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A.E.C.P.

– Escola Básica e Secundária de Castelo de Paiva


PORTUGUÊS – 12ºANO

Mensagem – o título
Primeiramente. Fernando Pessoa intitulou a sua
obra de Portugal. Todavia, por sugestão do seu amigo
Cunha Dias (que considerava esse título uma forma pro-
pagandística para a situação política da época), esse vocá-
bulo foi substituído por Mensagem. A palavra remete
para a Antiguidade Clássica, mais precisamente para a
explicação que Anquises deu a seu filho Eneias sobre o
sistema do Universo: «Mens ag[itat mol] em» que significa
«o espírito move a massa».
Assim, pode concluir-se que o título, de profunda
conotação simbólica, encerra já o carácter secreto e mis-
terioso do ideal superior que norteou a sua concepção.
A arquitectura lapidar do Poema e a sua lingua-
gem hermética condensam-se num vocábulo simples,
arauto de uma comunicação muito especial da parte do
poeta que se considerou o «Super-Camões».

Atentos a um manuscrito do autor, poderemos advertir que, colhida em Virgílio, a frase latina quer
dizer em português que a mente/espírito (mens) faz agir/move (agitar) a matéria/ massa (molem). E não
será preciso chamar o mais atilado para descobrir nessas três palavras as oito letras de M.E.N.S.A.G.E.M,
que o próprio poeta assinalou: mens/ag/(itat)/(mol)/em. O número também corresponde ao título esco-
lhido anteriormente (P.O.R.T.U.G.A.L). Sem maior comentário, convém lembrar: na dança dos símbolos, o
dígito 8 que, na horizontal, representa o infinito […], aparece na arquitectura sagrada com os valores do
octógono, signo de regeneração. Geometria intermediária entre o quadrado e o círculo, remete-nos ao
monumento proto-histórico de Stonehenge, na Inglaterra ou, explícito, à charola da igreja templária do
Convento de Cristo, no Castelo de Tomar, em Portugal.
Mensagem. Fernando Pessoa (introdução de José Santiago Naud). Brasil: edição Thesaurus Editora

O meu livro "Mensagem" chamava-se primitivamente "Portugal". Alterei o título porque o meu ve-
lho amigo Da Cunha Dias me fez notar — a observação era por igual patriótica e publicitária — que o nome
da nossa Pátria estava hoje prostituído a sapatos, como a hotéis a sua maior Dinastia. «Quer V. pôr o título
do seu livro em analogia com "portugalize os seus pés?"» Concordei e cedi, como concordo e cedo sempre
que me falam com argumentos. Tenho prazer em ser vencido quando quem me vence é a Razão, seja
quem for o seu procurador.
Pus-lhe instintivamente esse título abstracto. Substituí-o por um título concreto por uma razão...
E o curioso é que o título "Mensagem" está mais certo — à parte a razão que me levou a pô-lo —
de que o título primitivo.
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de
Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.

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