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Guia do Emigrante

Os passos para morar em Portugal

CAPÍTULOS SOBRE

PLANEJAMENTO INICIAL
CUSTO DE VIDA
MORADIA
ALUGUEL E AQUISIÇÃO
SUFICIÊNCIA FINANCEIRA
MERCADO DE TRABALHO
COMO ENCONTRAR EMPREGO
COMO VIVER LEGALMENTE
NACIONALIDADE
VISTOS
AUTORIZAÇÃO DE RESIDÊNCIA
CARTA CONVITE
NIF
NISS
E MAIS…
Índice
Introdução 5

A minha história 10

Planejamento 18

Secção 1 - Custo de vida 19

Secção 2 - Qualidade de vida 30

Secção 3 - Criminalidade 35

Moradia 39

Custo do arrendamento 42

Suficiência financeira 48

Preços e custo de mobília e eletrônicos em Portugal 53

Como converter valores (entenda o índice Big-Mac) 56

Emprego e mercado de trabalho 60

Secção 1 - Onde Encontrar emprego 70

Secção 2 - o Curriculum 74

Secção 3 - Equivalência de Diplomas e continuidade de estudos 78

Como viver legalmente 80

Secção 1 - Através da nacionalidade portuguesa 81

Considerações sobre a Nacionalidade por atribuição 83

Explicação acerca da atribuição de nacionalidade aos descendentes em 2º grau de

nacionais portugueses. 86

Explicações acerca das pessoas nascidas no território de Portugal 90

Considerações sobre a Nacionalidade por aquisição 92

Da comprovação de ligação efetiva a comunidade nacional para aquisição de


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nacionalidade por efeito da vontade ou adoção 96

Considerações finais 98

Secção 2 - Através de outra nacionalidade europeia 100

Secção 3 - Através de algum tipo de visto 103

Órgãos competentes para concessão de vistos 105

I. Visto de estada temporária 106

IV. Visto de residência 108

Condições gerais e individuais aplicáveis 110

Secção 4 - Reagrupamento Familiar 114

Condições de exercício do direito ao reagrupamento familiar 116

Benefício aos familiares de nacionais Portugueses e europeus 118

Capítulo 7 - Outros Vistos (Inadequados ao processo de emigração) 122

Secção 1 – III. Visto de Escala Aeroportuária 123

Secção 2 - IV. Visto de curta duração 124

Condições mínimas a admissão da entrada a turismo em Portugal 125

Como contar o prazo do Visto de Curta Duração 130

Da prorrogação do Visto de Curta Duração 133

Secção 3 - Riscos inerentes ao uso inadequado dos vistos de Escala aeroportuária e

Curta Duração 135

Das penas a terceiros que auxiliem ou empreguem estrangeiros ilegais 140

Das penas ao próprio estrangeiro em situação de ilegalidade 145

Capítulo 8 - Autorização de Residência 148

Secção 1 - Autorização de Residência com dispensa do Visto de Residência 153

Secção 2 - Vantagens de se requerer um Visto de Residência antes de requerer-se a

Autorização de Residência 158

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Secção 3 - Direitos de quem tem a Autorização de Residência 162

Capítulo 9 - Os 8 documentos mais comuns e necessários em Portugal 163

Secção 1 - Carta Convite (Modelo) 164

Secção 2 - Atestado de morada 165

Secção 3 - Número de Identificação Fiscal (NIF) 166

Secção 4 - Certificado de Assistência Médica - CDAM (PB-4) 167

O que é o PB-4 167

Como solicitar o PB-4 168

Secção 5 - Certificado de Utente 170

Secção 6 - Número de Inscrição da Segurança Social (NISS) 171

Secção 7 - Certidão Negativa de Antecedentes Criminais (Portuguesa) 172

Secção 8 - Declaração de Presença 173

Capítulo 10 - Sobre o autor 174

Mais informações 175

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Introdução

A
b ovo, explico-me ao leitor, que não era minha pretensão

escrever um livro como este, e que seu desenvolvimento se

deu de maneira natural, por isto, previamente peço desculpas

a quem a leitura acarrete uma sensação de inacabado, ou incompleto, vez que é

a sensação que me abarca num momento.

Evidentemente, esta construção orgânica, como quase tudo o que

acontece em nossa sociedade, veio através da necessidade das pessoas.

No meu trabalho, verifico diariamente, que vários aspectos da migração,

neste caso, para Portugal causam estranhezas e dúvidas entre aqueles que

planejam esta jornada.

E não somente isto, nos últimos meses, foram centenas ou milhares de

perguntas respondidas, sejam através de grupos especializados no assunto, seja

através do meu perfil privado no Facebook, ou do site e telefone do meu escritório.

Não menos são as pessoas que chegam através do nosso canal de

YouTube, e as dúvidas, apesar de suas peculiares individualidades, repetem-se

quase que diariamente. Disto, constatamos obviamente que as questões são

quase que universais no que se trata do processo emigratório.

Foi assim que percebi uma grande necessidade coletiva e individual, de

se obter uma fonte concentrada de informações, onde o interessado possa ao

menos iniciar e direcionar as suas pesquisas.

Desta forma, diante das dúvidas mais comuns, e também de uma série de

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respostas que gratuitamente nos permitimos dar, que chegamos a um esboço do

conhecimento que hoje se transcreve nestas páginas.

Como observo ao leitor, o intuito deste exemplar não é a o incentivo a

emigração, mas sim, a exposição das condições, riscos, e fatores que se

envolvem na atividade emigratória, e principalmente, propiciar ao leitor um

vislumbre, para que este possa munir-se das melhores condições quando for

planejar e executar o processo de mudança de país.

Inicialmente, estas orientações formavam um agrupamento de anotações

de 4 páginas, destinado a um grupo de advogados que emigraram, ou pensam

e pretendem emigrar para Portugal.

Aquele pequeno agrupamento de informações esparsas, virou um roteiro

de 11 e posteriormente 17 páginas, o qual parei de produzir, parte por falta de

tempo, vez que minha atenção é quase completamente tomada pela advocacia de

imigração (em Portugal), parte por perceber que não era este o único “grupo” de

pessoas interessadas nestas informações.

Retomando a observação anteriormente feita, não apenas advogados

interessavam-se no processo, mas os mais diversos profissionais, com ou sem

qualificações específicas, empresários, estudantes, pessoas que vivem de

rendimentos, ou já encontram-se reformadas.

A partir daí, decidi transformar o roteiro em um esboço mais generalista,

sem saber exatamente a quantas páginas transformar-se-iam. E hoje, mesmo

tendo abordado os diversos temas constantes neste livro, ainda sinto de alguma

forma que muito conhecimento falta de ser incluído aqui.

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Não obstante isto, a primeira parte deste livro, tem foco a compreensão

dos motivos que nos fazem querer emigrar. E sobre isto, posso lhes assegurar

que ouço diariamente, profissionais das mais distintas áreas apontarem os

mesmos fatores, os quais compartilho abaixo:

• Mais segurança;

• Educação de qualidade para os filhos;

• Um melhor sistema de saúde;

• Valores imateriais e culturais acessíveis unicamente ao residir no

estrangeiro.

E considerando os apontes feitos pelos inúmeros contribuintes anônimos

deste livro, não posso deixar de dar razão a estes 4 fatores, os quais pessoalmente

considerei primordiais ao tomar a decisão de abdicar dos confortos que tinha

estabelecidos no aonde vivia, para tentar um espaço cá em Portugal.

Ademais, sobre isto, é prudente do Autor informar ao leitor que:

“andar a qualquer hora na rua, sem ser importunado, bem

como ligar o aparelho de televisão e não ver um banho de sangue, é

bem mais recompensador que minhas simples palavras possam

descrever”.

Esclareço oportunamente que, não é que “não exista criminalidade” cá,

pois ela também existe! Aliás, criminalidade existe em qualquer lugar do mundo,

nos seus mais diferentes níveis de violência e grau.

E informo mais (talvez para o descontentamento de muitos que possam

ler incrédulos), já ouvi o relato de alguns colegas que foram furtados aqui. Não
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somente isto, é correto informar que já ouvi falar de tiros a porta de boates, bem

como verifiquei que se “vendem” e se “oferecem” drogas (estupefacientes) a luz

do dia, mas observo que nada disto está comparado a naturalidade com que estes

fatos se perpetuam no Brasil (referencial comparativo para maior parte do que

segue).

Primeiramente, por que os crimes não são tão violentos cá, quanto lá, e

posteriormente por que a referida droga oferecida (na maioria das vezes) não

passa literalmente de folha de louro seca e/ou açúcar de confeiteiro (um truque

usado para enganar os turistas).

Logo, percebemos que o único crime praticado neste caso, é uma burla

(ou estelionato), e ao adquirente enganado caberia uma reclamação esdrúxula por

questões de Direito do Consumidor, ou qualquer coisa inaplicável por sua própria

ironia.

Observados estes pontos, é correto satisfazer o ponto final de minha

narrativa, a qual sana a dúvida de muitos sobre “a melhor forma de vir morar e

trabalhar em Portugal”. Sobre isto, eu numerava dois pontos inexoráveis, quais

sejam: planejamento e legalidade; mas hoje, depois de alguns anos, junto ao

presente dois outros pontos de idêntica importância: paciência e persistência.

Antes de largar tudo no Brasil, vender carro e casa, continue em seu

trabalho, leia este livro, faça contato com alguém que já viva no país para onde

pretende emigrar; converse com seu cônjuge (se tiver), e estipule uma meta e um

prazo (por exemplo: para daqui um ano).

Somente após ter cumprido estas fases, inicie um processo de poupar

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dinheiro e recolher informações de forma minuciosa e crítica sobre a nova vida

que está disposto a buscar.

Desta forma, deixo ao leitor este livro, que se desenvolveu com as minhas

experiências pessoais, e outras de tantos outros colegas e anónimos que se

colocaram à disposição para compartilhar seu pedacinho de realidade sobre o

processo emigratório para Portugal.

Espero que seja útil a todos, sei que não é a opinião unanime dos colegas

que cá estão, mas é uma percepção que muitos têm, e desta forma me ponho a

disposição para maiores esclarecimentos e contribuições.

FORÇA!

E BOA SORTE A TODOS!

CÉLIO SAUER, O AUTOR.

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A minha história

V
ocê que neste momento de instabilidade nacional tem

considerado a possibilidade emigrar para Portugal; ou talvez,

você que já vinha nutrindo este sonho há anos, e quem sabe

por um tempo adormecido agora despertou dentro de si como uma inquietante

necessidade de mudança.

Que tem medo e não certezas; seja sobre permanecer e deixar de lado

estes pensamentos, ou abraçá-los e desprender-se de tudo o que hoje conhece,

e que talvez lhe cause uma certa insatisfação. Este ensaio é para si.

Confesso que também me vi uma vez neste dilema:

“entre abrir mão de tudo, cortar os laços e tentar uma vida

nova e melhor (seja em termos financeiros, ou àqueles correlatos a

qualidades imateriais que desejamos ter em vida), e ficar onde está,

do jeito que está...”.

E por isto hoje escrevo os detalhes e pontos principais a se conhecer antes

da jornada iniciar.

Considerando a priori que o leitor seja razoável e tenha em mente que

nem tudo são flores, como nem tudo são espinhos. A realidade é bem maior

que meros boatos de internet, e a experiência pode ser boa, como também pode

ser ruim, tudo vai depender unicamente de você!

No meu caso pessoal, havia já uma inquietante voz dentro, que fazia-me

querer deixar tudo antes mesmo de tudo haver começado.

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Na época, cursava o primeiro ano do curso de Direito em uma das maiores

Instituições de Ensino Superior do Brasil, mas via-me insatisfeito em relação a

minha posição geográfica. Era curioso como sentia-me distante de tudo o que

julgava importante, de tudo o que julgava grandioso. Os acontecimentos não

passavam de meros fatos narrados à televisão, e isto me insatisfazia.

Mas era mais do que isto. Sempre julguei o mundo de certa forma

eurocêntrico, e a televisão era apenas uma manifestação juvenil da realidade

que se encontrava oculta, eu vivia no interior do mundo; se é que o mundo tenha

este tipo de organização (com centros urbanos e subúrbios afastados de tudo “que

acontece”).

Na época sentia-me o garoto do campo, longe do grande centro de tudo e

do mundo. E manter este tipo de pensamento rendeu-me uma “dura” de minha

mãe, a qual fez de tudo para que continuasse os estudos.

Particularmente, após isto, aquela vontade foi-se a adormecer longe da

superfície, a cada dia envolva-me mais com o curso, e minhas expectativas

direcionavam-se cada vez mais para o Direito e a advocacia privada; com exceção

há uma, duas ou quatro situações, onde emergia um pensamento migratório,

como talvez ocorram às aves nos invernos (mas isto abordarei mais adiante).

Anos adiante, e aproximadamente 2 anos antes de pôr-me a escrever esta

história, encontrava-me em meu próprio escritório, com outros advogados e

colaboradores a tomar partido de minha causa e meus planos de expansão, este

sentimento emigratório era completamente esquecido, com exceção de três

situações que tenho claras em minha mente:

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A primeira:

É a história de um cliente meu que viveu em Boston (E.U.A.)

por 8 anos. Contava-me que lá era caminhoneiro. A esposa e os filhos

tinham acesso à saúde e educação. Trabalhava-se muito, mas ao

mesmo tempo vivia-se bem e via-se o dinheiro ter valor. – Após estes

8 anos havia retornado ao Brasil com o dinheiro que lá ganhou, abriu

uma empresa, perdeu tudo o que tinha e estava me anunciando que

retornaria aos Estados Unidos assim que fosse possível.

A segunda:

Foi a história de um advogado que trabalhou em meu

escritório por apenas 1 mês. Viveu anos na Europa, a maior parte

deles na República da Irlanda; havia retornado ao Brasil, e talvez

passou em minha vida apenas para atiçar a minha mente sobre os

locais que tenha conhecido quando esteve aqui.

A terceira e talvez mais determinante delas:

Foi a história de uma mulher que na época me relacionava, e

que mais tarde veio a ser minha esposa, e por isto é a que me

influenciou marjoritariamente nas decisões que se seguiram nos

próximos dois anos. – Havia vivido quase dois anos em Lisboa, e

dizia, que foram os melhores anos de sua vida. Trabalhava muito,

ganhava pouco, mas o pouco que ganhava via o dinheiro render.

Agora olhando para trás, na época em que estive na faculdade de Direto,

entendo toda a carga teórica e literária que me foi apresentada sobre a União

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Europeia, relações internacionais, e Direito Internacional; a época aparentavam-

me apenas o que referi: “situações, onde emergia um pensamento emigratório”.

Lembro-me que me apliquei aos créditos de diversas matérias da

faculdade de Comércio Exterior, e por uns anos fui discente do curso. Mas era

apenas curiosidade, vontade de perceber aquilo tudo, mas sem ver-me como um

futuro profissional da área, estava de fato apaixonado pelas leis, e à época não

iria mudar.

Mas nestas reviravoltas fui discente da Cátedra Jean Monnet no Brasil,

aluno especial de mestrados nas áreas de direito e relações internacionais, e

percebia muito que me agradavam as teorias de Kelsen e Samuel P. Huntington.

Hoje, olhando para trás, percebo que minha afinidade pelas cadeiras

menos tradicionais do Direito, deram-me a bagagem teórica e cultural necessária

para desbravar os conceitos e teorias das legislações de uma sociedade

estrangeira, sem dogmas ou paradigmas que possam travar a compreensão da

lógica e do espírito da lei.

Se eu não tivesse tomado aquela “dura” de minha mãe. A qual em seu

pensamento deu-me na tentativa de preservar alguma possibilidade de emprego

estável junto à magistratura, e evitar esse sentimento migratório que me punha

à mente em ebulição. Hoje não estaria aqui, advogando para estrangeiros,

empresas e imigrantes na Europa.

Nas palavras de Steve Jobs:

“era impossível conectar esses fatos olhando para frente

quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro

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olhando para trás 10 anos depois”.

Como hoje fica claro a mim, que 1/3 deste caminho foi traçado naquele

momento, e os outros 2/3 nos momentos que vou contar-lhe a seguir.

A segunda parte que influenciou a minha emigração, foi a própria

atividade da advocacia. Haviam passados alguns meses após sair da faculdade

de direito. Havia procurado emprego em alguns escritórios, mas advertidamente

desisti de continuar a procurar.

Agradeço por isto, a um advogado que atua na comarca de Balneário

Camboriú (Santa Catarina - Brasil), onde atuei por anos, e o qual, durante uma

entrevista para emprego, explicou-me que se quisesse me sujeitar a ter horas a

cumprir e um baixo salário, haveria uma vaga em muitos escritórios; mas se

quisesse ganhar dinheiro de verdade, deveria ser seu sócio, ou advogar sozinho,

mas nunca trabalhar para outro advogado.

Este foi o dia em que mudou minha percepção profissional. Declinei

o convite, mas ao mesmo tempo desisti de entregar outros currículos, estava a

partir daquele momento decidido a ter meu próprio escritório, mesmo sem ter os

meios financeiros para fazê-lo.

À época também, inscrevi-me a uma posição de Orientador de Curso junto

ao Sistema Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), o qual após as

etapas do processo seletivo, contratou-me.

O salário era bom, e a atuação junto a Instituição de Ensino me permitiu

experimentar a prática da docência, além de pagar os custos iniciais de meu

escritório. Foram tempos bons, que me auxiliaram a estabelecer relações e a

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conhecer pessoas que futuramente viriam a ser os casos de meu escritório.

Anos passaram, evidentemente as exigências aumentaram, e neste

imbróglio tive que fazer uma grande escolha, manter-me junto ao SENAC, ou,

como optei por deixar de lecionar para estabelecer-me unicamente com o

escritório.

Percebo que esta foi uma decisão que me trouxe até o presente momento,

vez que outros contemporâneos de minha época optaram pela carreira docente,

e se eu o tivesse feito, certamente não estaria aqui.

Ab ovo, por que a Ordem dos Advogados do Brasil mantém acordos

bilaterais com a Ordem dos Advogados (de Portugal); e através deste acordo, os

advogados nacionais de um dos países signatários, regularmente inscritos na sua

respectiva ordem profissional, podem atuar no outro país, devendo como se

evidencia mais adiante neste livro, previamente realizar a devida inscrição.

Logo, existe o reconhecimento profissional entre as Ordens dos

Advogados portuguesa e brasileira, fato que à época não tinha conhecimento de

existir.

Neste sentido, posso dizer que se nunca tivesse me dedicado

a atividade da Advocacia (atividade que posso dizer, foi a melhor

coisa que me ocorreu na vida), jamais teria congruído à Europa.

E a terça parte de três, que me influiu diretamente em minha decisão,

resume-se a uma tarde, onde minha mãe, durante o aniversário de uma afilhada,

em brincadeira (ou falando muito sério) com minha esposa, advertiu-a de que eu

gostaria de ter uma “penca” de filhos. Todos rimos da brincadeira. Ainda mais

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minha esposa, em que na época não éramos casados, e surpreendeu-se de

incredibilidade com a declaração, vez que sempre deixei claro que não teríamos

filhos, muito menos iríamos casar.

Nesta mesma tarde, ao chegar em casa, comecei a questionar minha

esposa sobre como era Lisboa, como era sua vida aqui (coisas que ela

naturalmente já me relatara outras vezes).

Perguntei sobre saúde e educação, e admiti que minha mãe falara a

verdade, que queria ter filhos com ela, mas que certamente no Brasil não via a

possibilidade de ter e criar meus filhos.

A partir deste dia minha mente estava clara e decidida a vir. Não havia

mais volta. Eu era um homem com um plano e coloquei ele a rodar:

Eu tinha objetivos, prazos, metas! Reestruturei meu

escritório, e minha vida para o que estava por vir, vendi alguns bens

que possuía, guardei um dinheiro, e outro tanto converti em euros e

dólares.

Não havia mais hipótese de ficar; afinal, tudo aquilo que adormecera por

anos tinha retornado à tona, mas agora, sabia exatamente o que deveria de fazer,

por mais duro e difícil que o fosse. Sabia que abriria mão de família, parentes,

empregos, amigos e talvez a cabeça. Mas se fosse tentar, iria com tudo; ou nem

começaria.

Recorro de novo ao discurso de Steve Jobs em Stanford, você não

consegue conectar os pontos olhando para frente; você só os conecta

quando olha para trás! Tudo o que aqui hoje descrevo, só tornou-se claro a partir

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do momento em que aqui estive. E talvez tenha muito a tornar-se mais claro a

partir de agora, então, é correto que minha primeira orientação para si seja:

“Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida,

karma ou o que quer que seja”.

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Planejamento

I
nicialmente é importante ter em mente que a sua saga se iniciará

muita antes de sair do seu país. Haverá dificuldades em todo o

caminho, sejam financeiras, sejam documentais, seja na falta de

suporte e apoio por parte dos amigos e familiares.

Emigrar depreende muita energia e otimismo, além de garra e vontade de

fazer as coisas acontecerem. Existe também o planejamento, e é onde este livro

vem para lhe ajudar inicialmente, pois não bastam apenas relatos individuais, mas

também o empirismo e a organização para fazer com que as ocasiões se

convertam ao seu favor.

Nos anos em que faço parte de grupos de discussão sobre emigração

(seja destinada a Itália, Portugal ou Austrália), indiscutivelmente 5 temas são os

recorrentes em todos os grupos, e causalmente os mais abordados pelas pessoas

que anseiam imigrar de seu país de origem, quais sejam:

1. Custo de vida;

2. Mercado de trabalho;

3. Documentos básicos

4. Legalização; e

5. Nacionalização.

Não obstante isto, divido os capítulos que se seguem nesta mesma lógica,

vez que a orientação cronológica dos acontecimentos (desde o planejamento

eficaz) se assemelha em muito ao manifesto acima, e por isto opto por orientar

este ensaio da mesma forma.


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Secção 1 - Custo de vida

Portugal é conhecido por ter um custo de vida não muito elevado. Na

verdade, é um dos custos de vida mais baixos da zona do euro, e é o mais baixo

dentre os países do oeste europeu.

Por isto, é um destino muito comum de férias, e visivelmente adorado

pelos jovens universitários e intercambistas de ERASMUS.

Por causa disto, não é incomum ver os diversos bares do Bairro Alto em

Lisboa, à noite, pipocando de jovens bebericando e papeando de um lado a outro.

Objetivamente, é positivo conhecer este fato, vez que, qualquer lugar

barato o suficiente para estudantes universitários frequentarem, é visivelmente

barato para que sejam reduzidas as dificuldades do emigrante lá se estabelecer.

Não obstante isto, a cultura pluralmente fervilhante, faz com que exista

muitas casas de samba e música brasileira, cubana ou angolana, isto além de

manter um aconchego natural de quem tem laços coloniais com metade do

mundo. Neste sentido, o Bairro Alto pode oferecer um pouco da mistura da cultura

luso com a cabo-verdiana, angolana e indiana, mas também inglesa, americana,

francesa, entre outras. Algo que certamente o fará crescer culturalmente de uma

forma nunca antes vivida.

Iniciar sua pesquisa de custos e padrões de vida vai depender da quebra

de muitos paradigmas, principalmente àqueles de quem tenha uma grande

dependência de automóvel.

Oriento a partir de agora, ao leitor a pausar sua leitura munir-se de alguma

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forma de acesso à internet, seja pelo computador, tablet ou celular; uma vez que

indicamos alguns sites e ferramentas que podem lhe auxiliar no processo de

estabelecimento do custo de vida, e também de comparação de índices, como por

exemplo a NUMBEO.

https://www.numbeo.com

Este link o encaminhará ao site da ferramenta acima referida, e a qual

será muito útil durante as vossas pesquisas.

É evidente que um dos maiores obstáculos do processo é a recolha de

informações acuradas e atualizadas sobre o custo de vida no local pretendido de

destino, e a menos que o leitor tenha condições de adquirir passagens e

permanecer ao menos uma semana no destino, a pesquisar locais de moradia,

custos em mercado e alimentação, a alternativa mais segura é utilizar da

consciência colaborativa disponibilizada por esta ferramenta.

Basicamente, a NUMBEO funciona como a WIKIPEDIA, aonde pessoas

que vivem em um determinado local alimentam a ferramenta com informações

reais, e também com as suas opiniões sobre aspectos normais e quotidianos da

vida lá.

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Logo, a ferramenta reúne em um único local, informações reais e

atualizadas do mundo todo, que o permitem ter um vislumbre verossímil das

condições de custo vida (por exemplo), a partir de um acesso pelo seu

computador.

Exemplificamos aqui uma busca realizada no “Cost of


Living Comparison” (comparação de custo de vida), uma das
ferramentas disponibilizadas pelo site NUMBEO.

https://www.numbeo.com/cost-of-living/comparison.jsp

O link referido acima, permite acesso a ferramenta (imagem), na qual é

possível fazer uma comparação dos custos de vida na cidade onde atualmente

reside o leitor, e onde planeja este residir (caso não tenha algum destino definido,

ponha Lisboa, ou Porto apenas a título exemplificativo e de adaptação à

ferramenta).

Através deste portal, será possível obter uma comparação acurada,

fundamentada em dados atuais obtidos com outros usuários do site.

Ou seja, como anteriormente referido, a Numbeo assemelha-se a

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Wikipédia neste sentido, a aumentar a sua base de dados através das informações

prestadas por usuários do mundo todo, observamos que até o presente momento

seu uso é gratuito e de grande valia para quem planeja emigrar, ou inclusive se

pretende mudar de cidade dentro de um mesmo país.

Ainda neste sentido, há dados informações acuradas sobre:

• sistema de saúde,

• poluição,

• trânsito,

• qualidade de vida,

• crimes e violência,

• preço para compra de móveis,

• arrendamentos,

• entre outros.

Logo, o leitor pode perceber o porquê de colocar esta ferramenta entre as

primeiras deste livro, uma vez que tem utilidade imprescindível, pode lhe auxiliar

com dados sólidos a decidir para onde planeja emigrar.

Não obstante isto, informando os parâmetros certos em “1. Where do you

live now?” (1. Aonde você vive agora?) e “2. Where are you comparing?” (2.

Aonde você quer comparar?), caixas apontadas pelas flechas vermelhas na

imagem acima; o site completará automaticamente as informações de Estado e

País.

Após isto, basta clicar no botão cinza escrito “Compare”, que ascenderá

a tela a seguir, descrita pela imagem da próxima página.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Na próxima tela, já surgirão algumas informações importantes, conforme

nos permitimos reproduzir pela imagem abaixo:

No quadro verde: as informações de quanto em dinheiro deverá dispor


para ter o mesmo padrão de vida nas cidades comparada e de atual moradia.

