Sie sind auf Seite 1von 10

S612 ARTIGO ARTICLE

Saúde e ambiente em sua relação com o


consumo de agrotóxicos em um pólo agrícola
do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

Health, environment, and pesticide use in a


farming area in Rio de Janeiro State, Brazil

Frederico Peres 1
Josino Costa Moreira 1

Abstract Introdução

1 Escola Nacional de Saúde


Pesticide use in agriculture is a nationwide phe- O Brasil figura entre os principais consumidores
Pública Sergio Arouca,
Fundação Oswaldo Cruz, nomenon in Brazil, and the problem is propor- mundiais de agrotóxicos. Os dados a respeito de
Rio de Janeiro, Brasil. tional to this vast country. The widespread and sua colocação no ranking desses consumidores
growing use of pesticides for crops and cattle- são conflitantes e, portanto, imprecisos. De acor-
Correspondência
F. Peres raising, among other applications, has caused do com a Organização das Nações Unidas para
Centro de Estudos da Saúde a number of environmental changes and prob- a Agricultura e a Alimentação (FAO), o Brasil é
do Trabalhador e Ecologia
lems, both by contaminating the communities o quarto maior consumidor mundial de agrotó-
Humana, Escola Nacional de
Saúde Pública Sergio Arouca, of living beings that comprise the environment xicos 1. Já o Sindicato Nacional da Indústria de
Fundação Oswaldo Cruz. and by accumulating in the biotic and abiotic Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG), cujos
Rua Leopoldo Bulhões 1480,
segments of ecosystems (biota, water, air, soil, dados de consumo de agrotóxicos são utilizados
Rio de Janeiro, RJ
21041-210, Brasil. sediments etc.). Pesticides also cause a number pelas agências do governo brasileiro, coloca o
fperes@fiocruz.br of diseases and health problems in human pop- Brasil no terceiro lugar do ranking dos principais
ulations. The current article discusses several países consumidores de agrotóxicos 2.
pesticide-related implications for human health Entre 1964 e 1991, o consumo de agrotóxicos
and the environment in the mountainous re- no país aumentou 276,2%, frente a um aumento
gion of the State of Rio de Janeiro, an important de 76% na área plantada 3. Já no período entre
farming center. The article presents the results of 1991 e 2000, observou-se um aumento de qua-
research in the area, identifying possible deter- se 400% no consumo desses agentes químicos,
minants of the current situation and some of the frente a um aumento de 7,5% na área planta-
main challenges for dealing with the problem. da 1. Entre 1991 e 1997, os gastos mundiais com
agrotóxicos aumentaram de 20 para 34 bilhões
Pesticide Utilization; Rural Workers; Environ- de Dólares/ano 4. A América Latina foi a região
mental Pollution do planeta onde se observou um maior aumen-
to no consumo desses produtos (aproximada-
mente 120%), muito em parte pela influência do
Brasil que, no período, aumentou seu gasto na
aquisição desses insumos de 1 para 2,2 bilhões
de Dólares/ano. Hoje, estima-se que o país gaste
em torno de 6,5 bilhões de Dólares/ano com es-
ses agentes químicos 2.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007


