIA DO ENSINO/EDUCAÇÃO DE MATEMÁTICA

Organizadores do Simpósio Temático 1


Mária Cristina Ribeiro Correia de Almeida – UIED/FCT/UNL – ajs.mcr.almeida@gmail.com
Wagner Rodrigues Valente – UNIFESP – ghemat.contato@gmail.com

Os Encontros Luso-Brasileiros de História da Matemática têm abrigado estudos de muitos


pesquisadores que se dedicam à história do ensino, à história da educação matemática em
praticamente todas as suas edições. Para além desses eventos, desde, pelo menos, o ano de
2004, pesquisas conjuntas, sob projetos temáticos coletivos, têm sido realizadas. Cite-se como
importante exemplo o projeto “A matemática moderna nas escolas do Brasil e de Portugal:
estudos históricos comparativos” que teve apoio da linha de cooperação internacional CAPES-
GRICES. Assim, este simpósio dá continuidade às trocas internacionais de pesquisas sobre
história do ensino/educação matemática. Trata-se de um espaço no âmbito do 8°ELBHM que
reunirá trabalhos sobre a história do ensino de matemática no Brasil e em Portugal, tendo em
vista os diferentes níveis escolares, no amplo período que abrange desde a institucionalização
dos sistemas de ensino ao longo do século XIX até os dias atuais. No âmbito da temática do
simpósio incluem-se história das disciplinas escolares matemáticas, história das instituições de
ensino da matemática, história dos conteúdos escolares, história do saber profissional do
professor de matemática dentre outros subtemas.

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO BRASIL

Organizadores do Simpósio Temático 2


Sergio Roberto Nobre – UNESP – seronobre@gmail.com
Marcos Vieira Teixeira – UNESP – marti@rc.unesp.br

Os objetivos deste Simpósio é propiciar um espaço favorável à divulgação e discussão sobre


as pesquisas em História da Matemática realizada por pesquisadores acerca de temas que
envolvem o Brasil. Neste sentido, o referido simpósio reunirá pesquisadores que desenvolvam
investigação científica em diferentes temas relacionados à História da Matemática no Brasil,
tais como: História Biográfica de Personagens ligados à Matemática; História de Instituições e
Movimentos Científicos referentes à Matemática; História da Matemática desenvolvida em
Instituições Brasileiras, dentre outros temas brasileiros.

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AS MATEMÁTICAS E AS CIÊNCIAS AFINS NA CONSTRUÇÃO DOS TERRITÓRIOS
NACIONAIS: ATORES, ARTEFATOS E INSTITUIÇÕES

Organizadores do Simpósio Temático 3


Fernando José Bandeira de Figueiredo – Uni. Coimbra – fernandobfigueiredo@gmail.com
Thomás Augusto Santoro Haddad – USP – thaddad@usp.br

Desde a Antiguidade, o domínio sobre um determinado espaço – um território –


foi elemento importante para o exercício do poder. Os Estados modernos, que se começam a
fixar a partir dos finais da Idade Média, diferenciam-se pelo exercício do poder político e
administrativo sobre as populações e sobre determinadas áreas geográficas. O conhecimento
e o esquadrinhamento do território e suas fronteiras tornam-se eles mesmos uma questão de
estado. A noção de território aponta para a existência de um espaço dominado por um certo
tipo de poder. Como Michel Foucault sublinhou, o conhecimento e o poder estão interligados,
como os dois lados da mesma moeda. O conhecimento dá poder, legitimando-o; e o poder
precisa e atrai o conhecimento. Com a expansão marítima europeia, a descoberta e fixação em
novos espaços além-mar, ampliando o domínio territorial para áreas espalhadas pelos
quatro continentes, intensifica-se o uso do conhecimento geográfico/cartográfico como meio
de controle das terras distantes. É assim que, ao longo do século XVIII, a matemática aplicada
à astronomia, à cartografia, à arquitetura militar torna-se uma expressão de poder estatal
e imperial, enquanto os impérios europeus começam a empreender grandes cruzadas
para esquadrinhar seus territórios, e também para inventariar bens, recursos naturais
e características das populações. Aqui se testemunha a ascensão da estatística, dos censos e
da cartografia temática, em outra frente de aplicação das matemáticas à qual o simpósio
também devotará atenção. Neste movimento, as cartas geográficas produzidas com maior
precisão ganham destaque. Para o desenvolvimento geral de um país, em áreas como
agricultura, indústria, comércio, vias de comunicação etc., os políticos e os técnicos (militares,
engenheiros e arquitetos) precisavam de mapas atualizados e acurados de seus territórios,
bem como de inventários e censos de populações e recursos, estes últimos alimentando uma
nova economia política com seus próprios actores e instituições. Mapear os espaços e
quantificar seus ocupantes tornou-se, de fato, um empreendimento político-científico de todas
as potências marítimas europeias. Neste contexto, emergem novas comunidades de homens
de ciência e novas instituições científicas. A par dos jesuítas e outros missionários
tradicionalmente envolvidos em atividades de registo cartográfico, engenheiros e outros
técnicos com formação matemática terão cada vez mais um papel fundamental no
conhecimento do território e na emergência de comunidades de cientistas na Europa e nas
Américas. Novas instituições são gizadas com o objetivo de racionalizar o conhecimento sobre
os espaços metropolitanos e coloniais e de melhor preparar os cartógrafos, astrónomos e
matemáticos envolvidos nesse trabalho. Neste simpósio pretendemos refletir e discutir
questões ligadas ao papel da matemática e as ciências afins na solidificação e construção dos
territórios nacionais, bem como dos atores e instituições marcantes desse processo.

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HISTÓRIA DAS MATEMÁTICAS NOS SÉCULOS XVI E XVII

Organizadores do Simpósio Temático 4


Gert Schubring – UFRJ – gert.schubring@limc.ufrj.br
Fumikazu Saito – PUCSP – fsaito@pucsp.br

A matemática ainda não era uma área autônoma e unificada de conhecimentos matemáticos
antes do século XIX. Os conhecimentos matemáticos até meados do século XVIII
encontravam-se “pulverizados” e eram parte integrante de outros segmentos do saber. Além do
quadrivium medieval (geometria, aritmética, astronomia, música), eram consideradas
“matemáticas” outros ramos do saber, tais como a arquitetura, a agrimensura, a mecânica, a
óptica, a hidrostática, a artilharia entre muitos outros ofícios. Nesse sentido, podemos dizer que
o conhecimento matemático transitou por diferentes domínios do saber, que se constituíam
como campos de conhecimento complexos, desenvolvendo outros tantos novos domínios ao
longo da história. Nesse percurso, os séculos XVI e XVII foram palco de grandes
transformações, que motivaram muitos estudiosos dessas matemáticas a investirem esforços
em direção à especialização moderna. Desse modo, este simpósio propõe acolher estudos em
história da matemática que contemplem o “fazer matemático” em diferentes matemáticas e
“práticas matemáticas”, seguindo o modelo estabelecido pela Rommevaux quanto a
“pluralidade” das álgebras no período do Renascimento, com o objetivo de discutir sobre os
contextos de elaboração, transformação e disseminação do conhecimento matemático em
diferentes regiões e comunidades no período compreendido entre 1450 a 1750.

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NOS SÉCULOS XVIII A XX

Organizadores do Simpósio Temático 5


Carlos Roberto de Moraes – UNIARARAS – carlosmoraes@uniararas.br
João Manuel Caramalho de Melo Domingues – Uni. Minho – joao42@gmail.com

Este simpósio será uma oportunidade para divulgar trabalhos que tratem do período que vai do
século XVIII ao século XX. Por um lado, é o período em que se consolida a matemática
moderna (resultado das inovações analíticas do século XVII), com os trabalhos de grandes
matemáticos como Euler, Lagrange, Laplace, Fourier, Gauss, Cauchy, Riemann, Dedekind,
Cantor, Hilbert, etc., alguns deles criando estruturas novas ou reformulando radicalmente
teorias já existentes. Por outro lado, é um período em que Portugal e o Brasil tentam
progressivamente integrar-se na comunidade matemática internacional.

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HISTÓRIA E EPISTEMOLOGIA DA MATEMÁTICA

Organizadoras do Simpósio Temático 6


Lígia Arantes Sad – IFES – aransadli@gmail.com
Bernadete Morey – UFRN – bernadetemorey@gmail.com

Na busca pela compreensão das ciências, entre elas, a matemática, o ato de conhecer e o seu
produto como conhecimento são protagonizados e considerados não mais como descoberta,
mas como um ato criativo que integra a explicação no amalgama entre sujeito, objeto e
contexto cultural. Estes se constituem mutuamente e, uma vez criados e trabalhados, são um
emaranhado coletivo de crenças, valores, significados e justificações do que observamos,
estudamos e/ou elaboramos na confluência histórica e atual. Os objetos matemáticos
produzidos ao longo das atividades reflexivas (psicocognitivas) humanas foram historicamente
abordados de acordo com a prática social e artefatos mediadores de cada cultura. Desse
modo, as escolhas feitas nas transformações de objetos e relações observadas no transcorrer
da História da Matemática podem ser valiosas fontes para o trabalho de pesquisadores e
professores de matemática. Nesse sentido, trabalhos advindos da prática de professores e de
pesquisas têm, aos poucos, modos variados de incorporar a história no ensino da matemática
escolar ou acadêmica, admitindo as diversificações e descontinuidades geradas e geradoras
das práticas matemáticas historicamente desenvolvidas. É pertinente, por exemplo, questionar
com que finalidade e qual utilização da História da Matemática serão exploradas ao abordar um
tema ou assunto matemático em sala de aula, pois isso poderá confluir para a potencialização
ou aprofundamento do pensar matemático do aprendiz. Ao mesmo tempo, tem grande chance
de interferir ou reforçar o tipo de matemática que estamos a ajudar a constituir. A matemática
será assim vista em natureza plural – produto humano de diversificados fazeres, na busca de
soluções de determinadas problematizações em cada contexto – abrindo oportunidade a
questionamentos sobre as características da Matemática que utilizamos, com linguagem,
formalização e sistematizações definidas, mas aptas a sofrerem modificações. O Simpósio
Temático História e Epistemologia da Matemática, se propõe a ser um espaço para a
apresentação e problematização de pesquisas e/ou trabalhos científicos que abordem:
• Análise de conceitos matemáticos;
• Formas de produção de saberes matemáticos;
• Criação matemática a partir dos contextos da prática cultural.
• São pertinentes também os trabalhos que, além de discutirem um ou alguns dos
aspectos supracitados, envolvem possibilidades pedagógicas do uso da História da
Matemática para o ensino e aprendizagem da matemática e ou de outras ciências.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 1

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A ARITMÉTICA DOS ANOS INICIAIS NO LIVRO “MEIN RECHENBUCH”

Graciela Elizabeth Texeira – UFRGS – elitexeira@hotmail.com


Andréia Dalcin – UFRGS – andreia.dalcin@ufrgs.br

Esta comunicação apresenta um estudo sobre o livro “Mein Rechenbuch” publicado pela
primeira vez em 1877, na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, pela Editora Verlag
Rotermund & Co. Trata-se de um dos livros de Matemática para o primário que circulava, no
início do século XX, no Colégio Concórdia, uma escola de confissão luterana fundada em 1902,
por imigrantes alemães, afiliados ao então Sínodo de Missouri. De acordo com Kreutz (1994),
nas escolas comunitárias teuto – brasileiras se aprendia uma matemática adaptada à
comunidade em que a escola estava inserida. Com situações concretas, dando-se ênfase aos
cálculos mentais (Kopfrechnungen). O motivo deste tipo de ensinamentos, era que para o
trabalho no campo, frequentemente, seria necessário efetuar alguns cálculos, sem ter o papel e
lápis ao alcance da mão (KREUTZ, 1994, p. 9). Nesse sentido, e tendo como referência as
análises de Kuhn e Bayer (2017) e Dynnikov (2016), analisamos o livro quanto a sua forma,
enunciados, conteúdo matemático e imagens, considerando seu impacto na cultura escolar na
relação com os modos de ensinar a matemática nesta escola nas primeiras décadas do século
XX.

Referências
DYNNIKOV, Circe Mary Silva da Silva. Representações de aritmética no livro de Georg
Büchler. Revista de História da Educação Matemática – HISTEMAT. Ano 2, No. 1, 2016, p.
96-116
KREUTZ, Lúcio. Material didático e currículo na escola teuto-brasileira do Rio Grande do
Sul. São Leopoldo: UNISINOS, 1994.
KUHN, Malcus Cassiano; BAYER, Arno. Os exercícios de cálculo oral nas aritméticas editadas
para as escolas paroquiais luteranas do século XX no Rio Grande do Sul. Revista de História
da Educação Matemática – HISTEMAT. Ano 3, No. 2, p. 213-231

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A MATEMÁTICA NO ENSINO PROFISSIONALIZANTE DO BRASIL E DE PORTUGAL (1942-
1978)

Elmha Coelho Martins Moura – UNILA – elmha.moura@unila.edu.br

As escolas técnicas foram criadas com a finalidade de formar e qualificar trabalhadores para
atuarem no campo industrial e comercial. O vínculo com a indústria desenvolveu um tipo de
ensino próprio para o trabalho, que delineou uma Matemática direcionada às atividades
técnicas dos cursos profissionalizantes. Com interesse em analisar as características desse
ensino de Matemática, sob uma perspectiva mais ampla, esta investigação desenvolveu-se no
âmbito binacional entre Brasil e Portugal. Foram pesquisados pontos divergentes e
convergentes de um ensino de Matemática estabelecido em duas instituições: a Escola
Técnica Nacional (ETN), no Brasil e a Escola Industrial e Comercial Alfredo da Silva (EICAS),
em Portugal, durante o período de 1942 a 1978. Essas escolhas decorreram da aproximação
histórica entre os dois países, da relevância de cada escola para sua região e do tempo
histórico de existência da ETN. Assim, esta pesquisa está alicerçada nos preceitos teóricos da
História Cultural com o uso do Método Comparativo. As fontes de pesquisa utilizadas foram: os
documentos dos arquivos das duas escolas, no intuito de analisar as características de um
ensino de Matemática no âmbito dos currículos, programas, livros didáticos e legislações da
época; alguns monumentos arquitetônicos escolhidos para a construção de um contexto
político, econômico e cultural do período; e fotografias para a composição e discussão de um
ambiente escolar profissionalizante. Como resultado, foi possível, compreender a influência do
contexto político, regime ditatorial (Brasil/Portugal), em um ensino de Matemática, destinado a
desenvolver um pensamento prático e eficaz, próprio da formação do técnico.

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A PROFESSORA JÚLIA ALVES BARBOSA E A INSERÇÃO DA MULHER POTIGUAR NO
ENSINO DE MATEMÁTICA

Márcia Maria Alves de Assis – UERN – marciageomat@ig.com.br

Este artigo tem foco na participação da mulher no ensino de matemática no início do século
XX. No início desse século era comum a participação de mulheres do ensino primário no
Brasil, que em suas primeiras séries tinha objetivo de ensinar a ler, escrever e contar, isto é, o
ensino das primeiras letras. Nesse período as Escolas Normais, muitas implementadas em
alguns estados brasileiros, tinham a função de formar professores para o ensino primário, e
nesse contexto os professores de matemática eram em sua grande maioria homens com
formação diversa. Nesse contexto, apresentamos a participação da professora Júlia Alves
Barbosa como pioneira no ensino dessa disciplina, principalmente como uma lutadora pelos
direitos da mulher potiguar em exercer funções que à época se constituía como pertencente ao
universo masculino. A professora Júlia Alves Barbosa ficou conhecida pela participação na
política do estado do Rio Grande do Norte, porém sua atuação como professora de matemática
ainda é um campo a ser mais explorado pela história da educação. Nesse sentido,
apresentamos alguns feitos dessa professora na educação matemática no estado do RN.

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A PROVA DE TRIGONOMETRIA NO PRIMEIRO CONCURSO DE ADMISSÃO À ESCOLA
DE MINAS DE OURO PRETO

Davidson Paulo Azevedo Oliveira – IFMG – davidson.oliveira@ifmg.edu.br

A Escola de Minas de Ouro Preto é uma das primeiras instituições brasileiras de estudos de
mineralogia. Fundada no final do século XIX teve o início de suas atividades de ensino no dia
12 de outubro de 1876. Dirigida pelo geólogo francês Henry-Claude Gorceix até 1891 uma das
particularidades da escola era o nível de exigência dos docentes e o caráter prático das aulas.
Gorceix acreditava que a pesquisa era um dos pilares do ensino, o que pode ser traduzido na
frase cum mente et maleo (com a mente e o martelo) no emblema da escola. O nível de
exigência iniciava-se antes do ingresso na escola, era necessário aprovação em exames de
admissão com provas escritas (Geometria Analítica; Trigonometria; Desenho de Geometria
Descritiva) e orais (Aritmética, Geometria Analítica e Álgebra; Geometria Elementar e
Trigonometria; Física, Química, Zoologia e Botânica). Os exames eram novidade no Brasil e
alvo de diversas críticas. Discutimos os exames de Trigonometria - ou Cálculo Trigonométrico -
na busca de respostas a questões do tipo: Em que medida esses exames se distanciam do
ensino de Trigonometria no ensino brasileiro na época? Para isso, apresentamos o exame e a
solução apresentada pelos cinco candidatos de 1876 e alguns rastros por eles deixados que
nos levam a refletir sobre a metodologia proposta por Gorceix.

Referências
CARVALHO, J. M. A Escola de Minas de Ouro Preto: o peso da glória. 2 ed. Ver. Belo
Horizonte: Editora UFMG. 2002.
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. Tradução de AMOROSO, Maria Betania
Companhia de Bolso. 1ª Edição. 2006
LIMA, Margarida Rosa de. D. Pedro II e Gorceix: a fundação da Escola de Minas de Ouro
Preto. Fundação Gorceix.1977.
SILVA, C. M. S.; THIENGO, E. R. Claude-Henri Gorceix: Trabalho e Competência na
criação de uma escola e na formação de discípulos. Episteme. Porto Alegre, n.17. p. 69-99.
2003.

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A VISÃO DO METODÓLOGO SANTOS HEITOR DA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
NO ENSINO TÉCNICO

Alexandra Rodrigues – Inst. Gouveia/UIED – alexsofiarod@gmail.com


Mária Cristina Ribeiro Correia de Almeida – UIED/FCT/UNL – ajs.mcr.almeida@gmail.com
José Manuel Matos – UNL/UIED – jmm@fct.unl.pt

António Oleiro dos Santos Heitor fez a sua formação superior em engenharia e foi professor
efetivo metodólogo na Escola Industrial Marquês de Pombal, em Lisboa. Em 1968, dirigiu a
Comissão de Estudos de Reorganização do Ensino da Matemática nos cursos de formação
industrial, tendo em consideração o movimento da Matemática Moderna. Foi ainda autor de
alguns manuais escolares para o ensino técnico e contribuiu com alguns artigos para o Boletim
das Escolas Técnicas e para a Folha Informativa das escolas técnicas. Nesta comunicação
apresentamos uma discussão acerca da vertente didática da obra de Santos Heitor,
considerando as suas publicações destinadas ao ensino da matemática e à formação de
professores de matemática no ensino técnico. Consideramos que o metodólogo deu um grande
contributo ao ensino da matemática e pela análise do seu espólio podemos concluir que muitas
das suas ideias ainda são pertinentes na atualidade. Suportando-nos na obra de Santos Heitor,
pretendemos refletir sobre a ideologia educativa do metodólogo, analisando as propostas
pedagógicas concretas definidas pelo autor e idealizar uma perspetiva mais teórica sobre o
ensino da matemática nas escolas técnicas e a sua articulação com outros ramos do saber.

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ALTURAS INACESSÍVEIS: UMA ANÁLISE HISTÓRICA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE
MATEMÁTICA

Leonardo Martins – FVC – leonardommartins@hotmail.com


Edmar Reis Thiengo – IFES – thiengo.thiengo@gmail.com

Mesmo com o abrangente e expressivo avanço tecnológico e todas as diversas fontes de


informações disponibilizadas, o livro didático permanece um importante recurso em sala de
aula devido à facilidade de acesso tanto por alunos quanto por professores, sendo, assim, o
mais usual recurso didático-pedagógico atualmente utilizado. Essa utilização estimula o
aumento de estudos e pesquisas sobre livros didáticos, cada um(a) com sua peculiaridade e
sua área de conhecimento. Assim, na perspectiva de analisar livros didáticos de Matemática
têm-se a presente pesquisa com o seguinte questionamento: Como os livros didáticos de
matemática vêm abordando, ao longo da história, as deduções da altura de objetos, cuja base
é inacessível? Teve como objetivo geral discutir, historicamente, as deduções da altura de
objetos com bases inacessíveis, encontradas nos livros didáticos de Matemática. Os objetivos
específicos, por sua vez, envolveram: Identificar as deduções propostas para resolver a altura
de objetos, cuja base é inacessível, que aparecem nos livros didáticos de Matemática; verificar
os períodos em que as deduções pesquisadas não são abordadas nesses livros didáticos;
comparar as diferentes formas de deduções em questão, constantes nos livros didáticos de
matemática ao longo da história; e propor possíveis deduções para determinar a altura de
objetos cuja distância à base é inacessível, utilizando a variação de ângulos notáveis.
Teoricamente, esta pesquisa evidencia a evolução histórica dos livros didáticos, em seguida
discute e analisa o ensino da trigonometria no Brasil e as deduções trigonométricas existentes
nos livros didáticos. A pesquisa é de caráter documental, contém análises de livros didáticos de
1929 a 2017, e busca minuciosamente encontrar alguma dedução trigonométrica coincidente
ou bem próxima das propostas da pesquisa. Assim, por meio das análises realizadas nas
explicações, deduções, exemplos, exercícios e, inclusive, figuras, pode-se dizer que a pesquisa
neste momento não somente alcança os objetivos gerais propostos para área da matemática,
como também comprova que tais deduções ainda não haviam sido abordadas anteriormente
nos livros didáticos. Para a Educação Matemática é uma possibilidade ímpar, trata-se de uma
nova forma de abordar algo complexo que, conforme a pesquisa, nem os livros didáticos
abordam com tantos detalhes, visto que propicia novas maneiras de ensinar, bem como
possibilita aos alunos novas experiências de aprendizagem da trigonometria.

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AS NOÇÕES DE REPRESENTAÇÕES DE CHARTIER EM DISSERTAÇÕES E TESES EM
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO BRASIL (2010 A 2015)

Edina Fialho Machado – IEMCI/UFPA – edinafialho@yahoo.com.br

Este artigo reflete as contribuições epistemológica de Roger Chartier nas pesquisas em


História da Educação Matemática na ótica da História Cultural. Problematiza, de que maneira
as Noções de Representações de Chartier são tratados nas Dissertações e Teses nesta área
de pesquisa nos programas de Pós-graduação em universidades brasileiras? Se fundamenta
nos princípios da História Cultural com Burke (2002;2008), Barros (2005) e tem base em
Chartier(1986;2012;2016). Referente a História da Educação Matemática, trabalhamos com
Valente (2013,2014;) e Mendes (2014;2015). Objetiva compreender como as Noções de
Representações de Chartier são tratadas nas Dissertações e Teses em História da Educação
Matemática em programas de Pós-graduação em universidades brasileiras no período de 2010
a 2015. Metodologicamente se aplica a uma pesquisa Qualitativa, do tipo Bibliográfica. Tem
como lócus o banco de dados da CAPES e Bibliotecas virtuais de universidades brasileiras. Os
resultados preliminares evidenciam que as pesquisas em História da Educação Matemática
com abordagem da História Cultural têm produzido significativos trabalhos e se ampliou em
busca de uma epistemologia própria. Todavia concernente a utilização das Noções de
Representações de Chartier nas pesquisas analisadas, apesar de percebermos essa presença,
ainda é prematuro definir a clareza epistemológica dessa utilização, pois, frequentemente, os
autores citam Chartier em suas pesquisas, no entanto, eles não exploram profundamente as
Noções de Representações nas mesmas. Considera-se que o crescimento das pesquisas na
área da História da Educação Matemática no Brasil, reflete o esforço de educadores e
pesquisadores desse campo, os quais, lutam por uma identificação e institucionalização dessa
área, todavia, em relação as contribuições das Noções de Representações de Chartier, ainda
carece de novos elementos para uma análise mais consistentes.

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AS PESQUISAS REALIZADAS EM UM ACERVO DE LIVROS ANTIGOS: DA SUA
CONSTITUIÇÃO AOS PRIMEIROS ESTUDOS

Jean Sebastian Toillier – UNIOESTE – jeantoillier7@gmail.com


Dulcyene Maria Ribeiro – UNIOESTE – dulcyenemr@yahoo.com.br

Este resumo tem como objetivo apresentar três pesquisas, resultados de iniciações científicas,
realizadas no acervo de livros didáticos antigos de Matemática existentes no Laboratório de
Ensino de Matemática (LEM), do curso de Matemática da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (UNIOESTE), campus de Cascavel. A primeira delas tratou-se da elaboração do
acervo, os momentos de obtenção, higienização e catalogação das obras, bem como as
primeiras características percebidas. Na segunda pesquisa, abordou-se os procedimentos
técnicos de higienização e reparação dos livros obtidos, elucidando esses processos, bem
como o seu papel para a conservação. Além dessas, foi conduzida outra investigação na qual
fez-se um levantamento sobre os livros julgados mais representativos e antigos, levando em
conta o período em que foram lançadas, o seu alcance, a sua utilização ou o fato de serem
obras que ditaram certas regras em um período no ensino de Matemática. Assim, entende-se
que a composição de um acervo de livros didáticos antigos possibilita a compreensão tanto dos
aspectos técnicos na sua elaboração, bem como de questões relacionadas à Educação
Matemática, principalmente relacionadas à História da Educação Matemática, a partir dos livros
didáticos de Matemática.

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DECROLY E OS CENTROS DE INTERESSE: UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DOS PRIMEIROS ANOS ESCOLARES VOLTADOS PARA A
MATEMÁTICA NO ÂMBITO DO ENSINO GLOBALIZANTE, 1920-1950

Ana Maria Ferreira Lemes – UNIFESP – amflemes@gmail.com

Esse trabalho tem como objetivo, investigar como eram propostos nos manuais pedagógicos o
ensino de matemática para os professores do ensino primário, segundo o ensino globalizante e
o centro de interesse de Decroly. O ensino globalizante se baseia na ideia de que as crianças
aprendem o mundo com base em uma visão do todo, e somente depois podem se organizar
em partes, ou seja, vai do caos à ordem. Esse processo de aprendizagem se constitui em três
fases: a observação, a associação e a expressão. Na primeira busca-se tratar a geometria, as
ciências naturais e o cálculo; na segunda já é tratada a história e a geografia; e na terceira fase
são os trabalhos manuais, ginástica, linguagem e música. Nesse método de ensino, não se tem
nenhuma disciplina institucionalizada. A criança escolhe o que aprender, de acordo com seu
interesse, vivenciando esse aprendizado, buscando as relações de acordo com sua vivência
diária. Seguem-se os seis eixos propostos por Decroly: a criança e a família, a criança e a
escola, a criança e o mundo animal, a criança e o mundo vegetal, a criança e o mundo
geográfico e a criança e o universo (1920-1950).

Referências
D’ÁVILA, Antônio. Práticas Escolares. Editora Saraiva. São Paulo, 1965. 10ª edição. Volume
1. Parte 1. Disponível em <https://bit.ly/2HJABFl>. Acesso em 20/03/2018.
D’ÁVILA, Antônio. Práticas Escolares. Editora Saraiva. São Paulo, 1965. 10ª edição. Volume
1. Parte 2. Disponível em <https://bit.ly/2HGWTYy>. Acesso em 12/04/2018.
FERRARI, Márcio. Ovide Decroly, o primeiro a tratar o saber de forma única. 2008. Revista
Nova Escola. Disponível em <https://bit.ly/2JEsD0R>. Acesso em 20/04/2018.
HOFSTETTER, Rita; SCHEUWLY, Bernard. (éds.) Savoirs en (trans)formation – Au Coeur
des professions de I’enseignement et e la formation. Bruxelles: Éditions De Boeck
Université. Bruxelas, Bélgica, 2009.
LOURENÇO FILHO, Manuel Bergström. Introdução ao Estudo da Escola Nova. São Paulo:
Cia. Melhoramentos, 1930 (Biblioteca da Educação, v. XI)
MARQUES, Josiane Acácia de Oliveira. Manuais pedagógicos e as orientações para o
ensino de matemática no curso primário em tempos de Escola Nova. Dissertação
(Mestrado em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência) – UNIFESP, 2013.
MENDES, Iran Abreu; VALENTE, Wagner Rodrigues. A matemática dos Manuais Escolares
- Curso Primário, 1870-1970. Editora Livraria da Física, 2017.

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DOMINGOS AFFONSO MACHADO E A MATEMÁTICA PARA O COMÉRCIO NO
MARANHÃO

Waléria de Jesus Barbosa Soares – SEMED/SEDUC – walleria_soares@hotmail.com

No ano de 1895, na cidade de São Luís, Maranhão, foi publicado um livro “Questões práticas
de Arithmetica”. O autor assinou apenas suas iniciais: D. M. A. Na busca pela descoberta
sobre: “quem foi esse autor?”, viajou-se ao Maranhão oitocentista por meio de documentos de
fontes primárias, encontrados nos arquivos do Liceu Maranhense, da Biblioteca Pública
Municipal de São Luís – Benedito Leite e do Arquivo Público do Estado do Maranhão. O
objetivo deste trabalho é apresentar um texto biográfico que possibilite conhecer o autor,
através de sua história de vida e profissional, além de sua obra. Utiliza-se a metodologia
qualitativa de análise documental para o tratamento das fontes primárias, a partir de aportes
teóricos de Ferrarotti (2010), Paulilo (1998), Schubring (2003) e Valente (1999). Acredita-se
que descortinar histórias de vida de professores de matemática que viveram, trabalharam e
publicaram livros na cidade de São Luís no período oitocentista, aproxima-nos do entendimento
de como se deu o ensino de matemática no local e data investigados.

Referências
FERRAROTTI, F. Sobre a autonomia do método biográfico. In: NÓVOA, A; FINGER, M. (Org.).
O método (auto)biográfico e a formação. Natal, RN: EDUFRN; São Paulo: Paulus, 2010.
PAULILO, M. A. S. A Pesquisa Qualitativa e a história de vida. Serviço Social em Revista,
Londrina, v. 2, n. 1, Jul./Dez., 1999. p. 1-153.
SCHUBRING, G. Análise histórica de livros de matemática: notas de aula. Campinas:
Autores Associados, 2003.
VALENTE, W. R. Uma história da Matemática escolar no Brasil (1730 – 1930). 2 ed. São
Paulo: Annablume, 1999.

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ENSINO DE ARITMÉTICA, GEOMETRIA E DESENHO LINEAR NA ESCOLA DOMÉSTICA
DE NATAL (1911-1930)

Maria Maroni Lopes – UNESP – marolopes@gmail.com

Neste texto, discutimos como ocorriam os ensinos de Aritmética, Desenho Linear e Geometria
na Escola Doméstica de Natal, entre o ano de 1911 e a década de 1930. A data inicial se
justifica por ter sido este o momento da fundação, na cidade do Natal, da Liga de Ensino do Rio
Grande do Norte - LERN. Instituição que contribui para a criação, no ano de 1914, da Escola
Doméstica de Natal - ED. Esta pesquisa se fundamenta em documentos localizados, no acervo
do Museu da Escola Doméstica de Natal e no Arquivo Público Estadual do Rio Grande do
Norte. Tais documentos são constituídos por atas, ofícios, boletins, relatórios dos diretores da
Instrução Pública, além de artigos do jornal A República e da revista Pedagogium, cuja edição
1
é da Associação de Professores e cadernos das alunas . Centramos nossa análise na
perspectiva educacional da Liga de ensino, tendo como base o pensamento dos seus membros
perante a necessidade de uma renovação na educação potiguar, considerada atrasada, e com
métodos de ensino ultrapassados. Seria necessária a formação da mulher por meio dos
aprendizados doméstico, físico e estético. No entanto, ressaltam que o currículo da escola
2
deveria ser composto também por uma parte intelectual . Utilizamos as concepções de Gérad
3
Genette (2009) para análises dos componentes que integram, com o texto, os manuais
pedagógicos. Os resultados nos trazem indícios acerca dos recursos utilizados, descrição de
alguns manuais pedagógicos e orientações de como abordar o conteúdo de Aritmética.
Percebe-se, em alguns relatórios, uma referência ao uso da cartilha analítico-sintética e do livro
4
Desenho Geral , assim como propostas de criação de uma escola modelo como centro de
formação para os professores do estado.

Referências
GENETTE, G. Para Textos Editoriais. Trad. Álvaro Faleiros. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.

Notas
1
Encontramos no museu da escola três cadernos das alunas – sendo dois de 1921 e um de 1923.
2
Composto de disciplinas como, língua portuguesa, língua francesa ou inglesa, aritmética, álgebra, geometria,
geografia e história do Brasil, além de noções de física, química e história natural.
3
Ao analisarmos a seção aos leitores, observamos o trecho: a mulher, em suas diversar occupações domesticas, nos
adornos da casa, na confecção dos vestuarios, nos trabalhos de agulha ou de cartonagem, nas prendas domésticas,
em summa, não póde dispensar o desenho. Esta concepção do autor esta em consonância com o ideário dos
membros da LERN.
4
Desenho Geral, curso elementar compreendendo: noções de Desenho Linear, Desenho Geométrico, Perspectiva,
Noções de Architectura. Desenho de molduras; de figura e paysagens. Methodicamente compilado para uso dos
alumnos de Ensino Primário. De Faustino J. de Oliveira Ribeiro Junior.

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ESTUDANDO POTÊNCIAS E RAÍZES COM OS PROFESSORES CARLOS GALANTE E
OSWALDO MARCONDES

Erenilda Severina da Conceição Albuquerque – SEDUC/SEMED – erenilda20@hotmail.com


Viviane de Oliveira Santos – UFAL – viviane.santos@im.ufal.br

Nosso objetivo é fazer uma investigação histórica acerca da abordagem dos conteúdos
potências e raízes, encontrada no livro dos Professores Carlos Galante e Oswaldo Marcondes
dos Santos, da Coleção Didática do Brasil. Os conteúdos sãos abordados na segunda série do
Curso Ginasial, datado de 1958, da Editora do Brasil, em sua 28ª edição. Queremos entender,
por exemplo, as interpretações geométricas dadas às potências e o processo usado para
extração de raízes quadradas. Para esta pesquisa utilizaremos o livro acima citado e a portaria
1045 de 14 de dezembro de 1951 que estabelece, para o ensino secundário, o plano mínimo
para as disciplinas da época, bem como a metodologia para a execução das mesmas,
Espanhol, Latim, Inglês, Grego, Francês, Matemática, Desenho, Física, Química, Filosofia,
História Geral e do Brasil e Economia. Este plano foi elaborado e aprovado pela Congregação
do Colégio Pedro II. Este estudo também nos possibilitará o conhecimento das diretrizes para o
ensino da Matemática na década de 50. Com esse resgate pretendemos dar nossa
contribuição para História da Matemática e Educação Matemática.

Referências
GALANTE, Carlos; SANTOS, Oswaldo Marcondes dos. Coleção Didática do Brasil. V. 69.
Matemática Segunda Série: Curso Ginasial. Editora do Brasil. Ed. 28ª. São Paulo. 1958.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº. 1045 de 14 de dezembro de 1951. Publicada na
página 65 da seção 1 do Diário Oficial da União (DOU) de 22 de fevereiro de 1952. Expede os
planos de desenvolvimento e programas mínimos de ensino e respectivas instruções
metodológicas. Disponível em:<https://www.jusbrasil.com.br/diarios/2375333/pg-65-secao-1-
diario-oficial-da-uniao-dou-de-22-02-1952>. Acesso em: 02 de fevereiro 2018.

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EXAMES DE MATEMÁTICA EM PORTUGAL: UMA REFLEXÃO EM PERSPETIVA
HISTÓRICA

Mária Cristina Ribeiro Correia de Almeida – UIED/FCT/UNL – ajs.mcr.almeida@gmail.com

Os textos que têm surgido na imprensa periódica, em anos recentes, sobre os exames
nacionais, da disciplina de Matemática, nomeadamente, os que divulgam os resultados, de um
modo geral reduzidos, obtidos pelos alunos nos mesmos, motivaram-nos a investigar na
imprensa, da existência de polémicas sobre os exames em Portugal, durante período entre
1947 e 1974. Esta comunicação situa-se no campo da História da Educação Matemática. As
etapas que seguimos inscrevem-se na metodologia da investigação histórica. Neste texto,
focando os exames de Matemática do 3.º ciclo do ensino liceal, pretendemos perceber se as
notícias em jornais e as controvérsias sobre os exames finais do ensino secundário são apenas
uma realidade de hoje. Procuraremos ainda caracterizar os pontos de exame de Matemática,
no que respeita à estrutura, conteúdos e terminologia. Iniciamos este texto com uma breve
análise da legislação em vigor para podermos percepcionar o lugar dos exames no processo
de avaliação dos alunos. Em seguida, discutiremos algumas das opiniões difundidas na
imprensa periódica e educativa sobre os exames da disciplina de Matemática do 3º ciclo do
ensino liceal no período citado, a análise de textos sobre os exames de Matemática do 3.º
ciclo, publicados nessa época, na imprensa periódica. Por último, apresentaremos a análise de
enunciados de provas de exame de Matemática, do 3.º ciclo. No que respeita aos exames
nacionais, a nossa pesquisa evidenciou que no período entre 1947 e 1974, as provas e
reprovações na disciplina de Matemática eram tema de notícia na imprensa. As controvérsias
relativas a este assunto existiam e tinham visibilidade nos jornais e revistas. A análise dos
pontos analisados revelou que eram compostos por quatro grupos de questões. Os grupos
podiam ter um número variável de questões e estas, por vezes, eram subdivididas em alíneas.
Cada grupo correspondia a um dos temas em que o programa da disciplina estava dividido
(Álgebra, Geometria Analítica, Trigonometria, Aritmética Racional). As questões testavam
essencialmente a utilização de conceitos, teoremas e definições de cada tema, não
contemplando conexões entre eles.

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FILMES E OUTROS MATERIAIS NO ENSINO DA MATEMÁTICA NO LICEU NORMAL DE
PEDRO NUNES (1956-1969)

Teresa Maria Monteiro – Inst. Poli. Beja – teresamaria.monteiro@gmail.com

O estudo mais abrangente que norteia esta comunicação trata a formação de professores no
Liceu Normal de Pedro Nunes, fundado em 1906, atual Escola Secundária de Pedro Nunes.
Neste período, o liceu teve dois reitores, que eram professores de Matemática. Depois de
terem encerrado os estágios pedagógicos nesta Escola, em 1947, estes reabrem em 1956, em
pleno desenvolvimento do movimento internacional da Matemática Moderna (MOON, 1986).
Em 1969, é publicada nova legislação sobre a formação pedagógica dos professores do ensino
liceal que, entre outras, reduz de dois para um ano o estágio pedagógico dos professores do
ensino liceal. Pelo que, vamos centrar-nos no período que decorre entre 1956 e 1969. O
movimento da Matemática Moderna apela à utilização do método heurístico no ensino liceal da
Matemática, ao trabalho de grupo e à utilização de materiais e modelos matemáticos. O filme
de desenhos animados é um dos materiais usados pelos estagiários. Que outros materiais e
modelos matemáticos são utilizados na formação de professores de Matemática no Liceu
Normal de Pedro Nunes nos anos 60 do século passado? Como são descritos esses materiais,
em particular os filmes? Quais as vantagens e limitações apontadas? Que sugestões
encontramos para boas práticas? Para responder a estas questões procurámos e analisámos
fontes primárias, os trabalhos produzidos pelos estagiários no âmbito das Conferências
Pedagógicas.

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GEOMETRIA ANALÍTICA COMO CONTEÚDO ESCOLAR: UM LEVANTAMENTO DE
DISSERTAÇÕES E TESES

Gabriela Regina Vasques Oruê – UEM – gabriela_rvo@hotmail.com


Lucieli M. Trivizoli – UEM – lmtrivizoli@uem.br

Esta pesquisa faz parte de uma dissertação em desenvolvimento para o Programa de Pós-
Graduação em Educação para Ciência e a Matemática, da Universidade Estadual de Maringá.
A proposta neste trabalho é apresentar um levantamento bibliográfico das pesquisas que
abordaram historicamente a inserção da Geometria Analítica como conteúdo escolar. Para
isso, fez-se uma busca no Catálogo de Teses e Dissertações do banco de dados da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), indicando as
palavras-chave “história de disciplinas”, “geometria analítica” e “conteúdo escolar”. Inicialmente,
foi obtido o número de 216 trabalhos realizados, sendo 165 dissertações de mestrado e 51
teses de doutorado, e a seleção será por meio da leitura dos títulos e resumos a fim de
identificar as produções que se aproximam do nosso tema e após essa identificação, fazer a
leitura interpretativa. Por meio desta, deve-se verificar, relacionar e julgar, ou seja, realizar o
tríplice julgamento sobre o material que é uma fase sustentada por Cervo, Bervian e Silva
(2007). Para a apresentação deste trabalho, serão expostas as informações e caracterizações
das pesquisas que foram selecionadas e analisadas.

Referências
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia Científica. 6.
ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

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IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ESTUDOS HISTÓRICOS CORRELATOS A
ORGANIZAÇÃO DE CURSOS DE MATEMÁTICA NO BRASIL

Suélen Rita Andrade Machado – UEM – sumachado18@gmail.com


Lucieli M. Trivizoli – UEM – lmtrivizoli@uem.br

O presente trabalho tem como cerne a identificação e classificação de estudos históricos


relacionados a organização histórica e curricular de cursos de Matemática de instituições
superiores no Brasil. A identificação dos trabalhos, ocorreu por ocasião de buscas no Catálogo
de Teses e Dissertações do banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), relacionadas as palavras-chave “Currículo do Curso” e “Curso de
Matemática”. A fim de limitar a busca, na primeira etapa selecionamos trabalhos relacionados a
área da Matemática e por fim, submetemos estes a uma pré-leitura ou leitura de
reconhecimento com a finalidade de obter uma visão global do tema tratado em conformidade
com Cervo, Bervian e Silva (2007). Dentre os trabalhos que selecionamos correlatos ao mesmo
objeto de investigação, escolhemos o trabalho de Valgas (2002) e Ziccardi (2009), e
procuramos elencar seu objeto de estudo, objetivos, métodos e resultados. Por fim,
classificamos estes trabalhos nos campos investigativos em História da Matemática, definidos
por Miguel e Miorim (2002).

Referências
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6.
ed. São Paulo. Pearson, 2007.
MIGUEL, Antonio Miguel; MIORIM, Maria Ângela. História da Matemática: uma prática
social de investigação em construção. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 36, 2002.
VALGAS, Carmen Lúcia. Licenciatura em Matemática: aspectos históricos e curriculares
da UEPG. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade Estadual de Ponta Grossa,
Ponta Grossa-PR, 2002.
ZICCARDI, Lydia Rossana Nocchi. O curso de Matemática da PUC/SP: uma história de sua
construção/desenvolvimento/legitimação. Tese (Doutorado em Educação Matemática),
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo-SP, 2009.

