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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

MARINHA DO BRASIL

DIRETORIA DE ENSINO DA MARINHA

LIVRO - TEXTO

DE

HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

2001

OSTENSIVO -I-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

ÍNDICE

Páginas

Índice .............................................................................................................................................III
Introdução ...........................................................................................................................................VI

CAPÍTULO 1 - HIGIENE E PROFILAXIA

0101 - Princípios Básicos de Higiene Pessoal........................................................ 1-1


0102 - Princípios Básicos da Higiene Coletiva....................................................... 1-8
0103 - Influência da Poluição Para a saúde............................................................ 1-9
0104 - Aspectos Particulares da Higiene Naval..................................................... 1-9
0105 - Principais Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) ......................... 1-10
0106 - Precauções e Profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis........ 1-12
0107 - Importância dos Exames Periódicos na Prevenção das DST ....................1-12

CAPÍTULO 2 - DROGA (TÓXICOS), ALCOOLISMO E FUMO

0201 - Tipos de Tóxicos e Suas Conseqüências Para o Organismo e na Vida


Social ............................................................................................................... 2-1
0202 - Fases do Alcoolismo - efeitos no organismo e na Vida Social ............... 2-8
0203 - Efeitos Nocivos dos Componentes do Fumo para o Organismo e Suas
Conseqüências Sociais......................................................................... 2-11

CAPÍTULO 3 - PRIMEIROS SOCORROS

0301 - Limitações e Importância dos Primeiros Socorros ...................................... 3-1


0302 - Hemorragias Externas ..................................................................................... 3-1
0303 - Tipos de Hemorragias ..................................................................................... 3-1
0304 - Procedimentos em Caso de Primeiros Socorros em Ferimentos com
Hemorragia ................................................................................................. 3-3

OSTENSIVO - III -
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 4 - ESTADO DE CHOQUE

0401 - Conceito de Choque ........................................................................ 4-1


0402 - Sintomas de Estado de Choque ....................................................... 4-2
0403 - Principais Causas de Estado de Choque............................................ 4-2

CAPÍTULO 5 - ASFIXIA

0501 - Principais Causas de Asfixia ............................................................. 5-1


0502 - Socorro de Urgência em Caso de Obstrução das Vias Aéreas ........... 5-2

CAPÍTULO 6 - CHOQUE ELÉTRICO

0601 - Conceito de Choque Elétrico ........................................................... 6-1


0602 - Efeitos do Choque Elétrico ............................................................. 6-1
0603 - Primeiros Socorros no Choque Elétrico .................................................... 6-2

CAPÍTULO 7 - QUEIMADURAS

0701 - Conceito ......................................................................................... 7-1


0702 - Graus de Queimaduras e Suas Conseqüências Quanto à Superfície e
Profundidade ................................................................................................. 7-1
0703 - Agentes Causadores de Queimaduras . .................................................... 7-2

CAPÍTULO 8 - INSOLAÇÃO, INTERMAÇÃO E CONGELAMENTO

0801 - Conceito .......................................................................................... 8-1


0802 - Comparação Entre os Sintomas Mais Frequentes de Insolação,
Intermação e Congelamento....................................................................... 8-1
0803 - Procedimentos Adequados a Serem Prestados à Vítima de Insolação,
Intermação e Congelamento ........................................................................ 8-2

OSTENSIVO - IV -
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 9 - TRAUMATISMO

0901 - Conceito de Entorse e de Luxação ................................................. 9-1


0902 - Características das Fraturas Simples ................................................ 9-3
0903 - Fraturas Expostas ........................................................................... 9-3
0904 - Procedimentos Adequados em Caso de Fraturas, Entorses e
Luxações ....................................................................................................... 9-4
0905 - Tipos Especiais de Fraturas ........................................................................ 9-6

CAPÍTULO 10 - SOBREVIVÊNCIA NO MAR

1001 - Cuidados com Pernas, Pés, Olhos, Pele e Peixes perigosos ....................10-1
1002 - Coletes e Balsas salva-vidas ........................................................... 10-11

REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 10-20

OSTENSIVO -V-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

INTRODUÇÃO

Esta publicação tem objetivo de servir de material de consulta, contribuindo


para o aprendizado do aluno no assunto em causa, cuja abordagem é feita em linguagem
clara e simples, proporcionando aos Aprendizes-Marinheiros e Reservistas Navais, conhe-
cimentos para capacitá-los a prestarem os primeiros Socorros a uma vítima até a chegada
de um médico, num caso de acidente ou mal súbito.

OSTENSIVO - VI -
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 1

HIGIENE E PROFILAXIA

0101 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HIGIENE PESSOAL


A higiene pessoal compreende o asseio corporal, vestuário adequado e
boa alimentação.

a) Asseio Corporal: Banho e Higiene Bucal

BANHO: Quando à TEMPERATURA, os banhos muito frios roubam


demasiado calor do corpo e alteram o ritmo circulatório (devem ser rápidos); os
banhos muito quentes, acima de 37º C, elevam a temperatura do corpo, avermelham
a pele, provocam sudação e sonolência; já os banhos entre as temperaturas de 16 e
25º C despertam uma sensação agradável e excitam provavelmente a circulação
periférica.
Quanto ao tipo, verificamos que os banhos de imersão são aqueles toma-
dos em banheiras, que exigem grande quantidade de água e são insuficientes para
uma boa higiene.
Os banhos de aspersão, pouco dispendiosos, são ainda os mais indicados
para o perfeito asseio da pele.
Os sabões, misturados de sais alcalinos e ácidos graxos, têm ação química,
mecânica e anti-séptica e contribuem para uma maior eficácia dos banhos.
Há certas partes do corpo que requerem cuidados especiais, tais como ca-
belo, mãos, pés, olhos, nariz e boca.

HIGIENE BUCAL - Talvez desde criança você tenha recebido conselhos


para escovar os dentes três vezes ao dia. Se você seguiu o conselho, percebeu que
uma boca bem cuidada influi na aparência e faz a pessoa se sentir melhor, com um
hálito fresco e um sorriso mais atraente.
Mas é bem provável que jamais alguém tenha falado que, ao escovar os

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

dentes, você estava removendo um terrível inimigo de sua boca: a placa bacteriana.

RECURSOS PARA MANTER A HIGIENE BUCAL


Placa bacteriana - É uma camada pegajosa e incolor de bactérias. É
comprovadamente, a principal causa das duas doenças dentárias mais comuns: a
cárie, que é a principal causa da perda de dentes nas crianças e a gengivite (inflama-
ção das gengivas), que é a principal causa da perda de dente nos adultos.
Se você não remover a placa diariamente, ela irá se acumulando na base
dos dentes, até se transformar num depósito endurecido chamado tártaro, que
só pode ser removido pelo seu Dentista.
Se o tártaro não for removido, novas placas podem se formar sobre ele,
causando eventualmente a destruição dos dentes e das gengivas. Essa destrui-
ção pode ser evitada, pois os dentes têm uma consistência para durar a vida toda.
Quando você visita o seu dentista regularmente, ele pode ajudá-lo a pre-
venir a perda de dentes. E também pode tratar das doenças dentárias já iniciadas.
Pode, ainda, instruí-lo no controle da placa em seus dentes. E para isto é preciso
revelar o inimigo.

Revelador de Placa Bacteriana - Como revelar seu dentista pode lhe indi-
car um revelador de placas bacteriana em pastilhas ou solução. Este revelador
mostra claramente em que local dos dentes estão localizadas as placas.
Veja a seguir como se revela e remove a placa:

1) Mastigue uma pastilha ou faça bochechos com o revelador.

2) Esvazie a boca.

3) Examine seus dentes diante de um espelho, numa área bem iluminada. A


cor que fica nos seus dentes indica o acúmulo de placas que deve ser removido
com o auxílio do fio dental e da escova . Quando as partes coloridas desaparecem
do seu dente, é sinal de que as placas foram removidas.

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Obs.: O elemento revelador também pode colorir sua língua e gengivas por
um curto período.

4)Inicialmente, este auxílio é importante para facilitar a identificação e


remoção da placa, pelo uso da escova ou do fio dental. Mas à medida que você for
adquirindo experiência de limpar corretamente os dentes, o uso do revelador será
preciso apenas para uma verificação ocasional.

Fio Dental - remova placas e resíduos entre os dentes, principalmente per-


to das gengivas. É importantíssimo que você use para limpar estas áreas, porque as
cáries e inflamações da gengiva geralmente têm início, nesses locais onde a escova
não pode alcançar. O uso correto do fio dental pode ser desenvolvido com um
pouco de prática. Você não deve desistir nas primeiras tentativas. Depois de alguns
dias, o seu uso tomará apenas alguns minutos do seu tempo. Procure dividir sua
boca em “quatro seções”. Use o fio dental em apenas metade de seus dentes supe-
riores; a seguir, na outra metade; faça o mesmo nos dentes inferiores. Estabeleça
seu próprio padrão de tempo-rotina para o uso o fio dental, de forma a atingir todos
os dentes sem prejudicar nenhum deles. Suas gengivas podem sangrar um pouco
nas primeiras vezes que você usar o fio dental. Mas, ao ser quebrada a placa e
retiradas as bactérias, a cicatrização é rápida e cessa o sangramento. Se isto não
acontecer, consulte seu dentista. Procure não fazer muita força ou pressão ao intro-
duzir o fio dental entre os dentes e sob a linha das gengivas.

Como usar o fio dental:

1 - Retire da embalagem cerca de 40 centímetros do fio dental, enrolando-


o, na sua maior parte, no dedo médio.

2 - Enrole o restante no mesmo dedo da outra mão. Este servirá como


“depósito” do fio dental usado.

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Fig. 1-3
Fig. 1-1, 2 - Uso do Fio Dental

3 - Para guiar o fio entre os seus dentes, use os polegares e os indicadores,


com três centímetros de fio dental entre eles.

4 - Para colocar o fio entre seus dentes, estique o fio dental com firmeza e
faça movimentos de vai-e-vém. Nunca force o fio para dentro dos dentes. Quando o
fio dental atingir a linha das gengivas, curve-o sobre o dente, com delicadeza,
percorra com ele o espaço entre a gengiva e o dente, até que você sinta resistência.

5 - Faça movimentos fortes contra o lado do dente de cima para baixo,


segurando o fio dental firmemente contra ele e o fio dental para fora da gengiva
incorporar.

6 - Repita este método em todos os dentes.

b) ESCOVA - COMO USÁ-LA

A escovação correta remove a placa e outros detritos que se acumulam em


todas as partes dos seus dentes.

Peça ao seu dentista para recomendar uma escova dental para você. A

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

maioria dos dentistas receita uma escova com cabo reto, superfície de escovar
plana, cerdas suaves e pontas arredondadas. As cerdas suaves têm uma vantagem:
menos possibilidade de causar o endurecimento dos tecidos da gengiva. A cabeça
da escova deve ser pequena o suficiente para alcançar cada dente. E as crianças
necessitam de escovas ainda menores do que as desenhadas para adultos.
Existem vários métodos aceitáveis para uma escovação correta. O que se
segue é, atualmente, o recomendado para a remoção da placa.

1 - Coloque a cabeça da escova paralela aos dentes, com as pontas das


cerdas contra a linha das gengivas.

2 - Mova a escova para frente e para trás, atingindo a metade dos dentes,
diversas vezes com movimentos curtos e vigorosos.

3 - Escove as superfícies externas de cada dente, tanto os inferiores quanto


os superiores, mantendo as cerdas em ângulo contra a linha das gengivas.

4 - Use o mesmo método em todas as superfícies internas de seus dentes,


tanto os inferiores quanto os superiores, usando ainda o mesmo movimento curto
de vai-e-vém.

5 - Para os dentes da frente, escove as superfícies internas dos dentes infe-


riores e superiores, inclinando a escova verticalmente e fazendo diversos movimen-
tos para cima e para baixo com a parte frontal da escova sobre o dente e o tecido da
gengiva.

