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P OR QUE E COMO ANALISAR O DISCURSO NO

CONTEXTO DOS ESTUDOS SOBRE JORNALISMO ? 1

Roselyne Ringoot

I NTRODUÇÃO O presente ensaio reflete sobre os objetos, objetivos e as modalidades de análise


de discurso no contexto dos estudos sobre o jornalismo. Se a sociologia funcionalista
americana iniciou a análise de conteúdo dos textos jornalísticos já na primeira metade
do século XX, podemos dizer que o discurso da imprensa, ou, com maior frequência,
o discurso jornalístico se impôs mais recentemente como objeto legítimo das pesquisas
sobre o jornalismo, nomeadamente pela “Escola Francesa” de análise de discurso, en-
dossada pelas teorias enunciativas.
Apesar das diferenças que opõem a “análise de conteúdo” e a “análise de discurso”,
o objeto estudado, tanto em um caso quanto no outro, quando se fala em análise da im-
prensa escrita, é o que é dito nos jornais, e os procedimentos das pesquisas se articulam
em torno da constituição e do tratamento do corpus. Estas duas tradiçoes de alguma for-
ma especializaram e cristalizaram o conteúdo journalistico ou o “discurso jornalistico”
tido como produto, deixando de lado os outros aspectos discursivos do jornalismo, ou,
para dizer de outra forma, os discursos jornalisticos tornaram-se sinônimo de discurso
dos jornais.
A seguir será exposto os motivos ara não se confundir análise de conteúdo e análise
de discurso, apontando principalmente as divergências implícitas aos quadros conceitu-
ais que originaram cada uma destas perspectivas. Também apresentarei uma abordagem
para a análise da identidade editorial no jornalismo. Abordagem que faz referência aos
meus trabalhos anteriores, está inscrita na análise de discurso da imprensa, e propõe
um método de diagnóstico editorial. Ela explora em particular as noções de contrato de
leitura e de ethos que serão relembradas a seguir.
Na última parte do ensaio, apresentaremos uma reflexão mais recente que questiona
o conceito de discurso no contexto dos estudos de jornalismo, à partir da teoria das for-
mações discursivas de Michel Foucault. Esta abordagem desespecializa o discurso que
não é mais simplesmente o discurso dos jornais (ou produtos jornalísticos), valorizando
particularmente a noção de dispersão.

Roselyne Ringoot é doutora e pesquisadora associada ao Centre de Recherches sur l’Action Politique en Europe
(Crape) e professora no Instituto de Estudos Políticos de Rennes (IEP), França.
Endereço eletrônico: ringoot@rennes.iep.fr

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O trabalho de pesquisa que temos desenvolvido mais recentemente, orienta-se, na
verdade, em direção a uma sócio-etnografia do discurso que interroga a pluralidade
dos discursos colocados em prática na produção de informações. Trata-se de conceber
o jornalismo como espaço discursivo complexo onde entram em interação diversas en-
cunciações.

