Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
E A. ILHA BRASIL
Vaa
...
~tlexao aobre a Cultura Braaileira
•
Teae apreaentada ao Centro de Filoaofia
da Caltura Braaileira
. •
Reaife, 1978 •
•
••
•
J,J. . 3 \
PE-00004904-8
a.
INTRODUÇÃO
-
1 - Os Pensadores do Chno e da Embriaguez
tegrBntes da Raça parda e bruna do mundo, isto é, poTos &o mesmo tempo
-
tribuir apenas a incliun.çn.o a.' sensualidBde, ao prazer, às paixoea,ao jo-· -
go dos desejos, a embriaguez orgintico. e selvagem.
E claro que, para nós, tal pensnmento - Terdadeiro, por certo - -
na o
exclui seu oposto. Assim, podemos dizer, logo .de início, que os homens da
. - -
Râ.inhn. elo Meio-Din na.o sa.o o.pena.s noturnos, subterrâneos, da embriaguez
•
-
noscÍTel - foi outro alema.o, Nietzsche, um dos três grandea profetas ia
• Tn e aai~tica a origem de seu sangue: o que proTa. como, por cima de op~
.
. __, .. -
s~çoes e genernl~zaçoea, os homens nascidos em qualquer lugar podem ae
-
Assim, acentuo que, nqui, nao se inTeste, absolutamente, contra a ·
àignidnde ia razao. -
- Lembra-se tao - solar e masculina
somente que a rn.zao
tn.s por outro. Exn.l tn.Tom o senti,lo Ti tal e estético ela festa ao mesmo
bilizaÇBO dnquilo o. que Euclydea io. Cunha chn.mou de Po.rclo e em que Syl-
I
Tio Romero foi o primeiro a Ter uma mestiçagem moral, cultural, muito
e -
ressurreiçao; da renliuade implo.cáTel e seTern, por um laio, e io
brnsileir~ é o todo, àe modo que, parn ser o.barcndo., tem de ser intuí-
C3 SOb O m~ior nÚmero pOSSÍTel de pontos :de Tistn.
I Entretanto, se isso é Terdnde, também~ certo que a Cultura de um
.
país e de um PoTo se expressa de maneira -mais nitidnm~nte debu:xaua nas
é . por isso que somente ngorn o nosso próprio Povo parece estar tom~-
ao -
consciência e posiça.o d.io.nte dela.. Mo.s desde os :: séculos XVI e XVII
•
•
4.
P~lmente o ~~I, o XVIII e o XIX. Depois, numa espécie de contraponto, Te-
remos as mesm~s idéias-mestras, ~s mesmas características, reaparecendo em
segredo Tital das obras àe o.rte", como . .tiz Jo~o Ribeiro. E, sem fazer Tio-
•
3. - Características da Cultura Brasileira •
ticns essenciais «o. nossa Cultura. Como afirmei antes, sei que se trata ie
um empreendimento ousn.do. lfn.a Tou torná-lo mais ousado o.incia, reiuzinclo ea
-
sas características mais marcantes ào PoTo brasileiro a uma só, que resumo
-
todas: trata-se, a meu Ter,·do. uniao de contrBrios, da teniênciB para ass!
•
sistema, mas, desie o século XVIII pelo menos, tem se esboçaÃo aqui uma~
•
-
riento.çao no aentiào d.ti.quilo que eu chamo "A Pulsaço.o do Sern, Tisao - - que
engloba o Ser e o Vir-a-Ser e sobre a qual depois me ·deterei com ma.~~ . TA-
gar. •
que se inclinam pelo maior peso io Mun•o · como objeto, por outro. NoTa-
5.
rente e peri~oso tlo real elo mundo, ·e est~ consitiern.clo, por sua Tez, enqua.!
-
destruiçao e o culto da florescência e d~ ressurreiço.o.~ -
E daí que se originn.m obras como "lfa.cuna.ímn." (s;o Pn.ulo), "0 Tempo e o
.
Vento" (Rio Gro.nde do Sul}, "0 Tronco" (Goiás), ttGrande Sertão: Veredas"
José lla.dureira.
E se quisermos procurar antecessores n.~unciando, j,, ess~s car~ctería
•
6.
pintn.do n. Óleo sobre madeirn. pelo Mestre , anônimo d~ Do.tn.lbo. dos Gu~arRpea,
••
pn.inel que se encontrn. nn. Igreja dn. Conc~ição dos Militares do Recife •
e
que,por sinn.l, deve ser comparado com o mural, de assunto idêntico, feito
.
"'
em . FrBncisco Brennn.nd··,' ou ouvirmos n. músico. épico-relig· ioaa
cern.m1cn. por
-
•
I .
Alves, Pedro Américo, Tobias Bn.rretto, Simoes Lopes Neto, Raul Bopp,Vol-
.
ta.tiTns dn. Cultura. "eruditn." e exn.minei-n.w, como exe:nplo.ti particulares
-
que serTiro.o para todos; mas sem nunca esquecer qua ma.is
I
represent~tiva.
leira.j ·
4. - O B~rroco.
N~o foi por ·~caso que o Brasil começou a se formar,como o País que é
de poderosA
• .-.
forçn
t "' crin.dora., entre o.s qua. t s des tn.cn.-.sc o da. Illll\ Brn.sil -
O Bn.rroco é 11m estilo de vida., nm.n. Tis~o do mundo e uma Cultura que ae
Livraria. José Olympio Editorn., Rio, 1974,. pn.ssim) e que, o.tra.Téa doa Ju-
.
deus, seria. a porta-voz do Deus único reT:~ lado às outras raçn.s; que·, atro.-
Brasil ~· o que acontece somente com ~ outros poucos po.íses, entre os quais
nqua.se ínsuln." da. Península. Ibérica, isol~da. do resto do mando pelo Mar
que se
.· ·feve ifl em "A Tempestade" -
-
paç" cujo. o.çao tre.uscorre numa ilha
'
que se
- ,
e-spraia em indo.ga.ÇBO meto.f1si·ca. sohre o sentido do. Tida. e o próprio
presente, tn.I+ 1bém, na. obrn. de um her~eiro ~de Shnkespen.re, isto é, em "l!ob,.
Dick" do n.mericn.no Melville, o liTro qu~1 expressou, ma.is do que qu~lquer
' •
outro, a grnndezn., o negror, a tenacidnd' impln.c~vel, a crispnç3o puritana
mo nA Ilía.dn.u, abrindo
.. caminho pa.rn.
,~ ....
os marujos troin.nos e pré-romn.nos de
' ...
Virgílio e parn. os navegadores de Cn.mÕes- no cn.so~est~ quando Portugal
Vale ainda insistir em que foi soment~ por ser a. Rússia. o pnís que é
-
- nma vastida.o complexa, dilacerada. e continental, hnbitnda por um PoTo
veram ambiente pnra escrever aquelas obras complexas e de vastn Tisno que -
têm os nomes de "Guerra e Pa.z", "O Idiota.", "Os Demônios" e "Os Irmãos Ka
-
r~n.zoT'~, obras em cujo espírito e em cuja forma parecem se unir e fundir
mos dizeT-lhe ~ que o Brasil tem alguma. coisn. da Rússia, dos EatBdoa Unidos
e do lféxico. Para. evi tn.r equívocos maiores, n.crescentnrín.mos que, co.so ele
•
.
quisesse, poderiá, no. frn.se, substituir n. ·~Rússin pelo. India, e o lféxico
-
tn.o: Veredas".
9.
5. ~ -
As. Ques t oes de Vida e de MQrte
•
•
somos fdlhos lde . pn.íses novos, de Paises c~ s tnnhos a cuja Cultura temos
-
que dn.r: voz e; expressa.o. Por outro lado, _sendo os pr oblem!ls da Cultura e
por exemplo - . jÁ começBmos a nos sentir mAis livres, mn.is dispostos a es-
mesma. Cultura. nossa, somos nós mesmos os ~primeiros n. reconhecer, entre ou-
de que o - -
pensAmento e o. reflexn.o sao neceasidades vitais, uma. -
vocaça.~, 'D
- '-
~ .
que direç~o s& orientam pelo fato de t er ~1 homem n~ec i d o ou num paía do
I
10.
res
-
sn.o : ren.is, ou n únicn. ren.lidn.de é n. p~ssn.ge m implncnvel dn. existêncin
à I"Uinn, " mupn.nçn., o trânsito do qllO.l no.s sos sentidos dBO testemunho? s;\o
, • • t/lllttl
do real pelo espírito humano? Ou, p~lo contrário, as imagens do real, sobre
têncio.? .Se o Ser é umn realidade, seró. a •.Delezn. um aspecto desso. reo.lido.de,
,
ou e, apenas, uma.
-
construç ;~ o do nosso Eu?.; A vida. humana. é domino.da. pelo. fn.-
·por causB. da. morte, n existência. humn.nn. é·· funrinmenta.lmente trágica? A orga.-
-
niza.ço.o :;do Poder em Estado tem a.l~m sentido positivo paro. o homem ou é, in
'
-
trinsecamentet uma. espécie de mnquioa. monetruosn. destinn.do. a. submetê-lo e I
seu poder d~ -
atraço.o, para. o ma.is alto e o mais puro, ou -
SBo, apeno.s, ten-
-
o. expressao mo.is vital de um po.ía e de seu Povo? Qual o. melhor poaiço.o, -
utópica ·ou a ~ealistn? -
A único. opço.o possível será feitn entre otimismo e
f -ora, tais perguntas são feitas por qun.lq~er homem, n si mesmo ou o. .ou-
tros
.
homens, principBlmente nos momentos graves chNmndos de crise, em que
mente n. esses problemas- e eles n~o a~o , mu ito poucos, como se pn.rece pe.!!.
-
6 .-Visa.o Ca.sta.nhn. do 11undo.
Assim, cr~io
-
nno exagerar quando afirmo que a C~lturn brasileira tem
•
que ser encarada dentro do campo m~is geral da Cultura. dos povos ca.sta -
nhos do. Rainha do Meio-Dia., e que ta.l Cul.turo. tem um modo próprio de ex
I -
•
pressa.r seu pensamento. Esse modo de pensar é mais estético e ético do
que lógic~ e ~etafísico, e isso que pode parecer seu principa.l defeito a.os
olhos dos rotineiros e acadêmicos, é, talvez, sun. melhor qualidade, auo. ·o-
•
~ aqueles que lnmentnm, por exen1plo 1 que Euclydes da. Cunho. no.o tenho. pena.!_ -
do e escrito ~omo
•
Heiddegger - e
-
nn.o à.os .pensn.dores vivos
.
ou n,os o.rtiato.a
Súécia de hoje - -
sao ~
compatriotas e contempornneos de qualquer -
cidndo.p da
p~trin terrestre. Não esqueço, por exemplo, que o notável pensador brasi-
do Meio-Dia. S~o dois exemplos de vitórin. ..do espírito humano sobre precon
-
ceitoa (ne~ é de preconceitos que aqui se /ala): o primeiro, dado por w•
•
Shakespcare, ipglês, que escolhia. seus pe~onn.~ens nC\ Itó.lin.; nn. Eapanb~,·
i •
12.
que n -
razao pur~ esteja desprezndn: é que o rncionalismo descnrnn.do, ea-
'I• sado em ~ Terismo, dei~nram d~ ser id~ntificn.dos com ela. Hoje, sabemos que
I
I - -
n. razn.o humana nao se diminui, antes aumenta suna dimensÕes e sua dignida-
.
nn.o e a.penn.s o. rn.zn.o abstrata. que nos poe em comuni.cn.çno com o segredo do
I
r mundo - o.
--
intuiçno, a
--
imngin~çn.o
...,
e n reveln.çao talvez tenhn.m um papel
•
nnt~
.
I
I
•t
l rior e primordial muito mn.is importante e sem o qual n. . razno reflexivo. nao - -
I
I
I teri~ nenhum ~ateria.l de trabalho.
com um modo muito seu e peculiar, nossos melhores pe~snd ores, quBse sempre
evito.ndo enrijecer . suas i cié ins num sistema·~ têm, no entanto, refletido eles
I
•
mesmos sobre esse m~terio.l, çomomente ~ aob uma. formn e atraTés' de processo
'
já me referi.