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MAPEAMENTO DA PRODUÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA DA UFOP

Marger da Conceição Ventura Viana – UFOP – margerv@terra.com.br


Keren Ingrid Amorim – UFOP – kerenamorim@gmail.com

Entre as justificativas deste estudo está o fato de que “todas as disciplinas são históricas, no
sentido de que foram inventadas pelos seres humanos e precisam ser constantemente
reinventadas para continuarem existindo” (BARROS, 2011, p. 254). Assim, apresenta-se sob
uma ótica condizente um estudo em História da Educação Matemática. Seu objetivo foi realizar
um levantamento do que foi produzido no Programa de Pós-graduação em Educação
Matemática da UFOP desde sua criação em 2010. Isto para mapear os temas investigados nas
dissertações e os Produtos Educacionais correspondentes elaborados no Programa, e
selecionar aqueles que apresentassem propostas concretas de atividades apropriadas para o
uso na sala de aula de Matemática da Educação Básica e na Formação Inicial ou Continuada
de professores. Com isso, foi elaborado um catálogo que poderá ser utilizado por professores
interessados em alternativas metodológicas, resultantes das investigações realizadas e
contidas nos Produtos Educacionais. A pesquisa foi concretizada a partir dos materiais
coletados na página do Programa. Foram consideradas todas as 95 dissertações defendidas e
os 95 Produtos Educacionais correspondentes produzidos desde criação do Programa. A
caracterização foi feita de acordo com o olhar dos pesquisadores autores dos produtos
educacionais de modo a oferecer subsídios para os docentes. Espera-se que o catálogo possa
servir de apoio ao professor no sentido de oferecer informações úteis sobre diferentes formas
de conduzir processos de ensino/aprendizagem de conteúdos no âmbito da Educação
Matemática. Então, realizou-se um mapeamento de toda a produção do programa. Inicialmente
foram consideradas as grandes áreas do CNPq, e, em seguida foram feitos refinamentos com
categorizações, pois em História, os atos de separar e juntar são os primeiros passos para a
produção de documentos. “Consiste em ”isolar” um corpo, como se faz em física, e em
“desfigurar” as coisas para constituí-las como peças que preencham lacunas de um conjunto
proposto a priori “ (CERTEAU, 2013, p. 22 grifos do autor).

Referências
BARROS, José D'Assunção. Uma Disciplina: entendendo como funcionam os diversos campos
de saber. Opsis, vol.11, n°1, 2011, p. 252-270. Acesso em 11/07/2015. Disponível em
http://www.revistas.ufg.br/index.php/Opsis/article/viewFile/11246/9500.
CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. Trad. Maria de Lourdes Menezes. 3. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2013.

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O CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIDATICA DA MATEMÁTICA MODERNA DO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE PORTO ALEGRE

Sara Regina da Silva – UFRGS – sara.silva@ufrgs.br


Andréia Dalcin – UFRGS – andreia.dalcin@ufrgs.br

Este trabalho integra uma pesquisa de mestrado, vinculado ao Programa de Pós-graduação


em Ensino de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O objetivo dessa
comunicação é apresentar o estudo realizado sobre o curso de Especialização do
Departamento de Estudos Especializados, intitulado como Didática da Matemática Moderna
para a Escola Primária (DMM), planejado e desenvolvido ao longo dos anos 1960 e 1970, no
Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE), em Porto Alegre. Essa instituição foi a
primeira a formar professores primários no estado do Rio Grande do Sul (RS), iniciando suas
atividades em 1869. Esse estudo integra uma pesquisa maior, com apoio do CNPq, que busca
investigar os cursos Normais no RS, entre 1889 - 1970 (Búrigo, 2016), e o Instituto de
Educação de Porto Alegre em particular (Dalcin, 2016). Para a elaboração dessa pesquisa, as
fontes utilizadas foram o planejamento do curso DMM, datado de 1968, provas aplicadas ao
longo do curso e entrevistas realizadas com ex-alunas e professoras que participaram do
respectivo curso. Através da análise das fontes temos indícios de que o curso, de caráter de
especialização com carga horária de 260 horas era ofertado como complemento ao Curso
Normal e foi destinado a um público variado que incluía professores do Ensino Primário, do
Ensino Pré-Primário e de Didática da Matemática. O curso aconteceu nas dependências do
Laboratório de Matemática do IE e as disciplinas que compunham o programa do curso eram:
Matemática, Didática da Matemática, Lógica Simbólica, Psicologia, Filosofia, Sociologia e
Artes. Quanto ao aspecto formativo, o mesmo estava centrado nos ideários do Movimento da
Matemática Moderna, com ênfase para os estudos de Psicologia Cognitiva. Dentre os
conteúdos trabalhados destaca-se: tópicos dos conteúdos de Conjuntos – operações entre
conjuntos e subconjuntos, de Lógica – linguagem simbólica e tabela verdade e por fim,
conteúdos de Psicologia e Didática – teorização do conceito de aprendizagem e discussão das
três etapas para a aprendizagem, de acordo com os pressupostos da teoria da Psicologia
Genética de Jean Piaget.

Referências
BÚRIGO, E.Z. Estudar para Ensinar: Práticas e Saberes Matemáticos nas Escolas Normais do
Rio Grande do Sul (1889-1970). Projeto de Pesquisa, 2016.
DALCIN, A. Práticas e Saberes Matemáticos na Formação de Professores do Instituto de
Educação General Flores da Cunha: Aprender para Ensinar (1889-1979). Projeto de Pesquisa,
2016.

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O ENSINO DA MATEMÁTICA NO INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS

Nadjanara Ana Basso Morás – SEED – nadjanara@seed.pr.gov.b


Vanessa Lucena Camargo de Almeida Klaus – UNIOESTE – vanessa.almeida3@unioeste.br

O Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) foi fundado em meados do século XIX por
iniciativa do surdo francês Hernest Huet, o qual obteve o apoio do governo imperial da época,
no processo de criação da primeira escola para surdos no Brasil. O estabelecimento de ensino
começou a funcionar em janeiro de 1856, mesma data em que foi publicada a proposta de
ensino apresentada por Huet. Essa proposta abarcava as disciplinas de Língua Portuguesa,
Aritmética, Geografia, História do Brasil, Escrituração Mercantil, Linguagem Articulada,
Doutrina Cristã e Leitura sobre os Lábios. Desta forma, o presente artigo tem como propósito
conhecer a proposta de ensino da disciplina de Matemática na época da fundação do INES.
Para isso, foi efetuada uma pesquisa bibliográfica baseada na literatura sobre a história da
educação de surdos nas pesquisas de Strobel (2008) e do INES nas de Rocha (2009). Da
análise, percebe-se que, o método de ensino era individual, o professor se dirigia a um aluno
de cada vez, com um curso de seis anos, sem o objetivo de oferecer a seriação dos alunos.
Verifica-se nesta modelo que o ensino da matemática nos três primeiros anos, compreendia os
seguintes conteúdos: cálculo até frações decimais; no quarto ano a continuação de aritmética;
no quinto ano em diante, além das matérias do ano antecedente, o ensino de geometria plana
e retilínea. Constata-se que, na época de sua fundação, o INES tinha como objetivo ensinar o
surdo a ler, a escrever e a fazer contas. Entretanto, com o passar do tempo avanços ocorreram
e o INES tornou-se um centro de referência em pesquisas sobre a educação de surdos.

Referências
ROCHA, Solange Maria da. Antíteses, díades, dicotomias no jogo entre memória e
apagamento presentes nas narrativas da história da educação de surdos: um olhar para o
Instituto Nacional de Educação de Surdos (1856/1961). 2009. Tese (Doutorado em Educação)
– Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
STROBEL, Karin Lilian. Surdos: Vestígios Culturais não Registrados na História. 2008. Tese
(Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.

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O ENSINO DE MATEMÁTICA NO COLÉGIO LUTERANO CONCÓRDIA NAS PRIMEIRAS
QUATRO DÉCADAS DO SÉCULO XX

Graciela Elizabeth Texeira – UFRGS – elitexeira@hotmail.com

Este trabalho apresenta um recorte da pesquisa realizada para o Trabalho de Conclusão de


Curso de Licenciatura em Matemática na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que teve
por objetivo investigar a história do ensino de Matemática no Colégio Concórdia de Porto
Alegre, uma escola centenária de princípios luteranos. Uma pesquisa em História da
Educação Matemática. Neste período histórico o Brasil e as escolas teuto – brasileiras
sofreram grandes mudanças em relação ao ensino em geral. Nesse sentido, visamos
entender, em particular, como o ensino de Matemática se desenvolveu ao longo da primeira
metade do século XX, investigando os professores que lecionavam nesta escola, que formação
eles tinham, qual era a rotina de sala de aula, que tipo de avaliações eram utilizadas, os
matérias didáticos que eram utilizados para ministrar as aulas e em que espaços acontecia o
aprendizado. As fontes utilizadas para a coleta de dados foram documentais (boletins,
históricos escolares, listas de chamadas, entre outros), iconográficas (fotografias pertencentes
ao arquivo da escola e do acervo pessoal de alguns dos entrevistados) e orais (entrevistas com
ex-alunos e familiares da administração da escola). Confrontando as fontes encontradas,
temos indícios de uma comunidade com forte interesse pela formação humana dos seus
descendentes, vendo na educação uma forma de ascensão social. O ensino de Matemática
acontecia sem demasiada atenção, com professores sem formação específica, seguindo as
orientações do Estado e do Diretor da escola, encarregado pessoal da capacitação destes
professores, dando ênfase ao ensino de Aritmética, área da matemática mais utilizada pela
comunidade em que a escola estava inserida.

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O PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS E
MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: UM OLHAR
SOBRE A SUA HISTÓRIA E O PERFIL DOS PROFESSORES FUNDADORES

Wguineuma Pereira Avelino Cardoso – IFESP – wguineumacardoso@hotmail.com


Liliane dos Santos Gutierre – UFRN – lilianegutierre@gmail.com

Nesta comunicação, apresentamos parte de uma pesquisa de Mestrado desenvolvida no


Programa ao qual investigamos, a saber, o Programa de Pós-Graduação em Ensino de
Ciências Naturais e Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(PPGECNM/UFRN). A pesquisa trata de aspectos históricos do Programa, que vão desde a
sua criação até o ano de 2017. Para além disso, também introduzimos nesta historiografia o
perfil dos professores fundadores do Programa, buscando relacionar os caminhos profissionais
desses discentes e suas relações e implicações para a instituição e consolidação do
PPGECNM. Para desenvolver os fatos históricos desta pesquisa, nos amparamos em uma
perspectiva metodológica da História Cultural (BURKE, 2011), assim, realizando, inicialmente
uma consulta nas fontes primárias, entre elas, o projeto de criação e implantação do Programa
e os cadernos de indicadores (relatórios de avaliação do Programa), da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES). Além disso, fizemos uma pesquisa bibliográfica
relativa a Pós-Graduação no Brasil, tendo como fonte principal, exemplares da Revista
Brasileira de Pós-Graduação (RBPG). Com relação ao perfil dos fundadores do Programa,
foram feitas algumas entrevistas do tipo semiestruturadas (LAVILLE; DIONNE, 1999), com
eles, e consultamos os seus Currículos Lattes, a fim de descrever a história dos docentes,
contando como foi sua aproximação com a universidade e qual a sua efetiva contribuição, se é
que existiu, para a instituição e consolidação do PPGECNM. Ao fazer a relação da história dos
professores com o Programa foi possível identificar não só o perfil dos professores como
também o perfil das pesquisas desenvolvidas no Programa, ao longo de seus dezesseis anos
de funcionamento. Nosso olhar contemplou as pesquisas que se voltam para o ensino de
Matemática e os projetos dos professores percussores nas pesquisas voltadas para o ensino
de Matemática Neles, constatamos a consolidação do Programa e a grande produção
acadêmica advinda das pesquisas. Esta pesquisa mostrou que no Rio Grande do Norte temos
um grande desenvolvimento de pesquisas voltadas a Educação Matemática. Dessa forma, esta
historiografia compõe a identidade da Educação Matemática no Brasil.

Referências
BURKE, Peter (Org.). A Escrita da História: novas perspectivas. São Paulo: Editora UNESP,
2011.
LAVILLE, Cristian; DIONNE, Jean. A Construção do saber: Manual da Metodologia da
Pesquisa em Ciências Humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

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PRIMEIRAS LIÇÕES DE COISAS DE NORMAN ALLISSON CALKINS: PROPOSTA DE
ENSINO E AS ADAPTAÇÕES DE RUI BARBOSA PARA OS PESOS E MEDIDAS NO
BRASIL

Elenice de Souza Lodron Zuin – PUCMG – elenicezuin@gmail.com

Neste artigo, buscamos trazer elementos para uma discussão sobre o método intuitivo,
difundido no Brasil a partir das últimas décadas do século XIX, quando houve um movimento
de renovação dos métodos de ensino. Dentro deste contexto, apresentamos, em linhas gerais,
o manual escrito pelo norte-americano Norman Allisson Calkins (1822-1885), Primary object
lessons for training the senses and developing the faculties of children - a manual of elementary
instruction for parents and teacher, fundamentado nas concepções de Heirich Pestalozzi. O
pressuposto básico do método seria tornar a criança o centro de sua própria aprendizagem,
através dos sentidos, desenvolvendo a sua capacidade de percepção e observação, com a
utilização de elementos da natureza, de materiais concretos ou ilustrações. A referida obra foi
traduzida para o português (primeira edição em 1886) por Rui Barbosa, com as devidas
adaptações, para as escolas brasileiras, relativamente à secção dedicada aos sons da
linguagem e aos tópicos sobre medidas. Temos como objetivo fazer uma reflexão sobre o
segundo tema. Quais são as metodologias propostas por Calkins para o ensino dos pesos e
medidas nos anos iniciais da escolarização? Dentre os tópicos abordados na obra, damos
especial atenção a “Comprimento e sua medida”, “Lições para desenvolver as ideias de
comprimento e sua medida”, “Lições para desenvolver a ideia de medidas normais” e “Lições
para desenvolver as ideia de distancia e sua medição”. Calkins defende que, no ambiente
doméstico, deveria ser iniciada a prática do exercício da visão, da audição, do olfato, do
paladar e do tato, antes do ingresso da criança na escola. Estas atividades propiciariam a
aquisição das noções matemáticas. Calkins propõe partir da contagem numérica para chegar à
medida, utilizando sempre materiais concretos. As atividades giram em torno de “comparar e
praticar, mostrar e experimentar”. Como o sistema métrico havia sido oficializado no Brasil em
1862, com um prazo de dez anos para sua completa utilização em todos os setores, Rui
Barbosa faz adaptações na obra incluindo as medidas decimais. Primeiro, é salientada a
relação entre centímetro e metro, para, depois, se trabalhar a relação entre decímetro e metro.
Posteriormente, são indicadas as medidas de capacidade (litro, decilitro, centilitro, litro
dobrado, meio decalitro, decalitro) fazendo uso e líquidos e áridos. Só mais tarde, ocorre a
introdução dos múltiplos do metro. As medidas de massa não são abordadas. Está expressa a
importância do desenvolvimento da capacidade de estimativa de medidas pelos alunos e o
entendimento e aquisição de vocabulário relacionado às medidas de comprimento e
capacidade. Constata-se que a concepção da aprendizagem presente na obra é voltada para a
experiência dos sentidos. Calkins preconiza uma nova proposta para a introdução do ensino
dos pesos e medidas nas escolas primárias.

Referências
BARBOSA, Rui. Reforma do ensino primário e várias instituições complementares da instrução
pública. Obras completas. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1947. V. X.
CALKINS, Norman Allisson. Primeiras lições de coisas. Manual de ensino elementar para
uso dos paes e professores. Trad. Ruy Barbosa. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1886.
__________. Primary object lessons for a graduated course of development – a manual
for teachers and parents. New York: Harper & Brothers Publishers, Franklin Square, 1861.
Disponível em: <https://archive.org/details/primaryobjectles00incalk>. Acesso em: 2 fev. 2018.
CHERVEL, André. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa.
Teoria & Educação, n. 2, p. 177-229, 1990.
JULIA, Dominique. A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de História da
Educação. Campinas, SP, n.1, p. 9-43, jan./jun. 2001.
LOURENÇO FILHO, Manuel Bergstron. A pedagogia de Rui Barbosa. São Paulo:
Melhoramentos, 1954.
MACHADO, Maria Cristina Gomes. O projeto de Rui Barbosa: o papel da educação na
modernização da sociedade. Campinas, Faculdade de Educação, Universidade Estadual de
Campinas, 1999. (Tese de Doutorado)
SAVIANI, Dermeval. História das idéias pedagógicas no Brasil. 2. ed. Campinas: Autores
Associados, 2008.

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VALDEMARIN, Vera Teresa. Os sentidos e a experiência: professores, alunos e métodos de
ensino. In: SAVIANI, Dermeval et al. O legado educacional do século XX no Brasil.
Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
__________. O método intuitivo: os sentidos como janelas e portas que se abrem para um
mundo interpretado. In: SOUZA, Rosa Fátima de; VALDEMARIN, Vera Teresa e ALMEIDA,
Jane Soares de. O legado educacional do século XIX. Araraquara: UNESP, 1998. p. 64-105.
__________. Estudando as lições de coisas: análise dos fundamentos filosóficos do método
de ensino intuitivo. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.

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UMA ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE ÁLGEBRA NO LIVRO-TEXTO “TIJOLÃO” (1966)

Débora Souza Luz – IFES – debora.luz@ifes.edu.br


Andressa Cesana – UFES – andressacesana@hotmail.com

Analisa, por meio de categorias, os conteúdos de Álgebra tratados no livro-texto Curso de


Matemática (vulgo “Tijolão”) do professor e escritor Manoel Jairo Bezerra (1966) tendo em vista
a Reforma Gustavo Capanema. Está fundamentada na importância da análise histórica de
livros-texto de matemática abordada por Schubring (2003). Trata de uma investigação
qualitativa de cunho histórico-bibliográfico, onde se utiliza a metodologia de Análise de
Conteúdo (Bardin, 1997), para a definição das categorias que foram utilizadas na análise do
livro publicado na década de 60. A partir do manuseio do livro-texto, busca responder a
questão: Que análises podem ser tecidas sobre os conteúdos de Álgebra propostos no livro-
texto Curso de Matemática de Manoel Jairo Bezerra (1966) no contexto da Reforma Gustavo
Capanema? Recorre ao estudo do contexto educacional em que a obra fora publicada baseada
nas pesquisas de Saviani (2008) e Valente (2004). Conclui que os conteúdos de Álgebra no
período da Reforma Capanema estavam muito bem explícitos e definidos (Programa de
Matemática) e que a obra “Tijolão” contemplava a maioria dos itens a serem estudados de
acordo com o Programa de Matemática da época. Percebe o livro didático como uma
importante fonte de pesquisa.

Referências
Bardin, Laurence. (1997). Análise de Conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto
Pinheiro). Lisboa/Portugal: Edições 70.
Bezerra, Manoel Jairo. (1966). Curso de Matemática – para os primeiro, segundo e terceiro
anos dos Cursos Clássico e Científico. 18ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional.
Saviani, Dermeval. (2008). História das Idéias Pedagógicas no Brasil. 2ª ed. Campinas/São
Paulo: Autores Associados.
Schubring, Gert. (2003). Análise Histórica de Livros de Matemática: Notas de Aula.
Tradução de Maria Laura Magalhães Gomes. Campinas/São Paulo: Autores Associados.
Valente, Wagner Rodrigues. (2004). Livros Didáticos de Matemática e as Reformas
Campos e Capanema. In: VIII Encontro Nacional de Matemática. Disponível em:
<http://www.sbembrasil.org.br/files/viii/pdf/15/PA04.pdf>. Acesso em 05 de agosto de 2016.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 2

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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA MATEMÁTICA APLICADA NA USP: O CASO DA CADEIRA
Nº 20

Gabriel Soares Bádue – UFAL/UFBA – profgabrielbadue@gmail.com

O objetivo deste trabalho é analisar a participação da cátedra de Matemática Aplicada (nº 20)
do Departamento de Matemática da Escola Politécnica no processo de institucionalização da
área homônima, no âmbito da Universidade de São Paulo. Para tanto, estabelecemos algumas
questões para orientar nossa pesquisa junto a documentação consultada no Arquivo Histórico
da Escola Politécnica (atas, correspondências, relatórios, etc). Quando e como se deu a
criação da cadeira nº 20? Quais as atividades estavam sob sua responsabilidade? Quais os
personagens envolvidos nesta trama? Assim, apresentamos a seguir algumas das respostas
obtidas, organizadas de modo a construir uma história sobre a contribuição que o referido
espaço teve para a institucionalização que nos propomos analisar. Neste sentido, iniciaremos
com uma discussão sobre o processo de sua criação passando, em seguida, a analise de
episódios protagonizados neste espaço, afim de compreender como as atividades lá
desenvolvidas contribuíram para o estabelecimento do Departamento de Matemática Aplicada
(MAP), na ocasião da criação do Instituto de Matemática e Estatística (IME), em 1970.
Temporalmente, nosso estudo será limitado entre 1963 e 1970. O marco inicial corresponde a
implantação da referida cadeira, que junto com outras seis foram aprovadas pela Congregação
da Politécnica. O final, a criação do MAP. Considerando que os docentes lotados inicialmente
no MAP eram em sua maioria oriundos da Cadeira nº 02 ou atuavam em espaços próximos a
ela, como o Centro de Computação Eletrônica, entendemos que a referida cátedra é um
espaço ímpar para a compreensão do processo de formação da Matemática Aplicada na
Universidade de São Paulo.

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A MATEMÁTICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DO RIO DE JANEIRO: UM BREVE OLHAR
DESDE A ACADEMIA REAL MILITAR

Vinicius Mendes Couto Pereira – UFF – viniciusmendes@id.uff.br

A fundação da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em 1874, significou um marco em termos


da desvinculação do ensino de engenharia do ensino militar. Ademais, constituiu-se como um
dos principais ambientes responsáveis pelo ensino de Matemática Superior no Brasil. Nesse
contexto, destacam-se a forte influência do positivismo, bem como o movimento de rompimento
e superação da influência positivista, protagonizado por promissores estudantes e professores,
tais como, Otto de Alencar Silva, Amoroso Costa e Theodoro Ramos. Por outro lado, há de
ressaltar que a Escola Politécnica representou a consolidação de mais de seis décadas da
única escola de engenharia no país, a partir da fundação da Academia Real Militar, em 1810.
Dessa forma, nesse trabalho pretendemos evidenciar variados aspectos acerca da matemática
desenvolvida na Academia Real Militar e nas instituições que a sucederam. Assim,
apresentaremos alguns registros das primeiras aulas de Cálculo Diferencial e Integral no Rio
de Janeiro, passando pelas Dissertações de Doutorado submetidas à Escola Central e à
Escola Militar até chegarmos ao contexto da Escola Politécnica do Rio de Janeiro,
considerando o seu papel em termos da formação matemática oferecida aos futuros
engenheiros.

Referências
MARTINES, Mônica de Cássia Siqueira, 1812. Primeiros Doutorados em Matemática no
Brasil: uma Análise Histórica. Universidade Estadual Paulista. Tese de Doutorado.
Campinas, 2014.
PEREIRA, Vinicius Mendes Couto. O Desenvolvimento da Análise no Brasil: Um Caminho
Sobre o Desenvolvimento de uma Comunidade Matemática. Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro, 2017.
SILVA, Circe Maria Silva da. A Matemática Positivista e sua Difusão no Brasil. Vitória:
Edufes, 1999.
ZERNER, Martin. La Transformation dês Traités Français d’Analyse (1870-1914).
Laboratoire J-A. Dieudonné. Université de Nice-Sophia-Antipolis. Nice, 1994.

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ARTEFATOS HISTÓRICOS E ENSINO DE MATEMÁTICA: ESTADO DA ARTE NOS ANAIS
DO ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Cristiane Borges Angelo – UFPB – cristianeangelo@dce.ufpb.br

Um dos eventos nacionais mais importantes para a comunidade de educadores matemáticos é


o Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM), pois congrega o universo dos
segmentos envolvidos com a Educação Matemática: professores da Educação Básica,
Professores e Estudantes das Licenciaturas em Matemática e de Pedagogia, Estudantes da
Pós-graduação e Pesquisadores. Nesse evento podemos observar as novas tendências
metodológicas e pesquisas que dão sustentação à área da Educação Matemática. Muitos
trabalhos apresentados nos ENEMs versam sobre a História da Matemática, o que evidencia
um crescimento na produção acadêmica e científica nessa área. Nesse sentido, o objetivo
deste trabalho é apresentar os resultados de uma pesquisa que realizou um estado da arte
acerca dos trabalhos que apresentam artefatos históricos para uso nas aulas de Matemática,
publicados nos anais do ENEM (1987 a 2016). Consideramos que pesquisas que tem como
objeto a utilização de artefatos históricos nas aulas de Matemática podem trazer contribuições
para a área da História da Matemática, uma vez que os seus resultados podem subsidiar
práticas de ensino em que se utilize a História da Matemática de forma mais consistente. Esse
estudo é de natureza qualitativa e é do tipo estado da arte. Nos apoiamos teoricamente nos
aportes de Romanowski e Ens (2006); Gatti (2002); Mendes (2012); e Oliveira (2009). Nossa
opção por focar nosso olhar em pesquisas que apresentem possibilidades de trabalho em sala
de aula, com a utilização de artefatos históricos, se deu em função de que, ao traçarmos o
Estado da Arte, podemos observar o que já se tem investigado sobre determinado artefato
histórico, o que tem sido trabalhado em sala de aula com determinador artefato, qual a
abordagem metodológica utilizada, dentre outros aspectos.

Referências
GATTI, B. A. A construção da pesquisa em educação no Brasil, Editora Plano, 2002.
MENDES, Iran Abreu. Pesquisas em história da Educação Matemática no Brasil em três
dimensões. Quipu, vol. 14, núm. 1. enero-abril de 2012, pp. 69-92.
OLIVEIRA, Rosalva Lopes de. Ensino de Matemática, História da Matemática e artefatos:
possibilidades de interligar saberes em cursos de formação da Educação Infantil e anos iniciais
do Ensino Fundamental. Tese de doutorado. UFRN: Programa de Pós Graduação em
Educação, 2009.

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DIDÁTICA DA MATEMÁTICA (1961): POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DA ÁLGEBRA

Carlos Antônio Rezende Filho – UFU – carlos.mat@ufu.br


Cristiane Coppe de Oliveira – UFU – coppedeoliveira@gmail.com

O presente artigo é um recorte do projeto de pesquisa de mestrado em andamento no


Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Federal de
Uberlândia. A pesquisa tem como objetivo identificar o discurso pedagógico do Malba Tahan
(1895- 1974) acerca do “algebrismo”, apresentado nas obras Didática da Matemática (1961) e
as concepções desta obra a fim de trazer contribuições históricas para a elaboração de uma
unidade didática sobre o ensino de álgebra para o Ensino Fundamental. A obra Didática da
Matemática possui dois volumes, abordando várias temáticas sobre Matemática e seu ensino,
tais como: conceito e importância da matemática, algebrismo e o algebrista, matemática no
curso secundário, leitura em sala de aula, o método da lição marcada, dentre outros. Durante
sua trajetória Júlio Cesar por meio de Malba Tahan, travou uma longa batalha contra o
“algebrismo”, termologia associada ao ensino de matemática que aterroriza os estudantes,
afastando-os de uma aprendizagem significativa, defendendo a ideia que o algebrismo é o
desrespeito à inteligência dos alunos (SALLES; PEREIRA NETO, 2016). A etapa atual da
pesquisa, consiste no estudo dos dois volumes da obra Didática da Matemática, a fim de
levantarmos as principais característica do discurso pedagógico de Malba Tahan no que se
refere ao “algebrismo”, além de investigar na biobibliografia do autor, os movimentos
acadêmicos que envolveram preocupações com o ensino da álgebra. As primeiras
aproximações com o tema, apontam para a constatação de que as críticas feitas por Tahan,
ainda se fazem presentes na prática docente de muitos professores de matemática, que, com
orgulho, se consideram “tradicionais”.

Agradecimento: Agradeço à CAPES pelo apoio financeiro para participação neste evento
científico.

Referências
SALLES, P. P.; PEREIRA NETO, A. Julio Cesar & Malba Tahan: criador e criatura. In:
COPPE-OLIVEIRA, C; ANDRADE, M. M.; VIANA, O. A.; MARIM, V. (orgs.) Malba Tahan e a
revista Al-Karismi (1946-1951): diálogos e possibilidades. Jundiaí, Paco Editorial: 2016.
TAHAN, M. Didática da Matemática. Vol 1,São Paulo: Saraiva, 1961

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FRANCISCO ANTONIO LACAZ NETTO (1911-1991): BREVE BIOGRAFIA E PRODUÇÃO
BIBLIOGRÁFICA

Angelica Raiz Calabria – UNIARARAS – angelica@uniararas.br

O presente trabalho é parte integrante da dissertação de doutorado da autora, intitulada


“Francisco Antonio Lacaz Netto (1911-1991): um estudo biográfico”, a qual versa sobre o
professor Lacaz Netto, descrevendo sua formação, sua carreira docente, suas principais obras
e homenagens, privilegiando a sua trajetória no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a
sua dedicação como professor, a qual o torna, segundo nossas perspectivas, um educador
matemático. Francisco Antonio Lacaz Netto nasceu em 06 de fevereiro de 1911, em
Guaratinguetá, interior de São Paulo. Graduou-se em três cursos, a saber: Farmácia,
Engenharia Geográfica e licenciatura em Matemática. Dentre eles, optou por exercer a carreira
de professor e iniciou sua docência em colégios de Ensino Básico, Cursos Científicos e
instituições de Ensino Superior, em São Paulo, na década de 1940. Com a criação do ITA, em
1950, na cidade de São José dos Campos, São Paulo, Lacaz Netto foi convidado a lecionar
neste instituto e contratado como Professor Associado e colaborou na composição do quadro
docente do Departamento de Matemática. Ainda nesse instituto, atuou como chefe do
Departamento de Matemática e, posteriormente, reitor. Aposentou-se em 1981 e, depois,
continuou trabalhando como professor conferencista. Neste sentido, este trabalho tem por
finalidade apresentar uma breve biografia do professor Lacaz Netto e sua produção
bibliográfica, a qual é constituída por algumas obras matemáticas e vários livros didáticos.
Estes livros eram dedicados ao Ginásio e aos Cursos Clássicos e Científicos e pertenceram ao
período das Reformas Capanema e Simões Filho, os quais contribuíram para a constituição da
disciplina Matemática no primeiro ciclo do Ensino Secundário. Desta forma, julgamos este
professor como uma personagem das histórias de pessoas significativas ao desenvolvimento
da Educação Matemática no Brasil. Portanto, este trabalho pode ser considerado relevante
tanto à História da Educação Matemática brasileira quanto à História da Matemática no Brasil,
visto que, também, acrescenta informações ao tema biografias, campo inexplorado no cenário
científico matemático brasileiro.

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IGNACIO DA CUNHA GALVÃO E SUA DISSERTAÇÃO SOBRE AS SUPERFÍCIES
ENVOLTÓRIAS DE FEVEREIRO DE 1848

Mônica de Cássia Siqueira Martines – UFTM – monicasiqueiramartines@gmail.com

Nesse trabalho pretendemos mostrar alguns resultados da pesquisa realizada sobre os


primeiros doutores em Matemática no Brasil, mais precisamente sobre Ignacio da Cunha
Galvão, o terceiro Bacharel em Matemáticas a receber o grau de doutor em Ciências
Matemáticas após entregar uma dissertação. O grau de Doutor em Ciências Matemáticas que
foi criado na Escola Militar do Rio de Janeiro, pelo artigo 19 do Decreto n°140 de 09 de março
de 1842, do Império do Brasil. A aprovação do regulamento para a obtenção do mesmo foi
publicada somente em 29 de Setembro de 1846. Neste regulamento ficou estabelecido que o
aluno que fosse aprovado nas matérias do sétimo ano da Escola Militar, obteria o grau de
Bacharel em Matemáticas e somente o Bacharel em Matemáticas poderia se candidatar ao
grau de Doutor. Em nossas pesquisas bibliográficas vimos que, em 18 de dezembro de 1846
alguns professores receberam o referido título sem qualquer outra exigência, como também
previa o Decreto. Entre 1847, ano que iniciam as entregas das Dissertações para obter o grau
de Doutor em Ciências Matemáticas, e 1857, último ano da Escola Militar, foram apresentadas
vinte e cinco (25) dissertações. A partir dos documentos encontrados, afirmamos que Ignacio
da Cunha Galvão foi o terceiro bacharel em Matemática a obter o grau de doutor em Ciências
Matemáticas no Brasil após a entrega de uma dissertação. Seu trabalho intitulado Dissertação
sobre As Superficies Envoltorias foi entregue em 05 de fevereiro de 1848, composta por
dezoito páginas de texto e duas páginas, ao final, com figuras. As envoltórias de curvas planas
são frequentemente utilizadas para definir novos tipos de curvas, a partir de outras conhecidas.
Hoje, para estudarmos essas curvas, torna-se necessário enunciar alguns resultados clássicos
da Análise em várias variáveis. O que mostra que o assunto escolhido por Galvão em 1848,
atualmente, está imerso na área de Análise, da Topologia e Singularidades, assuntos recentes
de atividade Matemática e que, à época de Ignacio Galvão, ainda não estavam bem
estabelecidas.

Referências
SIQUEIRA MARTINES, Mônica de Cássia. Primeiros doutorados em matemática no Brasil:
uma análise histórica. UNESP- Rio Claro: 2014. Tese de doutorado.

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LÉLIO GAMA: VIRAGENS DE UM MATEMÁTICO EM BUSCA DOS FUNDAMENTOS

Fábio Ferreira de Araújo – IFRJ – fabio.ferreira@ifrj.edu.br

Este trabalho descreve as razões que levam um cientista atuante e produtivo a interromper,
deliberadamente, suas pesquisas em uma área para dedicar-se a outra. A partir da descrição
de tais razões, discutiremos em que medida a persona científica é determinada pela sua
prática, ou ainda, em que medida esta última nos permite perceber a presença efetiva de
valores, epistêmicos e não epistêmicos. Lélio Gama (1892-1981) é um personagem cuja
trajetória permite-nos uma análise da historiografia da ciência no Rio de Janeiro. Sua carreira
teve início no período 1912-1918, quando graduou-se engenheiro geógrafo e civil na Escola
Politécnica do Rio de Janeiro. Desde os estudos ginasiais, revelou interesse por questões mal
esclarecidas em matemática. Em 1917, ingressou no Observatório Nacional e realizou suas
primeiras pesquisas matemáticas a partir de observações de fenômenos astronômicos. Em
1925, retornou à Escola Politécnica como professor assistente em Mecânica Racional,
produzindo quatro teses no período 1926-1929. Em 1935, tornou-se responsável pela Seção
de Matemática da Escola de Ciências da recém-criada Universidade do Distrito Federal, onde
produziu em matemática pura, introduzindo assuntos de Topologia Geral. Questões políticas
encerraram as atividades da UDF em 1939. Em discordância com os novos rumos tomados
pela Faculdade Nacional de Filosofia, Lélio Gama afastou-se em definitivo do magistério em
matemática. Sua produção na área seguiu com a publicação de dois livros didáticos, em
topologia e análise, e pela direção do Núcleo Técnico Científico da Fundação Getúlio Vargas,
criado em 1945. O Núcleo permitiu a aproximação de matemáticos jovens e maduros, tendo
como principal conquista a criação da Summa Brasiliensis Mathematicae, um periódico que
contou com a presença de figuras importantes do cenário científico internacional e possibilitou
a circulação de assuntos de ponta da matemática no Rio de Janeiro. A autoridade científica
adquirida por Lélio Gama ao final da década de 1940 o conduziu à direção do IMPA, entre
1952 e 1965. A partir de 1951, assumiu a direção do Observatório Nacional e passou a dedicar
esforço e energia às pesquisas em geofísica, abandonando de vez sua produção científica em
matemática. Discutiremos o que Lélio Gama pretendia ao tomar esta atitude.

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PROFESSORA EURIDES ALVES DE OLIVEIRA: BREVE BIOGRAFIA E CONTRIBUIÇÕES
AO DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA DA UNESP/RIO CLARO

Carlos Roberto de Moraes – UNIARARAS – carlosmoraes@uniararas.br


Angelica Raiz Calabria – UNIARARAS – angelica@uniararas.br

O presente trabalho está relacionado com o campo de investigação em História da Matemática


no Brasil e, especificamente, terá como foco o tema Biografias, com a finalidade de evidenciar
personagens que participaram de fatos considerados históricos e que podem ter contribuído de
maneira relevante para que tal fato acontecesse, como por exemplo, com a criação e
consolidação de instituições e departamentos. Nesta perspectiva, as investigações
contempladas neste trabalho são sobre uma professora do Departamento de Matemática da
Unesp – Campus de Rio Claro, uma pessoa detentora de vasta sabedoria e que contribuiu,
principalmente, nos períodos que ocupou a chefia do departamento e na criação de um curso
de pós-graduação, tendo orientado alunos, tanto em nível de graduação quanto de pós-
graduação. A professora, que ora mencionamos, é a senhora Eurides Alves de Oliveira. É
licenciada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Pontífice Universidade Católica de
Campinas (FFCL-UCC). Logo após se graduar, atuou como professora no Ensino Básico, e
como se interessava pela área da Lógica Matemática, iniciou seus estudos na Unesp de Rio
Claro com o professor Mário Tourasse Teixeira. Posteriormente, foi contratada como assistente
da Cadeira de Álgebra do Departamento de Matemática desta instituição, permanecendo até
sua aposentadoria. Portanto, objetivamos apresentar um estudo biográfico desta professora e
uma análise histórica sobre a criação do curso de pós-graduação e a participação da Profa.
Eurides nesta criação e, também, o seu envolvimento com o departamento. Outra finalidade
deste trabalho é acrescentar informações às pesquisas que envolvem a História da Matemática
brasileira, tendo em vista que o tema biografias ainda é pouco explorado neste campo de
investigação. Assim, por meio da micro história, pretendemos fazer surgir a Profa. Eurides na
história do Departamento de Matemática, tornando-a significativa e não deixando-a em
segundo plano, visto que, mesmo não tendo sido criadora de teorias e escolas matemáticas,
fez a diferença para outros indivíduos e para um determinado local.

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PROFISSIONALIZAÇÃO DA MATEMÁTICA NO RIO DE JANEIRO: OS PROBLEMAS NA
FNFI

Raphael Alcaires de Carvalho – UFRJ – raphael.carvalho@ifrj.edu.br

Há diversas pesquisas em história da matemática que analisam o desenvolvimento de uma


comunidade matemática na USP durante os anos 1940 e 1950. Já no caso da matemática no
Rio de Janeiro, o período foi pouco estudado. Por isso, abordaremos a profissionalização da
matemática superior neste estado. A questão central deste trabalho é investigar o que
favoreceu a profissionalização dos matemáticos no Rio de Janeiro nas décadas de 1940 e
1950? Por que esta profissionalização não ocorreu na década de 1940 ou até mesmo nos anos
de 1950 na FNFi-UB? Para a maioria dos cientistas e professores universitários, nas décadas
de 40 e 50, era necessário uma reforma universitária e um aumento dos recursos financeiros
do governo brasileiro para a profissionalização da ciência no país, pois as universidades eram
consideradas arcaicas tanto na parte administrativa quanto no ensino. Mostraremos, assim, o
ambiente impróprio para a pesquisa na FNFi, destacando as dificuldades de contratação de
professores estrangeiros, ausência de uma pós-graduação consolidada, falta de publicações
especializadas, problemas advindos da Segunda Guerra Mundial e inconvenientes políticos no
interior da UB.

Referências
ARQUIVOS do PROEDES, UFRJ, campus Praia Vermelha. Arquivos do IMPA.
FÁVERO, Maria de Lourdes de Albuquerque (Coordenação): Faculdade Nacional de Filosofia –
Depoimentos, PROEDES/UFRJ, Rio de Janeiro, 1992.
FERREIRA, Luiz Otávio; AZEVEDO, Nara. Sucesso e Fracasso das Faculdades de Filosofia:
ciência, cientistas e universidade no Brasil, 1930-1960. Locus-Revista de História, v. 18, n. 2,
2012.
NACHBIN, Leopoldo. Ciência e sociedade. Curitiba: Editora UFPR, 1996.
ROQUE, Tatiana Marins. Pesquisa matemática e instituições científicas no Brasil do pós-
guerra. Ciência e Cultura, v. 70, n. 1, p.26-31, 2018.

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SOBRE DUAS APOLOGIAS A JOAQUIM GOMES DE SOUSA PUBLICADAS EM JORNAIS
DO SÉCULO XIX

Rachel Mariotto – IFSP – rmariotto@ifsp.edu.br

A História da Matemática brasileira está repleta de nomes desconhecidos do grande público


mas que ajudaram na construção e solidificação desta ciência no país. Alguns poucos
matemáticos conseguiram deixar sua marca na historia, como é o caso de Joaquim Gomes de
Sousa, o Sousinha: doutor em Matemática, estudioso dessa ciência com memórias
apresentadas à Academia de Ciências da França, lente da Escola Militar, Médico e deputado
pelo estado do Maranhão. Devido o desenvolvimento notável de seus estudos em Matemática
ele ficou famoso e tido, através de diversas biografias, como o melhor matemático brasileiro.
Neste trabalho, apresentam-se duas apologias a esse personagem publicadas em dois jornais
da época com o objetivo de resgatar aspectos que envolvem a imagem desse personagem e
verificar, por meio dela, a ocorrência do patriotismo e da afirmação da cultura nacional,
característicos daquele momento histórico. Também procurou-se por vestígios acerca da
autoria dos textos, uma vez que nenhum deles foi assinado. Após análise de cada texto, foi
possível inferir que as datas das publicações estão relacionadas aos feitos do personagem em
cada período específico e que as publicações corroboram com um sentimento de nacionalismo
e busca por um herói nacional.

Referências
ARAUJO, Irene C. de. Joaquim Gomes de Souza (1829-1884): a construção de uma imagem
de Souzinha. Tese de doutorado apresentada à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
São Paulo, 2012.
LEAL, Antônio H. Pantheon maranhense: ensaios biográficos dos maranhenses ilustres já
falecidos. 2ed. Rio de Janeiro: Alhambra, 1987. v.2.
SOUZA, Cícero M. de. O Newton de Brasil: a bibliografia do cientista brasileiro Joaquim Gomes
de Souza. Recife: Editora da UFRPE, 2008.

