Sie sind auf Seite 1von 6

HUMANIZAÇÃO EM ENFERMAGEM E CUI-

DADOS PALIATIVOS AO PACIENTE COM


CÂNCER

Rebeca Cardoso de Jesus*

Resumo

O presente estudo tem como objetivo geral identificar a rele-


vância da humanização na assistência de enfermagem frente
aos cuidados paliativos ao paciente com câncer, doença de ele-
vada incidência e que representa um problema de saúde pública
mundial, gerando intenso sofrimento especialmente nos está-
gios mais avançados, quando se verifica que a cura já não é
mais possível. Esse estudo foi realizado a partir de revisão bi-
bliográfica, com artigos criteriosamente selecionados na base
de dados Scientific Eletronic Library Online em língua portu-
guesa com data de publicação entre 2007 e 2017. Conclui-se
que o/a enfermeiro/a, inserido/a em uma equipe interdiscipli-
nar, com o apoio de outros profissionais, tem muito a colaborar
para com a assistência integral e humanizada aos pacientes com
diagnóstico de câncer e que se encontram em estado terminal
da doença, favorecendo que os cuidados paliativos sejam capa-
zes de garantir a qualidade de vida desses pacientes mesmo di-
ante da proximidade da morte.

Palavras-chave: Enfermagem, humanização, cuidados paliati-


vos, câncer.

* Acadêmica do Centro Universitário AGES.


51
HUMANIZATION IN PALLIATIVE NURSING
AND CARE OF THE PATIENT WITH CANCER

Rebeca Cardoso de Jesus*

Abstract

The present study has the general objective of identifying the


relevance of humanization in nursing care in the face of pallia-
tive care to the cancer patient, a high incidence of disease,
which represents a worldwide public health problem, generat-
ing intense suffering especially in the more advanced stages,
when verifies that healing is no longer possible. This study was
carried out based on a bibliographical review, with articles
carefully selected in the Scientific Electronic Library Online
database in Portuguese language with publication date between
2007 and 2017. It is concluded that the nurse, inserted in a in-
terdisciplinary team, with the support of other professionals,
has much to collaborate with the integral and humanized assis-
tance to the patients diagnosed with cancer and who are in a
terminal state of the disease, favoring that palliative care be
able to guarantee the quality of life even close to death.

Keywords: Nursing, humanization, palliative care, cancer.

52
INTRODUÇÃO nalidade do paciente, sobretudo quando se
encontra em estado terminal e necessita de
Ultimamente, percebe-se que o câncer cuidados paliativos. É necessário investir na
tem se destacado em meio às doenças crôni- humanização do cuidado de enfermagem,
cas não transmissíveis. Atingindo índices especialmente quando se trata de pacientes
preocupantes, ele tem sido considerado um com doenças graves como o câncer.
problema atual de saúde pública em âmbito Este trabalho tem como objetivo geral
global. Conforme estimativas da Organiza- identificar a relevância da humanização na
ção Mundial da Saúde (OMS), essa doença assistência de enfermagem frente aos cuida-
irá alcançar em todo o mundo, em 2030, dos paliativos ao paciente com câncer. Seus
uma incidência de cerca de 27 milhões de objetivos específicos são compreender os
casos, 17 milhões de mortes e 75 milhões de cuidados paliativos no âmbito do câncer,
pessoas com diagnóstico anual. Isso poderá conhecer a definição de cuidados paliativos
ser observado nos países de baixa e média e seus princípios e investigar os desafios na
renda. No que diz respeito ao Brasil, as esta- formação dos profissionais de enfermagem.
tísticas apontam uma ocorrência correspon-
dente ao surgimento de aproximadamente DESENVOLVIMENTO
580 mil novos casos dessa enfermidade, re-
velando, assim, a dimensão do problema no O câncer e os cuidados paliativos
país (INSTITUTO NACIONAL DO CÂN-
CER, 2014). O controle do câncer abrange ações e
Em estágios considerados avançados, serviços de saúde especializados, envolven-
o câncer pode evoluir para uma condição em do promoção à saúde, reabilitação e cuida-
que a cura se torna impossível, havendo pre- dos paliativos, que estão previstos na Políti-
sença de sinais e sintomas de difícil controle ca Nacional de Atenção Oncológica para a
como dor, náuseas, vômitos, anorexia, fadi- Prevenção e Controle do Câncer na Rede de
ga, depressão, ansiedade e constipação. A Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
sintomatologia pode estar associada à inva- Crônicas no âmbito do Sistema Único de
são tumoral e aos efeitos adversos do trata- Saúde – SUS, segundo regulamentado na
mento em determinados tipos de câncer, Portaria nº 874, de 16 de maio de 2013. Um
provocando grande desconforto ao paciente terço dos cânceres pode ser prevenido, um
e um impacto extremamente negativo para a terço é curado ou controlado e um terço dos
qualidade de vida. Sendo assim, os cuidados casos são somente paliados. Isso significa
prestados ao paciente com câncer deixam de que o controle do câncer no Brasil ainda
ser curativos e se tornam paliativos (LEITE; permanece fundamentado na atenção hospi-
NOGUEIRA; TERRA, 2015). talar, com assistência de elevada complexi-
A problemática deste trabalho surgiu a dade e carente de ações de controle com
partir da percepção de que ainda predomina maior efetividade para diminuição da morta-
na área de saúde a lógica biologicista, que lidade, prevenção pela detecção em fase pré-
não leva em consideração a multidimensio- clínica, por rastreamento, ou inicial, por di-