13.
7. - A Rochn. Vivi\ dn. Rnçn. Cn.stn.nha ..
do. Cu l turn. dos povos castanhos dn. Rninha do ~:e i o-Dia., devo' fazê-lo preci -
•
sn.ndo nlguns n.spectoa de meu pensamento n. esse respeito.
'7'A primeiro. coisn. n. notnr é que estou consciente de que esse · cnstf\.nho do
'
sente-se _que o Povo - branco demais nos lugnres e~ que os contingentes es-
cos e Negros· africn.nos, nosso Povo sentin. que seu caminho est~v~ mais apr~
xima.do doa ! ::1d ios bronzeados - pois ·. era. no cnstnnho final que irinm se .
•
.
sucedâneo-. o indin.nismo-qúe
I
n. Cultura brasileira iria tn.tear seu enmiriho.
•
De ~ odo que, quando Euclydcs da Cunha, el~ mesmo per t~rb Bdo e deslumbrndo,
•
rcvc l cu ,~ o Brasil o cerne de si mesmo numa comunido.d.e ,insult\dn. entre pe-
• •
drns e c.n.ctos "- e form~n. pelo primeiro continge nte mais estn.bilizt\Clo de
'
ospé cie de~esso~bro. Erwm três graus de. n~astanhnmento · e de verdnde - aqu~
•
les que se podem Acompnnhnr fo.zendo uma ca~inhnd~ des~e Peri e os ~imorêa
.••
•
que n.pnrecem em "O Guarani", de José de Alenc~r, pa.ssn.ndo pelos Serto.nejoa
Dess~ modo, acho que é através do cam~nho anunciado e indicndo por Ea-
clydes do. Cunho. que temos de caminhar, mo/; tivo pelo quGl, a esse .respeito,
do. de Euclydea dft. ·-Cunho. quando este . sustep tn. que "n. rocha-viva dn. RA2n.
.
sn.ngue jR. pardo dos Tapuias. Como já diss-e , estou mn.is de ~~-o.r:..cl!> com Sylvio
-- --
Romero ~ Eucl ' des da Cunha: creio que o i ·ilÍcio de fusão cn.sto.nha do Ser,tão
____. . ___--!!C.- -- - -- - - - - ---=---- -..'í. --:~- ---- -------- · - ----
, '* - ,
e - e ~~rn. mo.~s o.indn., depois - um fato d~ repercussao muito mAis ampaa, e
- -- -- -
...__ - ... ~
uro n.núnaio profético não só da Ro.ça e do. Cul turo. bro.aileiro.a como do. ~ró
- ~~
prio. Ro.inhn. do Meio-Dia, incluídas o.qul O.l ~ América Latina, a. Europa medite!.
------------------- --------
'#...Esse ~ CRstnnho que, no Brasil, vem S ·é -
for jo.ndo no Sertn.o mo.is do que em
-
qua.lquetf outro. pa.rtet é a. o.spiraço.o .tn.lvez inconsciente,mo.s verdooeira e
oa de
-
Cu!tura ~no.o-portu~tesn.,
' .
como o Senego.l de Léopold Séd nr Senghor.
..
Pn.rn. estabélecer o. outro. precis;o· com ' quo.l pretend9 delimitar meu
causa de: tudo ~i~ ;; o que o.co.bo de explicar, quando incluo· a ÁBio. entre oa
d~s
.
no cBstanho, como o do. India,
-
do qu~ na China ou no Jo.pn.o.
.
Como bras!
•
Cervantes, Gil Vicente, Cn.lderón, Unnum nQ,, a. mÚD ica. árabe e juda.ica-l_adino.,
•
;:uclydes do. Cunha., Cyro Alegria, Góngor n., So.nto. Tere~o., flotino+ Gn.rcin
to.lvez utôpic4', ilha cujo nl tnr pedreg oso. e e.spinheuto é o Sert~o e cujo
'*
ves de Shakespeare, Nietzsche, Thomas ~fn~,llelville ou Hermnnn Hesse. Com
seu Cine.mn.. Mesmo a.ssim, o.chn.ndo que a Cultura. brasileira. tem mui ta coisa
tica.s, sinto que n.quilo que nossn C\Fltura. '!: tem de dionisíaco em seu espíri-
-
to repele, por exemplo, a noçao de tEmpo por demais apolínea e lentn. da
balé da Opero. 'de Pequim sejam muito uteis ·1pa.ro. o ent\:ndimento do Teatro,
-
o fato do. nossa o.proximnçao mBior .
com · os povos cn.stn.nhoa permn.nece po-
•
rém, irredutível: e ,po.rn. prová-lo, basto. q-u e qualquer I:•u.sileiro que tenha
hindu, por um lndo, n chinesa e n jnponesfi por ·outro. Di ~nte dest~s, senti-
-
mos uma. sensn.çn.o de estranheza e de "exótico'', injusta. tnlvez, rno.s presen-
te. Com a primeira, nós nos identificamos, tnnto qur~to com n etrusca, a
mero, -
ta.o cn.sta.nho e nosso qun.nto seu compa.triotn. contemportineo, o grnn<le .
Nikos Kazn.ntzaki.
'
.'
•
. .
•
Cnpítul-o I
.-
CAMOES E A IUIA DZ DUI•LA FACE - Sé c. XVI
• 1. - A Rn.inhn. do Meio-Dia
~
O mi~o dn. Rainha. do Meio-Din. tem s eu núcleo histórico estn.belecido pe-
fn.lnr de -
Snlomao e da glórin do Senhor, v.eio prová-lo com enigmas"(l~,l).
va. de -
penetraça.o· . d~os enigmas do rea}. pelo penanmento,terminou em festn.
Cnnto X :de "Os Lusín.dn.s", fn.ln.ndo do "gro.nde Império" etiope, isto numa. e_!
trófe nt\ qun.l ·voltn. n.o tema, pn.ra. ele obsessivo, da. Ilha remota, das "re-
lhos de -D iogo ~Lopes (ou Soo.re s) de Seque ira. nn. :!ndin.: ·<. · •
11
que dBO a.o mundo novas ma.rn.vi1has •
•
.
{Cn.nto X, estr:-. 52, "Os Lusíndas", em"Obra.
242}.
presentes que ele mesmo lhe fez co~ real liberalidade. E a Raipha ·
Assim, essa Ra.inho. . de Sn.bti poderio. ser.' uma. nra.be ou uma. etíope, maa
problemas filosóficos tratados com uma segurança que só pode advir da.que-
quando, no Gênesis, Deus diz "Eu sou· Aquele que é" - o Velho Testamen'o
demonstra que ~ povo judaico tinha conaciência, nem que fosse implícita,
a somb~~ feminina do ~en, com o c~st igo imposto pel o Pai, a Arvore do
2. - Cs Judeus e o Ten1po.
foi o d.o Tem.P.o• Eles tinham uma. noção bo.sta.nte exn.tn. de que um BCOnteci-
desses dois Reis - tinh~1 seu tempo e seu espaço determinado na Hiatória,
•
to.va com Deus. e o Verbo era. Deus"-. o Se~ e o Logos identificados num tem-
"
.
p~ superior. Também o Cristo declarou cer.~a vez, mostrando a aguda consci-
ência de que seu tempo sagrado e profético era superior ao tempo comum, o
tomcu 0
-
'acontécimento hi 5t·5 r··i. (.;· ~· r~.~a l e determinndo da uniao do. Rainha do
.
Meio-Did com o Rei judaico e lhe (>....1 um sentido supra.-temport\1, messi~ni-
co e prófético, considerando-o,
-
sob ·~ vis•o nova do tempo .sBgrado, o.o mea-
.
mo tempd no Pâssndo e no Fut uro. O evn.ngeti atn. Mntou.s refere que ele nfir-
20.
mou:
~onn. M(l.ria II, sem nome do editor,.. Lisboa., Prnça. Luis de Cn.moe·S , -
20, 1919, pg. 26) •
.
Q.Í se vê que o conteúdo histórico do mito se o.mpliou e enriqu~-ceu
e n. ela, a -
todo. estB Naça.o constituída. por '
aqueles que eu chamei no prefá-
cio da ·~Fãrsa. dn. Boa Preguiça." de "povos morenos e magros do mundo" (1966),
daicos pelo judeu Cristo, revelam, contudo, uma certa consciênci~ dela, n~o
nease sentido n.té n.gora. foi, o. meu ver, e. -:de J. o. d e Meira Penn3, no .liYl*O
•
21.
nfetivott (Ob. cit., pg. 75). Liga os pov4s mcridionnis morenos, erótico ~ ,
... .
a 1.mn.gem Mn.ternn., e os do Norte n.nglo-s a.x,.i io, tecnológicos e dominn.dorea,
...
a imagem masculina do Pai.Faln dos dois tnstintos fundamentais, unidos
• ,. • ll>wl ,., ..,
Jó. ·escrevi, eertn. vez, que, nn. n.ç~o d~ "Ilío.da", há. sempre em mim ,.uma
....
tendencin. n. simpatizar mais com os Troi~os
.. derrotados do que com os Mre-
.
gos vitoriosos. E que, npesBr de serem,ambos, rovos morenos da Rainha do
Orn., 3na Guerra de Troin., o símbolo mítico e nume tuteln.r dos Troitttnos
era materno, lunar, erótico e feminino ·- .A frodite. O dos Gregos er~ solar,
'
do que Aquiles - o agressor brut~l da força pur~. E por isso, também, <que
.
muito dep a, ·e com o aparecimento da Eur~pa moderna, a. linhagem troinnn
•
na l!adr~ -
latiria, Vênus, e prot e ~0 as nevegnçoes de Enéias pelo Mediterrâ-
e do Brneil, no ' -
poema de Camoe s .
cia que n~o explica seu esquecimento - J. ~A. Nogueira - se nntecipa a to-
seu livro "Sonho de Gigante" (!fonte irQ Lob:a.·i,iJ & c. Editores, Sno Paulo,
22.
1922), ele, ~ntea de J. o. de Meira. Pe nna., o.lude a e ssn. oposiç~o entre po-
admirável lucidez quando fala. "de uma. Cul.tura ln.tinn, de que s~o depositá-
•
rios os povoa do sul dn. Europ~ e dn. pa.rte do Novo-Continente por eles civi
.
liznda" (Ob.cit, pg. 58). Ca.rncteri~~ o espírito industrin.l dos Americnnos,
. .... .
herdeirCDs dos anglo-sa.xoes nórdicos, como uma. a.meo.ça pC\ra nós; atribui-lhes
'
o.s "brutalidades da forçn."J diz que essa oposiç'n.o dn. América. Ln.tinn. n.nte -
-
os Estados Unidos repete ·a velha oposiçao da Cidade latino. contra os bár-
•
•
5 - Vênus e os Ibéricos •
O ffnal da. frnse pa.rece-me meio art ifi cial, o que, a.liá.s, decorre, a
meu ver, do próprio poema analisado, que s empre me pareceu to.lves mais
I
como a própria Vênus - em compnraç~o co1:1 Afrod ite .::. parece-me a. identifico.
-
-
ça.o, '
ou melhor, a -
nproximnçno '
o
44/45).
nindn ~1ito branca., para. nós, · se bem que ~enha cabelos pretos; escurece-a
consciente da. nossa. Rn.çn. Realizado. e.ssn. .,primeira. fusa.o, nosso Povo une
ima.gem fe;ninint\ resultante com outro., mn.sculinn. e s oln.r, que n.ssnme muitas
o
figur.ns,: entre ns qun.is (Sao Jorge, So.o S.ebn.~:>t in.o) , n.vultn. o. do Cristo-Rei,
6. - A. Ilha. Brasil.
e runbiv..nlente.