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UM APANHADO SOBRE A OBRA DE EUGÊNIO RAJA GABAGLIA

Juliana Martins – UNESP – juliana.mat19@yahoo.com.br

Nesse trabalho apresento de modo sintético a obra de Eugênio de Barros Raja Gabaglia (1862-
1919), engenheiro e professor de matemática no Colégio Pedro II – Rio de Janeiro. Devido sua
formação variada e interesses pessoais, os escritos que Gabaglia publicou ao longo da vida
versam sobre diversos assuntos. Transita de uma tese sobre geografia política a um curso de
navegação interior, escrito para lecionar na Academia da Marinha. De uma pequena nota sobre
a numeração dos índios brasileiros a textos sobre a história da matemática e o papiro Rhind.
Por meio do estudo e exposição de sua obra, nesse trabalho também destaco a importância e
contribuição do autor especialmente à área de história da matemática no Brasil. O trabalho
fundamenta-se principalmente nos escritos originais de Gabaglia, reunidos e catalogados pela
autora em seu acervo pessoal.

Referências
ARQUIVO pessoal da autora, (2018).
MARTINS, J. O livro que divulgou o papiro Rhind no Brasil. 2015. 146 p. Dissertação -
(mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, 2015.
Disponível em:
<https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/124102/000832005.pdf?sequence=1>.
SILVA, M. R. F. da.; HARIKI, S. Raja Gabaglia. Trabalho de Iniciação Científica. São Paulo:
IME-USP, 1998.

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UMA INVESTIGAÇÃO INICIAL ACERCA DO DESENVOLVIMENTO DO CÁLCULO
VETORIAL NO BRASIL

Sabrina Helena Bonfim – UFMS – sabrina_helenabonfim@yahoo.com.br

Esta investigação constitui um recorte da pesquisa de pós-doutoramento iniciada em abril


deste ano na Universidade Estadual Paulista – UNESP, campus de Rio Claro/SP, sob a
supervisão do prof. Dr. Sergio Nobre. Busca dar continuidade a alguns apontamentos feitos
durante o doutoramento da autora, dentre eles da inserção da disciplina de Cálculo Vetorial no
Brasil, tema da discussão inicial aqui proposta. Durante a realização da pesquisa de doutorado
e coleta dos trabalhos (artigos e obras científicos) identificados como produzidos por Theodoro
Augusto Ramos (1895-1935), foi encontrado um trabalho dedicado à temática de Cálculo
Vetorial (Calculo vectorial, 1927) tanto em português (Calculo Vectorial. São Paulo: Editora do
Autor, 1927) quanto uma publicação em francês (Leçons sur le calcul vectoriel. Paris: Blachard,
1930) por uma conceituada livraria francesa. Sabe-se que este texto em português é tido como
um dos primeiros trabalhos sobre o assunto no país e investigamos a hipótese de que seja o
primeiro, pois após este surgiram outros em diversas partes, representando grande inovação
na área de Matemática. Theodoro havia sido professor da disciplina de Cálculo Vetorial. Em
uma entrevista publicada em 1937 e organizada por Fernando de Azevedo intitulada A
Educação Publica em S. Paulo. Problemas e discussões. Inquérito para O Estado de S. Paulo
em 1926, o professor Theodoro faz uma explicação acerca da nova disciplina explicando ser
“[...] é a primeira vez, no Brasil, que em uma escola superior, se leciona o Cálculo Vetorial e a
Nomografia, disciplinas cujo estudo se faz correntemente nos países europeus” (RAMOS,
1926, p. 405). Fato este que aponta também a primeira aparição da disciplina de Cálculo
Vetorial em cursos de graduação no Brasil, neste caso, na Escola Politécnica de São Paulo.
Por assim ser, este trabalho traz como objetivos promover uma apresentação e discussão
inicial desta temática. A metodologia adotada se reporta a pesquisadores que tratam o trabalho
em História. Esta é uma pesquisa de caráter original, que tem o intuito de contribuir para
futuros trabalhos e investigações acerca da temática proposta, no âmbito da História da
Matemática inserido na Educação Matemática.

Referências
BONFIM, S. H. Theodoro Augusto Ramos: um estudo comentado de sua tese de
doutoramento. 2013. 124f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista. Instituto de
Geociências e Ciências Exatas, Rio Claro, 2013.
RAMOS, T. A. A questão apreciada pelo Dr. Theodoro Ramos. In: AZEVEDO, F. de. A
Educação Pública em São Paulo. Problemas e Discussões. Inquérito para “O Estado de S.
Paulo”, em 1926. São Paulo, Rio de Janeiro, Recife: Companhia Editora Nacional, 1937.
p. 400 - 410.
_______. Calculo vectorial. São Paulo: Editora do Autor, 1927.
_______. Leçons sur le Calcul Vectoriel. Paris: Blachard, 1930.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 3

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A HISTÓRIA DA MISSÃO JESUÍTICA DE SANTA MARÍA DEL IGUAZÚ

Marcos Lübeck – UNIOESTE – marcoslubeck@gmail.com

Estudar as matemáticas e as ciências afins, seus atores e instituições, e a sua relação com a
construção de territórios é de grande valor histórico, sobretudo no que se refere ao período
colonial sul-americano, pois permite compreender algo da realidade de outrora e contribuir com
a historiografia de hoje. Portanto, apresentaremos aqui alguns excertos que descrevem a
fundação da Missão Jesuítica de Santa María Del Iguazú, que foi fundada pelos padres
jesuítas Diego de Boroa e Claudio Ruyer em 1626, localizando-se inicialmente próxima às
cataratas do Rio Iguaçu, agora município de Foz do Iguaçu/PR, mas que foi transladada em
1633 para a margem direita do Rio Uruguai, em território argentino, devido as incursões dos
bandeirantes escravocratas, onde passou a ser chamada de Santa María La Mayor. Na época,
os limites territoriais do Brasil eram diferentes dos atuais e a maior parte do estado do Paraná
pertencia à Província Espanhola do Guaíra. E para contar essa história, usaremos fontes
documentais que remetem à época, esboçando um panorama com vistas a mostrar que, entre
1626 e 1633, já havia uma vila na maravilhosa terra das cataratas e que nela os padres
jesuítas – como protagonistas – julgavam importante implementar ações – pela igreja, escolas
e oficinas – junto aos ameríndios para a construção e consolidação de territórios, colocando em
definitivo estas paragens nos mapas da história.

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A LEI DOS COSMÓGRAFOS (1801), UMA REFORMA ADMINISTRATIVA DO TERRITÓRIO
PARA OS MATEMÁTICOS

Fernando José Bandeira de Figueiredo – Uni. Coimbra – fernandobfigueiredo@gmail.com

O problema das saídas profissionais é uma questão que marca a vida da Faculdade de
Matemática desde a sua criação na Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra (1772).
Em 1777 Francisco de Lemos (1735-1822), o Reformador-Reitor, ciente do problema propunha
que se legislasse no sentido de que algumas profissões só pudessem ser desempenhadas por
matemáticos formados pela Universidade. Defendia que os cargos de Cosmógrafo Mor e
Engenheiro Mor fossem providos apenas por matemáticos e proponha ainda a criação
de «lugares de Cosmógrafos pelas Províncias, e Domínios», que empregariam também os
graduados da nova Faculdade. Só muito mais tarde, em 1801, é que foi expressamente criada
legislação (Alvará de 9 de Junho) que instituía em cada comarca o lugar de Cosmógrafo a ser
ocupado por um matemático, cujas funções seriam a elaboração uma carta topográfica da
comarca de acordo com as regras estabelecidas para a Carta Geográfica do Reino; bem como
«intender sobre todas as obras públicas [...] e outros ofícios análogos à
Profissão dos Matemáticos». Nesta comunicação analisaremos a questão das saídas
profissionais, bem como a profunda reforma na administração do território, que esta lei, da
autoria de José Monteiro da Rocha (1734-1819), pretendia introduzir ao transferir um conjunto
de competências tradicionais dos Corregedores e Provedores das Comarcas para os novos
funcionários da administração central do Estado, que seriam os Matemáticos.

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AS MATEMÁTICAS ENTRE A DIPLOMACIA E AS PRÁTICAS DE CAMPO NAS
DEMARCAÇÕES TERRITORIAIS SUL-AMERICANAS DO SÉCULO XVIII

Thomás Augusto Santoro Haddad – USP – thaddad@usp.br

Nas décadas de 1750 e 1780, as coroas de Portugal e Espanha enviaram à América do Sul
diversas séries de expedições encarregadas de estabelecer e demarcar, em campo, as
fronteiras entre as possessões dos impérios ibéricos na região. As duas ondas expedicionárias
cumpriram disposições contidas nos tratados de Madri (1750) e Santo Ildefonso (1777),
resultantes cada um deles, por sua vez, de anos de negociações diplomáticas que buscavam
determinar em definitivo a posição dos limites amazônico, platino e oeste da América
portuguesa em relação aos territórios dos vice-reinos espanhóis. Diversos ‘matemáticos’
desempenharam funções cruciais nessas expedições demarcatórias, designados, como
estavam, para “traduzir” a linguagem dos tratados em coordenadas geográficas concretas,
mapas e marcos na paisagem. Interessa-nos neste estudo investigar esse processo de
“tradução”, ou, em outras palavras, a forma pela qual as matemáticas operaram como
intermediárias entre a diplomacia e as práticas demarcatórias empregadas em campo. Entre
outras questões orientadoras, indagamos quais são as ‘matemáticas’ empregadas nas
demarcações, quem são os ‘matemáticos’, e o que, afinal, eles fazem no cotidiano das
expedições. A partir de um conjunto de estudos de caso, discutiremos a natureza do
conhecimento e prática matemáticos mobilizados em expedições ocorridas em cada uma das
duas décadas mencionadas, com ênfase nas semelhanças e diferenças entre os praticantes
(incluindo suas representações e autorrepresentações culturais, formas de treinamento, e
repertórios teóricos e práticos) e entre suas operações em campo.

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AS PLANTAS DE FORTIFICAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: ARQUITETURA
MILITAR E AS CONQUISTAS ULTRAMARINAS (1700-1750)

Luiza Nascimento de Oliveira da Silva – UFRJ – lujonascimento@gmail.com

O objetivo da presente comunicação é articular as concepções teóricas presentes no ensino da


arquitetura militar em Portugal, com a sua prática em desenhos de plantas de fortificação da
cidade do Rio de Janeiro ao longo do século XVIII. Com a finalidade de aprimorar o sistema
defensivo do Rio de Janeiro, engenheiros formados no reino, como José da Silva Paes, foram
enviados à dita cidade. Além de levantamentos locais, feitos no Rio de Janeiro, pareceres e
cartas sobre o sistema defensivo, materializado nas plantas de fortificação, foram emitidos por
engenheiros da corte, como Francisco Pimentel e Manuel de Azevedo Fortes. Nosso objetivo é
explorar a relação e tensões entre o desenvolvimento da defesa para a cidade do Rio de
Janeiro e as estratégias régias, que iremos identificar nas plantas de fortificação e em outros
documentos coevos. A ideia é percebermos de que modo os princípios e métodos da
arquitetura militar foram resignificados pelos engenheiros que tiveram experiência de viver na
cidade do Rio de Janeiro. Pretendemos refletir até que ponto havia a necessidade de introduzir
soluções locais para a funcionalidade do sistema defensivo. Através do cotejamento dos
elementos dispostos nos desenhos elaborados por José da Silva Paes, e sua relação com os
desenhos presente em Tratados como os do engenheiro Manuel de Azevedo Fortes, do padre
Luiz Gonzaga e no manuscrito "Tratado da arquitetônica, ou arquitetura militar, ou fortificação
das praças", de autoria desconhecida, buscaremos verificar se Paes apenas seguiu os
modelos apresentados ou ajustou novos elementos para melhor garantir um sistema defensivo
mais eficaz. Enfim, pretendemos identificar o potencial de circulação e transformação dos usos
da matemática no processo de construção dos domínios ultramarinos.

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MATEMÁTICO, DEMARCADOR E POLÍTICO: CONSAGRAÇÃO E CONTROVÉRSIAS NA
TRAJETÓRIA DE ANTÓNIO PIRES DA SILVA PONTES (1749-1805)

Otavio Crozoletti Costa – USP – otavio.costa@usp.br

António Pires da Silva Pontes nasceu no ano de 1749 na freguesia de Nossa Senhora do
Rosário, Comarca de Mariana, Minas Gerais. Pouco se sabe sobre a sua juventude, mas é
conhecido que foi para Coimbra por volta de 1772 para estudar. Formou-se em Matemática e
Filosofia, e adquiriu o grau de doutor em Matemática no ano de 1778. Recebeu a função de
integrar as comissões de demarcação de limites decorrentes do Tratado de Sto. Ildefonso na
América do Sul como astrônomo, partindo de Lisboa com destino ao Pará em janeiro de 1780.
Ficou responsável pela demarcação das fronteiras na região Oeste da colônia, mais
1
especificamente na capitania do Mato Grosso . Sua vida esteve durante muito tempo
associada a Francisco José de Lacerda e Almeida: além de estudarem juntos em Coimbra e
serem companheiros de demarcação, ambos foram professores na Academia da Marinha, em
Lisboa, no início da década de 1790. A Academia Real das Ciências de Lisboa recebeu os
diários e cartas geográficas de Silva Pontes provenientes de suas atividades na América
Portuguesa e concedeu-lhe a honraria de admiti-lo como sócio. Por volta de 1801 retornou ao
2
Brasil para assumir o governo do Espírito Santo, onde permaneceu até a sua morte, em 1805
3
. Há documentos interessantes que nos revelam outras facetas, muito instigantes, de Silva
Pontes. Alguns deles são de autoria de Lacerda e Almeida e endereçados ao ministro Martinho
de Mello e Castro (datados por volta dos anos de 1785-1786), em que faz duras críticas ao seu
companheiro de viagem com relação ao trabalho que ele desenvolvia, ao comportamento
temperamental e inadequado, além do suposto crime de lesa majestade por conta de um
45
ufanismo mineiro praticado por Pontes . Outro registro importante é um ofício do governador
da capitania do Mato Grosso, Luis de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres (datado de
6
1787), em que faz críticas contundentes aos matemáticos Lacerda e Pontes . Por fim, há os
registros do período em que governou a capitania do Espírito Santo, em que os moradores
reclamam do perfil autoritário e despótico do matemático-astrônomo mineiro na administração
7
a capitania . Essa documentação foi pouco explorada pela historiografia, e alguns deles ainda
permanecem inéditos. O objetivo desta comunicação oral é refletir acerca dos mesmos e tentar
entender como, apesar dessas controvérsias, António Pires da Silva Pontes ainda permaneceu
com tanto prestígio junto aos poderes políticos, sobretudo com a Coroa portuguesa, mantendo-
se com uma carreira de destaque ao longo da década de 1790, recebendo cargos importantes,
culminando com a nomeação para o governo da capitania do Espírito Santo.

Referências
1
DOMINGOS, Flávia Kurunczi. Matemática a Serviço do Império: a trajetória do
demarcador Antonio Pires da Silva Pontes Leme (1777-1790). 2008. 171 f. Dissertação
(Mestrado em História) – Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 2008.
2
LIMA, Péricles Pedrosa. Homens de ciência a serviço da coroa: os intelectuais do Brasil
na Academia Real de Ciências de Lisboa: 1779/1822. 2009. 251 f. Dissertação de Mestrado
em História dos Descobrimentos e da Expansão. Universidade de Lisboa, Lisboa, 2009.
3
MENDES, I. A. A participação de alguns matemáticos luso-brasileiros nas comissões
demarcadoras das fronteiras brasileiras no século XVIII. V Encontro Luso-Brasileiro de
História da Matemática, 2007.
4
LACERDA E ALMEIDA, Francisco José de. Memória a respeito dos Rios Baures, Branco,
da Conceição, de S. Joaquim, Itonamas e Maxupo, e das três missões de Magdalena, da
Conceição e de S. Joaquim. RIHGB, v. 12, 1849
Fontes Manuscritas
5
AHU, Mato Grosso, Cx. 26 Doc. 1518.
6
AHU, Mato Grosso, Cx. 25, Doc. 1489.
7
AHU, Espírito Santo, Cx. 7 Doc. 490; AHU, Espírito Santo, Cx. 7 Doc. 491; AHU, Rio de
Janeiro, Cx. 223, Doc. 15310.

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OBSERVATÓRIOS ITINERANTES E A CONSTRUÇÃO DA AMÉRICA PORTUGUESA (1750-
1787)

Heloisa Meireles Gesteira – MAST – heloisagesteira@mast.br

Ao longo da segunda metade do século XVIII, precisamente os anos que seguiram as


assinaturas dos Tratados de Madri (1750) e Santo Idelfonso (1777) foram enviados
astrônomos, engenheiros e cosmógrafos a fim de demarcar no próprio terreno os ajustes
previstos pelos comissários e diplomatas que representavam os interesses territoriais de
Portugal e Espanha na América. Para realização dos trabalhos de campo, foram equipados
observatórios itinerantes composto por instrumentos e livros que deveriam dar suporte as
“observações” realizadas durante as viagens. A partir da ideia de ciências de observatório,
conforme proposto por David Aubin, Charlotte Bigs e Otto Sibum, buscaremos explorar as
formas e possibilidades das práticas científicas que relacionam conhecimentos sobre o Céu e a
Terra e que se constituem a partir de observações regulares de fenômenos naturais, feitas com
instrumentos de precisão, que se expressam por meio de números e cálculos matemáticos que
podem ser manipulados e utilizado de formas diferentes, inclusive na administração dos
Estados e seus territórios. No caso em tela, o desafio é perceber o papel das observações na
construção do território ultramarino durante a segunda metade do século XVIII.

Referências
AUBIN, David, BIGS, Charlotte; SIBUM, Otto. The Heavens on Earth: Observatories and
Astronomy in Nineteenth-Century Science and Culture. Durham: Duke Univesity Pres, 2010.
BARBOZA, Christina." Ciência e Natureza nas expedições astronômicas para o Brasil (1850-
1920). In: Bol. Mus. Para. Emilio Goeldi. Ciências Humanas. Belém. v. 5, n. 2. pp 273-294,
maio-ago 2010.
BENNETT, J. A. “The English quadrant in Europe: instruments and the growth of consensus in
practical Astronomy.” The Journal of the History of Astronomy, 23 1992;
BOURGUET, Marie-Noëlle; LICOPPE, Christian e SIBUM, Otto. (editores). Instrument, travel
and science: Itineraries of precision from the seventeenth to the twentieth century. London and
New York: Routledge, 2002.
SCHAFFER, Simon; ROBERTS, Lissa; RAJ, Kapil. The Brokered World: Go-Betweens and
Global Intelligence, 1770-1820. Uppsala Studies in History of Science 35.Sagamore Beach,
Massachussets, Watson Publishing International, 2009.
WOOLF, Harry. "British preparations for Observing the Transit of Venus of 1761". In: The
William and Mary Quarterly. vol 13. n. 4, Out. 1956.

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OS CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS À FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO MILITAR NO
SÉCULO XVIII

Dulcyene Maria Ribeiro – UNIOESTE – dulcyenemr@yahoo.com.br

Nesse trabalho temos por objetivo destacar aspectos da formação do engenheiro militar na
primeira metade do século XVIII em Portugal. Espera-se proporcionar alguma luz sobre a
formação científica, especialmente matemática, de uma profissão que no período estudado era
pouco valorizada nos quadros militares, mas que era essencial para a manutenção do território
português, bem como para os planos de expansão e manutenção das colônias. A Arquitetura
Militar era uma ciência, mas que não se sustentava só com conhecimentos práticos do campo
de trabalho do engenheiro militar. Assim as ciências matemáticas tornaram-se as constituintes
desse saber teórico. Manoel de Azevedo Fortes engenheiro-mor do reino e professor da
instituição que formou a maior parte dos engenheiros que atuou no reino e nas colônias no
século XVIII, denominada por si de “Academia Militar”, definiu os assuntos que considerava
indispensáveis para uma boa formação do engenheiro militar. Entre os conteúdos estão:
Aritmética, Geometria Euclidiana, o que chama de Geometria Prática e a Trigonometria, além
das atividades de desenho, do uso dos instrumentos matemáticos, das atividades na prática
das marcações e medições no terreno e da Artilharia. Excetuando-se as lições sobre Artilharia,
todas as outras estão organizadas nos dois volumes do livro O Engenheiro Português. Sabe-se
também, que era estudado um Tratado da Álgebra, que demorava em torno de dois anos para
ser ditado, conhecido graças ao manuscrito de um aluno da Academia que chegou aos dias de
hoje, no qual se explicita que foi ditado entre 1732 e 1734. Nos nossos estudos posteriores,
outros manuscritos com o mesmo conteúdo também foram encontrados, no entanto alguns
sem precisão na definição da autoria e de datas. Embora nem todo o conteúdo desses
manuscritos versem sobre álgebra pura, não dá para negar que o assunto fez parte da
formação dos engenheiros militares, sendo estudado inclusive antes da geometria e que
Azevedo Fortes, influenciado pelos textos de matemáticos europeus, especialmente, pelos do
padre francês Bernardo Lamy (1640-1715), teve papel decisivo para que a álgebra fosse
ensinada na Academia Militar.

Referências
RIBEIRO, D. M. A formação dos engenheiros militares: Azevedo Fortes, Matemática e
ensino da Engenharia Militar no século XVIII em Portugal e no Brasil. 2009. 213p. Tese
(Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. São Paulo,
2009.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 4

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A ÁLGEBRA COSSISTA ALEMÃ – SIGNIFICADO E IMPACTOS

Gert Schubring – UFRJ – gert.schubring@limc.ufrj.br

A historiografia da álgebra sempre desenhou o desenvolvimento da álgebra como um processo


contínuo e unidirecional. O caminho seguido na Grécia helenística atinge um primeiro clímax
na matemática Árabe com Al-Khwarizmi, chega à Itália - com Fibonacci - e se desenvolve lá até
o Cardano para finalmente passar a tocha para Viète e a França. O livro mais recente, com a
ambição de dar uma exposição completa, desde a antiguidade - o volume de Victor Katz e
Karen Parshall: Taming the Unknown (2014) - segue essencialmente a mesma abordagem
unidirecional, embora dedicando dois capítulos para a China e Índia, entre a Grécia e os países
islâmicos. Mas aqui também, o desenvolvimento na Europa é apresentado como um legado de
Fibonacci - então os desenvolvimentos relativamente paralelos na Espanha e na Provença
aparecem como influências da Itália. Há algumas informações sobre as pesquisas de Høyrup,
mas só em notas de rodapé, sem explorar seus resultados. Em particular, nem a álgebra
simbólica magrebina entrou na historiografia internacional, nem a pesquisa sobre os impactos
dessas inovações notacionais foi realizada. Assim, a concepção estabelecida por Sabine
Rommevaux, a existência de uma pluralidade de álgebras no início dos tempos modernos, é
bastante promissora para identificar conexões e impactos não percebidos pelas abordagens
unidirecionais. Investigações vão ser apresentados sobre a álgebra cossista - a única entre os
vários conceitos de álgebra desenvolvidos em países europeus no século XVI, que estabeleceu
um sistema de notação bem perto do sistema do Magreb – e constituindo o elemento alemão
nesta pluralidade. Há de se apresentar as obras maiores da álgebra cossista alemã e discutir
os impactos aos desenvolvimentos de álgebra em outros países de Europa.

Referências
Mahdi Abdeljaouad, Le manuscrit mathématique de Djerba: Une pratique de symboles
algébriques maghrébins en pleine maturité. Em Actes du 7e Colloque Maghrébin sur l’Histoire
dês Mathématiques Árabes, Juin 2002, Marrakech: ENS Marrakech.
Menso Folkerts, Adam Ries und die Algebra. In: Rainer Gehardt (ed.), Rechenmeister und
Mathematiker der frühen Neuzeit. Band 25 der Schriften des Adam-Ries-Bundes. Annaberg-
Buchholz, 2017, 135-151.
Jens Høyrup, Fibonacci - Protagonist or Witness? Who Taught Catholic Christian Europe about
Mediterranean Commercial Arithmetic? Journal of Transcultural Medieval Studies, 2014, 1: 219-
247.
Victor J. Katz & Karen Hunger Parshall, Taming the Unknown. A History of Algebra from
Antiquity to the Early Twentieth Century. Princeton University Press, 2015.
Sabine Rommevaux et al., Pluralité de l’Algèbre à la Renaissance. Paris : Honoré Champion,
2012.

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A CONCEPÇÃO E A CLASSIFICAÇÃO DAS DISCIPLINAS MATEMÁTICAS DE ADRIAAN
VAN ROOMEN

Zaqueu Vieira Oliveira – UFABC – z.zaqueu@usp.br

As fronteiras do conhecimento nem sempre foram aquelas que conhecemos hoje. No século
XVII, por exemplo, a matemática ainda não era uma área autônoma e nem unificada. Levando
em consideração concepções filosóficas e outros aspectos que consideraram relevantes,
diversos autores apresentaram concepções diferentes a respeito daqueles conhecimentos que
deveriam ser considerados parte da matemática. Na verdade, normalmente se referiam a um
conjunto de disciplinas denominando-as como matemáticas, no plural. Adriaan van Roomen
(1561-1615) – estudioso que desenvolveu alguns trabalhos sobre geometria e trigonometria,
incluindo o episódico fato de ter calculado π com 15 casas decimais – na obra Universae
Mathesis Idea de 1602 e no liber primus da Mathesis Polemica de 1605 nos apresenta sua
visão filosófica acerca do objeto e dos objetivos de estudo das matemáticas, assim como uma
classificação descrevendo os fundamentos de cada uma das disciplinas. Para o autor, as
matemáticas são conhecimentos que tem as quantidades como objetos de estudo. Ao falar em
quantidades, van Roomen se refere á qualquer objeto com a possibilidade de medida, como
adotada por estudiosos da Antiguidade e da Idade Média. Porém, vai além, considerando os
acidentes, as substâncias e as cosias artificiais, termos derivados da filosofia aristotélica. Sua
classificação das disciplinas está dividida em dois grupos: (i) as matemáticas principais – que
são divididas em matemáticas puras (logística, prima mathesis, aritmética e geometria) e
mistas (astronomia, uranografia, cronologia, cosmografia, geografia, corografia, topografia,
topothesis, astrologia, geodesia, música, óptica e euthymetria) – e (ii) as matemáticas
mecânicas (sphaeropoeia, manganaria, mechanopoetica, organopoetica e thaumatopoetica).
Estas últimas estão relacionadas ao uso e construção de máquinas, tema que está ligado à
instrumentação matemática, que se desenvolveu bastante naquele período. Percebe-se ainda
em ambas aas obras que o autor valoriza uma concepção de matemáticas em que o
aristotelismo é de extrema importância, fundamentando diversos dos princípios de sua
classificação.

Referências
OLIVEIRA, Zaqueu Vieira Oliveira. A classificação das disciplinas matemáticas e a Mathesis
Universalis nos séculos XVI e XVII : um estudo do pensamento de Adriaan van Roomen. Tese
(Doutorado em Educação Matemática). UNESP: Rio Claro, 2015.
VAN ROOMEN, Adriaan. (1602). Universae Mathesis Idea. Wurceburgo: Georgius
Fleischmann.
VAN ROOMEN, Adriaan. (1605). Mathesis Polemica. Frankfurt: Levinus Hulsius.

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A INFLUÊNCIA DAS ÁLGEBRAS DO SÉC. XVI EM DESCARTES

Marcello Amadeo – UFRJ – marcello.amadeo@gmail.com

O presente trabalho questiona as influências diversas na formação matemática de Descartes a


partir de publicações recentes. As principais biografias que exploram as influências
matemáticas de Descartes – como a de Willian Shea publicada originalmente em 1991, a de
Stephen Gaugroker e a de Geneviève Rodis-Lewis ambas publicadas em 1995 – não incluem
as novas pesquisas que exploram as diversas álgebras coexistentes na Europa do século XVII,
como os trabalhos de Sabine Rommevaux de 2012 e de Karen Parshall de 2017. Portanto, o
presente trabalho apresenta uma releitura das matemáticas que teriam influenciado Descartes
em seus trabalhos.

Referências
DESCARTES, René. Œuvres. 12 vol. ADAM, Charles; TANNERY, Paul (Eds.). Paris: Léopold
Cerf, 1897-1913.
GAUKROGER, Stephen. Descartes: uma biografia intelectual. Rio de Janeiro: Contraponto,
1999.
PARSHALL, Karen. A plurality of algebras, 1200-1600: algebraic Europe from Fibonacci to
Clavius. BSHM Bulletin: Journal of the British Society for the History of
Mathematics, vol. 32, n. 1, p. 2-16. 2017.
RODIS-LEWIS, Geneviève. Descartes: uma biografia. Rio de Janeiro: Record, 1996.
ROMMEVAUX, Sabine; SPIESSER, Maryvonne; MASSA ESTEVE, Maria Rosa. Pluralité de
l'algèbre à la renaissance. Paris: H. Champion, 2012.
SHEA, William R. La magia de los numeros y el movimiento. Madrid: Alianza Editorial, 1993.

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A RÉGUA DE CÁLCULO CIRCULAR NA OBRA THE CIRCLES OF PROPORTION AND THE
HORIZONTAL INSTRUMENT..., (1632), DE WILLIAM OUGHTRED: REFLEXÕES INICIAIS
NOS ASPECTOS CONTEXTUAIS

Verusca Batista Alves – IFCE – veruscah.alves@gmail.com


Ana Carolina Costa Pereira – UECE – carolina.pereira@uece.br

O século XVII foi marcado por um evidente crescimento quanto ao uso de instrumentos de
investigação de fenômenos naturais. (SAITO, DIAS, 2010). Alguns desses instrumentos eram
denotados “matemáticos”, pois, estiveram relacionados a vários fatores quanto a seu uso,
possuindo diversas finalidades práticas e, portanto, estavam fortemente ligadas a Astronomia,
Navegação e Agrimensura. Um desses instrumentos foi o círculo de proporção ou régua de
cálculo circular de William Oughtred (1574-1660), presente na obra The circles of proportion
and the horizontal instrument..., escrita em 1622, porém publicada somente em 1632, cujo
conteúdo aponta diversas situações de uso prático do objeto. Com isso, esse estudo objetiva
apresentar algumas ponderações iniciais sob a ótica da historiografia atualizada, concernentes
aos aspectos contextuais no que se refere ao papel que esse instrumento teve durante o
século XVII. Para isso, essa pesquisa inicialmente é de cunho documental. A obra está dividida
em duas partes, e cada uma em capítulos específicos sobre o tema apresentado. Assim, a
primeira parte refere-se aos “círculos do primeiro lado” (OUGHTRED, 1632) apresentando
alguns exemplos de como manusear o instrumento e é nessa que esse estudo tem enfoque. A
partir disso, vislumbra-se esse estudo como forma de reconstruir as ideias tradicionais
referentes ao processo de construção de alguns conhecimentos matemáticos, através de uma
perspectiva atualizada, renovando as concepções a respeito.

Referências
OUGHTRED, William. The Circles of Proportion and the Horizontal Instrument the former
shewing the maner how to work proportions both simple and compound: and the ready
and easy resolving of quaestions both in arithmetic, geometrie. Londres: Eebo Editions, 2010.
Tradução de: William Forster.
SAITO, Fumikazu; DIAS, Marisa da Silva. História e Ensino de Matemática: construção e uso
de instrumentos de medida do século XVI. História da Ciência e Ensino: construindo
interfaces, v. 2, p. 76-88, nov. 2010. ISSN 2178-2911. Disponível em:
<https://revistas.pucsp.br/index.php/hcensino/article/view/4163/2865>. Acesso em: 28 mar.
2018.

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O USO DE DOCUMENTOS ORIGINAIS EM PESQUISAS QUE ENVOLVEM A HISTÓRIA DA
MATEMÁTICA DOS SÉCULOS XVI E XVII

Isabelle Coelho da Silva – IFCE – isabellecoelhods@gmail.com


Ana Carolina Costa Pereira – UECE – carolina.pereira@uece.br

Estudos envolvendo uma escrita pautada em perspectivas historiográficas atualizadas indicam


que a ciência moderna teve origem a partir do século XVI, em que o seu objeto de investigação
passou a ter um tratamento diferente daquele dado anteriormente. Nesse sentido, foi a partir
dessa época que alguns conhecimentos começaram a tomar forma para se tornar, após o
século XIX, o que se denomina hoje como matemática (SAITO, 2015). Portanto, seriam
documentos desse período que deveriam ser procurados para tratar de conteúdos matemáticos
atuais. Assim, nesse estudo, objetiva-se identificar quais os tipos de documentos originais que
estão sendo usados nas teses e dissertações que abordam a história da matemática dos
séculos XVI e XVII. Para isso foi realizada uma pesquisa bibliográfica, em que foram
investigadas as produções de alguns programas de pós-graduação que realizam estudos
nessa área. Entretanto, como esse é apenas um recorte de uma pesquisa de mestrado, serão
mostrados só os resultados encontrados no Programa de Estudos Pós-graduados em História
da Ciência, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que é um programa bastante
divulgado no país, no qual diversos pesquisadores abordam questões sob uma perspectiva
atualizada de escrita da história. Dentre as 268 pesquisas defendidas entre 2001 e 2018,
divulgadas pelo Sistema de Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações (TEDE), 28 estão
relacionados à matemática, em que 8 delas retratam a história nos séculos XVI e XVII, mas
apenas 7 foram lidas, pois 1 tinha acesso restrito ao texto completo. Assim, buscamos quais as
principais fontes de conhecimentos que cada um desses trabalhos utilizou para tratar de
aspectos matemáticos nos séculos XVI e XVII. Pôde-se perceber que a maioria dos trabalhos
utilizam uma historiografia mais atualizada e tratam de diferentes ramos do saber como a
filosofia natural e a astronomia. Entretanto, algumas obras são apenas de matemáticos
famosos da história, ou seja, aqueles grandes nomes que são geralmente mencionados nos
tradicionais livros da área, por exemplo Johannes Keppler, René Descartes e Bonaventura
Cavalieri. Portanto, ainda percebe-se a influência da historiografia tradicional nos
pesquisadores, o que pode ser resultado da formação acadêmica nessa perspectiva que,
provavelmente, muitos deles tiveram.

Referências
SAITO, Fumikazu. História da matemática e suas (re)construções contextuais. São Paulo:
Ed. Livraria da Física/SBHMat, 2015.

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PROBLEMAS DE MEDIÇÃO DE ALTURAS UTILIZANDO O ESQUADRO MÓVEL DE
OTTAVIO FABRI (C.1544-C.1612): UMA ARTICULAÇÃO ENTRE A HISTÓRIA E O ENSINO
DE MATEMÁTICA

Mariana Pertel – UFES – marianapertel@gmail.com


Andressa Cesana – UFES – andressacesana@hotmail.com

No presente texto atemo-nos à utilização de fontes numa abordagem pedagógica. Seguindo de


perto essa tendência, propomos um tratamento didático da construção e do uso do Esquadro
Móvel, instrumento para resolver problemas de medição de alturas, conforme proposto na obra
L’Uso della squadra mobile do italiano Ottavio Fabri, publicada em 1615. Tal obra teve ampla
repercussão na época, pelo seu apelo prático e por conter ilustrações muito ricas em detalhes,
desenhadas pelo próprio autor. Nesta pesquisa pretendemos analisar as representações de
alunos relativas às resoluções de problemas que envolvem medição de alturas utilizando o
Esquadro Móvel. Buscamos analisar as representações dos alunos fundamentando-nos na
História Cultural (Chartier, 1990). Como pressuposto teórico apoiamo-nos em estudos
realizados por Saito (2011, 2013) e por Mendes (2001) acerca de articulações entre história e
ensino de Matemática; e por Dynnikov e Sad (2007) sobre uma abordagem pedagógica do uso
de fontes em História da Matemática. Esta pesquisa, iniciada em 2017, prevista para ser
concluída em junho de 2018, se constituirá numa intervenção em uma sala de aula do 1º ano
do Ensino Médio de uma escola pública de São Mateus/ES, onde buscaremos apresentar o
tratamento didático como um dos caminhos para a construção da interface entre história e
ensino da Matemática.

Referências
CESANA, Andressa. Textos e contextos dos problemas de medição de alturas em livros
do Renascimento. 2013. 233f. Tese (Doutorado em Educação) - UFES, ES, 2013.
CHARTIER, Roger. A História Cultural entre práticas e representações. 2. ed. Bertrand
Brasil. Rio de Janeiro, 2002.
DYNNIKOV, Circe M. Silva da Silva; SAD, Lígia Arantes. Uma abordagem pedagógica do
uso de fontes em História da Matemática. Guarapuava: SBHMat, 2007.
MENDES, Iran Abreu. Uso da História no Ensino da Matemática: reflexões teóricas e
experiências. Belém: EDUEPA, 2001. 90p. (Série Educação; n.1).
SAITO, Fumikazu; DIAS, Marisa Silva. Articulação de entes matemáticos na construção e
utilização de instrumentos de medida do século XVI. Sergipe, Aracaju, 2011. (Coleção
História da Matemática para Professores).

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UM ESTUDO INICIAL DA OBRA CHRONOGRAPHIA, REPORTORIO DOS TEMPOS...
(1603), DE MANOEL DE FIGUEIREDO E O INSTRUMENTO BALHESTILHA

Antonia Naiara de Sousa Batista – IFCE – antonianaiarabatista@yahoo.com.br


Ana Carolina Costa Pereira – UECE – carolina.pereira@uece.br

A obra Chronographia, Reportorio dos Tempos... (1603), de autoria do português Manoel de


Figueiredo (1568-1622) é um documento que congrega diversos campos do conhecimento que
se encontravam em desenvolvimento durante o século XVI e XVII, dentre eles podemos
destacar, a astronomia, astrologia, geografia, cosmografia, entre outros. Além disso, esse
escrito traz a fabricação e o uso de três categorias de instrumentos, sendo eles, a balhestilha
ou radio astronômico, o quadrante geométrico e diversos tipos de relógios. Assim, o intuito
deste trabalho é apresentar alguns aspectos preliminares da obra Chronographia, Reportorio
dos Tempos... e do instrumento balhestilha em relação ao conhecimento da geometria prática
presente entre ambos. Desta forma, o documento apresenta-se dividido em seis partes, mas é
na sexta parte, mais especificamente, no Tratado dos Relogios horizontais, verticais, laterais,
declinantes, e universais, ou polares, capítulo VII, que encontramos alguns conhecimentos da
geométrica prática que advém dos Elementos de Euclides, entretanto, não possuindo a mesma
organização dele. Esses conhecimentos ainda são seguidos por construções geométricas que
dão suporte para a fabricação dos outros instrumentos, como a balhestilha, destinado nesse
período para a prática de medições na astronomia e simultaneamente na navegação. Assim,
não só a obra, mas os instrumentos contidos nela, proporcionam modos do “fazer” presentes
em um período que tinha por intuito fornecer técnicas para o alcance de realizações ou
experiências, por meio dos conhecimentos geométricos, como encontrar a latitude de um local,
obter a hora, construir mapas, livros, textos para disseminar conhecimentos, entre outros.

Referências
FIGUEIREDO, Manoel de. Chronographia Reportorio dos tempos, no qual se contem VI.
partes, f. dos tempos: esphera, cosmographia, e arte da navegação, astrologia rustica, e dos
tempos, e pronosticação dos eclipses, cometas, e sementeiras. O calendario Romano, com os
eclypses ate 630. E no fim o uso, a fabrica da balhestilha, e quadrante gyometrico, com hum
tratado dos relogios. Lisboa. 1603.

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UM ESTUDO PRELIMINAR DA OBRA VIA REGIA AD GEOMETRIAM (1636) DE PETRUS
RAMUS

Ana Carolina Costa Pereira – UECE – carolina.pereira@uece.br


Fumikazu Saito – PUCSP – fsaito@pucsp.br

Os séculos XVI e XVII foram caracterizados pelo desenvolvimento de diferentes práticas


matemáticas, que se tornaram cada vez mais importante para variados setores da sociedade,
proporcionados pelos avanços e pelas transformações sociais, econômicas e políticas, tais
como o crescimento do comércio e da pequena indústria, bem como da colonização da recém
descoberta América. Dentre os vários personagens importantes nesse cenário, encontramos o
francês Pierre de la Rameé, mais conhecido como Petrus Ramus (1515 - 1572). Pouco
conhecido por seus feitos na matemática pelos historiadores da matemática, Petrus Ramus
teve um impacto considerável no que diz respeito à reforma curricular das universidades
naquele período. Um levantamento inicial de seus trabalhos, revela que ele publicou mais de
50 livros, com várias edições. No que diz respeito às matemáticas, sua atenção estava voltada
principalmente para os seus aspectos práticos de forma a valorizar um ensino que primasse
pela utilidade do conhecimento matemático. Isso é notório em seus trabalhos dedicados às
matemáticas, por exemplo, em seu Arithmeticae libri duo: geometriae septen et viginti,
publicado em 1569, na Basiléia, Suíça. Esse tratado foi impresso diversas vezes, com
alteração no título em alguns momentos. Um exemplo disso é a edição inglesa de 1636,
intitulada Via Regia ad Geometriam – The Way of Geometry traduzida por William Bedwell
(1561 – 1632), publicada em Londres. Dessa forma, o presente trabalho busca apresentar um
estudo preliminar dessa obra com vistas em reconhecer aspectos que ora a aproximam e ora a
afastam da tradição da geometria prática medieval. Esse documento, que trata da “arte de
medir bem” (RAMUS, 1636, p. 1), tal como se consagrou nos estudos medievais, organiza os
conhecimentos da geometria prática dando-lhe uma feição mais sistemática. Desse modo, é
perceptível a influência dos Elementos de Euclides na organização dos conhecimentos
geométricos e na forma como é apresentado alguns problemas. Contudo, por se tratar ainda de
uma obra que se insere na tradição da geometria prática, a sistematização dos saberes
geométricos está orientada para a construção e o uso de um instrumento matemático, muito
disseminado e conhecido naquele período por “báculo”.

Referências
RAMUS, Peter. Via Regia ad Geometriam: The way to geometry. Londres: Thomas Cotes,
1636. Tradução de: William Bedwell.

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UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A GEOMETRIA E A ÓPTICA QUINHENTISTA A PARTIR
DO TRATADO LE SCIENZE MATEMATICHE RIDOTTE IN TAVOLE DE EGNATIO DANTI

Fumikazu Saito – PUCSP – fsaito@pucsp.br

Neste trabalho discorremos sobre a organização do saber matemático no tratado intitulado Le


scienze matematiche ridotte in tavole, publicado em 1577 por Egnatio Danti (1536-1586). Este
opúsculo encontra-se dividido em 45 tabelas. Por meio delas, o autor descreve sinopticamente
a estrutura e a organização do conteúdo das principais disciplinas matemáticas. Derivadas do
quadrivium medieval (geometria, aritmética, astronomia e música), as disciplinas matemáticas
foram aqui ampliadas de modo a explicitar a subalternação das diferentes scienze (prospettiva,
specularia, gnomonica, meteoroscopia, dioptrica, geografia, hidrografia, corografia, topografia
etc.) e arti mecanice (architettura, scultura, pittura, scenografia, machine, strumenti astronomici,
strumenti musicali, strumenti geometrici etc.). Neste estudo preliminar demos especial ênfase a
duas tabelas: uma dedicada à geometria, que, em linhas gerais, são classificadas em teórica,
prática e mista, e, outra, à scienza della prospettiva (entenda-se óptica). A organização
proposta por Danti para as relações de subalternação entre geometria e óptica apontam para
interessantes aspectos de ordem teórica e prática que preenchem algumas lacunas no que diz
respeito ao “saber-fazer” matemático quinhentista.