SAÚDE, AMBIENTE E AGROTÓXICOS S613

O agronegócio é, hoje, o maior setor expor- e 18 vezes maior que a média do estado 11. A Em-
tador brasileiro, representando 42% das expor- presa Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio
tações de nosso país, de acordo com dados do de Janeiro (PESAGRO-RIO), através da Estação
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- Experimental de Nova Friburgo, em parceria com
mento 5. As vendas ao exterior realizadas pelo a Associação Brasileira de Agricultura Biológica
setor totalizaram em 2004, 39 bilhões de Dólares, (ABIO), realizou levantamento que demonstrou
valor 27% superior ao obtido no ano anterior. Sua que dos 32 agrotóxicos mais usados, 17 sofrem
contribuição é determinante para o superávit da sérias restrições em outros países, sendo que oito
balança comercial do país, sobretudo em fun- deles já foram, inclusive, proibidos 21.
ção do cultivo de soja na Região Centro-Oeste. Na região se destaca, entre outras, a produção
Alguns estudos 6,7,8,9 vêm apontando a relação de tomate, particularmente nos Municípios de
entre a expansão da soja e o aumento do uso de Nova Friburgo, Paty do Alferes, Bom Jardim, San-
agrotóxicos, particularmente com a adoção da to Antônio de Pádua, Sumidouro e Teresópolis.
soja transgênica. Historicamente, o Brasil ocupa uma posição des-
Além da soja, que é hoje a principal commod- tacada entre os dez maiores países produtores de
ity agrícola de nosso país, destaca-se, também, o tomate no mundo e a Região Sudeste é responsá-
aumento da produtividade da olericultura na- vel pela maior produção nacional de tomate para
cional que, apesar de destinada prioritariamen- mesa e indústria 22. É uma das hortaliças mais
te ao abastecimento do mercado interno, vem importantes no Brasil, considerando-se seus as-
registrando, ano após ano, recordes de safras e pectos sócio-econômicos 23 e, também, um dos
um crescimento, no período entre 1980 e 2000, cultivos onde mais se observa aporte de agrotóxi-
da ordem de 95% 10. A relação entre a produção cos. Diversos estudos vêm apontando os impac-
olerícola e o consumo de agrotóxicos merece tos à saúde e ao ambiente decorrentes do uso de
particular destaque em função da complexida- agrotóxicos nas lavouras de tomate 24,25,26,27,28.
de de fatores a esta relação condicionados. Um Esses aspectos serão posteriormente discutidos
dos principais fatores é o predomínio da agri- neste artigo, com base em alguns estudos de caso
cultura familiar nesse setor da agroindústria, o desenvolvidos na região serrana do Estado do Rio
que freqüentemente determina o envolvimento de Janeiro.
de toda a família no processo produtivo, a po- A intensa produtividade, a agricultura fami-
licultura ininterrupta ao longo do ano, a pouca liar, a policultura e o fato de, na região, prepon-
mecanização das diversas etapas do processo derarem pequenas propriedades rurais (sítios de
produtivo e a multiexposição a uma série de 1 a 12ha), caracterizam um perfil de produção
contaminantes ambientais – agrotóxicos princi- fruto da origem européia dos núcleos familiares
palmente – no desenvolvimento das atividades ali residentes (em especial suíços e germânicos).
de trabalho 7,9. O regime anual de uso de agrotóxicos na região
Uma série de estudos realizados no Brasil apresenta uma variabilidade que acompanha
11,12,13,14 e em outros países 15,16,17,18,19, tem mos- diretamente a sazonalidade da produção: obser-
trado o grande desafio que é o enfrentamento va-se um maior aporte destas substâncias nas la-
dos problemas de saúde e de ordem ambiental vouras de verão, em especial a do tomate, com as
relacionados com o manejo de agrotóxicos na lavouras de inverno – destaque para as culturas
agricultura familiar: exposição de todo o núcleo da couve-flor e abobrinha – consumindo apro-
familiar aos efeitos nocivos destes agentes; con- ximadamente 1/3 do montante utilizado entre
taminação do ambiente intradomiciliar; proces- os meses de setembro e abril (predomínio das
sos de descarte de embalagens vazias inadequa- culturas de verão).
dos; pouca atenção à destinação dos resíduos do Alguns estudos apontam a baixa adesão aos
processo produtivo, entre outros. equipamentos de proteção individual entre os
No Estado do Rio de Janeiro, esse tipo de pro- trabalhadores da região 29,30,31,32, outro fato que
dução agrícola se concentra, predominantemen- influencia diretamente na determinação da si-
te, na região serrana, principal pólo olerícola do tuação de vulnerabilidade destes trabalhadores
estado, responsável pelo abastecimento da região frente aos efeitos nocivos do uso de agrotóxicos
metropolitana. Nessa região, há o predomínio da nos processos produtivos rurais 33. O presente
agricultura familiar intensiva, onde os problemas trabalho tem por objetivo discutir o uso de agro-
mencionados anteriormente são amplamente tóxicos na olericultura da região serrana do Es-
observados 20. tado do Rio de Janeiro, focalizando os principais
O consumo de agrotóxicos na região serrana impactos dessa atividade para a saúde humana
do Estado do Rio de Janeiro é elevado, podendo e o ambiente, a partir dos resultados de estudos
chegar a 56,5kg/trabalhador/ano 20, valor este desenvolvidos por nosso grupo de pesquisa há
cinco vezes superior à média da Região Sudeste nove anos na região, entre outros estudos.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007


S614 Peres F, Moreira JC

Agrotóxicos e a saúde humana Os inseticidas da classe dos organofosfora-


dos, bem como os carbamatos, atuam no orga-
Os agrotóxicos são agentes químicos que de- nismo humano inibindo uma enzima denomi-
terminam uma série de efeitos nocivos à saúde nada acetilcolinesterase. Essa enzima atua na de-
humana. De acordo com a classe química a que gradação da acetilcolina, um neurotransmissor
esses produtos pertencem e o tipo de exposição, responsável pela transmissão dos impulsos no
podem causar desde dermatites até alguns tipos sistema nervoso (central e periférico). Uma vez
de cânceres (Tabela 1). De acordo com o Sistema inibida, essa enzima não consegue degradar a
Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas acetilcolina, ocasionando um distúrbio chamado
(SINITOX), dentre os 530 óbitos registrados pe- de “crise colinérgica”, principal responsável pelos
los Centros de Controle de Intoxicações em 2003, sintomas observados nos eventos de intoxicação
os principais agentes tóxicos envolvidos foram aguda por esses produtos.
os agrotóxicos de uso agrícola, correspondendo Vários distúrbios do sistema nervoso foram
a mais de 30% das causas do total de óbitos 34. associados à exposição aos agrotóxicos orga-
Para o sexo masculino, esses agentes químicos nofosforados, principalmente aqueles ligados
representaram aproximadamente 40% do total à neurotoxicidade destes produtos, observados
de óbitos registrados. através de efeitos neurológicos retardados. Em

Tabela 1

Principais efeitos agudos e crônicos causados pela exposição aos agrotóxicos, de acordo com a praga que controlam e o grupo químico a que pertencem.

Classificação quanto à Classificação quanto ao Sintomas de Sintomas de


praga que controlam grupo químico intoxicação aguda intoxicação crônica

Inseticidas Organofosforados/Carbamatos Fraqueza Efeitos neurotóxicos retardados


Cólicas abdominais Alterações cromossomiais
Vômitos Dermatites de contato
Espasmos musculares
Convulsões
Organoclorados Náuseas Lesões hepáticas
Vômitos Arritmias cardíacas
Contrações musculares Lesões renais
involuntárias Neuropatias periféricas
Piretróides sintéticos Irritações das conjuntivas Alergias
Espirros Asma brônquica
Excitação Irritações nas mucosas
Convulsões Hipersensibilidade

Fungicidas Ditiocarbamatos Tonteiras Alergias respiratórias


Vômitos Dermatites
Tremores musculares Mal de Parkinson
Dor de cabeça Cânceres
Fentalamidas - Teratogêneses

Herbicidas Dinitrofenóis/Pentaclorofenol Dificuldade respiratória Cânceres (PCP –