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Fig. 1-4 - Seqüência da Escovação Correta

Troque sua escova constantemente: uma escova gasta não limpa seus den-
tes. Sua escova limpa apenas um ou dois dentes de cada vez. Mude de posição
freqüentemente. Escove suavemente e com movimentos curtos, mas use suficiente
pressão, de forma a sentir as pontas das cerdas contra as gengivas.
Limpar sua língua com a escova ajuda a manter sua boca com uma sensa-
ção de agradável frescor. A escovação dos dentes, assim como o uso do fio dental,
requer um mínimo de prática para ser feita corretamente. Ao invés de escovar os
dentes superficialmente, diversas vezes ao dia, é preferível escovar menos vezes, de
maneira eficaz. Só assim a formação de placas fica sob controle. Na escovação, se
você sentir desconforto ou ocorrer sangramento repetidamente, consulte o seu den-
tista.
Os cremes dentais que contêm flúor são considerados efetivos na preven-
ção da cárie. O uso de creme dental ou pó dentifrício durante a escovação propor-
ciona uma sensação de frescor. Alguns dentistas preferem recomendar o uso de um
antisséptico bucal para a escovação.

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Nestes casos, a escova deve ser molhada com o produto antes de ser
usada.
O BOCHECHO
Razões para bochechar - Você pode completar a rotina do fio dental e da
escovação bochechando vigorosamente com água. Isto removerá pedaços soltos de
placas e resíduos que se desprendem dos dentes e gengivas.
Nas atividades de hoje, nem sempre as pessoas têm oportunidade para
usar a escova ou fio dental após as refeições. Neste caso, bochechar com um
antisséptico é uma solução efetiva para a higiene bucal.
A ação detergente de um antisséptico, através do bochecho, permite remo-
ver os resíduos alimentares. Sendo um produto com propriedades anti-sépticas e
alcalinas (antiácidas), ele neutraliza a ação dos ácidos bucais causadores da cárie e
do mau hálito, deixando sua boca limpa e saudável.

b) O VESTUÁRIO ADEQUADO
A função do vestuário, do ponto de vista da higiene, é também das mais
importantes. Ele regula a perda de calor do corpo humano, calor que, como se
sabe, se elimina em sua maior parte, pela pele. Estando coberta convenientemente
pelas vestes, essa perda se restringe, quando há abaixamento de temperatura, no
ambiente. E se eleva, em caso contrário.
O vestuário também abriga o organismo contra umidade que provém do
ar atmosférico ou da própria pele, por intermédio do suor, com proteção necessária
ao organismo, sem perturbar de qualquer modo o ritmo normal das funções orgâni-
cas.

Os calçados merecem recomendações especiais, protegem os pés, parte do


corpo em que a sudorese é mais intensa. Devem ser de pano ou de couro, providos
de salto baixo, para que não haja desvio de eixo de gravidade do corpo, evitando-se
os bicos finos que calejam os dedos, dificultam a circulação, etc.

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

c) A BOA ALIMENTAÇÃO
Deve ser constituída de proteínas, gorduras, açúcares, sais minerais, vita-
minas e água.
Estes elementos são encontrados na carne, leite, frutas, legumes e cereais.
Não sendo boa regra de higiene alimentar adotar regimes exclusivos, animal ou
vegetariano, é preferível o regime misto, com o qual se torna possível levar ao
organismo os materiais energéticos indispensáveis.
Nos climas quentes devem ser evitadas substâncias gordurosas, bem como
bebidas alcoólicas, porque ambas produzem elevado número de calorias que au-
mentam sensivelmente o calor interno, o qual somado ao calor externo podem cau-
sar graves perturbações de saúde.

0102 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HIGIENE COLETIVA

A Higiene Coletiva compreende o estudo do solo, água e ar.


a) SOLO - O estudo higiênico do solo se relaciona com a circulação das águas sobre
a sua superfície ou nas camadas inferiores, águas correntes ou estagnadas, sua
contaminação, sua depuração, disposição e regime das fontes causam problemas
diversos que muito interessam à saúde do homem.
Inúmeros são os parasitas encontrados no solo, em diferentes estágios de
vida (ovos, embriões, larvas), que podem atingir o homem, seja por penetração
cutânea ou por via digestiva; (ingestão de frutas mal lavadas, legumes crus, etc.)

b) A ÁGUA - A água, cuja fórmula química é H2O (duas moléculas de hidrogênio e


uma de oxigênio), tem também sua grande importância na higiene. É chamada água
potável aquela que pode ser bebida pelo homem e que deverá ter como característi-
ca: ser insípida; inodora e incolor. Cuidados deverão ser tomados com o local onde
é extraída a água. A captação da água dos rios, lagos, açudes, etc., produz inúmeras
doenças pelas poluições e contaminações a que está sujeita.

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

A água, que abastece as cidades, sofre tratamento especial (cloração, con-


siderado hoje o método mais seguro para purificação da água) e mesmo assim, deve
ser feito também em casa o tratamento pela filtração ou fervura.

c) O AR - O ar pode ser considerado um veículo de micróbios, por isto observa-se


a transmissão aérea de certas doenças como gripe, tuberculose e difteria. Como
medidas higiênicas devemos viver o mais possível ao ar livre, fazendo passeios à
praia, ao campo, às montanhas e vigiando a perfeita ventilação dos locais de traba-
lho e dos quartos de dormir. Evitar, sempre que puder, os meios empoeirados ou
enfumaçados e, de um modo geral, os ambientes fechados, onde o ar pouco ou
nada se renova. Inspirar profundamente de vez em quando, para que sejam arejados
convenientemente as partes mais recônditas dos brônquios. Efetuar exercícios físi-
cos, que levam maior quantidade de oxigênio aos pulmões. Respirar sempre pelo
nariz.

0103 - INFLUÊNCIA DA POLUIÇÃO PARA A SAÚDE


A poluição é a causa de inúmeras doenças. O ar poluído é responsável por
alegrias respiratórias, conjuntivites e até determinados tipos de câncer de pulmão.
A água poluída é responsável por diversas infecções bacterianas e virais,
tais como a hepatite.
Os esgotos representam o mais sério problema de higiene urbana, conta-
minando a água dos rios ao longo do percurso urbano, invalidando-o para qual-
quer uso doméstico ou público, além de produzir mau cheiro.
Os altos níveis de ruídos, acarretando a poluição SONORA acarretam
problemas auditivos e até mentais.

0104 - ASPECTOS PARTICULARES DA HIGIENE NAVAL


O objetivo da higiene é manter o homem em bom estado de saúde e prevenir
contra acidentes e doenças.
O saneamento a bordo dos navios diz respeito à manutenção de condições
ideais do ambiente onde o homem trabalha e vive. É um ramo mais antigo da saúde

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pública. O navio nada mais é que uma casa flutuante e as regras sanitárias são as
mesmas. Isso significa limpeza, provisionamento adequado de material de reposi-
ção para o navio e sua tripulação, e instalações adequadas e suficientes a bordo.
Saneamento também significa alimentação sadia, fresca e suficientemente cozida
para matar parasitas e micróbios que possam estar contidos nos alimentos. Também
significa ventilação de cobertas, camarotes, cozinhas e praças de máquinas e com-
pleta proteção da tripulação contra parasitas. A bordo dos navios as maiores ame-
aças à saúde dizem respeito às baratas, pulgas, formigas, piolhos, percevejos, mos-
cas, mosquitos e ratos. Especial atenção deve ser dada quando constatado surtos
desses parasitas a bordo. Todo esforço deve ser feito para evitá-los.

0105 - PRINCIPAIS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS


As principais doenças sexualmente transmissíveis são o cancro mole, a
sífilis, a gonorréia, o linfogranuloma venéreo, a AIDS, o herpes genital, e o condiloma
acuminado. Há ainda doenças eventualmente transmitidas pelo contato sexual, tais
como molusco contagioso, fitiríase (chato), escabiose (sarna), tricomoníase,
candidíase e, uretrite não gonocócica.

a) CANCRO MOLE: ulcerações que ocorrem nos órgãos genitais após cerca de
cinco dias do coito, causada pelo bacilo de Ducrey. O quadro é acompanhado de
gânglios múltiplos na virilha.

b) SÍFILIS: Doença causada pelo micróbio Treponema Pallidum. O primeiro sinto-


ma é o CANCRO DURO, ferida geralmente única na região genital, que surge
sempre em média 3 a 4 semanas após o contágio sexual (período primário). Se não
for tratada, a doença evolui para o período secundário, que é a fase de generaliza-
ção da moléstia através da corrente sangüínea, caracterizada pelo aparecimento de
múltiplas manchas no corpo de aspectos variáveis. Após alguns anos sem trata-
mento, a doença evolui para o período terciário, com danos irreversíveis para o
sistema cardiovascular e neurológico.
Convém lembrar que uma mãe contaminada dará à luz a um bebê com

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graves problemas de saúde.

c) GONORRÉIA: O Gonococo é o agente casual da gonorréia ou blenorragia, infec-


ção que sobrevem após 1 a 7 dias de incubação e se localiza primeiramente na uretra
(uretrite purulenta), daí podendo propagar-se a outros órgãos do aparelho urinário
(cistite, pielite) e genital (orquite, apididimite, prostatite), gerando complicações
mais graves. Nos recém-nascidos, mães contaminadas dão à luz a bebê com
conjuntivite gonocócica. Os tratamentos mal feitos determinam a cronicidade da
doença.

d) LINFOGRANULOMA VENÉREO: Causado por bactéria que é Clamídia


Trachomatis. Inicia-se com uma discreta lesão nos órgãos genitais, que na maioria
dos casos nem é percebida. Causa grande íngua na virilha (bubão), que tende a se
romper em múltiplos orifícios. Sua evolução é muito lenta e pode causar elefantíase,
que é o aumento acentuado da genitália.
e) AIDS OU SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida): Doença do sistema
de defesa imunológico provocada pelo vírus HIV. Por causa da falha das defesas do
organismo, germes e micróbios, contra os quais normalmente esse organismo se
defende bem, invadem o sangue e os tecidos. Esses germes são chamados de
“oportunistas” pois eles aproveitam para se multiplicar e gerar tumores.
As manifestações clínicas da doença não aparecem pela reação do próprio
sistema imunológico, mas por inúmeros tipos de infecções ou até cânceres, que vão
constituir o quadro clínico da doença e configurar sua gravidade

f) HERPES GENITAL: Infecção viral causada por herpesvirus que pode seguir de
forma aguda com pequenas vesículas agrupadas ou permanecer latente, situação
em que o hospedeiro pode transmitir a doença sem apresentar sintomas.

g) CONDILOMA ACUMINADO: Infecção viral que sem caracteriza pelo apareci-


mento de múltiplas verrugas na região genital. Está associado ao câncer de colo de
útero.

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

0106 - PRECAUÇÕES E PROFILAXIA DAS DOENÇAS SEXUALMENTE


TRANSMISSÍVEIS
De um modo geral, a seleção do(a) parceiro(a) e uso de preservativos
(camisinha) tornaram-se extremamente importantes devido ao crescimento das
DST. No caso da AIDS, em particular, os indivíduos devem precaver-se em rela-
ção às transfusões sanguíneas ou injeções contaminadas, visto que o vírus está
presente na corrente sangüínea. Verificamos então que os grupos de risco iminen-
te são os toxicômanos, os hemofílicos, os homo e bissexuais.

0107 - IMPORTÂNCIA DOS EXAMES PERIÓDICOS NA PREVENÇÃO DAS DST


A realização de exames periódicos permite detectar doenças nas fases inici-
ais ou de latência tais como a sífilis e a AIDS. Tal procedimento permite providên-
cias terapêuticas precoces, aumentando a chance de cura ou controle da doenças e
evitando que esse indivíduo infecte outras pessoas por desconhecimento do proble-
ma.

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CAPÍTULO 2

DROGA (TÓXICO), ALCOOLISMO E FUMO

0201 - TIPOS DE TÓXICOS E SUAS CONSEQÜÊNCIAS PARA O ORGANISMO E NA


VIDA SOCIAL
Droga ou tóxico é toda e qualquer substância que, introduzida no organis-
mo, modifica uma ou mais de suas funções.
Os tóxicos são divididos em cinco grupos:
a) Alucinógenos;
b) Narcóticos;
c) Hipnóticos;
d) Estimulantes; e
e) Tranqüilizantes.