Referências
DANTI, E. Le scienze matematiche ridotte in tavole… Bologna: Compagnia della Stampa, 1577.
FRANGENBERG, T. Egnatio Danti optics. Cinquecento Aristotelianism and the Medieval
Tradition. Nuncius, v. III, n. 1, p. 3-38, 1988.
_____. Egnatio Danti on the History of Perspective. In: SINISGALLI, R. (ed.). La prospettiva:
Fondamenti theorici ed esperienze figurative dall’antichità al mondo moderno.Firenze: Cadmo,
1998. p. 213-223.
RAYNAUD, D. Les débats sur les fondements de la perspective linéaire de Piero della
Francesca à Egnatio Danti: un cas de mathématisation à rebours. Early Science and Medicine,
v. 15, p. 474-504, 2010.
RIGHINI-BONELLI, M. L. Danti, Egnatio (Pellegrino Rainaldi). In: GILLESPIE, C. C. (ed.).
Dictionary of Scientific Biography. New York: Charles Scribner’s Son, 1981. V. 3, p. 558-559.
SETTLE, T. B. Egnatio Danti as a Builder of Gnomons. An Introduction. In: BERETTA, M.;
GALLUZZI, P.; TRIARICO, C. (eds.). Musa musaei. Firenze: Leo S. Olschki, 2003. p. 93-115.

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UM ESTUDO PRELIMINAR DA OBRA DE ARTE ATQUE RATIONE NAVIGANDI (1573) DE
PEDRO NUNES

Francisco Wagner Soares Oliveira – IFCE – franciscowagner2007@gmail.com


Ana Carolina Costa Pereira – UECE – carolina.pereira@uece.br

No século XVI, uma das práticas que impulsionava o desenvolvimento das matemáticas era a
navegação, visto que tal arte necessitava do refinamento para se chegar cada vez mais
próximo de uma certa precisão. Nesse contexto, Portugal contribuiu para a ampliação no que
se refere aos conhecimentos envolvendo a prática matemática na navegação e dentre os
estudiosos na área, destaca-se o cosmógrafo-mor Pedro Nunes. Nesse sentido, dentre as
obras que ele publicou, destaca-se a Petri Nonii Salaciensis Opera de 1566 em latim em que
apresenta discussões sobre a arte de marear do período. O tratado ainda foi reeditado e
publicado em 1573, como De Arte Atque Ratione Navigandi e atualmente possui uma tradução
em português, intitulado Sobre a arte e a ciência de navegar (2008). Visto isto, o estudo tem
por finalidade apresentar a descrição do documento, como uma tentativa de elencar elementos
de seu contexto. Assim, sob a perspectiva de uma pesquisa documental, foi observado que
Nunes possivelmente vislumbrou como possíveis leitores a sua obra pessoas com alto nível de
formação e de conhecimentos das matemáticas, visto que a publicação foi realizada em latim e
continha em seu conteúdo um grau de conhecimento bastante avançado. Destaca-se ainda
que o impulso para a publicação da edição de 1573 veio da observação de António Mariz a
obra de 1566 em que notou algumas alterações nos tratados de navegação, as quais segundo
o observador poderiam levar a naufragar quem por tais considerações se orientassem. Nesse
sentido, entende-se que a estrutura e o contexto de desenvolvimento de tal obra podem revelar
interessantes questões tanto no que se refere a náutica como também as matemáticas
praticadas no século XVI.

Referências
NUNES, P. Obras: De Arte Atque Ratione Navigandi. vol. IV, Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2008.

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UM OLHAR SOBRE A PROPOSIÇÃO XXX II DE JAMES GREGORY

Thais de Souza Costa – UFTM – thaiscosta-@live.com


Mônica de Cássia Siqueira Martines – UFTM – monica.siqueiramartines@uftm.edu.br

O trabalho tem como objetivo compreender os métodos utilizados por James Gregory,
matemático escocês do século XVII, no desenvolvimento do que hoje conhecemos por
Teorema Fundamental do Cálculo. Para isso, utilizamos como fonte de pesquisa a obra Vera
circuli et hyperbolae quadratura, de 1668, em especial a Proposição XXXII da mesma, na qual
o autor, de acordo com Baron e Bos (1985), apresenta uma demonstração do que
compreendemos hoje serem as funções inversas derivada e integral, ou o Teorema
Fundamental do Cálculo. Para tanto ele utiliza uma linguagem verbal e geométrica, com
estruturas de demonstração baseadas no método de exaustão. No decorrer da pesquisa,
traremos algumas informações referentes às fontes em história da matemática, uma breve
biografia de James Gregory e a tradução da proposição estudada, na qual apresentaremos
uma interpretação de caráter mais algébrico, com o objetivo de tornar mais compreensível para
a linguagem matemática atual e verificar as contribuições do autor para o Cálculo Diferencial e
Integral.

Referências
BARON, Margaret. E; BOS, H. J. M. Curso de história da matemática: origens e
desenvolvimento do cálculo. Vol 2. Trad. de José Raimundo Braga Coelho, Rudolf Maier e M.a
José M. M. Mendes. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985.
GREGORY, James. Vera circuli et hyperbolae quadratura cui accedit geometria pars
vniuersalis inseruiens quantitatum curuarum transmutationi & mensurae. 1668.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 5

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A CONCEPÇÃO GEOMÉTRICA DE MOUTARD EM RELAÇÃO AOS ESCRITOS DE
PONCELET

Jansley Alves Chaves – UFRJ – chavesrizo@gmail.com


Gérard Émile Grimberg – UFRJ – gerard.emile@terra.com.br

No início do séc. XIX, a investigação geométrica recebeu um grande impulso na França, em


particular por causa da École polytechnique (EP), quando a geometria passou a ter uma
importância significativa na grade curricular. O tratado de Poncelet (Ex-aluno da EP) de 1822,
quase exclusivamente sintético, irá desenvolver um ramo da geometria que mais tarde será
denominado de geometria projetiva. Frisa-se que há uma diferença entre geometria analítica e
geometria sintética, que está presente na reedição de seu tratado em 1862. Embora os
significados originais de síntese e análise sejam métodos diferentes de exposição, ou seja: a
síntese inicia com detalhes e, a partir deles, constrói noções cada vez mais gerais até chegar
às mais complexas e a análise, pelo contrário, inicia pelo mais geral, que vai decompondo em
cada vez mais detalhes, na matemática superior o significado toma o seguinte sentido: a
geometria sintética é a que estuda a figura por si só, sem recorrer às coordenadas, enquanto a
geometria analítica as utiliza. Desta forma, surgem dois métodos: sintético e analítico. O
primeiro, dando destaque fundamental à absoluta “pureza do método”. O interessante é que
uma prescinde da outra: ora a geometria analítica necessita traduzir o seu significado
geométrico, ora a geometria sintética necessita de que seja consubstanciado seus resultados.
Nosso objetivo é comparar o que e como desenvolveu Poncelet – um geômetra sintético – os
seus trabalhos nos cadernos de Saratoff em 1813, que serviram de base à publicação de seu
tratado de 1822, e compará-los com a leitura que fez seu colaborador Moutard na reedição de
1862. Moutard, um geômetra analítico, tenta generalizar as ideias de Poncelet, 50 anos após
os cadernos de Saratoff. No seu tratado de 1822, Poncelet apresenta seus trabalhos de forma
sintética, mas utiliza da análise para embasá-los, por outro lado, Moutard apresenta uma
abordagem totalmente analítica para justificar as soluções sintéticas. Uma diferença crucial é
que Poncelet utiliza-se da geometria analítica de Descartes, já Moutard utiliza uma ferramenta
mais forte, que só surgiu no início da década de 30, as chamadas coordenadas homogêneas.

Referências
PONCELET, J.V. Applications d’Analyses et de Geométrie. 1ª ed. Paris: Mallet-Bachelier,
1862, Tome I. 563 p.

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A CONTRIBUIÇÃO INICIAL DE SYLVESTER PARA A TEORIA DOS INVARIANTES: UMA
ANÁLISE DE ASPECTOS ALGÉBRICOS E GEOMÉTRICOS

Magno Luiz Ferreira – IFRJ/UFRJ – magno.ferreira@ifrj.edu.br


Gérard Emile Grimberg – UFRJ – gerard.emile@terra.com.br

Em 1852, o matemático James Joseph Sylvester (1814-1897) publica o artigo “on the principles
of the calculus of forms”, no Cambridge and Dublin Journal. Neste trabalho, que apresentou
uma boa recepção da sociedade francesa, o autor apresenta resultados importantes a respeito
da Teoria dos Invariantes, na qual ele trabalha desde 1850 em conjunto com George Salmon
(1819-1904) e Arthur Cayley (1821-1895). No período de 1837 e 1850, a maior parte do
trabalho Sylvester tratou de problemas relacionados com Teoria de Eliminação. Apesar da
historiografia apresentar Sylvester como um algebrista, os trabalhos que sucederam este
período apresentam inferências a respeito de propriedades geométricas de curvas e sua
relação com a Teoria dos Invariantes. Além disso, esse interesse por questões sobre geometria
também se faz presente em correspondências como, por exemplo, as mensagens trocadas
com Salmon sobre o tema e uma carta escrita em 1849 para Henry Peter Brougham (jurista
inglês, 1778-1868) onde Sylvester apresenta suas perspectivas a respeito de novos
direcionamentos para geometria. Com isso, o objetivo deste trabalho é apresentar uma análise
de aspectos algébricos e geométricos das produções científicas de Sylvester no período de
1850 a 1852. A escolha deste período se deve ao fato do mesmo representar datas das
primeiras publicações que tratam da Teoria dos Invariantes, nos quais Sylvester discute o
tratamento analítico de problemas geométricos. Mais especificamente, pretende-se, através de
uma releitura dos artigos publicados neste período, apresentar como estes culminam na
publicação do “on the principles of the calculus of forms” e como os mesmos contribuem não só
para o desenvolvimento de teoria algébricas, mas também geométricas.

Referências
BAKER, H. F. (ed) The Collected Mathematical Papers of James Joseph Sylvester: 1837 –
1853. v. 1. Cambridge: University Press, 1904. 650p.
PARSHALL, K. H. Toward a History of Nineteenth-Century Invariant Theory. In: ROWE, D. E.;
MCCLEARY, J. The History of Modern Mathematics. California, San Diego: Academic Press, v.
1, p. 157-206, 1989.
PARSHALL, K. H. James Joseph Sylvester: Life and Work in Letters. Oxford: Oxford
University Press, 1998. 340p.

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A DISPUTA ENTRE GERGONNE E PONCELET ACERCA DA GEOMETRIA DE SITUAÇÃO
(1827-1828)

Cleber Haubrichs – IFRJ – cleber.santos@ifrj.edu.br

A geometria de situação foi uma área de pesquisa praticada coletivamente pelos leitores do
periódico Annales de Gergonne nas décadas de 1810 e 1820. Trata-se de uma geometria cujo
principal problema está em entender a simetria de determinados enunciados, que parece
formar entre si pares duais. Entre os geômetras que contribuíram na geometria de situação,
dois se destacaram por propor explicações para o fenômeno da dualidade. Um deles é Jean
Victor Poncelet (1788-1867), que elaborou a teoria da reciprocidade polar, dentro de uma
perspectiva de renovação da geometria sintética. O outro foi Joseph Diaz Gergonne (1771-
1859), editor dos Annales, que elaborou uma explicação baseado no princípio da dualidade,
dentro de uma perspectiva de reorganização axiomática dos fundamentos da geometria. Em
1824, Poncelet produziu um trabalho que foi lido na Academia de Ciências, mas só foi
publicado integralmente cinco anos depois. A partir daí uma sequência de mal-entendidos
provocou uma disputa pública bastante agressiva, entre os dois geômetras, na qual estiveram
envolvidos diversos textos, episódios e pessoas. O estudo desta querela põe em evidência
uma faceta importante do trabalho do historiador das ciências: a consulta e o cotejamento
cuidadoso das fontes disponíveis, bem como uma boa organização cronológica dos
documentos de fontes primárias, na elucidação de um episódio histórico para além dos textos
exibidos publicamente pelos atores envolvidos.

Referências
GRAY, Jeremy. Worlds Out of Nothing. A Course in the History of Geometry in the 19th
Century. London: Springer (2007).
HAUBRICHS, Cleber. Étienne Bobillier (1798-1840): Percursos Matemático, docente e
profissional. Tese de doutorado. Programa de pós-graduação em História das Ciências e das
Técnicas e Epistemilogia. UFRJ. Rio de Janeiro, 2015.
PONCELET, Jean Victor. Polémique mathématique. Reclamation de M. le Capitaine Poncelet
avec des notes par Gergonne. Note sur divers articles du Bulletin des sciences de 1826 et de
1827, relatifs à la théorie des polaires réciproques, à la dualité des propriétés de situation de
l’étendue, etc. Annales de mathématiques pures et appliqueés, 18 (1827-1828), pp. 125-149.

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A INTERVENÇÃO DE BENTO DE JESUS CARAÇA NA ATUÁRIA

João Tomas do Amaral – USP – jamaral.cosin@uol.com.br


Waldemar Esteves – Economista – westeves444@gmail.com

Bento de Jesus Caraça (1901–1948) desenvolveu intensa atividade como atuário junto a várias
empresas – públicas e privadas –, no período de 31 de dezembro de 1927 a 25 de julho de
1947, tendo em vista os relatórios da área encontrados em seu espólio intelectual e cultural. É
desse período que encontramos trabalhos de análise, pareceres, relatórios anuais, estudos e
modelos matemáticos. Esses documentos, em geral, estão consolidados na forma de relatórios
com a sua assinatura e devidamente identificada como Atuário. Manteve contato próximo e
conversações, por correspondência, com alguns atuários espanhóis, bem como participou,
provavelmente desde os anos de 1930, dos iniciais trabalhos para rearticulação do Instituto dos
Actuários Portugueses (IAP). Em 1933, pública “Interpolação e Integração Numérica”, seu
primeiro livro didático, como consolidação de uma série de artigos publicados na Revista de
Economia, do Instituto Superior de Ciências Econômicas e Financeiras (ISCEF), da
Universidade Técnica de Lisboa. A sua atuação pelos caminhos da Economia envolve – a
formação e os primeiros escritos econômicos, a possível investigação científica econômica, a
criação e direção do Centro de Estudos de Matemática Aplicada à Economia (CEMAE), a
econometria, o cálculo atuarial e a segurança social, e, ainda, a Revista de Economia. Na sua
obra póstuma, “Inéditos de Matemática Económica”, organizada por Carlos Bastien,
encontramos artigos de temática econômica publicados em revistas e, ainda alguns escritos
inéditos da área econômica que integram seu espólio intelectual e cultural. Portanto, a
intervenção de Bento de Jesus Caraça na atuária constitui-se numa importante oportunidade
de estudos de investigação para melhor compreendermos esse homem múltiplo, por seus
pensamentos e ações, bem como por representar uma das vultosas e referenciais
personalidades da história da cultura portuguesa.

Referências
AMARAL, J. T. Bento de Jesus Caraça – Uma Visão Sobre o Valor Humano e o Valor
Social da Matemática e Suas Implicações no Ensino. 2014. Tese de Doutorado. Faculdade
de Educação, Universidade de São Paulo – Brasil.
BASTIEN, C. (organização e introdução) Bento de Jesus Caraça – Inéditos de Economia
Matemática. Lisboa: SPM/Gradiva Editora, 2010.
BREDERODE, F. Interpolação e Integração Numérica. Revista Portuguesa de Seguros, nº
17, Lisboa, 1933.

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A RECEPÇÃO DA TEORIA GERAL DAS SUPERFÍCIES DE GAUSS NA FRANÇA DO
SÉCULO XIX

Leandro Silva Dias – UFRJ – leandro.dias@ifrj.edu.br


Gérard Emile Grimberg – UFRJ – gerard.emile@terra.com.br

Ao analisar a recepção na França dos métodos de Gauss, presentes em sua obra


Disquisitiones generales circa superfícies curvas, percebe-se que não provocou impacto sobre
a produção matemática francesa, até as publicações de Liouville que iniciam em 1847. Ele
publica no seu jornal uma demonstração do teorema Egregium que repercutiu no meio
matemático francês, principalmente, pelas respostas e contribuições de Victor Puiseux,
Bertrand e Diguet. Além disso, Liouville publica, em 1850, uma edição de Application de
l’Analyse à la Géométrie,de Gaspar Monge, que contém a versão em latim da memória de
Gauss que foi apresentada à Sociedade Real de Göttingen, em outubro de 1827. Nesta
reedição de Monge, Liouville inclui também seis notas de sua autoria onde desenvolve
aspectos relevantes da teoria, numa tentativa de completar a obra de Monge sobre as
superfícies. Neste trabalho, traçaremos aspectos importantes da recepção e contribuição
francesa a teoria iniciada por Gauss em 1827, destacando os fatos relevantes à história da
geometria diferencial do século XIX e como a noção de métrica desenvolve um papel essencial
por aquele período. Estes desenvolvimentos relacionados à teoria de Gauss sobre as
superfícies são retomados por Riemann em seu trabalho de 1854 supervisionado por Gauss.
Somando-se a isto, os trabalhos de tradução e divulgação de Jules Hoüel (1869), pode-se
esclarecer o caminho para a recepção das geometrias não euclidianas na França. Logo,
traçaremos pontos importantes que dão luz a recepção da teoria das superfícies de Gauss
pelos matemáticos franceses, e como isto afeta a produção matemática francesa do meado do
século XIX.

Referências
LIOUVILLE, J. Sur un théorème de M. Gauss concernant le produit des deux rayons de
courbure principaux en chaque point d’une surface. Journal de Mathématiques Pures et
Appliquées, série 1, tome 12, p. 291-304, 1847.
LIOUVILLE, J. Aplication de l’Analyse à la Géométrie. Bacheler: Paris, 1850, p. 638
LÜTZEN, J. Joseph Liouville 1809-1882: Master of Pure and Applied Mathematics.
Springer-Verlag: New York, 1990, p. 884
VOELKE, Jean-Daniel, Renaissance de la géométrie no euclidienne entre 1860 et 1900,
Peter Lang SA, Editions scientifiques européenne, Bern 2005.

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APONTAMENTOS SOBRE A PROFISSÃO DE ACTUÁRIO EM PORTUGAL ATÉ MEADOS
DO SÉCULO XX

Ana Patrícia Morais da Fonseca Martins – CIHCT/ESEV – anapatmartins@gmail.com

Em finais do século XIX, Albert Quiquet, reconhecido actuário francês, descreve um actuário
como um especialista multifacetado – um estatístico, um financeiro e um matemático. A
importância desses profissionais para a longevidade de instituições que lidassem com
contingências da vida é já inquestionável. Em Portugal, desde o primeiro quartel do século XIX
se reconhece que a fundamentação de seguradoras ramo Vida e de montepios de
sobrevivência deveria ser entregue “a pessoa que tenha a profissão das mathematicas”
(Companhia de Seguros Fidelidade, 1836, p. 41). As funções de um actuário foram sendo
desempenhadas por indivíduos com formações distintas, destacando-se os comercialistas e os
matemáticos. Assuntos de actuariado começam a ser ensinados em Portugal na década de
1880, nos Institutos Industriais e Comerciais. E quanto a associações profissionais, é de
assinalar uma primeira tentativa, fracassada, na década de 1920 – a Associação dos Actuários
Portugueses –, sendo somente em 1945 criado o actual Instituto dos Actuários Portugueses.
Nesta comunicação daremos apontamentos sobre o desenvolvimento da profissão de actuário
em Portugal até meados do século XX. Tendo em conta o progresso da Ciência Actuarial em
Portugal e no estrangeiro, procuraremos responder a questões diversas. Quem foi exercendo
as funções de actuário e qual a sua formação? Como evoluiu o ensino de Actuariado em
Portugal? Quando ocorreu a profissionalização da profissão de actuário? Que desafios foram
surgindo no exercício dessa profissão? E, como foi acompanhado pelos profissionais
portugueses o desenvolvimento da profissão no estrangeiro?

Referências
Arquivo financiador e segurador (1934-1945).
Caeiro, Armando; Barroso, Maria de Nazaré Esparteiro. 2005. Instituto dos Actuários
portugueses - Comemoração dos 60 anos. [s.l.]: IAP. (Lisboa: IAP).
Companhia de Seguros Fidelidade. 1836. Considerações submettidas à Assembleia Geral da
Companhia de Seguros Fidelidade sobre seguros de vida pela Direcção de 1835-1836. Lisboa:
Typographia de José Baptista Morando.
Seguros e Finanças (1906-1927?).
Hickman, James. 2004. “History of actuarial profession”, in: Teugels, Jozef L.; Sundt, Bjorn
(eds.). 2004. Encyclopedia of actuarial science, vol. II (New Jersey: John Wiley & Sons), pp.
831-838.
Martins, Ana Patrícia. 2013. Daniel Augusto da Silva e o Cálculo Actuarial em Portugal. Tese
para a obtenção do grau de Doutor em História e Filosofia das Ciências, Universidade de
Lisboa. (http://repositorio.ul.pt/handle/10451/8650)
Porter, Theodore. 1995. Trust in numbers. The Pursuit of Objectivity in Science and Public Life.
Princeton: Princeton University Press.

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EDWIN A. ABBOTT E SUA OBRA PLANOLÂNDIA: A ATUALIDADE SOCIAL DE UM
UNIVERSO MATEMÁTICO-LITERÁRIO

Roger Minks – IFSUL – roger-minks@hotmail.com


Rafael Montoito – IFSUL – xmontoito@gmail.com

Este trabalho tem por objetivo principal trazer para o cenário da Educação Matemática um
pouco sobre a vida e a obra de Edwin A. Abbott (1838-1926), clérigo inglês do período
vitoriano, que lançou mão da linguagem matemática na composição de uma narrativa
metafórica e crítica à sociedade de sua época, como bem descrita em Chastenet (s/d) e Morais
(2004). A partir de estudos concernentes à sua vida e obra, analisaremos seu livro mais
célebre: Planolândia – Uma Romance de muitas dimensões (1884), a fim de pontuar como os
entes matemáticos, que vêm à vida no livro, são painéis da inferiorização da mulher e da
impossibilidade de ascensão social. As discussões contempladas neste texto dialogam com a
História da Matemática, no sentido de abrir espaços para as produções e ideias matemáticas
de personalidades não tão conhecidas, e com questões relativas à motivação e à
interdisciplinaridade no ensino e aprendizagem de Matemática, uma vez que a literatura aqui é
entendida como uma fonte histórica, conforme apontam Ferreira (2017) e Brito e Ribeiro
(2013), dentre outros.

Referências
ABBOTT, E. A. Planolândia: um romance de muitas dimensões. Editora: Conrad, 2002.
BRITO, A. J; RIBEIRO, M. A. História da Educação e Literatura. Bolema, Rio Claro (SP), v. 27,
n. 45, p. 97-116, abr. 2013.
BRITO, R. B. de. Um elo possível entre matemática e literatura: alguns conteúdos de
geometria do ensino fundamental presentes no livro Planolândia. (Trabalho de conclusão de
curso de Licenciatura em Matemática ). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015.
CHASTENET, J. A vida quotidiana em Inglaterra no começo da Era Vitoriana (1837-1851).
Edição Livros do Brasil: Lisboa, s/d.
FERREIRA, A. C. A fonte fecunda. In: PINSKY, C. B.; LUCA, T. R. O historiador e suas
fontes. São Paulo: Contexto, 2017.
MORAIS, F. C. Literatura Vitoriana e Educação Moralizante. Editora: Alínea, 2004.
ROBERTSON, E. F.; O’CONNOR, J. J. Edwin Abbott Abbott. Disponível em: http://www-
history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/Abbott.html. Acesso em: 28/10/2017.

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ENSAIOS HISTÓRICOS SOBRE A PRESENÇA DA MATEMÁTICA NA IMPRENSA
CIENTÍFICA MILITAR EM PORTUGAL (1850-1914)

José Luiz Assis – IHC/UNL/CEHFCI/UE – joselassis@gmail.com

No contexto da Guerra da Restauração (1640-1668), a pedido de Luís Serrão Pimentel (1613-


1679), em 1647, D. João IV criou a Aula de Matemática ou Aula de Fortificação e Arquitectura
Militar na Ribeira das Naus, onde Serrão Pimentel leccionou “a arte de matematiquas
1
navegação, fortificação, castramentação, expugnação e defenção das Praças” . Em 1707, a
Aula de Fortificação e Arquitectura Militar deu lugar à Academia Militar de Corte e a 2 de
Janeiro de 1790, por Carta de Lei de D. Maria I seria criada a Academia Real de Fortificação
Artilharia e Desenho com o objectivo principal de formar oficiais de engenharia militar e de
outras armas do Exército. A admissão à Academia de Fortificação Artilharia e Dezenho
obrigava os candidatos aos cursos de Engenharia e de Artilharia a frequentarem os dois
primeiros anos na Academia Real de Marinha. Segundo os seus estatutos, os candidatos aos
cursos de Engenharia e Artilharia podiam frequentar a Faculdade de Matemática na
Universidade de Coimbra. Importa anotar que o curso técnico e militar era constituído por seis
aulas ou cadeiras com uma duração de quatro anos lectivos onde a Matemática estava
2
presente em todas as aulas ou cadeiras durante os quatro anos lectivos . No âmbito da
necessidade das reformas militares o visconde Sá da Bandeira, Bernardo de Sá Nogueira de
Figueiredo (1795-1876) apresentou um relatório sobre a necessidade de uma reforma radical
do ensino militar. Nesse sentido, por Decreto de 12 de Janeiro de 1837 da rainha D. Maria II, a
ARFAD sofreu uma profunda reforma e passou a designar-se de Escola do Exército. Como
podemos constatar a Matemática ocupou sempre um lugar de primazia nos estabelecimentos
de ensino militar, mas também em áreas consideradas fundamentais à modernização do
Exército como a Engenharia, a Geodesia, a Topografia, a Hidrografia, a Astronomia e a
3
Mecânica entre outras . Tendo por alicerce uma investigação centrada na imprensa científica
4
militar entre 1850-1918 , um conjunto de questões norteou a nossa investigação: 1.ª Qual o
motivo do aparecimento de periódicos científicos e técnicos nas diferentes armas e serviços do
Exército e da Marinha; 2.ª Que expressão representava a Matemática como área de
conhecimento no conjunto das outras áreas científicas consideradas em cada um desses
a 5
periódicos; 3 . Qual a sua importância na formação dos diferentes quadros militares e
modernização do Exército e da Marinha. Esta articulação é assinalada pela necessidade de
evidenciar as potencialidades da Matemática como área de conhecimento científico
imprescindível ao ensino e à modernização das diferentes armas e serviços do Exército e da
Marinha entre 1850-1918.

Notas
1
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso VI, Livro 29, fl. 267.
2
Temática importantíssima que aguarda a incursão dos investigadores. A este respeito
3
Assis, J. L. 2016. Imprensa Militar (1849-1918): Divulgação de Ciência e Técnica. In Militares, Ciência & Técnica:
circulação e trocas internacionais 1850-1918. Casal de Cambra: Caleidoscópio, pp. 39-166. Carolino, L. M. 2012.
Measuring the Heavens to Rule the Territory: Filipe Folque and the Teaching of Astronomy at the Lisbon Polytechnic
School and the Modernisation of the state Apparatus in Nineteenth century Portugal. Sci & Educ, 21, pp. 109-133.
Saraiva, L. 2014. A Decisive Journal in Portuguese Mathematics: Gomes Teixeira’s Jornal de Sciencias Mathematicas
e Astronomicas (1877-1905), « L'émergence de la presse mathématique en Europe au 19ème siècle. Formes
éditoriales et études de cas », Christian Gerini & Norbert Verdier (Eds.). Oxford: Collège Publication, pp. 67-95.
4
Compreende os periódicos técnicos e científicos das diferentes armas e serviços do Exército e da Marinha entre
1849-1918.
5
Temática importantíssima que aguarda a incursão dos investigadores. A este respeito refira o trabalho Loid Navarro,
J. M. 2004. Las Ciencias Matematicas y Las Ensenânzas Militares el Reinado de Carlos II. Vol. I e II. Madrid: Ministerio
de Defensa.

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JOSÉ ANASTÁCIO DA CUNHA (1744-1787) TAMBÉM PROFESSOR DE “QUANTIDADES
NEGATIVAS”

Ângela Maria Santos – PUCSP – profa_angelamaria@hotmail.com


Gabriel Loureiro de Lima – PUCSP – gloureirolima@gmail.com

Em matemática há uma anomalia peculiarmente sinuosa: é a antinomia, que desde cedo nos
ensinam a tentar evitar. Todavia, a história da matemática mostra-nos que as contradições, em
particular no caso das “quantidades negativas”, não só não foram evitáveis, como puderam
desempenhar, nomeadamente no Ensino, um papel muito importante. Este trabalho se refere a
parte de nossa pesquisa de doutorado que discorreu sobre José Anastácio da Cunha (JAC), no
contexto das quantidades negativas. Utilizamos como principais documentos algumas cartas
escritas em 1785 que trazem em sua redação um debate a respeito das quantidades negativas.
Reconstruímos a narrativa das cartas, identificando personagens e instituições de ensino, bem
como expomos a postura do professor JAC.

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MATEMÁTICA DAS PENSÕES EM PORTUGAL: A HISTÓRIA RECENTE

Onofre Alves Simões – ISEG-Uni. Lisboa/Inst. Atuários Port. – onofre@iseg.ulisboa.pt

Embora apresente os seus aspetos particulares, não se pode dizer que a história da proteção
social em Portugal seja muito diferente da de outros países. Aliás, se se excetuarem os
relativamente mais recentes exemplos pioneiros da Prússia e da Dinamarca, no século
dezanove, e do Reino Unido, já depois da segunda guerra mundial, o que se nota, quando se
aprecia a evolução da proteção social na maior parte dos países europeus, é que muitos traços
comuns podem ser identificados num grande número de casos. Dada a gravidade das
consequências resultantes da sua ocorrência, a preocupação com as situações de morte
prematura, invalidez e velhice esteve presente em todos os esforços realizados no país com o
objetivo de estabelecer um sistema de assistência/proteção/segurança/estado social. Assim, ao
longo dos anos, várias soluções legislativas foram surgindo, com maior ou menor sucesso
prático, tendo o propósito da atribuição de prestações adequadas, na medida das
possibilidades, aos atingidos por tais contingências. Paralelamente a este avanço, desafios de
múltiplas ordens se foram colocando ao longo dos tempos, exigindo um tratamento analítico
adequado das questões. Em especial, nos últimos anos, grande tem sido a apreensão
suscitada pelo duplo envelhecimento evidenciado pelas pirâmides etárias dos países mais
desenvolvidos, devido ao duplo perigo que representa para a sustentabilidade dos sistemas.
Apreensão constatada tanto a nível das prestações públicas como dos planos e fundos
privados.O trabalho presente procura fazer o levantamento dos aspetos de Matemática Atuarial
que acompanharam a evolução observada, com natural particular destaque para o período
mais recente. Sublinha-se o papel principal que aquela tem desempenhado na procura de
soluções que viabilizem a continuidade das prestações.

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NOVAS PERSPETIVAS SOBRE O ENSINO DA MATEMÁTICA NA REFORMA POMBALINA
DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA (1772)

Jaime Maria Monteiro de Carvalho e Silva – Uni. Coimbra – jaimecs@mat.uc.pt

Na “Relação Geral do Estado da Universidade”, relatório do Reitor Reformador D. Francisco de


Lemos à Rainha D. Maria I, aparece “o verdadeiro motivo da falta de Concurrencia dos
Estudantes Ordinarios; e Providências proprias para ella: Ruinas, e Males, que se segue de se
não darem” para atacar a baixa frequência do curso de Matemática e “atrahir a Mocidade ás
Aulas de Mathematica” para “beneficiar a Nação”. Aí se referem as estratégias usadas para a
reforma dos estudos (“fui moderado … só necessitavam de que … introduzissem n’ellles a
alma; e espírito, de que os tinha privado a relaxação dos últimos tempos” e “prescreveram-se
Methodos Luminosos para o ensino de todas as seis Faculdades"), a formação dos futuros
professores, o recrutamento de professores titulares das cadeiras e respetivos substitutos, as
saídas profissionais para os formados em Matemática (“não ha huma lei, que imponha a
necessidade do Grao em todos aquelles que forem providos nos Beneficios e Empregos
pertencentes às ditas tres Faculdades”) e da importância do ensino da Matemática (“este
objecto tão importante, do qual pende em grande parte a felicidade da Monarchia” e “Toda a
grandeza de Inglaterra, França, e de outras naçoens civilizadas da Europa se deve ás
Sciencias Mathematicas"). Um aspeto importante que resulta deste documento, e que merece
uma análise detalhada é do objetivo real da criação da “Congregação Geral das Sciencias” que
pretendia instituir uma Academia Científica junto das Faculdades da Universidade portuguesa.
A “Relação Geral do Estado da Universidade” indica que tal Congregação tem por objetivo
“trabalhar no progresso, adiantamento, e perfeição das mesmas Sciencias do modo que
felismente se tem praticado, e pratica nas Academias mais celebres da Europa, melhorando os
conhecimentos adquiridos, e adquirindo outros de novo, os quaes se fizessem logo passar aos
Cursos respectivos das ditas Faculdades”. Será interessante comparar este panorama com
outros da mesma época e revisitar, usando este relatório do século XVIII o problema geral do
ensino da Matemática, da falta cíclica de estudantes, da falta recorrente de professores e do
interesse (ou reconhecimento do mesmo) para o desenvolvimento da sociedade do Ensino das
Ciências Exatas e Naturais.

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O CÁLCULO INFINITESIMAL EM PORTUGAL ANTES DA REFORMA POMBALINA

João Manuel Caramalho de Melo Domingues – Uni. Minho – joao42@gmail.com

Segundo a historiografia tradicional foi só com a Reforma Pombalina da Universidade de


Coimbra, em 1772, que «apareceu na cultura da Matemática em Portugal» o cálculo
infinitesimal [Teixeira 1934, p. 220]. Tanto quanto se sabe, foi de facto nessa altura que pela
primeira vez o cálculo infinitesimal foi leccionado numa instituição oficial de ensino portuguesa.
No entanto, isto não significa que só a partir de 1772 alguns portugueses conhecessem este
ramo da matemática, o mais importante no séc. XVIII. Passaremos em revista indícios
anteriores a 1772 de conhecimento do cálculo infinitesimal por portugueses: desde as menções
superficialíssimas do conde da Ericeira em 1736 [Domingues 2008, p. 89–91] a dois ou três
projectos falhados de ensino na década de 1760, passando por dois casos pessoais de
familiaridade comprovada – Jacob de Castro Sarmento e D. João de Almeida Portugal.

Referências
João Caramalho Domingues, “A recepção dos trabalhos de Euler em Portugal”, Boletim da
SPM, número especial Euler (2008), 87–111.
Jacob de Castro Sarmento, Theorica verdadeira das mares, conforme à Philosophia do
incomparavel cavalhero Isaac Newton, Londres, 1737.
Francisco Gomes Teixeira, História das matemáticas em Portugal, Lisboa, Academia das
Ciências de Lisboa, 1934.

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RELAÇÃO ENTRE PRINCÍPIOS VARIACIONAIS E HIDRODINÂMICA ENTRE O SÉCULO 18
E FINAL DO SÉCULO 19

Gerard Emile Grimberg – UFRJ – gerard.emile@terra.com.br


Uriel Frisch – Observatoire de la Côte d’Azur

Este trabalho pretende precisar a natureza das relações entre a elaboração dos princípios
variacionais e a evolução da mecânica dos fluidos de Lagrange até Poincaré e Cartan.
Sabemos que o princípio de Ação mínima (na formulação de Maupertuis-Euler) foi aplicado
pela primeira vez em diversos problemas da hidrodinâmica por Lagrange em 1761. Lagrange é
levado desde 1764 a abandonar este princípio variacional para fundamentar a mecânica,
preferindo a este princípio uma versão analítica do princípio de d’Alembert, que fundamenta, na
Méchanique Analitique (1788), a Mecânica do sólido assim como a Mecânica dos fluidos. Os
artigos de Hamilton (1834) entrega uma nova versão do princípio de Ação mínima (que é alias
a versão atual deste princípio), e Jacobi (1837) analisa as equações que derivam deste
princípio, introduzindo as famosas transformações canônicas que representam uma ferramenta
essencial desta teoria. Em dois artigos, Clebsch (1857,1859) é o primeiro a abordar as
soluções das equações de Euler através do princípio de Hamilton-Jacobi. Esta problemática é
retomada por Hankel (1861) que dá uma expressão do Princípio de Hamilton-Jacobi em
coordenadas lagrangianas e publica o teorema que passará a ser chamado de teorema de
Kelvin-Stokes. No final do século 19, H. Poincaré elabora no Volumo 3 de Nouvelles méthodes
de la mécanique céleste (1898) o conceito de invariante integral, baseando este conceito sobre
os invariantes da mecânica dos fluidos, ligando este conceito à análise da natureza das
equações tiradas do Princípio de Hamilton-Jacobi. No início do século 20, E. Cartan utiliza o
conceito de invariante integral par dar conta de fenômenos nos quais a energia varia no
decorrer do tempo, passo essencial, que possibilitará a utilização de princípios variacionais à
mecânica relativista.

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TEORIA DA INFORMAÇÃO: SUAS ORIGENS, DESDOBRAMENTOS E DESAFIOS ATUAIS

Luciano Panek – UNIOESTE – luciano.panek@unioeste.br

A confiabilidade na transmissão de dados (via rádio, via satélite, via internet, etc) é assegurada
pelo emprego de estruturas matemáticas descritas pela Teoria da Informação. Seus conceitos
e parâmetros fundamentais foram estabelecidos em 1948 pelo matemático norte americano
Claude Shannon no célebre artigo “A Mathematical Theory of Communication”. Shannon não
somente estabeleceu as leis básicas para a compressão e transmissão de dados, como
também revolucionou o entendimento do conceito de informação. Mais ainda, sua abordagem
probabilística possibilitou a interação com outras áreas do conhecimento (como a Teoria das
Probabilidades, a Estatística, a Ciência da Computação, a Física, a Economia, a Matemática, a
Biologia e a Química). Em nosso trabalho descrevermos o cenário relativo à transmissão de
dados antes de 1948 (telégrafo (1830), telefone (1876), rádio AM (1900), televisão (1925)) e
depois de 1948, relatando, em particular, o esforço empregado para o entendimento dos
conceitos de informação e semântica da informação. Como veremos, os principais
responsáveis pelo desenvolvimento da teoria foram: Morse, Bell, Nyquist, Hartley, Shannon,
McMillan, Fano, Huffman, Kraft, Kolmogorov, Hamming, Golay, entre outros.

Referências
L. Panek, Codificação na presença do valor semântico da informação, Tese de Doutorado,
UEM (2012).
C. E. Shannon, A mathematical theory of communication, Bell Syst. Tech. J., vol. 27, 379-423,
623-656, July-October (1948).
D. Slepian, Key papers in the development of information theory, IEEE Press (1973).
S. Verdú, Fifty years of Shannon Theory, IEEE Transactions on Information Theory, vol. 44, n.
6, 2057-2078, october (1998).

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UM BREVE ESTUDO DA CLASSIFICAÇÃO MATEMÁTICA DE D’ALEMBERT

Kleyton Vinicyus Godoy – Unesp – klegodoy@gmail.com

O presente trabalho objetiva discorrer a respeito da classificação matemática apresentada por


Jean le Ronde D´Alembert (1717-1783) e Denis Diderot (1713-1784) no trabalho Encyclopédie,
entre os anos de 1751 e 1765. Encyclopédie ou dictionnaire raisonné des sciences, des arts et
des métiers (Encliclopédia ou Dicionário Fundamentado das Ciências, das Artes e dos Ofícios)
foi uma obra que classificou diversas áreas do conhecimento. Ao todo, a Encyclopédie contou
com dezessete volumes, se tornando assim um dos primeiros e mais amplos trabalhos
voltados a caracterização e descrição das diversas áreas do conhecimento no séc. XVIII. No
escopo do trabalho, encontramos classificações de áreas como trabalho manual, mecânica, até
a descrição de campos como a música, a metafísica entre outras. Nosso foco será olhar para
as classificações da matemática que são descritas pelos filósofos em que, eles a dividiram em
três partes, a “Matemática Pura” com os campos da geometria, da álgebra, a “Matemática
Mista” envolvida com o campo da astronomia, da mecânica, Óptica entre outras áreas e por fim
a “Físico-Matemática” que era o campo das observações dos fenômenos físicos, aproximando-
os de construções matemáticas para sua formalização. Por meio de uma pesquisa
historiográfica, buscamos analisar como esses campos da matemática são elaborados, quais
características distinguem uma área da outra e quais relações essas áreas possuem com os
conhecimentos matemáticos atuais. Consideramos que a obra Encyclopédie é um importante
texto tanto na história da matemática quanto na história da ciência pois, nesse trabalho
encontramos a chamada “árvore do conhecimento”, a qual é a representação de uma árvore
com os galhos sendo os campos do saber. Podemos dizer que, por meio das descrições dos
campos do conhecimento em conjunto com a “árvore do conhecimento”, que os filósofos
daquele período se dedicaram a escrever a Encyclopédie com o objetivo de classificar e
sistematizar o conhecimento no século XVIII. Desde modo, um trabalho com essas
características se torna uma rica fonte de pesquisa para a história matemática assim como
para outras as áreas da ciência.