Hipertermia formação de dioxinas)
Convulsões Cloroacnes
Fenoxiacéticos Perda do apetite Indução da produção
Enjôo de enzimas hepáticas
Vômitos Cânceres
Fasciculação muscular Teratogênese
Dipiridilos Sangramento nasal Lesões hepáticas
Fraqueza Dermatites de contato
Desmaios Fibrose pulmonar
Conjuntivites

Fonte: Peres & Moreira 48.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007


SAÚDE, AMBIENTE E AGROTÓXICOS S615

um estudo anteriormente realizado em uma efeitos reprodutivos em animais e seres huma-


comunidade agrícola do Município de Nova Fri- nos. O mancozeb e o amitrol possuem atividade
burgo 20, observamos que 30% dos trabalhadores inibidora da tireóide e os herbicidas triazínicos
desta comunidade apresentavam um quadro de estão associados ao aparecimento de alguns ti-
polineuropatia periférica e alterações compor- pos de cânceres hormônio-dependentes 42. To-
tamentais que remetem a distúrbios do sistema dos utilizados na região serrana do Estado do Rio
nervoso central. A análise estatística demonstrou de Janeiro.
que a média de atividade de acetilcolinesterase
do grupo que apresentava fasciculação foi signi-
ficativamente inferior (decorrente de sua inibi- Agrotóxicos e o ambiente
ção) em relação ao grupo que não apresentava
este sinal, demonstrando a relação direta entre a A larga utilização de agrotóxicos no processo de
exposição a este grupo de agentes agrotóxicos e o produção agropecuária, entre outras aplicações,
desenvolvimento de doenças do sistema nervoso tem trazido uma série de transtornos e modifi-
central. Esse mesmo estudo mostrou que 20% cações para o ambiente, seja através da conta-
das crianças da localidade apresentavam ativi- minação das comunidades de seres vivos que o
dade colinesterásica diminuída, indicando sua compõem, seja através da sua acumulação nos
exposição a agrotóxicos. Muitas dessas crianças segmentos bióticos e abióticos dos ecossistemas
diziam não trabalhar diretamente na lavoura, se (biota, água, ar, solo, sedimentos etc.). Um dos
referindo apenas a uma “ajuda” aos pais e, nesta efeitos ambientais indesejáveis dos agrotóxicos é
condição, muitas vezes, estavam mais expostas a contaminação de espécies que não interferem
por se protegerem inadequadamente, já que na no processo de produção que se tenta controlar
sua percepção não iriam sofrer uma exposição (espécies não-alvos), dentre as quais se inclui,
direta. conforme discutido no item anterior, a espécie
Os inseticidas da classe dos organoclorados humana. A Tabela 2 apresenta o grau de toxicida-
são agentes químicos que têm a capacidade de de (variando em uma escala de 1 a 5) e a persis-
se acumular nas células gordurosas do organis- tência (variando também em uma escala de 1 a
mo humano e de outros animais, o que pode vir 5) para os principais grupos de animais atingidos
a determinar uma série de efeitos indesejados à pela contaminação ambiental por agrotóxicos,
saúde. Além disso, os organoclorados são mui- exceto a espécie humana.
to estáveis e podem persistir nos organismos e Em estudo realizado em localidade rural do
no ambiente por mais de trinta anos. Apesar de Município de Nova Friburgo 20, observamos que
proibidos há mais de vinte anos, alguns agentes a dispersão de agrotóxicos no ambiente, em par-
organoclorados, como o DDT, ainda são utiliza- ticular nos recursos hídricos, ocasionava impac-
dos na agricultura, inclusive na região serrana do to significativo na ocorrência e distribuição de
Estado do Rio de Janeiro, frutos de contrabando espécies animais. Nesse estudo, os organismos
e comércio ilegal. Desde a década de 90, diver- associados ao compartimento coluna d’água se
sos estudos vêm apontando a possível relação mostravam afetados mais diretamente (táxons
entre a exposição ambiental e ocupacional a de hábitos natatórios e aqueles que vivem fixa-
agrotóxicos organoclorados e o desenvolvimen- dos a pedras). Em geral, tais organismos são cole-
to de alguns tipos de câncer, como os cânceres tores ativos, passivos ou raspadores-herbívoros,
de mama, pulmão, estômago, pâncreas e prósta- alimentando-se principalmente de material or-
ta 35,36,37,38,39. Um estudo realizado por Meyer et gânico em suspensão ou de detritos e perifíton.
al. 40, com dados de mortalidade por câncer na Observou-se que, nessa região, os indivíduos
região serrana do Rio de Janeiro, mostrou uma das ordens Ephemeroptera e Plecoptera foram
elevada incidência de mortes por cânceres de os mais afetados, pois, além de apresentarem
estômago, esôfago e laringe entre homens agri- tais hábitos, são organismos reconhecidamen-
cultores no período de 1979 a 1998, comparado te sensíveis 43. Tal fato é de extrema importân-
a outras populações masculinas da mesma faixa cia não apenas porque nós, humanos, somos os
etária 40. Esses autores discutem a relação entre consumidores de alguns desses animais – peixes
a exposição ocupacional a organoclorados, entre e crustáceos em particular – mas também pelo
outras classes de agrotóxicos, com a incidência impacto indireto deste tipo de contaminação. É
de casos tão significativa. o caso do impacto sobre comunidades de inse-
Em outro estudo, esse mesmo grupo de pes- tos controladores de vetores de doença: se estes
quisadores já havia indicado uma possível asso- insetos controladores – predadores naturais de
ciação entre a exposição a agrotóxicos organo- vetores de doenças – são atingidos pela dispersão
clorados e distúrbios reprodutivos 41. Agrotóxi- ambiental de agrotóxicos, podem ter suas popu-
cos de vários tipos têm sido correlacionados com lações diminuídas e, assim, favorecer o aumento

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007


S616 Peres F, Moreira JC

Tabela 2

Toxicidade e persistência ambiental de alguns agrotóxicos (escala de 1 a 5).