Alucinógenos - tóxicos que produzem alucinações. A alucinação é um erro


mental que faz perceber o que não existe.

Os efeitos das diferentes substâncias não são idênticos.

O sintomas aparecem pouco tempo depois da ingestão e a duração é vari-


ável. É freqüente o organismo acostumar-se com droga, exigindo doses cada vez
maiores. Ex. Maconha, Cocaína e LSD.
a) Maconha (Haxixe ou Marijuana)
- Cannabis sativa (gr. cannabis - Cânhamo, sativa = cultivada).
- Planta dóica
- Cultivada há 4.000 anos na China para a indústria de cordas.
- Suporta grandes variações climáticas, produzindo fibras ruins, e muito

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

THC (tetra-hidro-canabinol), princípio ativo da maconha.

A maconha de fato é a resina natural que cobre as folhas mais próximas das
flores.
A maconha bruta contém quantidades significativas de THC sob forma
ácida, não mostrando nenhuma atividade psicotrópica. Quando aquecido pode au-
mentar de 100% a quantidade ativa de THC consumido. O processo se chama prólise
da maconha.
É por isso que a maconha é geralmente consumida em forma de cigarros.
Chama-se Haxixe a um chá feito com toda a planta, folhas, flores, caule
etc. É interessante observar que o termo “assassino” deriva da planta “haxixe”, o
que nos leva a conclusões sérias.
Marijuana - é a designação castelhana do cigarro de maconha.
É vendido também em extrato muito concentrado a que se dá o nome de
“óleo” ou “resina” e que pode ser consumido sob a forma diluída, no tabaco ou em
chás e bebidas.
Há tempos atrás discutia-se os malefícios da maconha. Uns achavam-na
inofensiva. Outras a consideravam maléfica. Porém a opinião predominante, nos
meios científicos brasileiros e internacionais, é a do malefício da maconha.

b) Cocaína
. Extraída das folhas da coca, planta dos planaltos andinos do Peru e
Bolívia.
. Era usada como anestésico (perigosa para diabéticos e cardíacos).
. 0,05g põe em perigo a vida.

Entre as farmacodependências tradicionais ou folclóricas, não consideran-

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

do o alcoolismo, talvez a mais comum seja “coqueio”. “Coqueio” é o hábito maior


de mascar folhas de coca, para mascarar a fome, muito comum entre as populações
indígenas e campesinas dos Andes Centrais, Bolívia, Peru e Norte da Argentina.

c) LSD (Ácido Lisérgico Dietilamina)


Do esporão do centeio é extraído o LSD.
Extraído do fungo “Clavíceps pupurea”, que é parasita da espiga de cereais.

d) Narcóticos - (ÓPIO, HEROÍNA, MORFINA)


Tóxicos que produzem narcose, isto é, sonhos e inibem a dor.
Têm o nome genérico de opiáceos, dadas as suas derivações do ópio. A
dependência de narcóticos é freqüente nos países orientais, em que se mastiga ou se
fuma o ópio. O principal medicamento de tráfico ilícito é a heroína, quase sempre
tomada através de injeções intravenosas.
Os narcóticos são extraídos da cápsula da papoula (PAPUER
SOMNIFEROM) e no suco seco da cápsula há 10% de morfina.

e) Hipnóticos (Barbitúricos)
Tóxicos que produzem sono e mesmo a hipnose, isto é, derivados do ácido
barbitúrico. Modificações leves na cadeia do ácido barbitúrico nos dão o
HEXOBARBITAL (Evipan) ou o FENOBARBITAL (Prominal, Luminal, Veronal
etc.)
Os nomes verdadeiros são camuflados sob as designações de “pássaros
vermelhos” ou as “amarelinhas”.

f) Estimulantes (Anfetaminas)
Grupo de drogas que atuam de forma estimulante. Atenuam a hiperexitação.
Há uma série de usos inadequados das anfetaminas:

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

. o estudante que toma a “boleta” pela boca;


. mulheres gordas, inteiramente deprimidas, que podem tornar-se
fisicamente dependentes das anfetaminas prescritas para diminuir o apetite e consi-
derar que não podem viver bem sem suas doses de anfetaminas pela manhã;
. os motorista podem tomar grandes quantidades pela boca para
não dormirem na estrada.
Em todos os casos acima as conseqüências podem ser desastrosas.

g) Tranqüilizantes

Tóxicos que inibem os estados de tensão e medo, produzindo


serenidade. São numerosos “Valium, Librium, Magodon, Sederam, Demopax,
Equanil... e o fumo.

EFEITOS SOBRE O ORGANISMO E O COMPORTAMENTO

Os tóxicos não agem da mesma forma, com relação à dose usada. O


hexobarbital age como hipnótico, narcótico e alucinógeno, conforme a dosagem.
Inclusive, uma dosagem elevada pode ocasionar a morte.

15mg Fenobarbital: tranquilizante


25mg Hexobarbital: hipnose
50mg Hexobarbital: narcose
100mg Hexobarbital: alucinações e morte.

Os tóxicos não agem da mesma forma sobre todas as pessoas, sendo po-
rém maléficos a todas. Porém, há as que resistem mais e há as que são mais sensí-

- 2-4-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

veis. Sabe-se que o organismo feminino é mais sensível. Houve casos em que só
uma dose de heroína foi suficiente para desencadear o processo de toxicomania.
Quase todos os tóxicos produzem tolerância, isto é, para se obter os mes-
mo efeitos as doses devem ser cada vez maiores.
Sabe-se que os tóxicos atuam sobre o sistema nervoso central, ou sistema
nervoso vegetativo, ou o sistema nervoso sensitivo, ou o sistema nervoso motor,
ou diretamente no cérebro.
Mas como o sistema nervoso humano é extremamente complexo, não te-
mos informações exatas de como age um tóxico, Simon, especialista em morfina,
supõe a existência de receptores morfínicos cerebrais.
Nas primeiras doses, os tóxicos produzem momentos euforizantes. O dro-
gado se sente feliz, aliviado, cheio de sensações estranhas e agradáveis.
É por isso que procura novas doses e mais doses. Cria-se, então, uma
intoxicação que leva à dependência física: para sentir as sensações estranhas o cor-
po exige cada vez mais droga. Surge uma dependência psíquica: passado o efeito
da droga, o drogado não se sente mais gente.
Precisa dela para ser gente. Aparece a síndrome de abstinência: sem a dro-
ga, o drogado não consegue mais viver.
Contrariamente ao que muitos pensam, o drogado passa dias e dias sem
comer. Não aceita e não procura comida. Procura a droga.
São numerosos os caso em que o drogado morre infeccionado.
Sobretudo, em se tratando de tóxicos injetáveis, quando as seringas e agu-
lhas usadas permanecem em péssimo estado de higiene.
É sabido que o tóxico inibe o mecanismo sexual. O viciado não se interessa
por sexo. Para ele, sexo é algo secundário. É freqüente o viciado encobrir seu vício
sob formas e atitudes sexuais.
É um modo de despistar sua toxicomania.
O drogado torna-se um indivíduo perigoso, capaz:

- 2-5 -
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

. dos gestos mais absurdos;


. das atitudes mais agressivas; e
. do comportamento mais sanguinário, a fim de alcançar os seus objetivos.
É freqüente o viciado encobrir seu vício ou crime, dando-lhes aspectos
sexuais. É um modo de despistar a sua toxicomania.
Crimes, suicídios e ajustamentos de contas, este é o dramático cortejo da
droga.

EFEITOS SOMÁTICOS DA MACONHA (dose 0,05mg/Kg)

1 - Déficit de coordenação motora, o que impede que se dirija um carro ou


se realize um trabalho de precisão.
2 - Estreitamento das pálpebras.
3 - Vermelhidão das conjuntivas. Dá-se a perda de percepção visual da
distância, da profundidade, das formas, dos esquemas e dos contrastes.
4 - Perda da força muscular; o equilíbrio é afetado; desaparece o domínio
e a segurança das mão.
5 - Aceleração do ritmo cardíaco; os pulsos disparam. É a taquicardia.
Diminuição da temperatura.
6 - Movimentos lentos, devido ao relaxamento muscular.
7 - Diminuição de salivação, o que provoca a secura da boca, língua e
garganta, seguindo-se forte sensação de sede, algumas vezes fome e vontade de
comer doces.

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

EFEITOS DA MACONHA SOBRE O COMPORTAMENTO

1 - Indiferença ao meio, em particular com a total distorção do tempo.


2 - Euforia. Procura-se a maconha pelos seus efeitos euforizantes, porém,
não raro, o efeito é inverso. Surge um sentimento de perseguição, sensação de se
sentir mal e de enlouquecer.
3 - Rir incontido, parecendo duplo: o de uma pessoa que ri e outra, ansiosa
e em pânico, com medo de se fazer mal e de enlouquecer.
4 - Diminuição da auto-determinação, chegando à despersonalização. Per-
da de contato com a realidade.
5 - Estado de sonolência, de letargia, de preguiça: “pouco se importa com
o que acontece”.
6 - Realização parcial das tarefas, em especial a fragmentação ininteligível
da palavras e frases. É o que se chama “desintegração temporária” da memória.
7 - Estado alucinatório: cabeça enfurnada, membros leves, membros volu-
mosos, membros alongados, som de picotamento, vibrações estranhas.

Muitos sintomas citados se instalam e se tornam crônicos: é o que se cha-


ma “síndrome amotivacional”.

SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

- Efeitos Psicossomáticos da Heroína.


Quem toma 10mg de heroína a cada 4 horas, por mais de duas semanas,
adquirirá a dependência física. A dependência física é um estado de adaptação do
corpo que requer a introdução contínua da droga; caso contrário surge a síndrome
de abstinência. A síndrome de abstinência atinge com a heroína e a morfina o seu
máximo entre 48 e 72 horas após a última dose.

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Caracteriza-se por tensões físicas e mentais de vários tipos desde ansieda-


de, inquietação, transpiração, coriza e lacrimejação excessivas.

0202 - FASES DO ALCOOLISMO - EFEITOS NO ORGANISMO E NA VIDA


SOCIAL
São as seguintes as fases do alcoolismo: inicial, progressiva e perda de
controle.

a) Fase Inicial - nessa primeira fase o indivíduo, por apresentar forte ten-
são emocional e tendendo a tomar uma pequena dose de álcool e sentido-se bem e
aliviado, passa a utilizá-lo sempre que estiver em situações idênticas de depressão
ou ansiedade, ficando assim dependente da bebida.

b) Fase Progressiva - esta fase já é uma etapa mais grave; após tomar
pequena quantidade de bebida, no dia seguinte, sente dificuldade de lembrar o que
passou na noite anterior; ele pratica certos atos que não lembra, por isso a bebida
passa a ser para ele uma necessidade de fuga.

c) Perda de Controle - neste estágio o indivíduo não consegue controlar


mais sua vontade, bebe a primeira dose, bebendo até tornar-se inconsciente.

O álcool pode causar os seguintes estados:

Embriaguez Incidental
Onde as pessoas ficam, dependendo da constituição física e temperamen-
to, alegres, humoristas, eufóricas ou tristes, retraídas e caladas.

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Embriaguez Mórbida
Patológica - o indivíduo bebe para esquecer a doença e a agrava ainda
mais, pois além da doença torna-se um viciado.

Embriaguez Crônica
O indivíduo já não pode passar sem beber diariamente, tornando-se um
bebedor inveterado e apresenta-se desconfiado e delirante.

EFEITOS SOBRE O ORGANISMO E O COMPORTAMENTO HUMANO


As conseqüências que o álcool passa a acarretar são variáveis e depen-
dem da:

a) quantidade ingerida;
b) oportunidade de bebida; e
c) constituição física ou psíquica do indivíduo.

Ele sempre afeta o organismo e o psiquismo do indivíduo.

Efeitos sobre o organismo


1 - Moléstia do coração - o álcool enfraquece o funcionamento do coração,
amortecendo a pulsação do mesmo.
2 - Moléstia do estômago - o álcool é absorvido pelo estômago, provocando a
gastrite.
3 - Moléstia do fígado - o álcool age no fígado causando a degeneração (cirrose)
4 - Degeneração dos vasos sangüíneos - o álcool penetra no sangue dilatan-
do os vasos, o que causa a passagem do sangue ou o estreitamento, impedindo a
circulação do mesmo.