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UM ESTUDO SOBRE OS ÉLÉMENS GÉNÉRAUX DES PRINCIPALES PARTIES DES
MATHÉMATIQUES, DE ABBÉ DEIDIER, DE 1745

Iran Abreu Mendes – UFPA – iamendes1@gmail.com

Neste trabalho apresento um estudo detalhado sobre um dos livros do acervo dos
matemáticos, astrônomos e cartógrafos da Comissão Demarcadora de Limites Territoriais entre
Portugal e Espanha no Norte da América do Sul, na segunda metade do século XVIII, no
período Pombalino. Trata-se do livro de Abbé Deidier intitulado Eléments généraux des
principales parties des mathématiques, nécessaires à l'artillerie et au génie (elementos gerais
das principais partes da matemática necessária para a artilharia e engenharia), publicado em
1745, para formar um curso completo de Matemática Elementar, destinado aos militares. Após
ser utilizado durante 30 anos, em 1775 houve uma nova edição deste livro, apresentado com
mais organização, reformado e aperfeiçoado pelo autor. Neste trabalho pretendo abordar duas
questões centrais sobre o referido livro: o que há neste livro que o fez ser tomado como uma
referência para uso dos profissionais que pertenceram à comissão que esteve na Amazônia
Brasileira? O que fez o livro permaner em uso durante muitas décadas na formação dos
militares na França do século XVIII? Na sua edição original a obra foi organizada em dois
livros, subdividos em vários capítulos. O livro primeiro é denominado Contendo os elementos
de aritmética, de álgebra, de análise e de proporções e o segundo tem como título Que contém
elementos da geometria teórica e prática das linhas e superfícies e dos sólidos, da
trigonometria, das seções cônicas, da mensuração em alvenaria e madeira e do calculo das
frações decimais. da extensão do comprimento ou das linhas. Neste trabalho farei uma
caracterização descritivo-analítica do livro em busca de compreender e explicar sua
importância para as atividades desenvolvidas pela comissão demarcadora de limites territoriais
na Amazônia na segunda metade do século XVIII.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO TEMÁTICO 6

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A PRESENÇA DA GEODÉSIA NO CURSO DE MATEMÁTICA DA ACADEMIA MILITAR
BRASILEIRA NO SÉC. XIX

Ligia Arantes Sad – Cefor/IFES – aransadli@gmail.com

O propósito desse artigo é fomentar discussões históricas sobre o contexto do fazer científico e
de práticas educacionais mescladas na relação conjunta entre conhecimentos da Geodésia e
da matemática. Essa escolha engloba transformações e incidências relativas a importantes
campos epistemológicos da matemática – trigonometria, logaritmo, geometria esférica e
elementos do cálculo diferencial e integral – ao destacar-se como foco histórico a presença da
Geodésia como matéria no Curso Matemático e de Ciências Militares da Academia Militar
brasileira (AM), na primeira metade do séc. XIX. Entre os recursos educacionais utilizados
pelos lentes naquela instituição, estão obras de Puissant, Legendre e Delambre, abordadas
sob práticas educacionais e científicas que as consideravam como referência básica. Na
metodologia exploração documental foi importante agregar, como documento, um caderno
intitulado Geodesia, que compõe uma das seis partes do manuscrito elaborado a partir das
anotações de aula por estudantes da AM e organizado pelo lente e ex-aluno do curso
Matemático – Manoel José de Oliveira (no período de 1814 a 1835). Era propósito dessa
instituição militar de nível superior prover formação de pessoas que pudessem dar suporte ao
governo português na colônia em termos de defesa, engenharia, administração, infraestruturas
de minas e construções de estradas, pontes, fontes de água, etc. Em conformidade, a Carta de
Lei (1810) designava a responsabilidade de formar oficiais de artilharia, engenharia, geógrafos
e topógrafos. Nessa perspectiva, voltada aos meandros do contexto social e educacional, deixa
de existir estranhamento quanto a matéria de Geodésia ter encontrado um lugar tanto na
estrutura oficial dos cursos como nos estudos de matemáticos e engenheiros da escola militar.
Durante as investigações algumas perguntas instigaram as buscas: Que noções e
conhecimentos geofísicos e matemáticos eram entrelaçados e realçados? Em que contextos
do fazer científico e da prática educacional? Existiam teorias e compêndios (ou livros textos)
tidos como base para os estudos? As análises permitiram observar uma matéria Geodésia
bastante matematizada, privilegiando cálculos geométricos e trigonométricos dentro de uma
subdivisão dedicada ao aspecto de posicionamento de pontos na superfície terrestre, estudada
em interrelação direta com as matérias de Trigonometria e Astronomia que também integravam
os “conhecimentos matemáticos”.

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ÁLGEBRA ISLÂMICA MEDIEVAL: CONCEITOS ALGÉBRICOS VS CONCEITOS
GEOMÉTRICOS EM SHARAF AL-DIN AL-TŪSĪ (C.1135-C.1213)

Severino Carlos Gomes – IFRN – severocarlosgomes@gmail.com


Bernadete Morey – UFRN – bernadetemorey@gmail.com

Sharaf al-Din al-Tusi (c.1135-c.1213), supostamente nasceu na região Tus, no nordeste do


Iran. É certo que ele passou grande parte de sua vida ensinando em diferentes cidades como
Damasco, Aleppo, Mosul e outras da região. A maior contribuição de Sharaf foi um manuscrito
sobre Álgebra: basicamente, um tratado sobre equações cúbicas, que “representa uma
contribuição essencial para uma outra álgebra que visa estudar curvas por meio de equações,
inaugurando assim o início da geometria algébrica.” (RASHED, 1994, p. 103). Mesmo sem
indicar o processo analítico, o trabalho de Sharaf mostra condições sobre a existência de
raízes positivas de determinadas equações cúbicas. Os historiadores da matemática como
Roshdi Rashed e Jan P. Hogendijk discordam sobre a natureza dos argumentos usados por
Sharaf, se algébricos ou geométricos. O debate permanece aberto (SIDOLI; BRUMMELEN,
2014). Neste sentido, este trabalho vai em direção a apresentar indícios de investigação – em
andamento - de como se desenvolvia a Álgebra no império islâmico medieval, suas influências,
seus direcionamentos, o contexto sociocultural e suas implicações nos fundamentos que
sustentam as teses de Rashed (1994) e de Hogendijk (1989) sobre as condições de existência
de raízes positivas de determinadas equações cúbicas apontadas por Sharaf al-Tūsī.

Referências
HOGENDIJK, J. P. Sharaf al-Dīn al-Tūsī: on the number of positive roots of cubic equations.
Historia Mathematica, n. 16, p. 69-85, 1989.
RASHED, R. The development of Arabic mathematics: between arithmetic and algebra.
Translated by Angela Armstrong. Boston: Springer, 1994.
SIDOLI, N.; BRUMMELEN, G. V. (Eds.). From Alexandria, Through Baghdad: Surveys and
Studies in the Ancient Greek and Medieval Islamic Mathematical Sciences. Berlin: Springer,
2014.

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APERFEIÇOAMENTO DOS SISTEMAS DE CONTAGEM E MEDIDA EM UR III

Bernadete Morey – UFRN – bernadetemorey@gmail.com

Os primeiros indícios de pensamento matemático na Mesopotâmia datam de épocas tão


distantes quanto o oitavo milênio antes de nossa era. Segundo Denise Shamandt-Besserat,
escavações na região mostram o uso, no período desde 7500 a.C. até 3350 a.C.
aproximadamente, de pequenos objetos tridimensionais usados na contagem e controle de
bens chamados tokens. Os tokens então já evidenciam a existência de atividades de caráter
matemático. Um sistema numérico de base sexagesimal, ainda imperfeito foi criado no período
Uruk (ca. 3800 a.C. – 3200 a.C.). No entanto, foi somente em Ur III (ca. 2100 a.C. – 2000 a.C.),
como consequência do estabelecimento na região de um estado extremamente burocrático, foi
que o sistema numérico sexagesimal assumiu seu formato perfeito e acabado. De modo
semelhante, em Ur III foi colocado em vigor um calendário com mês de 30 dias. Além de deter-
se nos elementos anunciados no título a presente intervenção tem por finalidade apresentar a
tese sustentada por Jens Høyrup que relaciona o desenvolvimento de um estado burocrático à
criação da matemática na Mesopotâmia.

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DA FRANÇA PARA O BRASIL: ARTHUR THIRÉ E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Edmar Reis Thiengo – IFES – thiengo@ifes.edu.br

Discutir as ações de Arthur Thiré no campo da História, da Política, da Educação e da


Matemática no Brasil, traçando uma história para o personagem, a partir de sua chegada neste
país constitui nosso objetivo. Ressaltamos a ênfase nas produções didáticas do personagem, a
influência francesa em suas obras, bem como as ações no Colégio Pedro II, em busca da
modernização do ensino de matemática em nosso país, portanto, uma discussão em torno da
epistemologia da educação matemática. O trabalho situa-se preferencialmente entre o final do
império (1878) e os primeiros anos da república (1924), mas não de forma linear nem
excludente. Para tanto, parte da investigação de material coletado na Escola de Minas de Ouro
Preto, nos arquivos do Museu Imperial, nos arquivos do Núcleo de Pesquisa sobre o Livro e
História Editorial, arquivos do Museu Imperial, além das publicações de Arthur Thiré: artigos
técnicos e livros didáticos. Compreendendo que as ações de Arthur Thiré, de forma consciente
ou não, tiveram consequências políticas que nos permitem entender e escrever uma inserção
história da educação matemática no Brasil, as análises aqui empreendidas se fizeram no
entrecruzamento dos aportes teóricos advindos, principalmente, dos trabalhos de Michel
Foucault, também sustentados por Roger Chartier, Allain Choppin e Ivor Goodson. Esses
autores nos possibilitaram, num primeiro momento, formular a noção de história numa
perspectiva não linear, portanto mais flexível e abrangente. Num segundo momento, discutimos
a política e as relações de poder estabelecidas dentro ou fora dos estabelecimentos de ensino.
No capítulo seguinte, discutimos suas ações na perspectiva educacional para em seguida tecer
discussões em torno de seus livros didáticos. Finalizamos com discussões em torno da história
da educação matemática no Brasil, inserindo dessa forma seu nome nessa história. Assim,
esse estudo pretendeu ressaltar as ações de Arthur Thiré no campo da História, da Política, da
Educação e da Matemática, com vistas a contribuir para a História da Educação Matemática no
Brasil.

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EUCLIDES PITAGÓRICO? NOTAS HISTORIOGRÁFICAS ACERCA DA SECTIO CANONIS

Gustavo Barbosa – UNESP – gvbarbosa@gmail.com

O presente trabalho tem como objetivo discutir a tradição historiográfica da obra musical de
Euclides, Sectio Canonis. Personagens como Ptolomeu (aprox. 85 – aprox.165), Téon de
Smyrna (aprox.70 – aprox.135) e Porfírio (234 – início do séc IV) atribuem a Árquitas de
Tarento (aprox. 428 – aprox. 350 d.C.) os primórdios de uma teoria musical, além do seu
interesse por outras ciências aritméticas, como a geometria e a aritmética. Considerado um
representante do pitagorismo em sua época, as ideias científicas e filosóficas de Árquitas
conectam a arcaica modelagem matemática da harmonia à esta corrente do pensamento.
Desse modo, a consonância se estabelece como uma relação numérica, e os intervalos
musicais obedecem a uma relação entre os elementos da tetraktys. Contudo, a codificação do
que veio a se tornar a referência da música grega é atribuída a Euclides, na obra Sectio
canonis. Esta pesquisa se propõe a colocar essa obra de Euclides em relação com a teoria
desenvolvida por Árquitas, mediante a tradição de seus estudiosos e comentaristas.

Referências
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Bompiani, 2008.
EUCLIDES. Os Elementos. Tradução e introdução de Irineu Bicudo. São Paulo: UNESP, 2009.
BARKER, A. Greek Musical Writings. Volume II: Harmonic and Acoustic Theory. Cambridge:
CUP, 2004.
BARBERA, A. New and Revived Approaches to Text Criticism in Early Music Theory. In: The
Journal of Musicology, Vol. 9, No. 1 (Winter, 1991), pp. 57-73. Disponível em
<http://www.jstor.org/stable/763833 >. Acesso em: 05 mar. 2018.

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NISABA: DEUSA SUMERIANA DA MATEMÁTICA

Manoel de Campos Almeida – UFPR/PUCPR – manoel1748@gmail.com

O objetivo do presente trabalho é mostrar como a deusa sumeriana Nisaba é uma das mais
antigas, senão a mais antiga, divindade protetora das Matemáticas, das suas práticas, bem
como de seus ensinamentos, ou seja, do que hoje é conhecido como Educação Matemática.
Mostraremos como Nisaba passou de uma deusa de grãos, com raízes no Neolítico, para, com
o advento da escrita sumeriana, deusa da escrita, sabedoria, dos números, da Matemática e de
seus ensinamentos. Para isso serão estudados: a epigrafia dos pictogramas de grãos (She), a
evolução do seu nome em cuneiforme, excertos de textos em cuneiforme que atestem como
ela cultuada por sua proteção nessas esferas, bem como comparada com divindades outras
com as mesmas atribuições.

Referências
A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.
ALMEIDA, Manoel de Campos. Origens dos Numerais. In: IV Seminário de História da
Matemática – Anais. S.P: SBHMat, 2001. p. 119-130.
ALMEIDA, Manoel de Campos. Origens da Matemática – A Pré-História da Matemática – O
Neolítico e o Alvorecer da História. Vol. II. Curitiba: Progressiva, 2011.
ALMEIDA, Manoel de Campos. A Matemática na Idade da Pedra – Filosofia, Epistemologia,
Neurofisiologia e Pré-História da Matemática. São Paulo: Livraria da Física, 2017.
ASCALONE, Enrico. Mesopotamien – Sumerer, Assyrer um Babylonien – Bildlexikon der
Volker und Kulturen. Berlin: Partas Verlag, 2005.
BLACK, Jeremy; GREEN, Anthony. Gods, Demons and Symbols of Ancient Mesopotamia.
Austin: University of Texas Press, 2006.
CONTENAU, Georges. La Vie Quotidienne a Babylone et en Assyrie. Paris: Hachette, 1950.
DHORME, Édouard. Les Religions de Babylonie et d’Assyrie. Paris: Presses Universitaires
de France, 1949.
HOROWITZ, Wayne. Mesopotamian Cosmic Geography. USA: Einsenbrauns, 1998.
HØYRUP, Jens. In Measure, Number and Weight. New York: State University Press, 1994.
KRAMER, Samuel Noah. Sumerian Mythology. USA: Forgotten Books, 2007.
KRAMER, Samuel Noah. Os Sumérios. Lisboa: Bertrand, 1977.
LABAT, René; MALBRAN-LABAT, Florence. Manuel d’Epigraphie Akkadienne. Paris: Librarie
Orientaliste Paul Geuthner, 1994.
MEADOR, Betty De Shong. Nisaba of Eresh: Goddess of Grain, Goddess of Writing.
Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=qotjet-Hb0MC&pg=RA1-PA1&lpg=RA1-
PA1&dq=temple+eresh+irak&source=bl&ots=vJn9ggXa7-
&sig=Vjp8XsPicnrkFqsDMBB7RtD0W5M&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwj5-
br4jaDYAhVBiJAKHQFPBUkQ6AEIRjAH#v=onepage&q=temple%20eresh%20irak&f=false
Consulta em 23/12/2017.
NISSEN, Hans J.; DAMEROW, Peter; ENGLUD, Robert K. Archaic Bookkeping – Writing
and Techniques of Economic Administration in the Ancient Near East. London: The
University of Chicago Press, 1993.
ROBSON, Eleanor. Mathematics in Ancient Irak. Oxfordshire: Princeton UniversityPress,
2008.
SCHMANDT-BESSERAT, Denise. Before Writing. Austin: University of Texas Press, 1992.
Sites disponíveis na Internet
Mesopotamian Gods & Kings (MGK): http://www.mesopotamiangods.com/. Consulta em
23/12/2017
Electronic Text Corpus of Sumerian Literature (ETCSL): http://etcsl.orinst.ox.ac.uk/.
Consulta em 23/12/2017
Cuneiforme Digital Library Initiative-CDLI. https://cdli.ucla.edu/

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O INFINITO ATUAL COMO OBJETO DE ESTUDO NA MATEMÁTICA

João Henrique Lorin – UNESPAR – joaohenrique.lorin@unespar.edu.br

Uma das dificuldades que ainda perdura no meio acadêmico é de se chegar à compreensão
dos conceitos de infinito enquanto processo, e de infinito enquanto objeto, que denominados
respectivamente por infinito potencial e infinito atual. Este trabalho é parte de uma pesquisa
cuja uma das tarefas se traduziu em fazer um estudo epistemológico do conceito de infinito
para identificar e descrever mudanças de significado deste conceito no decorrer da história.
Deste modo, apresentaremos algumas etapas da evolução conceitual de infinito atual ou
infinito real, mais especificamente a conceituação dada por Bernard Bolzano em sua obra Os
Paradoxos do Infinito (1851), que trouxe à tona a discussão acerca da possibilidade de
introduzir o infinito em matemática como objeto de estudo. Foi possível compreender a
necessidade da criação de novos objetos (conceituais) para que houvesse uma mudança
conceitual do infinito. Esses novos objetos são os conjuntos.

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O STATUS EPISTEMOLÓGICO DE CONHECIMENTO MATEMÁTICO

John Andrew Fossa – UFRN – jfossa@oi.com.br

Desde o período clássico da civilização grega, a matemática tem possuído um status


epistemológico privilegiado. Seu conhecimento foi considerado de certeza absoluta e, de fato,
muitos pensadores se empenharam não na questão de se o conhecimento matemático fosse
certo, mas na questão de como essa certeza, tomada como pressuposta, acontece. A mais
conhecida resposta, talvez, é a de Immanuel Kant, que afirmou que o referido tipo de
conhecimento é sintético a priori. No entanto, com o advento de vários acontecimentos
matemáticos posteriores, especialmente a descoberta de geometrias não-euclidianas e os
paradoxos da Teoria dos Conjuntos, a resposta de Kant deixou de satisfazer a grande maioria
dos pensadores sobre o assunto. Assim, em seguinte, houve dois tipos de reação, sendo a
primeira a tentativa de reafirmar a certeza do conhecimento matemático por outras
considerações e a segunda a aceitação da falibilidade desse conhecimento. Face a atual
conjuntura, apresento uma nova tentativa, ainda em construção, de entender a natureza do
conhecimento matemático. Nela, sustento a conclusão que o referido tipo de conhecimento é
conhecimento metafísico análogo, ou seja, que é uma tematização do que seja possível a partir
do que é dado não-noeticamente pela nossa experiência. Investigarei como esse entendimento
poderá ajudar a resolver algumas das questões acima citadas sobre o conhecimento
matemático.

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PARTICULARIDADES HISTÓRICAS DA CONSTITUIÇÃO DE OBJETOS MATEMÁTICOS: O
CASO DO INFINITO

Tercio Girelli Kill – UFES – tercio.kill@gmail.com

O trabalho se propõe a ingressar numa seara dialógica acerca dos diferentes significados
atribuídos a objetos matemáticos, em distintos contextos históricos, enfocando particularmente
a questão do infinito. A escolha do conceito decorre da posição emblemática assumida, por
ocasião da chamada “segunda crise dos fundamentos da matemática”, também entendida
como uma crise de significados de conceitos matemáticos entre os séculos XVIII e XIX. Como
forma de subsidiar as discussões, a investigação visita algumas enunciações que se prestavam
a atribuir significados ao infinito, em obras de autores considerados clássicos e em livros
destinados ao uso escolar. É intuito do trabalho, à luz dos pressupostos teóricos da história das
mentalidades, caracterizar as formas assumidas pelo infinito em distintos loci, além de
problematizar as abordagens e intencionalidades, considerando as fontes disponíveis e o mote
de pesquisa. A menção do conceito de infinito enquanto “mancha escura”, por parte de
estudiosos, sugestiona que se trata de um componente estratégico, no cerne de uma análise
que se presta a lançar olhares sobre a constituição sócio-histórica de objetos matemáticos.

Referências
ACZEL, A. O. O mistério do alef: a matemática, a cabala e a procura do infinito. São Paulo:
Globo 2003.
BARROS. A. M. Nota sobre o emprego do infinito no ensino das mathematicas
elementares. Rio de Janeiro: Typographia de N. Lobo Vianna, 1863.
BLOCH, M. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2001.
BOLZANO, B. Las paradojas del infinito. México: Servicios Editoriales de La Facultade de
Ciencias/UNAM, 1991.
CANTOR, G. Contributions to the founding of the theory of transfinite numbers. New
York: Dover Publications, Inc., 1955.
CHERVEL, A. Historia das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. In:
Teoria e educação, n. 2. Porto Alegre: Pannonica, 1990. p. 177-229.
CLÍMACO, H.; OTTE, M. Bernard Bolzano: o conceitualismo e a intuição na Educação
Matemática. Revista de Educação Pública, Cuiabá, v. 19, n.39, p.165- 180, jan./abr, 2010.
D’AMBROSIO, U. Euler, um Matemático Multifacetado. In: Revista Brasileira de História da
Matemática. v.9, n. 17, p. 13-22, 2009.
DEDEKIND, R. Was sind und was sollen die Zahlen? Braunschweig: Friedr. Vieweg & Sohn,
1969.
DESCARTES, R. Discurso do método. Porto Alegre: LP & M, 2005.
_________. Discurso do método; Meditações; Objeções e respostas; As paixões da alma;
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EULER, L. Foundations of Differential Calculus. New YorK: Springer Verlag, 2000.
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MENDES, I. A., A investigação histórica como agente da cognição Matemática na sala de aula.
In: MENDES, I. A. (org.) A História como um agente de cognição na educação Matemática.
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OTTE, M. O formal, o social e o subjetivo: uma introdução à filosofia e à didática da
matemática. São Paulo, Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993.
OTTONI C.B, Elementos de Álgebra. Rio de janeiro: Livraria Francisco Alves, 1879.
______. Elementos de Arithmetica. Rio de Janeiro: Laemmert, 1886.
______. Elementos de Geometria e Trigonometria Rectilinea. Rio de Janeiro: Livraria
Francisco Alves, 1904.
OTTONI, C. B.; OTTONI, B. B. de A. M. Cartas aos netos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional,
1978.
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FAUVEL, J. MAANEN, J. (Eds.) History in mathematics education: the ICMI study.
Dordrecht/Boston/London:Kluwer Academic Publishers, 2000. p. 201-240
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Matemática. Bolema (Rio Claro), v. 21, 2008. p. 27-46.
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Educação) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995.

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SILVA, C.M.S. O livro didático mais popular de Leonhard Euler e sua repercussão no Brasil. In:
Revista Brasileira de História da Matemática. v.9, n. 17, p. 33-52, 2009.
STEWART, I. Os problemas da matemática. Lisboa: Gradiva, 1996.
THIRÉ, A. Algebra gymnasial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1917.
VALENTE, W. R. Uma historia da matemática escolar no Brasil, 1730-1930. São Paulo:
Annablume, 1999.

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UMA BREVE BIOGRAFIA SOBRE O MATEMÁTICO PERSA OMAR KHAYYAM

Francisco de Assis Bandeira – UFRN – fabandeira56@gmail.com

Este texto tem como objetivo narrar uma breve história do matemático, filósofo e poeta persa
Omar Khayyam (1048-1131) (BERGGREN, 2016). Para isso, foi necessário realizar uma
exposição do período histórico em que ele viveu e quais funções desempenhou na sociedade
da época, como também o cenário político e social, e como os acontecimentos influenciaram
sua vida e o quanto refletiu em suas obras. Nesse sentido, organizei este texto em duas
seções, além da introdução. A primeira seção leva o leitor aos contextos histórico e geográfico
de Nishapur, cidade localizada ao nordeste da Persa, hoje Irã, terra natal desse matemático, e
de outras cidades por onde ele passou, em especial a de Samarcanda, cidade fundada no
século VIII a. C. Na segunda seção, que é o principal objetivo deste texto, relatei uma breve
biografia desse matemático, tanto no campo da poesia, expresso no Rubaiyat, que o levou a
ficar conhecido no mundo Ocidental, quanto nos campos do conhecimento por ele dominado,
tais como, a filosofia, a matemática, astronomia, jurisprudência, história e medicina, todavia,
por limitação de espaço, destaquei o campo do conhecimento matemática, principalmente o
Tratado sobre a Demonstração de Problemas de Álgebra, sua mais importante obra
(BERLINGOFF; GOUVÊA, 2008).

Referências
BERGGREN, J. L. Episodes in the Mathematics of Medieval Islam. 2. ed. New York:
Springer, 2016.
BERLINGOFF, W. P.; GOUVÊA, F. Q. A matemática através dos tempos: um guia fácil e
prático para professores e entusiastas. São Paulo: Edgard Blücher, 2008.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO GERAL

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A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E A COMPOSIÇÃO DO SISTEMA DE NUMERAÇÃO
DECIMAL

Graciela Siegloch Lins – UNIOESTE – graciela.siegloch@gmail.com


Marcos Lübeck – UNIOESTE – marcoslubeck@gmail.com
Jocinéia Medeiros – UNIOESTE – jo22medeiros@hotmail.com
Fernando Luiz Andretti – UNIOESTE – fernando_andretti@hotmail.com
Rhuan Guilherme Tardo Ribeiro – UNIOESTE – rhuan.smi@hotmail.com

A Matemática como disciplina relevante no campo da ciência e do desenvolvimento humano,


compõe grande parte da carga horária escolar de ensino que um aluno recebe no processo de
aprendizagem. Os números, seus significados e a forma como constituem o mundo que nos
rodeia, se destacam pela importância no aprender e ensinar Matemática, assim quando o aluno
chega ao contexto escolar uma das primeiras coisas que aprende é a composição do sistema
de numeração que está presente em seu cotidiano. Sua importância é ampla já que abre
diferentes caminhos e colabora para o desenvolvimento de novas tecnologias, teorias e
pesquisas no ensino de Matemática. Nos anos finais do ensino fundamental, o sistema de
numeração decimal e suas composições embasam grande parte dos conteúdos que serão
trabalhados posteriormente. Para abordar este assunto em sala de aula com alunos de sexto
ano, trabalhamos o tema por meio de um aporte histórico da criação dos números e suas
relações com o significado da simbologia utilizada, por meio de livros didáticos, paradidáticos e
filmes, buscando compreender melhor estes elementos no dia-a-dia e sua importância na
evolução da sociedade no decorrer da história. Ressaltamos a criação e influência dos
números e dos diferentes sistemas de numeração que existem ou existiram, nas forma de
comércio, nas representações ideológicas e filosóficas que determinavam a cada símbolo
numérico valores além das quantidades, demonstrando aos alunos a importância da
Matemática como uma ciência presente na evolução humana, e que também se aprimora com
o passar dos anos, seguindo demandas e objetivos que a sociedade atual dita, e que colabora
para avanços tecnológicos e científicos que não seriam possíveis sem o legado de nossos
antepassados. Desta forma o aluno compreende que também faz parte da história escrita todos
os dias, e que pode ser um agente colaborador para compor os capítulos que ainda estão por
vir.

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A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NA OBRA DE IMRE LAKATOS

Henrique Marins de Carvalho – IFSP – hmarins@yahoo.com

A obra Proofs and Refutations, de autoria do filósofo e matemático Imre Lakatos foi publicada
como uma série de quatro artigos, entre maio de 1963 e fevereiro de 1964, contendo partes de
seu trabalho de doutoramento. Em 1977, foi impresso como um livro, sob o título Proofs and
Refutations: the Logic of Mathematical Discovery, com o acréscimo de capítulos ainda não
publicados de sua tese, além de comentários dos editores. Proofs and Refutations é um texto
com características pitorescas, pois é escrito na forma de um diálogo em uma sala de aula
fictícia em que um Professor debate com seus estudantes, identificados por letras do alfabeto
grego a respeito do Teorema de Euler-Descartes, sobre poliedros (𝑉+𝐹−𝐴=2). Outra
característica é a efusão de notas de rodapé que contam a “história real” da Matemática,
enquanto a discussão travada pelos personagens realiza sua “reconstrução racional”. Após
apresentar a conjectura devida a Euler, o Professor descreve uma demonstração, publicada
por Cauchy; seguida por uma alternância de questões que colocam, de um lado, as dúvidas
sobre cada etapa da prova ou mesmo contraexemplos que refutam a conjectura e, de outro
lado, as tentativas de manutenção da validade da prova original, pela restrição de seu domínio
de validade ou pelo aperfeiçoamento da prova matemática. Ao longo do debate, são descritas
as contribuições de Lhuilier, Gergonne, Kepler, Möbius, Legendre, Poincaré, Pólya, dentre
outros matemáticos. A linha mestra do estudo de Lakatos é considerar a prova matemática
como um elemento passível de refutações e aprimoramentos, contrariando abordagens que
buscam estabelecer os fundamentos da Matemática, mas descartam o impacto do componente
histórico em seu desenvolvimento.

Referências
__________. Proofs and Refutations: The logic of mathematical discovery. WORRAL, J.;
ZAHAR, E. (eds.) Cambridge: Cambridge University Press, 1977.

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A IMPORTÂNCIA DE O PROFESSOR CONHECER A TRAJETÓRIA DA HISTÓRIA DA
MATEMÁTICA PARA ENSINAR ÁLGEBRA

Luani Griggio Langwinski – IFPR – luanig.lang@gmail.com

Esse resumo é resultado de uma revisão direcionada ao estudo da trajetória epistêmico-


histórica da Álgebra, para fins de uma seção da dissertação de mestrado, que teve como
objeto de estudo o ensino de álgebra e apontou como povos distintos, em diferentes épocas
concebiam e desenvolviam a Matemática. O modo como a Álgebra vem sendo trabalhada no
ambiente escolar favorece que os alunos não consigam entendê-la, e, muito menos,
compreender a importância de seu aprendizado (DUVAL et al. 2014). Diante desta situação,
muitos alunos acreditam que seu aprendizado é apenas para aborrecê-los e tornar suas vidas
mais difíceis. O professor deve conhecer o percurso histórico, a construção e o
desenvolvimento do pensamento matemático dos povos mesopotâmicos e egípcios, gregos,
árabes e hindus. Da ciência antiga à ciência moderna, Euclides, Apolónio e Diofanto às de
Viète, Descartes, Pascal e Fermat, das doutrinas de Híparco e Ptolomeu às de Copérnico e
Kepler, de Aristóteles, Archimedes às de Galileu, Leibniz e Newton. Favorecendo um campo de
diálogo e compreensão na construção do conhecimento algébrico. Dessa descrição histórica,
podemos perceber que existem nesse percurso três formas distintas de se conceber a Álgebra:
uma relacionada ao caráter pragmático, outra relacionada a um caráter geométrico e a última
relacionada a um caráter estrutural. E como afirma GARBI (2009, p. 8) “a história é muito
antiga e nos dá uma importantíssima lição: ninguém deve sentir-se frustrado ou desanimar se
não conseguir aprender alguma coisa de Matemática na primeira tentativa. Afinal, demoramos
muitos milênios para chegar até aqui”.

Referências
DUVAL, R.; CAMPOS, T. M.M.; DIAS, M. A.; BARROS, L. G. X. Ver e ensinar matemática de
outra forma: introduzir a álgebra no ensino: qual o objetivo e como? vol II; org. Tânia M. M.
Campos. 1ª ed. São Paulo: PROEM, 2014.
GARBI, G. G. O romance das equações algébricas. 3 ed. São Paulo: Editora Livraria da
Física, 2009..

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ABU´L – WAFA E OS SABERES E FAZERES NO SÉCULO X

Midori H. Camelo – UFRN – mh-camelo@uol.com.br

Como muitos estudiosos daquele período, Abu'l-Wafa traduziu e escreveu comentários dos
trabalhos de Euclides, Diophantus e al-Khwarizmi. Entre os anos 961 e 976 escreveu Kitab fi
ma yahtaj ilayh al-kuttab wa’l-ummal min ‘ilm al-hisab ( Livro sobre o que é necessário do
conhecimento da aritimética para escribas e negociantes - tradução livre). Outro livro escrito
para uso prático foi: Kitab f ima yahtahy ilayhi al-sani’ min al-a’mal al-handasiya (O livro sobre
construções geométricas necessárias a um artífices – tradução livre). Estudos recentes têm
revelado que os matematicos teriam exercido papel decisivo na criação dos padrões
geométricos nos trabalhos dos artífices. Na breve incursão que fizemos ao tempo e lugar de
Abu´l – Wafa, percebemos a vastidão de saberes e fazeres que permanecem ocultos aos
nossos olhares. Vislumbramos as conexões entre os estudiosos e os homens da vida prática,
em especial com os homens de negócios (mercadores) e artífices, criadores dos ladrilhos.
Percebemos que a língua, a religião, os simbolismos, os números e as formas se entrelaçam
de forma complexa para compor os mais diversos saberes. Alimentando-se mutuamente de
saberes e fazeres, o rico legado deixado pela cultura islâmica medieval parece reverberar em
outros tempos e lugares, ainda que suas fontes não se apresentem totalmente reveladas.

Referências
AMAYEM, M. A. O Islão, aspectos filosóficos, culturais, religiosos e democráticos.
Tradução de Aurélio de Lacerda. Delegação da Liga dos Estados Árabes, Rio de Janeiro, 1970.
GIORDANI, M. C. História do mundo árabe medieval. Petrópolis, Vozes, 1976.
LEITE, S. O Simbolismo dos Padrões Geométricos da Arte Islâmica. Cotia, SP, Ateliê
Editorial, 2007.
LYONS, J. A Casa da Sabedoria: como a valorização do conhecimento pelos árabes
transformou a civilização ocidental; tradução Pedro Maia Soares. Rio de Janeiro, Zahar,
2011.
A. P. Youschkevitch, Biography in Dictionary of Scientific Biography (New York 1970-
1990). http://www.encyclopedia.com/doc/1G2-2830900031.html Acesso: 17/03/2017

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ACERTOS E EQUÍVOCOS NAS TRADUÇÕES PARA A LÍNGUA PORTUGUESA DE
ALGUMAS OBRAS DE LEWIS CARROLL: O QUE A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA TEM A
VER COM ISSO?

Rafael Montoito – IFSUL – xmontoito@gmail.com

O presente trabalho discute alguns acertos e equívocos presentes nas traduções para a língua
portuguesa (do Brasil e de Portugal) de algumas obras de Lewis Carroll, escritor e matemático
inglês do período vitoriano. A argumentação exposta foi construída tendo por base não apenas
teorias sobre Tradução, mas considerando vasta leitura das obras carrollianas, tanto as
literárias e matemáticas quanto suas cartas e diários. Os equívocos, assim considerados como
partes das traduções que desfazem o sentido matemático que o autor queria imprimir aos
excertos analisados, parecem ter passado despercebido a vários leitores e tradutores que
olham Carroll apenas como escritor e dirigem pouca atenção à Matemática subjacente em suas
histórias. Sendo assim, após contextualizar pontos importantes acerca do trabalho do tradutor,
apresentaremos exemplos no quais consideramos que a tradução foi bem feita (quando
preservou o sentido matemático) e, outros, em que não (quando o sentido matemático foi
abandonado ou distorcido). Este trabalho intenciona abrir um debate, ainda que incipiente,
sobre a necessidade de as traduções de obras que envolvem Matemática serem realizadas por
(ou com o apoio de) quem sabe Matemática; é, também, mais um estudo dentre os diversos
que temos realizado nos últimos dez anos a respeito das obras de Carroll, os quais visam,
principalmente, torná-lo mais conhecido nos círculos da Educação Matemática.

Referências
BENEDETTI, I. C.; SOBRAL, A. (Org.). Conversas com Tradutores. São Paulo: Parábola,
2007.
CARROLL, L. A Caça ao Snark. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003.
CARROLL, L. A Caça ao Turpente. Além Paraíba: Interior, 1984.
CARROLL, L. Alice no País das Maravilhas. São Paulo: Ática, 2009.
CARROLL, L. Uma História Embrulhada. Campinas: Papirus, 1992.
CARROLL, L. The Complete Stories and Poems. New Lanark: Geddes & Grosset, 2005.
ECO, U. Quase a Mesma Coisa: Experiências de Tradução. Rio de Janeiro: Record, 2007.
GALELLI, R. D. Entre a Tradução e a Matemática. Curitiba: Appris, 2015.

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AS BARRAS DE NAPIER E A OBRA RABDOLOGIAE SEU NUMERATIONIS PER
VIRGULAS ..., (1617), UM ENFOQUE CONTEXTUAL HISTÓRICO

Eugeniano Brito Martins – IFCE – eugeniano.martins@ifce.edu.br


Ana Carolina Costa Pereira – UECE – carolina.pereira@uece.br

O século XVII presenciou a impressão de diversas obras voltadas a feitura e matemática


prática de instrumentos que incorporavam os conhecimentos matemáticos conhecidos da
época. Uma destas é o Rabdologiae seu numerationis per virgulas ..., escrito por John Napier
(1550 – 1617), tendo como edição mais antiga conhecida a publicação de 1617, em Edinburgh,
Escócia. Nela, tem-se o instrumento matemático de “barras de calcular”, conforme a
denominação dada por Napier, porém, elas ficaram conhecidas como Barras de Napier ou por
Ossos de Napier (por serem construídas de marfim). Elas possibilitam a realização das
operações de multiplicação e divisão, reduzindo o tempo que os calculistas gastavam neste
enfadonho processo (NAPIER, 1617), o autor exemplifica sua utilização com a resolução de
problemas matemáticos do cotidiano. Desta forma, este estudo, objetiva apresentar o contexto
histórico presente na construção e utilização do instrumento matemático Barras de Napier, sob
uma visão historiográfica atualizada. Tratando-se de uma pesquisa do tipo qualitativa e
documental, observou-se que a obra está dividida em quatro livros e cada livro possuindo
capítulos específicos aos temas abordados. No primeiro deles, encontram-se as orientações
sobre construção e a utilização das barras de Napier, através de exemplos práticos, para
realizar as operações aritméticas de multiplicação, divisão, potenciação e radiciação, porém o
enfoque deste trabalho é nas duas primeiras operações. Conforme o autor comenta na
apresentação da obra, as barras já eram de domínio público na Escócia e na Europa
continental, a mais de uma década (NAPIER, 1617). Dessa forma, a análise do contexto no
entorno das barras de Napier possibilitou articular a matemática do século XVII, e sua
característica de praticidade, para modificar a forma como são apresentados os conhecimentos
matemáticos, possibilitando uma abordagem historiografia atualizada, ao articular história e no
ensino.

Referências
NAPIER, John. Rabdologiae, Seu Numerationis Per Virgulas Libri Duo: cum appendice de
expeditíssimo Multiplicationes promptuario, quibus acessit e arithmeticea localis liber unus.
Edinburgh: Andrew Hart, 1617.

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AS MATRIZES A PARTIR DO ESTUDO HISTÓRICO EPISTEMOLÓGICO

Fernando Cardoso de Matos – SEDUC – matos2001@gmail.com

Neste artigo relatamos resultados de uma investigação em obras originais, referente ao estudo
das matrizes, que evidenciou a problemática referente ao ensino desse objeto no ensino
superior. Objetivamos identificar e analisar a epistemológia das matrizes para uma perspectiva
de ensino de parte da Álgebra Linear. A Teoria de alicerce desse trabalho foi a Teoria
Antropológica do Didático. A metodologia empregada foi pesquisa qualitativa de cunho histórico
e epistemológico. Nesse sentido tal abordagem pode contribuir para um saber, transcendendo
meros processos algorítmicos, pois de um modo geral o professor desconhece o porquê de se
estudar matrizes. Assim reconstruirmos racionalmente as tarefas que pudessem revelar a
gênese do método da Eliminação Gausseana, dos operadores e das operações matriciais.
Essa pesquisa revelou que as atividades propostas na formação de professores de Matemática
pode fornecer subsídios para (re) construir as tarefas com matrizes. Concluímos que o estudo
de sistemas lineares no que diz respeito a técnica referente ao método da substituição e
eliminação, foi primordial para o surgimento da Teoria das Matrizes.

Referências
BOSCH, M.; GÁSCON, J. Las práticas docentes del professor de matemáticas. XIème École
d'Été de Didactique des Mathématiques. Versión provisional. Barcelona. 2001.BOYER, C.B.
(1974). História da matemática. Trad. Elza F. Gomide. São Paulo: Edgard Blücher.
BRUTER, C.P. (1998). Compreender as matemáticas. As dez noções fundamentais. Instituto
Piaget.
CAYLEY, A. (1858). A memoir on the theory of matrices. Philosophical Transactions of the
Royal Society of London. 148, 17–37.
CAYLEY, A. (2009). Remarques sur la Notation des Fonctions Algébriques. In: The Collected
Mathematical Papers. 2009. 185-188. [Online]. Cambridge Library Collection - Mathematics.
Cambridge: Cambridge University Press. Available from: Cambridge Library Collection.
Retirado em 1 de janeiro, 2015, de: http://dx.doi.org/10.1017/CBO9780511703683.
COMTE. A. Traité Élémentaire de géométrie analytique a deux et a trois dimensions. Paris,
1843.
DODGSON, C. T. (1867). An Elementary Treatise on Determinantes. Oxford. Londres.
DORIER, J. L. (1995). Genesis of vector space theory, Hist. Math, 22, 3.
DORIER, J. L. (2003). Some comments on “The role of Proof in Comprehending and Teaching
Elementary Linear Algebra” by F. Uhlig, Education Studies in Mathematics, 51, 185-191.
EULER, L. (1750). Sur une contradiction apparente dans la doctrine des lignes curbes. In:
Berlin, D. A. der W. zu ". Histoire de l'Académie royale des sciences et des belles lettres de
Berlin: avec les mémoires pour la même année, tirez des registres de cette Académie.
Germany: Berlin: Editora: Chez Ambroise Haude, 4. 219 – 233.
FROBENIUS, F. G. (1875). Ueber das Pfaffsche Problem. Flachen.Journal Für Die Reine und
Angewandte Mathematik. Berlin. 82. 353.
FROBENIUS, F. G. (1877). Ueber Systeme und Gewebe Algebraischen Flachen.Journal Für
Die Reine und Angewandte Mathematik. Berlin. 82. 353.
______. L’analise des pratiques enseignantes em théorie antropologique du didactique.
Recherches en Didactique des Mathématiques. Grenoble, La Pensée Sauvage, v. 19, n. 2, p.
221-265, 1999.
GÁSCON, J. (2000). Incidencia del modelo epistemológico de las matemáticas sobre las
prácticas docentes. Revista Latinoamericana de Investigación en Matemática Educativa,
México, v. 4, n. 2, p. 129-159.
HERMANN, A. (1886). La Géométrie de René Descartes. Nova edição. Paris.
MENDES, I. A. (2015). História da matemática no ensino: entre trajetórias profissionais,
epistemologias e pesquisa. São Paulo: Editora Livraria da Física.

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CIÊNCIA E MATEMÁTICA NO MUNDO ISLÂMICO MEDIEVAL: VIDA E OBRA DE AVICENA

Gabriela Lucheze de Oliveira Lopes – UFRN – gabriela@ccet.ufrn.br

A ciência e a matemática floresceram mais fortemente nos países islâmicos num período que
vai do século XIII ao século XIV. Dentre muitos estudiosos islâmicos dessa época destaca-se
Abu ‘Ali al-Hussain ibn ‘Abd Allah ibn al-Hassan ibn ‘Ali ibn Sina, nascido em 22 de agosto de
980 d.C., em Bukara, uma das cidades do atual Uzbequistão. Conhecido pelos ocidentais como
Avicena, foi autor de mais de cem livros, nos quais versou sobre lógica, ciências naturais,
matemática, metafísica, teologia e medicina. Sua obra o Kitab al-Shifa (O Livro da Cura) é uma
enciclopédia constituída por livros que tratam das ciências fundamentais, da lógica,
matemática, física e astronomia. Ele iniciou a escrita desta obra em Hamadan, no Irã, em 1014
e só a concluiu em 1023. Nela estão expostas, em língua árabe, as ideias de Platão,
Aristóteles, Plotino, Zenon e Crisipo, entre outros, unificadas pelo estilo próprio do autor. No Al-
Shifa, as ciências matemáticas foram subdivididas em quatro áreas principais e quatro
subáreas. As áreas principais são a aritmética, a geometria (baseado nos teoremas de
Euclides), a astronomia (baseada no Almagesto de Ptolomeu) e a ciência da música. Já as
subáreas são computação e álgebra hindu (incluídas na aritmética), mecânica (considerada
parte da geometria), a confecção de tabelas e calendários astronômicos (colocados sob a
astronomia) e o uso de instrumentos estrangeiros, como o órgão (o domínio da música).
Avicena morreu em 1037 em Hamadã.

