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1. Remessa necessária em face da sentença que, confirmando a liminar deferida, concedeu a segurança
pleiteada na ação mandamental impetrada pela Caixa Econômica Federal, para determinar à autoridade
coatora - Tabelião do 1º Serviço de Notas e Registros Públicos de Timbaúba/PE - que promova a averbação
da consolidação da propriedade do imóvel objeto da matrícula nº 5.764 em nome de credor fiduciário, após a
comprovação de recolhimento do tributo e demais requisitos legais, não obstante a indisponibilidade do
direito real do fiduciante.
2. O art. 22 da Lei nº 9.514/97 define a alienação fiduciária de bem imóvel como sendo o negócio jurídico
através do qual o devedor (fiduciante), com o escopo de garantir a obrigação de pagar assumida frente ao
credor fiduciário, concede a este a propriedade resolúvel de um imóvel. Dá-se, assim, o desdobramento da
posse, tornando o fiduciante possuidor direto e, o fiduciário, possuidor indireto da coisa imóvel.
3. O bem alienado fiduciariamente não pertence ao devedor fiduciante, mas sim à instituição financeira que
proporcionou a operação de crédito.
4. Observadas as formalidades definidas no art. 26 do citado diploma legal, o inadimplemento dos deveres
contratuais por parte do devedor fiduciante enseja a consolidação da propriedade na pessoa do fiduciário.
5. Por outro lado, o devedor fiduciante possui expectativa do direito à futura reversão do bem alienado, em
caso de pagamento da totalidade da dívida, ou à parte do valor já quitado, em caso de mora e excussão por
parte do credor.
6. No caso dos autos, a indisponibilidade averbada na matrícula do imóvel recai apenas sobre o direito do
fiduciante ao saldo apurado após a alienação extrajudicial do bem, em decorrência dos pagamentos já
efetuados, conforme prevê o negócio jurídico firmado com a Caixa Econômica Federal e o art. 27, § 4º da Lei
nº 9.514/97.
7. O STJ vem firmando a orientação de que a constrição executiva não pode recair sobre o bem alienado
fiduciariamente, mas nada impede que recaia sobre os direitos que o executado detém no contrato de
alienação fiduciária. (STJ, REsp 910.207/MG, Relator Min. Castro Meira. Segunda Turma. Publ.: 25/10/2007;
REsp 1.171.341/DF, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 06/12/2011, DJe
14/12/2011).
íntegra
1. Remessa necessária em face da sentença que, confirmando a liminar deferida, concedeu a segurança
pleiteada na ação mandamental impetrada pela Caixa Econômica Federal, para determinar à autoridade
coatora - Tabelião do 1º Serviço de Notas e Registros Públicos de Timbaúba/PE - que promova a averbação
da consolidação da propriedade do imóvel objeto da matrícula nº 5.764 em nome de credor fiduciário, após a
comprovação de recolhimento do tributo e demais requisitos legais, não obstante a indisponibilidade do
direito real do fiduciante.
2. O art. 22 da Lei nº 9.514/97 define a alienação fiduciária de bem imóvel como sendo o negócio jurídico
através do qual o devedor (fiduciante), com o escopo de garantir a obrigação de pagar assumida frente ao
credor fiduciário, concede a este a propriedade resolúvel de um imóvel. Dá-se, assim, o desdobramento da
posse, tornando o fiduciante possuidor direto e, o fiduciário, possuidor indireto da coisa imóvel.
3. O bem alienado fiduciariamente não pertence ao devedor fiduciante, mas sim à instituição financeira que
proporcionou a operação de crédito.
4. Observadas as formalidades definidas no art. 26 do citado diploma legal, o inadimplemento dos deveres
contratuais por parte do devedor fiduciante enseja a consolidação da propriedade na pessoa do fiduciário.
5. Por outro lado, o devedor fiduciante possui expectativa do direito à futura reversão do bem alienado, em
caso de pagamento da totalidade da dívida, ou à parte do valor já quitado, em caso de mora e excussão por
parte do credor.
6. No caso dos autos, a indisponibilidade averbada na matrícula do imóvel recai apenas sobre o direito do
fiduciante ao saldo apurado após a alienação extrajudicial do bem, em decorrência dos pagamentos já
efetuados, conforme prevê o negócio jurídico firmado com a Caixa Econômica Federal e o art. 27, § 4º da Lei
nº 9.514/97.
7. O STJ vem firmando a orientação de que a constrição executiva não pode recair sobre o bem alienado
fiduciariamente, mas nada impede que recaia sobre os direitos que o executado detém no contrato de
alienação fiduciária. (STJ, REsp 910.207/MG, Relator Min. Castro Meira. Segunda Turma. Publ.: 25/10/2007;
REsp 1.171.341/DF, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 06/12/2011, DJe
14/12/2011).
seu eventual direito deve subsistir sem qualquer prejuízo ao direito líquido e certo do credor fiduciário de obter
a averbação da consolidação da propriedade em seu nome, considerando que não houve a purgação da mora
no prazo previsto, nos termos do art. 25, § 7º da Lei nº 9.514/97.
ACÓRDÃO
Vistos, etc.
Decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO à
remessa necessária nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos
autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.