Agrotóxicos Toxicidade Persistência


Mamíferos Peixes Aves Insetos no ambiente

Permetrina 2 4 2 5 2
DDT 3 4 2 2 5
Lindano 3 3 2 4 4
Etil-paration 5 2 5 5 2
Malation 2 2 1 4 1
Carbaril 2 1 1 4 1
Metoprene 1 1 1 2 2
Bacillus thuringiensis 1 1 1 1 1

Fonte: Peres & Moreira 48.

da circulação destes vetores em áreas habitadas a contaminação ambiental e provocam efeitos


por comunidades de seres humanos. adversos á saúde humana, de animais silvestres
Outro importante impacto ambiental cau- e domésticos. Apesar da obrigatoriedade dos
sado por agrotóxicos é a contaminação de co- usuários devolverem essas embalagens aos esta-
leções de águas superficiais e subterrâneas. De belecimentos comerciais e da responsabilidade
acordo com Zebarth 44, a deterioração das águas das empresas produtoras e comerciantes pelo
subterrâneas e superficiais representa o impacto recolhimento e destinação adequada das suas
ambiental adverso mais importante associado à embalagens vazias, prevista desde de 6 de junho
produção agrícola. Um estudo realizado em lo- de 2000, quando da publicação da Lei no. 9.974,
calidade agrícola de Nova Friburgo, 45 detectou alterando a Lei no. 7.802/89, tal fato não se consti-
concentrações de agrotóxicos anticolinesterási- tui, ainda, prática adotada pela maioria dos agri-
cos em valores até oito vezes acima do limite per- cultores da região. Anualmente, os agrotóxicos
mitido pela legislação brasileira 46 em dois pontos comercializados no país, estão sendo colocados
de um importante curso hídrico regional, pontos no mercado por meio de cerca de 130 milhões de
estes localizados em áreas onde a atividade agrí- unidades de embalagens e são recolhidas e des-
cola era mais intensiva, com as lavouras chegan- tinadas adequadamente, somente, 10% a 20% 48.
do até às margens do rio. Em outro estudo, reali- Estudos realizados na região serrana do Rio de
zado numa bacia hidrográfica do Município de Janeiro, como os de Peres et al. 49,50 e Delgado &
Paty do Alferes 47, observou-se que tanto o solo Paumgartten 31, fornecem indícios que essa si-
local quanto os sedimentos do leito do rio esta- tuação se repete na região, apesar da existência
vam contaminados por metais pesados oriundos de centros de coleta de embalagens próximos às
da deposição de agrotóxicos e fertilizantes, o que zonas rurais.
pode gerar uma série de problemas ambientais
e de saúde, pela acumulação e biomagnificação
destes elementos ao longo da cadeia trófica. Percepção e comunicação de riscos
Uma análise realizada em amostras de pro-
dutos da lavoura (900 amostras de 37 produtos A contaminação humana e ambiental por agro-
diferentes) adquiridos no mercado distribuidor tóxicos está longe de ser um problema simples,
de Nova Friburgo, mostrou elevada porcentagem muito em parte pela diversidade de determinan-
(33% em tomate, 40% da vagem e 20% do pimen- tes (de ordens social, econômica e cultural) que
tão) de contaminação por agentes anticolineste- o permeiam. O modelo clássico da avaliação de
rásicos 20, demonstrando a existência de resíduos riscos, que inclui etapas como a identificação do
indesejáveis nos produtos analisados, consumi- perigo, caracterização do risco, avaliação dose-
dos pela população local e da região metropolita- resposta, comunicação e gerenciamento de ris-
na do Rio de Janeiro, entre outros estados. cos (que no campo se traduz primordialmente na
Destacamos aqui, ainda, a reutilização, o identificação de fontes, quantificação da “carga”
descarte e/ou destinação inadequada das em- de agentes a que as populações estão expostas e a
balagens vazias de agrotóxicos, que favorecem determinação da exposição/contaminação des-

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007


SAÚDE, AMBIENTE E AGROTÓXICOS S617

tas populações, através de diversos indicadores, estão expostas. Um engenheiro de segurança de