Referências
Gutas, D. Avicenna and the Aristotelian Tradition : introduction to reading Avicenna's
philosophical works. Editora Brill: Países Baixos, 2014.
MACTUTOR History of Mathematics archive. (1999). Disponível em: < http://www-
history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/Avicenna.html>. Acesso em: 10 dez. 2017.

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CONCEITOS GEOMÉTRICOS NA CULTURA GUARANI NO ESPÍRITO SANTO:
CONTEXTOS E HISTÓRIA

Claudia A. C. de Araujo Lorenzoni – IFES – claudia.araujo@ifes.edu.br

O trabalho apresenta e analisa experiências com ideias matemáticas no contexto dos Guarani
no Espírito Santo. Destaca noções de geometria, associadas a elementos da cestaria e da
arquitetura historicamente presentes na língua materna desse povo. Os dados são
apresentados a partir da pesquisa de doutoramento da autora e de um projeto de pesquisa no
Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes, campus Vitória. Os povos indígenas possuem uma
pedagogia própria que lhes permite educar suas crianças e manter vivas sua história e sua
cultura. Para eles, a educação escolar tem o papel de contribuir nessa formação da identidade
e da alteridade de cada povo, sendo igualmente um espaço de diálogo intercultural. A
matemática, quer seja por sua aplicação em relações com a sociedade envolvente, quer seja
por sua importância na compreensão do mundo do “branco”, se destaca na construção de uma
educação escolar indígena com propostas interculturais e de preservação cultural. No caso
específico da geometria, os conteúdos podem remeter tanto a um saber geralmente associado
aos gregos da Antiguidade, quanto a práticas históricas de povos culturalmente distintos a eles.
Entre os resultados desta pesquisa, apontam-se ideias como as de reta, transversalidade e
ângulo, associadas, respectivamente, no contexto guarani, à palha usada no trançado, à
disposição de ornamentos na cestaria e ao movimento de animais representado em grafismos.
Com essas e outras informações, o trabalho destaca a importância da identificação e da
apropriação de saberes tradicionais por parte da educação escolar, em diálogo com o papel da
matemática como componente curricular. Além disso, reforça o papel de variados contextos
culturais nas investigações histórico-epistemológicas de elementos geométricos, permitindo
aos pesquisadores certas conexões e compreensões de noções que fundamentam significados
guarani.

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EL MODELO SOCIOEPISTEMOLÓGICO EN LOS INICIOS DEL ÁLGEBRA

Silvia Cristina Tajeyan – ISP/ISFD – stajeyan@yahoo.com.ar

La investigación se enmarca en la construcción social del conocimiento y sus cuatro


componentes: epistemológica, cognitiva, didáctica y social. Analizando los fenómenos que se
desarrollan en el sistema educativo con el saber matemático, justificada desde la Investigación
del origen de los conceptos de álgebra en el análisis de distintos problemas presentado en el
libro del Álgebra de Mohhamed Ben Musa y de las posibles raíces en los problemas que
presenta el Corán y el proceso de construcción del concepto matemático, dado desde el
entorno y por quiénes lo crearon para favorecer el aprendizaje y una reflexión en la práctica
docente para contribuir en ese aprendizaje mediante su construcción en el aula. Puesto que la
socioepistemología afirma “que el conocimiento matemático es una construcción sociocultural
en cuyo surgimiento y desarrollo se lleva a cabo en el seno de una sociedad y refleja las
características de ésta.” (Crespo Crespo, 2007, p.3)
Se intenta identificar las características del pensamiento algebraico con el fin de lograr el
proceso de aprendizaje de los alumnos, ya que el álgebra es un tema de la escuela media y
superior. En este trabajo se analizará en la historia de la matemática las formas en que se
generaron estos problemas y sus soluciones, y no sólo las del tipo algorítmico pues cuentan los
árabes con demostraciones geométricas, que eran seleccionadas para poder ser resueltas.
Hasta llegar a un simbolismo y sus aplicaciones a la física por ejemplo; pero previamente el
concepto estaba latiendo en las culturas babilónicas, egipcias, griegas y de la India medieval
con sus propias características.

Referências
Cantoral, R. y Farfán, R. (2003) Matemática Educativa: Una visión de su evolución. Revista
Latinoamericana de Matemática Educativa, 6 (1), 27-40.
Crespo Crespo, C. (2007). Las argumentaciones matemáticas desde la visión de la
socioepistemología. Tesis de Doctorado no publicada. CICATA-IPN, México DF.
Rosen, F. (1831). The Álgebra of Mohhamed Ben Musa Recuperado de:
https://archive.org/stream/algebraofmohamme00khuwuoft#page/n9/mode/2up
Lauand L., A. (14 de Abril de 1998). El Corán y la Ciencia - El Álgebra como Ciencia Árabe.
Conferencia en el Departamento de Estudios Árabes e Islámicos de la Universidad Autónoma
de Madrid

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INFINITAMENTE PEQUENO: OS INDIVISÍVEIS DE KEPLER, CAVALIERI E WALLIS

João Cláudio Brandemberg – UFPA – brand@ufpa.br

Os caminhos que levam ao conceito de Limite remontam a antiguidade clássica. De fato, foi o
"horror do infinito" grego que impediu o desenvolvimento de uma teoria efetiva dos limites. Uma
discussão deste ponto de vista, pode estar ligada a concepção do conceito de Indivisivel
(infinitamente pequeno). Com o renascimento, ocorre uma valorização, do saber matemático
dos gregos (BARON, 1985a). O método de quadraturas, tratados pelos matemáticos da época,
seguiam o método desenvolvido por Eudoxo de Cnido (408-355) e Arquimedes de Siracusa
(287-212). Associados, o rigor dos métodos gregos e o simbolismo algébrico introduzido pelos
matemáticos franceses no século XVI proporcionam a utilização de novas técnicas que
permitem um uso intuitivo do infinito em uma profusão de métodos infinitesimais para o cálculo
de áreas e volumes (WUSSING, 1998). A influência de Arquimedes se faz presente nos
trabalhos de Johann Kepler (1571-1630) e Bonaventura Cavalieri (1598-1647). Kepler foi um
dos primeiros a fazer uso dos infinitamente pequenos, ao aplicar suas ideias no cálculo de
áreas e volumes enquanto que, Cavalieri, transformou o uso dos “indivisíveis” num poderoso
conjunto de técnicas para comparar áreas e volumes (BARON, 1985b, p. 11-12). Para
Cavalieri, “as figuras planas podem ser pensadas como um tecido de eixos (retas) paralelos; os
sólidos seriam como livros, compostos por folhas (planos) paralelas. No entanto, a diferença
entre uma folha de papel e um indivisível é que elas existem em um número finito e possuem
uma espessura (finita)” (WUSSING, 1998, p. 144). Com base no que vimos argumentando,
visamos comparar as abordagens de Kepler e Cavalieri, e estabelecer relações de semelhança
e diferenças entre as mesmas. Assim, discutimos sua adoção como “método” por influentes
matemáticos dos séculos XVI e XVII, como John Wallis (1616-1703), que resulta em sua
formalização ao final do século XVII (WUSSING, 1998).

Referências
BARON, M. E. A Matemática grega. Curso de História da Matemática Origens e
Desenvolvimento do Cálculo. Unidade 1. Brasília, DF: Universidade de Brasilia, 1985a.
BARON, M. E. Indivisíveis e Infinitésimos. Curso de História da Matemática Origens e
Desenvolvimento do Cálculo. Unidade 2. Brasilia, DF: Universidade de Brasília, 1985b.
WUSSING, H. Lecciones de História de las Matematicas. Espanha: Siglo XXI Editores,
1998.

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ISAÍAS RAW E O IBECC/FUNBEC DE SÃO PAULO: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO
DE CIÊNCIAS E DE MATEMÁTICA

Rute da Cunha – UFMT – rutecunha10@gmail.com


Andréia Dalcin – UFRGS – andreia.dalcin@ufrgs.br
Almir Cesar Ferreira Cavalcanti – UFMT – almircfc@gmail.com

O objetivo dessa Comunicação Oral é apresentar uma pesquisa histórica bibliográfica, que
analisa as contribuições de Isaías Raw junto ao Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e
Cultura (IBECC) e a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências
(FUNBEC) em relação ao ensino de ciências e matemática no Brasil. Isaias Raw nasceu em
São Paulo em 1927. Médico, cientista e professor emérito na Universidade de São Paulo
(USP), foi professor visitante em universidades no exterior, fundou as editoras da USP, da
Universidade de Brasília e criou a Fundação Carlos Chagas. Analisa-se neste estudo sua
atuação no IBECC e suas contribuições inovadoras no FUNBEC. Criado no Rio de Janeiro, em
1946, junto Ministério das Relações Exteriores para ser o órgão da UNESCO no Brasil, o
IBECC, em 1950 foi desdobrado em comissões estaduais e, em São Paulo, instalou-se na
Faculdade de Medicina da USP. A seção de São Paulo limitou-se a reuniões esporádicas como
única atividade, mas a partir de 1952, um grupo de professores e cientistas, entre eles Raw,
reconfigura a missão do IBECC voltando-se para o ensino de ciências. Estes professores
tinham o propósito de criar um museu de ciências, incentivar a criação de clubes de ciências,
investir no treinamento de professores, na produção de equipamentos para laboratório de
ciências e publicações de livros, entre outros. Essas ações foram efetivadas e, segundo o
jornal Folha de São Paulo, quando do lançamento do Sputinik, o Pentágono norte-americano,
“convocou cientistas e professores para um esforço conjunto com vistas à ampliação da
pesquisa e do ensino de ciências. Esses homens reuniram-se no MIT-Massachusetts Institute
of Technology - Boston, em 1958. Uma das primeiras conclusões a que chegaram [...] é que o
ensino de ciências no nível secundário deveria sofrer completa reformulação. Foi então que
chamaram os professores do IBECC de São Paulo que há anos, sem recursos, já faziam o que
os norte-americanos começavam a pensar” (Folha de São Paulo, 18/02/1968, p. 106). Na
FUNBEC, criada em 1967, na USP, contribuiu para o desenvolvimento de equipamentos
cardiológicos, tornando-os padrão, tais como o monitor, o eletrocardiógrafo e o desfibrilador e
com a venda desses investia no ensino de ciências. Raw foi exilado durante o período militar,
entre 1969 e 1979, e no retorno dirigiu o Centro de Biotecnologia do Instituto Butantã. Isaías
Raw é um ator que merece ser estudado, considerando-se suas vinculações e resistências nos
jogos de poder que marcaram o desenvolvimento das ciências no Brasil.

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MALBA TAHAN E O ALGEBRISMO: UMA ANÁLISE NA REVISTA AL-KARISMI (1946 –
1951)

Carlos Antônio Rezende Filho – UFU – carlos.mat@ufu.br


Cristiane Coppe de Oliveira – UFU – criscoppe@pontal.ufu.br

O presente artigo é um recorte do Trabalho de Conclusão de Curso do primeiro autor deste


trabalho, que teve como objetivo identificar o discurso pedagógico do Malba Tahan sobre o
algebrismo, apresentado na obra Didática da Matemática (1961) nos textos publicados na
Revista Al-Karismi (1946-1951) que possuem abordagem para o Ensino Fundamental. Julio
Cesar de Mello e Souza foi mais conhecido por seu pseudônimo Malba Tahan, nasceu no dia
06 maio de 1895 na cidade do Rio de Janeiro, por suas inúmeras contribuições no ensino de
Matemática e na área que hoje concebemos como Educação Matemática, seu aniversário foi
destinado a comemoração do dia da Matemática no Brasil. A revista Al-Karismi era uma revista
de recreações matemáticas, jogos, curiosidades, histórias e problemas, possui um total de 8
volumes, sendo 7 seguindo uma periodicidade e um volume avulso. A revista era destinada a
professores, alunos e todos aquele que interessavam por Matemática ou pelo ensino dessa
ciência. Durante sua trajetória Júlio Cesar por meio de Malba Tahan, travou uma longa batalha
contra o “algebrismo”, termologia associada ao ensino de matemática que aterroriza os
estudantes, afastando-os de uma aprendizagem significativa, defendendo a ideia que o
algebrismo é o desrespeito à inteligência dos alunos (SALLES; PEREIRA NETO, 2016).
Relacionando o discurso pedagógico de Malba Tahan com os textos da Revista Al-Karismi,
pode-se verificar que o discurso pedagógico de Malba Tahan contra o algebrismo, é
evidenciado nos textos publicados na revista Al-Karismi, percebe-se que o combate contra o
algebrismo vai muito além dos textos que abordam o conteúdo de álgebra.

Agradecimento: Agradeço à CAPES pelo apoio financeiro para participação neste evento
científico.

Referências
SALLES, P. P.; PEREIRA NETO, A. Julio Cesar & Malba Tahan: criador e criatura. In
OLIVEIRA, C. C.; ANDRADE, M. M.; VIANA, O. A.; MARIM, V. (orgs.) Malba Tahan e a revista
Al-Karismi (1946-1951): diálogos e possibilidades. Jundiaí, Paco Editorial: 2016.
TAHAN, M. Didática da Matemática. Vol 1,São Paulo: Saraiva, 1961
___. Didática da Matemática. Vol 2. São Paulo: Saraiva, 1961.
___. Revista Al-Karismi. Vol 1. Rio de Janeiro: Getúlio Costa, 1946.
___. Revista Al-Karismi. Vol 2. Rio de Janeiro: Getúlio Costa, 1946.
___. Revista Al-Karismi. Vol 3. Rio de Janeiro: Aurora, 1946.
___. Revista Al-Karismi. Vol 4. Rio de Janeiro: Aurora, 1946.
___. Revista Al-Karismi. Vol 5. Rio de Janeiro: Aurora, 1947.
___. Revista Al-Karismi. Vol 6. Rio de Janeiro: Aurora, 1947.
___. Revista Al-Karismi. Vol 7. Rio de Janeiro: Aurora, 1947.
___. Revista Al-Karismi. Vol 8. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1951.

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MATEMÁTICA ISLÂMICA NA FIGURA DE AL-BIRUNI

Giselle Costa de Sousa – UFRN – giselle@ccet.ufrn.br

As terras Muçulmanas durante a idade média mais especificadamente, contam com a


contribuição de muitos Muçulmanos com um desejo afiado de adquirir conhecimento, entre
esses, surge uma personalidade marcante, que não se distingue dos demais somente pelo
volume de suas obras nem tampouco pelas suas habilidades e seu progresso nas mais
variadas áreas de conhecimento contando com a produção em áreas da Astronomia,
Matemática, Geografia, Religião e Ciência. Al-Biruni, se distingue pela sua incontestável
contribuição científica que hoje nos remonta as miríades de conhecimentos científicos
resultados de seus trabalhos e remonta um cenário que renasce como uma inspiração para
todos os que seguem e estudam seu trabalho hoje. Al-Biruni é um dos maiores estudiosos
desse tempo, e justificadamente um dos maiores da História. Al-Biruni fez contribuições
significativas durante sua vida ilimitada de aprendizado. Estudiosos do tempo moderno
acreditam que Al-Biruni tenha escrito quase 200 trabalhos. Destes trabalhos, poucos
permanecem, a grande maioria se perdeu ao longo dos últimos mil anos. Muitos dos volumes
existentes de Al-Biruni ainda não foram traduzidos do árabe, tornando difícil para os
acadêmicos ocidentais estudarem seu corpo completo de trabalho. Nesta ótica, o presente
trabalho busca apresentar alguns traços biográficos de uma das figuras mais marcantes dentro
do contexto da matemática islâmica e tem como foco principal destacar as suas contribuições
no que diz respeito as suas publicações científicas. Nesse sentido, disponibilizamos com esse
artigo informações organizadas sobre o corpo de trabalho observável do Al-biruni e a partir
dessa construção, temos a oportunidade de detalhar ainda mais suas contribuições para o
desenvolvimento da Matemática, especialmente, a partir do momento que de forma sistemática
disponibilizamos esse material em língua portuguesa, possibilitando dessa forma, a percepção
de suas influências e sua condução dentro do campo da matemática como fruto uma pesquisa
histórica de caráter bibliográfico.

Referências
SHAH, Zia H; TSCHANNEN, Rafig A.; VIRK, Zakaria. The Muslim Times: Fostering Universal
Brotherhoob in Our Global Village. Disponível em: < https://themuslimtimes.info/>. Acesso em:
18 nov. 2017.
SCHEPPLER, Bill. AL-BIRUNI Master Astronomer and Muslim Scholar of the Elevery
Century. New York: The Rosen Publishing Group, 2006.
O'CONNOR, John J.; ROBERTSON, Edmund F. MacTutor History of Mathematics archive.
University of St Andrews, Escócia. Disponível em: < http://www-history.mcs.st-
andrews.ac.uk/Biographies/Al-Biruni.html>. Acesso em: 23 nov. 2017.
SACHAU, Edward c. ALBERUNI'S INDIA, vol. 1, London: L™ Dryden House, Gerrard Street,
1910. Disponível em:
<https://ia802708.us.archive.org/13/items/alberunisindiaac01biru/alberunisindiaac01biru.pdf>.
Acesso em: 24 nov. 2017.
AHMAD, Abu’l-Raihan Muhammad ibn. The Cronology of índia. Translated and edited, with
notes and index, by Edward Sachau. London: published for the oriental translation fund of great
britain & ireland, 1879. Disponível em:
<http://www.astrologiamedieval.com/tabelas/AlBiruni_The_Chronology_of_Ancient_Nations.pdf
>. Acesso em: 20 nov. 2017.

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O ÁBACO DE GERBERT E O TEXTO HISTÓRICO RÉGULA DE ABACO COMPUTI (976
D.C.) COMO RECURSOS DIDÁTICOS NA ARTICULAÇÃO ENTRE A HISTÓRIA E O
ENSINO DA MATEMÁTICA

Suziê Maria de Albuquerque – IFCE – suziealbuquerque@hotmail.com


Ana Carolina Costa Pereira – UECE – carolina.pereira@uece.br

O ábaco de Gerbert foi utilizado pelo matemático Gerbert de Aurilac (946 -1003) no final do
século X na França, com o intuito de realizar cálculos aritméticos de forma prática. No entanto,
a complexidade operacional agregada à inserção dos algarismos arábicos na Europa induziu o
professor Gerbert a elaborar um texto didático intitulado Regula De Abaco Computi, na qual
constam as regras de multiplicação e divisão aplicadas no Ábaco, além de imagens ilustrativas
do referido instrumento. Neste estudo será apresentada a dimensão contextual de elaboração
desses vestígios históricos de maneira a dar início ao movimento do pensamento entre o
passado e o presente com o objetivo de compreender os processos de construção do
conhecimento matemático em relação às operações aritméticas em questão. Para isso, foi
realizada uma pesquisa documental, pois tem como ponto de partida a Regula de Abaco
Computi na versão de Olleris (1867). Considerando o Ábaco citado e o texto histórico como
Recursos Didáticos, verificou-se que o contexto de elaboração das ideias matemática no
passado está repleto de possibilidades didáticas para a sala se aula atual. Assim, é
apresentada uma proposta preliminar de articulação entre a História que emerge dessas fontes
e o Ensino de Matemática.

Referências
OLLERIS, A. Oeuvers de Gerbert Pape sous le nom de Sylvestre II: collationnées sur les
manuscrits. Paris: LIBR.-ÉDITEU, 1867.

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O TRATADO DA CIRCUNFERÊNCIA DE AL-KĀSHĪ (1427)

Kaline França Andrade – IFRN – kaline.andrade@ifrn.edu.br

No período da chamada matemática islâmica medieval, que se estendeu do século VIII ao


século XV, aparecem nomes de estudiosos de grande importância na produção do saber
científico. Cronologicamente, um dos primeiros nomes a aparecer é o de al-Khwarizmi, cuja
vida e obra se situam na transição do século VIII para o século IX. A partir de al-Khwarizmi,
muitos outros estudiosos deixaram contribuições nas mais diversas áreas do saber. Já se
aproximando o final do período islâmico medieval, um nome se destaca entre os demais: o de
Ghiyāth al-Dīn Jamshīd Mas'ūd al-Kāshī, mais comumente conhecido como al-Kāshī.
Nascido em Kashan, na Pérsia, em 1380, al-Kāshī produziu grande parte de sua obra em
Samarkanda, Uzbequistão, onde faleceu em 1429. Trabalhando como o colaborador mais
próximo de Ulugh Beg, governante de Samarkanda, al-Kāshī produziu vários trabalhos
importantes em matemática e astronomia, entre eles, o Tratado da Circunferência (al-Risāla al-
Muhītīyya) (1424), A Chave para a Aritmética (Miftāḥ al-ḥisāb) (1427) e o Tratado da Corda e
Seno (Risāla al-watar waʾl-jaib), finalizado por Qadi Zada após a morte de al-Kāshī. O
presente trabalho concentra sua atenção no Tratado da Circunferência e se propõe a discorrer
sobre sua estrutura, seus objetivos, seus métodos e seus resultados.

Referências
AZARIAN, Mohammad K. The introduction of al-risala al-muhitiyya: an english translation.
International Journal of Pure and Applied Mathematics. N.57, 2009, 903-914.
AZARIAN, Mohammad K. Al-Risala al-Muritiyya: A summary. Missouri Journal of
Mathematical Sciences. V.22, n.2, 2010, p.64-85.
BERGGREN, J.L. Episodes in the mathematics of medieval islam. Springer-Verlag Inc. New
York, 2003.
ROSENFELD B.A. and YOUSCHKEVITCH A.P., Biography in Dictionary of Scientific
Biography (New York 1970-1990). <http://www.encyclopedia.com/topic/al-Kashi.aspx>

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SIMETRIA: UMA HISTÓRIA DO “CONCEITO MODERNO” E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
PEDAGÓGICAS

Regina Célia Guapo Pasquini – UEL – rcgpasq@uel.br


Humberto José Bortolossi – UFF – hjbortol@gmail.com

A história da Matemática é detentora de potencialidades pedagógicas que podem e devem


pertencer à prática docente dos professores que ensinam Matemática em diferentes níveis de
escolaridade. Existem conceitos e ideias da Matemática que ultrapassam sua fronteira,
contribuindo para e permeando outras áreas de conhecimento com importantes aplicações.
Simetria é um exemplo que caminha nesta direção. Os aspectos históricos que circundam esta
palavra, em diferentes povos e culturas, ao longo de diferentes épocas, são capazes de revelar
fatos fundamentais sobre a mesma. Culminando com o “conceito moderno” de simetria, de
Adrien-Marie Legendre como exposto em sua obra Eléments de Géométrie (1794),
pretendemos apresentar nesta comunicação, com o auxílio de recursos didáticos concretos e
virtuais, ainda que de modo breve, o desenvolvimento deste conceito como uma alternativa
para abordarmos simetria nos diferentes níveis de escolaridade da Educação Básica,
mostrando as potencialidades desta abordagem, inclusive para cursos de formação de
professores que ensinam matemática. Para isso, será necessário visitarmos fontes históricas
de grande importância na história da humanidade, tais como Os Elementos de Euclides e De
Architectura Libri Decem, criada no século I a. C. por Marcus Vitruvius Pollio. Com isso, além
de situarmos a história da Matemática como aliada à compreensão de um conceito da
Matemática, apresentaremos modos de realizar este trabalho efetivamente na prática
amparados em documentos e fontes históricas primárias, passíveis e necessárias de serem
visitadas.

Referências
EUCLIDES. Os Elementos. Tradução: Irineu Bicudo. São Paulo: Editora UNESP, 2009.
HEATH, Thomas Little. The Thirteen Books of Euclid’s Elements, 3v. Cambridge: University
Press, 1956.
HON, Giora; GOLDSTEIN, Bernard R. From Summetria to Symmetry: The Making of A
Revolutionary Scientific Concept. Archimedes: New Studies in The History of Science and
Technology, New York: Springer-Verlag, 2008.
LEGENDRE, Adrien-Marie. Eléments de Géométrie, avec des Notes. Paris: Firmin Didot, 1794.
LEGENDRE, Adrien-Marie. Elementos de Geometria. Tradução: Manoel Ferreira de Araújo
Guimarães. Organização e adaptação: Luiz Carlos Guimarães. Rio de Janeiro: Editora LIMC-
UFRJ, 2009.
PASQUINI, Regina Célia Guapo; BORTOLOSSI, Humberto José. Simetria: história de um
conceito e suas implicações no contexto escolar. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2015. –
(Série História da Matemática para o ensino; v.9).
SIMSON, Robert. The Elements of Euclid, viz. The First Six Books, together with the Eleventh
and Twelfth. In this Edition, the Errors, by which Theon, or others, have long ago Vitiated these
Books, are Corrected, And some of Euclid’s Demonstrations are Restored. Glasgow: Foulis,
1756.
VITRUVIUS. The Ten Books On Architecture. Tradução: Morris Hicky Morgan. London:
Humphrey Milford, 1914.
WEIL, André. History of Mathematics: Why and How. Proceedings of The International
Congress of Mathematics, Helsinki, p. 227-236, 1978.
WEYL, Hermann. Symmetry. Princeton: Princeton University Press, 1952.
YAGLOM, Isaak Moiseevich. Felix Klein and Sophus Lie: Evolution of The Idea of Symmetry in
the Nineteenth Century. Tradução: Sergei Sossinsky. Harrisonburg: Birkhiiuser Boston, 1988.

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SOBRE A NOÇÃO DE FUNCIONALIDADE NOS PERÍODOS DA ANTIGUIDADE, IDADE
MÉDIA E IDADE MODERNA: USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E DAS TECNOLOGIAS
DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE FUNÇÃO, PARA ALUNOS DA
EDUCAÇÃO BÁSICA

Luciana Vieira Andrade – UFRN – luvieira13@gmail.com


Giselle Costa de Sousa – UFRN – gisellecsousa@hotmail.com

Este artigo divulga alguns dos resultados de uma pesquisa em que se estudaram as
possibilidades de articulação entre História da Matemática (HM) e Tecnologias da Informação e
da Comunicação (TIC), por intermédio da Investigação Matemática (IM), para o estudo sobre a
história do conceito de Função. A proposta é apresentar concepções norteadoras do uso da
HM em sala de aula, recorrendo a elementos da utilização das TIC, via IM, na aplicação de
atividades para estudantes da Educação Básica, abordando o desenvolvimento da noção de
funcionalidade nos períodos: Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna. A pesquisa citada foi
finalizada com a dissertação para o Mestrado Profissional do Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Ciências Naturais e Matemática, da UFRN, intitulada HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE FUNÇÃO.
Realizou-se, então, um estudo de caráter qualitativo com duas fases: a primeira com pesquisa
bibliográfica e uma segunda fase pautada na metodologia da pesquisa ação. Como resultados
parciais, delineou-se um panorama histórico do conceito de Função − com base na perspectiva
de Youschkevitch (1976) − cujo conteúdo foi referência para o desenvolvimento de um produto
educacional composto por atividades a serem aplicadas com alunos da Educação Básica,
abordando o conceito de Função desenvolvido ao longo da história, aplicadas via software
Geogebra e à luz da IM.

Referências
ALMEIDA, M. de C. (2015). As Mais Antigas Evidências Conhecidas do Emprego de Talhas
Numéricas Associadas a Processos de Contagem. In: XI Seminário Nacional de História da
Matemática – Anais. RN: SNHM
VÁZQUEZ, P. S.; REY, G.; BOUBÉE, C.. (2008) “El concepto de función através de la Historia”.
Revista Iberoamericana de Educação Matemática. v. 4, n. 6, pp. 141-151, Dez..
<http://www.fisem.org/www/union/revistas/2008/16/Union_016_014.pdf>. Consultado em
21/08/2016.
YOUSCHKEVITCH, A. P.. (1976). The Concept of Function up to the Middle of the 19 th
Century. Moscow: Institute for History of Science and Technology.

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UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NA AQUISIÇÃO DO
CONCEITO DE NÚMERO REAL

Kelly Roberta Mazzutti Lübeck – UNIOESTE – kellyrobertaml@gmail.com

Neste trabalho apresentaremos as investigações realizadas sobre o uso da História da


Matemática na apropriação do conceito de número real. Em especial, vamos detalhar como se
deu a abordagem e a aprendizagem deste assunto para uma turma do quarto ano do curso de
Licenciatura em Matemática, que foi motivada a apresentar suas compreensões baseadas
numa investigação histórica sobre o tema na disciplina de Análise Real, que busca,
essencialmente, estabelecer a formalização de conceitos trabalhados no Cálculo Diferencial e
Integral e estas questões estão intimamente ligadas à compreensão da reta real, ou seja, a sua
formalização, pois esta é a base para as demonstrações decorrentes dos grandes resultados
do cálculo. Logo, um dos principais objetivos de um curso de Análise é a fundamentação do
conjunto numérico dos reais. Como o estudo se deu num curso de licenciatura, não cabe em
sua grade curricular apresentar a construção dos reais como corpo ordenado completo, mas
requer que os acadêmicos adquiram tais interpretações e compreensões que lhe sirvam de
base para o entendimento deste conjunto, que será o alicerce das aplicações numéricas
desenvolvidas pelo futuro professor. Dessa forma, buscar outras metodologias que ampliem a
compreensão do objeto contribui para uma aprendizagem mais significativa e o uso de história
no ensino deste conteúdo abre grandes possibilidades de investigação. Contextualizando,
solicitou-se o estudo sobre o surgimento dos irracionais, e de como os ‘matemáticos’ da época
contornaram tal situação, até chegarmos à formalização dos reais. Desejávamos, com isto,
que os acadêmicos percebessem a distinção entre os números racionais e os números reais
via segmentos incomensuráveis, além de estabelecer um paralelo entre a teoria de Eudoxo e a
de Dedekind, com o propósito de compreender posteriormente a “completude” dos reais.
Acreditamos que este trabalho possibilitou realizar reflexões mais profundas sobre temas que
estão presentes na disciplina de Análise Matemática, conduzindo o acadêmico a perceber que
a matemática é fruto de uma construção humana e, como tal, está em constante movimento.

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PÔSTERES

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A EQUAÇÃO DE PELL SOB UM OLHAR HISTÓRICO

Bruno Vinicius Costa Barbalho – IFRN – bruno_vcb101@hotmail.com


Robson Pereira de Sousa – IFRN – robson.sousa@ifrn.edu.br

A busca pela solução das mais variadas equações sempre foi um fascínio para os matemáticos
de todas as épocas. Neste trabalho apresentaremos a rica e antiga história da equação de Pell
de forma cronológica desde a Grécia antiga até os dias atuais. Para isso, utilizamos dados
históricos obtidos a partir de pesquisas bibliográficas. Uma equação algébrica com coeficientes
inteiros chama-se uma Equação Diofantina se suas soluções são números inteiros ou
racionais. Historicamente, essas equações apareceram no terceiro século d.C, introduzidas
2 2
pelo matemático grego Diofanto (Alexandria, 250 a.C). A equação diofantina 𝑥 − 𝐴𝑦 = 1, onde,
A é um inteiro não quadrado perfeito, é conhecida como “Equação de Pell”. Curiosamente essa
equação ganhou esse nome quando Euler, “erroneamente”, a denomina assim acreditando que
a solução geral tinha sido descoberta pelo matemático inglês John Pell (1611-1685), contudo,
Pell somente havia organizado os resultados e soluções dos matemáticos da época que já
vinham estudando esse tipo de equação há muito tempo (STILLWELL, 2010). Relatos
históricos indicam que a primeira aparição explicita da equação de Pell se deu na Grécia
2 2
Antiga. Nessa época, os estudos eram voltados para a equação do tipo 𝑥 + 2𝑦 = 1, ou seja,
para 𝐴 = 2. A equação de Pell também foi amplamente estudada pelos matemáticos indianos e
o primeiro avanço na busca de suas soluções se deu pelo matemático Brahmagupta, que além
de resolver alguns casos particulares da equação também procurou solucioná-la de forma
generalizada, no caso em que 𝐴 > 0 não é um quadrado perfeito (STILLWELL, 2010). O
primeiro matemático a desenvolver um método geral para a resolução das equações de Pell foi
o indiano Bhaskara II, em 1150, chamado de método chakravala ou processo cíclico. Os
matemáticos Europeus também tiveram participação no avanço dos estudos da equação de
Pell. A primeira contribuição foi dada pelo matemático Pierre Fermat (1601-1665) quando
afirmou que tinha provado, para o caso em que 𝐴 > 0 não é um quadrado perfeito, que existia
um número infinito de soluções inteiras (𝑥, 𝑦); porém, ele não deu uma prova (SILVA, 2014).

Referências
Equação de Pell. 2014. Disponível em: <http://finslab.com/enciclopedia/letra-a/a-equacao-de-
pell.php>. Acesso em: 10 fev. 2018.
História das Equações Algébricas. 2013. Disponível em:
<https://anacasola.files.wordpress.com/2008/06/historia-das-equacoes-algebricas.doc>. Acesso
em: 05 fev. 2018.
MACHIAVELO, Antônio. A Equação que Nunca foi de Pell. Gazeta de Matemática, Porto,
Portugal, v. 1, n. 0171, p.17-19, nov. 2003. Quadrimestral. Disponível em:
<http://gazeta.spm.pt/getArtigo?gid=422>. Acesso em: 10 fev. 2018.
SILVA, Antônio Andrade. Equação de Pell, João Pessoa, PB, 12p, 2014.
STILLWELL, John. Mathematics and Its History: Undergraduate Texts in Mathematics. 3. ed.
San Francisco: Springer, 2010.

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A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA EM DISCIPLINAS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL
DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS LOCALIZADAS
NA REGIÃO SUL DO BRASIL

Amanda Kethleen Manfredini Carneiro – UNIFEI – amandamanfredini@unifei.edu.br


Mariana Feiteiro Cavalari – UNIFEI – mfcavalari@unifei.edu.br

Pesquisas no campo da Educação Matemática têm indicado a relevância da inclusão da


História da Matemática (HM) no ensino de Matemática, em especial, na Educação Básica e
neste contexto, têm sido realizadas investigações que mostram a relevância de serem
trabalhados aspectos da HM na formação de professores. Desta forma, a presente pesquisa se
realizou no âmbito do projeto intitulado “A História da Matemática na formação inicial de
professores de matemática nas universidades federais brasileiras”, financiado pelo CNPq, e
teve como objetivo identificar as disciplinas que abordam aspectos da HM e das articulações
entre HM e a Educação Matemática, que estão presentes nas disciplinas dos cursos
presenciais de Licenciatura em Matemática oferecidos pelas Universidades Federais (UF)
localizadas na região Sul do Brasil. Para tanto, realizamos uma busca no e-MEC dos cursos
presenciais de Licenciatura em Matemática que são ofertados por estas universidades e,
assim, identificamos 21 cursos, sendo que um deles é oferecido no turno diurno e noturno.
Após esta etapa, localizamos os projetos políticos pedagógicos destes cursos, com exceção de
quatro, que localizamos a matriz curricular. Identificamos, nestes documentos, que 18 cursos
preveem disciplinas específicas da HM (incluímos nestas, a disciplina que trata de aspectos da
HM e da Filosofia da Matemática), sendo que em 15 cursos há pelo menos uma disciplina
desta obrigatória na matriz curricular e, em três cursos, há pelo menos uma disciplina desta
optativa. Merece destaque que quatro cursos ofertam disciplinas que tratam de assuntos de
História da Educação Matemática. Além disto, dentre os cursos citados, quatro preveem
disciplinas da área da Matemática que em sua ementa ou bibliografia apresentam questões
e/ou obras relativas à HM. Identificamos, ainda, que apenas dois cursos ofertam disciplinas que
apresentam, explicitamente, em sua ementa, aspectos da HM para o ensino de Matemática,
sendo estas disciplinas obrigatórias e quatro cursos apresentam disciplinas da área de
Educação Matemática que constam em sua bibliografia livros relativos à HM, sendo que estas
são obrigatórias em três cursos. Com base nestes dados podemos afirmar que embora grande
parte dos cursos analisados prevê em sua matriz curricular pelo menos uma disciplina que
aborda aspectos da HM, a relação entre HM e o ensino de Matemática, ainda é pouco presente
nas ementas de disciplinas destes cursos. Como continuidade desta investigação,
pretendemos analisar os aspectos da HM e das articulações entre HM e a Educação Básica
que são privilegiados nestas disciplinas dos cursos de Licenciatura em Matemática oferecidos
pelas UF localizadas na região Sul do Brasil.

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A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DESENVOLVIDA NO
PIBID-MATEMÁTICA-UEM

Ana Caroline Frigéri Barboza – UEM – anac_fbarboza@hotmail.com


Flavia do Nascimento Borges – UEM – flavia.n.borges@hotmail.com
Igor Cardoso Tonhato – UEM – igorpolho@gmail.com
Lucieli M. Trivizoli – UEM – lmtrivizoli@uem.br

O presente trabalho tem como objetivo relatar uma experiência realizada no âmbito do
subprojeto PIBID-Matemática da Universidade Estadual de Maringá (UEM) envolvendo o
estudo da História da Matemática como uma estratégia de ensino e a implementação em sala
de aula seguindo essa perspectiva. Uma das atividades desenvolvidas no PIBID-Matemática-
UEM eram reuniões semanais com a participação dos licenciandos bolsistas, professores
supervisores e coordenação. Nessas reuniões, foi realizado um estudo do livro “História nas
Aulas de Matemática” dos autores Iran Abreu Mendes e Miguel Chaquiam (2016), juntamente
com outras bibliografias pertinentes à área, concedendo subsídios fundamentais para
elaboração, desenvolvimento e aplicação de uma atividade para a sala de aula. Uma atividade
envolvendo aspectos da História da Matemática foi selecionada do livro “Learning Activities
from the History of Mathematics” de Frank J. Swetz (1994), com algumas adaptações, e então
desenvolvida em um colégio parceiro do subprojeto PIBID, em uma turma de 6° ano do Ensino
Fundamental II. O conteúdo trabalhado envolveu sólidos geométricos, mais especificamente,
os “Sólidos Platônicos”. Em meio às discussões que ocorreram durante a implementação,
percebemos que os alunos se mostraram interessados e curiosos com relação às informações
que foram elencadas sobre a Grécia, ao que tange a esta civilização e informações relativas a
Platão, notando que a matemática pode ser entendida de forma humanizada, produzida e
desenvolvida pelos homens. Assim, o uso da história da matemática em sala de aula foi
importante para a construção do conhecimento com os alunos, uma vez que tendo percepção
de sua evolução, houve oportunidade de discutir sobre os motivos pelos quais ela foi
desenvolvida, agregando significado e tornando-a um conhecimento interessante, tanto aos
discentes quanto aos docentes.

Referências
MENDES, Iran Abreu; CHAQUIAM, Miguel. HISTÓRIA NAS AULAS DE MATEMÁTICA:
fundamentos e sugestões didáticas para professores. 1. ed. Belém: SBHMat, 2016.
SWETZ, Frank J. Learning Activities from the History of Mathematics. Portland: J. Weston
Walch Publisher, 1994.

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A LÓGICA FUZZY SOB UM OLHAR HISTÓRICO

Bruno Vinicius Costa Barbalho – IFRN – bruno_vcb101@hotmail.com


Robson Pereira de Sousa – IFRN – robson.sousa@ifrn.edu.br

O conhecimento científico se modifica e se inova a todo o momento. A lógica fuzzy é um destes


que veio acrescentar a comunidade científica uma revolução tecnológica, trazendo uma análise
subjetiva, validando as variáveis do pensamento humano a uma máquina. O presente artigo
objetiva apresentar historicamente o caminho percorrido pela lógica até a formulação da lógica
fuzzy ou difusa, discutindo seu conceito e os principais contribuintes para tal feito. Em primeiro
momento foi organizado uma cronologia histórica desde a lógica clássica (aristotélica) até a
lógica fuzzy, após esta construção foi realizada a análise de todos que contribuíram para a sua
formulação. Em síntese, a história da lógica matemática iniciou-se com Aristóteles (384-322 a.
C.), o qual formulou a lógica clássica também conhecida como lógica aristotélica. Observamos,
porém, que esta lógica é de certa forma limitada quando admite somente dois extremos, em
linguagem binária, “1” para verdadeiro e “0” para falso (D’OTTAVIANO; FEITOSA, 2003). O
precursor do movimento contra a lógica aristotélica foi Jan Lukasiewicz (1876-1956) com
importantes contribuições no desenvolvimento da lógica não clássica. Seus estudos
influenciaram decisivamente na formulação da lógica fuzzy ou difusa que tem como principal
articulador o professor Zadeh. Esta nova lógica teve como base os conjuntos fuzzy, introduzido
em 1965 na comunidade científica através do artigo “Fuzzy Sets” do professor Zadeh.
Generalizando a lógica booleana, a lógica fuzzy traz uma variação ao intervalo [0,1], o que não
exclui o uso da lógica bivalente em dias atuais, mas acrescenta a comunidade científica uma
maior área de aplicabilidade para a solução de problemas que exijam certa subjetividade na
análise, não somente um sim ou não (KANDEL, 1986).

Referências
ALBERTOS, P. Fuzzy Controllers - AI Techniques in Control. Pergamon Press, 1992.
D'OTTAVIANO, Í. M. L.; FEITOSA, H. A.. Sobre a história da lógica, a lógica clássica e o
surgimento das lógicas não-clássicas. Página Educacional do Cle, Campinas, p. 1-34, 2003.
FERREIRA, A. B de H. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8ª ed. Curitiba:
Positivo, 2010.
KANDEL, A., 1986, Fuzzy Mathematical Techniques with Applications, U.S.A. Addison-
Weslwy Publishing Company.
KELLER, V; BASTOS, C. L.. Aprendendo Lógica. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. 179 p.
SILVA, R. A. C.. Inteligência artificial aplicada à ambientes de Engenharia de Software:
Uma visão geral. Universidade Federal de Viçosa, 2005.
SOUSA, J. N. de P. e. Aplicação de lógica fuzzy em sistemas de controle de tráfego
metropolitano em rodovias dotadas de faixas exclusivas para ônibus. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2005.

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A RELEVÂNCIA DE EULER NO DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES
TRIGONOMÉTRICAS SENO E COSSENO

Gessika Gonçalves Ferreira – IFRN – gessika.goncalves@academico.ifrn.edu.br


Rafael Pereira de Melo – IFRN – rafael.melo@ifrn.edu.br
Francisco Batista de Medeiros – IFRN – francisco.medeiros@ifrn.edu.br
Albérico Teixeira Canário de Souza – IFRN – alberico.canario@ifrn.edu.br

A partir do século XIV muitos importantes passos foram dados na Europa no desenvolvimento
da matemática, inclusive para a Trigonometria. Mas segundo Costa (1997) somente no século
XVIII que ela assumiu sua forma mais atual quando Leonard Euler toma a medida do raio de
um círculo como unidade e define essas funções aplicadas a um número e não mais a um
ângulo. Costa (1997) afirma também que a transição das razões trigonométricas para funções
periódicas foi iniciada por Viète no século XVI, a qual teve novo impulso com o surgimento do
cálculo infinitesimal no século XVII estudado por Newton e atingiu o seu ponto mais alto com
Euler ao criar a função, conhecida hoje como Função de Euler. Através desta função é possível
definir o 𝑠𝑒𝑛(𝑥) e o cos⁡(𝑥) em função de uma variável 𝑥, com 𝑥 ℝ. A noção desta função foi
fundamental para a análise matemática posteriormente na criação da chamada análise
complexa. Ele ainda exprimiu as funções seno e cosseno no conjunto dos números complexos.
Com isso, o presente trabalho objetiva explicar os pontos nos quais Euler contribuiu no
desenvolvimento das funções seno e cosseno e como ele relacionou os números complexos
com identidades trigonométricas, incluindo a identidade que leva seu nome.