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

5 - Modificação da fisionomia - o indivíduo torna-se transfigurado, começa


a perder as formas.
6 - Ressaca - conseqüência após o efeito do álcool, apresenta-se em forma
de cansaço, transpiração excessiva, dor de cabeça, desequilíbrio e irritação.

Efeitos sobre o comportamento


As conseqüências psíquicas apresentam os seguintes sintomas:

1) Transformação da Personalidade - o indivíduo sob o efeito do álcool


passa de tímido para audacioso, valente e às vezes os comunicativos ficam calados,
modificando assim seu comportamento. Pode apresentar os seguintes estágios:

a) Euforia - tagarelice , exagero , bravateio


b) Depressão - angústia , pessimismo, medo

2) Torna-se maníaco - a razão torna-se aos poucos sem nenhuma resistên-


cia, o indivíduo é levado à prática do homicídio e ao incêndio, não podendo ter ao
seu alcance armas nem fósforos.

3) Amnésia - o indivíduo não consegue lembrar-se de atos cometidos, tem


perda de memória por espaços de tempo, preenchendo essas lacunas com fantasias.

4) Alterações senso-perceptivas - o álcool atua nos sentidos sensoriais e


perceptivos do indivíduo acarretando:
a) anestesia - diminuição da sensibilidade, o indivíduo torna-se dormente e
insensível.
b) Ilusão - percebe ou escuta coisas deformadas sendo distinguida:

- 2-10-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

. auditiva - ouve palavras com sentido diferente, deturpa o sentido da palavra.


. visual - visualiza objetos deformados, vê coisas que na realidade não
condizem com o real.

c) alucinações - o indivíduo percebe objetos que não existem, tem sensações e


visões irreais. Ex.: o corpo flutuante, bichos em casa.

Quando o indivíduo percebe na bebida alcoólica uma possibilidade de


fuga dos problemas do dia a dia, quando acredita encontrar nela a libertação de
angústias, ele tem todo um caminho aberto para tornar-se um viciado. Porém, tudo
isso não passa de ilusão, uma vez que o álcool tem efeito passageiro e passado o
efeito o indivíduo se torna mais deprimido e com o problema mais acentuado.

Sobre o Sistema Nervoso ele atua como:


Depressor - diminui o fio de clausura do consciente e libera temporaria-
mente o indivíduo de suas inibições, porém quando ele age no sistema nervoso
torna o indivíduo deprimido.

Perda do Controle Emocional - sua vontade se enfraquece e a razão torna-


se aos poucos sem nenhuma resistência.

Perda Parcial da Memória - o indivíduo não consegue se lembrar de atos


cometidos durante o tempo de embriaguez.

0203 - EFEITOS NOCIVOS DOS COMPONENTES DO FUMO PARA O ORGANIS-


MO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS SOCIAIS
A nicotina mata por trombose coronária (ataque de coração) em freqüência
altíssima; o alcatrão é um dos carcinógenos do cigarro, causando um número alar-

- 2-11-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

mante de pacientes com câncer de pulmão. Além disso, o alcatrão do cigarro não se
fixa exclusivamente nos pulmões, mas pode atingir qualquer outro órgão ou parte
do organismo.

Cinco entre dez fumantes morrem de ataque do coração e 1,6 morrem de


câncer de pulmão.

A nicotina é uma das substâncias que conseguem passar através da pla-


centa, entorpecendo o feto e provocando grande número de abortos, natimortos e
mortes neonatais. Se chegar a nascer, mesmo assim o bebê ainda não estará livre da
nicotina que lhe chegará através do leite materno. Está cientificamente provado
que a mãe fumante gera filhos mais fracos, menores e de peso deficiente.

Somente 30% da nicotina de um cigarro fumado chega à boca e ao pul-


mões do fumante, sendo que 70% vai para o ar com a fumaça e é ingerida pelas
pessoas próximas ao fumante. Isso obriga às pessoas não fumantes à exposição e
riscos do fumo, além do mal estar que o mesmo causa àqueles que não adquiriram o
hábito.

O fumo é definitivamente um agente causador das doenças citadas, e pode


estar envolvido em muitas outras. O fumante de longa data possui tosse crônica e
não é capaz de manter os mesmos níveis de atividade física e mental que seria capaz
caso não possuísse o hábito.

- 2-12-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 3

PRIMEIROS SOCORROS

0301 - LIMITAÇÕES E IMPORTÂNCIA DOS PRIMEIROS SOCORROS


Os primeiros socorros a um acidentado podem e devem ser efetuados
por qualquer pessoa, desde que a mesma tenha consciência dos seus atos e das
suas limitações, visando principalmente manter o paciente vivo e ganhar tempo, até
que o mesmo seja removido para um hospital.

Em presença de qualquer acidente, seja ele qual for, o socorrista não


pode perder a calma, devendo manter a seriedade e agir com rapidez, mas com
cuidado e segurança. Tais atitudes enfatizam o conceito de primeiros socorros que
se caracterizam pelo tratamento imediato e temporário proporcional em caso de
acidente ou mal súbito antes que os préstimos de um médico possam ser obtidos.

0302 - HEMORRAGIAS EXTERNAS


São aquelas que se exteriorizam logo após o rompimento de um vaso
sangüíneo.

0303 - TIPOS DE HEMORRAGIA

1) QUANTO À LOCALIZAÇÃO:
- Hemorragias externas
- Hemorragias Internas - são as que se interiorizam e em que o sangue
vai para uma cavidade do organismo como a abdominal ou torácica, só podendo
ser percebidas através de sinais indiretos, que devem ser conhecidos:

- 3-1-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

a) Pulso fraco;
b) Pressão arterial baixa;
c) Sudorese profunda (Suor em abundância);
d) Palidez; e
e) Mucosas visíveis descoradas.

Estes sinais vão se acentuando, caso a hemorragia continue, até a


perda da consciência por falta de oxigenação cerebral, choque e morte, se não
houver atendimento médico imediato.

2) QUANTO AOS TIPOS DE VASOS

a) Arterial;
b) Venosa; e
c) Capilar.

Hemorragia Arterial - É aquela ocasionada pela ruptura de uma artéria.


O sangue deste tipo de hemorragia é de um vermelho vivo e sai do vaso sempre
sincronizado com o pulso, isto é, em jato.
Hemorragia Venosa - É oriunda do rompimento de uma veia. O sangue
que jorra é escuro, pois é pobre em oxigênio e, em vez de sair em jato como na
arterial, se exterioriza como se a ferida babasse.
Hemorragia Capilar - Os vasos atingidos são os capilares, sejam arteri-
ais ou venenosos. O sangue surge em lençol, à semelhança da água quando
mina do fundo do poço. Ocorre na maioria das pequenas feridas.

- 3-2-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

3) QUANTO AO MODO DE AÇÃO

a) Traumáticas; e
b) Patológicas.

Hemorragias Traumáticas - São originadas da ação de um instrumento


contundente, perfurante ou cortante.

Hemorragias Patológicas - São as que surgem sem traumatismo algum,


como em certas enfermidades que enfraquecem a paredes dos vasos e a simples
pressão do sangue faz com que estes se rompam.

0304 - PROCEDIMENTOS EM CASO DE PRIMEIROS SOCORROS EM FERIMENTOS


COM HEMORRAGIA

a) O socorrista deve ter em mente que os casos de HEMORRAGIA


INTERNA são de difícil diagnóstico, necessitando exames especializados. Deve
então providenciar o socorro médico imediato do paciente traumatizado, mesmo
que não haja HEMORRAGIA EXTERNA. No caso de hemorragia externa, o
socorrista deve estar treinado para efetuar a manobra adequada para cada caso, ou
seja a pressão local, a pressão no ponto entre a ferida e o coração ou o torniquete
até controlar o sangramento. Uma atadura de gaze deve ser utilizada para manter a
compressão no lugar.

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Fig. 3-6 - Identificação da Artéria a Ser Comprimida

b) A pressão no ponto entre a ferida e o coração deve ser aplicada na


zona correspondente à artéria que irriga esta região.
c) Torniquete é a manobra que consiste em se fazer um curativo
constrictivo que pode ser colocado em torno de uma extremidade e ir apertando
até parar o sangramento; só deve ser usado se o controle da hemorragia por
outro método for difícil ou impossível. O torniquete pode ser um pedaço de
borracha ou de madeira ou até lenço, gravata, etc. Não deve ser usado na cabeça
nem tronco, mas somente nos membros.

APLICAÇÃO DO TORNIQUETE

1 - Passar o torniquete em redor do membro, um cinto, uma tira de


pano, lenço ou qualquer pano.
2 - Passar por dentro um bastão.

- 3-4-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

3 - Apertar o bastão o suficiente para deter a hemorragia.

4 - Amarrar a ponta livre do bastão de modo a impedir que o torniquete


se destorça.

5 - Afrouxar o bastão de 15 em 15 minutos para permitir que o sangue


circule.

- 3-5-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 4

ESTADO DE CHOQUE

0401 - CONCEITO DE CHOQUE


É um estado de circulação sangüínea deficiente, associada com pressão
dos centros vitais do organismo. O fluxo sangüíneo que chega aos tecidos periféri-
cos é inadequado para manter a vida. Para que a célula humana receba o oxigênio,
através do sangue vitalizador, necessita de três elementos: o coração, os vasos
sangüíneos (veias, artérias e capilares) e o sangue. Funcionando a bomba que im-
pulsiona o sangue, o coração, que é uma verdadeira bomba aspirante-premente,
estando os vasos sangüíneos íntegros e o sangue na sua quantidade e viscosidade
normais, temos o equilíbrio, a boa vitalidade orgânica. Se um destes elementos
faltar ou funcionar mal, instala-se o desequilíbrio, que em medicina chama-se
choque.
Na instalação do choque, apenas entram em jogo os três elementos cita-
dos.
O coração, funcionando bem, impulsiona o sangue com uma determinada
pressão dentro dos vasos. Assim, os vasos sangüíneos tem uma certa tonicidade.

Assim sendo, toda a causa que provocar o desequilíbrio deste sistema,


provoca o choque, seja agindo sobre o funcionamento da bomba, coração, seja
sobre o sistema vascular ou sobre o sangue. Certas taquicardias (coração traba-
lhando acelerado), bradicardia (trabalhando lentamente), processos inflamatórios,
trombos em seu interior e enfartes podem ocasionar o choque.

OSTENSIVO - 4-1-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

0402 - SINTOMAS DE ESTADO DE CHOQUE


Palidez com cianose (arroxeamento) dos lábios ou da face, dependendo da
intensidade do choque. A pressão arterial baixa, e quanto mais baixa, mais grave é
o choque. Hipotermia, sudorose respiratória. O paciente chocado pode manter-se
lúcido ou mesmo semi-inconsciente. De modo geral mostra-se intranqüilo e agita-
do.

0403 - PRINCIPAIS CAUSAS DE ESTADO DE CHOQUE


O choque pode ser secundário à insuficiência de volume intravascular (cho-
que hipovolêmico), a função cardíaca inadequada (choque cardíaco) ao tônus
vasomotor inadequado (Vasodilatação, onde inclui-se o choque Hemogênico e o
choque séptico), ou a combinação destes.

1) CHOQUE HIPOVOLÊMICO
O volume dentro dos vasos é inadequado, produzindo menor enchimento
do coração e redução do volume de ejeção.
Hemorragia aguda acompanhando trauma é uma causa comum de choque
hipovolêmico. A hemorragia pode ser também causada por úlceras digestivas,
aneurismas e várias outras patologias, inclusive a gravidez tubária (na trompa).

2) CHOQUE CARDIOGÊNICO
Em casos de comprometimento cardíaco e/ou pulmonar, verificamos a
diminuição da saída de sangue do coração, causando este tipo de choque. Entre as
principais causas, devemos citar o infarto agudo do miocárdio, o tamponamento
pericárdico e a embolia pulmonar.