No quadro azul: aonde se encontram as principais diferenças de


preço, e se na cidade de comparação os valores são maiores ou menores que
na cidade de residência atual, bem como o respectivo percentual de diferença.

No item “Currency”: a moeda que é utilizada para realizar a


comparação.

Na tabela inferior (branca e laranja): o detalhamento e a comparação


individual dos itens que integram os dois quadros acima (ver e azul), juntamente
com o preço médio e o percentual de diferença de valores.

Observe que ainda é possível alterar a quantidade de valor utilizada como

parâmetro de padrão de vida. Devendo para isto o usuário clicar em “change de

amount in this calculation”, no quadro verde.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Considerando isto, é correto que eu informe ao leitor que, atualmente

Lisboa é uma das cidades mais caras de Portugal, e vem experimentando uma

explosão imobiliária atribuída principalmente a especulação imobiliária causada

pelo turismo local.

Os dados do Gabinete de Estudos e Estatística do Turismo de Lisboa e

do Instituto Nacional de Estatística, mostram que o turismo vem tendo um enorme

aumento nos últimos anos em Portugal, e principalmente em Lisboa.

Milhões de pessoas visitam a cidade todos os anos, fator que se reflete

em diversos setores, principalmente o imobiliário, vez que muitas pessoas e/ou

empresas locam imóveis por períodos longos (4 ou 5 anos), no intuito de sublocar

a outras pessoas por curtos períodos de tempo, via Uniplaces, ou Airbnb.

A busca de imóveis para sublocação, fez com o valor do aluguel médio

em Lisboa disparasse para 700, 800 ou 900, euros nas mesmas regiões em que

antigamente se pagava 300 euros.

Neste sentido, cumpre-nos observar que até a presente data, no site da

Numbeo, os valores gastos com locação e aquisição de imóveis são superiores

aos praticados em Blumenau (exemplo abaixo), ou até São Paulo, equivalendo-

se praticamente aos praticados na cidade do Rio de Janeiro.

Por este e outros fatores, é comum encontrar muitos lisboetas a reclamar

dos custos de se viver aqui, sendo que os mais jovens (estudantes universitários

e profissionais recém-formados) tem realizado um êxodo de Portugal, no intuito

de obter melhores condições nos demais países da União Europeia.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Fazemos nota que o valor para aquisição apresenta-se na relação de


preço médio por metro quadrado, e observamos que o primeiro título “rent”
refere-se ao custo dos alugueis mensais, enquanto o segundo “buy”, refere-se
ao custo da aquisição.

Quando tratamos de “condições”, tratamos principalmente das

financeiras, vez que não apenas o custo de vida em Portugal está entre os

menores da Europa, mas também os salários.

Logo não se iluda sobre a possibilidade de “ficar rico trabalhando além

mar”, e se este é o seu interesse, sinto lhe informar que deverá mudar de destino,

uma vez que Portugal talvez possa não ser o mais adequado para si (fato que

abordarei em outra oportunidade logo adiante).

E neste sentido, se formos traduzir em um ranking considerando as 4

cidades mais influentes de Portugal, em relação a custo de vida nestas, teríamos

a seguinte designação; numerando daquela em que o custo de vida é maior, para

aquela onde o custo de vida é menor, Lisboa estaria em primeiro lugar, conforme

dados extraídos também do site da Numbeo:

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Observa-se que a média geral da cidade de Lisboa é maior, justamente


pela diferença praticada no valor dos arrendamentos (alugueis) e da
restauração (restaurantes, bares e cafés).

Logo, considerando todos os fatos apresentados até o momento, o leitor

deve estar me considerando “incoerente” e “louco”, quando informei a

princípio que o custo de vida de Portugal não é muito elevado. Por isto,

explico-me:

Se considerarmos única e exclusivamente as informações de

suas maiores cidades, realmente chegaremos a esta equivocada

constatação.

Mas a verdade é muito maior do que apenas a superfície até

agora refletida, vez que iniciamos nossa comparação entre uma das

cidades mais caras de Portugal os dados vão refletir unicamente esta

realidade.

Este gráfico também foi obtido usando das ferramentas disponíveis no


site NUMBEO.

Mas se compararmos Lisboa com outras capitais mundiais veremos que

seus custos são muito reduzidos em relação a Nova Iorque (E.U.A.), Londres

(Inglaterra), Sidney (Austrália) e até Berlim (Alemanha).

Por isto, devemos considerar que o correto é comparar Portugal com

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

outros países, no intuito de compreender o custo de vida aqui e lá, para entender

que:

De fato os salários nos Estados Unidos, ou na Inglaterra

possam ser mais altos para as mesmas funções, mas os custos dos

bens e serviços (além do preço para compra e arrendamento dos

imóveis), são e estão diretamente relacionados, e por consequência,

são maiores também.

Ademais, deve-se considerar que apesar de Portugal ser pequeno (e que

isoladamente não seja uma potência econômica como os Estados Unidos, ou o

Reino Unido), enquanto Portugal fizer parte da União Europeia, deve-se

considerar as vantagens e os benefícios do bloco como um todo.

Em outras palavras, apesar de pequeno, Portugal encontra-se incluído

entre os países mais ricos do mundo, e por isto é abençoado por esta riqueza

econômica que advém da zona do Euro.

Fazemos aqui e nas próximas 3 imagens uma comparação entre


Lisboa e 4 cidades, Nova Iorque, Londres, Barcelona e São Paulo.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Desta forma, é correto asseverar a conclusão de que o custo de vida

em Lisboa (que é uma das idades mais caras de Portugal), é ainda menor do

que o custo de vida em São Paulo (por exemplo).

Logo, depreende-se a conclusão de que o custo de vida em Portugal pode

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

ser inferior ao custo de vida no Brasil inclusive, não somente inferior a países

desenvolvidos demonstramos em relação aos Estados Unidos e a Inglaterra, mas

também a países que ainda se encontram em desenvolvimento como Brasil,

Cabo-Verde e Angola.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Secção 2 - Qualidade de vida

Noutro norte, vossa mudança de país não pode (nem deve) ser

pautada unicamente em termos financeiros, mas sim, em uma série de critérios

objetivos, e também outros subjetivos, que demonstrem um ganho real em termos

daquilo o que podemos chamar de qualidade de vida.

Isto deve ser visto, uma vez que, quando deixa seu país de origem, o

emigrante abre mão de muitos aspectos relacionados ao conforto da proximidade

com amigos e familiares, fato que na maioria das vezes (apenas) a questão

financeira não é capaz de suprir, ou suprimir.

Evidentemente, os indivíduos são distintos entre si, e haverá quem sinta

uma maior falta dos seus entes e amigos, e aqueles a quem esta ausência seja

mais relevantemente sentida, fato que por muitas vezes impõe o regresso ao país

de origem mesmo que tenha a situação econômica estável no país de eleição.

Também haverá quem releve esta falta, por emigrar juntamente a alguns

dos seus familiares; ou seja, o caso de famílias inteiras que migram a outro país.

Desta forma, o candidato a emigrante deve estar ciente das restrições

e dos riscos existentes no projeto, bem como buscar uma gama de benefícios

que orientem a sua escolha, não unicamente pelo bolso, mas também pelos

valores sociais e culturais que pretende obter.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Neste sentido, expomos o mapa abaixo, o qual reflete uma verdade

importante sobre o índice de desenvolvimento humano (IDH), no cenário

mundial, vide:

Países desenvolvidos, de acordo com estudos realizados pelo Fundo


Monetário Internacional (FMI).

Os países que tem coloração azul mais escura apresentam um melhor


IDH, enquanto os países de coloração mais clara (aproximada do branco),
apresentam um pior.

Assumindo esta perspectiva, percebe-se que o ganho real em termo de

qualidade de vida (por estar em um país desenvolvido), anula qualquer

semelhança ou desvantagem que tenha por haver em nossas comparações

anteriores em relação ao custo de vida.

Ou seja, é correto esclarecer que por menor que fosse o custo

de vida em uma cidade como São Paulo, se comparada com Lisboa,

outros fatores (como: criminalidade, saneamento básico, acesso a

saúde e educação) devem ser levados em consideração quando

optarmos, uma vez que as melhores condições de vida, alteram

significativamente o índice de qualidade de vida, conforme

demonstra-se na tabela da próxima página.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Neste ponto, considerando os dados acima apontados, verifica-se que

existem diferenças gritantes entre os índices alcançados por São Paulo e Lisboa

quando se trata de qualidade de vida.

Observe que a pontuação do item “Quality of Life Index” (Índice de

Qualidade de Vida) é quase o dobro entre as cidades comparadas. Sendo que, os

aspectos centrais que são utilizados para desenvolver o cálculo de comparação

de qualidade de vida são:

• Poder de compra;

• Segurança;

• Saúde;

• Clima;

• Custo de vida;

• Preço da propriedade privada;

• Tempo gasto no transito; e

• Poluição.

Oportunamente, repito a análise, desta vez comparando Londres e Lisboa,

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

onde logo obtemos a tabela a seguir:

Surpreendentemente, apesar de Londres ter um custo de vida mais

alto que Lisboa, isto não se reflete diretamente em termos de qualidade de

vida; desta forma, concluímos que nem sempre os locais onde se tenha um custo

de vida mais elevado, haverá diretamente uma melhor qualidade de vida, não

obstante isto, considerando a presente data Nova Iorque também apresenta o

resultado do cálculo dos valores de qualidade de vida inferior a Lisboa, porém

superiores aos da cidade de Londres.

Desta forma, não é incoerente afirmar, que na relação custo

benefício, é compreensível por que tantos brasileiros tem optado por

Portugal.

De fato, existem diversos destinos onde possa se fazer mais dinheiro, e

se o intuito do emigrante for justamente “ganhar dinheiro para mandar ao

Brasil”, para futuramente retornar ao Brasil, estabelecer seu negócio e sua vida

novamente lá; é possível que Londres, Boston ou Nova Iorque sejam o destino

adequado para si.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Agora, se pretende o migrante ter um ganho em valores imateriais; ou

seja, melhores condições de saúde, educação, segurança e outros tantos.

Portugal é uma opção excelente para tal.

Não obstante isto, é correto informar que existem destinos onde obtenha-

se uma melhor qualidade de vida que aqui, por exemplo: Berlim (na Alemanha), a

qual quase adquire a pontuação da cidade de São Paulo e de Londres somadas.

Vide Tabela abaixo:

Neste sentido, cumpre-me observar que a distância entre a pontuação

obtida por Lisboa e Berlim, não difere de maneira gritante, como nas comparações

anteriores. Fato que mais uma vez comprova os apontamentos que realizei acima,

que Portugal é duplamente abençoado; tendo os benefícios de um país pequeno,

e ao mesmo tempo muito desenvolvido.

Também, poderia trazer inúmeras outras comparações, mas

credito ao leitor a possibilidade de obter as suas próprias

formulações e opiniões através do link de comparação de qualidade

de vida do site da Numbeo.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Secção 3 - Criminalidade

Por fim, mas não menos importante, é necessário entender que Portugal

além de tudo o que já foi narrado, é de fato um país muito seguro, tendo sido

referido em diversas publicações como o 3º país mais seguro do mundo (perdendo

apenas para a Islândia e para a Nova Zelândia, respectivamente o 1º e 2º

colocados).

Não obstante isto, Portugal não sofre com ameaças terroristas, e

raramente envolve-se em conflitos armados, fato que auxilia os residentes a

usufruírem de uma sensação de perpétua e constante paz.

Por isso, não vou cansar o leitor com muitas tabelas, deixando as únicas

que fiz questão de incluir na próxima página, as quais comparam Lisboa com São

Paulo e Londres respectivamente.

Em ambas é visível a diferença entre as cidades comparadas, uma vez

que Lisboa apresenta os melhores índices da análise, contando com taxas de

segurança mais elevadas ao se caminhar sozinho durante a noite, do que São

Paulo ao se caminhar durante o dia.

Oportunamente, informo que os dados apresentados também foram

retirados do site da Numbeo (qual o link segue abaixo), e faço uma observação

especial ao fato de que a criminalidade geral em Portugal diminuiu 7,1% em 2016

face ao ano anterior e os crimes violentos e graves recuaram 11,6%, segundo o

Relatório Anual de Segurança Interna divulgado em março de 2017.

É correto e acautelador, que observe ao leitor que um tipo de crime que

ocorre em grande quantidade com migrantes aqui em Portugal, é a “burla”,

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

praticada em muitos casos através da internet, com intuito de fraudar, ou enganar

o migrante, como por exemplo, o golpe do aluguel (descrição na próxima página):

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Em geral, trata-se de um anúncio publicado em sites de

classificados, ou redes sociais (exemplo: OLX e facebook,

respectivamente); onde apresenta-se um “lindo” apartamento,

disponível para locação em uma boa zona da cidade.

Geralmente nestes casos, informa-se que a negociação

ocorre diretamente com o proprietário do imóvel (que não está no

país, geralmente está na Itália, Alemanha, Inglaterra ou França).

Os futuros inquilinos se interessam pelo imóvel, e a eles é

requerido que façam o pagamento adiantado (do valor equivalente a

três aluguéis), para que possam ver o apartamento. E quando vão ao

local para acertar os detalhes para a mudança, descobrem que

caíram em um golpe, mas daí já é tarde demais.

Neste caso, é correto ter atenção em ver o apartamento antes de fazer

qualquer espécie de pagamento, bem como observar a feitura de um contrato com

as informações das partes.

Indicamos a quem encontrar imóveis através de sites (exemplo, Airbnb e

Uniplaces), que façam as negociações sempre pelo site, e nunca através de e-

mail (por que estas empresas são responsáveis unicamente pelas negociações

que ocorrem dentro do site); e opte sempre por imóveis cujos proprietários

estejam no país, e tenham conta bancária também no país.

Observamos também, que a oportunidade faz o criminoso, e por isto,

casos de furtos que costumamos conhecer, são aqueles onde a vítima deixou a

bolsa à mesa e adentrou ao restaurante para usar o banheiro. Por isto, um pouco

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

de razoabilidade faz-se bem ao migrante, bem como ao turista também.

Fora estes pormenores, os crimes violentos, como explosões de caixas

eletrônicos, sequestros, assaltos a carros fortes, ou a mão armada, são minoria

aqui, fato que nos faz andar tarde da noite à rua usando o celular, máquinas

fotográficas e etc.

Matéria da Euronews, tida em: http://pt.euronews.com/2017/06/02/ranking-global-da-paz-2017

Abaixo, segue o link para comparação entre a criminalidade nas


cidades: https://www.numbeo.com/crime/comparison.jsp

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Moradia

á dizia meu pai, “três coisas são extremamente estressantes

J na vida de um homem: casamento, mudança de emprego e

mudar-se de casa.”.

Talvez fosse por que durante minha infância mudamos de casa em quase

todos os anos, que meu pai tenha adquirido alguma forma de trauma. Ou talvez,

por que a homeostasia de todo homem é encontrar um lugar onde possa dedicar-

se ao ócio e a tranquilidade.

A história da humanidade, é a história das migrações. De um

pequeno grupo de caçadores e coletores saímos da África até os

confins das Américas, colonizamos todos os continentes do globo,

e vislumbramos as estrelas como um ambiente onde um dia

queremos estar.

Consciente disto, é inegável depreender que a força motriz que faz o

homem desde os primórdios emigrar, é o ambiente em que se insere; a segurança

que ele proporciona, a comida e o abrigo que nele são encontrados; e de certa

forma idêntica aos nossos ancestrais, o homem moderno emigra atrás de uma

grande promessa, seja de segurança, comida ou habitação.

Neste sentido, é comum nos prepararmos para diversas adversidades,

sem perceber que um dos fatores fundamentais ao nosso “bem-estar” é aonde

vamos nos assentar.

Por isto, cumpre observar inicialmente que todo este processo pode ser

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

desgastante se o emigrante não tiver conhecimento da realidade local, e da forma

em como se fazem habitualmente as contratações de aquisição ou arrendamento.

Um dos aspectos mais chocantes e distintos da minha realidade lá no Sul,

foi que aqui as imobiliárias e os proprietários fazem "open-house", no intuito de

criar entre os interessados um sentimento de “concorrência”, de forma a

obriga-los a fazer ofertas melhores para os imóveis que visam locar.

O conceito é americano, e consiste em:

um único dia, onde todos os interessados vão olhar o imóvel

e fazem suas propostas sem terem conhecimento da proposta dos

outros interessados.

De qualquer forma, é perceptível que se assemelha a um leilão, onde

quem fizer a melhor proposta quase sempre fica com o imóvel.

Além disto, em muitos destes eventos, as imobiliárias informam que para

validar a proposta, o proponente deve fazer o depósito do valor de um sinal (na

forma de "reserva" do imóvel), enquanto tem a sua documentação analisada pela

imobiliária e pelo senhorio.

Por razões evidentes, isto chocou-me muito, vez que no Sul,

quem primeiro chega, leva!

Visivelmente, negociamos lá de forma mais dinâmica, sem muitos

espaços para as partes repensarem se fazem ou não negócio, vez que as

imobiliárias visam diligenciar tudo para que o contrato ocorra quase que de

imediato.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Faço menção a isto, obviamente por que aqui os negócios se

desenvolvem em questões de dias, e não horas como eu estava habituado.

Solicitam os documentos, averiguam, encaminham ao proprietário, este pondera

as condições do negócio e a quem vai arrendar, após ter-se optado pela proposta

que lhe interesse mais, é geralmente confeccionado o contrato de arrendamento.

Neste sentido, para que seja superada esta fase, a documentação

comumente solicitada é:

• o contrato de trabalho,

• cópia do Número de Identificação Fiscal (NIF),

• a declaração do último IRS do proponente (Imposto sobre o

Rendimento de Pessoas Singulares),

• documentos de identificação (bilhete de identidade ou passaporte).

Observação: no lugar da declaração do IRS é possível utilizar a

declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) lá do Brasil, motivo

pelo qual vale a pena ter a sua declaração de renda em dia antes de emigrar para

Portugal.

Como é perceptível, estar Autorizado a Residir em Portugal, com os

competentes vistos ou corretamente documentado, facilita ao imigrante a

arrendar ou adquirir imóveis no país, vez que os proprietários por questões

legais, têm preferido negociar os imóveis aos nacionais, ou a estrangeiros

documentados.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Custo do arrendamento

Aqui em Lisboa (centro) tenho encontrado valores a partir de 650 a 950

euros, em apartamentos (T1 ou T2) semi-mobiliados (ou com a cozinha equipada)

e próximos ao metro (fator que encarece os imóveis).

Geralmente os apartamentos são reformados e tem uma boa classificação

energética. Se pagar algumas rendas em adiantamento consegues uns descontos

de até 50 euros por mês (por exemplo), o que lhe rende o pagamento de uma das

contas básicas (água, luz, gás, ou telefone e internet).

Já em outras zonas, encontra-se a partir de 300 a 500 euros pelo mesmo

imóvel (ou até melhor), mas gasta-se mais em transportes (principalmente em

questão de tempo em transporte), o que é bem subjetivo a o que interessa mais

para o imigrante escolher.

Observação pessoal:

alugar um imóvel no centro de Lisboa não foi fácil também,

vez que Portugal encontra-se num “boom” imobiliário no setor de

arrendamentos. Imóveis que antes se encontravam por 400 euros,

hoje estão a 800 e tantos euros.

A média de preços na cidade subiu muito, e os apartamentos

mais centrais e perto da linha de metro são os mais raros e caros.

Seus valores saem facilmente de 650 euros a 950 euros (em T1 ou

T2), sendo a diferença feita por conta da existência de mobília, ou

reformas no imóvel.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Neste sentido verifiquei que em Odivelas (outra cidade ao lado de Lisboa),

encontram-se imóveis mais novos, por 500 ou 600 euros mensais.

Mesmo assim optei por Lisboa, pois era meu objetivo antes mesmo de vir.

Minha esposa já tinha emprego certo na cidade, e por isto nos importava muito a

localização de onde iríamos nos instalar.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Pesquisas através do endereço: https://casa.sapo.pt/

Observei também a questão do transporte, uma vez que Lisboa é uma

cidade muito bem servida de transporte público, e o automóvel do Lisboeta

raramente sai da garagem (exceto em viagens com a família).

Estes pontos também devem ser observados pelo emigrante, uma vez que

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

vão influir no orçamento doméstico, e talvez de uma forma negativa em um

momento que não seja pertinente comprometer-se a custos financeiros e de tempo

útil.

Neste sentido cumpre observar que apesar de ter valores

mais atraentes para arrendamento nas cidades satélite de Lisboa, o

custo e o tempo gasto com transporte, farão uma séria diferença.

Exemplo:

Detalhamos que em branco é representada a área geográfica do


concelho de Lisboa, enquanto e cinza representado nas áreas adjacentes,
encontram-se as cidades satélite (como Odivelas, Amadora).

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

E eu mesmo sempre acreditei que se for sair da sua zona de conforto, é

buscar algo maior, ou melhor. Logo Lisboa me oferece muito em termos imateriais

relacionados a cultura e lazer, por isto mesmo optei por ficar.

Demonstrativo dos bairros e das freguesias do concelho de Lisboa.

Noutro norte, o custo de vida é baixo, e realmente tudo sai mais barato;

mesmo convertendo aos 4 e poucos reais por cada euro, o emigrante pagará mais

barato em itens de alimentação e casa (incluso água, carnes e feijão) se

comparado aos preços praticados em outros países europeus, e inclusive a países

produtores destes itens, como por exemplo o Brasil.

Deve-se considerar também que geralmente, os locadores exigem o

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

pagamento de pelo menos a caução e de duas rendas (a do mês e outra

adiantada), para o ingresso em um imóvel, fato que deixo aqui explícito, vez que

causa um bom impacto nas finanças do migrante. Exemplo:

Se considerarmos o valor médio de 800 euros para a locação,

temos a necessidade de que o migrante desembolse para “entrar”

em um imóvel o valor de 2400 euros.

Logo retornamos a questão da preparação e organização do emigrante

antes deste sair do seu país de origem, uma vez que (embora não seja impossível)

esta mudança tornar-se-á muito frustrante se o capital tido pelo emigrante for

insuficiente.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Suficiência financeira

C
onstado o desejo de emigrar, e observadas as questões

levantadas nos capítulos anteriores, podemos aferir que

existe o esboço de um plano.

E trato por esboço, por que ainda deve ser “detalhado na

ponta do lápis” todo o custo deste projeto.

Obviamente, a suficiência financeira de que tratamos neste capítulo, é

hipotética, uma vez que deverá ser adequada as individualidades inerentes de

cada pessoa e processo, e o emigrante em questão poderá buscar uma vida mais,

ou menos, modesta que a posteriormente apresentada.

Ademais, caberá ao leitor fazer suas próprias buscas, uma vez que as

nossas são fundamentadas em conversas, matérias jornalísticas e na própria

observação dos preços diários, sobre o assunto, ainda destacamos as duas

matérias abaixo:

Logo, observamos que o custo de vida mínimo para se ter uma vida digna,

é muito relativo as próprias experiências e padrões inerentes de cada indivíduo.

In casu, foi publicado um estudo promovido pelo Instituto Superior de

Economia e Gestão (ISEG) conjuntamente com o Instituto Superior de Ciências

Sociais e Políticas e a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica.

Pelo estudo apresentado, através da consulta com cidadãos comuns,

percebeu-se que o rendimento adequado para um indivíduo em idade ativa a

residir sozinho é de 783 euros líquidos, enquanto no caso de um indivíduo com

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

mais de 65 anos a residir só, o rendimento adequado apurado é de 634 euros.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Matérias jornalísticas sobre o custo de vida digno em Portugal.


Fonte: http://expresso.sapo.pt/economia/2017-07-04-Rendimento-
minimo-adequado-para-individuo-em-idade-ativa-e-de-783-euros e
http://pt.euronews.com/2017/01/01/custo-de-vida-em-portugal-agrava-se

Observamos que neste capítulo vamos apresentar a todo momento o

valor líquido (ou seja, já deduzidos os impostos diretos).

Noutro norte, quando tratamos da hipótese de um casal em idade ativa

com um filho de 12 anos, o valor de referência mensal para o rendimento

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adequado é de 1.796 euros (segundo a mesma pesquisa), bem como se for o

mesmo casal, com dois filhos o rendimento adequado chega aos 2.271 euros

mensais.

Observamos que estes valores são os mínimos considerados

adequados segundo o estudo. E grande parte deste valor está

relacionado ao custo com moradia e transportes.

Tomamos a liberdade de exemplificar os custos que devem ser tomados

em consideração quando o migrante iniciar seu planejamento dividindo-os em

custos necessários e incluindo após o subtotal alguns supérfluos, vez que o

migrante eventualmente vai querer sair, fazer compras, frequentar restaurantes e

cinemas, ou seja divertir-se.

Também observamos que este cálculo toma por base os custos da vida

de um casal no concelho de Lisboa, e exclui as eventuais variações, bem como

custos não aplicáveis aos migrantes de forma geral:

Referência Custo mensal


Moradia 900 €
Água 35 €
Luz 46 €
Tv + net + 2 celulares (com net) + fixo 60 €
Banco e seguros 18 €
Transporte público 73 €
Mercado 300 €
Subtotal 1.432 €

Lazer 100 €
Roupas 100 €
Outros 120 €
Total 1.752 €

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Por razões evidentes, ressaltamos que este é um prognóstico

hipotético, que pode ou não ser aplicado ao emigrante, e que, como

o estudo acima relatado, pode apresentar divergências quando

tratado de forma individual, ainda mais no que concerne em termos

de alimentação e moradia.

Observamos também, que prognósticos menores que os apresentados

neste capítulo podem existir, mas requerem eventuais cedências por parte do

emigrante, como por exemplo:

• o aluguel de um quarto,

• a moradia em uma área mais afastada do centro,

• o não investimento em um seguro de saúde,

• a redução ou a inexistência de gastos com lazer.

Observamos também, que como relatado no capítulo anterior, os imóveis

podem vir mobiliados, ou como habitualmente, apenas com a cozinha equipada.

Neste caso, é curial perceber os custos “extras” que podem advir da necessidade

de mobiliar uma casa em Portugal.

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Preços e custo de mobília e eletrônicos em Portugal

Neste mesmo sentido, considerando que sempre que ingressamos em

uma nova casa, queremos transformá-la o quanto antes em um lar. Abaixo

relaciono alguns itens que são habituais de se adquirir para casa, e seus preços.

Estes são itens básicos, os quais sempre necessitamos ter em casa,

alguns com maior, outros com menor urgência, dependendo de quem venha a

adquiri-los. Meu pai sempre costumava dizer, que o primeiro lugar dentro de uma

casa que se deve mobiliar é a cozinha, vez que dormir, dorme-se no chão, mas

para comer você vai certamente precisar de pratos, talheres, geladeira, fogão.