~
•
europeus "puros", n. .!fricn começa. nos Pirinéus- o que eles dizem como es-
cnrnio mns, para nós, constitui um grnnde elogio. Pois nessa. espécie de
litornnea de ;Portugal. l por isso que Cnstela e o Sertao têm mnis grnndez~ -
enquanto Port.ugn.l e o. Zona dn. J.In.tn têm mttis grnço..
~ to.l vez P.o r ca.usn. d~ss o que, dos mi t ê:.s que mn.is influenc.in.ra.m os : Povos
Pa.rn. CamÕea, o Ma.r ·é ambíguo: por um fn.do, Monstro, ha.bitn.do por divin-
cristal; podemos olhar o t~ ono doa quatro elementos - o Fogo, o Ar, a Ter-
ra. e a 1guo.. Vastidão cn.óticà onde, •porém.; pode-se n.vistn.r n imt\.gem do "T!.
•
---~---------- -
"Deaoobre o fuDdo
do Yelho C&6a a -
~·• eent..a ta•••
•êll-•• o• qUat.ro 11••••~•• t.ra•l ..lldoa,
• dt••r••• ofício• enpM••"•
-
A Yiaae-d.-.uDCi o que iafonaa•a o peu ...at.o •• - era de ..a.etr•••
c.....
pla~ôaioe. -
De ponto do vieta da ooa.. pf&O da Del••• • da eriata• - ar~f••t-
... ManJ•••
gem d~ pescB os jovens de raato fino e olhoa fundos, dados a ~editn
! . . ...
-
Ç~ea ~mportunns e que se ofe,;recem; pt\ra. embo.rca.r, leTn.ndo Jlft. C,.beça
o FédQn ••• Cuidado com os toas, p~rque ns vossns baleias prec!sam
~o mundo e nem por isso ficn..reis JIB.is ricos de uma pinta de e•per-
macete. • •
-
Nn.o é raro que Child
..
H~old se empoleire no t .opo do ma.a-
tro d~ algum baleeiro infeli~ e s~m sorte ••• Tão enlevndo ae encon-
~ra o 3jovem distraído, nas auns f1ntasmngorias aemelhnntea n ~m s~
com a.
.
~ a.dencin
~
que surgirÁ ~ -
visa.o camoni dn. Ilha Yefle-
tal,
.
ba.~roca, ~ sexual e feminina, Illn. quJ; no fim de -
sua descriçao, oul-~
-
mina com a viàao-de-pensamento, com t o sodho-d~-rn.za.o da - Máquina do Mumdo.
E é por !isso que, confluindo nela .o :mito dn. Ilbn. Brasil e essa eatraDh~
tndoras ; por iua vez, dn.s Ilhas edenicn.s D Afortunadas, através de cujas
"O nome brnsil significa. a.o ,mesmo tempo um produto do Oriente e untA
ilha. do Ocidente ••• . Como pr~duto • .•.• vinhn em toros, de que re"'irn-
~os M~icis ••• Da.s cn.rtas me,iiev~ia algumas deo o nome a uma fÓ i-
convive.do 1 emt uni~o de contrnrios,cpm um~ visno mítica do mundo nBo ~noa
''Os bodJena do. Idade lféd ia. berdnramLdos antigoa a auapei to. da ekia-
Brasil- fund~do por ele com o judo..co d~Jardim Edênico e com o clá.Si-
co e mediterrlineo do Jardim odo.a Heapérid~ - que Co.mÕea forjou a 11 doa
A -
Amorea, Apreparada por Ve nus, ''Mn.e e 1prot.,ora dos J,.,atinoa", para aqu&lea
o •
•
-
que tinham atravessado o. vastidao ptrigosa do MBr,
o
Encoata-ae no chao, que ••ta GAindo,
-
o
#
••• Abre a -
rom~, mostrando t rub~unda
-
D9a os cabelos de ouro + ven~ leva,
correndo, e de outra as frald:aa delicàdaa;
f e ata, emtiri
-
"'"ez. E a Tiaao da Naquiaa do ~
•
-
Ya•
-
a:-«i &D -.:it.o que
po1 ele
si ~ic!o,
jo ali fi~.:.
••
.
.,...u f'ei elo ~r, al~ e .pr6f•Mo,
Cultura braaileira ' a carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Dom Manuel I
-
de Portugal. Hao TOU •e deter aobre ela. ~aiDalarei apenaa que, de auaa
•
traaea, aa que ficaram a p nte preaença, no auk
conaciente doa Ibérico• de alguna doa mito• principaia a que Tenho me r•-
-
feriDdo. "A. feiçn.o delea é aerea pardoa, miuleira de aTet·aaelbadoa, de bona
roatoa e bona narisea, be• feito•• Anda• nua, sem cobertura alguma. Nao -
•
faze• o menor ca•o de encobrir ou d• moa•rar aaaa Tergonbaa, e niaao têm
tanta inocencia coao em moatrar o roeto ••• O Capitao, quando elea Tier
A -
'
eataTa aentado •• uma cadeira, bem ye•tido, com u• colar de ouro IIÍUi
de ao peacoço, • aoa péa uma alcatifa por eatro4o ••• Poré• dele• pôa
-
olho no colar do capitao e começou de acenar co• à . .o - para a terra • de-
poia para o colo.r, como que noa dizeudo que ali haYi• oaro. olhou
para a• caatiçal de prata e aaaim ••••• aoenaTa para a terra •
para o caatiçal, coao •• lá tambéa houYeaae prata ••• Oa corpo• aeua -
a ao
-
tao limpoa, ...
tao -
gordo• e for oaoa que Dao pode• ia •er ••• A inocência
- -
deata gente é tal que a de Adao nao aeria •aior ••• Achar alguna cama -
- •
era "senhor da cultura d" época". Elogia aeu esforço de pesquisa, sua fi-
delidade à.a fontes, "o tom popular, quue folclórico" que adota em •uaa
-
narraçoea.
parece que estava consciente de que esae mito da Ilha edenica ocultava al-
-
g1••a coiaa de pG.gao e aelvagem, de erótico e afrodiáiaco, de priápico até.
ta Cruz e por este nome foi conhecida muito• anos. Porém, como o·
Demônio com o sinal da cruz perdeu todo o domínio que tinha sobre
oa homena, receando perder . também o muito que tinha ea oa desta te~
.
ra, trabalhou que ae eaquecease o primeiro nome e lhe ticaaae o
do a terra
.
tão grande e fértil como ao diante veremoa, nem por iaao
nto, antea em diminuiçÃo". (Frei Vicente do SalTador ,
- -
"Biatória do Braail", Ediçoea Uelboramentoa, Sao Paulo, 1975, 6§ e
-
dição, comentada por Capiatrano de Abreu, Rodolpho Garcia e Frei
RAça iberica coa a parda e avermel~nd~ dos índios era deaej~vel e ineYitá-
. .•
-
"torc1·dft,., e a t ranh a e pagan , mas ,n.~
-I:" 1na.
• 1 d e c out ns, ..gent e " , como o p ap"' p ".!.
•
- •
idealizaçao romântica,
.
aem qualquer correspondência com a realidade.
·E eTidente que a contiss~o que vou ra~er tem valor puromente peaaoal,
pois ela ae refere a simples tentativa falh~da e nunca concluída de
-
ficçao arbitrária e sem método: ocorre que o romance - ou novela - que
venho eacrevendo desde 1958, teve sua gêpese lignda n Bento Teixeira, o
' bucano José Antonio Gonaalves de Mello e'creveu sobre Bento Teixeira noa
seus "Estudos Pernambucanos", Imprensa Universitária, Recife, 1960. Lera
-
•
- do Santo
aa Confissoea e Denuncio.çoea Of~cio que Capistrano de Abreu pu-
- -
•
.
blico.ra. De modo que, nao tendo o ficcioaiatn f'S mesmas obrigaçoea e limi-
-
taçoea que o historiador diante dos fatos e documentos hiatóricoa, me Teio
- de iniciar vasta "Crônicn.· doa Ga.rcia-Bru-rettoa", da qual o .
a tentn.çao 'JJDB.
•
: primeiro romance se intitulo.ria "O Fidalgo Judeu". Esse fidalgo judeu era
-
Bento Teixeirn. que, na açao do livro, ap~ec~~..::L-.-.-.-
.
Fernandea Brandão, judeu e autor provó.vel dos "Diálogos do.s Gra.ndez~ do
Brasil", e de Vicente Rodrigues Palha, aQuele mesno que, depois de profea-
sar, to•~ria o nome de Frei Vicente do S•lvador. Bento Teixeira seri_, do• .
I
maior.
Trata-ae, como já disse, de uma idéia de escritor. O fato, porém, é que
•
na "Prosopopéia", por mn.ia "obra menor e . -falhada" que elo. aejn., nota-ae o
titica com
-
alegoria plantada no meio ·da vaatidao do Uara é
deaé~tica
•
38.
do Arrecife ciercado pelo "estaDhado elemento" do llar. Pru-a ele, & "Ilha Br,!
ail'' d isto -um Arrecife . pobre, mrLs aobre cuja Pedra ·aagrada oa Deuaes se
assentam.
A. prova de que ele deaeja igt}Blo.r ou u.l tro.pasanr Co.mÕea - opondo Jorge
-
de Albuquerque a Vasco da Gnma - é que Bento Teixeira "Tê 11 Trito.o assenta-
M•s
•
uma Concha liso. e b~m lavrada
.
•
Depois do Mar azul ter diTidido,
<
mostra Jorge de Albuquerque como herói dEf uma. epopéia dupla, uma "ilíBda
per:-didoa no Mar e erro.ndo na Nau "Santo Antônio", quiseram tirar sortes pa-
. .
ra matar algum dos companheiros e devor&-ão, para vencer a fome. Para o r~
mo.nce n;o ficar ainda. mn.is longo, termine.1i cortand'o esses versoa de Bento
•
mento de ligação entre esses dois e CnmÕts•
~
~un.l -
trovao espantoso e Tiolento
'
Rei Encobertoa •
•
•
1 "Anteparou aqui Proteu, mudando
mente d' 1564' e Ambrósio Fernandes ~ Brn.n~o, tendo declarado- n.li&a no pro-
cesso dt Bentp Teixeira e no din. 20 ~ de s~tembro de ·1595,-a idnde de 40 anos,
deve .te~ nasc~do em 1555 (cf. José •ntôn~ Gonsn.lves de Mello, ob. cit. pg.
I
54). Fo:ro.m contemporô.neos, de modo ~ue · n.liesn.r de ser invenç~o de ficc.i onis-
ta, n.qu,ln. miphn. à q~nl me _referi nlo - er~í tao - arbitrária assim. E volto a
•
Frei Vi~ente do Salvador, para n.ssinn.ln.r, atrn.Tés dele, a constBncin. de o.l
• • • -
gumn.s daquelas
, cn.racterísticns que Tenho •presentando como idéins-cbn.yea
r,• '
pn.ro. o. eompreenso.o
.
-
dn. Cultura brn.sileirn..,
algumas rpartei 4ela. vivem os homens com ~ia sa.úde que em toda. n. zon~ tem-
perada., ~pri.nc:lpa.l.mente no Bra.sil'1 (Gb. cit., pg. 61). Depois, sempre insi_!.
•
• • .
.
'
tindo n4s quo.ii4n.des po.rodisíacas dd NB.tu·r ezn. brasileira e também naquele
I
sadia, fresca e de boas águas" (pg. 166).=lE vem B. relação de árv-o res belas,
tintas de suas cores. E contudo sã~ estimados por sua formosura pa-
ma ao pé, estilrum do âmego u~ preci oso óleo, com que se curam todas
milagrosas da copaíba,
-
sao também o3 b i ch,a:
.
-
"E acerta. à.s vezes estn.r este licop ta.o de vez e desejoso de sair
que têm dos machoa ••• Nem só têm eitns árvores virtudes em o óleo,
65).