- 4-2-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

3) CHOQUE POR VASODILATAÇÃO


É considerado por alguns como choque hipovolêmico relativo, uma vez
que o volume de sangue circulante é normal, porém insuficiente para o enchimento
cardíaco adequado. Várias condições podem determinar dilatação vascular genera-
lizada, entre elas os traumas celebrais severos (choque neurológico), ingestão de
certas drogas ou venenos, ou ainda associado com infecção bacteriana (choque
séptico).

4) PRIMEIROS CUIDADOS PRESTADOS AO PACIENTE CHOCA-


DO
O paciente deve ser mantido aquecido e suas pernas elevadas discretamen-
te para melhorar o retorno do sangue. A hemorragia, se houver, deve ser interrom-
pida, vias aéreas e respiração garantidas com o auxílio, se necessário, de respiração
artificial (descrita no capítulo 5). A cabeça do paciente deve permanecer em posição
elevada para que o mesmo não aspire vômito. Em seguida, a intervenção do médico
será de extrema importância, pois a identificação das causas do choque conduzirá a
um correto tratamento.

OSTENSIVO - 4-3-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 5

ASFIXIA

0501 - PRINCIPAIS CAUSAS DE ASFIXIA

1) BLOQUEIO À PASSAGEM DO AR
Este bloqueio ocorre nos casos de afogamento, excesso de secreções,
hemorragias, corpo estranho e estrangulamento, ou seja, qualquer situação em que
haja obstrução das vias aéreas.

2) INSUFICIÊNCIA DE OXIGÊNIO NO AR
Esta situação ocorre nos casos de pessoa submetida a grande altitude e
compartimentos não ventilados (certas dependências de bordo e minas abandona-
das) onde o teor de oxigênio é menor. Nos incêndios em compartimentos fechados,
a formação de gás carbônicos reduz o oxigênio no ambiente, causando asfixia.

3) PARALISIA DO CENTRO RESPIRATÓRIO NO CÉREBRO


As causas mais freqüentes desta condição são o choque elétrico e
grande quantidade ingerida de álcool e/ou drogas, produzindo asfixia e parada
respiratória.

4) COMPRESSÃO DO TÓRAX
São situações em que os movimentos respiratórios são impedidos por
forte pressão externa como nos casos de soterramento. A morte por asfixia pode
ocorrer mesmo com as vias aéreas desobstruídas.

OSTENSIVO - 5-1-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

0502 - SOCORRO DE URGÊNCIA EM CASOS DE OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS


O princípio básico do atendimento visa manter as vias aéreas permeáveis
e, posteriormente, iniciar a respiração artificial.
1) RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL
A finalidade de respiração artificial é fazer chegar oxigênio do ar aos alvé-
olos pulmonares, numa alternação rítmica até o restabelecimento natural da respi-
ração. É utilizada somente quando parar a respiração natural. Não deve ser aplicada
a uma pessoa que esteja respirando normalmente. O fato de o paciente estar incons-
ciente ou envenenado não significa que esteja com dificuldades respiratórias.
Como se processa a respiração artificial:
Há vários processos para se proceder à respiração artificial.
Os principais são: o método Boca-a-Boca de SYLVESTER, de
SCHAEFFER e de HOLDER-NIELSEN.
MÉTODO BOCA-A-BOCA
O funcionamento é o seguinte: coloca-se a vítima de costas sobre o solo
(em decúbito dorsal) e com os braços ao longo do corpo. Desobstruem-se as vias
aéreas superiores, retiram-se pontes, dentadura ou qualquer coisa que possa impe-
dir a passagem do ar. Inclinar a cabeça para trás o mais possível. Fechar com os
dedos o nariz da vítima e soprar-lhe ar nos pulmões através da boca.
Há boa insuflação de ar, quando o peito do acidentado se eleva. Sopra-se
16 a 20 vezes por minuto e nas crianças 20 vezes. Na crianças, em vez de se obstruir
as narinas ou a boca, pode-se englobar a boca e nariz e aí soprar.
Com este processo o ar também entra pelo esôfago, enchendo o estômago
de ar produzindo a elevação da parede abdominal. Deve-se, de vez em quando,
apertar a região abdominal para eliminação desse ar.
MÉTODO DE SYLVESTER
Colocamos o paciente deitado de costas sobre o solo (decúbito dorsal).
O executante fica de joelhos com a cabeça da vítima entre eles. Com ambas

- 5-2-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

as mãos, segura os punhos da vítima.

Fig. 5-7 - Método de Sylvester

Pode segurar o antebraço ou os cotovelos. Os braços da vítima são, então,


estendidos no sentido cranial de cada lado do corpo do socorrista. Uma vez termi-
nado o movimento, o executante volta como os braços de encontro ao tórax da
vítima, efetua a compressão da sua caixa torácica, inclinando-se sobre ela. Estes
movimentos devem ser repetidos ritmicamente, cerca de 16 vezes por minuto. Nas
crianças até 10 anos, 20 vezes por minuto.

MÉTODO DE SCHAEFFER
Coloca-se o paciente de bruços (decúbito ventral), com os braços estendi-
dos ao longo da cabeça e esta voltada para um dos lados. O executante ajoelha-se
sobre as coxas da vítima, monta nas mesmas e coloca suas mãos na base de cada
hemi-tórax, na parte mais externa possível e, a seguir, exerce pressão com o corpo
sobre o tórax do paciente, valendo-se do seu peso para obter a melhor pressão
possível. Fazem-se os movimentos ritmados numa freqüência de cerca de 16 por
minuto. Este método tem a vantagem de deixar livres os membros superiores para
aplicação de injeções, bem como, decorrente da posição, há dificuldade de elimina-
ção das secreções.

OSTENSIVO - 5-3-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Fig. 5-8 Método de Schaeffer

MÉTODO DE HOLGER-NIELSEN
Parece o melhor dos métodos manuais de respiração artificial e o que mais
ventilação produz. É também chamado de elevação dos braços. A vítima fica de
bruços, como no processo anterior, com a cabeça voltada lateralmente, apoiada
sobre as mãos que estão colocadas uma sobre a outra, ficando dessa maneira os
braços dobrados. O executante ajoelha-se sobre um dos joelhos diante da cabeça
da vítima, segurando com suas mãos os cotovelos do paciente.
Inicia, elevando os cotovelos da vítima para cima e para trás.
Com isto consegue deslocar para cima e para frente a parte superior do
corpo da vítima.
Depois deste movimento, os braços da vítima retornam à posição inicial.
Com a elevação dos braços, o executante consegue a inspiração fazendo
com que o ar penetre nos pulmões da vítima. O movimento seguinte consiste na
caixa torácica, colocando de cada lado da base do tórax da vítima suas mãos, à
semelhança do método de Scheaffer.

- 5-4-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

COLOCANDO AS MÃOS PARA A


ELEVAR OS BRAÇOS DO
AFOGADO

LEVANTAMENTO DOS BRAÇOS B

COLOCANDO AS MÃOS PARA EXERCER C


PRESSÃO SOBRE O DORSO

EXERCENDO PRESSÃO DORSAL D

Fig. 5-9 A, B, C, D - Método de Holger-Nielsen

OSTENSIVO - 5-5-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Comprimir, usando o peso de seu corpo. Com isto ele faz com que a vítima
expire o ar inalado.

2) SECREÇÕES
Providenciar o escoamento das secreções e proceder a respiração artificial.

3) AFOGAMENTO
Retirar o afogado do mar ou piscina e proceder a respiração artificial pelo
método Holger Nielsen (preferencialmente).

4) CORPO ESTRANHO
Deve ser verificada a necessidade de retirada do corpo estranho para
desobstrução das vias aéreas e iniciar respiração artificial.

5) ESTRANGULAMENTO
Desobstruir as vias aéreas e iniciar respiração artificial.

- 5-6-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

OSTENSIVO - 5-7-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 6

CHOQUE ELÉTRICO

0601 - CONCEITO DE CHOQUE ELÉTRICO


É a passagem de corrente elétrica por um segmento do corpo (braço ou
perna, por exemplo) ou todo o corpo ou ainda através do tórax, alcançando órgãos
vitais (sistema nervoso, coração, etc).
A intensidade de corrente depende de sua tensão de voltagem. A pele seca
oferece muita maior resistência que a úmida.

0602 - EFEITO DO CHOQUE ELÉTRICO


O CHOQUE ELÉTRICO - Acompanhado geralmente da perda de consciên-
cia, que pode durar alguns minutos ou horas.
Em geral as vítimas não acusam nenhum sofrimento real.
Sentem, porém, algumas vezes, uma sensação indefinível de choque, acom-
panhada de angústia profunda de impressão de morte eminente.
A morte é em geral devida a fenômenos asfíxicos, que resultam da
tetanização, paralisia dos músculos respiratórios.
Freqüentemente as tensões elevadas não são mortais. Em compensação,
produzem graves queimaduras e importantes estragos nos pontos de contato.
Se a pessoa ficar presa ao fio condutor, nota-se que todos seus músculos
estão contraídos, as mãos estão violáceas, crispadas e frias. Os dedos fortemente
fletidos, não podem largar o fio condutor.
Como sintomas secundários, aparecem também manifestações psíquicas,
irritabilidade, loquacidade ou apatia, depressão, torpor; desordens respiratórias e

OSTENSIVO - 6-1-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

circulatórias: irregularidade da respiração, aumento da pressão arterial.


Queixam-se ainda de dor de cabeça, vertigens, insônia, palpitações e dores
musculares.
Todos estes sintomas descritos são geralmente transitórios e desaparecem
no fim de algumas horas ou alguns dias.
Entretanto, há casos que produzem complicações e seqüelas definitivas,
tais como: paralisia, cegueira, etc.
Quando a corrente elétrica produz queimaduras no organismo, aparece
uma característica especial, que é a mortificação ou destruição de pele dos tecidos.
A pele se apresenta de uma forma bem particular. A pele perde sua elastici-
dade, apergaminha-se, encolhe-se, torna-se escuro-acinzentada, dura e seca. (mu-
mifica-se).

0603 - PRIMEIROS SOCORROS NO CHOQUE ELÉTRICO


Consiste na prática da respiração artificial. Não há forma de acidente em
que ela ocupe tanto destaque como nas vítimas de eletricidade.
No tratamento das queimaduras procede-se como no tratamento das quei-
maduras em geral.
Observações importantes: Ao prestar socorro a um paciente que tenha
recebido um choque elétrico, deve-se ter bastante cuidado. Não se deve tocar na
vítima ou em qualquer objeto condutor de eletricidade. Procure antes isolar a
vítima, interrompendo a corrente elétrica com material não condutor de eletricidade.

OSTENSIVO - 6-2-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 7

QUEIMADURAS

0701 - CONCEITO
Queimadura é toda e qualquer lesão no organismo humano, ocasionada
pela ação do calor em todas as suas modalidades. As lesões, dependendo da gravi-
dade, podem atingir diferentes órgãos e tecidos, além da pele.

0702 - GRAUS DE QUEIMADURAS E SUAS CONSEQÜÊNCIAS QUANTO À SU-


PERFÍCIE E PROFUNDIDADE
A gravidade da queimadura é avaliada em função da quantidade de tecido
lesado. Esta quantidade é representada pela percentagem da área de superfície
corporal (%SC) queimada e pela profundidade da queimadura.
Quanto à superfície corporal, verificamos que as queimaduras são classifi-
cadas em leves (área comprometida inferior a 15% da SC), moderadas (área compro-
metida entre 15 e 49% da SC), extensas (50 a 69% da área comprometida da SC) e
maciças (área comprometida ultrapassa 70% da SC).Devemos considerar como gran-
de queimado o paciente com mais de 15% SC queimado.

QUANTO À PROFUNDIDADE, A QUEIMADURA PODE SER CLASSIFICA-


DA EM:

PRIMEIRO GRAU: pele vermelha, muito sensível ao tato e geralmente


úmida; não existem bolhas e a superfície clareia acentuada e extensamente à pres-
são leve.

SEGUNDO GRAU: há formação de bolhas; as bases das bolhas podem

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

ser vermelhas ou esbranquiçadas.