ANÁLISE DE CONTEÚDO E ANÁLISE DE DISCURSO

A análise de conteúdo, que se inscreve dentro do quadro conceitual da sociologia


funcionalista dos meios de comunicação, aborda o “conteúdo” como um objeto de
estudo, complementar àquele controle, do suporte, da audiência e dos efeitos, dentro
do paradigma de Laswell (MATTELART, 2002). O objetivo da análise de conteúdo é
colocar em evidência os assuntos e os temas mais importantes difundidos nas mensa-
gens mediáticas. Isto é feito a partir da quantificação de itens, ou seja, a contagem da
ocorrência de certas palavras ou família de palavras. Ao mesmo tempo pré-requisito e
resultado, o tema é uma noção central neste procedimento quantitativo. Evidenciadas
quanto à presença ou à ausência, as temáticas são organizadas por ordem de grande-
za. Outros elementos podem ser pesquisados como as pessoas ou os lugares citados, a
origem da informação (agências, repórteres, convidados especiais, etc) ou ainad incluir
outros operadores (relação entre ocorrências e tipo de publicação ou ocorrências e tipo
de artigo), o que traz elementos mais qualitativos.
A contribuição da análise de conteúdo é de poder revelar grandes tendências
(GRAWITZ, 1990), mas a interpretação dos resultados pode trazer problema, caso falte
precaução. Por exemplo, no contexto de uma comparação internacional, interpretar a
sub-representação de um sujeito da informação dentro de um jornal por uma relação de
causa e efeito (os crimes seriam mais abordados na Rússia ou no Brasil pois a criminali-
dade nestes países é elevada…) parece um pouco redutor
Se a análise de conteúdo tem a vantagem de objetivar dados textuais sistematizando
sua abordagem, ela apresenta também o inconveniente de postular que a linguagem é
transparente, unívoca e funcional. Sobre o assunto, podemos lembrar como as funções
da linguagem de Roman Jakobson (1963) se articulam sobre o paradigma de Lasswell,
as questões programáticas (quem disse o quê, por que canal, a quem e com quais efeitos)
estão traduzidas respectivamente pelas funções: emotiva, referencial, poética e metalin-
guística, fática e conotativa. A matriz funcionalista instaura uma circularidade conceitu-
al redobrada no estudo dos conteúdos jornalísticos, na medida em que a regra da escrita
dos “cinco quês”2 adota a mesma grade de questões.
Dentro da análise de discurso, o discurso é um objeto de estudo, mas ele é também
um conceito, e é justamente nisso que reside o ponto de ruptura com a análise de conte-
údo. Segundo Emile Benveniste, o conceito de discurso implica dois componentes, que
são o enunciado e a enunciação. O enunciado corresponde à “história contada”, ao que
é dito, logo a enunciação corresponde à maneira de contar a história, a forma de dizer.
Enunciado e enunciação estebelecem uma relação de presuposição recíproca: não exisite
enunciado sem enunciação e vice-versa. A enunciação é também definida como o ato
de enunciar, ato que instala um enunciador (aquele que fala) e um enunciatário (aquele

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para quem é enderessada a fala). Partindo desse ponto, a análise de discurso trabalha so-
bre a relação entre enunciado e enunciação, e sobre a construção das figuras do discurso:
os sujeitos do enunciado e os sujeitos da enunciação. No caso do discurso jornalístico
trata-se de analisar aquilo que conta o jornal, mas trata-se também de analisar como
são posicionados os que o escrevem e os que o lêem, trabalhando sobre os dispositivos
enunciativos, as formas de disponibilizar a informação
Dentro desta perspectiva, Eliséo Véron (1984) desenvolveu o conceito de contrato
de leitura na imprensa escrita. Veron parte do princípio de que a imprensa escrita fun-
ciona em um universo de concorrência bastante fechado, constatação particulamente
verdadeira no caso das revistas femininas dirigidas a um público de elite, seu primeiro
campo de estudo. Segundo o autor, nem a análise de conteúdo, nem o estudo sócio-de-
mografico do público leitor podem explicar os diferentes posicionamento destas revistas
que têm como alvo as mesmas leitores e propõem os mesmos conteúdos. Essas são as
variações enunciativas que constituem os diferentes contratos de leitura. A enunciação
editorial constrói por sua vez a imagem daquele que fala (o local que ele se atribui, a re-
lação àquilo que ele diz), a imagem daquele a quem o discurso é enderessado (o público),
e a relação entre o enunciador e o enunciatário que é proposta dentro e para o discurso.
Os diferentes modos de se dirigir ao leitor (empatia, distanciamento, tom lúdico…)
criam um efeito de relação interpersoal entre a revista e o leitor.