Parece que Frei Vicente do Salvador tejminou s e apercebend o de~ue,com
pagãos da idolat ria, tanto assim que achou necessário lembrar que taia !
leoa medicina~s dna árvores brasileiras t i nham sido ~mitidos a s~g•nção
pelo Po.po.. Diz ele sobre a ca.boreíba·:
"Ou.tra~ -
árvores há cbamn.do.s cn.boreiho.a, que dao o sua.víssimo bt\1-
43.
snmo com que s e fBzem ns mesm~s curas, e o Sumo Pontífice o tem de-
Sobre oa frutos - assunto que n~o podi,a fnl to.r em sua. "enumeraç~o edêni
•
ca"- Frei Vicente inicia. n. sua evocaçii:o, que é quase uma. invocnç3o, e vo.i
•
ate o Fruto-R~i, o Abo.caxi ou Annnás, num temn que depois veremos renpo.re-
1
cer com frequência entre os Poetas; mas ~ão esquece o Co.ju com sua tríplice
•
'~ Outra.' árvores se eatimn.m, q.inda ~ue agrestes, por seus snborosos
e o.ssi~ - - -
nno poderei contn.r senno algumas principais. Tais sao as
deiramento das casas, por ser qua.s• incorrutível; seu fruto é como
cereja~, maior e mais doce, mns lançB de si leite como os figos mal
u•a ri~ libré, e este fruto se co~ depois de maduro sem botar na-
•
dá dele) fora. Giitis (Oitis?) · é frwto de out rns o qual, posto cque
feio à yista., e .por isto lhe chamam coroe, que quer dizer nodoso e
mam tnnto que nque~e mês nno querem out ro mantimento, bebido. ou r~
galo, porque eles lhes servem de frutn, o sumo de vinho, e do pÃo
~hes aervem umns cn.stanhn.s que vêm pegnd a.s a esta. fruta, que tlUll-
~o em ~asa -
pern fazerem maçapaes ~ outros 4oces, como de amêndoas;
e dá gpmn. como a Arábia ••• O · me sm~ tem outra plantn que produz nn~
•
humores que o.cha no corpo: porém i:a to nntes nrgúi a. suo. bondn.de ,
- -
que e nn.o sofrer consigo ruins hum.o res e pur gó.-los pelas vio.s que
-
âchn abertas, como o experimentam os enfermos de pedrn, que lha jes
1
-
laz em areias e expele com a . urin~; e até a ferr~gem da faca com
Note~se que, pnra Frei Vicente do Salvador - como para mim, ~liás - a
Península Ibérica é um todo cultural único com o qual ele faz o Brnsil con-
correr com Tantagem, com auas mndeir.as ve~melbns, . roxns, jaspendas, estilB-
cio. e ind.cia o. cadinho ro.eia.l e cul turn.l do Brn.sil - espanhóis, Indios ,por
-
tugues e s~ Negros, judeus, gregos, 1t~elu c ~s ••• Eram violentos e míst icos,
curiosa, ~ a -
"do1Espírito Sa.nto"; e eu: na.o lt'Credito que fosse n.penns por c o.!:
.
veniência que Bento Teixeira falasse às Te~es co~o católico; a meu ver,ele
era ao mesmo tempo judeu e católico, · d i lnc~rado entre esses dois g~lbos da
religjão dos Profetas do desert o e do Velho Testwmento. Ele ,as sim mesmo c~
violento j por um lado, e preocupado eom Deus, por outro. E~~ blasfemador e
~5.
aolto C\.e língua.: certn vez jurou "ne lo Pt ntel h o de Nossn. Senhora", e, pe-
•
sun. mulher Filipn Rnposn., "cristn-v~lh n. e ;de nobre ger o. )· ~ · . ·r, diz que ela
-
chegou a adulterar n.té com o mulo.to Antônio Lope s Sn.~pa.io, "por nno ficn.r
era esse mesmo Bento Teixeira que afirmn.vn. que "também Deus da.vn. seus bens
••
nos mouros e 4808 infiéis"(Ob.cit.,pg. 25, notn.). Umn. testemunha. diz que e-
dif~rençns com algumBs pessons" (pg. 34). E nn.o podemos ler essas - cois~s
-
sem experimentar profundo. compaixào por es sa gr nnde nlma ·dilnccradn
.
de Ju-
. ~
deu brasileiro nascido no Porto. Ninguém ~se lembra. dns injúrias e humilha ~ ·
-
çoes pelas qunia ele p~sou a. vida. 'intei#a, sofrendo o desprezo e n trni-
.
- de Filipn Raposa,
'
_gn.s. Sua. mull1er, que se .cons idern.y~ bro.nen. puro. e de co.stn nobre, chamn.vn.-
....
o de "homem mn.l n.condicionn.do" e de. "cri§tn.o-novo fedorento". Ele suportou
•
de Olinda pa:rn o Cn.bo, puB ver se elo. teria nem que fosse u.mn. "pouca emen-
do.". Vendo que o caso era sem jeito·, ma.tou-n.. Ma.s na.o é isso que o levn. ~ -
condena.Ção: é a "heresia", o fato de ter,~ seguindo os ensinn.me~t c~:t . ~ e sua
•
-
Mae, adotado o.lgumn.s "práticas e crençn.s mosn.ica.s", como, por ··exemplo, o.
,..,
de nfirmnr ·o. unidade -e nao n. trindade --de Deus. Uns testemunhNm que~
Foi 0 co.so de · Pedro Fernandes do Vale que: "disse que o Réu ern. mal erisinn.-
do, revoltoso 1e que com muitas pessoas t~ern briga s diferenç~s, na quais
A injustiça do julgamento se ngr ~va n ~ tnl ponto, _oue ningu ém pode . ler,
•
- •
sem profundn compaix~o, ô grito que o po9r e ~udeu , -acossndo 9~r todos os
l ados, ~acusaq o por sua mulher de ser um ~mBnte .incapaz e homem ma l ~condi-
•
tico,-o grito de sofrimento que ele deix~ escnpar perante seus Juí s es:
~tas ae Deus Nosso Senhor foi se~vido . que meu pni fosse -
cristno~no-
~Assinalo esses fatos pnrn. mostrar como Dento Teixeira era, bem, uma fi-
gura. r .e presentn.tivn. da. Cultura. brasileira primordial que, no século XVI,i-
•
•
uma, int~rpret-~Çf\0
- dúplice e ambígua., serial e místicn, sobre a.
.
form~ do.
va.m e -
poem em lntndaa nos pátios & quintais; ...
da.o fruto de quatro
(como querem outros) os três crn.vo• com que Cristo foi encravAdo,
e logo · têm o.bn.ixo do globo (que é .o fruto) outras cinco folhas', que
espo.ntB~e que 3 flor do mar~cujá s e ja entend ida também, pelo Povo brBai~
.
bólica. cfo •exé feminino - Bmbiguidn.de que' apn.rece .. ~:· t\lgu n:;s :~ :>et o.s dos sé-
•
culos seguint-es •
dênico d~ Ilha vegetal do Brasil. O que de se jo ~notar porém é que ele en-
e sn.be fundir os dois, us o.ndo até emblemn.a e insígnin.s próprios par~ ca.da
um - Ouro, -
gavin.o-real e pedras para o Sartao, cidras e ,.., -
Romn.s pnra a Zon~
.da. Ma.ta, aqueln.s mesmas cidrn.s e romãs que Cn.ruÕe s j&. descrevera nn ''I lha.
alegóricn. dos Amores". Tendo já. mostrado a.lgumo.s palavras sua.s sobre •
a
vegetaç~o
- pnràdiáín.cn. da Zonn. dn Mata, p~~ s o a relacionnr outrn.s m~is li-
·~ •••
.
Agora me é necessário continuar
:
-
com a murmuraçao, havendo de
•
do Peru, que -
B nao divide m~is que umn linh~ imaginária indivisí-
uma mina de muito ouro limpo e deac~berto ••• Outro.. entrada fez um
haver (1ma. serra no.. ca.pi tn.nia. do Espírito Santo em que estao - 100 tidas
mo~o de velo. latina , correm com o vent o como caraveln.s ••• JJá mu itas
•
gn.rçns o.o longo d o Mar, e outras ave s chnmn.dn.s gu o.rns, que quando
- .
empenám sa.o brancas, e depois par das e f i nalmente vermelhas ••• "
Ag or~, tu~o isso é observado co~ fide l i dnd e: Frei Vicente do Sa l v~or é
com a -
imngin~çno mítica. comum à sua raça, n s eu tempo e a. seu meio.Quo.ndo
-
se tro.to. da versn.o histórico. de um acont~~cime nto qualquer, ele tem b•.sta.nte
. •
•
senso crítico po.ra analisá-la e discuti-lo.. E o que acontece, por ex~ wplo,
.
com n supost~ origem dos nossos Indios a po.rtir de um Po v~ b~rbaro que ha-
tio do Bro.sil e Diversidade de Línguns q~e entre Eles l!á" diz Frei Vicante:
léinea Austral, diz que em ns serrns de Al ta.u1i ra. em Espanha bn.via. uml\
gente bárbaro., que tinhn ordinári~ guerra com os espanhóis e ~ue co-
.
lbia.m carne hunHl.na, do que enfn.dn.dof3 os espanhóis juntn.rnm suas for-
se, e assi dernm consigo nas ilhns·' -Fortuna.das, que agora se chtUDam
•
. .
Canárias, toco.rnm ns de Cn.bo Ve rde ~ e aportaram no Bra.sil. Saírnm
.
,.,. l .•
dois irma.os por cabos destn gente, · um chamn.d 0 Tupi e outro Gun.rn.ni;
•
~ste último, deixando o Tupi povoando o Bras i l , pn.ssou a Pnrnguai
são
A •
outras que nao refiro, porque bno tem fund ~ento: o certo é que
versas línguas, e inimigos uns doi outros ". (Ed. cit., pg. 77).
trec~o Afortunnd~s
• #
Pelo que se segue, . vê-se que Otmito dns Ilhas Jn.
já atribui o ~nome das Ilhn.s nno Q. U~H\ terrn. mítica. a. alcnnço.r, mas sim õ.a
I
not·malmente o,: -
opiniao sobre os lndios vai- ser expressa de n.cordo com ·dun.a
-
posiçoe• extremas e opostn.s: uns,"renlistn.s", o. pretexto de que se tr.n.to.
.
de "blirbaros"·, enxergam e acre scentnm essn "bn.rba.ridn.de" a. fim ·de, com i.!.
so,
.
justificar a. escrn.vidao, o saque, a -
apropriaça.o das - terr~s, o. vidlaçao -
dn.s mulheres etc. Outros, "idea.lista.s" românticos ou indin.nistns, recuso.m-
se o. ver os 1ndios como eles real~ente s~; crinm uma imagem vagn. e falsa
- mn.s nem por isso deixnm de ser mn.is simpáticos do que os "renlistu" b~
do bom senso: analisa com objetividade OS- costumes, .Pnrn. ele bárbaros,dos
1ndios, .ma.s ao mesmo tempo mostro. a crueldnde dos E.srtnnr: õis e Portugueses
que, desse modo, aparecem mais b â.rbaros d~ que o Povv primitivo com , o
pt'..recidn com . n do Povo"bárba.ro" que e l e p rocur n.vn. n.n n.lisn.r d e mana irn -
tao
objetivB: ne!e, o s angue cultural i bérico j á estn.vn. mnis ncns tr~h nd o pelB
..mes t•1Çngem moral" - como dizia. Sylvio Romcr o - com a Cultura ver me l~H\ dos
"Tupis .e Tn.puin.s", n.s duns "ca.stn.s" princ ipnis de "bnrbnros" à.s qua.ia, no
índios e gentios".
te nós iSOmos .surpreendidos, nessa. rela ção, com n. presença. de "Homens mn.ri-
nhos", ~ue saem dn.s águn.s e devoram os homens comuns; imedintnmente, n.o que
parece baseado em Gnndn.vo, e 1 e nn.rrn. como um cer·to Bal tu.sa.r Ferre ira. encon-
desenhn4o,
.
com braços e peitos de mulherJ garras nas maos, ca.rn de - Cachorr~,
nas bn:ía.s e rios fundos desta costa, e às vezes lnnçnm n. ela muito
âmbn.r do que do fundo do mnr n.rr an~am quando comem, e conhecido na.