Oriento o migrante a verificar os preços mais atualizados em sites como

os abaixo relacionados, vez que aqui trouxe alguns itens com preços mais baixos,

outros com preços que se encontram na média do local (Lisboa). Vide os sites:

www.worten.pt/

www.ikea.com/pt

https://www.aki.pt/

De toda forma, esclareço que listei justamente os mobiliários mais

simples para facilitar a comparação do leitor, e adianto que a tabela aqui

expressa de forma alguma substitui pesquisas próprias que podem e devem ser

realizadas pelo emigrante.

Oportunamente chamo a atenção do leitor para estes custos,

que raramente são considerados durante o planejamento, mas que

podem significar uma diferença no orçamento de quem pretende

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emigrar.

Através desta tabela, é verificável que o migrante, quando (e se) vier a

comprar os itens acima descritos, em quantidades que venham a adequar a sua

necessidade, vai ter um custo aproximado inferior a 2.400 euros.

Considerando que na questão ventilada, o salário mínimo português é

de 600 euros, um indivíduo nestas condições levaria em média 4 meses para

pagar a hipotética compra abaixo entabulada.

Descrição Quantidade Preço em euros


Serviço de louça (pratos, xícaras, etc.) 30 23,90
Jogo de copos (200ml) 12 3,00
Panelas de cozinha 6 30,00
Faqueiro 16 4,00
Toalha 1 3,85
Travesseiro 1 6,00
Tábua de corte 1 3,50
Piaçaba 1 2,00
Lixeiro inox 1 7,00
Suporte utensílios 1 2,00
Escorredor de louça 1 12,00
Conjunto de facas de corte 5 6,00
Conjunto de potes para alimentos 12 3,00
Tábua de passar roupas 1 10,00
Cesto para máquina de lavar 1 5,00
Estendal 1 6,00
Cesto de roupa suja 1 3,00
Panela para ferver leite 1 2,00
Bule de café 1 2,00
Separador de talheres 1 3,00
Varinha mágica 1 9,99
Pegador para tirar coisas do forno 1 2,25
Avental 1 3,50
Jarro para suco 1 1,70
Edredão estampado polar 160x220 1 12,00
Copo para escova de dentes 1 4,00
Doseador de sabonete líquido 1 6,00
Saboneteira 3 euros 1 3,00
4 Toalha de louça 0.70 cada 1 0,70
Sistema de balde de lixo dueto 14.90 1 14,90
Sofá cama 3 lugares cinzento 120 1 120,00
Cama de casal com gavetas embutidas 1 145,00
Colchão 1 199,00
Estrado para cama 2 64,00

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Mesa de apoio 1 6,99


Mesa de apoio 1 19,99
Manta microfibra 120x160 1 1,99
Combinação de mesa e 4 cadeiras 1 159,00
Estante crua de madeira 1 26,00
Mesa de escritório branca 1 17,99
Suporte para cabides branco 1 14,99
Cômoda com 3 gavetas 1 49,99
Sapateiro em madeira 1 19,99
Espelho em pé (com porta cabides) 1 39,90
Caixas de bambu (tamanho grande) 1 12,99
Cômoda em jeans 1 29,95
Sapateira 1 9,99
Micro-ondas com grill (20 litros) 1 59,99
Liquidificador 1 24,99
Frigorifico 2 portas (215 litros) 1 219,99
Forno elétrico com grill (de embutir) 1 279,99
Placa de indução (4 bocas) 1 189,00
Exaustor 1 49,99
Termo acumulador 1 139,99
Máquina de lavar e centrifugar roupa 1 199,99

Neste sentido, é curial entender e pesquisar também na região de origem

do emigrante, por estes itens, ou similares, no intuito de obter uma percepção clara

de quanto influiria uma compra similar no orçamento anual do indivíduo, caso este

não o fosse emigrar.

Sugiro isto, justamente no intuito de fazer com que o leitor perceba, que a

simples conversão monetária não é o suficiente para representar o “preço”

daquilo que se consome.

Compreendendo esta dinâmica entenderá por que um combo Big-Mac

(exemplo dado, vez que os itens se encontram disponíveis em ambos os países),

custa menos em Portugal, do que no Brasil, vez que em ambos através da

conversão de valores, chegaremos a um valor em que no Brasil, o combo custa

uma parcela maior do salário mínimo nacional.

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Como converter valores (entenda o índice Big-Mac)

Sobre isto, ainda a termo de curiosidade, existe um índice realizado pela

Revista Britânica, “The Economist”, o qual nominado “índice Big-Mac”, lista o

preço da sanduíche em vários países do mundo, e na Zona do euro, para

comparar a valorização das diferentes moedas.

Em outras palavras, O Índice Big Mac foi criado para explicar um conceito

econômico chamado paridade de poder de compra, que é o que tentamos

explicar neste fim de capítulo ao leitor.

Naturalmente, quando fazemos comparações de valores, especialmente

entre o Brasil e outros países do mundo, incorremos no erro de realizar

diretamente a conversão cambial da moeda, fato que nos faz ter um

resultado “incorreto” do custo real do produto; ainda mais quando tratamos

de um processo de emigração.

Ocorre que, quando vamos a turismo a outro país, é correto que façamos

a conversão cambial de um valor, sem observarmos outros detalhes em nossa

análise, uma vez que nos interessa saber o preço do bem ou produto adquirido

em outro país, face a quantidade da moeda empenhada para adquiri-lo.

Porém, quando tratamos um processo de emigração, ainda mais como o

presente plano, onde observamos valores que se transformados em Reais podem

inspirar um desânimo no emigrante.

Neste sentido, devemos observar a aquisição através de outras fórmulas.

Uma delas, é o “índice Big Mac”, vez que o referido produto de refeição é feito com

os mesmos ingredientes e da mesma forma em quase todos os lugares em que

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existe a cadeia de fast food (Mc Donalds).

Outra forma de se obter um resultado mais fiel, como no índice acima

apresentado, é o cálculo através do salário mínimo nacional, e de quantos meses

levaria o migrante para adquirir o mesmo bem em dois países.

Tomando por base o exemplo da próxima página, onde o

automóvel indicado em Portugal tem um valor a partir de 12.013

euros em Portugal, e no Brasil 37.990,00 reais; observamos a

diferença tida nos cálculos através dos métodos de conversão

cambial, e conversão através do salário mínimo nacional.

Pelo método da conversão cambial, observaremos que o automóvel

indicado na próxima página será mais caro em Portugal se o valor do cambio de

um euro estiver acima de 3,16 reais, conforme o exemplo e demonstrativo do

cálculo a seguir:

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(valor em reais) / (valor em euros) = (valor de equilíbrio)

37.990/12.013 = 3,1624

Porém, quando tratamos da conversão por intermédio do salário mínimo

nacional, consideramos o seguinte cálculo:

(valor do bem e produto) / (salário mínimo nacional) = (mínimo


de meses de trabalho para aquisição)

Desta forma, considerando o salário mínimo do Brasil no ano base de

2017 (R$ 937,00) e em Portugal (€ 557,00), obtemos pela aplicação da fórmula

acima de que eram necessários 40,54 meses para adquirir-se o veículo no Brasil,

e 21,56 meses para adquirir-se o veículo em Portugal.

Logo, depreende-se a percepção de que apesar de pelo

câmbio tornar-se mais cara a aquisição deste veículo em Portugal

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(para quem ganhe seu salário em reais brasileiros), quando tratamos

de um indivíduo que ganha seu salário em euros (em Portugal), a

aquisição torna-se mais rápida (em meses de trabalho) do que para

quem viva e ganhe seu salário no Brasil.

E o emigrante vai enfrentar esta problemática durante toda a execução do

seu planejamento, vez que nos primeiros meses em que estiver fora do seu país

natal, deverá necessariamente gastar valores que lhe foram mais custosos (em

tempo de trabalho) para se adquirir, para manter aspectos simples para quem já

viva e receba na moeda local.

Por isso, observo que ter uma reserva financeira é ideal, vez

que isto pode fazer a diferença entre “viver” e “sobreviver” no

estrangeiro.

Não obstante isto, é correto compreender que os preços que muitas vezes

já lhe são mais “baratos” quando observados pela ótica da conversão cambial,

ficarão muito menos relevantes quando observados pela ótica que propomos, uma

vez que quem se projeta ao processo de emigração na grande maioria dos casos

obterá divisas no país para o qual emigrará, seja através de um salário por trabalho

com contrato, seja pelo pagamento a prestação de serviços.

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Emprego e mercado de trabalho

A
b ovo, é importante salientar que o mercado de trabalho em

Portugal não é muito diferente do Brasil; pelo menos, não em

sua dinâmica, mas evidentemente em questões de tamanho,

nota-se a diferença.

Portugal tem suas distinções como um destino turístico, desta forma, para

quem no Brasil já habitualmente trabalha nos ramos de restauração (é assim que

se chama quem trabalha em restaurantes, bares, cafés e bistrôs por aqui),

provavelmente terá uma vaga garantida no mercado de trabalho Português.

Sobre isto, ainda vale nominar que a região do Algarve durante o verão

tem excesso de vagas para a área, e as gorjetas (ou caixinhas) deixadas pelos

turistas, quase sempre vale mais que o salário pago pelo empregador. E arrisco-

me a dizer que, se não fosse a sazonalidade que vai de junho a setembro, seria o

sítio ideal para se trabalhar durante o ano todo.

Em contrapartida, Lisboa e Porto são as maiores cidades do país, e

logo, onde concentram-se a maioria das oportunidades de emprego; seja na área

da restauração ou hotelaria, vez que ambos são os destinos turísticos mais

procurados por quem vem a Portugal pela primeira vez; seja nos diversos ramos

de prestação de serviços que são oferecidos nestas cidades.

É muito comum ouvir de quem vai emigrar, que se encontram muitos

subempregos, ou de que se vai a outro país, para se trabalhar em áreas nas

quais não se trabalharia no seu próprio país, mas em Portugal, brasileiros e outros

imigrantes de países lusófonos, têm a oportunidade de trabalhar em seus


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empregos e carreiras habituais, mesmo que sejam mais especializados, como

médicos, odontólogos ou advogados.

Antigamente dentre as profissões mais apontadas entre os imigrantes

homens cá, estavam destacadas a atuação nos seguintes ramos:

• Construção civil

• Eletricista

• Motorista de pesados

• Limpezas pesadas

• Barbeiro

E dentre as mulheres:

• Baby-sitter

• Cuidadora de idosos

• Manicura

• Cabeleireira

• Limpeza residencial

Neste sentido, é curial informar que Portugal, atualmente, tem recebido

profissionais de todas as áreas, principalmente cidadãos brasileiros com

curso superior. Não obstante isto, inúmeros outros brasileiros têm vindo cá para

empreender e iniciar seu próprio negócio.

Desta forma, apesar de muito se considerar que o imigrante tem a

característica de trabalhar em áreas diversas daquelas em que atuava em seu

país de origem; verifica-se que muitos têm vindo a Portugal, determinados a

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vencer e se estabelecer no país exercendo a profissão que já exerciam em

seu país de origem.

Em outras palavras, nos últimos anos aumentaram o número de

advogados, engenheiros, médicos, psicólogos, dentistas, enfermeiros e

pedagogos que migraram para Portugal, buscaram o reconhecimento ou a

equivalência de seus títulos, permanecendo por um tempo para estudar (fazer

mestrado ou doutoramento) ou definitivamente, de modo a montar empresas,

consultórios, e estabelecer uma vida nova fora do seu país de origem.

Oportunamente é correto salientar, que muitos dos que vieram,

adequarem-se as necessidades do mercado, de forma a estudar línguas

estrangeiras, com grande destaque ao inglês e francês, fazer mestrado e

doutoramento (como alhures delineado), ou até de aplicarem-se a uma formação

diferente daquela que já exerceram no passado. Ao imigrante tudo (que é lícito)

é válido!

Importa observar que como imigrante, um dos passos mais importantes e

determinantes a se tomar, é aquele relacionado a inserção do indivíduo no

mercado profissional. Talvez a ser superada apenas pela obtenção da

documentação necessária para se viver no exterior.

É neste passo que a orientação novamente se confunde com a minha

história. Vez que como anteriormente afirmei, um dos motivos que foi determinante

para minha vinda, foi o acordo bilateral de equivalência profissional tido entre

a Ordem dos Advogados e a Ordem dos Advogados do Brasil.

Neste sentido, é correto informar que eu e minha esposa

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tínhamos uma vida confortável no Brasil. Ela era funcionária pública

há 13 anos, além de ter a sua própria empresa, eu estava estabilizado

na advocacia e também tive minha própria empresa, bastava-nos

apenas trabalhar e seguir tranquilamente com as nossas vidas.

Estávamos estabilizados e estáveis onde vivíamos. Então o que

faltava mais?!

Este talvez seja o sentimento de dúvida que emerge em muitos que

consideram migrar para um outro país: “avaliar o bônus e o ônus da mudança”.

– Ainda mais quando já se tem uma certa estabilidade no país de origem.

Em nosso caso específico; nem ela, nem eu, estávamos

contentes com essa estabilidade. Sabíamos que a vida seria assim

dali para a frente; e sabíamos que precisávamos de mais.

A questão não era financeira, e novamente permito-me levantar a

bandeira dos valores imateriais quais anteriormente narrei. A questão é que

queríamos algo melhor, algo que apenas quem está próximo ao berço cultural da

civilização ocidental pode ter. Acesso.

A verdade é que estar na Europa lhe permite ter acesso a coisas que não

é comum se ver no Brasil; muito menos em nosso caso, no interiorano e longínquo

sul do Brasil.

Neste norte, é correto informar que não vivíamos em meio a carroças, ou

com animas selvagens a atravessar a rua; muito pelo contrário, ambos vivíamos

em Balneário Camboriú (no Estado de Santa Catarina); um local muito bem

desenvolvido, impulsionado pelos ramos do turismo e da construção civil, e com

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Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) comparável aos padrões de países

europeus.

Talvez por lá vivermos, e por que ambos sempre tivemos a característica

de gostar de viajar. Tratávamos aquilo tudo como natural, e ansiávamos por mais.

Posso dizer por mim mesmo, pessoalmente sou apaixonado por história e

arquitetura, culturas diversas e tecnologia, e o nosso acesso lá é limitado ou caro

nestes quesitos.

Exemplo: enquanto sai-nos caríssimo em termos de

transporte e tempo para vir a Europa, conhecer cada um dos seus

países. Ao europeu médio, tudo está ao alcance de uma passagem

de 70 euros de avião, isto quando não há daquelas promoções nas

quais viaja-se pela bagatela ínfima de 1 euro o trecho.

Logo, é visível que quem viva aqui tem maiores condições de conhecer

uma diversidade maior de países, línguas e culturas. Seja pelos fatos já narrados,

outrossim por que não se perde tanto poder de compra em taxas cambiais (vez

que é mais fácil ganhar em euros e gastar em euros, que ganhar em reais e gastar

em euros).

Noutro norte, a menos que o leitor resida no eixo São Paulo – Rio de

Janeiro, dificilmente terá a sua disposição shows de artistas brasileiros todos os

meses, fato que é curiosamente comum aqui em Portugal.

Ademais, é comum dos portugueses consumirem muitos produtos da

teledramaturgia brasileira, fato que faz com que Portugal tenha acesso cultural ao

melhor da Europa e do Brasil ao mesmo tempo.

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Naturalmente, em nosso caso, não foi difícil ultrapassar a fase da dúvida

e concluir que pedir as devidas licenças, fechar o escritório e as empresas, e

“aventurar-se” parecia uma excelente ideia, mesmo que eventualmente não desse

certo ao final.

E hoje aqui em Portugal, posso lhes afirmar que tomar essa decisão

foi uma das coisas mais saudáveis e certas que fiz em minha vida, inclusive

profissionalmente.

Digo isto, pautado no fato de que vislumbro um horizonte de opções e

oportunidades maiores aqui que no Brasil. E que apesar das aparentes

adversidades, imagino que o leitor irá concordar comigo nos próximos comentários

que vou fazer.

Os pontos negativos do mercado de trabalho português, para

qualquer profissão, é de que é proporcionalmente tão saturado

quanto o brasileiro. As empresas, escritórios e consultórios que

buscam contratar têm preferência por profissionais formados em

instituições de “comprovado renome” (fato que põe muitos

imigrantes em desvantagem).

Além de que, em uma seleção franca, entre um profissional formado em

Portugal, e outro formado no Brasil, o primeiro será melhor cotado para preencher

a vaga em questão. Muito provavelmente (e apenas) por ter se formado em

Portugal.

Lógico, toda a regra tem sua exceção, e salvo casos onde procurem

profissionais de formação Brasileira, a regra é buscar alguém com mais

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conhecimento teórico e empírico do mercado português.

Neste momento, garanto que como muitas pessoas com quem já

conversei, você deve estar considerando tudo isto muito injusto. De certa forma

até um preconceito, ou uma atitude xenófoba. Mas pense! Fora do que se

considera o óbvio, do senso comum de justo ou injusto. Verás que tudo isto é

normal.

É inclusive um fato muito lógico, vez que as empresas no Brasil teriam a

mesma predileção pela formação nacional do candidato. Logo, é de se concluir

que, ao vir para Portugal, a não ser que tenha já uma colocação garantida em uma

empresa (bons contatos, ou então uma área de conhecimento onde existem

poucos profissionais por aqui), a tendência é de que trabalharás para si, em seu

próprio escritório/consultório/empresa, ou em parcerias (onde divide-se o custo)

com outros profissionais da sua área, sejam lusos, ou brasileiros.

Excluindo-se estes, que posso indicar são os pontos

negativos do mercado de trabalho de Portugal, é correto que

apontemos o que consideramos de positivo.

Verifico aqui, mais pessoas que estão há 5, 10, 15 ou 20 anos no mesmo

emprego ou empresa; fato que demonstra uma grande estabilidade do mercado

de trabalho nacional. Percebe-se que existe uma maior predileção das empresas

e das pessoas por manterem-se no vínculo laboral, fato que já não ocorre a muitos

anos no Brasil.

A natureza do brasileiro, e seu otimismo são muito apreciados durante as

entrevistas e contratações, fato que gera até alguns anúncios engraçados e

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discriminatórios por parte das empresas, que acabam por tornar-se notícia; como

no exemplo da página seguinte.

Fonte, jornal Diário de Notícias, acesso em:

http://www.dn.pt/sociedade/interior/empresa-quer-pessoas-bem-humoradas-e-

por-isso-dispensa-portuguesas-7207795.html

Evidentemente a empresa foi notificada pelas autoridades a retirar o

anúncio, mas a notícia nos exterioriza uma visão única de que existe uma

predileção dos empregadores portugueses pelo “bom humor”, e pelo jeito alegre

com o qual o migrante estrangeiro lida com as situações cotidianas; fato que se

repercute nas entrevistas de emprego e na abertura que o país tem aos

estrangeiros para vagas que lidem com o atendimento de pessoas.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Oportunamente, é correto informar ao leitor, que tal conceito

não reflete a realidade, vez que pessoas alegres e bem-humoradas

podem ser encontradas em qualquer nacionalidade, bem como

pessoas depressivas e infelizes com a vida.

Verdade é, que apesar de a maioria dos portugueses que conheço serem

pessoas alegres, acolhedoras e bem-dispostas, eles enxergam-nos com o

entendimento de que nós brasileiros somos mais alegres e bem-humorados que

eles (generalização que não reflete as individualidades e especificidades de cada

pessoa).

Na opinião deste humilde Autor, a questão do português com algumas

peculiaridades de sua cultura, como o orgulho da palavra “saudade”, e a relação

estreita com o fado, faz com que muitos deles esqueçam de qualidades mais ricas

que este povo e a sua cultura tem: bondade, educação, inteligência e trabalho;

são algumas das características que poderia aqui descrever, mas as quais

raramente vê-se o português narrar ter. Deve ser por que se trata de um povo

também humilde, além de tudo.

De toda forma, não obstante isto, é correto informar que os Brasileiros têm

o domínio e são preferidos em determinadas áreas, como estética e odontologia,

fatos que podem ser explorados por qualquer um que busque emigrar a Portugal.

Depreende-se disto, que o profissional imigrante tem que ter

um perfil versátil e empreendedor, sabendo se planejar, organizar e

preparar para as dificuldades que eventualmente virá a encontrar

aqui em Portugal.

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Neste sentido, cumpre um exercício de hipótese, onde pede-se ao leitor

que observe quais seriam as principais dificuldades que enfrentaria hoje se fosse

mudar de um município no país de origem, para outro, mas afastado dentro do

mesmo país.

Neste exercício podemos supor que buscaria exercer a mesma atividade

que hoje exerce e domina. Se fosse uma empresa, ou um prestador de

serviços, certamente demandará algum tempo até se criar uma rede de

contatos que lhe permita fruir de uma idêntica estabilidade profissional que

possui hoje.

Logo, é correto concluir que em tratando-se da mudança para um país

diferente, além destas dificuldades naturais (impostas pelo mercado), há de se

considerar que existirão outras, por isto, cumpre-me observar que é sempre bom

vir com uma boa reserva financeira, e sempre legalmente (seja através de

nacionalidade portuguesa ou europeia, ou dos diversos tipos de visto que são

oferecidos), além de estar disposto a trabalhar fora da área enquanto não

conseguir se estabelecer, ou até obter uma certa segurança financeira.

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Secção 1 - Onde Encontrar emprego

Neste norte, é adequado que tenhamos um plano “A”, “B” e “C”, e que em

algum destes planos consideremos a possibilidade acima aventada, de trabalhar

com contrato para uma empresa; isto quando, não temos este como plano

principal, vez que é mais seguro que iniciar um empreendimento/investimento sem

o prévio estudo e conhecimento do local.

Desta forma, faço a indicação de alguns sites, a data de hoje, que são

referência na oferta e busca por empregos em Portugal:

1. Net-empregos http://www.net-empregos.com/

2. Sapo emprego http://emprego.sapo.pt/

3. Alerta emprego http://www.alertaemprego.pt/

4. Expresso emprego http://expressoemprego.pt/

5. Carga de trabalhos http://www.cargadetrabalhos.net/

6. Bolsa de Emprego Público https://www.bep.gov.pt/

7. Jobtide http://jobtide.com/

8. CareerJet http://www.careerjet.pt/

9. Emprego XL http://www.empregoxl.com/

10. IT Jobs https://www.itjobs.pt/

11. Emprego saúde http://www.empregosaude.pt/

12. Turijobs http://www.turijobs.pt/?lang=pt

Destes, é correto fazer algumas observações: o de número 6

é específico para vagas relacionadas ao setor público; o 10 é

relacionado as áreas de tecnologia da informação; o 11 é uma

referência a área de saúde; bem como o 12 à área de turismo e


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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

hotelaria; e os outros sites são mais generalistas.

Algumas áreas que tem ganho muita força nos últimos anos, estão

relacionadas ao mercado imobiliário e a tecnologia da informação.

No primeiro caso, não é incomum encontrar ofertas onde não se exige

experiência prévia na função, mas nota-se uma predileção por um perfil comercial

mais agressivo e espírito empreendedor.

Mas observe que neste caso a vaga é remunerada por sistema de

comissionamento, e por isto, o perfil requisitado é mais próximo ao ideal, pois é o

que trará os melhores resultados a empresa e ao indivíduo.

Também é perceptível através da navegação nos sites indicados, que

poucas são as vagas que referem qual o valor que será pago ao contratado, ou a

forma de contratação que será feita.

Neste sentido é importante observar que a legislação de que trata o

Código de Trabalho (português), admite as seguintes formas de contrato:

1. Contrato de trabalho a termo certo;

2. Contrato de trabalho a termo incerto;

3. Contrato sem termo;

4. Contrato de trabalho de muita curta duração;

5. Contrato de trabalho com trabalhador estrangeiro não comunitário ou

apátrida;

6. Contrato de trabalho a tempo parcial;

7. Contrato de trabalho com pluralidade de empregadores;

8. Contrato de trabalho intermitente;

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9. Contrato de trabalho em comissão de serviço;

10. Contrato promessa de trabalho;

11. Contrato para prestação subordinada de teletrabalho;

12. Contrato de pré-forma; e

13. Contrato de cedência ocasional de trabalhadores.

Destes, os mais comuns e usuais são os 3 primeiros. Além de que vale a

atenção que o período experimental (aquele no qual as partes podem rescindir o

contrato sem aviso prévio), tem regras específicas e distintas para contagem do

prazo em que o empregado restará em experiência, evidentemente que se

diferenciam a depender do tipo de contrato tido entre as partes, conforme:

Contratos por tempo indeterminado

• Trabalhadores em geral – 90 dias;

• Trabalhadores que desempenham cargos de complexidade

técnica, de grande responsabilidade ou que desempenhe funções

de confiança – 180 dias;

• Pessoal de direção e quadros superiores – 240 dias.

Contratos a termo

• Contratos com duração igual ou superior a 6 meses - 30 dias;

• Contratos com duração inferior a 6 meses ou contratos a termo

incerto onde é previsto uma duração inferior a 6 meses - 15 dias.

Conforme verifica-se, a realidade portuguesa no exercício

profissional, não é muito distante daquela existente hoje no Brasil,

com exceção de algumas nomenclaturas que se diferenciam, mas o


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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

espírito da lei e dos direitos garantidos por ela são os mesmos.

Neste sentido é curial observar que diversas profissões têm mais

facilidade para contratação, pois o mercado naturalmente precisa deste tipo de

mão de obra; desta monta podem se incluir:

• motoristas de pesados;

• cuidadores de idosos; e

• técnicos em TI por exemplo.

Incluo estas observações, a priori, por que é justo dar ao leito a percepção

de que as informações necessárias ao planejamento se encontram ao alcance de

um “clique”, vez que a internet nos propicia a estudar e aplicar-nos as vagas no

conforto do nosso lar.

Ou seja, como já orientei outras pessoas neste sentido, nada

lhe impede de enviar curriculum às empresas e vagas a que pretende

se aplicar, no intuito de obter uma contratação antes mesmo de sair

do seu país de origem.

Neste mesmo norte, é bom ponderar com razoabilidade que a

mudança de mercado pode ser um desastre financeiro, caso o colega

que emigre tenha uma realidade estável onde vive, e não consiga

encontrar um posicionamento adequado em Portugal.

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Secção 2 - o Curriculum

Inicialmente desconsiderei realizar este tópico, vez que em lato sensu, a

dinâmica sobre a construção e submissão de curriculum é semelhante entre os

dois países (Brasil e Portugal).