TERCEIRO GRAU: destruição da pele e morte das células (necrose). A


superfície pode se apresentar esbranquiçada e flexível, ou pode estar carbonizada e
preta. Freqüentemente, a distinção entre as queimaduras de segundo e terceiros
graus pode ser feita apenas depois de 3 a 5 dias de observação, uma vez que
eventualmente o terceiro grau apresenta bolhas.

As conseqüências da queimadura dependem objetivamente dos parâmetros


citados. No entanto, convém destacar que, dependendo da superfície corporal quei-
mada, um paciente com queimadura de primeiro grau poderá falecer, enquanto ou-
tra classificado em terceiro grau, sobreviver. Como exemplo podemos ter um paci-
ente com 80% SC queimada classificado como primeiro grau, que dificilmente so-
breviverá, e outro com 10% SC queimada classificado como terceiro grau, com
muito melhores chances de sobrevivência.

Existem várias maneiras de se determinar a área da pele queimada. É fácil


lembrar que a cabeça corresponde a 9%, pescoço 1%, braço, antebraço e mão 9%,
coxa, (até a prega glútea inferior) perna e pé 18% tronco até a região glútea 18%.

0703 - AGENTES CAUSADORES DE QUEIMADURAS


As queimaduras podem ser:

a) QUÍMICAS

b) ELÉTRICAS

c) TÉRMICAS

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

a) As queimaduras químicas são causadas por substâncias com ação


cáustica, como ácidos e álcalis. Todas estas queimaduras produzem morte nos
tecidos que pode se estender lentamente por várias horas.
b) As queimaduras elétricas são produzidas pela corrente elétrica. Como a
maior parte da resistência à corrente elétrica situa-se no ponto de contato da pele
com o condutor, as queimaduras elétricas geralmente envolvem a pele e os tecidos
adjacentes e podem atingir qualquer tamanho e profundidade. Podem provocar
parada respiratória imediata.
c) As queimaduras térmicas são ocasionadas pelo contato direto da pele
com a chama, vapores e líquidos ou sólidos superaquecidos.

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 8

INSOLAÇÃO, INTERMAÇÃO E CONGELAMENTO

0801 - CONCEITO

INSOLAÇÃO: é um estado observado no organismo humano em que ocorre


uma súbita elevação da temperatura corporal, em conseqüência de uma ação pro-
longada dos raios solares sobre o indivíduo.

INTERMAÇÃO: é o estado decorrente da ação indireta do calor sobre o


organismo humano, elevando a temperatura corporal. Além do elemento de tempe-
ratura ambiental, a umidade do ar impedindo a transpiração, o vestuário inadequa-
damente quente, os exercícios físicos excessivos e alimentação exagerada, repre-
sentam outros fatores de intermação.

CONGELAMENTO: é a exposição ao frio seco, ou seja, aquele que atin-


ge temperatura inferior à temperatura de congelamento, produzindo lesões ao orga-
nismo humano decorrente da grave diminuição da temperatura corporal.

0802 - COMPARAÇÃO ENTRE OS SINTOMAS MAIS FREQUENTES DE INSOLAÇÃO,


INTERMAÇÃO E CONGELAMENTO

Na INSOLAÇÃO podemos observar a pele muito queimada pelo sol, ele-


vando a temperatura corporal, podendo ocorrer até mesmo lesões em órgãos inter-
nos devido à ação direta e indireta dos raios solares.

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

A INTERMAÇÃO, exposição prolongada a temperatura ambiental eleva-


da, pode levar à perda excessiva de líquidos e choque, além de elevação excessiva
da temperatura corporal. A pele torna-se quente e avermelhada, além de seca, e há
queixa de dor de cabeça, tonteira e até vômitos. Com a temperatura em torno de 40ºC,
o paciente se sente como se estivesse queimando, o colapso circulatório pode levar
à morte e os sobreviventes, após horas de febre muito alta, podem apresentar
lesões cerebrais permanentes.

No CONGELAMENTO as regiões são frias, endurecidas, esbranquiçadas


e anestesiadas, com dores locais e até gangrena. Uma fase menos grave é a hipotermia,
ou seja, a redução da temperatura interna sem congelamento, leva à letargia, confu-
são mental, irritabilidade, alucinações, diminuição da freqüência respiratória ou até
parada cárdio-respiratória.

0803 - PROCEDIMENTOS ADEQUADOS A SEREM PRESTADOS À VÍTIMA DE INSO-


LAÇÃO, INTERMAÇÃO E CONGELAMENTO

INSOLAÇÃO E INTERMAÇÃO: os procedimentos são idênticos, ou seja:


retirar a roupa do paciente, colocá-lo em lugar fresco, arejado, envolvê-lo em len-
çóis molhados. Aplicar bolsa de gelo na cabeça e se o paciente estiver em condi-
ções de ingerir, administrar líquidos gelados. Em resumo, devemos empregar to-
das as medidas para a temperatura corporal baixar, desde que não se torne inferior
a 38.3ºC, para que se evite a sua queda excessiva. Se houver sinais de asfixia (lábios
azulados, extremidades azuladas, face congesta), praticar a respiração artificial.

OSTENSIVO - 8-2-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CONGELAMENTO: as extremidades congeladas devem ser aquecidas ra-


pidamente em água quente, tendo-se cuidado para não queimar os tecidos
anestesiados. Ingestão de bebidas quentes auxiliam a recuperação do calor.

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OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 9

TRAUMATISMO

0901 - CONCEITO DE ENTORSE E DE LUXAÇÃO

Os ossos do esqueleto estão ligados uns aos outros por meio de ligamen-
tos e músculos, mas as superfícies de contato são mantidas uma de encontro às
outras, através de ligamentos. A articulação também é envolvida por uma cápsula
que, não só mantém unidos os ossos que se articulam, como serve para conter o
líquido que embebe a articulação, chamado líquido sinovial.

1) ENTORSE - Na entorse, há separação das superfícies ósseas articula-


res, mas momentaneamente. Terminada a causa do entorse, o movimento brusco, as
superfícies articulares voltam imediatamente às suas posições normais.

A sintomatologia é caracterizada por uma dor intensa na articulação afeta-


da, que vai se atenuando gradativamente. Acompanhada à dor, surge o edema (in-
chação). A pele da região pode ficar logo equimosada, devido à ruptura de peque-
nos vasos sangüíneos. Quando a equimose surge tardiamente, há que se pensar
também na presença de fratura.

A conduta a ser tomada no paciente com entorse é a imobilização da arti-


culação afetada. A imobilização deve ser feita, como para as fraturas, apenas imo-
bilizando a articulação. Além disso, repouso, não permitindo a movimentação da
referida articulação e aplicação de calor , sob a forma de calor úmido (saco de água
quente) ou seco, como o infravermelho.

OSTENSIVO - 9-1-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

2) LUXAÇÃO - Na luxação as superfícies das articulações deixam de se


tocar de forma permanente, ao contrário do entorse, em que estas superfícies ape-
nas momentaneamente se separam.

As luxações quanto à causa, podem classificar-se em traumáticas, patoló-


gicas e congênitas. Luxações traumáticas são aquelas que surgem após um
traumatismo, como por exemplo nas contrações exageradas dos músculos que ocor-
rem, quando um paciente entra em crise convulsiva e no bocejar ou rir exagerado,
determinando a luxação da mandíbula. Luxações patológicas são as que surgem
motivadas por uma doença do osso ou dos elementos componentes da articulação.
Luxações congênitas são as que surgem dentro do próprio útero e a crian-
ça já nasce com luxação. As luxações podem ser também completas e incompletas.
É completa quando há separação total das superfícies articulares, e incom-
pletas quando apenas parte destas superfícies se separa. As luxações incompletas
são também chamadas de subluxações.

Fig. 9-11 Fig. 9-12


Luxação completa Luxação incompleta

- 9-2-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Os sintomas das luxações são: dor, deformação ao nível da articulação,


impotência funcional e derrame sangüíneo.

0902 - CARACTERÍSTICAS DAS FRATURAS SIMPLES

Fratura é a solução de continuidade de um osso. A maior incidência de


fratura se verifica nos ossos que compõem os membros. Há dois sinais importantes
que caracterizam uma fratura: DOR LOCAL e IMPOTÊNCIA FUNCIONAL (mes-
mo que o paciente deseje, não consegue movimentar o membro fraturado).

As fraturas simples são aquelas em que o osso quebrado permanece no


interior do membro, sem causar ferimentos.

0903 - FRATURAS EXPOSTAS

São aquelas em que a pele se rompe, exteriorizando um fragmento ósseo.


Há grande risco de um grave infecção devido à exposição do osso e dos tecidos
internos.

Fig. 9-13 Fig. 9-14


FRATURA SIMPLES FRATURA EXPOSTA

OSTENSIVO - 9-3-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Ainda poderíamos classificar as fraturas quanto à origem, ou seja: traumá-


ticas (ocasionadas por um trauma físico) ou patológica (enfraquecimento do osso
originado por várias doenças, sem necessidade de traumatismo; é o que ocorre, por
exemplo, na tuberculose e no raquitismo).

0904 - PROCEDIMENTOS ADEQUADOS EM CASO DE FRATURAS, ENTORSES E


LUXAÇÕES.

O socorrista numa situação de emergência deverá proceder a todos os


cuidados necessários, e não se preocupar com o diagnóstico exato. Ou seja, é mais
seguro um excesso de cuidados do que uma fratura passar desapercebida e ser
aprovada até o atendimento médico.

1) IMOBILIZAÇÃO PROVISÓRIA

Deve ser realizada incluindo as articulações que lhe são mais próximas, no
caso de fraturas ou incluir apenas a articulação envolvida no caso dos entorse ou
luxações. Os movimentos devem ser suaves para não aumentar a dor que o paciente
está sentido.

Na improvisação recorre-se a talas de papelão, cabos de vassouras, ben-


gala, galho e árvores, guarda-chuva ou qualquer outro material que possa fazer o
membro manter-se rígido.

O material de imobilização deve ser acolchoado, revestido de algo que


impeça ferimento na pele da vítima, que seja macio e confortável. Para fixar o
membro fraturado, usam-se ataduras de gaze, pano, lenços, gravatas ou pedaços de

- 9-4-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

peças de vestuários.

A imobilização visa evitar que fraturas simples se transformem em fraturas


expostas.

Fig. 9-15
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO PARA MEMBRO SUPERIOR

Fig. 9-16
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO PARA MEMBRO INFERIOR

OSTENSIVO - 9-5-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

0905 - TIPOS ESPECIAIS DE FRATURAS

Há tipos especiais de fraturas que exigem tratamento diferenciado, a saber:

a) FRATURA DE CRÂNIO

Quando um indivíduo sofre um acidente de cabeça, o maior perigo é se o


cérebro foi lesado. Se houve fratura, é assunto de importância secundária. Em
alguns casos de acidentes que produzem fraturas do crânio, eles não determinam
alteração ou lesão cerebral.
Algumas vezes é difícil saber se um ferimento atingiu o cérebro, em face da
variabilidade dos sintomas próprios da lesão cerebral.
Alguns dos sintomas abaixo poderão indicar lesão cerebral, entretanto,
não estão presentes em todos os casos:

1 - dor de cabeça;

2 - as pupilas desiguais, não reagindo normalmente à luz;

3 - hemorragia dos ouvidos, nariz e boca;

4 - vômitos;

5 - confusão, desorientação; e

6 - paralisias (braços, pernas, etc.).

- 9-6-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Para quem procede ao socorro de urgência no traumatismo de cabeça,


deve ser lembrado que a principal intenção é prevenir fratura ou lesão cerebral.

TRATAMENTO DE URGÊNCIA DA FRATURA DE CRÂNIO

1 - Colocar o paciente deitado;

2 - Se houver hemorragia do ferimento, proceder ao controle através de


pressão direta;

3 - Não o movimentar mais que o necessário e só fazer isso com muito


cuidado; e

4 - Não dar ao paciente nada para beber.

b) FRATURA DA COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é constituída pelas vértebras que protegem a medula


situada em conexão com o cérebro, do qual temos que considerar a possibilidade de
lesão por um traumatismo das vértebras, podendo ocasionar paralisia ou mesmo a
morte.