éomê-1~. Há outro peixe chamado espadarte, por uma espBd& que tem
~ais que os olhos e ~~riz, pór onde se conhece que nno - foram tub~-
~Ões, porque também há mu~tos nes~ mar, que ccmem pernas e braços
~atnnas do rnbo, lhe d eu o ~nnc cbo uma est oc ndn pe la bnrri gn com que
lhe deu um altnbaixo no. cabeçn. com qu e o a tord oou , e l ogo ncud irnm
alguns escravos seus que o acnb ~rnm de matnr, f icando t ambém o mnn-
.
cebo desmnindo e quase mort o , depoi s de haver tido tnnto nnimo. Ern
mo.is d~ 3 metros}, não tinha e s c n.mo. senão pele, como se verá na. fi-
res costumam publico.r a que saiu no l i vr o de Gnndn.vo. Mas o fato é que Frei
.
Vicente parece ter se deixr..do contagio.r pelos hli tos c n.c~~nh os dos primiti-
uma- e spé cie de "fn.ntó.stico religioso" católico e s~u. ~, palo menos, o que
nno qu~s ele maia. Nem lhe . ernm necessários, porque, em chegando
· qualquer aldeia do gentio, por gr and e que fosse, forte e bem povoa-
-
dB, depenn.va um frnngao, ou d·. eaf olhn.vn um ramo, e quantas penn.s ou
o.u.
e o.~ ~~rã-los
Qo&.Uu...
e levá-los aos barc os , c ~queles idos, outros vindos,
•
n~s peças (isto é, nos índios escravi z ~d os) , se porque o padre má-
52.
O final d ~ate capítulo trn.z urna r ef erên cin. o.o núcleo his tóri co de outro
~lito qu,e estavo. un.scendo , o do Saba.nt inni smo ; é co~o nn. "Pros opopéia":
"L foi isto causa pa.ra que el- rei D. Sebnst.í~o o c~a.nd ass e ir pern.
varo Coutinho t.le A.mour ol, da. qual teve do i.s filhos, Duarte de Al-
O ~sianismo,sebastinnista
.
-
ou nao,
,,
Ja come çav~ a se esboçar entre os
Brasileiros, com as linhas gerais de uma ·mi ssno a que o País estaria des- · -
tinn.do, de nma. superioridade tn.nto em relaçn.o ao Rei no â.ntigo - Portugal -
ou Espanha - CQmo .em -
rela.çao a.os Reinos nascentes , como o. India.. Dis Frei
•
Vicente do S~lvwdor:
-
pn.vegaçao, que com muito. facilidade podem cá vir e tornar quando
cem léguas de terra. que tem todo P~rtug~ l bem caberá em ma is de ~il
. .
que tem o Brasil, e · ser in. est.e ~:;:.1 grande Rein o tendo gente, porque
'adonde há n.s abelhas hti o mel". (Pg . 145).
dido , éxpandindo-se num Reino - que depois Dom Pedro I faria questao - de
.
trn.nsfiguro.r em ...T wper10
' • -de m~is de 1 .000 léguas. E .Frei Vicente insiste
terra bn.stn.. Vinho? de açúca.r se fr:.z mui sua.ve e, pJ.ro. que m 0 que r
53 .
se l\
- tem pa.o de
terra que nn.o - ·~· -"" ig o e vi n.h o de uvns pn.ra. ns missn.s,
mn.s po.rn. isto bn.sta. o que se dei no mesmo Brasil em S~o Vice nte e
-
campo de Sno Paulo ••• E com i s to e s tn que t em os port os nbertos e
grandes bnrrns e Lníns, por onde c ndn di n lhe entrn.m nnvios cnrre-
.
'I,Pp.;ro. concluir, digo que hoje está. quas e que inteir amente provndo .que o
•
bém demonstrado, quase sem nenhuma. dúv ida., que o autor dos "Dinlog os dn.s
.
Grc..ndezns do Brasil" foi outro judeu, Ambró s io Fe rnandes Brnndn.o, o qual -
. .
parece ter escr-ito seu li'yro nn. Parn.íba • .Ca.pi s trano . de Abreu diz que o
eutor dos "Diálogos" pa.re ce ter conhecido Frei Vicente do Snlvn.d or e ch~
-
mn. a nossa. ntençno pnra o fato de entre os t emas comuns nos dois. nutores
-
estno a habitabilidade
.
d :~ z on o. t órridn. e a pos sib i lidnde de vir
•
o Brn.ail
•
a s er o verd tÍd e .i ro Reino , refúgi o d o Governo por t t· _- ·os . Ora., como Ambrósio
.
Fe rnnndes Brnnd~o depôs no processo de Bento Teixeira., é, no mínimo muito
•
suas
.
notn.s B. "História do Bra.sil" de Frei Vicente do Sn.lvndor:
mo que lhe res ponde . Por sua vez tratn nn Tiist órin. de nssuntos a-
tórin. do Bra.sil" ...:. como, por exemplo, o fnto de Ca.r nmuru ter sido n.lcCUl-
çn.do pel~ moçn índ in,o.pnixonndn. por ele,q. nado, qu.nndo a nn.u fr:\ncesa que
eram, alguns dnqueles f undamentos cnract·e rí sticos da. Ct:. ~: tura. brn.sileirn.,
-
•ao de que o biatoriador nordestino tinha razÃo. Mai• ainda• parece que
roetaa brasileiros do aéculo seguinte, o XVli, forj aeua Teraoa ao
08
-
bre o Braail fundindo a for -
herdada da deacriçao· da "Ilha do• Allorea" ,de
-
Ca•oea, com a daquele• doia litroa, cujo• temaa, enumeraçoe• e louTores da -
natureza paradiaíaca do Brasil - com inTentário daa ártorea, doa bicboa ,
doa peixea, •antimentoa e florea do noTo Paía - aão quaae •empre coinci-
dente• e à• Tezes repetidos. E Terdade que aomente no século XX to oa
.
doia publiqadoa integralaente, o pri•eiro por Capiatrano de Abreu, o •••-
podo por Joté .lDt&nio GODf&lTe8 de Mello. Mo aécalo nx, VarDhagen util!
•
- -
que ai•- ou entao eaaea temas era• corrente• na .tradiçao oral do te•po,
.
. -
gia do PoTo braaileiro. A Yiaao do Braail como ••a Ilha edênica
r
curto reia..• •• -BeJ. a.. Beari..e .. ... Heedera •ae aobrillbo •.!
•
traYiado ea Alrica• - houYe "ioquietação doa poyoa, ao Yere• que não baYia
do reino herdeiro jurado". Segaiu-ae a "turbulenta aol ..açÃo", co•o Rei,de
Doa Antônio, o Prior do Cra~o, ten~atiYa popular de aubtrair Portugal ao
doa{nio da Eapallha. Uu aa tropaa eapanholas do Duque d 1 .A.lba Yencer o
Príncipe, baatardo e preferido pelo PoYOI "a metrópole Yencida pela a8tá-
c1a de Filipe II, e pelo apoio de u•a nobreza egoia~a • pouco patriótica, ·
'
-
•
a .. .,r6pole . &~Uar4a.a
····--·e 1111 acaao
•
aT.
iaao .. lhor ocaaiÃo". {Ob. cit.,pg. 125, mea•o To•o).
Ea Dota ao pé deaaa .aama página 125, Capiatrano de Abreu assinala
que no• "Diálogo• daa Grandeza• do Braail" a idéia já fora f'o•·maladn.f e,
de fato - dRDdo como certo aquilo que o aerÁ enquanto não for proTado o
contrário, tato é, que oa "Diálogos" foram escrito• pelo jude-. Ambróaio
FerDaDde• Brandão - cabe a eate a inainao.ção, ' Terdnde que com cautela
or, de que o Braail, coDfor fora Taticinado por am ~trÓlogo, aeri&
•
Dizi ele que ouYira dizer a aeu pai, como coiaa indubitáTel,
-
que a noTa de tao grande deacobrimento foi festejada i~o do
I
•
58.
loa vaticfnioa doa Aatr6logoa· e doa Poetas, a se tornRr, primeiro u•a .o-
pulento. ProYÍncin., depois um Reino e finalmente um Império •
•
Para 0
-
problema do eap{rito da Cultura brasileira nn.o tem grande iapo~
Américo Veapúcio, dado como Fenício - ou, maia ex• nte, como Cartagi-
...
nea - fato conaiderado com razão, por José Antonio GonsalTea de Mello,c~
mo "heresia histórica". Maa, do nosso ponto de Tiata cultural - •
aendo os Cartagineaea descendentes doa Fenícios - é curioso Ter o autor
•
•
rando acaso pelo mar oceano em um$ embarcaçao, navegaram quatro -
dia~ ~ ••• vere~ terra, ao cabo das quaia aportaram a uma terra o-
culta, que sempre estava em contínuo movimento das águas do mar,
•
estas tenho eu para mim, sem dúTida nenhuma, que devem aer aquelaa
-
que eatao adjacente•, pois tanto tempo gastava na navegaçao a' coa- -
ta daa 1ndi~a, e que delas, depois de serem povoadaa, ae passara•
aeua moradores a habitar ~ata -
tao grn.nde incógnita terra fiz·me ,do~
de tiveram origem os aeua primeiro• povondorea. Também tenho ou-
Tido que um Velpócio Américo (aic) , natural de Cartago, navegando
com u·~ -
embarcaçao pelo mar oceano, impelido
.
de Tentos rijo• que
lhe n;o deixaram tomar terra, veio a aportar a esta grande coata
mente para &Tentar outra, mais importante ainda para reforço do mito da.
Rainha do Meio-Dia: a de que oa índios, 1\ Raça que já foi cbo•ada de "par-
da", de "vermelha", de"baça", de "amarelQda", seriam :de origem judaicaj e
Alviano- dando mostra das dúvidas que dilaceravnm.o pr6prio autor- in-
•
ainua a procedência mongólica doa 1ndios,, descendentes doa "chinaa", como
diz ele. ~andônio aceita iaso quanto aos . da coata do Peru, maa nao quanto -
aoa ~o Braail' e inaiste em que serAM ,oa' noaaoa,deacendentea de Judeua do
tempo de Salomao: -
"guerendo o aanto profeta Rei Davi ·· mostrar-ae grato à.a muita• mer-
•
A
ces e favores que de Deus tinha recebido, pretendia edificar-lhe um
•
· c élebre,
.
suntuoso.
e grande templo, r. no qual o Seu santo nome fosse
engrandecido e louvado das gentes, ' ao que lhe foi posto interdito
pelo mesmo Senhor, por respeito de ' ter as maoa aanguinnriaa - doa
•~itoa inimigos que havia morto naa guerras que teve pelo decurao
do tempo do aeu reinado;. ou pode aer que bem bastasse a aer reputa -
do por aanguin&rio para com Deus, a indina morte que fez dar a U-
riaa, transportado no indino amor de Bersabé. Vendo poia DaTi o
impedimento que lhe era posto por Deus, com o qual nao podia leTar -
avante o que tanto desejava, ae deu a ajuntar materiais para a ~
bra do templo, o.s quais deixou a seu filho Salomao, com lhe enca.r- -
.
•
zer. o a&bio rei que também ~erdar3 do p~i o mesmo desejo, ae reao! .
Teu, para poder ajuntar maito. ouro ~ prata, marfim e ébano, que aa-
.
noa de Aaiog"ber, porto situado ~o llar Roxo, uma frota de nau• que
diM à região de Taraia; o que, d,e poia de se por em efe_i to,ae coa-
crit,urn. que oata• u~ua i~~a AO por;to de Otir, donde trAziAm qucwt!
'
dade grande de ouro, prata, ébano, marfim e alguns papagaioa • b~
•
'
mamente em dizer que o Ofir era ~a ilha. ai tuo.da no llar do Sul, · da
.
costa do Peru, descoberta por Cr~~tóvao Coloma (sic), chamada Ea-
panhola ••• O porto que esta arm~ demandava tenho por sem dÚTida,
•
- -
e desta opinin.o sao muitos homens. doutos, aer a costa a que hoje
os noasoa cha.mrun da Mina, aonde esttt situada a Cidade de Sno Jorge. -
asaim, quem duvida que algumas das naus da tal armada, ·que de força,
. .
grande mundo? ••• Ainda hoje em dia ae acha entre elea (oa lndioa)
•
62.