A ANÁLISE DA IDENTIDADE EDITORIAL

A análise da identidade editorial (RINGOOT, 2004) corresponde ao estudo exausti-


vo dos produtos editoriais levando em conta o plano do enunciado e o da enunciação.
Trata-se de fazer uma semiótca do jornal, quer dizer evidenciar o sentido relacionado
à morfologia do jornal, evidenciar sua poltica de identificação, evidenciar a política de
objetivação da informação, evidenciar a gestão do discurso reportado. A identidade edi-
torial é construida sobre uma gama de elementos constitutivos tais como:

• Os elementos de superfície e de volume : formato, segmentação, cadernos, suple-


mentos, relação entre o redacional e a fotografia, relação entre a informação e a publi-
cidade…
• A disponibilização da informação nas manchetes e a primeira página consideradas
como as interfaces do jornal (gramática espacial e visual, valorisação dos fatos, elemen-
tos variáveis e invariáveis…).
• Os sinais que traduzem as escolhas do jornal quanto à visibilidade dos atores.
• As marcas que significam a categorização da informação.
• Os títulos, que dão destaque à designação dos acontecimentos e dos autores.
• Os gêneros jornalísticos utilizados, pois os generos pré-constroem a organização
da informação, induzindo a relação entre fontes e aos leitores.
• Os ângulos, que constituem os enqudramentos da apreensão e da interpretação da
informação.
• As modalidades recorrentes do discurso relacionado, como a citação, o discurso in-
direto, a alusão, que exprimem, segundo Patrick Charaudeau (1989), o distanciamento,
a aprovação,a refutação ou a apropriação da palavra da fonte.

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Este repertório de técnicas intelectuais mobilizadas dentro da produção da infor-
mação é utilizada de acordo com as combinações próprias a cada jornal. O trabalho de
diagnóstico editorial necessita da elaboração de um corpus fundado numa sequência de
jornais dentro de um período bastante longo de forma a detectar o que é variável e o que
é invariável na publicação. Isto constitui um preambulo de outra análise que depende dos
objetivos da pesquisa mais especificos : análise da construção de um acontecimento, de
uma campanha eleitoral, análise da mediatização de uma mobilização, de uma questão
de interesse público, etc. Trata-se, portanto, de cruzar o estudo da categoria informativa
retida e o estudo das políticas editoriais próprias aos jornais em estudo3. Mas a análise
da identidade editorial pode também dar lugar ao aprofundamento quando se trata de
se especializar sobre os processos de redação jornalística. Para uma aproximação mais
precisa da prática discursiva do jornalismo, nós propomos uma investigação do jornal
a partir do conceito de ethos.

O ETHOS JORNALÍSTICO

Emprestado da rétorica da Grécia antiga, no qual ethos significa personagem, o con-


ceito de ethos é retrabalhado pelo linguista Dominique Maingueneau no contexto dos
estudos de comunicação. “Enunciador legítimo o seu dizer : dentro de seu discurso, ele
se concede uma posição institucional e marca sua relação a um saber. Ele se manifesta
como um papel e um estatuto, mas ele se manifesta também como uma voz e um cor-
po. O ethos se traduz no tom, (pela forma escrita ou pela forma oral), e se apóia sobre
uma dupla figura do enunciador, um caráter e uma corporalidade” (MAINGUENEAU,
2002). A noção de ethos permite revisitar os gêneros jornalísticos em função da for-
ma como o jornalista se coloca, sobre a qual se articula a adesão do leitor. Um artigo
publicado na revista Mots propõe uma tipologia dos gêneros jornalísticos a partir de
três estratégias enunciativas que evidenciam a figura do journalista (RINGOOT & RO-
CHARD, 2005):

• A “corporalização enunciativa” , que corresponde disponibilização dos corpos e


das ações do jornalista. A reportagem, a entrevista, por exemplo, que convocam o leitor
pela vivência do jornalista.
• A “caracterização enunciativa”, que corresponde à publicização da opinião ou do
trabalho intelectual do jornalista. O editorial, a nota ou a crônica, buscam a adesão do
leitor.
• A “despersonalização”, que corresponde a evidenciar a ausência do jornalista. O
apagamento enunciativo, especialmente nos despachos de agência, simula a desaparição
do jornalista. O leitor parece ter acesso à informação sem intermediário.