Porém, com o tempo foram inúmeros os indagamentos relativos aos

procedimentos, modelos, forma de apresentação e por que canal deve se

submeter um curriculum em Portugal; bem como, se as experiências prévias

existentes no Brasil devem ou não ser inseridas, que visualizei que estas

pequenas duvidas fazem parte do cotidiano de muitos que migram, e por isto, abri

o presente título dentro deste livro.

Neste sentido, é imperioso sanar desde o princípio que tendo o leitor

dificuldades em construir seu curriculum, ou interesse em construir o seu

curriculum em um modelo atualmente indicado, solicito que visite o site da

“EuroPass”, o qual poderá ter-se acesso pelo link a seguir:

http://europass.cedefop.europa.eu/pt/documents/curriculum-vitae

Este site em termos simples, e navegação intuitiva, lhe orientará na forma

e informações que deve inserir em seu curriculum, bem como na feitura de uma

carta de apresentação adequada para anexar à submissão dos seus dados a

entidade contratante.

O sistema é bem intuitivo, e gratuito, basta clicar em “crie o seu CV online

na página em que abrir pelo link, como referencio pela imagem a seguir:

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Noutro sentido, se você prefere fazer seu próprio curriculum do início,

deixo-lhe 7 informações que devem direcionar a escrita do seu curriculum, quais

sejam:

1. Dados pessoais

2. Área de atuação

3. Formação

4. Qualificações

5. Experiência profissional

6. Idiomas

7. Cursos e outras atividades

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Neste sentido, cumpre observar que algumas observações devem ser

feitas nestes 7 pontos, quais sejam:

Nos dados pessoais devem constar seu nome completo, e-mail, telefone

de contato, cidade onde mora, e data de nascimento.

Na área de atuação, use poucas palavras e descreva aquilo com o que

você trabalha, sem colocar os cargos desejados, pois isto pode gerar uma

interpretação negativa por parte do avaliador.

Descreva seus cursos de graduação e pós-graduação na área destinada

a formação, sempre utilizando a ordem do mais recente ao mais antigo.

Em qualificações, descreva aquilo que você está habilitado a fazer,

enquanto na experiência profissional deverão constar as experiências de

trabalho mais recentes e as mais relevantes (no máximo 5 ou 6 tópicos).

Ainda neste item, cumpre observar que deverão constar o nome da

empresa onde trabalha ou trabalhou, o período, o cargo ocupado ou função

realizada) e uma descrição breve do trabalho ou das atividades desempenhadas

por si na empresa.

Idiomas, como é evidente, deixará para especificar o idioma e o grau de

proficiência falada e escrita (observo que, se não tiver domínio de outro idioma

além da sua língua materna, não deverá incluir este campo).

A mesma observação vale para o campo destinado a cursos e outras

atividades, vez que aqui deverá incluir cursos técnicos, experiências no exterior,

ou participação em congressos e eventos que sejam relevantes para a vaga

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

aplicada.

Oriento também, ao leitor não fazer listas muito grandes, mas a escolher

as informações que tem mais relação com a empresa e a vaga que você pretende

concorrer, vez que atualmente as empresas recebem muitas aplicações para as

mesmas vagas; desta forma, muitas delas têm seu próprio setor de Recursos

Humanos, ou contratam uma empresa externa para fazê-lo; logo, os currículos

são filtrados de acordo com a especificidade do aplicante as necessidades da

vaga.

Em outras palavras, não adianta descrever que tem título de

operador de radioamador, se a empresa precisa de uma pessoa

especializada em manicura e pedicura. Logo, siga pelo Norte de que

“menos é mais”, e de que o mais simples é muitas vezes o desejado,

vez que a pessoa que recepcionará o seu curriculum também

receberá outras dezenas ou centenas (e por isto, melhor demonstrar

de forma bem clara por que a vaga deve ser sua).

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Secção 3 - Equivalência de Diplomas e continuidade de estudos

Finalmente chegamos aos capítulos finais deste livro, o qual dedicamos

de forma resumida e sucinta aos dois processos de equivalência de grau mais

comuns, e sobre os quais recebemos um número maior de questionamentos.

Primeiramente oriento a todos que puderem, a realizar o reconhecimento

e equivalência do Diploma de Ensino Médio, o qual reconhece ao solicitante o

12º grau do ensino secundário em Portugal.

A utilidade persiste no fato de que, caso um dia esteja em seguro

desemprego, podem lhe pedir se completou, ou exigir que complete o 12º ano do

ensino secundário em Portugal, por isto melhor fazer a equivalência antes de

precisar frequentar aulas de maneira desnecessária.

Em média, levam 15 dias para emitir o documento, e tem um

custo de 3 euros.

Observe que somente será possível solicitar este documento, se o

migrante tiver consigo a cópia do diploma apostilado, bem como a cópia do

passaporte e do atestado de morada.

Além do acima nominado, há também o reconhecimento e equivalência

de título de graduação universitária emitido no estrangeiro. É um processo de

equivalência acadêmica, que se destina em muitos casos a quem queira seguir

carreira acadêmica, ou prestar concursos ao serviço público português, bem como

também é exigido por algumas ordens profissionais para que o imigrante possa

exercer a atividade em território português.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Tem um custo mais elevado que o primeiro exemplo, até por que se trata

de um processo com maior grau de atenção e especificidade, os custos são

variados, diferenciando conforme a Instituição de Ensino Superior escolhida para

dar entrada no processo.

Verificamos que em média o valor para realizar este

reconhecimento é de 500 euros (em média), novamente salientando

que o valor varia conforme a IES escolhida.

Neste sentido, cumpre indicar também que há a possibilidade de o

imigrante fazer uma pós-graduação, mestrado ou doutorado em Portugal, fato que

pode ser alinhado com o pedido de Visto para Residência, conforme trataremos

mais adiante.

Indicamos aos leitores, a atenção de verificar em seu orçamento e

planejamento a possibilidade de incluir estas experiências (fazer uma pós-

graduação, mestrado ou doutorado), vez que são oportunidades mais

enriquecedoras que a residência em Portugal pode lhes oferecer.

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Como viver legalmente

S
e chegou até este capítulo, é compreensível que o ânimo do

leitor tenha aumentado enormemente ao ponto de querer já

fazer as malas e embarcar para Portugal no primeiro voo que

encontrar!

Pois bem, calma lá amigo!

Antes existem algumas regras a seguir, e muito mais coisas a se perceber

sobre este destino e suas leis de imigração. Observo também que nos próximos

capítulos a leitura estará um pouco carregada de trechos legais, os quais julgo

necessários, e ficam a esclarecer ao leitor dos pontos abordados.

É fato, que as leis portuguesas acolhem bem a imigração, e se comparada

as leis de outros países (E.U.A., por exemplo), permite uma abertura bem franca

aos brasileiros e a outros povos lusófonos.

Existem hoje legalmente quatro formas simples de ser autorizado a

residir em Portugal, que são acessíveis as pessoas de acordo com a sua

condição, quais sejam:

1. Através da nacionalidade portuguesa;

2. Através de outra nacionalidade europeia;

3. Através de algum tipo de visto;

4. Através de reagrupamento familiar (e tipos análogos)

Vou explorar adiante a peculiaridade de cada caso enumerado, para que

o leitor possa compreender melhor qual caso pode ser o seu.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Secção 1 - Através da nacionalidade portuguesa

Ab initio, o que é evidente. Qualquer imigrante, que tenha a nacionalidade

portuguesa, terá acesso irrestrito ao país.

Caso este imigrante tenha duas nacionalidades, em Portugal (perante a

lei) será considerado português, independente de se a sua nacionalidade seja de

origem ou derivada.

Neste sentido, existem duas formas distintas de se obter a nacionalidade

portuguesa, como anteriormente relatado, a atribuição na nacionalidade

portuguesa (originária), ou a aquisição da nacionalidade portuguesa (derivada);

estes dois casos se distinguem em face de apenas 1 motivo, que é: “a partir de

quando a nacionalidade passa a vigorar”.

Explico: quando tratamos de nacionalidade atribuída, ela passa a valer a

partir do nascimento, e tem efeitos a partir deste momento para toda a vida do

indivíduo, independente de quando foi atribuída. Já em termos de nacionalidade

adquirida, a nacionalidade passa a valer a partir do momento em que ela é

adquirida pelo indivíduo, sem possibilidade de retroagir (ou seja, fazer ter efeitos

no passado).

Neste mesmo norte, em termos práticos, é possível compreender que a

nacionalidade atribuída, pode passar aos descendentes daquele a quem foi

atribuída, mesmo que estes já estejam com idade maior que 18 anos, a data em

que a nacionalidade for atribuída ao seu progenitor (mãe ou pai).

Opostamente a o que ocorre em caso de nacionalidade adquirida, que só

pode passar ao filho nascido depois da data da aquisição da nacionalidade (ou

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

aquele que for menor de 18 anos, a depender da avaliação administrativa ou

judicial do caso).

Sobre ambos os casos, é correto esclarecer que

independente de que se trate de nacionalidade por atribuição ou

aquisição, a nacionalidade portuguesa só se transfere aos filhos que

foram reconhecidos por seus progenitores antes de completarem 18

anos.

Ou seja, caso o progenitor de nacionalidade portuguesa venha a

reconhecer o interessado como na qualidade de filho, após este ter completado

18 anos, não haverá qualquer efeito para fins de requerer-se a nacionalidade

portuguesa; isto conforme redação do Artigo 14.º (Efeitos do estabelecimento da

filiação) da Lei da Nacionalidade portuguesa (Lei n.º 37/81, de 03 de Outubro), a

qual versa: “Só a filiação estabelecida durante a menoridade produz efeitos

relativamente à nacionalidade”.

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Considerações sobre a Nacionalidade por atribuição

A nacionalidade por atribuição, trata especificamente daqueles que são

considerados nacionais de origem, ou seja, nacionais a partir da sua origem (ou,

nascimento).

Os motivos que fazem alguém ser nacional de origem podem ser muitos,

mas basicamente dividem-se nos seguintes:

Aos que tenham descendência em até segundo grau de um nacional

português independente de onde tenham nascido; em outras palavras, filho(a) ou

neto(a) de alguém que tenha a nacionalidade portuguesa.

Os nascidos em Portugal, se forem filhos de estrangeiros em que ao

menos um destes cá resida legalmente há pelo menos 5 anos, ou que um destes

tenha também nascido e resida em Portugal.

Os nascidos em Portugal, que não possuam, nem possam possuir outra

nacionalidade (isto deve ser comprovado documentalmente).

Como pode-se observar, a lei assevera de forma inequívoca os casos

onde se permite a nacionalidade por atribuição, observando oportunamente que

os “bisnetos” (descendentes em terceiro grau) não estão contemplados nesta lei,

e logo, não tem direito a nacionalidade portuguesa.

No caso dos bisnetos, existe somente uma “expectativa de direito”, que

deve ser observada da seguinte forma: se um dos seus ascendentes, que também

é descendente do nacional português, obtiver a nacionalidade portuguesa, logo o

bisneto deixa de ser descendente de terceiro grau, movendo-se a uma posição

mais próxima do ascendente português, que neste caso agora poderá ser seu pai

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

(mãe) ou avô (avó).

Em outras palavras, não existe forma de se atribuir a nacionalidade para

descendente em terceiro grau de nacional português, sem antes requerer e obter-

se a nacionalidade portuguesa a um dos descendentes em menor grau do

ascendente português.

Sobre isto, transcrevo abaixo o teor do Artigo 1º da Lei da

Nacionalidade, o qual explica que se atribui a nacionalidade nos seguintes casos:

1 - São portugueses de origem:


a) Os filhos de mãe portuguesa ou de pai português nascidos no território
português;
b) Os filhos de mãe portuguesa ou de pai português nascidos no estrangeiro
se o progenitor português aí se encontrar ao serviço do Estado Português;
c) Os filhos de mãe portuguesa ou de pai português nascidos no estrangeiro
se tiverem o seu nascimento inscrito no registo civil português ou se declararem
que querem ser portugueses;
d) Os indivíduos nascidos no estrangeiro com, pelo menos, um
ascendente de nacionalidade portuguesa do 2.º grau na linha reta que não
tenha perdido essa nacionalidade, se declararem que querem ser
portugueses, possuírem laços de efetiva ligação à comunidade nacional e,
verificados tais requisitos, inscreverem o nascimento no registo civil
português;
e) Os indivíduos nascidos no território português, filhos de estrangeiros, se
pelo menos um dos progenitores também aqui tiver nascido e aqui tiver residência,
independentemente de título, ao tempo do nascimento;
f) Os indivíduos nascidos no território português, filhos de estrangeiros que
não se encontrem ao serviço do respetivo Estado, que não declarem não querer
ser portugueses, desde que, no momento do nascimento, um dos progenitores
aqui resida legalmente há pelo menos dois anos;
g) Os indivíduos nascidos no território português e que não possuam outra
nacionalidade.

2 - Presumem-se nascidos no território português, salvo prova em contrário,


os recém-nascidos que aqui tenham sido expostos.

3 - A verificação da existência de laços de efetiva ligação à comunidade


nacional, para os efeitos estabelecidos na alínea d) do n.º 1, implica o
reconhecimento, pelo Governo, da relevância de tais laços, nomeadamente pelo
conhecimento suficiente da língua portuguesa e pela existência de contactos
regulares com o território português, e depende de não condenação, com trânsito
em julgado da sentença, pela prática de crime punível com pena de prisão de

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

máximo igual ou superior a 3 anos, segundo a lei portuguesa.

4 - A prova da residência legal referida na alínea f) do n.º 1 faz-se mediante


a exibição do competente documento de identificação do pai ou da mãe no
momento do registo.

Faço observação a alínea “d” do n.º “1”, qual versa já com a alteração legal

proposta pela Lei Orgânica n.º 9/2015, a qual permite aos netos de portugueses

de origem a requerer que lhes seja atribuída a nacionalidade portuguesa.

Informo oportunamente que esta alteração já foi promulgada pela Sua

Excelência o Presidente da República Portuguesa, o Sr. Dr. Marcelo Rebelo de

Sousa, e consequentemente publicada no Diário da República de Portugal, e por

isto, já se encontra em vigor.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Explicação acerca da atribuição de nacionalidade aos descendentes

em 2º grau de nacionais portugueses.

Outrossim, é correto observar que o Decreto-Lei n.º 71/2017 trouxe a

regulamentação da presente alteração de Lei, a permitir o acesso a Nacionalidade

portuguesa por atribuição, aos descendentes em 2º grau de nacionais

portugueses, desde que estes demonstrem laços de efetiva ligação à

comunidade nacional, transcrevemos abaixo:

Atribuição da nacionalidade por efeito da vontade a netos de nacional


português

1 - Os indivíduos nascidos no estrangeiro com, pelo menos, um ascendente


do segundo grau da linha reta de nacionalidade portuguesa e que não tenha
perdido esta nacionalidade, que pretendam que lhes seja atribuída a
nacionalidade portuguesa, devem satisfazer cumulativamente os seguintes
requisitos:
a) Declarar que querem ser portugueses;
b) Possuírem efetiva ligação à comunidade nacional;
c) Inscrever o seu nascimento no registo civil português, após o
reconhecimento da ligação à comunidade nacional.

2 - A efetiva ligação à comunidade nacional é reconhecida pelo Governo


nos termos dos n.º 4 e 7, e depende de não condenação, com trânsito em julgado
da sentença, pela prática de crime punível com pena de prisão de máximo igual
ou superior a três anos, segundo a lei portuguesa.

3 - A declaração é instruída com os seguintes documentos, sem prejuízo


da dispensa da sua apresentação pelo interessado nos termos do artigo 37.º:
a) Certidão do registo de nascimento;
b) Certidões dos registos de nascimento do ascendente do segundo grau
da linha reta de nacionalidade portuguesa e do progenitor que dele for
descendente;
c) Certificados do registo criminal emitidos pelos serviços competentes
portugueses, do país da naturalidade e da nacionalidade, bem como dos países
onde tenha tido e tenha residência;
d) Documento comprovativo do conhecimento suficiente da língua
portuguesa;
e) Documentos que possam contribuir para comprovar a efetiva ligação à
comunidade nacional, designadamente:
i) A residência legal em território nacional;
ii) A deslocação regular a Portugal;
iii) A propriedade em seu nome há mais de três anos ou contratos de
arrendamento celebrado há mais de três anos, relativos a imóveis sitos em

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Portugal;
iv) A residência ou ligação a uma comunidade histórica portuguesa no
estrangeiro;
v) A participação regular ao longo dos últimos cinco anos à data do pedido
na vida cultural da comunidade portuguesa do país onde resida, nomeadamente
nas atividades das associações culturais e recreativas portuguesas dessas
comunidades.

4 - O Governo reconhece que existem laços de efetiva ligação à


comunidade nacional quando o declarante, no momento do pedido, preencha,
designadamente, um dos seguintes requisitos:
a) Resida legalmente no território português nos três anos imediatamente
anteriores ao pedido, se encontre inscrito na administração tributária e no Serviço
Nacional de Saúde ou nos serviços regionais de saúde, e comprove frequência
escolar em estabelecimento de ensino no território nacional ou demonstre o
conhecimento da língua portuguesa;
b) Resida legalmente no território português nos cinco anos imediatamente
anteriores ao pedido, se encontre inscrito na administração tributária e no Serviço
Nacional de Saúde ou nos serviços regionais de saúde.

5 - A residência legal no território português e o conhecimento da língua


portuguesa são comprovados nos termos do artigo 25.º

6 - A Conservatória dos Registos Centrais deve solicitar as informações


necessárias às entidades referidas no n.º 5 do artigo 27.º, sendo aplicável o
disposto nos n.os 6 a 8 do mesmo artigo.

7 - Excetuando as situações previstas no n.º 4, efetuada a instrução, e


concluindo o conservador que se encontram preenchidos os demais requisitos da
inscrição, a declaração e demais documentos instrutórios são remetidos ao
membro do Governo responsável pela área da justiça, no prazo de 10 dias, para
o reconhecimento da efetiva ligação à comunidade nacional.

8 - Existindo o reconhecimento referido no n.º 4 ou no número anterior, a


Conservatória dos Registos Centrais notificará o interessado para proceder à
inscrição do nascimento, por si ou por procurador com poderes especiais para o
ato, ou pelos seus representantes legais, sendo incapaz, no prazo de seis meses.

9 - Em caso de falta de resposta à notificação prevista no número anterior,


é o procedimento declarado deserto, disso se notificando o requerente.

Nestes termos, observamos que a previsão destas situações contribui

para tornar o processo de atribuição da nacionalidade (aos descendentes em

segundo grau de nacionais portugueses) mais célere e previsível para o

requerente, permitindo que este conheça antecipadamente os requisitos

necessários ao reconhecimento administrativo ou judicial daquilo que se

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

consideram laços de efetiva ligação.

Importa informar que, o requerente deve juntar ao seu pedido de atribuição

da nacionalidade documentação que possa contribuir para comprovar a

efetiva ligação à comunidade nacional, como por exemplo:

a) A residência legal em território nacional;


b) A deslocação regular a Portugal;
c) A propriedade em seu nome há mais de 3 anos ou contratos de
arrendamento celebrado há mais de 3 anos, relativos a imóveis sitos em Portugal;
d) A residência ou ligação a uma comunidade histórica portuguesa no
estrangeiro;
e) A participação regular ao longo dos últimos 5 anos à data do pedido na
vida cultural da comunidade portuguesa do país onde resida, nomeadamente nas
atividades das associações culturais e recreativas portuguesas dessas
comunidades.

O fato de o interessado apresentar documentos que comprovem um ou

mais dos factos elencados não determina, no entanto, que haja desde logo o

reconhecimento da existência de laços de ligação efetiva à comunidade nacional.

Isto porque, de acordo com o diploma acima destacado (aprovado em 2017), após

a apresentação do requerimento junto da Conservatória dos CRC, será necessário

que esta proceda à análise desse pedido, podendo suceder uma de duas

situações:

1. Caso o requerente preenche os requisitos previstos no n.º 4 do

artigo destacado do Regulamento da Nacionalidade, a

Conservatória dos Registros Centrais possa desde logo concluir

pela existência de laços de efetiva ligação à comunidade nacional,

notificará o interessado para proceder à inscrição do nascimento

ou

2. Não preenchendo os requisitos destacados no n.º 4, o processo é

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

remetido ao membro do Governo responsável pela área da Justiça

para que este, caso a caso, avalie se esses laços existem ou não.

Em outras palavras, neste caso em específico a alínea “d” do

n.º “1”, é visível que o requerente não tendo residido legalmente no

território português nos 3 ou 5 anos imediatamente anteriores ao

pedido, terá o processo encaminhado à área competente, para ter-se

avaliada a questão, fato que poderá acarretar no indeferimento do

pedido.

Depreende-se destes apontamentos, que o procedimento se torna

previsível, e que diante da ausência da residência, a única forma de

comprovação de efetiva ligação a comunidade nacional, será através da

análise individual promovida em juízo.

Não obstante, cumpre-me esclarecer tal fato, vez que o conhecimento

destas informações previamente ao requerimento da nacionalidade, permite ao

requerente, condições de avaliar, o prazo, bem como o investimento que

demandará tal pretensão, além das suas próprias condições de êxito.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Explicações acerca das pessoas nascidas no território de Portugal

É correto verificar também que ao contrário do que popularmente se

acredita, não é toda pessoa que nasce em Portugal que tornar-se-á

português, vez que se verifica que os requisitos para tal encontram-se restritos

pelo teor do texto prescrito na alínea “f” do n.º “1”, qual versa que unicamente os

filhos de estrangeiros, cujos progenitores (um deles) resida legalmente em

território português há pelo menos 2 anos (fato que não exclui os filhos de

nacionais portugueses, que obtém a nacionalidade com base no Art. 1º, n.º 1 da

mesma lei).

Isto ocorre, por que Portugal, assim como a maioria das nações europeias,

adota prioritariamente o conceito do “jus sanguinis”, ou seja, direito de sangue,

reduzindo o direito a nacionalidade basicamente a quem seja descendente de

nacional português.

Neste sentido, a alínea “f” do n.º “1” faz uma aplicação muito restrita do

“jus soli”, o qual confirma a nacionalidade ao filho do estrangeiro nascido em

território português, desde que o estrangeiro resida legalmente no país há pelo

menos 2 anos.

Em outras palavras, não adianta o imigrante vir a Portugal para que seu

filho venha a nascer aqui, no intuito de que este seja considerado de plano

nacional Português, vez que se não o tiver (o imigrante) título de residência por

pelo menos 2 anos antes de que seu filho venha a nascer, certamente ele será

considerado um estrangeiro pelas leis portuguesas.

Apesar desta discricionariedade, ainda assim é um grande avanço em

relação a maioria das nações europeias que não permite este tipo de
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reconhecimento.

Faço estas duas observações acauteladoras, vez que já ajudei muitas

pessoas que estavam erroneamente induzidas a crer que poderiam se

nacionalizar por ter filhos nascidos em Portugal.

É correto informar também, que são muitos os casos de má informação, e

que isto pode custar caro na qualidade de vida almejada pelo migrante; logo,

depreende-se de que, se o indivíduo deseja estabelecer-se em outra nação, é

correto proceder com cautela, e informar-se da lei local antes de investir suas

economias.

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Considerações sobre a Nacionalidade por aquisição

Noutro norte, a Lei da Nacionalidade, ainda trata de outras hipóteses,

onde a nacionalidade não é atribuída, mas sim adquirida, enquanto os primeiros

casos são poucos, e faz-se a numeração de forma clara com poucas distinções,

à nacionalidade por aquisição, é reservada toda a gama de situações que não

estão permeadas no Artigo 1º da Lei n.º 37/81, de 03 de Outubro.

Neste sentido, é correto observar que aqui se incluem os casos onde a

nacionalidade portuguesa é obtida por:

• casamento (ou união de facto);

• adoção;

• naturalização (por tempo de residência legal ou nascimento);

• aos descendentes de judeus sefarditas e;

• aqueles que perderam e pretendem readquirir a nacionalidade

portuguesa.

Neste sentido, é correto perceber que se trata de um instituto mais amplo,

embora não seja mais simples que o primeiro, e tenha uma série de requisitos a

serem observados e/ou cumpridos, conforme determina a Lei, vide:

Artigo 2.º - Aquisição por filhos menores ou incapazes


Os filhos menores ou incapazes de pai ou mãe que adquira a nacionalidade
portuguesa podem também adquiri-la, mediante declaração.

Artigo 3.º - Aquisição em caso de casamento ou união de facto

1 - O estrangeiro casado há mais de três anos com nacional português pode


adquirir a nacionalidade portuguesa mediante declaração feita na constância do
matrimónio.

2 - A declaração de nulidade ou anulação do casamento não prejudica a


nacionalidade adquirida pelo cônjuge que o contraiu de boa-fé.

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3 - O estrangeiro que, à data da declaração, viva em união de facto há mais


de três anos com nacional português pode adquirir a nacionalidade portuguesa,
após ação de reconhecimento dessa situação a interpor no tribunal cível.

Artigo 4.º - Declaração após aquisição de capacidade


Os que hajam perdido a nacionalidade portuguesa por efeito de declaração
prestada durante a sua incapacidade podem adquiri-la, quando capazes,
mediante declaração.

Artigo 5.º - Aquisição por adoção


O adotado por nacional português adquire a nacionalidade portuguesa.

Artigo 6.º - Requisitos da naturalização

1 - O Governo concede a nacionalidade portuguesa, por naturalização, aos


estrangeiros que satisfaçam cumulativamente os seguintes requisitos:
a) Serem maiores ou emancipados à face da lei portuguesa;
b) Residirem legalmente no território português há pelo menos cinco anos;
c) Conhecerem suficientemente a língua portuguesa;
d) Não tenham sido condenados, com trânsito em julgado da sentença, com
pena de prisão igual ou superior a 3 anos;
e) Não constituam perigo ou ameaça para a segurança ou a defesa
nacional, pelo seu envolvimento em atividades relacionadas com a prática do
terrorismo, nos termos da respetiva lei.

2 - O Governo concede a nacionalidade, por naturalização, aos menores,


nascidos no território português, filhos de estrangeiros, desde que preencham os
requisitos das alíneas c), d) e e) do número anterior e desde que, no momento do
pedido, se verifique uma das seguintes condições:
a) Um dos progenitores aqui tenha residência, independentemente de título,
pelo menos durante os cinco anos imediatamente anteriores ao pedido;
b) O menor aqui tenha concluído pelo menos um ciclo do ensino básico ou
o ensino secundário.