Yerdadeiraa mulheres, que ne~ uma coisa nem outra farinm se oa nao -
~OUTeasem deprendido de quem os ••bia. E com toda a sua barbaridade
•
A
tem conhecimento das estrelas dos céus de que nós temos notícia,po~
~o que lhes aplicam nomes diferen\es, pelo que tenho por aem dúvida
que naTegn.ram primeiro por os seu'A mBres". (Ed. cit., pga. 54/55/56]
57).
Judeu• povoam o Brasil. E não se pense q~e na versÕes desse tipo corriam
apenas entre
'
os "letrados" meio míticos • primitivos dos séculos XVI e
r·
goa e aenhorea doa mares, é mais qüe possível que 08 mesmoa Cárioa
.
nem naa auas colônias ao oeate de 4frica se julgassem ao ~brigo
. AI •
elemento que -
lhes era to.o familiar, e se lançaram ao oceano à a-
'.
63.
que hoje temos averiguado q~e havia chegado até aoa próprios
~m um ~rande número de pala~aa (às vezes ·até idênticas) ••• por ea-
•
' aa an~logiaa e por Tentura outras que novos estudos farão aparecer .
em
.
ma1or
~
ao ·Brasil em ~rticular • .
já muito :maia realista do que José d' AleQCar e Gonçalves Dias, •adiantados
ndo-os cercados por aquela natu
a ele de idois •éculos. Mas, aasim mesmo,
•
-
-
reza pBródiaíaca e tao imanes a qualquer ~ntimento -
de culpa - tao "inoce~
.
A
E as
. -
citaçoee neste sentido podiam ae .multiplicar à vontade, da primeira
•
As última.a páginaa. Por exemplo, no início d.o Primeiro Diálogo, diz Brandô-
•
D10: •
"A umidade de que gozam todas as ~erras do Brasil a faz ser tBo f1u-
doa nn. terr~ cobrnm raízes, e em Jtreve tempo chegnm a dor fruto".(Ob.
c:it., pg. 1).
'
Isto aobre. as virtudes paradisíacas d& terra, as quais, aliadas à ino-
cência e
-
des~biçao
.
.
dos lndios cor de cobre, faz renascer no Braail, a I-
•
que é 11m meio cabaço em que vão buscar água", e fora., pertencentes à cowu-
.
nidade ~nteira, "três ou quatro fornos · d ~ barro em que cozem a farinha",
•
'
"e com •iato somente se têm por mais ricos do que Creao com todo o
-
aeu ouro, Tivendo tao contente• e iivres de toda ambiçao, como -ae -
~oram aenhores do un1ndo". (Pg. 198) •
•
E-Alviano comenta:
~sse coatume me faz grandes invejas, porque se me representa • nele
lumes, 8
·
-
editada pelo antigo Ministério da Educaçao e Saúde, Instituto Na-
e, por .o utrot evitará sobrecn.rregn.r n. cn.dn. pn.sso o.s citaçÕes com referên-
versos ~e -
Camoea, principalmente os. que ~pn.recem nn. descrição da "Ilha
•
•
n.legórica. dos Amores", po.rn. mostrar como -n. natureza da Ilhn. co.stn.nhn. do
•
Brasil ~ra, P.n.ra os nossos, uma exacer~n.tao - sensual e às vezes sexual dn.
•
na-se "Descri.ç ão do. Ilha de Itn.pn.rica" (pgs. 160 e segs.) 1 ambos parecem
falas que c i téi antes, parece confirmn.r -- vamos à.s frases e versos pn.rale-
ioa. Os '·primeiros que escolho, referem-a~ Õ. Flor do Maracujá, que já. Yimoa
'
~ ,
"Outro modo de flor que chn.mo.m de ~amn.ro.-n.ç~ e a digna. de estima e
colberado.a, com dar mui to gosto e mo.ro.vilhoao cbe ir o". (I,ga .140/1).
. .- t amb#
"O}/1nrcuJa em, gostoso e frio,
•
•
entre as fruitas merece nome e brio;
me qualquer desses três frutos, ele, "sem fn.zer no mel injusto a.grn:Yo, DB
- mostrando
to rachado e entreaberto, mostrando a cor do Rubi: "Abre a Roma.,
a rubi·c undn c.o r com que tu, Rubi, teu preço perdes". A compnraçao maia ela- -
ramente . aexa~l do Poeta ibérico reservava-se aos limoes: "Os fermosos ti- -
-. ali
.moes, ch~ira.ndo, -
esta.o virgineas tetas imitando''• Nos doia Brasileiros,
a sensualidade se exacerba. Em Manuel Bo~elho de Oliveira:
-
"As Roma.s I'Ubicundn.s quando tibertn.s
à vista ngrn.dos sao, à - língu~ ofertas,
•
(Pg. 138) •.
-
Em compenaaçao,
a 1• 111 n.wem
-a
camoniana. sob~e -
os liJnoes é recriada e intenai-
(Pg. 187).
o Abn.c~i, por exemplo. Este, também conhecido como Annná.s ·; excede todn.a
.
as frutns do mundo, segundo Frei Vi,c ente. Estava o Fro.de concordando com
-
•
,
Ambrosio Fern~ndea Brn.nda.o, segundo· o qu~l
,, no Abacaxi se juntnvam o auave
.
cheiro e"os ._borea ·de todas as co~a.s que melhor o têm". Yn.nuel Bot.elho
-
de Oliveira wopoe ,
o Ana.nn.s pn.rn. Rei da.s t._Írutn.s:
"Vereis os Ananases,
que p~ra -
Rei das fruitas sao ·capazes;
vestem-se de escnrln.ta.
{Pg. 140).
com elas, nem ~abér-ll1es os nomes. Pelo que direi somente de al-
gumn.s '· que andam mn.is em uso., como é n. f l.o.r dn. In.rn.nj.eir~, que se
nn.turais dela, --
sn.o tn.ntas que ....
nn.o~e
_,
n.treTo a meter mn.o em --
tn.o
vos tenho já formndo n.s hortas, jardins, latndas com suas fontes,
tanque~ e esguichos ••• quero arrumnr o pomar que falta ••• E aasim
ogorn. ser n.grestes. Este jnrdim se·. poderá fazer povoado de formo-
umas t;o
•
doces que a par delas perde do seu preço o açúc~r e o
m~l; o~tras bicais, de t;o gostoso :. comer, que não há quem ae acabe
de . far~ar delas; também das a~edas, que pnro. o que aproveitam aAo -
maravilhosas, por levare~ -
muito sumo. Acompanharao este lo.rn.njal
todo 0 ano, em tanto que quando um ~stn em flor, o outro Tem cre~
cendo, ·e 08
demais estão de v~z. A estes limoeiros -
se ajuntara~
69.
com o seu amarelo alegríasimo para n. vista ••• Rodeará pelos extre-
.
mos, quase servindo de muro, n. espinhosa cidreirn., colmorln doa be-
.
líssimos pomos,mn.iores que uma botija ••• E porque o sol se vai _já
'O primeiro fruto quero que sejam os figos, porque sempre fui muito
•
afeiçoado a eles ••• Façamos logo umn rua de romeiras com seu coro~
todas as causas que melhor o têm. ~ por aqui tenho concluído com
-
às plantas e árvores que n.té ngorn estao em uso de serem cultivndn.s
inventário• aemelhn.ntes são feitos, nos "Diálogos", sobre n.s Avea, Peixes,
Animais etc., e que sobre a gra.nde maioria. doà seres enumerados podería-
mos alinhar Tersoa paralelos referentes a eles, de autoria dos Poetaa &os
sn.r ·a o~ro tema importante, presente - ainda que por meios indiretoa -
nos "Diálogo• das Grandezas do Brasil".
70.
ponto o mito do Eldorndo reper cutiu nos Ibéricos dos séculos XV e XVI,
e como ainda estava vivo no Brnsii dos fins do s éculo 1l1 para os com~
fa.to de que um dos nomes atribuídos B Ilhn Brasil era o de Ilha dn.s Se-
te Cidades. Orn, é coisa s nbida que, entre os Estados norde stinos, aqu~
1~ no qual,. ainda hoje, mais repe r.cute o. vers~o da origem fenícia doa
nossos Indios é o Pinuí. Pois bem: fl.S es~rn.nbns formaçÕes rochosn.s que
-
existem no Sertn.o piauiense forn.m bn.tizo.<\n.s como "Sete Cidn.des", e, pBra.
-
o Povo, · nn.o adiantam -
e~~licaçoes de que se trntn de pedrn.s escn.vndas pe-
-
lo. erosao e outros fenômenos geológicos e. naturais. A convicçao popular -
,
e que n.quilo -
sao n.s ruinas de uma estrn.nhn. cidn.de, deixo.dn. por uma gente
-
gência, em comparaçn.o com os Espnnhóis nossos vizinhos. Note-se que os
- -
dois interloeptores nao sao entusiastas &~ minas: o autor, homem prático,
prefere .os lucros certos do açúcar aos ouros e p~rnrias do mito. I exnt~
•
mente por isst que se torna valiosa a ref~rêncin. que ele faz à esmernlda,
da qua.l ~ n 88 tem por verdn.deiro que, se a ,pessoa que o. trouxer cometer a.l-
•
gum o.to .sensual, que se quebro. por si, tanto nm~ a castidade" (pg. 5).0u
esta.:· "N~o ·se pode tirar ao.s castelhanos serem bons conquistadores e des-
Rio da. Prnta, que é inumerável terra , pela. qual foram achando quantidwde
Drn.sil, nos Estn.dos de fala. espa.nho l n vizi nhos no noss o, na Áfr i ca. ou a-
lém. E vern, ent;o, o que me parece m~ia s uge st ionndor e i mrress i onnnte :
#' -
Sol, e n.rn. por ca.usa dn.s pedrn.s, e que, o.indn. hoje, desafiam a. argú ciA
dos estudiosos brasileiros; são esses enormes lajedos enta.lhndos com s_!
nais cuja id~e, cujo sentido e cuja procedência ninguém conhece. Ali
-
nn.o existe possibilido.de de as escavaçÕes 't erem sido fei tn.s pela. eros~o.
quem eram esses? Ninguém sn.be. De qualquer mnneira, creio que é muito dl
fícil qua.lquer um de nós chegar diante de umn. dessas pedrn.s entalhadas
-
e no.o ficn.r impressionado. Um n.migo do a.utor dos "Diálog os" pa ssou por
estn. experiência., na Pa.rn.íbn., numn. serrn. "um pouco desviada pn.ra o Ser-
-
tn.o", e sobre isso diz Brnndônio a .Alvin.no:
" ••• Ali, por toda o. redondeza. que fn.zia. nn. fn.ce da. ped ra; se a-
•
-
cha.vam umas molduras que demonstra.vnm nn. sun. compos içno serem fei
nn. fn.ce mn.is o.lta dela., esta.vo.m cinquenta cossn.s toda.s conj untas,
se. n.rrumn.vam dn. bn.ndn. do poente, aonde d n pr:.rte dire i tn. do.s c i n -
mio esquerda. E e~ cimn. delas todas estn.vn. outra. rosa. como a pri-
meira que tenhO· P.i ntndo e logo um pouco mn.is n.bo.ixo estn.vo. out rn.