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Estas três estratégias enunciativas condicionan a escrita (profissionalismo do jorna-
lista) e a leitura (horizonte d’attente do leitor) em função de três formas de aproximação
diferentes. Destacado aqui a partir da questão dos gêneros, o ethos jornalístico é tam-
bém uma pista de investigação suscetível de dar conta da evolução histórica da reda-
ção jornalística. Sobre este tema, nós assinalamos o trabalho de Géraldine Muhlmann
(2004) que levou em consideração a dimensão do conjunto de profissionais e da escrita
de grandes repórteres da história.

FORMAÇÕES DISCURSIVAS E DISPERSÃO

O contrato de leitura, a identidade editorial e o ethos jornalístico não esgotam toda


a questão do discurso nos estudos sobre o jornalismo. Em torno dos formatos da ex-
pressão jornalística, se juntam uma produção discursiva heterogênea sobre o jornalismo,
que condiciona as práticas de informação e os quadros de interpretação da atividade
jornalística. A análise documental dos arquivos das instâncias profissionais (empresas,
sindicatos, associações) conduzida pelos historiadores e pelos sociólogos do jornalis-
mo tem demonstrado a importância da confrontação dos discursos na estruturação da
profissão. No entanto, o postulado de uma inter-relação generalisada entre jornalistas,
fontes e públicos (RINGOOT & RUELLAN, 2006), nos leva a questionar os discursos
para além da esfera estritamente profissional.
O quadro conceitual que permite pensar em conjunto análise de discurso tradicional
e a sócio-etnografia do discurso, é o da formação discursiva, de Michel Foucault. A de-
monstração de Foucault (1969) sobre a formação dos discursos do saber, notadamento
o da da psicopatologia, evidencia o entralaçamento dos discursos e a ação conjunta dos
atores e dos dispositivos (os médicos, os pacientes, os administradores, a igreja, as tec-
nologias, as práticas, os pesquisadores, a gestão, as políticas públicas…). Isto demons-
tra que um discurso se sedimenta no tempo integrando as mudanças, as racionalidades
distintas, as enunciações plurais, as ancoragens múliplas. Dentro desta conceitualização,
o discurso é sempre « atravessado por vários discursos». Foucault não define formação
discursiva em função de uma categoria de atores, mas em função da articulação entre
dois objetos de saber, as enunciações, os conceitos e as estratégias (ou os posicionamen-
tos) que se constróem historicamente pela ação de atores diversos
Neste contexto, a formação discursiva jornalística ultrapassa o discurso do jornal,
e considera-se, por um lado, que o jornalismo produz um discurso e um saber especifi-
cos, destacáveis particularmente pela formas enunciativas recorrentes, mas considera-se,
por outro lado, que o jornalismo é o produto de vários discursos que o elaboram e o
estruturam.A tensão entre ordem e desordem do discurso, a priori paradoxal, é o que
explica o conceito de dispersão. Também, se o jornalismo instaura um objeto de saber,
uma enunciação, e as estratégias (ou os posicionamentos) que lhe são particulares, esta
identidade de discurso é resultato de ula regulação de múltiplas dispersões (RINGOOT
& UTARD, 2005). A dispersão é particularmente tangível no plano das fontes de infor-
mação, que participam da construção dos objetos de saber do jornalismo, como foi de-
monstrado por Philippe Schlessinger (1992), mas o jornalismo também o é no plano dos
públicos. Imaginados, quantificados, sondados, os públicos se exprimem também, seja