3 - Tratando-se de criança ou jovem com menos de 18 anos, acolhidos em


instituição pública, cooperativa, social ou privada com acordo de cooperação com
o Estado, na sequência de medida de promoção e proteção definitiva aplicada em
processo de promoção e proteção, ao abrigo do disposto no n.º 3 do artigo 72.º da
Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, aprovada em anexo à Lei n.º
147/99, de 1 de setembro, cabe ao Ministério Público promover o respetivo
processo de naturalização com dispensa das condições referidas no número
anterior.

4 - O Governo concede a naturalização, com dispensa dos requisitos


previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1, aos indivíduos que tenham tido a
nacionalidade portuguesa e que, tendo-a perdido, nunca tenham adquirido outra
nacionalidade.

5 - O Governo concede a nacionalidade, por naturalização, com dispensa

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do requisito estabelecido na alínea b) do n.º 1, aos indivíduos que satisfaçam


cumulativamente os seguintes requisitos:
a) Tenham nascido em território português;
b) Sejam filhos de estrangeiro que aqui tivesse residência,
independentemente de título, ao tempo do seu nascimento;
c) Aqui residam, independentemente de título, há pelo menos cinco anos.

6 - O Governo pode conceder a naturalização, com dispensa dos requisitos


previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1, aos indivíduos que, não sendo apátridas,
tenham tido a nacionalidade portuguesa, aos que forem havidos como
descendentes de portugueses, aos membros de comunidades de ascendência
portuguesa e aos estrangeiros que tenham prestado ou sejam chamados a prestar
serviços relevantes ao Estado Português ou à comunidade nacional.

7 - O Governo pode conceder a nacionalidade por naturalização, com


dispensa dos requisitos previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1, aos descendentes
de judeus sefarditas portugueses, através da demonstração da tradição de
pertença a uma comunidade sefardita de origem portuguesa, com base em
requisitos objetivos comprovados de ligação a Portugal, designadamente
apelidos, idioma familiar, descendência direta ou colateral.

8 - O Governo pode conceder a nacionalidade, por naturalização, com


dispensa do requisito estabelecido na alínea b) do n.º 1, aos indivíduos que sejam
ascendentes de cidadãos portugueses originários, aqui tenham residência,
independentemente de título, há pelo menos cinco anos imediatamente anteriores
ao pedido e desde que a ascendência tenha sido estabelecida no momento do
nascimento do cidadão português.

9 - O conhecimento da língua portuguesa referido na alínea c) do n.º 1


presume-se existir para os requerentes que sejam naturais e nacionais de países
de língua oficial portuguesa.

10 - A prova da inexistência de condenação, com trânsito em julgado da


sentença, com pena de prisão igual ou superior a 3 anos referida na alínea d) do
n.º 1 faz-se mediante a exibição de certificados de registo criminal emitidos:
a) Pelos serviços competentes portugueses;
b) Pelos serviços competentes do país do nascimento, do país da
nacionalidade e dos países onde tenha tido residência, desde que neles tenha tido
residência após completar a idade de imputabilidade penal.

Observa-se inicialmente, que a lista de requisitos feitas para os casos de

aquisição de nacionalidade, são maiores que aos casos de atribuição, sendo que

neste último trata-se do cumprimento de uma condição (geralmente originária),

como por exemplo “ser filho de nacional português”, enquanto no caso relacionado

à aquisição da nacionalidade por naturalização, tratam-se de exigências

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cumulativas, ou seja, por exemplo os enumerados na alínea “a” a “e” do n.º “1” do

Artigo 6º da Lei da Nacionalidade.

Neste sentido, cumpre observar que enquanto a atribuição de

nacionalidade não pode ser negada (exceto em casos onde não se comprove a

relação de descendência, ou os requisitos do n.º “3” do Artigo 1º da Lei da

Nacionalidade), a aquisição de nacionalidade portuguesa tem que ser ratificada

pelo governo português, e por isto pode ser negada com base nas oposições

prevista no Art. 9º da referida lei, abaixo descrito:

Constituem fundamento de oposição à aquisição da nacionalidade


portuguesa:
a) A inexistência de ligação efetiva à comunidade nacional;
b) A condenação, com trânsito em julgado da sentença, pela prática de
crime punível com pena de prisão de máximo igual ou superior a 3 anos,
segundo a lei portuguesa;
c) O exercício de funções públicas sem caráter predominantemente técnico
ou a prestação de serviço militar não obrigatório a Estado estrangeiro;
d) A existência de perigo ou ameaça para a segurança ou a defesa nacional,
pelo seu envolvimento em atividades relacionadas com a prática do terrorismo,
nos termos da respetiva lei.

É curial observar que, mesmo que um indivíduo tenha preenchido os

requisitos anteriormente informados para naturalizar-se português, caso tenha

também incorrido na prática de um crime, cuja condenação tenha pena máxima

igual ou superior a 3 anos, provavelmente não terá reconhecida sua pretensão à

aquisição da nacionalidade portuguesa.

Observados estes apontes, e as principais distinções, indica-se ao

imigrante que tenha razão para crer ter direito a requerer a nacionalidade

portuguesa; que leia a referida Lei n.º 37/81, de 03 de Outubro, a qual poderá dar

um norte e responder outras questões que permaneçam ainda obscuras.

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Da comprovação de ligação efetiva a comunidade nacional para

aquisição de nacionalidade por efeito da vontade ou adoção

Nestes casos, é importante observar as informações introduzidas pelo

Decreto-Lei n.º 71/2017 no sentido de explicar e delimitar o que é efetiva ligação

à comunidade nacional, quando tratamos de nacionalidade por efeito da vontade

ou adoção.

Neste sentido, de forma bem explícita e taxativa, trazemos alguns trechos

que julgamos mais importantes:

4 - A Conservatória dos Registos Centrais deve presumir que existe ligação


efetiva à comunidade nacional quando o declarante, maior, no momento do
pedido preencha, designadamente, um dos seguintes requisitos:
a) Seja natural e nacional de país de língua oficial portuguesa, casado ou
vivendo em união de facto há, pelo menos, cinco anos, com nacional português
originário;
b) Seja natural e nacional de país de língua oficial portuguesa e existam
filhos, portugueses de origem, do casamento ou da união de facto que fundamenta
a declaração;
c) Conheça suficientemente a língua portuguesa, desde que esteja casado
ou viva em união de facto com português originário há, pelo menos, cinco anos;
d) Resida legalmente no território português nos três anos imediatamente
anteriores ao pedido, se encontre inscrito na administração tributária e no Serviço
Nacional de Saúde ou nos serviços regionais de saúde, e comprove frequência
escolar em estabelecimento de ensino no território nacional ou demonstre
conhecimento da língua portuguesa;
e) Resida legalmente no território português nos cinco anos imediatamente
anteriores ao pedido, se encontre inscrito na administração tributária e no Serviço
Nacional de Saúde ou nos serviços regionais de saúde.

Neste sentido, vale a observação feita a estes pontos, vez que a

expressão jurídica utilizada nestes casos é “rol taxativo” (vulgarmente, sem

margens a interpretações).

Em outras palavras, o governo se compromete a reconhecer

oficiosamente que existem laços de efetiva ligação à comunidade nacional,

quando preenchidos os requisitos listados nas alíneas do número 4; o que em

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outras palavras significa que a aquisição da nacionalidade, sem maiores

questionamentos ou análises (por parte do governo português).

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Considerações finais

Conhecer esta Lei é fundamental não somente para aquele que tem direito

a nacionalidade portuguesa, mas também para o emigrante comum, vez que ela

permeia muitos fatos que fazem parte natural do cotidiano das nossas vidas, como

casamento e filhos.

Mesmo aquele que sem direito de nacionalidade portuguesa por

descendência, ainda estará sujeito a legislação acima exposta, vez que poderá

requerer a aquisição de nacionalidade nos termos do artigo 6º, n.º 1.

Inclusive, citamos que este é um exemplo da aquisição da nacionalidade

pelo tempo de residência e domicílio (muitas vezes ininterrupto) de um

estrangeiro, em um território ou nação, conhecido no mundo jurídico como “jus

domicilii”.

Em outro norte, sobre este tema, ainda é correto informar que Portugal é

a nação europeia com maior abertura referente a aquisição de nacionalidade por

estrangeiros, sendo relatada pela International Migration Outlook (em 2016)

como o país que possibilitou o maior número de aquisições de nacionalidade (per

capta), dentre os estudados no mundo; estando em muito a frente de outras

nações como o Reino Unido, França, Alemanha, Holanda, E.U.A., Espanha, e

inclusive Itália.

Não somente isto, a aceitação pelo governo português dos três sistemas:

jus sanguinis, jus soli, e jus domicilii; confirma-se com uma maior procura dos

indivíduos estrangeiros pela nacionalização, apontando em estudos um total de

477 mil pedidos de nacionalidade portuguesa realizados nos últimos 10 anos

(fonte SEF e Conservatória dos Registos Centrais).


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Desta forma, não é incomum verificar que o estrangeiro migrante, quando

ingressa em Portugal, deve procurar ter autorizada a sua residência o mais breve

possível, uma vez que todo o período de residência legal no país pode ser

posteriormente computado para fins de nacionalização.

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Secção 2 - Através de outra nacionalidade europeia

Assim como a nacionalidade portuguesa, outras nacionalidades europeias

também podem permitir ao imigrante o acesso e a autorização para residir em

Portugal.

Inicialmente, já corrijo um ponto que propositadamente deixei de forma

errônea, justamente no intuito de que fosse simples de assimilar, partindo para a

explicação posteriormente a correção que agora faço.

Neste sentido, a correção vem no intuito de informar o leitor, que de acordo

com a Lei nº 37/2006, de 9 de agosto o direito a entrada, permanência e

residência em Portugal é conferido aos nacionais de todos os países da União

Europeia (U.E.), mas não somente isto, como também garantidos os mesmos

direitos são aos membros dos Estados partes do Espaço Económico Europeu

(E.E.E.), quais sejam os nacionais da Islândia, Liechtenstein, e da Noruega, bem

como, do Principado de Andorra e da Suíça também (apesar de estes dois últimos

não fazerem parte nem da U.E., nem da E.E.E.).

Observado este ponto, é correto compreender que este é um acordo

recíproco, e permite a entrada e residência do cidadão português a estes países

também.

Noutro norte, o Certificado de Registro de Cidadão da EU/EEE/Suíça é

o documento que formaliza o direito do migrante europeu a permanecer e residir

em Portugal por 5 anos (renovável de forma permanente), e sua emissão ocorre

na hora em que se solicita.

Neste sentido é importante observar que deve ser requerido até 30 dias

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após o ingresso do nacional europeu (ou do EEE/Suíça) em Portugal, nas lojas da

Câmara Municipal do conselho onde for residir, e sempre que o motivo da

permanência for superior a 3 meses.

No ato será cobrada um valor de 15 euros para emissão, além de

requeridos os seguintes documentos:

1. Bilhete de Identidade ou passaporte válidos;

2. Declaração, sob compromisso de honra, de que exerce uma atividade

profissional subordinada ou independente em Portugal (ou

Declaração, sob compromisso de honra, de que dispõe de recursos

suficientes para si próprio e para os seus familiares); bem como um

seguro de saúde, desde que tal seja exigido no Estado-Membro da sua

nacionalidade aos cidadãos portugueses;

3. Se for estudante: Declaração, sob compromisso de honra, de que está

inscrito num estabelecimento de ensino público ou privado,

oficialmente reconhecido, desde que comprove, mediante declaração

ou outro meio de prova à sua escolha, a posse de recursos financeiros

suficientes para si próprio e para os seus familiares, bem como

disponha de um seguro de saúde, desde que tal seja exigido no Estado

membro da sua nacionalidade aos cidadãos portugueses.

Após ter emitido este documento o cidadão europeu (ou do EEE) se

encontra autorizado a residir em Portugal, bem como a trabalhar (ou aplicar-se

a processos de seleção para trabalhos).

Logo, depreende-se que, se um imigrante, que tenha a nacionalidade

alemã, ou italiana, ou então seja nacional da Noruega, queira se estabelecer em


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Portugal, o documento que autorizará esta permanência será emitido sempre pela

Câmara Municipal, com validade inicial de 5 anos, não sendo necessário a este

imigrante deslocar-se aos órgãos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

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Secção 3 - Através de algum tipo de visto

Chegamos a forma mais comum, e abrangente de ingresso e residência

legal no país, o qual pode ser utilizado pela maioria das pessoas em que não forem

aplicáveis os benefícios dos itens anteriores. Ou seja, aqueles que não tem

nacionalidade portuguesa ou europeia.

Neste caso abrangem-se de forma comum as pessoas nacionais do Brasil

e outros países do mundo que não tenham acordo bilateral específico de ingresso,

permanência e residência com Portugal.

Já informo de antemão, que ao contrário do que se populariza na internet,

não existe um acordo especial para cidadãos nacionais da República Federativa

do Brasil para ingressarem para residir em Portugal, nem uma forma especial de

concessão de Visto de Residência a estes cidadãos; o que existe é o Tratado da

Amizade, sobre o qual tratarei neste livro mais adiante.

Deste modo, importa-nos observar que se aplicam igualmente a estes

casos acima listados, a Lei de Entrada, Permanência, Saída e Afastamento de

Estrangeiros do Território Nacional (Lei n.º 23/2007, de 04 de Julho), é quem

trata do assunto, dividindo em quatro os tipos de visto empregados para ingresso

no país:

I. Visto de estada temporária;

II. Visto de para obtenção de autorização de residência, adiante

designado visto de residência.;

III. Visto de escala aeroportuária;

IV. Visto de curta duração;

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Neste sentido, é correto informar que nos importa os dois primeiros tipos

de visto, quais sejam os nominados de “estada temporária” e de “residência”, vez

que os dois últimos são inadequados a quem busca migrar e estabelecer a sua

residência legalmente em Portugal, e por isto aplicam-se a casos diversos, os

quais explicarei no capítulo 7 deste livro.

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Órgãos competentes para concessão de vistos

Antes de prosseguir aos tipos de visto que nos importam, informo que

compete privativamente as embaixadas e consulados à concessão de vistos,

logo, não há possibilidade de o indivíduo ingressar no país sem um visto, e

requerer depois aqui o visto que julgar competente para a sua situação fática, luz

trazida à baila do artigo 48º da referida lei, abaixo transcrita:

1 - São competentes para conceder vistos:


a) As embaixadas e os postos consulares de carreira portugueses, quando
se trate de vistos de escala aeroportuária ou de curta duração solicitados por
titulares de passaportes diplomáticos, de serviço, oficiais e especiais ou de
documentos de viagem emitidos por organizações internacionais;
b) Os postos consulares de carreira e as secções consulares, nos restantes
casos.

2 - Compete às entidades referidas no número anterior solicitar os


pareceres, informações e demais elementos necessários para a instrução dos
pedidos.

Desta forma, após ter ingressado no país, não há possibilidade de o

indivíduo buscar um “Visto” adequado a sua estada, ou seja, se entrar utilizando-

se de um Visto de Curta Duração (como turista, por exemplo), não poderá alterar

o tipo de visto para um Visto de Residência, quando já em Portugal, fato que criará

alguns pormenores que abordarei neste livro.

Logo, a única forma de regularizar sua situação será através da

Autorização de Residência, documento emitido pelo Serviço de Estrangeiros e

Fronteiras (SEF), e que demandará um tempo para a sua emissão, a depender da

condição em que ingressou o imigrante em Portugal.

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I. Visto de estada temporária

Destina-se a períodos de estadia por prazo igual ou inferior a 1 ano.

Observa-se neste sentido que são basicamente 7, os motivos que podem ser

listados para obtenção dos vistos de estada temporária, de acordo com as alíneas

do n.º “1”, abaixo correlacionadas:

ALÍNEA REFERÊNCIA DESCRIÇÃO (MOTIVO)


A) E1 Tratamento Médico
Transferência de Cidadãos nacionais de
B) E2 Estados Partes na OMC (prestação de serviços
ou formação profissional)1
Exercício de Atividade profissional subordinada
C) E3
ou independente temporária2
Exercício de Atividade de Investigação ou
D) E4
Altamente Qualificada3
E) E5 Exercício de Atividade Desportiva Amadora
Cumprimento de compromissos internacionais
F) E6
e estudo
Acompanhamento de Familiar em tratamento
G) E7
médico

A previsão legal, encontra-se transcrita no artigo 54.º da Lei n.º 23/2007,

conforme apresenta-se abaixo:

1 - O visto de estada temporária destina-se a permitir a entrada em território


português ao seu titular para:
a) Tratamento médico em estabelecimentos de saúde oficiais ou
oficialmente reconhecidos;
b) Transferência de cidadãos nacionais de Estados partes na Organização
Mundial de Comércio, no contexto da prestação de serviços ou da realização de
formação profissional em território português;
c) Exercício em território nacional de uma atividade profissional,
subordinada ou independente, de caráter temporário, cuja duração não
ultrapasse, em regra, os seis meses;
d) Exercício em território nacional de uma atividade de investigação
científica em centros de investigação, de uma atividade docente num
estabelecimento de ensino superior ou de uma atividade altamente qualificada
durante um período de tempo inferior a um ano;
e) Exercício em território nacional de uma atividade desportiva amadora,

1
Vide: artigo 55.º da Lei n.º 23/2007, de 04 de Julho.
2
Vide: artigo 56.º da Lei n.º 23/2007, de 04 de Julho.
3
Vide: artigo 57.º da Lei n.º 23/2007, de 04 de Julho.

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certificada pela respetiva federação, desde que o clube ou associação desportiva


se responsabilize pelo alojamento e cuidados de saúde;
f) Permanecer em território nacional por períodos superiores a três meses,
em casos excecionais, devidamente fundamentados, designadamente para
frequência de programa de estudo em estabelecimento de ensino, intercâmbio de
estudantes, estágio profissional não remunerado ou voluntariado, de duração igual
ou inferior a um ano, ou para efeitos de cumprimento dos compromissos
internacionais no âmbito da Organização Mundial de Comércio e dos decorrentes
de convenções e acordos internacionais de que Portugal seja Parte, em sede de
liberdade de prestação de serviços;
g) Acompanhamento de familiar sujeito a tratamento médico nos termos da
alínea a).

2 - O visto de estada temporária é válido por quatro meses e para múltiplas


entradas em território nacional, sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 56.º

3 - O prazo máximo para a decisão sobre o pedido de visto de estada


temporária é de 30 dias contados a partir da instrução do pedido.

É perceptível que a lei prescreve taxativamente os casos onde o indivíduo

poderá solicitar o visto de estada temporária, e que embora tenha diversos

“motivos autorizadores” (cada qual com a sua referência), o visto é apenas um,

não se tratando de uma série de 7 tipos de vistos diversos, vez que o seu conceito

permanece o mesmo, apesar do motivo autorizador mudar em cada caso acima

descrito.

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IV. Visto de residência

Este é o tipo de visto destinado a quem pretende se mudar para Portugal,

ou seja, residir cá, por um período superior a 1 ano.

Esclareço, porém, que não é o visto de residência que lhe autorizará a

residir no país por este período de 1 ano, mas sim, que o referente visto é válido

para duas entradas em território português, e habilita o titular a permanecer por

um período de 4 meses em cada entrada.

Da mesma forma que o visto de estada temporária, este tipo de visto

também tem 7 “motivos autorizadores”, embora tratem todos da mesma tipologia

de visto, nominado visto de residência.

Abaixo trazemos ao leitor, a referência, a descrição (motivo) e o artigo

onde prescreve-se a aplicabilidade do visto de residência, conforme a Lei n.º

23/2007, vide:

ARTIGO REFERÊNCIA DESCRIÇÃO (MOTIVO)


Exercício de Atividade profissional
59 D1
Subordinada
Exercício de Atividade profissional
60 D2 Independente e para Imigrantes
Empreendedores
Atividade de Investigação ou Altamente
61 E 61-A D3
Qualificada
Estudo, Intercâmbio de Estudantes, Estágio
62 D4
Profissional ou Voluntariado
no Âmbito da Mobilidade dos Estudantes do
63 D5
Ensino Superior
64 D6 Efeitos de Reagrupamento Familiar
Reformados (aposentados), Religiosos,
* D7
Pessoas com Rendimentos

Observação sobre a tabela*: O visto de residência para Reformados,

Religiosos, Pessoas com Rendimentos (supra-nominado “D7”) encontram-se

previstos em outros dispositivos legais como o decreto que regulamenta a

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REPSAE.

Também importa saber que o visto de residência, destina-se a permitir

ao seu titular a entrada em território português a fim de solicitar a autorização de

residência.

Ou seja, o indivíduo que ingressar no país portando este visto, deverá

impreterivelmente requerer junto ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que seja

autorizada a sua residência em Portugal (com base nos mesmos motivos em que

requereu o visto).

Sobre isto, cumpre-nos informar que, aos portadores deste tipo de visto,

já é feita uma análise prévia das condições de admissão em território nacional,

antes de lhes ser concedido o referido Visto de Residência.

Por isto, quando realizam o agendamento junto ao órgão SEF, para que

seja fornecida a Autorização de Residência aos portadores deste visto, o processo

transcorre de forma mais célere que os casos considerados como excepcionais

pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Oportunamente asseveramos, que os 4 meses a que se refere o prazo de

concessão do Visto de Residência, são mais do que suficientes para que o seu

solicitante esteja na posse da Autorização de Residência.

Via de regra, quem obtém este tipo de visto, não enfrenta um período de

ilegalidade sequer, enquanto aguarda a documentação; diferente do que ocorre

caso o migrante venha a Portugal (residir e trabalhar), ingressando com um visto

inadequado, como o Visto de Curta Duração.

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Condições gerais e individuais aplicáveis

Os vistos para exercício de atividade profissional subordinada, supra-

nominados “E3” e “D1” carecem de contrato prévio de trabalho, sendo que,

especificamente o caso referido do D1 “depende da existência de oportunidades

de emprego, não preenchidas por nacionais portugueses, trabalhadores nacionais

de Estados membros da União Europeia, do Espaço Económico Europeu, de

Estado terceiro com o qual a Comunidade Europeia tenha celebrado um acordo

de livre circulação de pessoas, bem como por trabalhadores nacionais de Estados

terceiros com residência legal em Portugal”.

Os vistos para exercício de atividade de investigação, ou altamente

qualificada, supra-nominados “E4” e “D3”, é concedido a quem for praticar a

docência, ou for “admitidos como estudantes de ensino superior ao nível de

doutoramento ou como investigadores a colaborar num centro de investigação

oficialmente reconhecido, nomeadamente através de contrato de trabalho ou

promessa de contrato de trabalho, de um contrato ou proposta escrita de

prestação de serviços ou de uma bolsa de investigação científica”.

O visto para estudo, intercâmbio, estágio profissional, ou

voluntariado, supra-nominado “D4”, carece de comprovação de aceitação prévia

e matrícula por parte da instituição de ensino secundário ou superior (níveis de

graduação ou pós graduação), ou aceite de programa de voluntariado, empresa,

ou num organismo de formação profissional oficialmente reconhecido, além de

comprovar efetivamente que disponham do “montante mínimo dos meios de

subsistência previsto na portaria a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 52.º”.

Ademais, é curial perceber que para obtenção destes vistos, deverá o

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interessado comprovar meios de subsistência em Portugal, na ordem de 1 salário

mínimo por mês multiplicado pelo número de meses de duração previsível da

permanência (como por exemplo um ano no caso dos vistos de residência), a

atender as necessidades essenciais do cidadão estrangeiro e, quando seja o caso,

da sua família, designadamente para alimentação, alojamento e cuidados de

saúde e higiene.

Desta forma, tendo apresentado todas as formas de visto que poderá o

emigrante utilizar para realizar o seu projeto, é importante compreender quais

documentos e a forma pela qual deverá nortear-se quando for requerer o visto, em

especial para estada temporária, e para o fim de residência.

Neste sentido, orientamos o migrante a estudar a Lei n.º 23/2007, em

especial o artigo 52.º, e aquele destacado nas tabelas deste capítulo que for

aplicável ao seu caso em específico, uma vez que diversos podem ser os motivos

para a denegativa de um processo de aplicação para visto.

O referido Artigo 52.º prescreve as condições gerais de concessão de

vistos de residência, de estada temporária e de curta duração, conforme abaixo:

1 - Sem prejuízo de condições especiais aplicáveis à concessão de cada


tipo de visto e dos regimes especiais constantes de acordos, protocolos ou
instrumentos similares, tratados e convenções internacionais de que Portugal seja
Parte, só são concedidos vistos de residência, de estada temporária e de curta
duração a nacionais de Estados terceiros que preencham as seguintes condições:
a) Não tenham sido sujeitos a uma medida de afastamento do País e se
encontrem no período subsequente de interdição de entrada em território nacional;
b) Não estejam indicados para efeitos de não admissão no Sistema de
Informação Schengen por qualquer das Partes Contratantes;
c) Não estejam indicados para efeitos de não admissão no Sistema
Integrado de Informações do SEF, nos termos do artigo 33.º;
d) Disponham de meios de subsistência, tal como definidos por portaria dos
membros do Governo responsáveis pelas áreas da administração interna e da
solidariedade e segurança social;
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e) Disponham de um documento de viagem válido;


f) Disponham de um seguro de viagem.

2 - Para a concessão de visto de residência para exercício de atividade


profissional subordinada ou independente, de visto de residência para estudo,
intercâmbio de estudantes, estágio profissional ou voluntariado, de visto de estada
temporária e de visto de curta duração é ainda exigido ao nacional de Estado
terceiro que disponha de um título de transporte que assegure o seu regresso.

3 - É recusada a emissão de visto de estada temporária ou visto de


residência a nacional de Estado terceiro que tenha sido condenado por crime que
em Portugal seja punível com pena privativa de liberdade de duração superior a
um ano, ainda que esta não tenha sido cumprida, ou que tenha sofrido mais de
uma condenação em idêntica pena, ainda que a sua execução tenha sido
suspensa.

4 - Pode ser recusada a emissão de visto a pessoas que constituam perigo


ou ameaça para a ordem pública, a segurança ou a defesa nacional ou a saúde
pública.

5 - Sempre que a concessão do visto seja recusada pelos fundamentos


previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1, o requerente é informado da possibilidade
de solicitar a retificação dos dados que a seu respeito se encontrem errados.

6 - Sempre que o requerente seja objeto de interdição de entrada emitida


por um Estado parte ou Estado associado na Convenção de Aplicação do Acordo
de Schengen, este deve ser previamente consultado devendo os seus interesses
ser tidos em consideração, em conformidade com o artigo 25.º daquela
Convenção.

Ainda observamos que o artigo acima referido, nos esclarece que a

República Portuguesa tem a liberalidade de recusar a emissão de vistos a quem

tenha sido condenado por crime que em Portugal seja punível com pena privativa

de liberdade de duração superior a um ano (n.º “3”).