53
agnóstico precoce. Cânceres prevalentes ral; o estabelecimento de um cuidado que
poderiam ter resolutividade bem melhor a não antecipe a chegada da morte, nem tam-
partir de tais estratégias (BRASIL, 2012). pouco a adie com a adoção de medidas des-
Para Silveira, Ciampone e Gutierrez proporcionais, o que se caracterizaria como
(2014), o avanço nas tecnologias disponíveis obstinação terapêutica; propiciar alívio da
em âmbito hospitalar tem sido acompanhado dor e de outros sintomas penosos ao paciente
da despersonalização das pessoas, o que terminal; a integração dos aspectos psicoló-
ocorre, especialmente, nos casos das pessoas gicos e espirituais na estratégia do cuidado; a
cuja morte se aproxima. Os efeitos da tecno- oferta de um sistema de apoio aos familiares
ciência são amplamente conhecidos e inten- para que eles consigam enfrentar a enfermi-
samente divulgados pelos meios de comuni- dade do paciente e sobreviver ao doloroso
cação. Contraditoriamente, há ambientes período de luto (SANTOS et al, 2017).
perfeitos em sua tecnologia, porém se verifi- Desse modo, o/a enfermeiro/a repre-
ca ausência de alma e de carinho humano. O senta um membro essencial para a equipe de
paciente fragilizado, devido à enfermidade cuidados. É seu dever proporcionar educa-
que o acometeu, deixou de ser o centro das ção em saúde de forma clara e objetiva, por
atenções, tendo sido então instrumentalizado meio de ações práticas que tenham como fim
em razão de um determinado fim. o bem-estar do paciente. No âmbito dos cui-
dados paliativos, a assistência de enferma-
Definição e princípios dos cuidados palia- gem necessita levar em consideração o paci-
tivos ente como um ser único, completo e multi-
dimensional, dando atenção aos aspectos
Os cuidados paliativos são cuidados biológico, emocional, social e espiritual. O
ativos e totais do paciente em que a doença cuidado, integral e humanizado somente se
já não apresenta mais resposta ao tratamento torna possível quando o/a enfermeiro/a utili-
curativo. Vale ressaltar que não se deve di- za a diversidade de comunicação verbal e
zer que não há mais nada a se fazer pelo não verbal (SANTOS et al, 2017).
paciente em que a cura não é mais possível,
uma vez que enquanto houver vida existirá a
necessidade do cuidado de enfermagem, e Humanização e desafios na formação dos
estes devem ser os mais humanizados possí- profissionais de enfermagem
veis. Tais cuidados têm como objetivo me-
lhorar a qualidade de vida dos pacientes que Na formação dos profissionais da área
enfrentam doenças graves, com intervenções de saúde ainda predomina a lógica biologi-
que têm como fim o alívio da dor e de outros cista de atenção ao paciente. Nessa limitada
sintomas físicos, psicológicos, sociais e espi- perspectiva, o corpo é considerado mera-
rituais (OMS, 2017). mente uma máquina, sendo o único objeto
Os princípios do cuidado paliativo de intervenção dos profissionais, deixando-
abrangem a reafirmação da relevância da se de lado as múltiplas dimensões do pacien-
vida, vendo a morte como um processo natu- te (BORGES, 2012). É imprescindível res-