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sob o controle dos jornalistas (carta de leitores, coluna do ombudsmann...), seja fora do
seu contrôle, especialmente nos blogs (RINGOOT & RUELLAN, 2006).
A noção de dispersão permite definir o jornalismo como espaço discursivo comple-
xo onde interagem várias encunciações: as dos jornalistas, evidentemente, mas também
aquelas das fontes e dos públicos. Dito de outra forma, os discursos do legislador, do
professor, do pesquisador, do sindicalista, dos empresários da imprensa, ou do anun-
ciante interferem sobre a definição social do jornalismo. Todos estes atores agem sobre
a definição da informação, sobre o seu modo de produção, sobre os valores que lhe são
atribuídos. Nós nos situamos aqui dentro de uma concepção integradora (RINGOOT
& RUELLAN, 2007) que defende a idéia de que não há ‘discurso’ sem ‘interdiscurso’.
A identidade discursiva não é proveniente de um discurso social fechado em si mesmo,
mas quase sempre da sua porosidade. A circulação dos discursos alimenta a identidade
discursiva do jornalismo e implica em sua renovação permanente.

1
Título original do Ensaio: Pourquoi et comment et analyser le discours dans le cadre des études sur le
N OTAS E
journalisme? Versão ao português do ensaio realizada por : Dione Moura e Fábio Henrique Pereira. Este
R EFERÊNCIAS ensaio de Roselyne Ringoot foi elaborado a partir de uma conferência realizada pela autora no Programa
de Pós-Graduação da Faculdade de Communicação da Universidade de Brasília, transcorrida no segundo
semestre de 2006.

2
Nota da Tradução : « Cinc w » é uma referência à expressão em inglês « five ‘W’s », a qual representa os
seguintes cinco pronomes interrogativos : who,what,where, why and when.

3
Ver, por exemplo o tratamento da Europa dentro da imprensa regional (RINGOOT & UTARD, 2003).

BENVENISTE É., Problèmes de linguistique générale, Paris, Gallimard,1974.


R EFERÊNCIAS
B IBLIOGRÁFICAS CHARAUDEAU P., Le discours d’information médiatique, Paris, Nathan, 1997

CHARAUDEAU P., MAINGUENEAU D., Dictionnaire d’analyse de discours, Paris, Seuil, 2002.

FOUCAULT M., L’archéologie du savoir, Paris, Gallimard, 1969.

GRAWITZ M., Méthodes des sciences sociales, Paris, Dalloz, 1990.

JAKOBSON R., Essais de linguistique générale, Paris, Minuit,1963

MAINGUENEAU D., Analyser les textes de communication, Paris, Seuil, 2002

MULHMANN G.,Une histoire politique du journalisme - XIXe-XXe siècle, Paris, PUF, 2004.

RINGOOT R., “Discours journalistique : analyser le discours de presse au prisme de l’identité éditoriale”, in
Ringoot R., Robert-Demontrond P. (dir.), L’analyse de discours, Rennes, éditions Apogée, 2004.

RINGOOT R., ROCHARD Y., “Normes et usages des genres journalistiques” , Mots, n°77, 2005.

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RINGOOT R., RUELLAN D., “Le journalisme”, in OLIVESI S. (dir.), Introduction aux sciences de l’information
et de la communication, Presses universitaires de Grenoble, 2006.

RINGOOT R., RUELLAN D., “Journalism as permanent and collective invention”, Communication to the
international conference Thinking Journalism across National Boundaries: New Challenges and Emergent
Perspectives, à paraître en 2007.

RINGOOT R., UTARD J.M., “L’Europe vue par la presse quotidienne régionale”, in MARCHETTI D. (dir.), En
quête d’Europe, médias européens et médiatisation de l’Europe, Presses Universitaires de Rennes, 2004.

RINGOOT R., UTARD J.M. (dir.), Le journalisme en invention, Presses Universitaires de Rennes, 2005.

MATTELART A. et M., Histoire des théories de la communication, La Découverte, Paris, 2002.

NEVEU E., Sociologie du journalisme, Paris, La Découverte, 2001.

SCHLESSINGER P., “Repenser la sociologie du journalisme. Les stratégies de la source d’information et les
limites du média-centrisme”, Réseaux, n°51, 1992, p.75-99.

VERON E., “Quand lire c’est faire : l’énonciation dans le discours de la presse écrite”, Sémiotique II, IREP,
1984.

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