Bem como, na observação realizada à baila do n.º “2” do mesmo artigo,

qual versa que é exigido (mesmo de posse do visto), que o seu titular disponha de

um meio de transporte que assegure o seu regresso ao país de origem. Por este

motivo, os referidos vistos só são afixados ao passaporte do interessado, se

anteriormente este fizer prova da aquisição do título de transporte de ida e volta.

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Isto ocorre por várias razões, dentre elas, a de que estes vistos são

concedidos ao titular, para que este solicite junto ao órgão do Serviço de

Estrangeiros e Fronteiras, a sua Autorização de Residência, e que, neste período,

caso venha a ter alterada as condições que permitiram a concessão do visto e que

são requisitos da Autorização de Residência (exemplo: ausência de meios de

subsídio, envolvimento em crime, entre outros), possa o interessado retornar ao

seu país de origem sem sofrer prejuízos.

Conhecer essa dinâmica, é entender por que não é indicado ao migrante

ir a Portugal de forma irregular, sem visto, ou com o visto diverso do motivo da

estada; vez que isto pode alterar o processo, e atrasar a concessão da

Autorização de Residência em meses ou anos, fato que pode impor duras penas

ao migrante, e até por um fim ao sonho de mudar-se ao país.

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Secção 4 - Reagrupamento Familiar

Como anteriormente tratamos, existe uma quarta forma de vir a residir

legalmente em Portugal, cumpre perceber que o visto de residência para efeitos

de reagrupamento familiar, pode ser requerido por qualquer pessoa que tenha

um familiar já autorizado a residir em Portugal.

Neste sentido, familiares de beneficiários dos vistos anteriormente

tratados, também poderão solicitar o direito ao Reagrupamento Familiar, vez que

posteriormente a concessão da Autorização de Residência ao possuidor do Visto

de Residência (por exemplo), deverá (no SEF) solicitar a Autorização de

Residência para fins de Reagrupamento Familiar, nos termos abaixo transcritos:

Lei 23/2007, Artigo 98.º - Direito ao reagrupamento familiar


1 - O cidadão com autorização de residência válida tem direito ao
reagrupamento familiar com os membros da família que se encontrem fora do
território nacional, que com ele tenham vivido noutro país, que dele dependam ou
que com ele coabitem, independentemente de os laços familiares serem
anteriores ou posteriores à entrada do residente.

2 - Nas circunstâncias referidas no número anterior é igualmente


reconhecido o direito ao reagrupamento familiar com os membros da família que
tenham entrado legalmente em território nacional e que dependam ou coabitem
com o titular de uma autorização de residência válida.

3 - O refugiado, reconhecido nos termos da lei que regula o asilo, tem direito
ao reagrupamento familiar com os membros da sua família que se encontrem no
território nacional ou fora dele, sem prejuízo das disposições legais que
reconheçam o estatuto de refugiado aos familiares.
Ou seja, devemos observar que a regra geral que rege o referido direito,
indica-nos a sua aplicação aos seguintes familiares:
a) O cônjuge;
b) Os filhos menores ou incapazes a cargo do casal ou de um dos cônjuges;
c) Os menores adotados pelo requerente quando não seja casado, pelo
requerente ou pelo cônjuge, por efeito de decisão da autoridade competente do
país de origem, desde que a lei desse país reconheça aos adotados direitos e
deveres idênticos aos da filiação natural e que a decisão seja reconhecida por
Portugal;
d) Os filhos maiores, a cargo do casal ou de um dos cônjuges, que sejam
solteiros e se encontrem a estudar num estabelecimento de ensino em Portugal;

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e) Os filhos maiores, a cargo do casal ou de um dos cônjuges, que sejam


solteiros e se encontrem a estudar, sempre que o titular do direito ao
reagrupamento tenha autorização de residência concedida ao abrigo do artigo
90.º-A;
f) Os ascendentes na linha reta e em 1.º grau do residente ou do seu
cônjuge, desde que se encontrem a seu cargo;
g) Os irmãos menores, desde que se encontrem sob tutela do residente, de
harmonia com decisão proferida pela autoridade competente do país de origem e
desde que essa decisão seja reconhecida por Portugal.

Neste sentido, o mais comumente identificado é tratarmos do

reagrupamento familiar para os 3 primeiros casos, que são em regra mais

objetivos, embora cumpra-se necessário fazer as seguintes observações:

Caso do beneficiário da Autorização de Residência para fins de estudo,

estágio profissional não remunerado ou voluntariado, ter-se-á considerado como

membro da família para efeitos de reagrupamento familiar apenas os

mencionados nas alíneas a) a c) do n.º 1.

No mesmo norte, o reagrupamento familiar com filho menor ou incapaz de

um dos cônjuges depende da autorização do outro progenitor ou de decisão de

autoridade competente (por exemplo autoridade judicial) de acordo com a qual o

filho lhe tenha sido confiado para residir em outro país.

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Condições de exercício do direito ao reagrupamento familiar

Para o exercício do direito ao reagrupamento familiar deve o requerente

dispor de:

a) Alojamento;

b) Meios de subsistência, tal como definidos pela Portaria n.º

1563/2007, de 11 de Dezembro.

Ou seja, novamente tratamos dos valores a que se merecerá fazer

comprovação para que seja requerido o direito a residência em Portugal. Neste

sentido, estes valores podem ser comprovados através de disposição em conta

bancária, assegurados por período não inferior a 12 meses.

Em valores atuais, cujo salário mínimo nacional corresponde a 600 euros,

podemos determinar que o interessado deverá ter a disposição os seguintes

valores:

Percentual
Valor para o
valor correspondente do
Caso período de 12
mensal salário mínimo
meses
português
Solicitante do visto 600 € 100% 7.200 €

Adulto adicional 300 € 50% 3.600 €

Crianças ou jovens
com idade inferior a
180 € 30% 2.160 €
18 anos (e filhos
maiores a cargo)

Salientamos que os valores devem ser acrescidos em conformidade com

o número de dependentes, logo, em uma situação hipotética de uma família

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composta por um casal, o valor total a se comprovar será de 10.800 euros,

enquanto a uma família composta pelo casal e dois filhos deverá comprovar a

posse de 15.120 euros.

Orientamos também que a comprovação dos meios de subsistência seja

feita pelo comprovativo de trabalho ou atividade que exercer(em) em Portugal.

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Benefício aos familiares de nacionais Portugueses e europeus

Aproveitamos esta secção, para tratar de um documento análogo ao

Reagrupamento Familiar, e muitas vezes confundido com este, que é o Cartão de

Residência para cidadão de Estado Terceiro familiar de Nacional da

UE/EEE/Suíça.

Este documento é destinado exclusivamente ao familiar de cidadão da

União Europeia, Islândia, Liechtenstein, Noruega, do Principado de Andorra e

Suíça nacional de Estado terceiro, quando este for:

1. Cônjuge;

2. Descendente até aos 21 anos;

3. Descendentes com mais de 21 anos a cargo do titular do direito;

4. Ascendentes a cargo do titular do direito.

A principal diferença é que este documento tem a validade inicial de 5

anos, enquanto o Reagrupamento Familiar lhe oferece uma Autorização de

Residência por um prazo semelhante ao da Autorização de Residência daquele a

quem o solicitante pretende se reagrupar.

Logo, em média o Reagrupamento Familiar tem uma validade de 1 a 2

anos, podendo em alguns casos ter um prazo de validade de 5 anos, diferente do

Cartão de Residência que via de regra tem o prazo inicial concedido para um

período de 5 anos.

Não obstante isto, ambos são regidos por leis diversas, estando o primeiro

(Reagrupamento Familiar) regido pela ótica da Lei 23/2007, enquanto este

segundo está alinhado a Lei nº 37/2006, de 9 de Agosto, e a Directiva n.º

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2004/38/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril (em outras

palavras, lei de ordenamento supranacional), a qual versa:

Artigo 7º Qualquer cidadão da União tem o direito de residir no território


nacional por período superior a três meses desde que reúna uma das seguintes
condições:
1. Exerça no território português uma actividade profissional
subordinada ou independente;

2. Disponha de recursos suficientes para si próprio e para os seus


familiares, bem como um seguro de saúde, desde que tal seja exigido no Estado
membro da sua nacionalidade aos cidadãos portugueses;

3. Esteja inscrito num estabelecimento de ensino público ou privado,


oficialmente reconhecido, desde que comprove, mediante declaração ou outro
meio de prova à sua escolha, a posse de recursos financeiros suficientes para si
próprio e para os seus familiares, bem como disponha de um seguro de saúde,
desde que tal seja exigido no Estado membro da sua nacionalidade aos cidadãos
portugueses;

4. Seja familiar que acompanhe ou se reúna a um cidadão da União


abrangido pelas alíneas anteriores.
Têm igualmente o direito de residir no território nacional por período
superior a três meses os familiares que não tenham a nacionalidade de um Estado
membro que acompanhem ou se reúnam a um cidadão da União que preencha
as condições a que se referem as alíneas a), b) ou c) do número anterior.

Basicamente, o funcionamento depende de agendamento prévio para ser

atendido junto ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

É imperioso informar, também, que este Cartão de Residência tem

procedimento diverso para requerimento quanto aos papéis que devem ser

preenchidos (sendo estes específicos ao caso, e não possíveis de serem

substituídos pelo de Reagrupamento Familiar).

Documentação mínima necessária:

• Documento de identificação do cidadão que acompanhem ou ao

qual se reúnam (Certificado de Registo, Cartão de Residência ou

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Bilhete de Identidade);

• Duas fotografias tipo passe com fundo branco;

• Fotocópia das páginas com movimentos do passaporte válido e

atualizado;

• Prova de familiares a cargo;

Casos específicos Documentos específicos ao tipo de caso

Certidão de narrativa completa de nascimento ou assento


Se forem casados:
de casamento;

Se estiverem em Certidões de nascimento de ambos e documento


união de facto: comprovativo da vida em comum há pelo menos 2 anos;

Assento de nascimento;
Se for
Maiores de 21 anos - matrícula escolar e outros meios de
descendente:
prova;

Assento de nascimento e cartão de residência do


Se for enteado
progenitor;

Assento de nascimento do cidadão da UE/EEE/Suíça;


Se for ascendente (até aos 65 anos de idade) - IRS com a
Se for ascendente indicação dos dependentes a cargo; bem como outros
do cidadão da documentos que provem estar a cargo (como por exemplo:
UE/EEE/Suíça: transferências bancárias para o país de origem,
declaração do Estado de origem declarativa que não
recebe qualquer pensão ou apoio financeiro);

Assento de nascimento do cônjuge do cidadão da União e


cartão de residência do cônjuge do cidadão da União.
Se for ascendente Se for ascendente (até aos 65 anos de idade) - IRS com a
do marido/mulher indicação dos dependentes a cargo, bem como outros
do cidadão da documentos que provem estar a cargo (como por exemplo:
UE/EEE/Suíça: transferências bancárias para o país de origem,
declaração do Estado de origem declarativa que não
recebe qualquer pensão ou apoio financeiro);

Orientamos também a fazer comprovação de renda, trabalho, meios de

subsistência e propriedade de bens, se aplicável.

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Observação: cobra-se uma taxa de emissão, no valor de 15 euros (7

euros e meio para menores de 6 anos).

Atenção, a conservação do direito de residência dos familiares do cidadão

da União é garantida em termos prescritos pela mesma Lei (art. 9º), qual versa:

“a morte ou partida do território nacional de um cidadão da União, bem como

o divórcio, a anulação do casamento ou a cessação da união de facto, não

implica a perda do direito de residência dos familiares, independentemente

da sua nacionalidade”.

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Capítulo 7 - Outros Vistos (Inadequados

ao processo de emigração)

C
onforme exploramos anteriormente no início da secção 3 do

capítulo anterior, julgamos inadequados estes dois tipos de

visto abaixo descritos, ao emigrante que venha a Portugal no

intuito de residir.

Desta forma, trazemos o abaixo escrito, com fins didáticos e de

conhecimento aos leitores, para que estes possam fazer o seu próprio julgamento

com base nas informações aqui dispostas, e compreender os riscos a que se

dispõe quando ingressam no país com intuitos diversos daqueles declarados.

Sobre isto, ainda cumpre observar que a Lei de entrada, permanência,

saída e afastamento de estrangeiros do território nacional (Lei n.º 23/2007, de 04

de Julho), prescreve em seus artigos (181.º e seguintes) condições de ilegalidade,

penalidades e contraordenações a quem esteja ilegal no país, ou auxilie outros a

imigrarem de forma ilegal.

Trataremos destes temas passo a passo neste capítulo, iniciando (em

respeito a continuidade do que restou aberto no capítulo anterior) pela indicação

dos dois tipos de Visto, quais sejam: Escala Aeroportuária; e Curta Duração.

E posteriormente ingressaremos nos pormenores legais do uso irregular

destes tipos de visto.

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Secção 1 – III. Visto de Escala Aeroportuária

Como seu nome mesmo expõe, destina-se a permitir ao seu titular, a

passagem por um aeroporto Português, para seguir sua viagem a um estado

terceiro. Ou seja, é um visto de trânsito, e não permite ao titular deixar as

dependências do aeroporto em que tenha desembarcado a espera da sua

conexão.

Este visto no caso de Portugal não é aplicado a nacionais brasileiros, na

verdade, é mais comum ver um nacional deste estado obter este tipo de visto para

fazer escala aeroportuária no Estados Unidos da América.

Em Portugal este visto é mais comum de ser solicitado a nacionais de

países cujos cidadãos estão sujeitos a visto para entrar em Portugal, como por

exemplo, os cidadãos nacionais do: Afeganistão; Bangladesh; Congo; Eritreia;

Etiópia; Gana; Guiné; Iraque; Irão; Libéria; Nigéria; Paquistão; Senegal; Somália;

e Sri Lanka.

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Secção 2 - IV. Visto de curta duração

O quarto visto de que tratamos, também se aplica aos nacionais de países

cujos cidadãos estão sujeitos a visto para entrar em Portugal; é concedido para

fins de trânsito, turismo e visita ou acompanhamento de familiares que sejam

titulares de visto de estada temporária.

Observação: É curial esclarecer que o nacional brasileiro é dispensado

de visto nos termos da legislação em vigor, se a estada em Portugal não for

superior a 90 dias, desta forma isento desta necessidade quando o ingresso e a

permanência no país estiver relacionada a um dos seguintes motivos: turismo;

negócios; cobertura jornalística; missão cultural.

Em outras palavras, o nacional brasileiro quando vem a Portugal, a

turismo, está isento de pedir o Visto de Curta Duração junto a entidade consular

do local de sua residência, mas observe que deverá passar pelo controle de

fronteiras de Portugal, situado por exemplo na área responsável pela migração

nos aeroportos (SEF), e lá, demonstrar cumprir com as condições mínimas

essenciais para o ingresso da República Portuguesa, sob pena de ter a sua

entrada negada, e ficar detido até que seja realizada sua remoção ao país de

origem.

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Condições mínimas a admissão da entrada a turismo em Portugal

Ainda neste sentido, é correto informar que a isenção de visto não exime

os seus beneficiários do cumprimento de algumas formalidades de entrada no país

previstas na legislação em vigor, conforme acima relacionado. Assim, para a

entrada em Portugal, é necessária a apresentação às autoridades fronteiriças

portuguesas dos seguintes documentos e comprovativos:

• passaporte com validade mínima superior em, pelo menos, 3

meses à duração da estada prevista (preferencialmente, com

validade superior a 6 meses);

• bilhetes de viagem de ida e volta;

• comprovativo de alojamento (reserva de hotel, contrato de

aluguel, etc.);

• de comprovativos dos meios financeiros para suportar a

estada;

• de documento comprovativo de vínculo laboral ou atividade

profissional no Brasil (facultativo).

Estes termos estão prescritos em Lei, e essencialmente traduzem a

observação governamental, sobre a proteção nacional e individual de quem venha

a Portugal.

Sobre isto, observamos inicialmente o Artigo 52.º, n.º 1, da Lei 23/2007,

qual versa sobre as condições gerais de concessão de vistos de residência,

de estada temporária e de curta duração, vide:

Sem prejuízo de condições especiais aplicáveis à concessão de cada tipo


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instrumentos similares, tratados e convenções internacionais de que Portugal seja


Parte, só são concedidos vistos de residência, de estada temporária e de curta
duração a nacionais de Estados terceiros que preencham as seguintes condições:

a) Não tenham sido sujeitos a uma medida de afastamento do País e se


encontrem no período subsequente de interdição de entrada em território nacional;
b) Não estejam indicados para efeitos de não admissão no Sistema de
Informação Schengen por qualquer das Partes Contratantes;
c) Não estejam indicados para efeitos de não admissão no Sistema
Integrado de Informações do SEF, nos termos do artigo 33.º;
d) Disponham de meios de subsistência, tal como definidos por portaria
dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da administração interna e
da solidariedade e segurança social;
e) Disponham de um documento de viagem válido;
f) Disponham de um seguro de viagem.

Importa observar que poderá ser recusada a entrada em Portugal, pelas

autoridades fronteiriças portuguesas, aos estrangeiros que não cumpram os

requisitos acima referidos.

Ainda esclarecemos que “pode ser recusada a emissão de visto a

pessoas que constituam perigo ou ameaça para a ordem pública, a

segurança ou a defesa nacional ou a saúde pública.”, conforme prevê o

mesmo artigo da Lei.

Não obstante isto, a alínea “d”, destacada acima, informa que deverá

observar os meios mínimos de subsistência indicados para a estada, logo,

devendo recorrer a Portaria n.º 1563/2007, de 11 de Dezembro, qual assevera o

texto a seguir:

“Para a entrada e permanência de cidadão estrangeiro titular

de visto de trânsito, de curta duração ou admitido sem exigência de

visto nos termos de convenções internacionais de que Portugal seja

parte ao abrigo do disposto no artigo 11.º da Lei n.º 23/2007, de 4 de

Julho, deve o mesmo deter ou estar em condições de adquirir

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legalmente, em meios de pagamento, per capita, o equivalente a 75 €

por cada entrada, acrescido de 40 € por cada dia de permanência.”

Ou seja, um indivíduo que venha a turismo para Portugal, deverá ter

consigo valores adequados ao tempo de estada, na forma exemplificada a baixo:

Tempo entre a
Valor diário Valor da entrada Total a se trazer
passagem de ida e volta
1 dia 40 euros 75 euros 115 euros
10 dias 40 euros 75 euros 475 euros
20 dias 40 euros 75 euros 875 euros
30 dias 40 euros 75 euros 1275 euros
60 dias 40 euros 75 euros 2400 euros
90 dias 40 euros 75 euros 3675 euros

Estas informações devem ser consideradas por pessoa. - Logo, se

vierem 2 ou 3 pessoas da mesma família, ou amigos que viagem em conjunto,

deverá ser comprovado o valor da tabela referida para cada um dos indivíduos

que tentar ingressar em território nacional.

E os meios de comprovação normalmente admitidos são moeda nacional

ou estrangeira cambiáveis nas dependências do aeroporto, e a posse de cartões

de crédito internacional.

Observo que estes quantitativos referidos na tabela, e no parágrafo

anterior podem ser dispensados ao cidadão estrangeiro que prove ter

alojamento e alimentação assegurados durante a respectiva estada ou que

apresente termo de responsabilidade, ao abrigo do artigo 12.º da Lei n.º 23/2007,

de 4 de Julho.

Neste sentido, o termo negritado refere-se a carta convite, que deve ser

fornecida por uma pessoa que tenha residência válida em Portugal, ou seja: seja
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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

nacional Português, ou estrangeiro (brasileiro, italiano, indiano, chinês, etc.)

autorizado a residir em Portugal.

Ainda vale a observação, que quem está em vias de regularizar-se, ou

seja, solicitou a Autorização de Residência, mas ainda não a obteve, não

deve enviar carta convite a outra pessoa. Caso envie, a pessoa que vier

portando esta carta poderá ter a sua entrada impedida em Portugal.

Além disto, orienta-se que, o termo de responsabilidade a que se refere

aquele parágrafo, deverá ser assinado com muita cautela, se para pessoas a

quem se conheça e confie nas intenções, uma vez que trata-se de Título

Executivo, conforme prevê a Lei n.º 23/2007, no artigo 12.º, abaixo:

2 - A aceitação do termo de responsabilidade referido no número anterior


depende da prova da capacidade financeira do respetivo subscritor e inclui
obrigatoriamente o compromisso de assegurar:
a) As condições de estada em território nacional;
b) A reposição dos custos de afastamento, em caso de permanência ilegal.

4 - O termo de responsabilidade constitui título executivo da obrigação


prevista na alínea b) do n.º 2.

Verifica-se aqui dos pontos curiais:

1) A aceitação do termo de responsabilidade, dependerá da prova da

capacidade financeira de quem o emite.

2) Caso ocorra algum desacordo que a pessoa por quem se

responsabilizou decida ficar em Portugal, deverá o responsável arcar com

as custas do seu posterior afastamento.

Além destes termos observados, o estrangeiro deverá comprovar o

objetivo e as condições da estada a autoridade de fronteira se esta julgar

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

necessário que seja realizada a apresentação de prova adequada.

Estes termos estão prescritos no Artigo 13.º da referida Lei 23/2007, e são

a base processual (juntamente com o artigo 11.º), para a maior parte dos casos

de impedimento de entrada de estrangeiros ao território de Portugal.

De qualquer forma, este não é o nosso caso, vez que o interesse do leitor

é referente ao ingresso regular e legal para permanência, residência e trabalho

em Portugal, e vir na condição acima descrita, como turista ou outro dos motivos

que lhe isentam o visto, apenas lhe causará problemas e dores de cabeça para

obter a sua residência no país.

Importa perceber isto durante o transcorrer deste livro, no qual observará

que em muitos casos, para obter-se um simples registro ou documento, lhe será

solicitada a autorização de residência ou o visto de ingresso no país.

Apesar de termos em consciência que este livro se destina a quem venha

migrar de forma legal a Portugal, prestamos as informações que se seguem

relativas ao Visto de Curta Duração, para fins didáticos, bem como para que possa

o leitor tirar suas próprias conclusões munido do máximo de informações que for

possível lhe passar.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Como contar o prazo do Visto de Curta Duração

O prazo do visto de curta duração é de até 90 dias a cada 180 dias, sejam

eles contínuos, ou não. Esta previsão encontra-se perpetuada no n.º 2 do artigo

51.º, o qual versa:

“O visto pode ser concedido com um prazo de validade de um ano e

para uma ou mais entradas, não podendo a duração de uma estada

ininterrupta ou a duração total das estadas sucessivas exceder 90 dias em

cada 180 dias a contar da data da primeira passagem de uma fronteira

externa.”

Desta forma, considerando a data da primeira entrada de um nacional

estrangeiro no espaço Schengen, ele terá um período de 180 dias onde poderá

permanecer 90 dias dentro deste espaço, independente de estar a todo o tempo

em um, ou em trânsito entre os países que compõem o espaço Schengen.

Logo, o prazo dentro deste território, poderá ser contínuo ou não, uma vez

que a primeira entrada neste território poderá ter se dado em uma determinada

data, aonde o indivíduo permaneceu por 30 dias e depois dirigiu-se a um país fora

do espaço Schengen, vindo a retornar novamente ao espaço Schengen após 10

dias.

Neste caso, não há uma renovação do prazo de 90 dias, mas sim, uma

concessão da diferença tida entre os dias usados, e aqueles disponíveis para se

usar. Ou seja, lhe será permitido o reingresso pelo prazo de 60 dias no espaço

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Schengen.

Mapa com as informações dos países que fazem parte do espaço Schengen.
• Em azul os países da União Europeia que fazem parte do espaço Schengen;
• Em verde os países que não fazem parte da União Europeia, mas que fazem parte do
espaço Schengen;
• Em amarelo os países da União Europeia que não fazem parte do espaço Schengen;
• Em vermelho os países onde o sistema ainda está em implementação.

Levando nossa hipótese mais adiante, caso este indivíduo permaneça

mais 10 dias dentro do espaço Schengen (suponhamos em Portugal), e

posteriormente retorne ao Brasil, sua situação será a seguinte.

Se retornar a entrar no espaço Schengen em um prazo dentro dos 180

dias daquela primeira entrada, terá a sua disposição 50 dias para uso na forma de

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Visto de Curta Duração (que é a diferença entre os 90 dias que tinha a disposição,

menos os 40 dias já utilizados nesta hipótese).

Porém, se retornar a entrar no espaço Schengen em um prazo maior que

180 dias datados da primeira entrada, terá que verificar se a diferença é maior ou

menor que 180 dias a datar da segunda entrada, caso seja inferior a 180 dias,

deverá descontar os 10 dias que permaneceu em Portugal, dos 90 dias que tem

direito.

Caso a entrada seja em prazo superior a 180 dias da primeira e da

segunda entrada, terá direito a utilizar os 90 dias totais do visto de curta duração.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Da prorrogação do Visto de Curta Duração

Como podemos ver, o Visto de Curta Duração, geralmente obtido para fins

de turismo, tem um prazo mais do que razoável ao exercício dos seus fins, mesmo

assim, por razões muitas vezes alheias a nossa vontade, necessitamos de mais

tempo do que aquele inicialmente previsto.

Nestes casos, este prazo inicial de 90 dias, poderá ser prorrogado em

Portugal mediante autorização excepcional do Serviço de Estrangeiros e

Fronteiras (SEF), não podendo a prorrogação ultrapassar um novo período de 90

dias.

Ainda observamos que a prorrogação concedida pelo SEF, concedida aos

titulares de vistos de trânsito e vistos de curta duração pode ser válida para um

ou mais Estados partes na Convenção de Aplicação (conforme redação do artigo

71.º da Lei 23/2007).

Logo, é curial informar que pela aposição da expressão negritada, caso o

indivíduo venha a se deslocar a outro estado do espaço Schengen, deverá antes

informar-se se a prorrogação será aceita no referido estado ou nação, sob pena

de não ser admitido naquele país.

Os documentos comumente utilizados para a realização do pedido de

prorrogação são:

1. documento de viagem;

2. comprovativo dos meios de subsistência e alojamento;

3. requerimento para consulta do registo criminal, quando a

estada requerida seja superior a 90 dias e o requerente

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

não seja menor de 16 anos;

4. título para o transporte de regresso ao país de origem,

exceto nos casos em que legalmente está dispensado e

comprovativo do vínculo familiar invocado, quando a

prorrogação seja para visita familiar.