'
•
log 0· , contra. à mão esquerda, se form~v~ doze mossns s~
funto, e
72.
em uma das partes e s t ava umn rosa mnl clara, porque parecia estar
gastnda do tempo, e logo ndinnte estnvnm outras nove mos sas, seme-
lhn.ntes à.s primeiras e, por todn n. redonde.zn. dn. cova., se viam pin-
.
tadn.s outras seis rosas, e na pedra que se assentava. no meio das
• 1\10 = I
Estes caracteres todos mos dern.m debuxndos nn formn. que aqui vo-los
comento.:
•
"Certamente que imagino, pelo que noto desses sina.is que me amos-
nn. cn.beça". Sobre n Onçn, ele fnlo. do. mn.lhnda - que pnrece nuncn. ter vis-
to, pois diz que é o.nimn.l listado, como os ti gres - e do. suçun.rnnn., "de
"Piranha é pescado pouco m~ior de pn. l mo, mn.s d e tão grande nnimo
br~va lev~
como fera e n. parte aonde aferram na bocn. sem resistên
-
cin.,com deixarem o osso descoberto de c~ne, e por onde m~is fre-
Esc olhi este trecho porque ntravés dele - e sendo Ambrósio Fernandes
.
Brn.ndã.o homem de 1 íngua sol t n. como, em vid a., f ora. Bent o Te ixeirn. - a 1 i-
to, jti em pleno século XVII, do poetn Gregório de Ma.tos, o Boca. do Infer-
Sécal o XVII
Se a6a começaraoa a .. ,
iaar o eapírito da NoYela atraYéa de cri te-
rio oroaolócico • histórico, Yamoa aclarar itoa.aapect,oa do
.
proble•a•
ae
fi a• estudo comparatiYo de "Dátaia e Cl.o é", de Longua, ·do "Aano ·d•
Ouro"'· de A.puleio, do "So.tíricon", de Petrônio, e do "De
cacciot. Toclaa ela• aão obras "cláaaicaa", np sentido de que tê•, ·na aua
.
~atrutura, harmonia, medida, luminoaa racionalidade, proporção, claresa •
•
8
-
(odaa aa aowelaa citadas acima aao eacritaa e~torno do Uediterrâneo,ae~
. ,'
do que "0 uno de Ouro" ' do Norte da ifrica. TOda• aurgiraa, portaDto_, do
aeio de p 0 y 08 tormadore8 da Raça castanha da RaiDha do Meio-Dia, de •odo
. . .
que não admira 0 rato de que esata.eate a partir do "~ao de Goro" oouat!
•
•
e que é fundamental
. -
para a compreeneao dessa importante Tertente da Cultu-
ra braaileira. Principalmente ae record~oa que ele •e encontra noutra
manifeatação artíatica da Ilha cultural da Penín.mla Ibérica - o• ret'b~
.
lo• românico-catalãee pintado• aobre •adeira,
•
-
todo• dotado• daquela uniao
Em 1972 eacrevi um ensaio sobre Santa ~eresa de iTila, ensaio que .con•!
dero apto a esclarecer certas coisas que preciso dizer aqui. J3 aalientei,
antes, que uma das características d~ -
Cultura brasileira era tentar a uniao
do Eu-.ujeito ao Mundo-objeto. No campo da Literatura, o Romance
• •
•
em torno do Eu-sujeito, enquanto que a Epopéia se liga maia ao Mundo-objeto.
Mas tenhamos doia fatos em. vista: primeiro, que uma NoTela épica e
tica do Barroco espanhol, o •iDom Quixote", de Cel"tcmtea, ' eapécie de
•
aeamo tempo, -
uma excuraao noa en
.
• do Mundo - da ''Máqui do
''incursão do Poeta - · que, aliú, ' ' ao •••o teapo narrador • pera
'11.
gea principal da ação- no universo subterrâneo de au~ alma.
•
· Pois bem: no livz·o de SantG. Teresa, · "Aa Morndaa, ou Caatelo Interior" ,o-
corre cois~ semelhante, pois a excura;o que a Santa de Avila empreende pe-
lo Máquina do Mundo para ae encontr·-
~
com ·
0 entgma do criador dessa Máqui-
na, é talobém uma incursão ao interior de . sua alma, em cuja J.forada maia in-
terior ela procur~ 1e unir a Deua, que ali estB, como dizia Plotino,aaaen-
tado em seu Trono sagrado.
"• • • Santa Teresa, pn.rn. mim, é e sempre foi u•a espécie de entidade
coletiva, que integra, no seu todo, aquilo que a Espanh~ inteira sig-
nifica para mim - a Espanha de ~-Greco, de Goya, de G6ngora, de Ve-
- -
lasquez, de Sao Joao da Cruz, de Cervantes, de Calderón de la Barca,
.,
-
de Unamuno e de Garcia Lorca ••• Assim, nao me lembro maia, direito,
-
se fui a Santa Teresa diretamente. Acho que nao. Penao que fui a ela
por intermédio de Unamuno, como fui· a Góngora por intermédio de Gar-
cia Lorca. E natural que assim. seja, porque, entre os eapanbóia con-
temporâneos, são esses os dois que mais me tocaram na juventude •••
Santa Teresa talvez me toque tn.nto pelo fato de ser u•a Santa típi-
... . .
ca do Barroco, e do Barroco ibérico · particularmente. Sao Do•ingoa
foi um aR.nto típico da Idrule Média, ·· Santa Teresa é uma an.nta eapanb.!
com todas aa quR.lidadea do aeu tempo pós:renaacentiata. O Barroco '
Arte 8
de Vida~ O car6ter barroco, a personalidade doa grandes b~r~
coa como Certantea, Shakeapeare e Bach, caracteriza-se pel-a uni~o de
.
68tt~ft\8~@8' P.@lR: \IHi.~ln.~\@ tl@ 86tt~t-=fÍtti8H flH~ j êf\•••t~ t1é ~ ... ,,,,e~'"'f!r f!
.
tava também, ao lado de cenas mundanas,
-
os anoea, os boboa, ~· cor-
.
cundas e aleijados das estradn.a espa.nholo.a, paro. ser fiel, ttunbém,
ao lado grotesco que existe no. pobre tragédia do homem; e antinomias
semelhantes podem se encontrar em Goya ou em qualquer outro desses
grandea barrocos. E que esses vastos espíritos têm o mnndo todo de~
tro de si. Conduzem a vida inteira dentro àe suas almas, querem aal
•
Matoa.
3. - Santo. Tereaa, Góngoro. e G~-d~ .l!o.toa •
.
caráter típico~do barroco e•panhol, e por iaao cou-
Santa Tereaa era • •
gria com que' deTorou, sozinha, uma perdiz inteira. Vendo oa outro•
.
espantados, reb~teu-os, dizendo'que ~atava certa e coerente com tudo
•
o que ensino.Ta. E disse: - "Penitência é penitâncio., perdiz é perdiz •
•
•
guando chega a hora da ascese, da pe.itência, entro nela para Taler •
•
•
-
AgorB também, na hora de comer perdit, eu como e como bem" ••• A outra
bistó~ia é também de estrada, mas é ~aia de penitência d~ que de pe~J·
diz. Dizem que, certo dia, Santa Terê~a, submetendo seu corpo Aa pro~
- . . -1·nha
vaçoes costume1rna, • caminhandoÀdescalça,- por um áspero caminho
Santa cair de cara no chão, não aef se por , cau~a de alguma diatraçao -
a
ver que é por isso que tem tão poucos"! Sim, porque Deus é n.lgo de
-
tao grande, que escapa a todns n.a imngens que possamos convencional-
mente fazer .deie. Conta o grAnde
t- rJomn.ncistn. grego Kaznntzn.ki que um
místico mu~ulmn.no
~ estn.va orando, em ex
,.. t ase, qunnd o ouviu Deu•
· d izera
o meu segredo e você gun.rda tn.mbéul o seu". De fato, quem pode CLfir-
I
mn.r algo, com segurança, sobre o ~tor desta an.gn. cruel e doida,maa
• •
.
fasc.inn.nte e bela, que é a Bíblia, essn. história do o.mor divino,cheia
de massacres, emboscadas, e que t~mina com o Senhor m~dando, por
·àmor, seu Filho aos homens, para ~r crucificado e coroado de eapi-
nhos"?
Ora,um, dos pontos fundwmentaia para a ~xplicaçao - do ângulo aqui adotado
.
é a conaideraç~o de que a Cultura btasilé.ira tem dois troncos fundamentaiaz
•
raiz popular. De fato, as duas são uma s~ porque não é atoa que a fonte
.
tugueses e Espanhóis fizeram brotn.r de seu solo e que para c& nos trouxera•
com tantn.s outras coisas. VejBJDOS entt\o., 4epois de tê-lo visto em Santa Te-
.
resa, esse contraditório e poderoso · e spírito do DBrroco ibérico flutuB:Ddo,
.
na sua unidade de contr~rios, entre ·o realismo popular e o ideBlismo míat!
•
como em Santa Teresa, sempre um misto de . .;Quixote e So.ncbo, ora cold predo-
minBncia de um ora de outro.
~
-
como desces tao baixo e de on~e
~
vens,
não há tecto e a palha é.o du~o Leito!
. .
A hisf,ÓJ\iill. desse soneto atribuído o.. Góngorn. é#a seguintes o Rei Filipe
•
que re1nn.va nn.quele tempo, casara-se 4om umn. Infanto. ingles~, ~ qual, pn.ra
Fizemos um alarde, •
UJD desatino,
.
~ umas festas que fornm tropeliaa,
•
.
•
só parn. festejar ess~s Espias
•
e -
por nao castigar-me estn.is cravados.
•
vós, Lado patente, quero un1r~e:
•
R.l:
Entretanto, e, esse mesmo· Gregório de Matos que enviou "À. 11mn. Freira,
'
- quis que
que nao . outra Freira m(l.ndasse ao.' Autor um peixe,o. que
ndolesc,nte sn.be o que significa, aí, o ~nng~rá, pendão vermelho dn. bana-
'
neiro., empreg~o em sentido obsceno :por Gregório de Matos- que,n.li4s,era
•
.
rn.cista,observe-se de pn.ssagem.f somente neste sentido obsceno que ele a-
'
proveita o"in:venttirio po.rodisíaco" das &.rvores, peixes,frutos,bichos mnr.!,
•
. • •
nhos e terrestres brasileiros,procutando ~empre pnrn. tudo um sentido duplo,
•
~
... \ ...... ' .. \ t .
como faz,nestas déc~mas,com o vermelho.G~gório de Matos se interessa mn.ia
-
·pelo grotesco .do comportno1ento humano,do ~un.l escarnece sem piedade.Quudo
•
• ferra •
tens, ama1no.,
na proa a . terra •
85 •
.
Todo o Lenho mort~l Bn.:ixe 1 bum~no,
'
s:e busca a Salvação, tome hoj~ terra,
..
Porém, se acaba o Sol,- P,Or que nascia?
•
o A o
• A o "
•
•
86 •
Lem?s estT soneto,ou a.quele outro den~minado 11 1 Pondern.ç~o do Dia do
-
C~pitao de
•
Infantnrin, que Acharnm em Colóquio Amoroso com uma Preta"&
p~ia o cu a beijar
-
Ern. to.o o.zevichnda,
tÃo luzente e tÃo fln.mn.nte,
que eu cri que pn.quele · instnnte ·
n estBveis cn.lBfetando,
. ~ • #
como w
ft lancha erà mazombo.,
sn.l-n.do·
tS •
# •
313).
Poder-se-in. levn.r muito longe o. citação dos ver~os místicos por um ln.do,
•
I
obscenos e populn.res por outro, mn.s todos iremetidos a umn. unidade pelo. for-
•
mn., que é sempre bem cuidn.dn. e vigoroso., com o. gn.rrn. dionisío.cn. contido. num
tn.r duas estrofes dn.s décimn.s intitu!lndn.s .•rverdn.des". Nos "Diálogos dt\s Gro._!!
•
o olho do cu é mato.co,
&gua de fl or de sovaco
•
88.
deu sell1pre vidn. n. um morto,
(Idem,pg~ 143).
Tenho escolhido essas décimn.s porque, do ponto de vistn. n.té dn. forma,
eln.s
-
sn.o herdeiras diretas do Século de Cur o ~ ~ ~"n.11h ol: é a mesma décimn.
•
que era usRdn. por Quevedo, o mesmo tipo de estrofe usado por Cn.lderón em
•
folhetistn.'s do Romn.nceiro
. Populn.r do
.
Nor4.esfe usam n.