54
peitar a individualidade e valorizar o ser nais, que se sentem, então, mergulhados em
humano em sua totalidade. Isso representa um fazer sistemático, mecânico e, portanto,
um guia fundamental para o profissional cansativo. Considera-se que, para esses pro-
dessa área no exercício de um cuidado ético, fissionais que lidam de maneira sistemática
estético e humano (ISSI, 2012). com a dor e com a morte, é preciso melhor e
O fenômeno da morte constitui mais maior elaboração de tais sentimentos, a fim
do que o mero término de um processo bio- de que o luto deles também possa ser traba-
lógico. Trata-se da destruição de um ser. lhado de modo sadio e respeitoso.
Enfrentar diariamente essa possibilidade é Os profissionais devem ser capazes de
extremamente angustiante (SILVA, 2009). compreender a diferença entre a ação palia-
Na área de cuidados paliativos há uma diver- tiva e a proximidade com a morte, visto que
sidade de sentimentos, intensas reflexões seus conceitos e suas práticas não se direcio-
pessoais e imensa sobrecarga de emoções. nam somente à atenção ao paciente na fini-
Os profissionais têm que conseguir atender tude. A equipe multiprofissional da oncolo-
de maneira eficiente a todos os pacientes da gia vivencia, em seu dia a dia, as particulari-
unidade de internação, nas diferentes fases dades de exercer o paliativismo para o paci-
do tratamento oncológico, tais como diag- ente e sua família (SILVA, 2015).
nóstico/estadiamento, tratamento quimiote- Frente aos momentos de grande sofri-
rápico, radioterápico e prolongados períodos mento e exigências, tanto no que diz respeito
de pancitopenia e seus riscos à vida. O dia a às emoções quanto no que se refere aos pro-
dia em um hospital gera muito sofrimento cessos de trabalho, os profissionais não de-
psíquico para os trabalhadores da área de vem adotar a tradicional postura de não en-
saúde. volvimento, compreendendo que o cuidar de
A EAPC (European Association for um paciente em um tratamento tão complexo
Palliative Care, 2014) definiu como diretri- quanto o do câncer requer bem mais do que
zes primordiais nos cuidados paliativos a mero conhecimento científico. Trata-se de
autonomia, a dignidade, a relação entre do- um ato de carinho e, sobretudo, de humani-
ente e os profissionais de saúde, a qualidade dade. Assim, evidencia-se que é importante
de vida, a posição em relação à vida e à mor- a construção de laços afetivos entre profissi-
te, a comunicação, a educação pública, a onais, pacientes e suas famílias, já que isso
abordagem multiprofissional, a perda e o facilita o cuidado (SILVA, 2015).
luto.
A normatização rigorosa e a hierarqui- CONCLUSÃO
zação, típicas da instituição hospitalar, são
fatores que tornam difícil o diálogo entre os Diante do que foi discutido nesse estu-
diversos atores sociais que estão envolvidos do, é preciso destacar que o cuidado de en-
no processo da morte e do morrer (BOR- fermagem é fundamental frente ao paciente
GES, 2012). O cotidiano acelerado e as vá- com câncer em estágio terminal, sendo es-
rias demandas de cuidado dificultam a cria- sencial que os cuidados paliativos sejam
ção de momentos de troca entre os profissio- efetuados numa perspectiva de humanização

55
e integralidade, superando o pragmatismo e Brasil. Coordenação de Prevenção e Vigi-
a tendência biologicista na atenção a esses lância. Rio de Janeiro: INCA, 2014.
pacientes.
A partir do que explana a literatura, LEITE, M. A. C.; NOGUEIRA, D. A.;
somente a realização de técnicas assisten- TERRA, F. D. S. Social and clinical aspects
ciais ou a operação de aparelhos que reali- of oncological patients of a chemotherapy
zam intervenções diagnósticas ou terapêuti- service. Rev Rene, v. 16, n. 1, p. 38-45, jan.-
cas não é suficiente. Mais do que isso, é im- fev., 2015.
prescindível que os profissionais da área de
saúde, nomeadamente os/as enfermeiros/as SANTOS, J. B. da S. Assistência integral de
necessitam de sensibilidade e empatia, com- enfermagem aos pacientes em cuidados pali-
preensão, aceitação e afeto, uma vez que isso ativos. Revista Saúde, v. 11, n. 1, 2017.
é condição indispensável para oferecer su-
porte adequado ao paciente e fase terminal e SILVA, A. F. da et al. Cuidados paliativos
aos seus familiares. em oncologia pediátrica: percepções, saberes
e práticas na perspectiva profissional. Rev
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Gaúcha Enferm, v. 36, n. 2, p. 56-62, jun.,
2015.
BORGES, M. S.; MENDES, N. Representa-
ções de profissionais de saúde sobre a morte SILVEIRA, M. H.; CIAMPONE, M. H. T.;
e o morrer. Rev Bras Enferm, v. 65, n. 2, p. GUTIERREZ, B. A. O. Percepção da equipe
324-31, 2012. multiprofissional sobre cuidados paliativos.
Revista Brasileira de Geriatria e Geronto-
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de logia, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 7-16,
Atenção à Saúde. Portaria SAS/MS nº 102 2014.
de 3 de fevereiro de 2012. Brasília (DF):
Ministério da Saúde, 2012. WORLD HEALTH ORGANIZATION. De-
finição da OMS de cuidados paliativos.
EUROPEAN ASSOCIATION FOR PAL- 2017. Available from:
LIATIVE CARE - EAPC (2014). Guía para http://www.who.int/cancer/palliative/definiti
la formación de postgrado de psicólogos on/en. Acesso em: 19 maio 2017.
que intervienen en cuidados paliativos.
Disponível em:
http://www.eapcnet.eu/Corporate/EAPCdocs
inotherlanguages/tabid/1958/Articlei
d/464/Default.aspx. Acesso em: 06/0/2014.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER


JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA.
Estimativa 2014: Incidência de câncer no

56

Das könnte Ihnen auch gefallen