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Secção 3 - Riscos inerentes ao uso inadequado dos vistos de Escala

aeroportuária e Curta Duração

Apesar de muitas pessoas discordarem do entendimento exaurido na Lei

n.º 23/2007, entende-se como ilegal aquele que não está em harmonia com as

condições de legalidade prescritas naquela lei.

Logo, depreendemos do entendimento alfarrábico do termo “legal” no

dicionário, o qual confirma o entendimento do diploma levantado, narrando que:

“o adjetivo legal tem sua origem na palavra em latim legalis, que é o relativo a lei

(do latim Lex). Corresponde àquilo que foi regulamentado e estabelecido pelos

legisladores, e faz parte do conjunto de normas do Direito. - É sinônimo de

“regular” e “lícito”, bem como “sancionado” e “permitido”, termos que vem a

corroborar o entendimento emanado pela lei de entrada, permanência, saída e

afastamento de estrangeiros do território nacional.

Neste sentido, neste livro, em compasso com o entendimento supra,

vamos considerar o imigrante legal como “aquele que está dentro do que a lei

23/2007, e tem a os seus atos completa ou parcialmente permitidos por esta lei”.

Logo, podemos asseverar que um indivíduo que venha a turismo a

Portugal, estará legal enquanto mantiver este status de turista, porém perderá este

status de legalidade assim que iniciar o desempenho de uma atividade

remunerada ou trabalho em território nacional, uma vez que pela Lei, a atividade

de trabalho não se encontra autorizada para aquele que esteja em Portugal para

os fins inicialmente descritos de turismo.

No mesmo sentido, uma pessoa que esteja ilegal em Portugal, vez que

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

veio como turista e aqui permaneceu, encontrou emprego e fixou sua residência,

poderá vir a ficar legal se autorizada pelo SEF a residir em Portugal, termos

também previstos na referida lei.

Observamos que diferente do que muitos preferem informar, para a Lei,

não existe o status de irregularidade, uma vez que o referido eufemismo além de

ser um antónimo indireto do termo acima tratado (vindo a fazer oposição a

expressão sinônima), observamos que a Lei sequer faz esta distinção, sendo

criada no meio jurídico para amenizar a situação abaixo exposta:

Artigo 181.º - Entrada, permanência e trânsito ilegais


1 - Considera-se ilegal a entrada de cidadãos estrangeiros em território
português em violação do disposto nos artigos 6.º, 9.º e 10.º e nos n.º 1 e 2 do
artigo 32.º

2 - Considera-se ilegal a permanência de cidadãos estrangeiros em


território português quando esta não tenha sido autorizada de harmonia com o
disposto na presente lei ou na lei reguladora do direito de asilo, bem como quando
se tenha verificado a entrada ilegal nos termos do número anterior.

3 - Considera-se ilegal o trânsito de cidadãos estrangeiros em território


português quando estes não tenham garantida a sua admissão no país de destino.

No n.º 1 do referido artigo, fazemos menção as pessoas que não

passaram pelo controle de fronteira (Art. 6.º); àquelas que não portem um

documento de viagem válido (Art. 9.º); que não tenham um visto de entrada, ou

portem um visto inadequado, de acordo com a finalidade ou o período da estada

(Art. 10.º); que não reúnam os requisitos mínimos exigidos para ingresso em

território português ou tenham a entrada recusada em Portugal (Art. 32.º).

Observamos que estas quatro previsões, de uma forma bastante

abrangente tratam de todas as situações onde um indivíduo encontrar-se-á ilegal

no território de Portugal. Criamos um adendo especial ao caso previsto no Artigo

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

10, uma vez que engloba a maior parte dos casos dos migrantes ilegais que

atualmente encontram-se em Portugal.

Ou seja, o segundo risco nominável a quem vier ingressar em Portugal

no intuito de residir, utilizando-se de um dos dois tipos de visto previstos neste

capítulo, é inevitavelmente ver-se em situação de ilegalidade até obter a sua

Autorização de Residência em Portugal. Observe que esta situação influi

diretamente na vida do indivíduo.

Não obstante isto, nominamos acima o segundo risco, por que já o

explicamos, vez que o primeiro risco encontrado quando se ingressa em Portugal

com um Visto inadequado a finalidade da estada, é ser impedido de entrar em

território nacional.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Acima segue o retrato jornalístico sobre a situação, cujas fontes em ordem

de aparência são:

1) http://www.sabado.pt/portugal/seguranca/detalhe/mais-de-500-
estrangeiros-barrados-nas-fronteiras-portuguesas -

2) http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/07/1905068-numero-de-
brasileiros-barrados-em-portugal-dobra-com-crise-economica.shtml

3) https://noticias.uol.com.br/ultimas-
noticias/deutschewelle/2017/08/06/numero-de-brasileiros-barrados-na-
europa-cresce-95-no-inicio-de-2017.htm

4) http://www.dw.com/pt-br/n%C3%BAmero-de-brasileiros-barrados-na-
europa-cresce-95-no-in%C3%ADcio-de-2017/a-39986578

Em outras palavras, é recusada a entrada durante o controle fronteiriço

(realizado pelo SEF), e esta pode ocorrer por diversos motivos, dentre eles saúde

pública, segurança nacional, ou como na maioria das vezes, por que os viajantes

não reúnem os requisitos legais de entrada (meios de subsistência, provas dos

seus objetivos, documentos validos de viagem, etc.).

Artigo 32.º - Recusa de entrada

1 - A entrada em território português é recusada aos cidadãos estrangeiros


que:
a) Não reúnam cumulativamente os requisitos legais de entrada; ou
b) Estejam indicados para efeitos de não admissão no Sistema de
Informação Schengen; ou
c) Estejam indicados para efeitos de não admissão no Sistema Integrado
de Informações do SEF; ou
d) Constituam perigo ou grave ameaça para a ordem pública, a segurança
nacional, a saúde pública ou para as relações internacionais de Estados membros
da União Europeia, bem como de Estados onde vigore a Convenção de Aplicação.

2 - A recusa de entrada com fundamento em razões de saúde pública só


pode basear-se nas doenças definidas nos instrumentos aplicáveis da
Organização Mundial de Saúde ou em outras doenças infeciosas ou parasitárias
contagiosas objeto de medidas de proteção em território nacional.

3 - Pode ser exigido ao nacional de Estado terceiro a sujeição a exame


médico, a fim de que seja atestado que não sofre de nenhuma das doenças

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

mencionadas no número anterior, bem como às medidas médicas adequadas.

Observamos que a competência para recusa de entrada é do Diretor

Nacional do SEF, podendo este delegar aos Diretores Regionais e aos Inspetores

de Turno (nos aeroportos).

Quem tem a entrada recusada, ou não é admitido em território nacional

tem direitos, que trazemos a baila desta página, para conhecimento do leitor:

Artigo 40.º - Direitos do cidadão estrangeiro não admitido

1 - Durante a permanência na zona internacional do porto ou aeroporto ou


em centro de instalação temporária ou espaço equiparado, o cidadão estrangeiro
a quem tenha sido recusada a entrada em território português pode comunicar
com a representação diplomática ou consular do seu país ou com qualquer pessoa
da sua escolha, beneficiando, igualmente, de assistência de intérprete e de
cuidados de saúde, incluindo a presença de médico, quando necessário, e todo o
apoio material necessário à satisfação das suas necessidades básicas.

2 - Ao cidadão estrangeiro a quem tenha sido recusada a entrada em


território nacional é garantido, em tempo útil, o acesso à assistência jurídica por
advogado, a expensas do próprio ou, a pedido, à proteção jurídica, aplicando-se,
com as devidas adaptações, a Lei n.º 34/2004, de 29 de julho, no regime previsto
para a nomeação de defensor do arguido para diligências urgentes.

3 - Para efeitos do disposto no número anterior, a garantia da assistência


jurídica ao cidadão estrangeiro não admitido pode ser objeto de um protocolo a
celebrar entre o Ministério da Administração Interna, o Ministério da Justiça e a
Ordem dos Advogados.

4 - Sem prejuízo da proteção conferida pela lei do asilo, é igualmente


garantido ao cidadão que seja objeto de decisão de recusa de entrada a
observância, com as necessárias adaptações, do regime previsto no artigo 143.º

Sanados estes temas iniciais, podemos iniciar por enumerar aqueles mais

gravosos ao imigrante, e os quais percebemos influir mais no dia a dia aqui em

Portugal.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Das penas a terceiros que auxiliem ou empreguem estrangeiros

ilegais

Isto ocorre, por que a própria Lei n.º 23/2007, veda e criminaliza o auxílio

a imigração ilegal (artigo 183.º da referida lei), conforme:

Artigo 183.º - Auxílio à imigração ilegal

1 - Quem favorecer ou facilitar, por qualquer forma, a entrada ou o trânsito


ilegais de cidadão estrangeiro em território nacional é punido com pena de prisão
até três anos.

2 - Quem favorecer ou facilitar, por qualquer forma, a entrada, a


permanência ou o trânsito ilegais de cidadão estrangeiro em território nacional,
com intenção lucrativa, é punido com pena de prisão de um a cinco anos.

3 - Se os factos forem praticados mediante transporte ou manutenção do


cidadão estrangeiro em condições desumanas ou degradantes ou pondo em
perigo a sua vida ou causando-lhe ofensa grave à integridade física ou a morte, o
agente é punido com pena de prisão de dois a oito anos.

4 - A tentativa é punível.

5 - As penas aplicáveis às entidades referidas no n.º 1 do artigo 182.º são


as de multa, cujos limites mínimo e máximo são elevados ao dobro, ou de
interdição do exercício da atividade de um a cinco anos.

O SEF ainda orienta que: “A verificação da prática do crime de auxílio

à imigração ilegal carece da demonstração de requisitos subjectivos e

objectivos. A acção material criminosa reside no "favorecimento" e na

"facilitação". O modo da acção não é definido: qualquer um serve ("por

qualquer forma": n.ºs 1 e 2; podemos incluir aqui, por exemplo, obtenção de

documento fraudulento; protecção ao esconderijo ou acolhimento em casa

do agente, etc.)”.

Não obstante isto, ainda exemplifica a distinção entre o auxílio à

imigração ilegal (tido como facilitação da entrada irregular), com a ajuda aos

imigrantes ilegais que já vivem em Portugal, conforme abaixo:

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

1 - São co-autores materiais de


um crime de auxilio à imigração ilegal
os arguidos que em conjugação de
esforços, receberam cidadãos da
Moldávia munidos apenas de vistos de
turistas e os colocaram no mercado do
trabalho em Portugal com violação dos
Acordos de Schengen, obtendo dessa
actividade proventos económicos.

2 - Não constitui qualquer


nulidade (insanável ou não) a
circunstância de uma das sessões de
julgamento ter decorrido sem a
presença dos arguidos (que o Serviços
Prisionais não apresentaram) e do seu
defensor (substituído por defensor
oficioso), uma vez que o juiz não
considerou indispensável a presença
daqueles, sendo certo ainda que já
tinham sido interrogados em sessões
anteriores.

3 - O perdão, na pena de prisão,


concedido ao abrigo da Lei nº 29/99 de
12/5 em nada interfere com a pena de
expulsão aplicada aos arguidos.

4 - É de declarar perdida a favor


Fonte:
do Estado a viatura em que se fizeram
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/detencao/sef- transportar 20 cidadãos da Moldávia
detem-emigrante-portugues-por-auxilio-a- para trabalharem ilegalmente na
imigracao-ilegal "Expo/98" ainda que tal viatura
pertencia terceiros que para tal efeito a
alugaram, conhecendo a ilicitude do
acto e dele retirando proventos
económicos. Acórdão da RL de 08-
06-2000 - Processo n.º 0021065

O crime de auxílio à emigração clandestina, enquanto definido como


favorecimento ou facilitação da entrada irregular de cidadãos estrangeiros em
território nacional, cinge-se ao auxílio na própria transposição da linha de fronteira
a estrangeiros indocumentados, não abrangendo, por isso, os casos de ajuda aos
imigrantes ilegais que já vivem em Portugal. Acórdão do STJ de 27-06-
2011 - Processo n.º 01P1915

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Verifica-se neste caso que a

distinção se caracteriza pela própria

essência, onde em um caso há um

estímulo para colocar o migrante na

situação de ilegalidade, enquanto

no outro há um estímulo para retira-

lo desta situação.

No mesmo norte, a Lei

busca criminalizar e punir a

angariação de mão de obra ilegal

e a utilização da atividade de

cidadão estrangeiro em situação

ilegal (previstas respectivamente

nos artigos 185.º e 185.º-A do


Fonte: http://www.jn.pt/justica/interior/tourizense-
mesmo diploma legal), conforme: acusado-do-crime-de-auxilio-a-imigracao-ilegal-
7265274.html

Artigo 185.º - Angariação de mão-de-obra ilegal

1 - Quem, com intenção lucrativa, para si ou para terceiro, aliciar ou angariar


com o objetivo de introduzir no mercado de trabalho cidadãos estrangeiros que
não sejam titulares de autorização de residência ou visto que habilite ao exercício
de uma atividade profissional é punido com pena de prisão de um a cinco anos.

2 - Quem, de forma reiterada, praticar os atos previstos no número anterior,


é punido com pena de prisão de dois a seis anos.

3 - A tentativa é punível.

Artigo 185.º-A - Utilização da atividade de cidadão estrangeiro em


situação ilegal

1 - Quem, de forma habitual, utilizar o trabalho de cidadãos estrangeiros

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

que não sejam titulares de autorização de residência ou visto que habilite a que
permaneçam legalmente em Portugal, é punido com pena de prisão até um ano
ou com pena de multa até 240 dias.

2 - Quem, nos casos a que se refere o número anterior, utilizar, em


simultâneo, a atividade de um número significativo de cidadãos estrangeiros em
situação ilegal, é punido com pena de prisão até dois anos ou pena de multa até
480 dias.

3 - Quem utilizar o trabalho de cidadão estrangeiro, menor de idade, em


situação ilegal, ainda que admitido a prestar trabalho nos termos do Código do
Trabalho, é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até
480 dias.

4 - Se as condutas referidas nos números anteriores forem acompanhadas


de condições de trabalho particularmente abusivas ou degradantes, o agente é
punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave não couber
por força de outra disposição legal.

5 - O empregador ou utilizador do trabalho ou serviços de cidadão


estrangeiro em situação ilegal, com o conhecimento de ser este vítima de
infrações penais ligadas ao tráfico de pessoas, é punido com pena de prisão de
dois a seis anos, se pena mais grave não couber por força de outra disposição
legal.

6 - Em caso de reincidência, os limites das penas são elevados nos termos


gerais.

7 - As penas aplicáveis às entidades referidas no n.º 1 do artigo 182.º são


as de multa, cujos limites mínimo e máximo são elevados ao dobro, podendo ainda
ser declarada a interdição do exercício da atividade pelo período de três meses a
cinco anos.

Não tão somente isto, a empresa ainda pode sofrer sanções na forma de

coimas (multas), aplicáveis pelo número de “ilegais” que empregar; desta forma,

além das penas anteriormente previstas, que vão de prisão a interdição do

exercício da atividade da empresa; estas coimas atualmente são calculadas da

seguinte forma (Art. 198.º-A):

a) De (euro) 2000 a (euro) 10 000, se utilizar a atividade de 1 a 4

cidadãos;

b) De (euro) 4000 a (euro) 15 000, se utilizar a atividade de 5 a 10

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

cidadãos;

c) De (euro) 6000 a (euro) 30 000, se utilizar a atividade de 11 a 50

cidadãos;

d) De (euro) 10 000 a (euro) 90 000, se utilizar a atividade de mais

de 50 cidadãos.

Neste sentido, cabe informar que a Lei n.º 23/2007 trata das disposições

penais dos artigos 181.º ao 191.º, dentre os quais além dos fatos narrados,

criminaliza também a união (casamento) “com o único objetivo de proporcionar

a obtenção ou de obter um visto, uma autorização de residência ou um

«cartão azul UE» ou defraudar a legislação vigente em matéria de aquisição

da nacionalidade”, vindo a penalizar com pena de prisão tal ato.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Das penas ao próprio estrangeiro em situação de ilegalidade

Posteriormente do artigo 192.º ao 208.º da mesma Lei, existe a previsão

das contraordenações (multas) aplicáveis em diversos casos relacionados a

imigração ilegal, faço um adendo especial a mencionar as multas aplicáveis aos

casos de permanência ilegal, falta de declaração de entrada, e exercício de

atividade profissional não autorizado, vez que estas são as coimas que atingem

diretamente o migrante, motivo pelo qual muitos acabam por ter problemas ao

tentar se legalizar.

Artigo 192.º - Permanência ilegal

1 - A permanência de cidadão estrangeiro em território português por


período superior ao autorizado constitui contraordenação punível com as coimas
que a seguir se especificam:
a) De (euro) 80 a (euro) 160, se o período de permanência não exceder 30
dias;
b) De (euro) 160 a (euro) 320, se o período de permanência for superior a
30 dias mas não exceder 90 dias;
c) De (euro) 320 a (euro) 500, se o período de permanência for superior a
90 dias mas não exceder 180 dias;
d) De (euro) 500 a (euro) 700, se o período de permanência for superior a
180 dias.

2 - A mesma coima é aplicada quando a infração prevista no número


anterior for detetada à saída do País.

Artigo 197.º - Falta de declaração de entrada

A infração ao disposto no n.º 1 do artigo 14.º constitui contraordenação


punível com uma coima de (euro) 60 a (euro) 160.

Artigo 198.º - Exercício de atividade profissional não autorizado

1 - O exercício de uma atividade profissional independente por cidadão


estrangeiro não habilitado com a adequada autorização de residência, quando
exigível, constitui contraordenação punível com uma coima de (euro) 300 a (euro)
1200.

2 - Pela prática das contraordenações previstas no número anterior podem

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

ser aplicadas as sanções acessórias previstas nos artigos 21.º e seguintes do


regime geral das contraordenações.

Artigo 199.º - Falta de apresentação de documento de viagem

A infração ao disposto no artigo 28.º constitui contraordenação punível com


uma coima de (euro) 60 a (euro) 120.

Artigo 200.º - Falta de pedido de título de residência

A infração ao disposto no n.º 2 do artigo 124.º constitui contraordenação


punível com uma coima de (euro) 60 a (euro) 120.

Observados estes pontos e considerações penais contidos na própria lei,

é correto informar que ao indivíduo que venha ao país de forma regular, ou seja,

com visto adequado ao motivo de estadia, os artigos e penas acima previstas

pouco se aplicam, salvo exceção referente a declaração de entrada, que deve ser

realizada caso o indivíduo venha do país de origem e ingresse na União Europeia

por outro país que não seja Portugal.

Diferente disto, quem venha como turista e opte por permanecer em

Portugal, está sujeito a aplicação de qualquer uma das disposições acima, e

também a outras que se encontram previstas na Lei n.º 23/2007, de 04 de Julho.

Observamos estes pontos, no intuito de avisar da complexidade desta

situação, uma vez que desta forma o migrante poderá vir a ficar muitos meses, se

não anos na situação de ilegalidade; fato que implicará na restrição de uma série

de direitos, como por exemplo:

Caso o estrangeiro tenha o passaporte furtado, para obter outro junto ao

consulado será orientado a realizar o registro da ocorrência junto à PSP (Polícia

de Segurança Pública), neste sentido, quando se apresentar, poderá ser notificado


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pela autoridade policial a deixar o país.

Não somente isto, é muito comum ouvirmos relatos de pessoas que

vieram sobre a promessa de bons empregos, e que quando chegam percebem

que foram iludidas pelos empregadores; que além de não auxiliar estes

estrangeiros a se legalizar, acabam por não pagar uma série de direitos que estão

previstos em lei (horas extras, subsídio alimentação, hora noturna, domingo

trabalhado, entre outros...).

Neste sentido, esclarecemos ao leitor, que a Lei tem esta rigidez, não por

alguma forma de preconceito ou protecionismo do mercado de trabalho português

em desfavor dos estrangeiros, mas sim, para impedir que o estrangeiro (que já

desconhece as leis e os costumes portugueses) venha a ser enganado por quem

vê no ilegal uma oportunidade para aumentar os seus lucros.

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Capítulo 8 - Autorização de Residência

A
Autorização de Residência é o destino final do migrante,

pelo menos para poder dizer-se legalmente em um país.

Logo, é coerente manter em mente que este

documento é imperiosamente necessário para o migrante estar regular em

Portugal, e que sem ele, a tentativa de trabalho, permanência e residência em

Portugal é considerada ilegal perante a lei do país (conforme vimos no capítulo

anterior).

Desta forma, quando se ouve que alguém se encontra irregular/ilegal no

país, é por que não tem este documento emitido pelo SEF, situação análoga a

quem não tem o “green card” nos Estados Unidos da América.

Logo, podemos asseverar que este é o documento que se aplica ara

legalizar a maioria dos casos dos migrantes oriundos de estados terceiros, que

vem a Portugal; inclusive as pessoas que vem a requerer a Autorização de

Residência para Atividade de Investimento (ARI), vulgarmente denominada

“golden visa”, ou “visto gold”), bem como as pessoas que venham com qualquer

tipo de visto a Portugal.

Este documento é fornecido exclusivamente pelo SEF (exceto nos casos

em que o requerente seja nacional de um país membro da U.E., E.E.E., ou Suíça,

conforme preconiza a Lei nº 37/2006).

Observamos que a Autorização de Residência deve ser requerida em

qualquer dos casos onde pretenda o imigrante residir legalmente em Portugal;

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sendo que, quando na posse de um Visto de Residência, a Autorização de

Residência lhe é fornecida no prazo do visto (que é de até quatro meses),

enquanto quando requer-se a Autorização de Residência diretamente, sem a

posse de um Visto de Residência, o prazo para concessão poderá ser em muito

maior (de 1 ano a 2 anos).

Existem dois tipos de Autorização de Residência, quais sejam:

• Autorização de Residência Temporária

• Autorização de Residência Permanente

Sobre isto, é correto informar que a Autorização de Residência

Permanente tem este nome com referência ao significado de continua, vez que

não tem limite de validade, mas deve impreterivelmente ser renovada a cada 5

anos (sob pena de cancelamento e/ou caducidade).

No mesmo sentido, a Autorização de Residência Temporária pode ter

1 ou 2 anos de validade, sendo que a primeira delas terá o prazo obrigatório de 1

ano, e as renovações vigerão por períodos sucessivos de 2 anos.

Semelhante a o que prescreve o artigo 52.º Lei n.º 23/2007, as condições

gerais para concessão da Autorização de Residência carecem de análise do

Serviço de Estrangeiros e Fronteiras; tendo o requerente que satisfazer os

seguintes requisitos cumulativos:

a) Posse de visto de residência válido, concedido para uma das

finalidades previstas na presente lei para a concessão de autorização de

residência;

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

b) Inexistência de qualquer facto que, se fosse conhecido pelas

autoridades competentes, devesse obstar à concessão do visto;

c) Presença em território português;

d) Posse de meios de subsistência, tal como definidos pela portaria

a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 52.º;

e) Alojamento;

f) Inscrição na segurança social, sempre que aplicável;

g) Ausência de condenação por crime que em Portugal seja punível

com pena privativa de liberdade de duração superior a um ano;

h) Não se encontrar no período de interdição de entrada em território

nacional, subsequente a uma medida de afastamento do País;

i) Ausência de indicação no Sistema de Informação Schengen;

j) Ausência de indicação no Sistema Integrado de Informações do

SEF para efeitos de não admissão, nos termos do artigo 33.º

Neste mesmo norte, como observado no caso do mencionado artigo 52.º

da Lei, a República Portuguesa tem a liberalidade de recusar a concessão de

Autorização de Residência por razões de ordem pública, segurança pública ou

saúde pública.

Ademais, as alíneas “g”, “h”, “i” e “j”, n.º “1”, do artigo 77.º da Lei n.º

23/2007, fazem referência a diversos motivos de ordem judicial e legal, que não

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

havendo satisfação por parte do Requerente, impõe a improcedência do processo

que visa Autorizar a Residência no país.

Não obstante isto, o artigo 33.º da Lei n.º 23/2007, traz uma série de

indicações para efeitos de não admissão (motivos suplementares aos alhures

delineados), pelo qual não conferem ao imigrante o direito de ver autorizada sua

residência em Portugal, cito alguns abaixo:

a) Que tenham sido objeto de uma decisão de afastamento coercivo

ou de expulsão judicial do país;

b) Que tenham sido reenviados para outro país ao abrigo de um

acordo de readmissão;

c) Em relação aos quais existam fortes indícios de terem praticado

factos puníveis graves;

d) Em relação aos quais existam fortes indícios de que tencionam

praticar factos puníveis graves ou de que constituem uma ameaça para a

ordem pública, para a segurança nacional ou para as relações internacionais

de um Estado membro da União Europeia ou de Estados onde vigore a

Convenção de Aplicação;

e) Que tenham sido conduzidos à fronteira, nos termos do artigo

147.º

Logo, é curial observar que um indivíduo que não tenha vivido em Portugal

no passado, ou se o tenha feito, nunca tenha se envolvido negativamente com a

justiça, bem como dentro do seu país de origem tenha sido sempre respeitador da

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

lei e dos bons costumes, não terá problema em transpor estas barreiras acima

levantadas.

Pelo oposto, um indivíduo que se encontre irregular/ilegal em Portugal,

pode a qualquer momento receber uma carta de expulsão do país, e a partir deste

momento, será instaurado um processo judicial requerendo o afastamento

coercivo do indivíduo (expulsão).

Neste sentido, após o transito em julgado desta ação, não obterá a

Autorização de Residência o estrangeiro que a requerer, justamente por estar em

desacordo com o já referido artigo 77.º da Lei 23/2007.

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Secção 1 - Autorização de Residência com dispensa do Visto de

Residência

Noutro norte, é correto fazer constar que existe a previsão de situações

especiais onde a autorização de residência dispensa a prévia obtenção de visto

de residência, as quais encontram-se previstas também na Lei 23/2007.

Estas previsões encontram-se apresentadas nos artigos 88.º, 89.º, 90.º,

90.º-A, 91.º e marjoritariamente no artigo 122.º da Lei de entrada, permanência,

saída e afastamento de estrangeiros do território nacional.

Observamos que nestes termos estão incluídas:

• Quem ingresse a turismo e encontram emprego com contrato

em Portugal (art. 88.º, nº 2);

• Quem ingresse a turismo e abrem uma atividade ou empresa

em Portugal (art. 89.º, nº 2);

• Quem ingresse a turismo e ingressam em uma universidade na

qualidade de professor doutor, ou pesquisador, exercendo

uma atividade altamente qualificada (art. 90.º);

• Quem ingresse a turismo e exerçam uma atividade de

investimento, pessoalmente ou através de sociedade

constituída em Portugal (art. 90.º-A);

• Quem ingresse a turismo e matriculem-se em uma instituição

de ensino portuguesa (art. 91.º, nº 3);

Observamos que utilizamos a expressão “ingresso a turismo” de modo a

refletir o caso mais comum, mas este ingresso pode ser por qualquer forma

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legalmente admitida em Portugal, inclusive sobre a posse de um visto de estada

temporária.