Os principais sintomas de uma fratura de coluna são: dor, choque e parali-


sia. A dor é de grande intensidade, exatamente no ponto da fratura. O choque é
comumente grave, mas os sintomas podem ser prolongados por algum tempo. A

OSTENSIVO - 9-7-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

paralisia ocorre, se a medula for lesada.

Se o paciente não mover os membros inferiores (pernas, pé ou dedo), a


fratura provavelmente é da região dorsal.

Se o paciente não puder mover os dedos da mão, a fratura deve ser da


região do pescoço. Deve-se entretanto, lembrar que nem sempre as fraturas de
coluna determinam lesão medular. Assim sendo, não haverá paralisia.

Toda pessoa com uma dor forte no pescoço ou na região dorsal após o
traumatismo, deverá ser tratada como se tivesse uma fratura, embora estejam au-
sentes os demais sintomas.

TRATAMENTO DE URGÊNCIA DA FRATURA DE COLUNA VERTEBRAL

No tratamento imediato para qualquer fratura de vértebra, dois princípios


devem ser observados.

1º - reduzir o choque, ou melhor, retirar do choque; e

2º - prevenir futuras lesões da medula.

Se for necessário transportar um paciente que sofreu uma fratura da colu-


na, devem ser observadas as regras gerais que visam a evitar complicações maiores.

Se a coluna é fraturada à altura da região dorsal, o paciente pode ser trans-


portado em decúbito ventral, ou seja, de barriga para baixo.

- 9-8-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Se, entretanto, tiver que ser transportado para grande distância, será mais
confortável em decúbito dorsal, com um chumaço de algodão sob as costas.

No transporte do paciente use uma maca rígida, ou mesmo uma tábua,


porta ou janela.

IMOBILIZAÇÃO PARA TRATAR DA COLUNA VERTEBRAL EM REGIÃO


DORSAL

Fig. 9-17

c) FRATURA DE BACIA

A fratura dos ossos que constituem a bacia, quase sempre por quedas,
podem lesar seriamente os órgãos que se encontram na bacia, em particular a bexi-
ga, passível de ruptura.

OSTENSIVO - 9-9-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

Os sintomas principais de uma fratura de bacia são: dor, choque e perda de


mobilidade dos membros inferiores. O paciente não consegue sentar ou manter-se
em pé.

O tratamento de urgência consiste em:

1 - Não mover o paciente, a não ser quando absolutamente necessário;

2 - Aplicar analgésico;

3 - Transportar o paciente numa maca bem rígida, ou mesmo, numa tábua,


mantendo-o deitado de costas e com as pernas atadas.

d) FRATURA DE COSTELAS

Dependendo do tipo, a fratura pode ser altamente dolorosa ao respirar e


tossir, bem como ser perigosa pelo fato de um fragmento da costela causar uma
lesão a algum órgão do tórax. Baseado nisto é instituído o tratamento. Se o paciente
queixar-se de dores, ficará mais confortável se as costelas fraturadas forem imobili-
zadas com faixas de esparadrapo.

- 9-10-
OSTENSIVO
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

CAPÍTULO 10

SOBREVIVÊNCIA NO MAR

1001 - CUIDADOS COM PERNAS, PÉS, OLHOS, PELE E PEIXES PERIGOSOS

a) Providências Preliminares

Pressupõe-se, agora, que todos os náufragos já estejam distribuídos pelas

balsas, não havendo mais ninguém n’água a recolher.

As balsas devem ser mantidas amarradas entre si para evitar que venham a
se dispersar. Isso proverá apoio mútuo, elevará o moral e facilitará a localização

pelas unidades de busca. A amarração entre as balsas deve ser bem folgada, para

que não haja trancos em virtude do movimento das vagas. Os cabos para essa amar-
ração devem ser fixados no local próprio, ou na linha-de-vida que circunda a balsa.

É necessário que se proceda então a uma cuidadosa análise da situação, e

que o grupo se organize, em cada balsa e em conjunto. Os seguintes itens básicos


devem ser observados:

1 - Proceder a uma verificação das condições físicas de todo o pessoal e


prestar os primeiros socorros aos feridos. O médico e os enfermeiros, se

disponíveis, devem percorrer todas as balsas e organizar o setor de saúde. É

conveniente que todos procurem limpar os resíduos de óleo aderentes à pele.

OSTENSIVO
- 10-1-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

2 - Se o número de balsas for insuficiente para acomodação de todos, deve

ser previsto o revezamento dos que estiverem em boas condições físicas, de

modo que um determinado número de homens fique n’água, preso às linhas


de vida da balsa. Isso poderá ser, porém, um problema bem sério em águas

muito frias. Quando do revezamento, as roupas devem ser também trocadas,

para que os homens que estejam a bordo permaneçam sempre com roupas
secas.

A figura abaixo dá uma idéia das probabilidades de sobrevivência em água


frias, em função da temperatura d’água e do tempo de imersão.

Fig. 10-18

OSTENSIVO - 10-2-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

No que diz respeito à temperatura ambiente (temperatura do ar), seus efeitos

sobre o pessoal estão intimamente ligados à velocidade do vento. Assim,

uma temperatura do ar de cerca de 10º C poderá representar, para alguém


com as roupas molhadas, 0º C ou -3º C, conforme sopre o vento de 17 ou 35

nós.

3 - Estabelecer um serviço de vigilância durante as 24 horas do dia, em

quartos de duas horas, se possível; é conveniente estabelecer ao menos

dois vigias por quarto. O vigia deverá estar atento a sinal de terra, de navios
que passem ou de aeronaves em vôo; a quaisquer vestígios ou destroços de

naufrágios., à freqüência do aparecimento de algas marinhas, cardumes de

peixes e bandos de aves, às condições de sua balsa e das demais; enfim, a


qualquer coisa que fuja à rotina e que esteja ao alcance de seus olhos e seus

ouvidos. O vigia deve guarnecer sempre o apito, o espelho refletor (durante

o dia) e sinalizadores pirotécnicos (à noite).

4 - Distribuir tarefa a todos que estejam em boas condições físicas. Entre

essas tarefas, pode ser relacionado: escriturar um diário de bordo; pescar;


assistir algum ferido; manter o interior da balsa sempre seco (usar esponja);

controle d’água e das rações, etc.

5 - Recolher os objetos flutuantes que forem encontrados, visando uma pos-

sível utilização. Não convém, contudo, que sejam introduzidos a bordo ob-

jetos pontiagudos ou cortantes, ou que ocupem muito espaço. Estes devem


ser amarrados e deixados flutuando, com cuidado para que não venham cau-

OSTENSIVO
- 10-3-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

sar avarias às partes externas das balsas.

b) Saúde e Estado Sanitário

As condições adversas e a limitações de recursos de toda espécie exige

cuidados especiais com a saúde. É necessário economizar energias; não fazer esfor-
ços e não falar desnecessariamente. É conveniente, porém, movimentar-se com

regularidade, afim de manter uma adequada circulação sangüínea. Isso propiciará

também algum aquecimento e evitará ferimento nas nádegas, circulações nas per-
nas ou pés.

Devem ser evitadas exposições prolongadas da pele ao sol forte. Improvi-

sar toldo nas balsas e, na sua falta, manter a vestimenta completa, inclusive chapéu.
O piso das balsas deve ser mantido completamente seco, empregando-se

para isso a esponja que vem como equipamento. As balsas devem ser bem ventila-

das, para evitar a transpiração de seus ocupantes e a conseqüente necessidade de


maior consumo d’água.

Nos climas frios, o grupo deve se manter bem junto, para prover aqueci-

mento mútuo.
O vômito representa uma grande perda d’água para o organismo. Em caso

de náusea, tomar logo o medicamento contra enjôo e manter-se deitado.

Os ferimentos em geral devem ser mantidos secos e cobertos com atadu-


ras. Não perfurar as bolhas provenientes de queimaduras ou outras causas.

A intensa luminosidade do céu e os reflexos do mar podem afetar os olhos,

tornando-os inflamados e doloridos. Deve ser evitada a exposição desnecessária da


vista nessas ocasiões de sol forte. Se os olhos estiverem doloridos, coloque-lhes

OSTENSIVO - 10-4-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

uma leve atadura. Umedeça um pedaço de gaze ou algodão na água do mar e

coloque-o sobre os olhos, antes de fixar a atadura.

A falta de funcionamento dos intestinos constitui fenômeno comum em

náufragos, dada a exiguidade da alimentação. Não se impressione com isso e não

tome laxativos. A cor escura da urina e a dificuldade de urinar são, também, fenô-
menos normais em tais circunstâncias.

A sensação de medo é normal em homens que se encontram em situação


de perigo. Lembre-se de que os outros homens sentiram o mesmo medo e, a despei-

to disso, conseguiram sair-se bem das dificuldades e dos perigos. A fadiga e o esgo-

tamento resultantes de grandes privações muitas vezes conduzem a distúrbios men-


tais que podem tomar forma de extenso nervosismo, atividade excessiva e violenta

ou de estafa. O melhor meio de evitá-los é procurar dormir e descansar o mais

possível. Quando não estiver descansando, mantenha-se em relativa atividade,


atendendo às várias tarefas a bordo. A percepção de miragens não significa estar

sofrendo de distúrbios mentais. O ânimo alegre é um tônico real e que se comunica

aos demais. NÃO ECONOMIZE O BOM HUMOR, porém não exagere nas brinca-
deiras, a ponto de quebrar a tranqüilidade que deve reinar no ambiente.

c) Água, o Elemento Vital

É necessário economizar água desde os primeiros momentos.


A menos que haja abundância de chuva, a cota para cada homem não deverá

exceder meio litro por dia. Essa quantidade é suficiente para sobrevivência por dez

dias ou mais, mesmo sem alimento sólido. A maior ou menor quantidade de rações
sólidas que poderão ser ingeridas depende da água disponível; se a água for muito

OSTENSIVO
- 10-5-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

pouca, é preferível não comer.

A fim de diminuir a perda de água do corpo, durante o tempo de calor -


devido à transpiração - molhe as roupas na água do mar e torça-as, retirando o

excesso d’água antes de tornar a vesti-las. Mas não exagere esta prática nos dias

quentes, quando não puder contar com a proteção de uma cobertura que proteja
dos raios solares diretos.

Observe as nuvens e esteja prevenido para qualquer chuva que possa

cair. Tenha sempre ao seu alcance meios para coletar e guardar a maior quantidade
possível de água da chuva. Se o coletor (inclusive a cobertura da balsa) se encon-

trar impregnado de sal, lave-o com água do mar.

Comumente uma pequena proporção de água do mar, misturada à água da


chuva, pouco será percebida pelo paladar e não causará transtorno fisiológico al-

gum quando ingerida. Em mar agitado, será difícil obter água doce que não venha

contaminada com água salgada.


A água da chuva nem sempre satisfaz a sede; nela faltam os minerais neces-

sários ao corpo humano, além de desagradar um pouco ao paladar. Sempre que

chover, beba água ao máximo que puder.


Não tente beber os fluidos (líquidos) corpóreos dos peixes, nem urina,

nem água pura do mar! Estes líquidos são perigosos.

d) Pesca e Fauna Marinha

Quase todas as espécies de peixes de alto mar são comestíveis, e represen-


tam um precioso reforço ao cardápio do náufrago se as rações de emergência forem

OSTENSIVO - 10-6-
OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

escassas. Como é praticamente impossível fazer fogo para cozinhar a bordo das

balsas, e mesmo das lanchas, os peixes terão de ser comidos crus. Isso poderá ser

difícil para muitas pessoas e, em caso de náuseas, é melhor não insistir.


Além dos apetrechos de pesca constantes da dotação das embarcações de

salvamento, a improvisação poderá suprir diversos meios para pescaria. É possível

transformar em anzóis objetos tais como clipe de lapiseira, prego dos sapatos, espi-
nhas de peixes, ossos de pássaros, etc. A linha pode ser facilmente tirada das

próprias roupas, torcendo-se vários fios para maior resistência.