conforme anteriormente discutido) apresenta- um planta industrial tem uma interpretação dos
se incompleto para uma análise mais aprofun- perigos oriundos do seu funcionamento dife-
dada deste problema. A este, deve-se somar as rente daquela da população residente nas áreas
análises dos determinantes sociais e econômicos circunvizinhas; um agrônomo pode dimensio-
relacionados com a opção (ou imposição) do uso nar um determinado risco de maneira oposta a
de agrotóxicos no processo de produção agríco- um trabalhador rural. Ao deparar-se frente a um
la e a avaliação das formas através das quais as determinado perigo, advindo do processo de tra-
populações humanas interpretam os perigos re- balho, um agricultor responde de acordo com as
presentados pelo uso intensivo destes agentes suas crenças, experiências, imagens e informa-
químicos. Para esses casos, os estudos de percep- ções construídas ao longo de sua trajetória de
ção de riscos têm uma importante contribuição a vida. A percepção do risco é fruto da associação
dar, e devem estar intrinsecamente posicionados de todos esses determinantes com o cenário em
nas estratégias de avaliação e gerenciamento de que se encontra, no momento. Assim, não há co-
riscos relacionados ao uso de agrotóxicos na la- mo conceber uma avaliação de riscos desconexa
voura 49,50. com as crenças, interpretações e reações dos su-
Estudos anteriores sobre a percepção de risco jeitos envolvidos.
de trabalhadores rurais sobre o uso de agrotóxi- Como observado em um estudo anterior 51,
cos em áreas agrícolas da região serrana do Esta- a formação cada vez mais especializada dos pro-
do do Rio de Janeiro 49,50 indicam que as mulhe- fissionais e seu despreparo para o convívio com
res destacam-se, enquanto um grupo específico, grupos sociais distintos acabam determinando
pela diferenciação de suas percepções de riscos sua insegurança na confrontação de uma reali-
relacionados à exposição aos agrotóxicos. Por dade nova – ou com interlocutor desconhecido.
desconsiderarem (ou submensurarem) os riscos Assim, tendem a aferrar-se aos seus próprios
relacionados ao processo de auxílio à pulveriza- conhecimentos, reproduzindo assim sua pró-
ção química (a “puxada de mangueira”), acabam pria visão de mundo e a impondo como modelo
por se expor mais aos efeitos nocivos dos agrotó- àqueles grupos 51. Como decorrência, cada vez
xicos, o que, juntamente com o fato de ficarem mais observamos o distanciamento entre os sa-
responsáveis pela lavagem das roupas e equipa- beres técnicos e o senso comum, fato este que, no
mentos utilizados na pulverização, faz com que meio rural, é mais evidenciado nas estratégias de
esse grupo possa ser considerado como altamen- comunicação de risco.
te vulnerável, necessitando de um cuidadoso e A maioria das informações disponíveis sobre
específico olhar 49. essas substâncias é ininteligível pelos trabalha-
Os homens também representam um gru- dores rurais, o que aumenta o risco associado
po vulnerável, tanto em função de conduzirem, ao seu uso. A análise dos dados de um estudo
quase que exclusivamente, o processo de pul- de recepção das informações sobre agrotóxicos
verização, quanto pelo fato de mascararem os na região serrana do Estado do Rio de Janeiro 51
riscos a este processo relacionados, através de apontou para uma não compreensão de tais in-
estratégias defensivas. Dessa forma, acabam por formações. Em alguns casos, observou-se que a
se expor, muitas vezes, deliberadamente, aos interpretação do agricultor era oposta ao sentido
efeitos nocivos desses agentes químicos, como da mensagem (inversão da mensagem), o que
forma de legitimar um ato de bravura, “machesa” não apenas caracteriza o fracasso da comunica-
e confiança junto a outros indivíduos desse gru- ção como pode levar o trabalhador à adoção de
po, amplificando o risco de sua exposição e das práticas perigosas.
conseqüências adversas 50. As informações sobre agrotóxicos disponíveis
A grande maioria dos estudos sobre a conta- ao homem do campo são, ainda, inteiramente
minação humana e ambiental por agrotóxicos dependentes de uma série de interesses (eco-
não leva em consideração a dimensão social des- nômicos, principalmente) que criam “necessi-
te problema, focalizando suas investigações nas dades”, visando a legitimar o uso destes agentes
análises técnicas do risco, baseadas nos conheci- químicos. O discurso ora vigente no campo (e
mentos da toxicologia e das ciências atuariais 50. A presente em cartilhas, cartazes, folders e toda a
partir desse ponto de vista, grupos populacionais sorte de material disponível para o trabalhador
específicos expostos a agrotóxicos são avaliados rural) enfatiza a necessidade do uso de agrotó-
por parâmetros equânimes (indicadores de efei- xicos como único meio de se acabar com a fome
to, dados sobre a contaminação ambiental, iden- do mundo. Vejamos alguns exemplos que apon-
tificação das vias de intoxicação etc.) 48. A grande tam para a origem desse discurso: “A demanda de
questão é que as pessoas tendem a responder crescimento da população mundial por alimen-
de maneiras diferentes frente aos perigos a que tos e fibras requer uma agricultura que produza