Referências
COSTA, Nielce Meneguelo Lobo da. Funções Seno e Cosseno: uma sequência de ensino a
partir dos contextos do “mundo experimental” e do computador. 1997. 250p. Dissertação.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
FERREIRA, André Luiz dos Santos. Trigonometria e Funções Trigonométricas, uma
abordagem Didático Metodológica. 2016. 121p. Dissertação. Universidade Federal do
Amapá, Macapá.

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ABORDAGENS HISTÓRICAS E A EQUIVALÊNCIA DE ESTÍMULOS CONTRIBUINDO PARA
O ENSINO DE ESTATÍSTICA E PROBABILIDADE NOS ANOS FINAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL

Karoline Marcolino Cardoso – UFABC – karoline.cardoso@ufabc.edu.br

Com o intuito de trazer contribuições para a interface entre a história da matemática e o


processo ensino e aprendizagem de estatística e probabilidade, esta pesquisa pretende
considerar argumentos reforçadores das potencialidades pedagógicas e questionadores da
História da Matemática, segundo Miguel (1997), apoiado por pesquisa bibliográfica sobre a
História da Estatística e da Probabilidade e elaborar pequenas unidades curriculares de ensino
para desenvolver e fixar os conteúdos estatísticos e probabilísticos do 6° ano ao 9° ano do
Ensino Fundamental. Tomaremos como base metodológica o Paradigma da Equivalência de
Estímulos, fornecendo critérios operacionais, empiricamente verificáveis, para especificar
comportamentos com características simbólicas. A Equivalência de Estímulos é um modelo
teórico que permite prever que, para um indivíduo, um estímulo passa a pertencer a uma
classe de estímulos equivalentes na qual estes são substituíveis uns pelos outros, a partir de
relações condicionais arbitrariamente estabelecidas entre ele e um ou alguns membros dessa
classe.

Referências
MIGUEL, A. As potencialidades pedagógicas da história da matemática em questão:
argumentos reforçadores e questionadores. Zetetiké, Campinas, v. 5, n. 8, p. 73-105, 1997.

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ANDRÉ WEIL E A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Felipe Moraes Kurtz – UFMT – felipe_kurtz@hotmail.com


Rute da Cunha – UFMT – rutecunha10@gmail.com

Este trabalho está contido na linha de pesquisa que está sendo seguida em torno deste
brilhante matemático francês e sua perspectiva da história da matemática. Weil é reconhecido
principalmente pela sua abordagem no elo entre teoria dos números e a geometria algébrica.
Dentre seus feitos, o mais reputado foi a prova da hipótese de Riemann no que diz respeito às
funções zeta de congruência dos campos de funções algébricas. Sob os atuais amparados
matemáticos, esse célebre resultado alcançado é considerado relativamente fácil. Tendo por
base esse trabalho, em 1949 Weil levanta algumas conjecturas que mais tarde ficaram
conhecidas por conjecturas de Weil, todas demonstradas posteriormente. Vale ressaltar que o
francês desenvolveu diversos outros trabalhos culminando em avanços para outras ciências,
como a física molecular. A vida de André Weil teve alguns percalços ao longo de sua jornada,
inclusive uma passagem pela prisão em meio a Segunda Guerra Mundial quando não se
apresentou às forças armadas francesas, até então o serviço era compulsório. Nessa estadia
na prisão surgem ideias tais como a prova da hipótese de Riemann. Em 1941, depois de solto
e cumprindo com suas obrigações militares, ele encontra uma forma de fugir para os Estados
Unidos e realiza a fuga junto com seus familiares. Na América foi professor em diversas
universidades e deu continuidade em suas pesquisas. Entre 1945 e 1947 foi professor na USP
no Brasil até retornar ao país anglo-saxônica. Sua perspectiva de qual deve ser o agente
contador das histórias por trás da matemática é semelhante ao de Galileo Szabó na física, isto
é, possuem a visão de que a propriedade para estudar a história da matemática ( ou da física
no caso de Szabó) está relacionada a quem produz matemática. Esse olhar levantou algumas
discussões ao longo dos últimos anos e ultrapassou as fronteiras da matemática. Talvez o
debate mais notável nessa linha foi a respeito da impossibilidade de obter provas matemáticas
da correção de um sistema de computador proposto por James Fetzer, onde Fetzer é um
filósofo e não um matemático. Portanto, esse trabalho busca realizar conexões entre o
multiverso em que André Weil está inserido, desde seus aspectos pessoais até sua maneira de
enxergar a história da matemática no qual ele está inserido.

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AS CARTAS DE EULER A UMA PRINCESA ALEMÃ: CORRESPONDÊNCIAS DIDÁTICO-
CIENTÍFICAS ENTRE HISTÓRIA E ENSINO DE MATEMÁTICA

Daniele Esteves Pereira Smith – UFPA – desteves@ufpa.br

Este ensaio é um dos desdobramentos de nossa pesquisa doutoral, a qual objetivava elaborar
Unidades Básicas de Problematização (UBPs) a partir da perspectiva de que a utilização de
fontes históricas originais podem ser inseridas como materiais auxiliares na implementação de
Metodologias Ativas de ensino nas aulas de matemática da Educação Básica e em cursos de
formação inicial e continuada de professores de matemática. As UBPs integrantes do trabalho
foram elaboradas a partir da leitura, tradução e investigação do potencial didático-pedagógico
do livro Lettres à une princesse d’Allemagne sur divers sujets de physique et de philosophie
publicado pelo matemático e físico Leonhard Paul Euler (1707-1783) em São Petersburgo entre
1768 e 1772. A motivação para a escolha da obra residiu no fato de que a mesma reúne um
conjunto composto por 234 cartas pedagógicas que tratam sobre diversos temas científicos e
filosóficos, fato que a tornou um sucesso imediato, sendo traduzida rapidamente para todos os
principais idiomas da época e, por muito tempo permaneceu como uma obra referência sobre o
modo de como ensinar a cultura científica e filosófica popular na Europa do século XVIII. As
UBPs produzidas sinalizam para possibilidades concretas de entrelaçamento entre os
conteúdos matemáticos extraídos do bojo de uma fonte histórica com metodologias de ensino
atuais a partir do redimensionamento do uso de cartas pedagógicas segundo a perspectiva
freireana da correspondência e, principalmente da utilização de novas vias de comunicação do
século XXI, ambas visando o diálogo e a aproximação entre quem escreve e quem lê.

Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais.
Matemática. Brasília. DF, 1997.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares para o Ensino Médio.
Vol. 2. Brasília, 2006.
FELLMANN, E. A. Leonhard Euler. Trad. Érika Gautschi e Walter Gautschi. Basel, Suíça:
Birkhäuser Verlag, 2007.
MIGUEL, A; MENDES, I. A. Mobilizing histories in mathematics teacher education: memories,
social practices and discursive games. In: ZDM Mathematics Education. 2010 42:381 – 392.
PEREIRA, D. E. Correspondências científicas como uma relação didática entre história e
ensino de matemática: o exemplo das cartas de Euler a uma princesa da Alemanha. Tese
(Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Educação. Programa de
Pós-Graduação em Educação. Natal/RN, 2014, 276 f.
PEREIRA, D. E; MENDES, I. A. As correspondências entre Euler e a princesa alemã como
unidades básicas de problematização para as aulas de Matemática. São Paulo: Editora
Livraria da Física, 2015 –(série história da matemática para o ensino; vol.3)

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AS DUAS VISÕES DA “CRISE DOS INCOMENSURÁREIS”

Pedro Henrique Fidelis de Moura – UFAL – fidelis_negow@hotmail.com


Viviane de Oliveira Santos – UFAL – viviane.santos@im.ufal.br

O que ficou conhecido na História da Matemática como “a crise dos incomensuráveis”, para
uns foi um retrocesso, mas para outros a grande oportunidade de extinguir algumas verdades
que levaram à emissão de concepções pitagóricas que eram mais místicas do que científicas:
como, por exemplo, a tese de que no universo “tudo é número”, Tudo pode ser explicado
através dos números (inteiros) e suas razões (números racionais). Acreditava-se também que
dados dois segmentos quaisquer eles eram comensuráveis, isto é, que existia entre eles um
terceiro segmento, menor que os dois primeiros, tal que cada um deles era múltiplo inteiro do
menor (MOREIRA; CABRAL, 2011). Ao estudar os pré-socráticos, percebemos que Pitágoras
era uma figura polêmica dentro da história da matemática, envolto numa névoa de mistério
(EVES, 1990). Durante muito tempo, a descoberta da incomensurabilidade foi mantida em
segredo pelos iniciados da seita pitagórica, até o momento em que Hipaso de Metaponto,
divulga a descoberta. Possivelmente, adotaram o princípio especulativo segundo o qual não é
a teoria que tem de estar em correspondência com a realidade e sim os fatos é que têm de
estar em consonância com a explicação construída com base em conjecturas consideradas
absolutas (GUERREIRO, 2000). Embora seja uma concepção alicerçada no conceito de
número, que era produto de seus estudos matemáticos, está longe de ser uma filosofia
inspirada na matemática (GUERREIRO, 2000). Nosso objetivo é imergir na história de
Pitágoras, e por fim analisar as duas visões do episódio da crise. A primeira e mais conhecida,
reconhece que a descoberta da incomensurabilidade foi seguida de uma crise no pensamento
que atrasou por mais de mil anos o desenvolvimento da aritmética e da álgebra (ÁVILA, 2001),
já a segunda, muito restrita, indica que o estudo do assunto não traz nenhuma evidência de
uma crise, no máximo um conflito no pensamento pitagórico (GONÇAVES; POSSANI, 2009).

Referências
ÁVILA, G. Análise Matemática para Licenciatura. Ed I, SP Editora Edgard Blucher, 2001
EVES, H. Introdução à história da matemática. Tradução: Hygino H. Domingues. Campinas,
SP: Editora da UNICAMP, 2004.
GONÇALVES, C. H. B.; POSSANI, C. Revisitando a descoberta dos incomensuráveis na
Grécia Antiga. In: Revista Matemática Universitária. N° 47, SBM, 2009.
GUERREIRO, M. A. L. Pré-Socráticos: A Invenção da Filosofia. Ed. II. Papirus Editora, 2000.
MOREIRA, C., N.; CABRAL, M. A. P. Curso de Análise Real. 2. ed. V. 2.4. Rio de Janeiro:
Departamento de Matemática Aplicada, Instituto de Matemática, UFRJ, 2011.

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ASPECTOS HISTÓRICOS DAS GEOMETRIAS EUCLIDIANA E ESFÉRICA E SEUS
ESTUDOS NO ENSINO MÉDIO

Kelly Kananda Teixeira Antunez – UNIOESTE – kellykananda@hotmail.com


Vanessa Lucena Camargo de Almeida Klaus – UNIOESTE – vanessa.almeida3@unioeste.br

O artigo tem como propósito apresentar algumas contextualizações históricas da Geometria


Euclidiana e Geometria Esférica e a importância de seus estudos no contexto escolar da
Educação Básica. Para isso, foi efetuada uma pesquisa bibliográfica baseada na literatura
sobre a história das Geometrias nos estudos de Eves (2004), Katz (2008), Greenberg (2008),
Coutinho (2001), e aplicação no Ensino Médio em Zanella (2013), entre outros. Além disso,
desenvolvemos uma pesquisa qualitativa, com base no estudo de caso, em que aplicamos uma
proposta didática envolvendo conceitos básicos dessas geometrias. Da análise, verificamos, a
partir do século XIX, várias contestações sobre as verdades de Euclides o que trouxe o
desenvolvimento de outras geometrias tão consistentes quanto a Geometria Plana, no caso a
Geometria Esférica. Da implementação da proposta, concluímos que o estudo dessas
Geometrias no Ensino Médio permitiu aos alunos conhecer conceitos básicos, suas
divergências, aspectos históricos e perceber a necessidade de ambas para os avanços
científicos. Acreditamos que inserir o estudo dessas Geometrias na Educação Básica pode
favorecer questionamentos e reflexões sobre esses conhecimentos, especialmente sobre a
Geometria Esférica, uma Matemática pouco ou não conhecida pelos alunos do Ensino Médio.

Referências
COUTINHO, L. Convite às geometrias não-euclidianas. 2 ed. Rio de Janeiro: Interciência,
2001.
EVES, H. Introdução à história da Matemática. Tradução de Hygino H. Domingues.
Campinas: Editora Unicamp, 2004.
GREENBERG, M. J. Euclidean and Non-Euclidean Geometries: Development and History. 4.
ed. NY.: W. H. Freeman and Company, 2008.
KATZ, V. J. A history of mathematics: An Introduction. 3. ed. 2008.
ZANELLA, I. A. Geometria esférica: uma proposta de atividades com aplicações. 2013.
Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional) – Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, 2013. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?view=vtls000183037 >. Acesso em: 02 abr.
2018.

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ASTROLÁBIO CASEIRO E TRIGONOMETRIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Juliana M. Schivani Alves – IFRN – Juliana.schivani@ifrn.edu.br


Emanuel Gomes Lourenço – IFRN – Emanuel.lourenco@ifrn.edu.br
Francisco Batista de Medeiros – IFRN – Francisco.medeiros@ifrn.edu.br
Rafael Pereira de Melo – IFRN – Rafael.melo@ifrn.edu.br

A palavra astrolábio vem de astro que quer dizer estrela e lábio que significa busca. Assim,
podemos considerar o astrolábio como um instrumento que busca estrelas. Na antiguidade, era
usado para determinar a posição dos astros no céu e serviu como localização marítima para os
navegantes. Trata-se de um instrumento de navegação antigo em que os navegantes
utilizavam para se localizarem em alto mar, medindo, inicialmente, a altura em que se
encontravam da estrela polar, mais visível a olho nu em qualquer período da noite e do Sol,
durante o dia. Ele permitia descobrir a distância que ia do ponto de partida até ao lugar onde a
embarcação se encontrava. Um astrolábio caseiro pode ser construído fixando na base de um
transferidor meia-lua, um canudo de refrigerante ou de caneta e no seu centro, amarra-se um
barbante com um peso na outra extremidade (formando um pêndulo). Para usar em medidas
inacessíveis, olhando o topo de um monumento através do canudo, mede-se o ângulo (o valor
do transferidor onde o pêndulo passa). Com a medida do ângulo e da distância do monumento
até o medidor (observador), forma-se um triângulo retângulo. Usando a fórmula da razão
trigonométrica da tangente (tangente de um ângulo é igual a razão entre o cateto oposto e o
cateto adjacente do triângulo retângulo), descobre-se a altura do monumento (não esquecendo
de somar com a altura do observador). Nesse trabalho vimos relatar a experiência realizada
com turmas da primeira série do Ensino Médio do IFRN com a finalidade de abordar o
conteúdo de razões trigonométricas de forma mais prática e com significado. Os discentes se
dividiram em grupos e cada um escolheu um monumento diferente da cidade para ser medido.
Entre as opções, destacou-se o edifício mais alto de Natal e a árvore de natal do maior
shopping do município. Os grupos apresentaram suas experiências à turma, exibindo
fotografias do momento da medição, justificando a escolha do monumento e relatando suas
dificuldades e cálculos. Os resultados foram os mesmos encontrados com outros instrumentos
de medição e despertou o interesse e a curiosidade da turma pelo estudo das razões do seno,
cosseno e tangente, conteúdos também estudados no nono ano do Ensino Fundamental.

Referências
MENDES, I. A. Matemática e investigação em sala de aula: tecendo redes cognitivas na
aprendizagem. 2. ed. revista e ampliada. São Paulo: Ed. Livraria da Física, 2009a (Coleção
Contextos da Ciência).

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BATTLEMATH: JOGANDO E ENSINANDO COM A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Matheus Maziero – UNIOESTE – matheusmpb10@hotmail.com


Rodrigo Cabanha – UNIOESTE – rodrigo_cabanha96@hotmail.com
Marcelo Botura Souza – UNIOESTE – mbsfoz@gmail.com
Antonio Rodrigues Junior – UNIOESTE – juniorarjrodri3@gmail.com
Marcos Lübeck – UNIOESTE – marcoslubeck@gmail.com

A História da Matemática é a principal ferramenta de investigação das origens e descobertas


matemáticas realizadas ao longo da história, desde as antigas civilizações até os dias atuais.
Destacamos, dentro desse contexto, a possibilidade de trabalhar o ensino de Matemática de
uma forma mais lúdica, utilizando aspectos históricos para estimular o estudo dessa disciplina
que, por meio de passagens históricas pode aproximar os grandes matemáticos da história e
os seus feitos à Matemática Escolar que temos hoje, tornando-a mais atrativa para os
estudantes. Assim, construímos o que acreditamos ser um instrumento facilitador para a prática
de ensino de Matemática, ou seja, confeccionamos um jogo épico, onde a Matemática é
estudada no seu âmbito histórico. O argumento defendido dentro da construção desse jogo
visa rebater a ideia comumente aceita de que a Matemática surge como algo pronto,
pensamento esse que ignora toda a conjuntura histórica. o BattleMath consiste em um jogo de
tabuleiro abrangente, que trata de conceitos históricos da Matemática, os quais podem ser
abordados, transversalmente, com uma experiência divertida e elementos estratégicos e
sensoriais amplos, os quais visam aprimorar os aspectos cognitivos e sociais de quem o joga.
Os componentes do jogo foram construídos utilizando ferramentas online de acesso livre e
gratuito, os quais compreendem o tabuleiro e as mais de 100 cartas com informações e
curiosidades da História da Matemática, retiradas, sobretudo, dos livros de Garbi (2009), Eves
(2011), Katz (2009) e Cajori (1993). As demais peças do jogo foram construídas com materiais
de fácil acesso, baixo custo e bom manuseio. O jogo pode ser aplicado nos diversos níveis de
ensino, basta adequar ao conteúdo.

Referências
CAJORI, Florian. A History of Mathematical Notations: two volumes bound as one. New
York: Dover, 1993.
EVES, Howard. Introdução a História da Matemática. 5 ed. São Paulo: Editora da Unicamp,
2011.
GARBI, Gilberto Geraldo. A Rainha das Ciências: um passeio histórico pelo maravilhoso
mundo da matemática. 3 ed. São paulo: Livraria da Física, 2009.
KATZ, Victor J. A History of Mathematics: an introduction. 3. ed. Boston: Pearson, 2009.

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CONCEPÇÕES SOBRE A MATEMÁTICA E O CONHECIMENTO MATEMÁTICO - UM
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO DE TESES E DISSERTAÇÕES

Marisa Raquel de Melo Pereira – UEM – marisaraquelmelo@gmail.com


Lucieli M. Trivizoli – UEM – lmtrivizoli@uem.br

O presente trabalho é fruto dos estudos realizados no âmbito do curso de mestrado do


Programa em Educação para o Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Estadual de
Maringá. A proposta da pesquisa é analisar a partir de questionários escritos e respondidos nas
aulas de Teoria e Prática Pedagógica I, quais são as concepções que os acadêmicos do 2º ano
do curso de Licenciatura em Matemática (dos anos 2017 e 2018) possuem a respeito do
conhecimento matemático. No intuito de aprofundar nossos conhecimentos sobre o tema, foi
realizado um levantamento bibliográfico, no catálogo de teses e dissertações da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), relacionando as expressões
“concepções de matemática”, “concepções da matemática”, “concepções sobre a matemática”
e “concepções sobre o conhecimento matemático” e foram encontrados 50 trabalhos, os quais
serão analisados e selecionados pela sua proximidade ao nosso tema a partir da leitura
informativa, segundo os critérios mencionados por Lakatos e Marconi (2003). As obras
selecionadas, bem como a análise das mesmas irão compor a apresentação deste trabalho.

Referência
LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2003.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA MATEMÁTICA NO INÍCIO DO
SÉCULO XX A PARTIR DO ESTUDO DE BIOGRAFIAS

Daniele Aparecida de Oliveira – UNIFEI – daniaoliveira@outlook.com


Mariana Feiteiro Cavalari – UNIFEI – mfcavalari@unifei.edu.br

Os esforços para recuperar a trajetória das mulheres na ciência podem ser identificados,
sobretudo, a partir das décadas de 1970 e 1980. Inicialmente, para Schiebinger (2001), as
biografias foram tomadas como objetos de estudo para evidenciar as contribuições femininas e,
posteriormente, como forma de incentivar maior participação das mulheres. Corroborando a
Trindade, Beltran e Tonetto (2016), entendemos que as biografias expressam fatos sobre a
natureza e construção do conhecimento científico, além de integrar a vida individual com os
múltiplos contextos nos quais ela se desenvolve. Assim, esta pesquisa foi guiada pela intenção
de analisar a inserção das mulheres no ambiente acadêmico nos anos iniciais do século XX,
período em que houve um aumento expressivo da presença feminina na Matemática.
Analisamos por meio de técnicas da Análise de Conteúdo, as biografias das matemáticas
Grace Chisholm Young, Amalie Emmy Noether, Anna Johnson Pell Wheeler, Julia Robinson,
Mary Ellen Rudin e Vivienne Malone-Mayes, com vistas a identificar como questões
relacionadas ao gênero influenciaram suas carreiras. A escolha por estas mulheres se baseou
em Henrion (1997), de modo a contemplar uma maior diversidade quanto às áreas de trabalho,
raças, etnias e situações pessoais e profissionais. Podemos afirmar que as análises indicam a
inexistência de um perfil único para esse grupo de mulheres, que varia de questões financeiras
e familiares, à aceitação institucional no ambiente acadêmico. Notamos que os professores e
professoras dessas mulheres foram importantes para incentivar o ingresso e a permanência
destas na carreira acadêmica. Ressaltamos que mesmo após ingressarem nas universidades,
o tradicionalismo masculino da carreira pode ter contribuído para situações de preconceitos,
impedimentos e a invisibilidade de algumas dessas mulheres.

Referências
HENRION, C. Women in Mathematics: The Addition of Difference. Bloomington: Indiana
University Press, 1997.
SCHIEBINGER, L. O feminismo mudou a Ciência? Trad. Raul Fiker. Bauru: EDUSC, 2001.
(Mulher.)
TRINDADE, L. S. P.; BELTRAN, M. H. R.; TONETTO, S. R. Práticas e estratégias femininas:
histórias de mulheres nas ciências da matérias. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2016.

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EXPERIÊNCIAS INTERCULTURAIS COM/NA EDUCAÇÃO (ESCOLAR) INDÍGENA
TUPINIKIM DE ARACRUZ, ESPÍRITO SANTO

Ozirlei Teresa Marcilino – UAB – otmarcilino@yahoo.com.br

O texto apresenta o protagonismo dos educadores indígenas tupinikim de Arazruz/ES no


contexto da Aldeia Indígena de Comboios. Objetiva compreender a construção de significados
e conhecimentos matemáticos incorporados por meio de uma história de luta pela terra e por
uma educação escolar indígena diferenciada, específica, intercultural e bilíngue de qualidade.
Mais especificamente, discute com os educadores indígenas a formação de conceitos
matemáticos e a construção de um currículo que atenda às especificidades da cultura
tupinikim. A educação escolar indígena busca a formação de um profissional que desenvolva a
autonomia intelectual (GRAMSCI, 1976) e articule teoria e prática no trabalho pedagógico
respeitando sua cultura num trabalho coletivo e democrático. A proposta de um intelectual
orgânico da cultura indígena que se organiza em estratégias de resistência, que muitas vezes,
podem ser interpretadas por desordem, desacato às leis; que ainda sofre pela garantia
constitucional de posse de suas terras de usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e
dos lagos nelas existentes" (CF, 1988). No trabalho com educadores indígenas, Scandiuzzi
(2000, p.193) nos lembra que “o educador que assessora a formação do professor indígena,
estará recebendo e dando informações [...] um processo multidimensional, de interação entre
sujeitos de identidades culturais diferentes. Estes, através do encontro intercultural, vivem uma
experiência profunda e complexas de conflito/acolhimento”. Sob esses aspectos, considera que
educar matematicamente será desenvolver, neste diálogo simétrico, formas de um diálogo
franco, aberto, que exigirá do educador e do educando um crescer no conhecimento da arte ou
técnica de explicar, de compreender, de entender, de interpretar, de relacionar, de manejar e
lidar com o entorno sociocultural” (SCANDIUZZI, 2000, p. 190). Por conseguinte, entendemos
que trabalhar a educação intercultural (FLEURI, 2003) nos desafia a todo instante, pois,
também é exercitar a nossa alteridade e identidade. E, acrescento, que a partir da nossa visão
não indígena é fundamental não ferir a relação que se estabelece a partir do diálogo
intercultural (MARCILINO, 2014). Assim, discutiremos alguns saberes (matemáticos) indígenas
fortalecidos na luta pela terra e pela educação escolar indígena.

Referências
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Congresso Nacional: Brasília, 1988.
FLEURI, Reinaldo Matias (org.). Educação intercultural: mediações necessárias. Rio de
Janeiro: DP&A, 2003.
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Editora
Civilização Brasileira, 1988.
MARCILINO, Ozirlei Teresa. Educação escolar Tupinikim e Guarani: experiências de
interculturalidade em aldeias de Aracruz, no estado do Espírito Santo. 2014. 241 f. Tese
(Doutorado) – Curso de Pós-graduação em Educação, Ufes, Vitória, 2014.
SCANDIUZZI, Pedro Paulo. Educação Indígena x Educação Escolar Indígena: uma relação
etnocida em uma pesquisa etnomatemática. 2000.206 f. Tese (Doutorado) – Curso de Pós-
graduação em Educação, Unesp, Marília, 2000.

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FATOS HISTÓRICOS DOS ELEMENTOS DE EUCLIDES E DO PAPIRO DE RHIND

Jaqueline dos Santos Freitas – UFAL – jaqueline.freitas@im.ufal.br


Viviane de Oliveira Santos – UFAL – viviane.santos@im.ufal.br

Nosso trabalho faz parte do projeto de pesquisa “A álgebra geométrica ao longo da história da
matemática” do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC-UFAL), cujo
objetivo é trabalhar alguns problemas de álgebra e operações numéricas que foram explicados
geometricamente. Iremos focar neste trabalho em abordar fatos históricos do Papiro de Rhind e
dos Elementos de Euclides, baseados em diversos textos. Iremos coletar informações em
Euclides (2009), Garbi (2010), Martins (2015), Robins y Shute (1987), Gillispie (2007), Eves
(2004), Roque (2012), entre outros. O Papiro de Rhind é uma fonte primária rica sobre a
matemática egípcia antiga, é um texto matemático na forma de um manual prático que contém
85 problemas copiados em escrita hierática pelo escriba Ahmes de um trabalho mais antigo
(EVES, 2004). Sobre os Elementos de Euclides, iremos abordar a influência de Euclides nas
diversas áreas e sua biografia, baseada em seus trabalhos presentes ao longo da história e
através de citações de seus seguidores. outras obras de Euclides: Geometria: Elementos; Os
Dados; Sobre as divisões de figuras; Porismas; Cônicas; Loci da superfície; Livros das falácias;
Phaenomena; Optica, Catróptica; Elementos da música; Mecânica (EUCLIDES, 2009;
GILLISPIE, 2007).

Referências
EUCLIDES. Os elementos. Tradução e introdução de Irineu Bicudo. São Paulo: Editora
UNESP, 2009.
EVES, H. Introdução à história da matemática. Tradução: Hygino H. Domingues. Campinas,
SP: Editora da UNICAMP, 2004.
GARBI, G. G. A Rainha das Ciências: um passeio histórico pelo maravilhoso mundo da
matemática. 5ª edição revisada e ampliada. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2010.
GILLISPIE, C. C. (Organizador). Dicionário de bibliografias científicas. Tradução Carlos
Almeida Pereira... [et al.]. Rio de Janeiro: Contraponto, 2007.
MARTINS, J. O livro que divulgou o papiro Rhind no Brasil. Dissertação de mestrado.
Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, 2015.
ROBINS, G.; SHUTE, C. The Rhind Mathematical Papyrus: na ancient Egyptian text. London:
British Museum Press, 1987.
ROQUE, T. História da matemática: uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Rio de
Janeiro: Zahar, 2012.

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FIBONACCI E A FORMAÇÃO DO CONCEITO DE PROPORÇÃO ÁUREA

Laura Maria dos Santos Medeiros Pereira – IFRN – laura.medeiros@academico.ifrn.edu.br


Rafael Pereira de Melo – IFRN – rafael.melo@ifrn.edu.br
Emanuel Gomes Lourenço – IFRN – emanuel.lourenco@ifrn.edu.br
Pedro Gurgel Moraes – IFRN – pedro.gurgel@ifrn.edu.br

O número de ouro (Phi) é um número irracional misterioso e enigmático, ele aparece em uma
infinidade de elementos da natureza na forma de uma razão e foi o primeiro número irracional
que se teve consciência que o era, então, dois mil anos depois recebeu o nome de Número de
Ouro. Também nomeado de razão áurea, sua aplicação pode não ser precisa, no Egito antigo
as pirâmides de Gizé foram construídas tendo a razão entre a altura de uma face e metade do
lado da base da grande pirâmide, isso resulta o número de ouro. Construído centenas de ano
depois por Phideas (onde originou-se o nome Phi), o Partenon grego contém a razão de ouro
no retângulo de sua fachada principal, o que revela uma preocupação dos gregos na harmonia
e beleza de suas obras. Contudo, Leonardo Pisano (também conhecido como Fibonacci) foi um
dos grandes matemáticos que contribuiu para a história do número de Ouro com seu estudo
sobre o crescimento da população de coelhos (sequência de Fibonacci). O presente trabalho
tem como objetivo traçar toda a trajetória histórica do experimento de Fibonacci até a
descoberta da proporção áurea em sua sequência, utilizando uma linha do tempo para
distinguir cada parte de sua descoberta e linha de raciocínio. Por fim, a partir do desenvolvido,
analisar o conceito formado de proporção áurea ao longo do tempo em comparação ao estudo
de Fibonacci.

Referência
EVES, Howard. Introdução à história da matemática. Campinas, Editora Unicamp,
2004.ROQUE, Tatiana. História da Matemática: Uma visão crítica, desfazendo mitos e
lendas. Rio de Janeiro, Editora Zahar, 2012.

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FRANCIS GALTON (1822-1911), REGRESSÃO LINEAR (1875) E ESTUDOS
ANTROPOMÉTRICOS BRASILEIROS: USANDO A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA PARA
APLICAR FUNÇÕES AFIM

Juliana M. Schivani Alves – IFRN – Juliana.schivani@ifrn.edu.br


Emanuel Gomes Lourenço – IFRN – emanuel.lourenco@ifrn.edu.br
Elthon Jhon Rodrigues de Medeiros – IFRN – Elthon.medeiros@ifrn.edu.br
Alberico Teixeira Canário de Souza – IFRN – Alberico.canario@ifrn.edu.br

Os filhos herdam todas as características físicas e mentais dos seus pais? Acreditando que
isso era totalmente possível, Francis Galton (1822-1911) criou a Eugenia, um ramo da ciência
que significava, ao pé da letra, bom nascimento. Sua teoria propôs acasalar casais pré-
selecionados por possuírem boas características e, dessa forma, melhorar a raça humana.
Para provar isso, o matemático coletou medidas de 9000 pais e filhos adultos e analisou os
dados por meio da sua criação, a Regressão Linear (1875), que consiste em uma ferramenta
Estatística que relaciona duas variáveis quantitativas de modo que uma variável pode ser
estimada a partir do valor da outra, encontrando a função que melhor se ajusta a um conjunto
de valores (x, y) dados. Ela tem esse nome pelo conjunto de pontos se ajustarem a uma função
linear e gerar um gráfico em forma de linha reta. Com a função de ajuste que relaciona as
alturas dos pais e dos filhos, por exemplo, é possível estimar a altura de um filho que ainda não
nasceu, sabendo apenas a altura dos seus pais. A partir desses tópicos da História da
Matemática e da Estatística, é possível trabalhar conceitos matemáticos como par ordenado,
plano cartesiano, variáveis dependentes, variáveis independentes e função afim. A proposta é
re(construir) os experimentos de Galton, mas não pedindo “que os alunos refaçam os principais
passos do descobrimento (construção) de um conceito matemático de acordo com a
formulação da época em que o referido conceito foi construído, pois esse é um modo estático
de trazer a história para a sala de aula, podendo, até, gerar maiores problemas em vez de
resolver os que já existem. O professor deve, portanto, utilizar a história de um modo mais
aliado às condições reais em que os estudantes se encontram, ou seja, a partir da
incorporação dos aspectos socioculturais pelos quais os estudantes compreendem e explicam
a sua realidade. Além disso, pode lançar mão de outros instrumentos de aprendizagem que
enfatizem no processo de construção histórica, uma dinâmica cultural existente no
conhecimento matemático construído” (MIGUEL; et al, 2009, p. 112). Como Fossa; Mendes e
Valdés (2006, p. 97) explicam: “Na verdade, queremos propor uma abordagem histórica que
provoque no aluno uma reformulação da problematização histórica para o momento atual,
considerando o contexto em que ele está inserido”. Desse modo, é proposto atividades em que
os alunos utilizem a Regressão Linear para resolver um problema atual: o estudo
antropométrico brasileiro que estabelece padrões de numeração de vestuário.

Referências
FOSSA, J. A.; MENDES, I. A.; VALDÉS, J. E. N. A História como um agente de cognição na
Educação Matemática. Porto Alegre: Sulina, 2006.
MIGUEL, A.; et al. História da Matemática em Atividades Matemáticas. São Paulo: Livraria
da Física, 2009.

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E JOGOS: O MANCALA

Laira Lamburghini Brandão Ribeiro – IFES – lairalbr@gmail.com

Este artigo foi desenvolvido na disciplina de História da Matemática no curso de Licenciatura


em Matemática no Instituto Federal do Espírito Santo, e tem como objetivo apresentar uma
proposta de ação de ensino apoiada centralmente na HM e auxiliada pelo uso de jogos. O jogo
é um produto histórico-cultural que pode se traduzir em matemática, por meio de suas regras,
estruturas lógicas e estratégias. Quando utilizado com intencionalidade na educação
matemática, o jogo possibilita ao aluno refletir sobre suas ações e reformular ou ampliar
conceitos matemáticos. Propomos aqui uma ação de ensino utilizando o jogo Ayo, uma
variação da família de jogos Mancala (SANTOS, 2008). No contexto da educação básica, este
jogo permite inúmeras possibilidades de contagem, comparação, criação de estratégias para a
resolução de problemas e lateralidade. Pontuamos a interação social que promove processos
de controle das emoções, de atitudes esperadas, que permite integrar as crianças ao saber
cultural do seu grupo e a forma que utilizam para entender o mundo (ZEZA; et al, 2012).
Acreditamos que através das ações do jogo podemos retomar processos históricos de
construção dos tópicos matemáticos conforme Mendes (2008). Podemos perceber que a HM
está presente em todo o processo de ensino e aumento de significação da matemática no
ambiente escolar.

Referências
MENDES, I. A. TENDÊNCIAS METODOLÓGICAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA. Belém:
EdUFPA, 2008. EDUCIMAT; v.41.
SANTOS, C. J. dos. JOGOS AFRICANOS E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: SEMEANDO
COM A FAMÍLIA MANCALA. Maringá, 2008. Disponível em: <https://bit.ly/2KID1pD >. Acesso
em: 13 de junho de 2017.
ZEZA, B; FANIZZI, C; BENEDETI, F; NUNES, F. UNIDADE DIDÁTICA: O uso do jogo no
ensino da matemática. São Paulo: 2012. Disponível em: < https://bit.ly/2jDbbyR >. Acesso em
24 de abril de 2018, as 16h51.

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NOS LIVROS DIDÁTICOS DOS SEXTOS ANOS: UM OLHAR
PARA O PNDL 2014

Luciana Del Castanhel Peron – UNIOESTE – lucianaperon@hotmail.com


Clélia Maria Ignatius Nogueira – UNIOESTE – voclelia@gmail.com

Segundo as orientações metodológicas presentes nas Diretrizes da Educação do estado do


Paraná, para a disciplina Matemática (documento basilar da atividade docente), “[...]os
conteúdos propostos devem ser abordados por meio de tendências metodológicas da
Educação Matemática que fundamentam a prática docente” (DCE, 2008, p.63) e entre as
tendências citadas encontramos a História da Matemática. No mesmo documento identificamos
atribuições à tendência “[...]um elemento orientador na elaboração de atividades, na criação
das situações-problema, na busca de referências para compreender melhor os conceitos
matemáticos”, “[...] a história deve ser o fio condutor que direciona as explicações dadas aos
porquês da Matemática” (DCE, 2008, p.66). Essas atribuições são reais quando nos referimos
a potencialidade da utilização da História da Matemática para o Ensino da disciplina, porém
uma reflexão faz-se necessária em relação a prática docente e ao planejamento das aulas. O
número de docentes que realiza seus estudos e planejamento de aulas a partir de livros
didáticos é expressivo e a utilização de livros didáticos durante as aulas é quase unanime, tais
fatos nos remetem ao questionamento: A maneira como História da Matemática vem sendo
abordada nos livros didáticos contribui para o Ensino de Matemática ou se apresenta
meramente como uma seção de curiosidades/você sabia? Buscou-se responder esse
questionamento a partir da análise de 5 obras de sextos anos aprovadas no PNLD 2014, para
utilização no triênio 2014/2015/2016, período em que a primeira autora deste trabalho teve
oportunidade de trabalhar com essas turmas na Educação Básica e utilizar três das obras
analisadas. Como resultado da análise foi possível constatar que são escassas as abordagens
de História da Matemática nas obras, a associação da História da Matemática para
contextualização de conceitos apresenta baixa ocorrência prevalecendo o caráter meramente
informativo, com frequência no fechamentos de seções/capítulos, o que reforça a ideia de que
a Matemática se faz por meio de descobertas de mentes inspiradas, descartando desta forma
todas as refutações existentes para a construção de um conceito, desprezando a Matemática
como uma construção social. Concluímos que ao professor que se propõe a utilizar a História
da Matemática segundo as orientações das diretrizes cabe a tarefa de ampliar seus estudos e
planejamentos para além da fonte livro didático.

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IMPRESSÕES DE FUTUROS PROFESSORES ACERCA DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Élida Maiara Velozo de Castro – UNESPAR – elidamaiara.vc@gmail.com

Neste estudo temos por objetivo discutir as impressões dos alunos, de um curso de
Licenciatura em Matemática, sobre a História da Matemática. Para isso elegemos como foco
de investigação a seguinte questão: o que se evidencia das impressões do futuro professor de
matemática acerca da História da Matemática? Para tanto, assumimos a abordagem qualitativa
conforme Goldemberg (2011) e os pressupostos da Análise de Conteúdo, por Laurence Bardin,
nortearam o processo investigativo. Os dados foram coletados por meio de questionário
aplicado a alunos do 4º ano do curso de Licenciatura em Matemática de uma Instituição
Pública, no início da disciplina de História e Filosofia da Matemática. Da análise identificamos
cinco categorias de impressões dos alunos acerca da História da Matemática no processo de
ensino e aprendizagem, a saber: Compreensão de conceitos/conteúdos, Contextual, Fonte
para novos conhecimentos, Humanal e Motivacional. Os resultados apontam que, mesmo a
maior parte dos alunos tenha cursado disciplinas pedagógicas e específicas, o conhecimento
apresentado ainda vem do senso comum e que, embora os alunos reconheçam a importância
da História da Matemática para o ensino e aprendizagem, eles só conseguem estabelecer a
relação entre elas – história e matemática – quando os termos aparecem juntos. Além disso, as
impressões dos alunos retratam uma fragmentação História-Matemática, que alertam para a
necessidade de pensar práticas capazes de superar esses paradigmas dentro do próprio curso
para que sejamos capazes de formar profissionais que reconheçam na História da Matemática
potencialidades para o ensino e aprendizagem de Matemática. Concluímos, também ser
necessária a abordagem de História da Matemática na formação inicial, visando incentivar a
articulação entre aspectos históricos e conceituais da Matemática, de modo a fortalecer e
explorar discussões e reflexões do futuro professor sobre suas próprias impressões.

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LINHA DO TEMPO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA NUMA ESCOLA
VIVA

Vanessa Bayerl Cesana – SEDU – vanessabcesana@gmail.com

Analisa-se um projeto de construção de uma linha do tempo, envolvendo apresentação e


exposição de trabalhos nos corredores da escola, contando a História da Matemática, desde a
Matemática Paleolítica até os dias atuais, envolvendo todos os alunos do Centro Estadual de
Ensino Fundamental e Médio de Tempo Integral Marita Motta Santos - Escola Viva, município
de São Mateus/ES, dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Objetiva-se
levar os alunos a conhecerem a História da Matemática e perceberem a importância dos
matemáticos que contribuíram para o processo de desenvolvimento dos conceitos estudados
na educação básica. Para isso, utilizar-se-á da História da Matemática como um recurso para
ensinar, firmando-se teoricamente em Silva (2009), quando orienta que é possível ir além da
exposição oral sobre episódios da História da Matemática a fim de trabalhar com matemática
em sala de aula, e, em Baroni e Nobre (1999), quando sugerem a História da Matemática como
instrumento de destaque a ser utilizada em sala de aula. O projeto configura uma pesquisa
qualitativa de um estudo de caso do tipo etnográfico, utilizando as especificidades da etnografia
escolar como conceituada por André (2005). A execução desta proposta de trabalho na escola
iniciou-se em março de 2018 e está prevista para encerrar no dia 8 de maio de 2018 e,
pretende-se, após isso, realizar uma análise da realização deste projeto na escola. Espera-se
também, com este trabalho, consolidar um projeto anual sobre História da Matemática na
referida escola para comemoração do dia nacional da Matemática.