Não obstante isto, separamos o Artigo 122º dos demais, no intuito de

reservar o espaço abaixo à sua transcrição parcial:

1 - Não carecem de visto para obtenção de autorização de residência


temporária os nacionais de Estados terceiros:
a) Menores, filhos de cidadãos estrangeiros titulares de autorização de
residência, nascidos em território português;
b) Menores, nascidos em território nacional, que aqui tenham permanecido
e se encontrem a frequentar a educação pré-escolar ou o ensino básico,
secundário ou profissional;
c) Filhos de titulares de autorização de residência que tenham atingido a
maioridade e tenham permanecido habitualmente em território nacional desde os
10 anos de idade;
d) Maiores, nascidos em território nacional, que daqui não se tenham
ausentado ou que aqui tenham permanecido desde idade inferior a 10 anos;
e) Menores, obrigatoriamente sujeitos a tutela nos termos do Código Civil;
f) Que tenham deixado de beneficiar do direito de asilo em Portugal em
virtude de terem cessado as razões com base nas quais obtiveram a referida
proteção;
g) Que sofram de uma doença que requeira assistência médica prolongada
que obste ao retorno ao país, a fim de evitar risco para a saúde do próprio;
h) Que tenham cumprido serviço militar efetivo nas Forças Armadas
Portuguesas;
i) Que, tendo perdido a nacionalidade portuguesa, hajam permanecido no
território nacional nos últimos 15 anos;
j) Que não se tenham ausentado do território nacional e cujo direito de
residência tenha caducado;
k) Que tenham filhos menores residentes em Portugal ou com
nacionalidade portuguesa sobre os quais exerçam efetivamente as
responsabilidades parentais e a quem assegurem o sustento e a educação;
l) Que sejam agentes diplomáticos e consulares ou respetivos cônjuges,
ascendentes e descendentes a cargo e tenham estado acreditados em Portugal
durante um período não inferior a três anos;
m) Que sejam, ou tenham sido, vítimas de infração penal ou
contraordenacional grave ou muito grave referente à relação de trabalho, nos
termos do n.º 2 do presente artigo, de que existam indícios comprovados pelo
serviço com competência inspetiva do ministério responsável pela área do
emprego, desde que tenham denunciado a infração às entidades competentes e
com elas colaborem;
n) Que tenham beneficiado de autorização de residência concedida ao
abrigo do artigo 109.º;
o) Que, tendo beneficiado de autorização de residência para estudantes do
ensino secundário, concedida ao abrigo do artigo 92.º, ou de autorização de

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residência para estudantes do 1.º ciclo do ensino superior, concedida ao abrigo


do artigo 91.º, e concluído os seus estudos pretendam exercer em território
nacional uma atividade profissional, subordinada ou independente, salvo quando
aquela autorização tenha sido emitida no âmbito de acordos de cooperação e não
existam motivos ponderosos de interesse nacional que o justifiquem;
p) Que, tendo beneficiado de autorização de residência para estudantes do
2.º ou 3.º ciclos do ensino superior, concedida ao abrigo do artigo 91.º, e concluído
os seus estudos pretendam usufruir do período máximo de um ano para procurar
trabalho compatível com as suas qualificações, em Portugal;
q) Que, tendo beneficiado de visto de estada temporária para atividade de
investigação ou altamente qualificada, pretendam exercer em território nacional
uma atividade de investigação, uma atividade docente num estabelecimento de
ensino superior ou altamente qualificada, subordinada ou independente:
r) Que façam prova da atividade de investimento, nos termos a que se refere
a alínea d) do artigo 3.º

Em outras palavras, existe uma lista extensa de casos onde o

imigrante pode requerer a sua Autorização de Residência, com dispensa do

Visto de Residência, tratando obviamente o legislador, de dispor o máximo de

previsões possíveis conforme acima apresentado.

Neste artigo trata o legislador do caso dos nascidos em Portugal (que

sejam filhos de estrangeiros), de quem teve a autorização de residência caducada

sem se ausentar do país, do progenitor de filho menor residente ou nacional

português, e outros.

Por motivos evidentes, não podemos, nem devemos nos basearmos

unicamente nestes trechos legais, nem prescrevemos a migração com base nos

artigos referidos acima, por motivos simples tratados na seção 3 do capítulo

anterior, qual versou sobre os riscos inerentes ao uso inadequado de alguns tipos

de visto.

Não obstante isto, como já informado neste mesmo capítulo, a condição

de quem aguarda a emissão da autorização de residência, é a mesma de quem

não a tem, ou seja, aos olhos da lei será considerado um imigrante ilegal, e por

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estes motivos lhe serão aplicadas penas e multas contraordenacionais previstas

nos artigos 192.º, 197.º, 198.º, entre outros, da mesma lei.

Observamos também, que o art. 90.º-A que trata da Autorização de

Residência para Atividade de Investimento (ARI), depende do cumprimento de um

dos seguintes requisitos, vide:

i) A transferência de capitais no montante igual ou superior a 1

milhão de euros;

ii) A criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho;

iii) A aquisição de bens imóveis de valor igual ou superior a 500 mil

euros;

iv) Aquisição de bens imóveis, cuja construção tenha sido concluída

há, pelo menos, 30 anos ou localizados em área de reabilitação urbana e

realização de obras de reabilitação dos bens imóveis adquiridos, no

montante global igual ou superior a 350 mil euros;

v) Transferência de capitais no montante igual ou superior a 350 mil

euros, que seja aplicado em atividades de investigação desenvolvidas por

instituições públicas ou privadas de investigação científica, integradas no

sistema científico e tecnológico nacional;

vi) Transferência de capitais no montante igual ou superior a 250 mil

euros, que seja aplicado em investimento ou apoio à produção artística,

recuperação ou manutenção do património cultural nacional, através de

serviços da administração direta central e periférica, institutos públicos,

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entidades que integram o setor público empresarial, fundações públicas,

fundações privadas com estatuto de utilidade pública, entidades

intermunicipais, entidades que integram o setor empresarial local, entidades

associativas municipais e associações públicas culturais, que prossigam

atribuições na área da produção artística, recuperação ou manutenção do

património cultural nacional;

vii) Transferência de capitais no montante igual ou superior a 500 mil

euros, destinados à aquisição de unidades de participação em fundos de

investimento ou de capital de risco vocacionados para a capitalização de

pequenas e médias empresas que, para esse efeito, apresentem o respetivo

plano de capitalização e o mesmo se demonstre viável.

Observamos oportunamente que o regime ARI não é aplicável a cidadãos

que possuam a nacionalidade portuguesa e a cidadãos nacionais da U.E. e do

EEE (uma vez que os primeiros não necessitam requerer autorização de

residência em Portugal, e os segundos tem um regime próprio previsto na secção

2 do capítulo 6 deste livro).

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Secção 2 - Vantagens de se requerer um Visto de Residência antes de

requerer-se a Autorização de Residência

Dois pontos fazemos mister salientar antes de prosseguirmos:

1. Não há possibilidade de se requerer nenhum tipo de “visto”,

quando já estiver em Portugal, vistos são concessões

privativas dos consulados.

2. Não orientamos ninguém a vir como “turista” se planeja residir

em Portugal.

Neste mesmo norte, observamos que o Serviço de Estrangeiros e

Fronteiras encara os procedimentos acima como procedimentos de caráter

excepcional, e desta forma, o procedimento regular é aquele adotado pela

obtenção do Visto de Residência e sua conversão em Autorização de Residência.

Ademais, atualmente o SEF está sobrecarregado, e batalha diariamente

para realizar os milhares de atendimentos, logo, é comum que um processo de

avaliação e análise (que já é demorado), fique prejudicado quando requerido

diretamente em Portugal pelo interessado.

Isto ocorre por que, como vimos, para a concessão do Visto de

Residência, diversos documentos e provas devem ser apresentadas, e logo, esta

avaliação já é realizada preliminarmente pelo consulado, o qual tem competência

privativa para conceder o Visto para Residência.

Quando o migrante ingressa em Portugal, na posse do visto, estará legal

para todos os efeitos da Lei, e por isto, quando requer a conversão do Visto em

Autorização de Residência, o procedimento ocorre de modo mais célere e diligente

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

por parte do SEF.

Noutro norte, quando o imigrante promove juntamente ao Serviço de

Estrangeiros e Fronteiras um dos processos anotados neste capítulo, não existiu

análise preliminar documental que aferisse as condições para que o estrangeiro

esteja apto a residir em Portugal, e desta forma, toda a análise deverá ser

desempenhada pelo SEF.

Logo, observamos que apesar de não ser o processo tido como regular, é

um modo muito comumente utilizado pelo estrangeiro que visa residir em Portugal,

e por isto, acarreta em diversos problemas e atrasos no processo.

Observo que somente o SEF de Lisboa, promove mais de 900

atendimentos diários, sendo que muitos destes são com base nos artigos 88.º, nº

2 e 89.º, nº 2.

Desta forma, incapaz de cumprir com a análise diligente destes processos,

por insuficiência de recursos logísticos e humanos; os migrantes que buscam sua

legalização com base na Autorização de Residência com dispensa do Visto de

Residência, acabam por sofrer com reiterados atrasos, seja no agendamento,

recepção dos documentos, análise, ou emissão da Autorização de Residência.

Não obstante isto, o processo todo torna-se mais caro e longo do que o

regular ingresso em território nacional com um Visto de Residência, uma vez que

além do pagamento de multas, o migrante estará sujeito ao pagamento de outros

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para obtenção de documentos simples, ou abertura de uma conta bancária.

Matérias jornalísticas sobre as greves no SEF.

Fonte: http://www.dn.pt/portugal/interior/inspetores-do-sef-avancam-para-greve-geral-
8684463.html e http://expresso.sapo.pt/economia/2017-08-14-Turismo-lanca-apelo-para-evitar-
greve-do-SEF

Nosso entendimento é de que, o projeto de imigração, depende de muito

planejamento e organização, independente para qual país migre-se, e a busca

pelos documentos adequados a esta mudança, inclui-se no processo de

planejamento e organização.

A seguir, matérias jornalísticas sobre atrasos nas Autorizações de Residência.

Fonte: http://www.dn.pt/portugal/interior/sef-reconhece-atrasos-de-meio-ano-nas-
autorizacoes-de-residencia-5720194.html e http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/em-caso-de-
enchente-de-imigrantes-sef-diz-nao-ter-meios-para-responder-a-exigencias-da-nova-lei

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Secção 3 - Direitos de quem tem a Autorização de Residência

Por fim, observamos de forma singela a prescrição legal ao titular da

Autorização de Residência, a qual confere uma gama de direito sociais e

fundamentais, dentre os quais posso destacar aqueles referentes ao exercício de

uma atividade remunerada, conforme preconiza o artigo 83.º da Lei n.º 23/2007,

abaixo:

1 - Sem prejuízo de aplicação de disposições especiais e de outros direitos


previstos na lei ou em convenção internacional de que Portugal seja Parte, o titular
de autorização de residência tem direito, sem necessidade de autorização
especial relativa à sua condição de estrangeiro, designadamente:

a) À educação e ensino;
b) Ao exercício de uma atividade profissional subordinada;
c) Ao exercício de uma atividade profissional independente;
d) À orientação, à formação, ao aperfeiçoamento e à reciclagem
profissionais;
e) Ao acesso à saúde;
f) Ao acesso ao direito e aos tribunais.

2 - É garantida a aplicação das disposições que assegurem a igualdade de


tratamento dos cidadãos estrangeiros, nomeadamente em matéria de segurança
social, de benefícios fiscais, de filiação sindical, de reconhecimento de diplomas,
certificados e outros títulos profissionais ou de acesso a bens e serviços à
disposição do público, bem como a aplicação de disposições que lhes concedam
direitos especiais.

Neste sentido, é curial informar que quaisquer dos pontos desenvolvidos

após este capítulo, sem a Autorização de Residência, tornar-se-ão mais

difíceis e custosos para o imigrante atingir; seja desde de a feitura de

documentos simples, seja para a obtenção de emprego.

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Capítulo 9 - Os 8 documentos mais

básicos em Portugal

A
o chegar a Portugal, o imigrante deve ter consciência de que

necessitará imperiosamente de alguns documentos, sem os

quais restará em uma série de situações difíceis; seja pela

inabilidade de obter atendimento público de saúde; seja pela dificuldade em

conseguir fazer um contrato de locação ou uma conta bancária.

Neste sentido, é importante orientar que alguns desses documentos

necessitam obrigatoriamente de outros documentos provenientes do Brasil para

serem requisitados, e que a obtenção dos mesmos, é de sua responsabilidade

antes de imigrar, sendo que este livro e o seu autor orientam-lhe a agir em

conformidade com a lei e planejar-se muito bem antes de emigrar.

Segue a lista com os documentos que julgo imperiosos, note que não são

os únicos, mas sim aqueles que percebemos a maior necessidade logo quando

chegamos em Portugal.

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Secção 1 - Carta Convite (Modelo)

Rio de Janeiro, 24 de março de 2017

Ao Oficial Consular/Departamento de Imigração

Prezado (a) senhor (a),

Eu, NOME COMPLETO...., Brasileiro, inscrito sobre o Número de Identificação

Fiscal xxx.xxx.xxx, portador do cartão de cidadão n° xxxxxxx 5ZZ4, residente na Rua

XXXXX, n° 32 - Freguesia de XXXXX, Concelho de Vila Nova de Gaia, Distrito do Porto,

Portugal - Código Postal 4430-629, convido XXXXXXXXX, brasileiro, separado, natural

do Rio de Janeiro (RJ) – Brasil, nascido em 01/XX/19XX, portador do RG nº. XXXXXXXX

DIC-RJ, inscrito no MF sob o CPF nº. XXX.XXX.XXX-05, com passaporte emitido pela

República Federativa do Brasil sob o n° de série FKXXXXX, e inscrito na Autoridade

Tributária e Aduaneira de Portugal sobre o NIF XXX.XXX.XXX, residente e domiciliado no

Brasil, com morada a Rua XXXXX, n° 108, apto. 1.001, XXXXX, Rio de Janeiro (RJ) -

CEP: 22.050-012, a morar comigo pelo período em que estiver em Portugal.

Esclareço que, durante sua permanência em Portugal o Senhor XXXXXXX ficará

hospedado em minha residência à Rua XXXXX, n° 32 - Freguesia de XXXXX, Concelho

de Vila Nova de Gaia, Distrito do Porto, Portugal - Código Postal 4430-629, Telefone para

contato + 351 XXX 190 XXX.

Comprometo-me a assumir todas as despesas de meu convidado com

hospedagem, alimentação e outras que se fizerem necessárias durante sua estada em

Portugal.

Atenciosamente,

____________________________________

NOME COMPLETO XXX

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Secção 2 - Atestado de morada

Este documento tem o fulcro de atestar que um indivíduo constituiu

moradia em um determinado lugar. Como no Brasil habitualmente usamos da

conta de água, ou luz para fazer prova do local onde estamos domiciliados, aqui

necessita-se este atestado que é emitido na junta da freguesia onde o migrante

tenha constituído a residência (morada).

Tem um custo que pode variar de 2 a 3 euros e média, e para sua emissão

o solicitante irá precisar apresentar o bilhete de identidade (ou passaporte) e

contrato de locação do imóvel, ou então duas testemunhas que tenham morada

naquela freguesia e que atestem sob compromisso de honra o endereço em que

o solicitante tenha sua morada.

De uma forma geral, o pedido foi rápido, embora já tenha ocorrido de

esperar um dia para lhe entregarem o comprovativo em uma das freguesias onde

solicitei, noutra saiu no mesmo momento.

Informo que é possível de se fazer um documento único para o casal e os

filhos, e o documento tem a sua utilidade para praticamente tudo o que se venha

a fazer a seguir, usei-o por exemplo para:

1. Câmara Municipal ou SEF;

2. Fazer o cartão de utente (Cartão de Saúde PB-4);

3. Abrir conta em Banco;

4. Fazer o Número de Identificação Fiscal (NIF);

5. Fazer o Número de Identificação da Segurança Social (NISS);

6. Entre outros

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Secção 3 - Número de Identificação Fiscal (NIF)

Este documento é o mais importante dentre todos os que vou tratar aqui,

com exceção obviamente da Autorização de Residência. Em outras palavras, este

é o CPF de Portugal, sem este documento nada do que vem adiante você poderá

fazer.

Faz-se nas Finanças (Autoridade Tributária e Aduaneira), a qual tem lojas

próprias, e inclusive há postos de atendimento no interior de algumas das Lojas

do Cidadão. Ou seja, o NIF está para o CPF, como a Autoridade Tributária e

Aduaneira está para a Receita Federal do Brasil, se compreender isto, saberá a

importância do documento, e inclusive onde deve apresentar a sua Declaração de

Imposto de Renda (IRS) em Portugal.

Não tem custo para fazer o NIF, embora muito possivelmente o migrante

venha a perder um dia inteiro para fazer este documento. Ocorre que geralmente

estas repartições, como cuidam de uma série de serviços, estão cheias, e por isto,

aconselho a que o migrante chegue umas 2 horas antes da sua abertura para

esperar em um bom lugar na fila. Os documentos requeridos para a feitura do

NIF são: o Atestado de Morada; e o bilhete de identidade (ou passaporte).

Observo oportunamente que, quem não tenha Autorização de Residência

no país deverá indicar no ato, uma pessoa que tenha residência no país para que

seja seu Responsável Fiscal (esta pessoa pode ser um nacional, como também

um estrangeiro que esteja legalmente no país). Em oposição a isto, caso o

imigrante não tenha quem possa tomar esta responsabilidade por si, não será

possível fazer o referido documento.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Secção 4 - Certificado de Assistência Médica - CDAM (PB-4)

Quando vamos viajar para outro país, uma das maiores preocupações é

o seguro de saúde. Claro, a gente espera nunca precisar, mas é bom se prevenir,

e para grande parte dos países, ter um seguro de saúde é obrigatório até mesmo

para turistas.

O que pouca gente sabe é que o Brasil tem um acordo chamado PB-4,

que pode substituir o seguro de saúde em alguns países e é gratuito! Entenda

como funciona o PB-4 e onde você pode solicitar o seu para usar na sua próxima

viagem, ou até mesmo no seu intercâmbio.

O que é o PB-4

O PB-4 é um acordo entre Brasil e Portugal que garante que todo

beneficiário do INSS tenha direito ao atendimento em hospitais públicos nos

países do acordo, pagando o mesmo valor que o cidadão do país paga. Hoje além

do Brasil e Portugal, fazem parte do acordo: Espanha, Grécia, Itália e Cabo Verde!

O Chile não faz mais parte deste acordo desde 2014.

Ou seja, se o migrante precisa do hospital público, pode ser que tenha que

pagar. Em grande parte dos países a saúde pública não é gratuita! Veja por

exemplo como funciona a Saúde Pública em Portugal. Mas não se preocupe,

mesmo que você precise pagar, vai ser MUITO mais barato do que contratar um

seguro de saúde, principalmente para viagens longas. O atestado de direito à

assistência médica (PB-4) é GRATUITO.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Como solicitar o PB-4

Antes de viajar, você deve preencher o formulário do PB-4 junto às

secretarias de saúde ou delegacias de saúde de sua cidade e levar os seguintes

documentos para conseguir o Certificado de Direito à Assistência Médica (PB-4).

Para empregado com Carteira de Trabalho assinada e seus dependentes

• Cópia do Passaporte (identificação, qualificação, validade e

visto);

• Cópia dos três últimos contracheques (se celetista), ou os três

últimos comprovantes de pagamentos, em que se demonstre

os recolhimentos do INSS;

• Cópia da Carteira de Trabalho (qualificação e Contrato de

trabalho);

E para os dependentes que irão viajar

• Cópia do Passaporte (identificação, qualificação, validade e

visto);

• Cópia da Certidão de Casamento, se for o caso;

• Cópia da Certidão de Nascimento dos filhos menores de 18

anos (dezoito) anos.

Para trabalhador autônomo, que recolhe o INSS e seus dependentes

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

• Cópia das 03 (três) últimas contribuições, como também cópia

da capa do Carnê onde se vê o nome e o número de inscrição

do segurado no INSS.;

• (Em caso de 1 ª vez) cópia da ficha de inscrição no INSS.

• (Em caso de renovação) cópias de todas as contribuições

envolvendo o período a partir da data do fornecimento do

Certificado Anterior, até a emissão do novo Certificado;

• Cópia do Passaporte (identificação, qualificação, validade e

visto);

E para os dependentes que irão viajar

• Cópia do Passaporte (identificação, qualificação, validade e

visto);

• Cópia da Certidão de Casamento, se for o caso;

• Cópia da Certidão de Nascimento dos filhos menores de 18

anos (dezoito) anos.

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OS PASSOS PARA MORAR EM PORTUGAL

Secção 5 - Certificado de Utente

O documento anteriormente descrito (PB-4), deve ser encaminhado para

o centro de Saúde da Freguesia onde o migrante morar, geralmente as inscrições

ocorrem entre as 12h e as 16h, e também são gratuitas.

Primeiramente informo aos leitores que quando forem, indiquem que

querem fazer o PB-4, pois muitas vezes a expressão utente cria uma confusão;

isto por que, quando falar em número de utente, muito provavelmente vão lhe

corrigir, informando que o número de utente é apenas para quem tem residência

em Portugal.

Para esta inscrição lhe será exigido: o bilhete de identidade (ou

passaporte); certificado de residente (facultativo); NIF; atestado de morada; e

certidão do PB-4 emitida pelo Ministério da Saúde no Brasil (a qual é facultativo

estar reconhecida em cartório).

A vantagem de ter este documento e esta inscrição, é que caso venha a

necessitar de médico em Portugal, poderá usar da saúde pública, ao custo de 4

euros e meio (cobra-se inclusive dos portugueses).

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Secção 6 - Número de Inscrição da Segurança Social (NISS)

Existem duas maneiras comuns de se obter o Número de Inscrição da

Segurança Social (NISS), a primeira com um contrato de trabalho, e a segunda

através da abertura de uma empresa ou de uma atividade junto as finanças.

No primeiro caso, quem providencia o NISS para o imigrante, é o

empregador. Em média leva-se 15 dias para chegar em asa uma carta atribuindo

ao segurado o número.

No segundo caso, a obrigação é do próprio segurado, ou do técnico em

contabilidade que contratou para abertura da empresa.

Este órgão é equivalente ao Instituto Nacional da Segurança Social (INSS)

brasileiro, e lá trata-se de benefícios, aposentadorias, auxílios e seguros (como o

seguro desemprego por exemplo).

Existem lojas próprias da Segurança Social, e também se encontra os

postos de atendimento dentro de algumas das lojas do cidadão. Caso o migrante

for necessitar atendimento nestas, indico a ir cedo como no caso das finanças, ou

talvez até mais cedo (antes da abertura) para pegar uma senha para ser atendido

pela tarde, vez que as senhas da manhã se esgotam facilmente.

Embora os Advogados estejam dispensados de contribuir para segurança

social desde 2011, vez que estes contribuem unicamente para a Caixa de

Assistência dos Advogados. E por serem contribuintes deste órgão de previdência

privada, estão impedidos e desobrigados de contribuir na segurança social

(previdência pública).

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Secção 7 - Certidão Negativa de Antecedentes Criminais (Portuguesa)

Este documento muitas vezes nos é solicitado, e para realizar o pedido o

migrante necessita apenas de um documento de identificação válido: no caso

pode se usar do passaporte brasileiro, ou do bilhete de identificação (BI) de

qualquer país da União Europeia.

Solicita-se ao DGAJ (órgão ligado ao ministério da justiça de Portugal), e

encontrei um junto a Loja do Cidadão. Para que seja emitido, há um custo de 5

euros (pagos em dinheiro no ato), e a certidão é emitida na hora, sendo que a

mesma tem uma chave autenticação através da internet, e têm validade definida

em lei de até 90 dias após a emissão.

Observação: a certidão é fornecida para fim específico (descrito no

documento).

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Secção 8 - Declaração de Presença

Este documento deve ser marcado junto ao SEF para que seja emitido.

Aplica-se somente a quem entrar na Europa, por um lugar diferente de

Portugal (ou seja, estrangeiros oriundos em voos com escalas em outros países

do espaço Schengen).

Em até 3 dias após a chegada, o migrante nestas condições deverá fazer

contato com o SEF para agendar uma data para declarar a presença em território

português, sob pena de multa.

Basicamente na data agendada, vão averiguar seus documentos, e

anexar um papel com grampos na página do passaporte em que consta o carimbo

da imigração do outro país do espaço Schengen (por exemplo: de Amsterdão).

A não feitura desta declaração, além de dar motivo a multa, pode (em

alguns casos) atrapalhar todo o processo de Autorização de Residência de alguém

que venha a residir no país, por isto, cuidado!

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Capítulo 10 - Sobre o autor

F
ormado em uma das

maiores instituições

de ensino superior

do Brasil, milita na advocacia desde

2012 onde atua principalmente nos

ramos de direito internacional público e

privado.

Sócio fundador do escritório

Sauer Advocacia Internacional, o

qual estabeleceu-se na cidade de Balneário Camboriú (Brasil), até 2016.

A esta altura, fundou-se a base europeia de trabalhos, situada no coração

da capital de Portugal.

"Lisboa foi escolhida pela similaridade cultural e técnica, além de ter

se demonstrado uma zona de grande interesse em pesquisa realizada junto

aos nossos clientes".

Foi colaborador da Cátedra Jean Monnet no Brasil, momento o qual tomou

interesse por estudos europeus.

É colaborador ativo da Ordem dos Advogados brasileira e portuguesa, e

exerceu a prática docente junto ao Senac, quando a época orientou a cadeira de

direito/jurídica dos cursos de Comércio Exterior, Contabilidade e Administração.

Em seu tempo livre, pratica a arte da literatura, através da leitura e escrita,

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tendo escrito sete livros publicados na Fundação Biblioteca Nacional, Perse,

Amazon, Itunes, e colaborado com artigos para a prestigiada revista Âmbito

Jurídico.

Mais informações

Leia mais artigos sobre migração em nosso site:

http://www.diariodacidadania.com

ou contate o autor por e-mail através do endereço:

info@diariodacidadania.com

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comercialização, permitida a reprodução parcial ou total, com os devidos créditos

ao Autor e organizador.

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