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007


S618 Peres F, Moreira JC

grande quantidade por área cultivada. Alimentar vidade agrícola, mesmo porque o modelo de
as populações futuras da mesma forma como é produção hoje adotado é capaz de suprir, com
realizado hoje em dia não é viável: isto requere- sobras, a demanda ora existente. Ademais, ou-
ria um drástico aumento da área cultivada e a tras técnicas de controle de pragas alternativas
redução de florestas naturais. Em muitas partes aos agrotóxicos são, hoje, uma realidade, tanto
do mundo não há mais terras aráveis disponí- em termos da produtividade quanto em relação
veis. Em outras, uma expansão da área plantada aos custos, além de apresentarem um potencial
seria ambientalmente e socialmente inaceitável. de contaminação humana ou ambiental muito
O aumento da produção a partir da atual área menor ou mesmo desprezível. O controle dos
plantada requer o uso de boas práticas agrícolas problemas relacionados ao uso indiscrimina-
para combater as perdas causadas nas colheitas. do de agrotóxicos, já identificados e bem co-
O desafio está em conseguir isto sem afetar o meio nhecidos, somente poderá ser alcançado com
ambiente e os recursos naturais para as gerações a adoção de práticas alternativas ou, quando
futuras de consumidores e agricultores. O uso de estritamente necessário, pelo uso seguro e cui-
produtos fitossanitários e da biotecnologia é um dadoso destas substâncias. Para tal, governo e
importante princípio sobre os quais a proteção sociedade organizada devem estar unidos den-
de plantas sustentável pode ser baseada” (Andef, tro de um objetivo maior que o lucro: a garantia
1999, apud Peres & Moreira 48; p. 333). da qualidade de vida do trabalhador rural e da
“Nossa responsabilidade para com as gerações população, consumidora dos produtos prove-
futuras significa que nós devemos praticar uma nientes da lavoura, assim como a garantia da
agricultura sustentável, garantir que as lavouras sustentabilidade do ambiente.
serão protegidas e explorar as terras disponíveis A análise dos resultados de estudos desenvol-
à agricultura de modo intensivo. Este é o único vidos por nosso grupo de pesquisa há nove anos
meio de garantir que as necessidades de alimento na região serrana do Estado do Rio de Janeiro,
da população, a qual ainda está em crescimen- permite identificar alguns dos determinantes da
to, continuem existentes no próximo milênio situação do trabalho rural face ao uso de agrotó-
– de acordo com as estimativas atuais, a qual está xicos. Primeiro, a carência educacional e de for-
abaixo de 6 bilhões de pessoas, haverá um cres- mação dos agricultores da região – realidade esta
cimento de 80 milhões de pessoas ao ano, até o nada diferente de outras regiões do país – con-
ano de 2020, levando a população mundial pa- tribui para a dificuldade da correta interpreta-
ra mais de 8 bilhões. Uma agricultura de forma ção de informações sobre saúde e segurança no
sustentável, propriamente praticada, a qual atin- manuseio de agentes químicos perigosos, como
ja produtividade máxima, porém com mínimos os agrotóxicos 48. Segundo, a maioria da informa-
efeitos adversos para o nosso ambiente, é essencial ção disponível ao agricultor sobre os agrotóxicos
para prover alimento suficiente para atender às provém da própria indústria química 51, e é dis-
demandas mundiais” (Bayer, 1999, apud Peres & seminada por técnicos ligados ao comércio de
Moreira 48; p. 333). insumos agrícolas, o que compromete sua isen-
Como resultado, todos os trabalhadores ouvi- ção e qualidade. Terceiro, a carência de políticas
dos durante os estudos aqui sumarizados relata- governamentais voltadas ao acompanhamento e
ram não haver alternativa viável ao uso de agro- fiscalização das atividades do homem do campo
tóxico. Tal fato – impreciso e inverídico – acaba afastam, ainda mais, estes indivíduos dos sabe-
por legitimar a aceitação de práticas perigosas de res disponíveis sobre as práticas de proteção de
controle de pragas, por meio do uso de agrotóxi- lavouras e combate às pragas. Soma-se a esses
cos, expondo um enorme contingente de traba- fatores a forte influência das políticas de incen-
lhadores rurais brasileiros a uma gama de riscos tivo à produção agrícola, quase todas fortemente
à sua saúde, muitos dos quais desconhecidos, até associadas ao aumento do consumo de agentes
o momento. químicos, em particular agrotóxicos.
A superação desse desafio é mais que um pro-
blema de saúde: é um nítido exemplo da necessi-
Considerações finais dade de se integrar os setores saúde e ambiente
em torno da garantia da qualidade de vida das po-
O problema de alimentação está longe de ser pulações do campo e da cidade, tendo como con-
resolvido pelo simples aumento da produti- ceito norteador a sustentabilidade ambiental.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007


SAÚDE, AMBIENTE E AGROTÓXICOS S619

Resumo Colaboradores

O uso de agrotóxicos na lavoura é uma realidade na- F. Peres e J. C. Moreira participaram de todas as etapas
cional, assim como é do tamanho de nosso país a di- de desenvolvimento do presente manuscrito, incluindo
mensão dos problemas relacionados a este uso. Sua o trabalho de campo, a revisão bibliográfica e a redação
ampla e crescente utilização no processo de produção do texto.
agropecuária, entre outras aplicações, tem gerado uma
série de transtornos e modificações para o ambiente,
seja através da contaminação das comunidades de
seres vivos que o compõem, seja através da sua acu-
mulação nos segmentos bióticos e abióticos dos ecos-
sistemas (biota, água, ar, solo, sedimentos etc.). Tam-
bém se apresenta como determinante de uma série de
doenças e agravos à saúde das populações humanas. O
presente trabalho discute algumas implicações do uso
de agrotóxicos para a saúde humana e o ambiente da
região serrana do Estado do Rio de Janeiro, importante
pólo agrícola estadual. Para tanto, apresenta resulta-
dos de estudos realizados na região, apontando para
os possíveis determinantes do quadro ora vigente na
região e alguns dos principais desafios de superação
do problema.

Uso de Praguicidas; Trabalhadores Rurais; Poluição


Ambiental

Referências

1. Food and Agriculture Organization of the United 5. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-
Nations. Faostat: agricultural database. http:// to. Plano agrícola e pecuário 2004/2005 – íntegra
apps.fao.org/faostat/collections?version=ext&h do discurso do Ministro da Agricultura, Pecuária
asbulk=0&subset=agriculture (acessado em 12/ e Abastecimento, Roberto Rodrigues, no Palácio
Jan/2005). do Planalto. http://www.agricultura.gov.br/pls/
2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota portal/docs/PAGE/MAPA/PLANOS/PAP_2004_
técnica sobre livre comércio de agrotóxicos e im- 2005/DEGRAVA%C7AO%20PLANO%20SAFRA%20
pactos à saúde humana. http://www.pronaf.gov. RR%201806.pdf (acessado em 15/Jan/2005).
br/dater/arquivos/livre_comercio_agrotoxicos. 6. Fernandez-Cornejo J, McBride W. Genetically en-
pdf (acessado em 18/Jan/2007). gineered crops for pest management in the US.
3. Ministério do Meio-Ambiente. Informativo MMA Washington DC: US Department of Agriculture;
2000; 15. http://www.mma.gov.br/port/ascom/ 2000. (Agricultural Economics Report, 786).
imprensa/marco2000/informma15.html (acessa- 7. Dias GLS, Amaral CM. Mudanças estruturais na
do em 20/Ago/2001). agricultura brasileira: 1980-1998. Santiago de Chi-
4. Yudelman M, Ratta A, Nygaard D. Pest manage- le: Comisión Económica para la América Latina y
ment and food production looking to the future. el Caribe/Naciones Unidas; 2001. (Serie Desarrollo
Washington DC: International Food Policy Re- Productivo, 99).
search Institute; 1998. (Food, Agriculture and En-
vironment Discussion Paper, 25).