Referências
BARONI, R. L. S.; NOBRE, S. A pesquisa em história da matemática e suas relações com
a educação matemática. In: BICUDO, M. A. V. (Org.). Pesquisa em educação matemática:
concepções e perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999. p. 129-136.
SILVA, Circe Mary Silva da. Qual o papel da História da Matemática na Educação
Matemática? In: VIII SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA, 2009, Belém,
Pará. Anais do VIII Seminário Nacional de História da Matemática. Belém: SNHMat, 2010. p.
167-177.
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. São Paulo: Papirus,
2005

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MALBA TAHAN: RELAÇÕES ENTRE HISTÓRIA E O ENSINO

Isabella Stersa de Oliveira – UNIOESTE – isabellastersa@gmail.com


Renata Camacho Bezerra – UNIOESTE – renatacamachobezerra@gmail.com

Este pôster apresenta um recorte da pesquisa de Iniciação Científica Voluntária – PICV


desenvolvida na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Campus de Foz do
Iguaçu que estuda Malba Tahan, sua obra “Os Números Governam o Mundo” e as relações
com o ensino da Matemática, no qual nos deteremos em apresentar e discutir a vida e obra do
autor e algumas relações com o ensino da Matemática. O autor e professor Malba Tahan ou
simplesmente Júlio César de Mello e Souza foi um grande nome para a Educação, em especial
para Educação Matemática e isso se deu por diversos motivos, dentre eles, porque em sua
obra se promovia a interdisciplinaridade, a fuga do que o autor chamava à época de
“algebrização” (que seria o caráter formal que a matemática apresentava, forçando os alunos
ao uso excessivo de fórmulas decoradas, sem, de fato, saber utiliza-las) e a resolução de
exercícios por meio da ludicidade. Todas essas características são encontradas na maioria de
suas obras e auxiliam o professor no ensino da matemática por meio de uma metodologia
alternativa. As obras mostram a matemática envolvida em problemas do cotidiano, obras como
seu mais renomado livro “O Homem que Calculava” ou então o objeto da pesquisa PICV “Os
Números Governam o Mundo”, bem como, tantas outras escritas pelo mesmo. Mello e Souza
foi um educador à frente de seu tempo, sempre muito criativo e versátil. Fato esse que se
comprova pela sua carreira, onde, mesmo formado em Engenharia Civil, nunca a exerceu,
atuou desde o início de sua vida profissional como professor de história, geografia, física,
matemática, foi escritor de contos, livros didáticos, fez mais de 2000 palestras/cursos e
também radialista por um curto período de tempo. Sua versatilidade é também comprovada no
uso de seus pseudônimos, sendo 4 conhecidos. Apesar de muito talentoso, sua didática só
teve o destaque merecido nos últimos dias de sua vida, pois a didática “malbatahanica” foi
ofuscada pela matemática moderna. Embora tenhamos vários trabalhos que estudam a vida e
obra de Malba Tahan ainda há muito por estudar, pesquisar e tão importante quanto estudar e
pesquisar é divulgar os resultados e fazer com que a leitura de Malba Tahan chegue até os
professores da educação básica e consequentemente aos alunos. Por fim, a história nos
mostra que um dos grandes reconhecimentos a importância de sua didática, a sua
contribuição enquanto educador e educador matemático está no fato de que o dia da
Matemática no Brasil é comemorado no dia 06/05 (seis de maio), dia do seu nascimento.

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MULTIPLICAÇÃO MEDIEVAL: ESTUDO E TRADUÇÃO DE UM MATERIAL A PARTIR DA
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA VOLTADO PARA A SALA DE AULA

Ana Caroline Frigéri Barboza – UEM – anac_fbarboza@hotmail.com


Lucieli M. Trivizoli – UEM – lmtrivizoli@uem.br

O intuito desse trabalho é relatar sobre o desenvolvimento de atividades no âmbito de um


Programa de Iniciação Científica da Universidade Estadual de Maringá – UEM, realizado pelas
autoras do trabalho. Neste projeto as ações estão baseadas no estudo e tradução de
atividades do livro “Learning Activities from the History of Mathematics” de Frank J. Swetz
(1994). Esse material é composto de atividades matemáticas a serem aplicadas em sala de
aula por meio da história da matemática. Neste trabalho será dada ênfase em uma delas, a fim
de expor as atividades que são indicadas pelo autor, e discutir as possíveis contribuições que
podem proporcionar para professores e, não por menos, aos discentes que usufruem dessa
prática docente. A atividade selecionada tem como tema “Multiplicação Medieval”, e sua
proposta é promover a prática com vários algoritmos históricos de multiplicação, em que é
possível discutir sobre o uso de calculadoras manuais e computadores como uma das fases
desta evolução. Entendemos que é de importância familiarizar os alunos quanto às origens do
que é estudado, propiciando contextualização histórica dos saberes matemáticos em saberes a
serem aplicados nas salas de aula. Para tanto, a apresentação da atividade que foi estudada e
traduzida tem o objetivo de contribuir para as possibilidades de ação docente e de oportunizar
a divulgação de um material para o ensino e aprendizagem da matemática por meio da história
da matemática.

Referências
SWETZ, Frank J. Learning Activities from the History of Mathematics. Portland: J. Weston
Walch Publisher, 1994.

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O LIVRO “HISTÓRIA DOS PESOS E MEDIDAS” COMO REFERÊNCIA PARA AULAS DE
GEOMETRIA

Wilma Pereira Santos Faria – UFU – wilmasantosfaria@gmail.com


Maria Teresa Menezes Freitas – UFU – mtmf@ufu.br

Trazer a História da Matemática para dentro da sala, torna a aula mais rica, uma vez que a
turma pode aprender como ocorre a construção do conhecimento matemático. O livro “História
dos Pesos e Medidas”, é uma referência positiva no conceito de medidas, este aborda a
evolução da Metrologia, desde a Antiguidade até os nossos dias, valorizando o seu conteúdo
social e realçando as relações do homem com os pesos e as medidas através do tempo. O
livro mostra, por meio da história, quanto esforço humano foi necessário para que o homem
tenha atualmente um sistema de medidas simples e coerente. Esta referência facilita a
introdução dos conceitos métricos e traz ao professor, aparato para trabalha este conceito na
sala de. A matemática em si, pode ser “respondida” através de sua história, isto é, quando
algum aluno se questiona sobre o que é matemática, a resposta pode estar nos fatos históricos
que há permeiam. É interessante que o aluno se sinta parte da construção da matemática que
conhecemos hoje. Nesta perspectiva, acreditando na afirmação de Freudenthal (apud
BALINHA E MAMEDE, 2016, p. 120) “a Geometria é o agarrar do aprender o espaço.... esse
espaço em que vive, respira e se move a criança”. Conhecer o ambiente em que vive e como a
matemática se constrói nesta configuração, é fundamental para a formação do aluno.

Referências
SILVA, Irineu da. História dos pesos e medidas. São Carlos. EdUFSCar. 190p. 2004.
BALINHA, Filipa; MAMEDE, Ema. Brincar com a geometria na educação pré-escolar.
Revista Saber e Educar ed. 21. p 118- 129. 2016.

Agradeço à FAPEMIG por fomentar e colaborar em minha participação neste evento.

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O MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON OU SIMPLESMENTE MÉTODO DE NEWTON PARA O
CÁLCULO DE RAÍZES QUADRADAS?

Andreilson Oliveira da Silva – IFRN – andreilson.oliveira@ifrn.edu.br


Elionardo Rochelly Melo de Almeida – IFRN – elionardo.melo@ifrn.edu.br
Pedro Gurgel Moraes – IFRN – pedro.gurgel@ifrn.edu.br
Jonaldo Oliveira de Medeiros – IFRN – jonaldo.medeiros@ifrn.edu.br

Isaac Newton (1642-1716) criou um método, que permite o cálculo de raízes quadradas não
exatas com aproximações. Além disso, o método de Newton tem a facilidade de ser um
algoritmo bastante simples para uma implementação computacional (ver [3]). O método de
Newton consiste em determinar uma sucessão de intervalos cada vez menores, todos
contendo 𝑎, de modo que as amplitudes dos intervalos tendam a zero. A partir desse método,
Newton deu um primeiro passo para uma outra forma de interpretar a raiz quadrada de um
número, ao invés de procurarmos o lado de um quadrado de área conhecida, agora podemos
procurar um número x tal que 𝑥 ! = 𝑘, ou ainda 𝑥 ! − 𝑘 = 0. Joseph Raphson foi o responsável
em 1960, por “aprimorar” e introduzir a fórmula de iteração hoje empregada na utilização desse
método. O método consiste em iniciar de um valor arbitrário 𝑎, “próximo” de 𝑘 e tomar como a
aproximação da raiz a interseção a´ da tangente ao gráfico de 𝑓 𝑥 = 𝑥 ! − 𝑘 com o eixo das
abcissas. Se repetirmos esse processo, com um novo valor inicial igual a 𝑎′, obtemos uma
sequência de aproximações 𝑎1; 𝑎2; 𝑎3;... tal que lim!→! 𝑎! = 𝑎. Com esta notação podemos
escrever
𝑓(𝑎! )
𝑎!!! = 𝑎! −
𝑓′(𝑎! )
Se aplicarmos este processo à função = 𝑓 𝑥 = 𝑥 ! − 𝑘 teremos,
𝑎!! − 𝑘 1 𝑘
𝑎!!! = 𝑎! − = 𝑎 + .
2𝑎! 2 ! 𝑎!
Que é exatamente o método utilizado pelos mesopotâmios e por Heron. Hodgson (ver [2])
observa que um dos interesses em associar a técnica mesopotâmica com a de Heron ao
método de Newton-Raphson é que pode-se retirar dados conclusivos quanto a eficácia destes
algoritmos. A convergência do método Newton-Raphson é da forma quadrática, isto é o erro
cometido em uma determinada etapa exprime-se em função do quadrado do erro da etapa
anterior.

Referências
[1] CARVALHO, J. B. P. de., A raiz quadrada ao longo dos séculos. V Bienal da SBM, 2010.
João Pessoa, PB, 2010.
[2] HODGSON, B. Uma breve história da quinta operação. Gazeta de Matemática, 2008.
Portugal, n. 156, p. 07?30, 2008. Disponível em: <http://gazeta.spm.pt-/_chagazeta?id=156>.
Acesso em: 2 mar. 2017.
[3] TUNALA, N., Cálculo Aproximado da Raiz Quadrada. Cd-Rom: Revista do Professor de
Matemática. São Paulo, v. 1, 2011.

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O PROBLEMA DA TRISSECÇÃO DO ÂNGULO

Lucas Matheus Augusto Olimpio Guanabara – IFRN – lucasguanabara@hotmail.com


Francisco Batista de Medeiros – IFRN – francisco.medeiros@ifrn.edu.br

A Grécia Antiga possuía um conjunto de problemas de construções geométricas em que se


procuravam as soluções usando apenas régua e compasso. Tais problemas surgiram quando
esse povo esbarrou na dificuldade de, apenas com aqueles instrumentos, realizar algumas
construções, como a de um heptágono regular. Pode-se dizer que há três desses problemas
muito famosos e já bem estudados pela comunidade matemática: a Quadratura do Círculo, a
Duplicação do Cubo e a Trissecção do Ângulo, problema ao qual nos deteremos nesse
trabalho. O problema, que procurava construir o ângulo 𝛼/3 a partir de um dado ângulo 𝛼, se
destaca devido a uma peculiaridade em relação aos demais problemas. Além de sua origem
ser pouco clara, alguns ângulos, como o de 90 graus, admitem trissecção, enquanto não
podemos quadrar um círculo nem duplicar um cubo, usando apenas régua e compasso,
quaisquer que sejam seu raio e sua aresta, respectivamente. Apesar de os gregos terem um
enorme potencial no campo geométrico, não dispunham na época de tantas ferramentas
matemáticas como nos dias atuais, para mostrar que essa construção era, na verdade,
impossível, feito que viria a ocorrer somente no século XIX, com o desenvolvimento da álgebra
abstrata. Nesse sentido, este trabalho objetiva abordar os trabalhos de alguns dos matemáticos
da Grécia Antiga, e suas mais diversas contribuições nas tentativas de resolução do problema
da trissecção do ângulo.
Referências
EUCLIDES. Os Elementos. Tradução e Introdução de Irineu Bicudo. São Paulo: Editora
UNESP, 2009.
EVES, Howard. Introdução à história da matemática. Campinas, SP: Editora da Unicamp,
2004.
The MacTutor History of Mathematics archive. Ancient Greek mathematics. http://www-
history.mcs.st-and.ac.uk/Indexes/Greeks.html
WAGNER, Eduardo. Construções Geométricas. Rio de Janeiro: SBM, 2007.

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O TEOREMA DE EULER

Ana Paula da Silva Zuza – IFRN – Paula.zuza56@gmail.com


Leonardo Andrade Medeiros – IFRN – leonardo.andrade@ifrn.edu.br

Considerado o matemático mais produtivo da história, Leonhard Euler (1707-1783) foi uma
figura central na Europa do século XVIII. Uma das numerosas contribuições de Euler na
área da Matemática está seu Teorema para poliedros convexos, que diz que o número de
vértices, somado ao número de faces é igual ao número de arestas mais dois. Mesmo
sendo ensinado este Teorema nas escolas secundárias nos cursos de Geometria, Poincaré,
foi o primeiro matemático que usou a demonstração de Cauchy – considerada a mais
divulgada – para dizer que a relação de Euler para poliedros convexos se trata de um
Teorema de Topologia e não da Geometria. Toda esta confusão, se deve pelo fato de Euler
nunca ter definido o que seria um poliedro. Ao longo da história foram surgindo indagações
quanto a veracidade do tal teorema e sempre houve a preocupação de estabelecer
exemplos em que ele fosse verdadeiro, evitandos sempre que possível, os contraexemplos
que o tronassem mais complicados. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo
estabelecer as condições, além da relação Euler, para a existência de um poliedro.

Referências
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Euler, um matemático multifacetado. Revista Brasileira de História
da Matemática, v.9, n.17, p 13-31, abr. 2009- set. 2009.
FILHO, Zoroastro Azambuja. Demonstração do teorema de Euler para poliedros convexos.
Revista do Professor de Matemática. 5.ed.1982.
LIMA, Elon Lages. Meu Professor de Matemática. 5.ed. Rio de Janeiro: SBM, 1998.
LIMA, Elon Lages et al. A Matemática do Ensino Médio. Vol.2. 6. ed. Rio de Janeiro:
SBM,2006.

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O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NAS AULAS DE MATEMÁTICA: DISCUSSÕES NA
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA

Carlos André Bogéa Pereira – SEMED/SEDUC – andre.bogea@hotmail.com


Waléria de Jesus Barbosa Soares – SEMED/SEDUC – walleria_soares@hotmail.com

Durante o ano de 2016, oito escolas da Rede Municipal de Educação de Campinas


participaram da Formação Continuada de Professores que ensinam Matemática, oferecida pela
rede. A formação aconteceu em 10 encontros, cada encontro tratou de uma temática(conteúdo)
escolhida pelos próprios professores. O objetivo deste texto é apresentar como a dimensão
“história da matemática” foi trabalhada durante a formação, buscando responder ao seguinte
questionamento dos professores: como envolver a história da matemática nas aulas de
matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental? Constatou-se que (re)pensar a própria
prática fez com que os professores percebessem as inúmeras possibilidades pedagógicas do
uso da história da matemática nas aulas de matemática, ao permitir tratar os conteúdos e
conhecimentos matemáticos de forma contextualizada historicamente.

Referências
BARONI, R. L. S.; BIANCHI, M. I. A História da Matemática como recurso didático. In:
PACHECO, E. R.; VALENTE, W. R. (Orgs.). Coleção História da Matemática para professores.
Guarapuava: UNICENTRO, 2007, pp.25-36.
BITTENCOURT, J. Obstáculos Epistemológicos e a Pesquisa em Didática da Matemática.
Educação Matemática em Revista. Ano V, n. 6, São Paulo, 1998, pp.13-17.
MIGUEL, A. et al. História da Matemática em atividades didáticas. 2. ed. São Paulo: Editora
Livraria da Física, 2009.

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PRINCÍPIO DE CAVALIERI: OS INDIVISÍVEIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Priscila Gleden Novaes da Silva – UNILA – priscila.silva@unila.edu.br

Este trabalho destaca a História da Matemática como um importante instrumento metodológico


para apresentar uma contribuição feita por Bonaventura Cavalieri (1598 – 1647) que por
intermédio de seu tratado sobre os Indivisíveis, mais conhecido como Princípios de Cavalieri,
aborda o cálculo de áreas e volumes geométricos. Assim, analisamos a vida e a obra desse
padre e matemático do século XVII, bem como, a aplicação prática de sua teoria,
especificamente no cálculo de volumes, em sala de aula. Nesta perspectiva foram então
elaboradas atividades didáticas para serem aplicadas aos professores de matemática num
curso de formação continuada. Essas atividades de cunho investigativo e experimental,
utilizando-se de objetos e materiais disponíveis no cotidiano do aluno, envolviam volumes de
sólidos geométricos e foram pensadas com duplo intuito: contextualizar a Matemática na
História e também mostrar a presença atual e constante da Matemática no nosso dia-a-dia. O
objetivo do curso foi o de fornecer ao professor de matemática uma ferramenta que o
auxiliasse a levar para a sala de aula um pouco da História da Matemática e oportunizar uma
forma de diversificar sua aula, tornando-a mais atraente para o aluno, motivando-o para o
aprendizado. Além disso, segundo os professores, a realização de atividades investigativas e
experimentais criadas a partir da História da Matemática pode auxiliar os alunos na construção
e compreensão dos conceitos matemáticos estudados, saindo do lugar comum, que seria o
repasse e memorização de fórmulas.

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RELATIVIDADE DO MOVIMENTO: UMA CAUSA PERSISTENTE DE “REVOLUÇÕES
CIENTÍFICAS”

Otávio Fossa de Almeida – SEEDUC – otavio@if.ufrj.br


Gérard Émile Grimberg – UFRJ – grimberg@im.ufrj.br

Este trabalho pretende descrever o processo de elaboração da noção de relatividade do


movimento partindo dos textos originais de Giordano Bruno e Galileo Galilei (séculos XVI-XVII)
e Albert Einstein (século XX), tendo em vista em que ponto essas ideias representaram uma
profunda ruptura com o pensamento padrão nas respectivas épocas e serviram de ponte para
a criação de uma nova compreensão sobre o Universo. No primeiro caso, o objetivo é
descrever como e porquê, principalmente a partir dos trabalhos de Nicolau Copérnico, Bruno e
Galilei divergiram do conceito aristotélico de movimento natural, intrínseco ao elemento
predominante no corpo, e como foi a elaboração a ideia sobre a inércia, importantíssima na
construção da Mecânica Clássica. No segundo caso, a intensão é descrever como e porquê,
principalmente a partir do Eletromagnetismo e das obras de Hendrik Lorentz e Henri Poincaré,
Einstein rompeu com o conceito clássico de espaço e tempo rígidos, ou seja, cujos intervalos
se mantinham invariantes sob transformação entre referenciais inerciais, e quais foram os
passos na elaboração da Mecânica Relativística. Outro fator importante a ser estudado é a
importância dos experimentos mentais na argumentação teórica tanto de Bruno e Galilei,
quanto de Einstein.

Referências
BRUNO, G. La cena de le ceneri. Torino, Biblioteca Einaudi, 1955.
GALILEI, G. Lettera a Francesco Ingoli. In: Favaro, A. (Ed.). Edizione nazionale delle opere di
Galileo Galilei. Firenze, Barbèra Editore, 1929-1933.
GALILEI, G. Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo. Torino, Biblioteca Einaudi, 1970.
EINSTEIN, A. Einstein’s manuscript on the special theory of relativity. In: Klein, M.; Kox. A. J.;
Renn, J. & Schulmann, R. (Ed.). The collected papers of Albert Einstein. Princeton: Princeton
University Press, 1995 [1912]. v. 4: The Swiss years: writings 1912-1914. p. 9-108.
EINSTEIN, A. Zur Elektrodynamik bewegter Körper. Annalen der Physik, v. 17, p. 891, 1905.
EINSTEIN, A. Die grundlage der allgemeinen relativitätstheorie. Annalen der Physik, v. 354, p.
769, 1916.
EINSTEIN, A. A Brief Outline of the Development of the Theory of Relativity. Nature, v. 106, p.
782, 1921.

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RESOLUÇÕES GEOMÉTRICAS DE PROBLEMAS ALGÉBRICOS DO PAPIRO DE RHIND

Victor Hugo Correia Lyra – UFAL – victor.lyra@im.ufal.br


Viviane de Oliveira Santos – UFAL – viviane.santos@im.ufal.br

Nosso trabalho faz parte do projeto de pesquisa “A álgebra geométrica ao longo da história da
matemática” do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC-UFAL), cujo
objetivo é trabalhar alguns problemas de álgebra e operações numéricas que foram explicados
geometricamente. Iremos focar neste trabalho problemas do Papiro de Rhind e verificar quais
são de natureza algébrica geométrica. O Papiro de Rhind é considerado uma das principais
fontes para o estudo da matemática egípcia antiga e, por meio dos seus diversos problemas,
foi possível conhecer vários procedimentos e métodos matemáticos utilizados pelos antigos
egípcios (MARTINS, 2015). Encontramos, por exemplo, os problemas algébricos de número 24
até 33 que podem ser resolvidos de forma geométrica com o método da falsa posição. Os
mesmos nos remetem à semelhança de triângulo quando inseridos os dados graficamente.
Para a análise dos problemas, iremos nos basear em fontes como Martins (2015), Eves (2004),
Bissi (2016), Katz (1998), Robins e Shute (1987).

Referências
BISSI, T. Álgebra e História da Matemática: uma proposta de ensino a partir da Matemática do
Antigo Egito. Instituto Federal do Espírito Santo, 2016.
EVES, H. Introdução à História da Matemática. Tradução: Hygino H. Domingues. Campinas,
SP: Editora da UNICAMP, 2004.
KATZ, V. J. A history of mathematics: an introduction. 2. ed., USA: Addison-Wesley Educational
Publishers, 1998.
MARTINS, J. O livro que divulgou o Papiro Rhind no Brasil. Dissertação (Mestrado em
Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual
Paulista, São Paulo, 2015.
ROBINS, G.; SHUTE, C. The Rhind mathematical papyrus: an ancient Egyptian text. London:
British Museum Publications, 1987.

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SISTEMA DE NUMERAÇÃO BABILÔNICO E JOGOS NO AUXÍLIO AO ENSINO DO
SISTEMA DECIMAL

Nalbert Pietro Martins da Costa – IFRN – nalbertpietro@gmail.com


Emanuel Gomes Lourenço – IFRN – emanuel.lourenco@ifrn.edu.br
Helenice Lopes Barbosa – IFRN – helenice.lopes@ifrn.edu.br
Elthon John Rodrigues de Medeiros – IFRN – elthon.medeiros@ifrn.edu.br

O sistema de numeração que utilizamos hodiernamente é o decimal. No entanto, a história das


civilizações apresenta várias outras formas de registrar e operar com números ao longo da
evolução da humanidade. Conhecer melhor alguns dos sistemas de numeração e compará-los
ao sistema decimal pode se tornar uma ferramenta importante para a incorporação dos
conceitos e formas de como utilizar tal sistema. Fazer Uso da História da matemática é uma
oportunidade de promover atividades diferenciadas, apresentando e integrando a matemática a
história. Neste trabalho a História da Matemática é abordada através do sistema de numeração
babilônico e usada para desmitificar conceitos matemáticos, resgatar características históricas
de um sistema de numeração, comparando o babilônico ao decimal, apresentar as heranças
que nos foram deixadas e ainda apontar dificuldades que eram encontradas na utilização do
sistema. A abordagem para tal será aliar a utilização de um sistema de numeração que traz
diversas riquezas de aprendizado por meio de um jogo. O uso de jogos traz uma importante
experiência no incentivo ao raciocínio matemático de forma lúdica, dinâmica e interativa. Esses
aspectos podem aguçar o interesse do aluno na aula e no conteúdo abordado em geral, já que,
o primeiro contato com o conteúdo o fez refletir e raciocinar sobre o uso da matemática. A
história da matemática quando abordada através de jogos não só aguça a curiosidade de como
ocorreu o seu desenvolvimento até agora, mas também incentiva a pesquisa de formas de
dinamizar o ensino. Dessa forma, iremos apresentar um jogo de cartas como ferramenta
metodológica para o ensino do sistema de numeração decimal, por meio do uso do sistema
babilônico. O jogo é temático e consiste em comparar características das cartas dos
participantes, como velocidade, peso, entre outras. O jogo quando aborda o ensino da
matemática, entusiasma os alunos, uma aula jogável é uma aula animada, divertida e
participativa, e ainda serve como estímulo à análise e criação de estratégias.

Referências
EVES, Howard. Introdução à história da matemática. Campinas, Editora Unicamp, 2004.
GRANDO, Regina Célia. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula.
Tese - Universidade de Campinas, Doutorado em Educação, Campinas, 2000.

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SOBRE CINEMA E HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: O TRABALHO DESENVOLVIDO NO
GETOM

Ana Lucia da Silva – UEL – analucia@uel.br


Regina Célia Guapo Pasquini – UEL – rcgpasq@uel.br

O GETOM – Grupo de estudos e Trabalho com as Olimpíadas de Matemática existe há 11


anos na UEL (Universidade Estadual de Londrina), Londrina, Paraná. Desenvolve seus
trabalhos a partir dos materiais e problemas elaborados para a OBMEP (Olimpíada de
Matemática das Escolas Públicas). Ao longo dos anos tem promovido a capacitação de
professores que ensinam Matemática nas escolas públicas de Londrina e região realizando um
trabalho que situam os problemas como meio para a aprendizagem da Matemática, discutindo
os aspectos teóricos e metodológicos necessários para ensinar os seus conceitos nos
diferentes níveis de ensino. Nossos encontros dividem-se em reuniões presenciais mensais, e
à distância, via plataforma. Para desenvolvermos nosso trabalho é necessário trazermos a
História da Matemática para a nossa prática, e um dos meios que utilizamos para isso é o
cinema, mais especificamente os filmes, que envolvem temas de Matemática ao longo da
história. E esse é o objetivo desta comunicação, apresentarmos a experiência que obtivemos
em nosso trabalho no grupo junto à uma análise circunstanciada a um referencial teórico
necessário para tal. Escolhemos em particular o trabalho desenvolvido com o tema
Criptografia, oportunizado pela exibição do filme “O Jogo da Imitação”. Embora, segundo
críticos, haja alguma divergência com o ocorrido, envolvendo alguns personagens de fato, o
filme foi capaz de trazer à tona aspectos importantes que podem e devem ser considerados no
ambiente escolar. Vale considerar que para teóricos e críticos, o cinema é uma linguagem e
para nós educadores que fazemos uso desta linguagem, é necessário cautela e discernimento
para a utilização dos filmes no ambiente escolar. Desse modo, frente as escolhas que o
educador realiza, critérios devem ser utilizados e respeitados, de acordo com seus objetivos,
pois os filmes carregam uma multiplicidade de significados e são fonte e canal de conteúdos
que extrapolam os currículos. A prática que relataremos refere-se a uma oficina realizada no
grupo GETOM, em que a princípio o filme foi exibido; logo após fizemos uma mesa redonda de
discussão para fomentar nosso trabalho e num terceiro momento alinhavamos as discussões
aos nossos objetivos com os conteúdos matemáticos que desejávamos explorar e, que,
suscitaram da discussão. Com a participação do público foi possível considerar vários
conceitos e ideias que estão associados ao tema, e que são possíveis de serem abordados
nos diferentes níveis de ensino, básico ou superior. Dessa forma, colocamos não somente a
Criptografia junto à sua história e personagens envolvidos, mas, extrapolamos para outras
áreas afins como Estatística, Lógica, Administração (estratégias e tomada de decisão, análise)
e a Computação. Especificamente relacionado à criptografia consideramos vários conceitos
que a envolvem, como os de Aritmética, da criptografia RSA, de Congruência e conceitos
básicos da Teoria dos Números. E, finalmente, como criptografar e descriptografar uma
mensagem. Sobre um outro aspecto, o trabalho desenvolvido com o filme extrapolou a fronteira
da Matemática e de seu ensino, pois, nos permitiu explorar temas e assuntos que são
necessários à formação dos nossos estudantes e que por vezes uma aula de Matemática pode
não ser espaço possível para isso. Na oficina foi possível discutirmos assuntos como bulling,
gênero e sexualidade, diversidade étnica e racial, a ética, as relações entre ciência e guerra,
direitos humanos, organização, atitudes comportamentais necessárias em relação ao trabalho
entre outras, etc.; temas que atualmente são referenciados nos documentos oficiais,
subjacentes ao currículo da Educação Básica e que podem possuir íntima relação com a
produção científica de áreas diversas, tais como a Matemática.

Referências
ALMEIDA, Milton J. Imagens e sons: a nova cultura oral. São Paulo: Editora Cortez, 2001.
JOGO da imitação, O. Direção: Morten Tyldum. Warner Bross. Los Angeles, USA. 2014. 144
min. Son, Color.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Editora Contexto,
2011.

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TEORIA DOS GRAFOS NA VISÃO DO SÉCULO XVIII

Misael Pegado Oliveira da Silva – IFRN – misaelpegado@gmail.com


Francisco Batista de Medeiros – IFRN – francisco.medeiros@ifrn.edu.br

A teoria dos grafos, embora recente, tem-se mostrado como um grande potencial para a
resolução de problemas por meio de modelagem matemática. Agregado a isso, vem um
histórico de situações que, quando conflitadas, geravam inquietações na comunidade
matemática da época. Podemos citar como exemplo, o Problemas das Pontes de Königsberg e
o Problema das Quatro Cores. O primeiro foi resolvido pelo matemático e físico Leonhard Euler
(1707-1783) em 1741 na sua publicação Solutio problematis ad geometriam situs pertinentis.
Nesse trabalho, vimos tentar mostrar a visão desse e de outros problemas na história
contemporânea da época (Século XVIII), referente à teoria dos grafos, entendendo suas
dificuldades tanto nos fatores sociais que cercavam esses problemas quanto na matemática
desenvolvida até então. Além disso, é objetivo desse trabalho mostrar como essas
contribuições histórico-matemáticas nos têm dado grande ajuda nas resoluções de problemas
da nossa atualidade. Como por exemplo, o uso da teoria dos grafos em redes de
computadores e em sistemas de informações.

Referências
NETTO, P.O.B; Grafos: Teoria, Modelos, Algorítmos; Blucher; São Paulo, 2011.
LOVÁSZ, L.; PELIKÁN, J.; VESZTERGOMBI, K.; Matemática Discreta; tradução de Rui J.G.B.
de Queiróz; 2.ed. ; Rio de Janeiro: SBM, 2013.
L. Euler, Solutio problematis ad geometriam situs pertinentis, Comment. Acad. Sci. Imp.
Petropol. 8 (1736), 128–140.
ROONEY, A.; A história da Matemática: desde a criação das pirâmides até a explosão do
infinito; São Paulo, 2012.

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UM ESTUDO SOBRE OS ELEMENTOS DE EUCLIDES

Gabriela Daiani de Freitas – UNIOESTE – gabrieladaianedefreitas@hotmail.com


Marcos Lübeck – UNIOESTE – marcoslubeck@gmail.com

Neste trabalho, pretendemos mostrar, para todos os que se interessam pela História da
Matemática, a importância do livro Os Elementos, de Euclides (c. 300 a.E.C.), para a
Matemática e diversas áreas das ciências. Uma obra magistral que, embora apresente
conteúdos elementares, a maneira como suas ideias e argumentações foram expostas
definiram as bases da Matemática lógica dedutiva. Temos como objetivos desenvolver um
estudo histórico sobre Os Elementos, onde apresentamos uma breve biografia e o contexto
histórico de Euclides e da Matemática grega no período que a obra foi escrita, realizamos um
estudo da Geometria Euclidiana na forma apresentada na obra e analisamos a importância da
mesma para a Matemática e para um curso de Licenciatura, desejosos de assim contribuir para
a divulgação dessa importante obra. O trabalho adotou como metodologia a Pesquisa
Histórica-Bibliográfica, cuja principal referência é o livro Os Elementos, de Euclides (2009),
traduzido pelo professor Irineu Bicudo, bem como os livros da História da Matemática, tais
como Boyer (2010), Eves (1995), Roque (2012), Rosa (2012) e Katz (1998).

Referências
BOYER, Carl B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 2010.
EUCLIDES. Os Elementos. Tradução e Introdução Irineu Bicudo. São Paulo: EDUNESP,
2009.
EVES, Howard. Introdução à História da Matemática. Trad. Hygino H. Domingues.
Campinas: ed. UNICAMP, 1995.
KATZ, Victor. A History of Mathematics: an introduction. 2. ed. New York: Addison-Wesley,
1998.
ROQUE, Tatiana. Tópicos de História da Matemática. Rio de Janeiro: SBM, 2012.
ROSA, Carlos Augusto de Proença. História da Ciência: da antiguidade ao renascimento
científico. 2. ed. Brasília: FUNAG, 2012.

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UM ESTUDO SOBRE PROBLEMAS DE ÁLGEBRA GEOMÉTRICA DOS ELEMENTOS DE
EUCLIDES

Lucas Queiroz Cordeiro de Moura – UFAL – lucas.moura@im.ufal.br


Viviane de Oliveira Santos – UFAL – viviane.santos@im.ufal.br

Nosso trabalho faz parte do projeto de pesquisa “A álgebra geométrica ao longo da história da
matemática” do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC-UFAL), cujo
objetivo é trabalhar alguns problemas de álgebra e operações numéricas que foram explicados
geometricamente. Iremos focar neste trabalho nos problemas de álgebra geométrica do Livro II
dos Elementos de Euclides, com o objetivo de analisar os problemas resolvidos
geometricamente e que resultam em problemas algébricos. Um dos exemplos que foram
resolvidos é conhecido como “quadrado da soma”: (a+b)² = a² + 2ab + b², a proposição 4 do
Livro II dos Elementos (EUCLIDES, 2009, pp. 137-138). A prova dessa proposição é
geométrica, mas possui relações algébricas conhecidas. Nas demonstrações encontradas nos
Elementos de Euclides, percebemos uma escrita diferente do que usamos atualmente, por
exemplo, “o quadrado AC” é o quadrado ABCD, o “retângulo AB,BC” é o retângulo de lados AB
e BC e, “pelas AB” ou “pelas CD”, é o mesmo que o lado AB ou lado CD. A pesquisa tem o
propósito de interpretar proposições cujos resultados são problemas algébricos, mas que foram
resolvidos de forma geométrica, contribuindo assim para ampliar o conhecimento e a utilização
de técnicas e métodos diferentes. Na análise dos problemas teremos auxílio também de
Commandino (1944) e Segovia (2012-2013), além da utilização de régua e compasso e o
software Geogebra.

Referências
COMMANDINO, F. Euclides - Elementos de Geometria. São Paulo: Edições Cultura, 1944.
EUCLIDES. Os elementos. Tradução e introdução de Irineu Bicudo. São Paulo: Editora
UNESP, 2009.
SEGOVIA, M. d. C. A. Los elementos de Euclides, Libros I y II. Universidad de Granada Máster
en Matemáticas. Curso 2012-2013.

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UMA ANÁLISE A PARTIR DOS TRABALHOS DO 6º ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Sonia Cristina Maciel – UNIOESTE – scristina.maciel@gmail.com


Andréia Büttner Ciani – UNIOESTE – andbciani@gmail.com

O primeiro Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática aconteceu no ano de 1993,


nesse ano de 2018 o evento completa vinte e cinco anos de muitas histórias. No presente
trabalho temos como objetivo analisar as quarenta e cinco comunicações científicas do último
evento que aconteceu no Brasil e que foram publicadas nos anais do 6º ELBHM - Encontro
Luso-Brasileiro de História da Matemática, evento esse que foi realizado na Universidade
Federal de São João Del-Rei em Minas Gerais no ano de 2011. Nesse sentido, temos como
propósito apontar e classificar os temas que foram abordados nos trabalhos. Considerando a
importância desse encontro que tem como objetivo além de estreitar as relações científicas
entre os pesquisadores do Brasil e de Portugal, a divulgar e discutir as pesquisas realizadas
em História da Matemática e ainda a estimular o intercâmbio entre os pesquisadores brasileiros
e portugueses pretende-se realizar também um breve levantamento histórico dos sete
encontros já realizados nos dois países. Diante das análises dos trabalhos, podemos perceber
a ênfase dos autores em abordar questões como a da importância da inserção da História da
Matemática em sala de aula.

Referência
ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA, 2011, São João Del Rei –
MG, Anais... Natal - RN: Sociedade Brasileira de História da matemática, 2014.

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UMA ANÁLISE HISTÓRICA DO PERÍODO ANTERIOR À VINDA DO MATEMÁTICO
PORTUGUÊS REMY FREIRE PARA O BRASIL

Antonio Peixoto de Araujo Neto – UEM – netopeixotoaraujo@hotmail.com


Lucieli M. Trivizoli – UEM – lmtrivizoli@uem.br

Este trabalho é parte dos estudos desenvolvidos em uma pesquisa de doutorado iniciada em
março de 2017 pelo Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência e a Matemática
– PCM da Universidade Estadual de Maringá – UEM e que se encontra, portanto, em fase
inicial. Na pesquisa de doutorado temos por objetivo investigar, historicamente, aspectos
profissionais e a produção acadêmica do matemático português João Remy Teixeira Freire
(Remy Freire) e a sua contribuição para a Educação Matemática no Brasil. Segundo Rezende
(2011), Remy Freire nasceu em 1919, em Lisboa, Portugal. Formou-se em Ciências
Econômicas e Financeiras pela Universidade de Lisboa, onde também obteve seu doutorado
em Ciências Econômicas. Além disso, era doutor em Estatística pela Universidade de Paris.
Foi assistente de Bento de Jesus Caraça que contribuiu para o desenvolvimento do ensino da
Matemática em Portugal. Remy Freire veio de Portugal para o Brasil em 1952 e foi um dos
idealizadores para a criação da Sociedade Paranaense de Matemática (SPM) e grande difusor
da Matemática em Curitiba, onde ficou erradicado até 1959 quando foi para o Chile ocupar uma
posição na Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com Araujo Neto e Trivizoli
(2018), há indícios de que o professor Remy Freire, assim como outros matemáticos
portugueses, viu no Brasil a possibilidade de continuar a desenvolver seus trabalhos pela
proximidade da língua e a abertura por parte da comunidade matemática brasileira e que a
vinda desses matemáticos fortaleceu o desenvolvimento da matemática no Brasil. Neste
contexto, este trabalho tem por objetivo analisar aspectos gerais da situação política,
econômica, cultural, intelectual, institucional, social e do contexto produtivo da matemática do
período anterior à vinda do professor Remy Freire para o Brasil (1952) em Portugal e no Brasil
(com maior atenção em Curitiba). O entendimento do cenário do momento da vinda do
professor Remy para o Brasil, possibilitará a inserção dele enquanto objeto da nossa pesquisa
em um tempo e espaço como um desdobramento de situações ocorridas na época.

Referências
ARAUJO NETO, Antonio Peixoto de; TRIVIZOLI, Lucieli M.. Uma análise dos trabalhos
apresentados no II Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática sobre a vinda de
matemáticos portugueses para o Brasil. In: Seminário Cearense de História da Matemática, 3.,
2018, Juazeiro do Norte. Anais do III Seminário Cearense de História da
Matemática. Juazeiro do Norte: Ifce, 2018. p. 1 - 2.
REZENDE, Jorge. António Aniceto Monteiro. 2011. Blog da Internet. Disponível em:
<http://antonioanicetomonteiro.blogspot.com.br/2011/04/joao-remy-teixeira-freire-remy-
freire.html>. Acesso em: 16 ago. 2016.

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UMA BREVE HISTÓRIA DA ÁLGEBRA DOS QUATÉRNIOS

Bruno Vinicius Costa Barbalho – IFRN – bruno_vcb101@hotmail.com


Robson Pereira de Sousa – IFRN – robson.sousa@ifrn.edu.br

Neste texto apresentaremos sob um ponto de vista da historia da matemática o caminho


percorrido por William Rowan Hamilton (1805-1865) para a formulação da álgebra dos
quatérnios. O marco inicial dessa descoberta se deu quando Hamilton apresentou à
comunidade científica da época uma reformulação da teoria dos números complexos, ao
mostrar que um complexo na forma a+bi poderia ser identificado por um par ordenado de
números reais (a, b) (BOYER, 2010). Esta descoberta implicou em uma álgebra onde seria
possível trabalhar com vetores no ℝ². Ao tentar generalizar as propriedades geométricas e
algébricas por meio de sistemas matemáticos objetivando operar com vetores no ℝ³, Hamilton
desenvolve a álgebra dos quatérnios (OLIVEIRA, 2017). Para isso, ao invés de trabalhar com o
número complexo na forma a+bi, ele cria as triplas ordenadas a+bi+ij. Neste caso, a operação
de multiplicação causou impasse, fazendo-o passar 10 anos lutando com a multiplicação de n-
uplas para n maior que dois (BOYER, 2010). Em 1843, Hamilton muda seu foco e decide usar
quádruplas à triplas, e abandonar a lei comutativa para a multiplicação. Isso o levou a
apresentar em novembro daquele ano, a Academia, a teoria dos quatérnios, denominando uma
expressão quadrinomial, uma álgebra distinta e gerenciável (HAMILTON, 1847).

Referências
BOYER, Carl B. História da Matemática. São Paulo: Blucher, 2010.
HAMILTON, William Rowan (1847). On Quaternions: In Proceedings of the Royal Irish
Academy. Volume 3, páginas 1–16. Editado por David R. Wilkins, 1999.
OLIVEIRA, Sóstenes Souza de. ℝ-álgebras de dimensão finita. São Cristóvão, 2017.

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8º Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática - ELBHM
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
13 a 16 agosto de 2018 – Foz do Iguaçu/Paraná/Brasil

UTILIZANDO FATOS DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA COMO AUXILIO PARA O ENSINO
DO TEOREMA DE TALES

Janaina Aparecida de Oliveira – UFU – ninaoliver1606@gmail.com


Arlindo José Silva Júnior – UFU – arlindoufu@gmail.com

A História da Matemática é um importante recurso didático para o processo de ensino e


aprendizagem, podendo o aluno reconhecer a matemática como uma criação humana que
surgiu a partir da busca de soluções para os problemas do cotidiano, como parte de uma
herança cultural e como uma ciência em construção. Neste sentido, este trabalho tem o intuito
de relatar uma experiência de sala de aula com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, da
Escola Municipal Professor Sérgio de Oliveira Marquez, situada em Uberlândia-MG,
envolvendo conteúdo de geometria Teorema de Tales, a partir da História da Matemática com
ênfase ao matemático Tales de Mileto. Uma outra metodologia utilizada foi a Resolução de
Problemas, sendo proposto aos alunos a mesma situação problema de Tales para medir a
pirâmide, contada pela história nos vários livros didáticos mas, sem revelar a história real. O
desafio era fazer com que os alunos pudessem se colocar no mesmo lugar da história em que
o matemático estava e propor soluções para medir a pirâmide usando seus próprios
conhecimentos matemáticos. O papel do professor foi de mediador para que juntos, pudessem
chegar na história real, dando sentido e importância ao Teorema de Tales. A partir daí, várias
sugestões foram apresentadas e após muitas indagações, dúvidas e troca de ideias entre os
colegas e a professora, os alunos puderam compreender o Teorema de Tales, espantados com
a história como Tales de Mileto resolveu o problema. Durante o desenvolvimento dessa
atividade, surgiram algumas dificuldades dos alunos em conteúdos ligados á geometria, em
simbolizar matematicamente as ideias sugeridas, na falta de conhecimentos prévios de alguns
conceitos como posições relativas das retas, razão e proporção; mas os desafios encontrados
não tirou a motivação dos alunos em resolverem o problema. Contudo, a História da
Matemática deixou a matemática mais próxima dos alunos sendo motivadora no processo de
ensino e aprendizagem levando o aluno a perceber o valor “humano” dessa ciência essencial
para a humanidade, que vem se construindo ao longo de muito tempo, passível de erros e em
constante evolução.

Agradeço à FAPEMIG por fomentar e colaborar em minha participação neste evento.

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8º Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática - ELBHM
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13 a 16 agosto de 2018 – Foz do Iguaçu/Paraná/Brasil

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