Durante o dia, os peixes são, em geral, atraídos pela sombra do bote. Impro-
vise um arpão amarrando solidamente uma faca a um remo; use esse arpão para

pegar os peixes maiores.

Projete pela água dentro, de noite, o facho de luz de sua lanterna elétrica
de mão, ou então, por meio de um espelho, reflita luz para dentro d’água. A luz

atrairá os peixes; a noite, poderá acontecer que peixes de determinadas espécies,

especialmente os peixes voadores, caiam dentro da balsa.


Não utilize linhas de pesca muito fortes e anzóis grandes, o que poderá

trazer dificuldades no caso de fisgar um peixe muito grande. Não amarre linhas

fortes em partes frágeis da balsa ou do próprio corpo.


Evite deixar os pés e as mãos para fora, pois algum peixe que não seja

necessariamente um tubarão, poderá abocanhá-los.

Peixes de maior porte devem ser capturados sem que haja riscos. Mate-os

com uma pancada na cabeça ou com a faca antes de puxá-los para o interior da

embarcação. Não procure fisgar ou arpoar tubarões ou peixes muito grandes.


A quase totalidade dos peixes impróprios à alimentação vive em águas

OSTENSIVO
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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

pouco profundas. Quase todos são da família do baiacu, têm corpo arredondado,

com pele dura parecendo crosta, ou cobertos de placas ósseas ou da espinha. Não

é aconselhável também comer vísceras de peixes e aves, bem como ovas de peixes
desconhecidos. Essas partes serão mais úteis se empregadas em iscas. Não procu-

re, em circunstância alguma, examinar ou comer medusa, águas vivas ou caravelas.

São difíceis de pegar e podem produzir queimaduras e intoxicações por vezes fa-
tais.

Todas as aves constituem alimento em potencial. Podem ser capturadas

por meio de anzóis, laços ou mesmo com a mão, dependendo da habilidade de cada
um.

Utilizar como isca os pequenos peixes ou pedaços de metal brilhante em

formato aproximado de peixe.


Muitas aves serão atraídas pelas embarcações como ponto de pouso e des-

canso. Quando as avistar, conserve-se imóvel, pois algumas delas ou mesmo todas

do bando poderão vir pousar na balsa ou, até sobre alguém. É possível agarrá-las
logo que tenham fechado as asas.

Apenas duas entre as 225 ou 250 espécies de tubarão conhecidos são

dignas de confiança. As demais são constituídas de carnívoros predadores, dos


quais 12 podem ser consideradas como verdadeiras e constantes ameaças ao ho-

mem.

Não há certeza do que pode exatamente levar um tubarão a atacar um ser

humano. A existência de sangue n’água é inegavelmente o principal estímulo,

assim como o fato do tubarão estar excepcionalmente faminto. Em outras situações,


porém, o fato do tubarão atacar ou não atacar parece condicionado a causas pouco

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

definidas.

A verdade é que, até agora, ninguém pode estabelecer o que realmente

deve ser feito para desencorajar o ataque de um tubarão. Gritar com a cabeça den-
tro d’água, bater com os pés e as mãos n’água, golpeá-lo no focinho são ações

recomendadas em várias ocasiões, que podem dar certo em alguns casos e em

outros não; é provável até que o tubarão se enfureça quando se tente intimidá-lo.
Por outro lado, se ele não fizer qualquer movimento declarado, de ataque, uma

retirada (se possível) tranqüila ou uma atitude calma e imobilizada poderá ser sufici-

ente para que ele se afaste.


Se ocorrer o ataque por um tubarão solitário, contra-atacar pode ser o

último recurso, e uma faca ou um bastão de madeira representa uma possibilidade a

mais de dissuadi-lo.
Os repelentes de tubarão têm uma longa história de fracassos, inclusive

aqueles utilizados pela Marinha Americana durante a Segunda Guerra Mundial. Em

alguns casos, os repelentes parecem atuar sobre os tubarões solitários; em outros


casos, os tubarões chegaram mesmo a comê-los... Ante os grupos de tubarões exci-

tados, nada deu certo até agora.

A barracuda é um peixe que habita normalmente as águas tropicais e pode


oferecer tanto ou mais perigo que o tubarão. Costuma atacar tudo que lhe chama a

atenção, especialmente objetos brilhantes. É aconselhável, portanto, que o náufra-

go retire e guarde no bolso quaisquer objetos nessas condições, tais como distinti-
vos, fivelas de cinto, aliança, relógios etc.

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OSTENSIVO HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

UMA BARBATANA DE ASPECTO

AMEAÇADOR QUE SURGE À FLOR

DAS ÁGUAS, NÃO É, FORÇOSAMEN-


TE, DE UM TUBARÃO (Figura Superi-

or). A TONINHA POSSUI UMA NA-


DADEIRA DORSAL DE ASPECTO SE-

MELHANTE (Segunda Figura), MAS

SEU DORSO TAMBÉM APARECE


QUANDO ELA NADA. O PEIXE

ESPADA(Terceira Figura) MOSTRA O

RABO. A JAMANTA MOSTRA AS EX-


TREMIDADES PARALELAS DE SUAS

DUAS “ASAS”.

Fig. 10-19

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1002 - COLETES E BALSAS SALVA-VIDAS

São distribuídos coletes salva-vidas de paina a todo o pessoal que guarne-

ce postos de combate expostos, com exceção dos que guarnecem postos em que o
volume do colete iria dificultar os movimentos. Esses salva-vidas oferecem prote-

ção contra estilhaços e proporcionam flutuabilidade instantânea ao homem que

estiver usando ao cair n’água. Os demais homens da tripulação que não recebem
colete de paina receberão coletes pneumáticos que, quando vazios, não atrapalham

na passagem por locais estreitos.

Em tempo de guerra, cada homem da tripulação deve possuir o seu próprio

salva-vidas guardando consigo e em bom estado. Quem notar avarias no seu colete,

deve providenciar para que seja reparado ou substituído por um outro novo. Em
tempo de guerra, com o navio no mar, ele não deve ser retirado nem para dormir.

Em tempo de paz os coletes ficam guardados em vários armários, estrategi-


camente dispostos em diversas partes do navio, para utilização em uma eventual

emergência. O adestramento interno do navio deve prever que todos a bordo te-

nham conhecimento desses locais.

É importante que todos se exercitem em usar corretamente os coletes,

para que eles desempenhem realmente o papel que lhes cabe. As instruções são
específicas para cada tipo de colete e devem ser bem detalhadas nos adestramentos

práticos realizados.

A falta de um colete salva-vidas poderá deixar um náufrago em situação

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bastante crítica, porém o pânico somente irá agravar a situação. Se o mar não estiver

muito agitado, sempre será possível flutuar de costas, mesmo para aqueles que não

sejam bons nadadores. Além disso, todo naufrágio deixa inúmeros objetos flutuan-
tes (pedaços de madeira, latas e garrafas vazias, sacos plásticos, etc.) que podem

prover flutuabilidade satisfatória; objetos pequenos colocados dentro da camisa

podem transformá-la em um eficiente salva-vidas.

Fig. 10-20

O náufrago deve evitar pânico

Calças compridas podem também atuar como salva-vidas de fortuna. Para

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isso, amarre as duas pernas da calça, dando nó em cada boca; desabotoe braguilha

e segure a calça pela cintura, por detrás para a frente, em arco por cima da cabeça,

mergulhe à sua frente a cintura da calça.


O ar aprisionado irá encher as pernas amarradas da calça.

Deite-se sobre a calça, de modo que duas bolsas de ar fiquem à altura das

axilas.

Fig. 10-21
Como improvisar um salva-vidas com as calças

As balsas atualmente utilizadas na maioria dos navios da MB são as RFD,


infláveis e já dotadas de todo material básico adequado à sobrevivência de seus

ocupantes por um período de cinco dias.

Podem ser encontradas em várias dimensões, de acordo com o número de

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pessoas que possam abrigar. O material que elas contém é praticamente o mesmo,

independentemente de dimensão, variando apenas quanto à quantidade.

BALSA RFD INFLADA

As balsas são contidas em casulos de fibra de vidro, que ficam dispostos

em suportes próprios localizados nos conveses abertos.

Para utilização, não é necessário qualquer preparativo especial, bastando


calcar o pedal do dispositivo de escape e deixar o casulo cair ou lançá-lo ao mar.

Cada balsa dispõe de um cabo especial que atua como boca e, também, comando do

sistema de inflar; o chicote desse cabo deve ser mantido sempre firmemente atado a
uma parte resistente do navio. Após o casulo cair n’água, esse cabo deve ser colhi-

do até que seja encontrada uma certa resistência, quando deverá ser dado um

puxão mais forte, o que liberará a descarga das ampolas de CO2 que inflarão a balsa
em cerca de 30 segundos.

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Fig. 10-22

CASULO EM SEU CABIDE A BORDO

Caso o navio venha a naufragar antes que a balsa tenha sido lançada, os

casulos serão liberados por ação hidrostática do dispositivo de escape. A

flutuabilidade positiva do casulo é suficiente para tesar o cabo de comando (preso


ao navio que afunda), o cabo se romperá, permitindo a balsa vir à superfície.

Se o casulo morar em um convés muito elevado, cuja altura em relação à

superfície do mar seja maior que o comprimento do cabo de comando (ou boça),
este deve ter seu comprimento aumentado com um cabo mais forte, de tal forma

que permita a queda do casulo ao mar sem tesar. O cabo de comando não deve ser

substituído inteiramente, a não ser por outro de características idênticas ao original.

No caso da balsa ficar emborcada ao inflar, o seguinte procedimento é

indicado para desvirá-la: um homem deve subir sobre a balsa e, segurando o cabo
próprio para isso, nela existente, posicionar-se em posição diametralmente oposta

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ao cabo; lançar-se em seguida para trás, tracionando o cabo e mantendo os pés

apoiados na borda da balsa. A operação será facilitada se o vento entrar conforme


a figura.

Fig. 10-23
MÉTODO PARA ENDIREITAR A BALSA

A cobertura da balsa é de cor laranja para facilitar o avistamento, e é erguida


automaticamente quando a balsa é inflada. O piso é duplo e deve ser inflado manu-

almente, provendo maior apoio para os ocupantes, ao mesmo tempo que permite

alguma proteção térmica em águas muito geladas. Bolsas d’água dispostas nas
partes baixas auxiliam a manter a estabilidade. O sistema de iluminação (interna e

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externa) é alimentado por bateria ativada automaticamente pela água salgada.

A balsa dispõe de dois flutuadores independentes, cada um deles capaz de

responder pela sua flutuabilidade positiva mesmo com a lotação nominal completa.
Junto com o material que compõe a dotação da balsa, é fornecido um

manual de instruções onde é detalhado o emprego de todo o equipamento e é dada

orientação quanto à utilização dos recursos disponíveis.

Fig. 10-24

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PRINCIPAIS PARTES E ACESSÓRIOS DA BALSA RFD

O equipamento das balsas é composto pelos itens listados a seguir. A


quantidade de alguns deles variam em função do tamanho da balsa.

- esponja para enxugar o interior da balsa

- faca de segurança

- bomba de ar

- estojo para reparo da balsa

- boça e retinida

- remos

- espelho de sinalização

- bateria elétrica e lâmpadas

- apito

- estojo para pesca

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- água enlatada

- ração sólida enlatada

- abridor de latas

- estojo de primeiros socorros

- copo graduado

- comprimido contra enjôo

- livreto de instruções

- âncora flutuante

- pirotécnicos (estrela e facho)

- tabela de sinais de socorro

Tenha o máximo cuidado para não danificar a balsa com os sapatos ou

com qualquer objeto cortante ou áspero. Maneje com cuidado os objetos de metal
que apresentarem arestas cortantes ou pontas vivas. Não deixe solto o equipamen-

to. Amarre-o firmemente à balsa e coloque o material recuperado dentro das balsas

e dos receptáculos adequados a esse fim, conservando-os bem fechados quando


não estiver usando o equipamento neles guardado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

1) Orlando Jose Alves. Noções de Primeiro Socorros. Guanabara, 1982.

2) BRASIL, Diretoria de Saúde da Marinha. Primeiros Socorros. Rio de Janeiro, 1982.

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