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007


S620 Peres F, Moreira JC

8. Brandão ASP, Rezende GC, Marques RWC. Cresci- 23. Lopes MC, Stripari PC. A cultura do tomateiro. In:
mento agrícola no período 1999-2004: explosão da Gotp R, Tivelli SW, organizadores. Produção de
área plantada com soja e meio ambiente no Brasil. hortaliças em ambiente protegido. São Paulo: Edi-
Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica tora Unesp; 1998. p. 257-304.
Aplicada; 2005. (Texto para Discussão, 1062). 24. Machado Neto JG. Quantificação e controle da
9. Miranda AC, Moreira JC, Carvalho RL, Peres F. exposição dérmica de aplicadores de agrotóxicos
Neoliberalism, pesticide use and the food sover- em culturas estaqueadas de tomate, na região de
eignty in Brazil. In: Breilh J, editor. Latin America Cravinhos-SP [Tese de Doutorado]. Jaboticabal:
health watch (Alternative Latin American Health Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária, Uni-
Report). Quito: Centro de Estudios y Asesoría en versidade Estadual de São Paulo; 1990.
Salud; 2005. p. 115-23. 25. Azaroff L. Biomarkers of exposure to organophos-
10. Vilela NJ, Lopes FJ, Fontes RR. Aspectos socioe- phorous insecticides among farmers’ families in
conômicos das hortaliças no Brasil. http://www. rural El Salvador: factors associated with exposure.
agricultura.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/MAPA/ Environ Res 1999; 80:138-47.
CAMARAS_CONSELHOS/CAMARA_HORTALICAS/ 26. Araújo ACP, Nogueira DP, Augusto LGS. Impacto
R E U N I O E S _ C A M A R A _ H O RTA L I C A S / A S P _ dos praguicidas na saúde: estudo da cultura de to-
SOCIOECO.pdf (acessado em 30/Abr/2006). mate. Rev Saúde Pública 2000; 34:309-13.
11. Almeida WF, Garcia EG. Exposição dos trabalhado- 27. Soares W, Almeida RMVR, Moro S. Trabalho rural
res rurais aos agrotóxicos no Brasil. Rev Bras Saúde e fatores de risco associados ao regime de uso de
Ocup 1991; 19:7-11. agrotóxicos em Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde
12. Gonzaga MC, Santos SO. Avaliação das condições Pública 2003; 19:1117-27.
de trabalho inerentes ao uso de agrotóxicos nos 28. Soares W, Almeida RMVR, Moro S. Rural worker’s
Municípios de Fátima do Sul, Glória de Dourados health and productivity: an economic assess-
e Vicentina – Mato Grosso do Sul – 1990. Rev Bras ment of pesticide use in Minas Gerais, Brazil. Appl
Saúde Ocup 1992; 20:42-6. Health Econ Health Policy 2002; 1:157-64.
13. Faria NMX, Facchini LA, Fassa AG, Tomasi E. Estu- 29. Coutinho JAG, Freitas EAV, Cavalcanti MAS, Ferry
do transversal sobre saúde mental de agricultores RV, Lins LGC, Santos JA, et al. Uso de agrotóxicos
da Serra Gaúcha (Brasil). Rev Saúde Pública 1999; no Município de Paty do Alferes: um estudo de ca-
33:391-400. so. Cadernos de Geociências 1994; 10:23-31.
14. Faria NMX, Facchini LA, Fassa AG, Tomasi E. Pro- 30. Oliveira-Silva JJ, Alves SR, Meyer A, Peres F,
cesso de produção rural e saúde na serra gaúcha: Sarcinelli PN, Mattos RCO, et al. Influência de fato-
um estudo descritivo. Cad Saúde Pública 2000; res socioeconômicos na contaminação por agro-
16:115-28. tóxicos, Brasil. Rev Saúde Pública 2001; 35:130-5.
15. Vaughan E. Chronic exposure to an environmental 31. Delgado IF, Paumgartten FJR. Pesticide use and
hazard: risk perceptions and self-protective behav- poisoning among farmers from the county of Paty
ior. Health Psychol 1993; 12:74-85. do Alferes, Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Públi-
16. McDuffie HH. Women at work: agriculture and ca 2004; 20:180-6.
pesticides. J Occup Med 1994; 36:1240-6. 32. Soares WV, Freitas EAV, Coutinho JAG. Trabalho
17. Hunt L, Tinoco R, Halperin D, Schwartz N. Balanc- rural e saúde: intoxicações por agrotóxicos no Mu-
ing risks and resources: applying pesticides with- nicípio de Teresópolis-RJ. Revista de Economia e
out protective equipment in Southern Mexico. In: Sociologia Rural 2005; 43:685-701.
Hahn R, editor. Anthropology in public health: 33. Chester MH, Adam AV, Inkmann-Koch A, Litchfiel
bridging differences in culture and society. Oxford: MH, Sabapathy R, Tuiman CP. Field evaluation
Oxford University Press; 1999. p. 122-48. of protective equipment for pesticide appliers in
18. Arcury TA, Quandt SA, Dearry A. Farmworker pes- a tropical climate. In: Forget G, Goodman T, Vil-
ticide exposure and community-based participa- liers A, editors. Proceedings of the I Symposium
tory research: rationale and practical applications. Impact of Pesticide use on Health in Developing
Environ Health Perspect 2001; 109 Suppl 3:429-34. Countries. Ottawa: International Development Re-
19. McCauley LA, Lasarev MR, Higgins G, Rothlein J, search Centre; 1993. p. 116-23.
Muniz J, Ebbert C, et al. Work characteristics and 34. Sistema Nacional de Informações Tóxico-farma-
pesticide exposures among migrant agricultural cológicas. Casos registrados de intoxicação huma-
families: a community-based research approach. na e envenenamento. Brasil, 2003. http://www.
Environ Health Perspect 2001; 109:533-8. fiocruz.br/sinitox/2003/umanalise2003.htm (aces-
20. Moreira JC, Jacob SC, Peres F, Lima JS, Meyer A, sado em 30/Abr/2006).
Oliveira-Silva JJ, et al. Avaliação integrada do im- 35. Moysich KB, Ambrosone CB, Vena JE, Shields PG,
pacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde huma- Mendola P, Kostyniak P, et al. Environmental or-
na em uma comunidade agrícola de Nova Fribur- ganochlorine exposure and postmenopausal
go/RJ. Ciênc Saúde Coletiva 2002; 7:299-311. breast cancer risk. Cancer Epidemiol Biomarkers
21. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária do Prev 1998; 7:181-8.
Rio de Janeiro. Informativo PESAGRO-Rio. http:// 36. Dorgan JF, Brock JW, Rothman N, Needham LL,
www.pesagro.rj.gov.br/pesquisas/ambiente.htm Miller R, Stephenson HE, et al. Serum organochlo-
(acessado em 30/Abr/2006). rine pesticides and PCBs and breast cancer risk:
22. Theodoro GF, Maringoni AC. In vitro and in vivo results from a prospective analysis (USA). Cancer
action of chemicals on Clavibacter michiganensis Causes Control 1999; 10:1-11.
subsp. michiganensis, causal agent of the bacterial
canker of tomato. Scientia Agrícola 2000; 57:439-43.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007


SAÚDE, AMBIENTE E AGROTÓXICOS S621

37. Baris D, Kwak LW, Rothman N, Wilson W, Manns A, 45. Alves SR, Oliveira-Silva JJ. Avaliação de ambientes
Tarone RE, et al. Blood levels of organochlorines contaminados por agrotóxicos. In: Peres F, Moreira
before and after chemotherapy among non-Hodg- JC, organizadores. É veneno ou é remédio? Agro-
kin’s lymphoma patients. Cancer Epidemiol Bio- tóxicos, saúde e ambiente. Rio de Janeiro: Editora
markers Prev 2000; 9:193-7. Fiocruz; 2003. p. 137-56.
38. Hoppin JA, Tolbert PE, Holly EA, Brock JW, Korrick 46. Comissão Nacional do Meio Ambiente. Resolução
SA, Altshul LM, et al. Pancreatic cancer and serum Conama nº. 20, de 18 de junho de 1986. Brasília:
organochlorine levels. Cancer Epidemiol Biomark- Comissão Nacional do Meio Ambiente; 1986.
er Prev 2000; 9:199-205. 47. Ramalho FGP, Amaral-Sobrinho NMB, Velloso
39. Parent ME, Siemiatycki J. Occupation and prostate ACX. Contaminação da microbacia de Caetés com
cancer. Epidemiol Rev 2001; 23:138-43. metais pesados pelo uso de agroquímicos. Pesqui-
40. Meyer A, Chrisman J, Moreira JC, Koifman S. sa Agropecuária Brasileira 2000; 35:1289-303.
Cancer mortality among agricultural workers from 48. Peres F, Moreira JC, organizadores. É veneno ou é
Serrana Region, state of Rio de Janeiro, Brazil. En- remédio? Agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio de
viron Res 2003; 93:264-71. Janeiro: Editora Fiocruz; 2003.
41. Koifman S, Koifman RJ, Meyer A. Human repro- 49. Peres F, Lucca SR, Ponte LMD, Rodrigues KM,
ductive system disturbances and pesticide expo- Rozemberg B. Percepção das condições de traba-
sure in Brazil. Cad Saúde Pública 2002; 18:435-45. lho em uma tradicional comunidade agrícola em
42. Cocco P. On the rumors about the silent spring. Boa Esperança, Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Bra-
Review of the scientific evidence linking occupa- sil. Cad Saúde Pública 2004; 20:1059-68.
tional and environmental pesticide exposure to 50. Peres F, Rozemberg B, Lucca SR. Percepção de
endocrine disruption health effects. Cad Saúde riscos no trabalho rural em uma região agrícola do
Pública 2002; 18:379-402. Estado do Rio de Janeiro, Brasil: agrotóxicos, saúde
43. Silveira MP, Baptista DF, Buss DF, Nessimian JL, e ambiente. Cad Saúde Pública 2005; 21:1836-44.
Egler M. Application of biological measures for 51. Peres F, Rozemberg B, Alves SR, Moreira JC,
stream integrity assessment in south-east Brazil. Oliveira-Silva JJ. Comunicação relacionada ao uso
Environ Monit Assess 2005; 101:117-28. de agrotóxicos em uma região agrícola do Estado
44. Zebarth BJ. Improved manure, fertilizer and pesti- do Rio de Janeiro. Rev Saúde Pública 2001; 35:564-
cide management for reduced surface and ground- 70.
water. Ottawa: The Pacific Agri-Food Research
Centre; 1999. (The Pacific Agri-Food Research Recebido em 04/Mai/2006
Centre Technical Publications, 23). Versão final reapresentada em 09/Nov/2006
Aprovado em 15/Jan/2007

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 Sup 4:S612-S621, 2007

Das könnte Ihnen auch gefallen