~\
décima, com n. mesma
-.
, , .
metricn de sete s1ln.bn.s e n.s rimns coloc~n.s exatnmente nos mesmos lugares
.
dn.s de Lope de Vegn. ou Bocn.ge, ignorando ··a origem e~uditn. dn. formn. de seus
• j
versos. Escolhi de propósito n.s duns estPofes em décimas que citei por úl-
• •
timo,porque elas, além dn. forma., possuem ·também um sentido muito semelhante
""'
n.o dn.queln.s que ngorn. vou citn.r, de· um+cn.~tndor nordestino, Luis Dantas Que-
'
sn.do, citndn.s por Leonardo Motn.. Como se pode verificar pelo.
1
~imples leitu-
- -
'
..
rn., é o mesmo processo enumerativo de enunciar umB porçn.o de afirmaçoes,
Se 4
-
coisa nao for direita
,
E basta.. Muita coisa. ainda. poderio. ser dita, mas concluo dizendo que os
Barrocos vegetais brasileiros - como Manuel Botelho de Oliveirn. e Frei
.
lfa-
nuel de · Santn.
. . Mo.rin. Itn.pn.ricn., por exemplo. - organizaram umn. visão pn.radi-
Ambrósio Fernandes Brn.ndo.o, - obs ~ rvo.ado com aguçado olhar, a imagem edênica
dos nossos 1ndios acobreados bnbitndores do Jardim e do Poma r do. ilha., in-
e erudito. dos ' pós-cn.moni n.nos brasileiros . . Gregório de Afn.tos levou tud.o is-
~culo XVIII
~uel Botelho de OliYeira Ti.eu de 1638 a lTll e ' ' portanto, Poe-
ta •~i• do aéculo X11I. EacreYeu aeua .eraoa e• Latim, Eapanhol, Italia-
no e Portuguêa. Era, portanto, u• repreaentante típico da Poeaia "culta"
•
de aeu tempo, leitor de Virgílio, CamÕea e outroa. Na "Eneida~ a Atrodit.
•
•Ancha • Ro•~ ••• 11piDho1. Depot1, ele dia olar...nte que, no 1eu uniYer~
. -
.ao poetico, a Ilhn. 'Vegetal e paradisíaca que é na "pátria" é, també•, re-
aumo • -
condenaaçao do Brasil todo. Finalmente, atraTéa da Vênua latina,ele
•
da Ilha& ·
florentina, Frei Manuel de Santa Maria I~aparica aabe que eaaa floreacênoia
exuberante de vida é açn.dR, sem cesaa~, por um fogo inf.e rnal, funeato,que
ldtto • a-
.
•
maldiÇoado do Paraíso edênico:•
•
•
•
'
97.
Víboras po~ cabelos cento a cento
t
•• '
por , ·:E:~:-ebrc~ '·" soberba, ·e o t ormento
,.,. .'
por c: c)~~açn.·~~ :n po1~ membros os ln.tidoa,
que informo. a "visaott J>C,fiti.-:a' de F: ·e i ltàpn.rica já· une,J uma concepçÍÍo ampla,
•
prof~nda e enrique<~idn. d.n Bolezo.,ti .nto o t:Belo e o Grn.cic· so dn. visão clássi-
çn. e come, isso mesmo «~.1 iLm8J.l1;a, ~-ru• ... consdme". E assim auu.11cio. a vian.o-clo-
-
mnudo de Mn.tias Aires.
' ~: . - y, tias A~ires, o Ser e o Trô.nai to.
• •
me referir .de passagem, nqui., o. e &i: e gran•e homem, o qual; n.lém do grave
•
.
pensamento que nos· legcu, escreve· r.e stn. e~traordinó.ria Língua portuguesa
.'
com tanta dignidade, tanto. eloquénl in. ver6ndeira, tanto Tigor, tanta con-
. '
.... '
· -
c1sn.o, e sob re t u d. o com Uu
· "" gume too "Cerado
~ .
' ~" serviço do ·9sco.r# nio do mundo
•
e dos homens, tateando n <C) escuro, r o barr9 e no fogo que queima o a.podre-
.•
•
•
c ido, À ·procura do lume da Verdade !· ·até que, quando o encontra ·cai a obre
'I
•
Mo.tin.s Aires parte da . :lntuição do Mundo como se ele fosse n.quele "fron-
'
18 Yê ar.-emeasado S(..,
~m consulta., e v resul ~a.do é a inaef:uro.nça, a Tanidade
98.
que informa o próprio f d.
'1:-:. ~mento
•
d '' Ser , · ren.ll
" "dn.de a um t empo poderosa e
fró.gil' dn. , qlinl P(\.rtic_:·. -:>~uu. o hol!Jem e o Unl·-erso •
de renovn.çn.o e fi orescÉ~JV' i e. rl~ n. Vidt.,, idé ·_a que poster:~ ort. 9nte é ret.omo.da
no.turezn. complexo. E~ exd ~ ;s: i t,ico. - 9 nao símples e clar~ - lo. Belezo..
I
J ó. n.t irme i, n.n tE s, q-:-...E · t:.ma das nfirmtLçoes fundRm•:· :, .l~d . 'iE1 destn. tese é a
,\- ,., . . - .
de que .
~
- '
'
Tisn.9 brn.e ilei7 r. c·n. Belezn t nn.~ pode se - esg v·,~ar e se explicar com
..
n. do Belo clássico, ist ~ i, com o.qu.-~le t~po especi11.l d.E I )leza criado
peln. me~ido., pelo. O·:r."dem e I elo. lumi ~osid~e sereno. do r .11.c .i onnl. A Beleza, .
I
I • '
po.rn. os povos co.sto.:ahos 11 ~ Rainhn. d > .Meior Dia em geral ·· l pn.r11. os B~n.ai-
.
•
leiros em pn.rticul.a :- - i :n.~..:: l :.~ i neces ~ariM'~ nte outro.s Co::·l . :oriBS maia ó.ape-
i )
rn.s, criadn.s ~ po.r·t .i r dn 1·..ilo que, 10. No.t~reza, é feio, ~~· ·otesco e até re-
l )
pugno.nte. E essa id·.tin. ~ · i a.>tl.rece eli Mn.tias Aires quo.ndo e-le escreve:
•
"A Arte. levo. con~; i~ o umn. esp' ;tCie d~ rudeza.; n. f t•rm... aura atrai só
• •
•
ppr si,~ e nBo pel. . ., 8··1n. reguli .rido.de; desta sabe ~ .faatn.r-se a no.tu-
.
gir das propc.•rç(;e s e do.s medj dn.s, ~sul tn. mui tn.s ve zea uma f'antn.aia
. ' ,.
tosco. e iwpoJ idc.~ , li n.n brilbt\l '~e e f-orte n. ( "Ref lex' ~• a obre a Vai-
• .
•
· é desprcporci•mndo e_ asaimétri:o, tosco e impo-
contrário do Belo c:llissi ; c •
99 .
lido, mas brilh~nte e cheio de r
orç~. Entretnnto, ele n~o esque ce nem des-
prez~ o tipo oposto de Belez~
' aquele que se bnseia no Belo e no Gr c io s o .
No Vl\rin.d o e eni ~mático campo dl\ Belez~ -
,., tno ciiversificndn. em s un. uni à :vie
finAl, dt\, trunbém, · t ~
lmpor nncil\ igu~l ao Belo, sej~ o da Arte, sejn o dn Na-
turezCL. Diz eles
-
"Nao temos liberdnde pnrn.
,. de · xn.r
1 ,. de
n.mnr a formosurn. do Mundo e dns
suns pBrtes ••• A variedade dns cores, o movimento dos brutos, o cnn
-
to das aves, o elevndo dos montes, o nméno dos vnlea, n verdura dos
.
Mn.s, tendo · olhos pn.rn. estas partes amenn.a, suaves e tranquiln.s dnquilo
n. que ele chNDB de "insigne mnquinn." do Mundo e de complicoon "fnbricn. do
I
Universo" - velho.· idéia que jn vimos aparecer nn. "Ilha n.legóric.n dos Amores,
- • •'
•
de Camoes - Mn.tin.s Aires vê, também, A Beleza de tipo oposto n.o desta - a
· ''A meam~ -
desordem e confusao nas coisas nos recreia; o furor doa •
-
elementos forma um espetnculo perfeito: o ar com os aeua bramidos,
doa montea, como ae o mundo n;o tivera o seu n.aaento firme1a• ~na
CiASJ O fogo, · dA
AlD qu"'ndo
u
parece raio, noa diverte, e aindn. qu&uulo
t "
horror, !lo .e&P,R.D o • (Ob.cit• , pgs. 111/112).
,. A
Como ae ve, Mn.tias ires
é a.o mesmo tempo laorrorizado e faacinn.do pela
'
• •
'
dode da Vida «t ·de aeua gottoa..que impresei ona lrfatiaa Aires, é també• a do
•
coiaa - e neaae• momen~o• é aeduzido pelo ~Ser. Por outro, Ti que, no .uado
e D~ homem,
a~eatruição, a ruina, é iapécie de fogo que tudo redas a
, \
e
quêYéaae meamo fogo e é eaaa ....a cinza que torna. poa•i~l
cinza - iDas •
-
DOTa flore~cência, ·outra reaaurreiçao~ ! o .e•••
•
pen•...nto que, DO
Aaai~, Mat,io.a Airea, ao mesmo teppo qte constata eaaa realidade do Ser,
- ' '
aente -.a atr_p çao estranha por eaae:. incefia ... nte ' ' ""
~ ·• paaaar da ruina a floreacea
'
ca natureza do Ser. i por iaao que •• celtaa p~aa~ena de aeu lino ele ••
•
•• '
refere à "desordem do .lco.ao" e à ''miaéri~ d~ Tempo" (pg. tsO), e aTança . .
• •
'~A natureza de cada coiaa t~bém ,fe compÕe de aeu defeito". ("Ref'l
I
o partido
T '
••• •
" . coi~aa pArece que recebe• . laai• la tor•a que •• lbea d,, que da
portanto~ •urgi~o
'
de doa Poyoa tor•adoràa da Raça caat a da Rainha do
..."
Meio-Di~ _ aqu~l• que forneceu aa iadioaço•• •aia talio•aa • profunda•
f'
Jogo da ;Vida.-·
Uattaa Air•• pri.eiro parece •• inclidar para o lado do• que acentua.
qu. 0 de•tino· humano é dODlinado pela nec-.aidftde, pela fatalidade, tuto
•
.
t 1 "deaor~• do Acaso" - face do Cao•,
aeai• que, co•o já Ti•o•, a a na
·d " fatalidade, da nece•a.i dRde - e na "•1-'ria do Te•po" - •erTo do triDai-
to, da Morte e da •-
~in•. Entretanto, e• outros texto•
..
••a•, ele ae atir.a
i ••••
•
-
~· uniao de contr,rio•~que ~eaide ~ailo que Calder&n de la
'
'
4or, -
à j afliçao e à miaéria, ••se ~o que repre•enta o papel de bo
...
t • • -
ino•iná'Yál.
-
.
"HI• diapo•içoea de aaa po.pa túne-
•
~eja ~iTeraal. I ruina e~ que nãf ppde ba.er reparo1 é templo cu-
- .. ..
Ua de~ta·uição não ae pode r•difitar por artea o• •ateriaia collfu-
•
•o•, ei• J'' perdida a Proportão, a medida, a oorr~apondfDeta,
I
do• aude••o• aão •• taolutz aei tábrlc.~ do ~Dinr,•ol ' eoi1a est•rior
• I
. • A
•
·de escr~tor bfaaileiro, Gilberto Fr,yre. ~atia• Airea, que ace~ua ••1• o
p6 e a finza ~a 11orte do que a flor,acên4ta da Vida, inicia aeu lin-e cola
a . •e~i•t• re,lexaol - '
da Yida li•it_.o, -
D_, te• limite a no••• T&idad~f por-
que d11fa maia do que n61 ••o•, e. ae introclas noa apn.ratoa ú•ti•o•
lfo ail,ncio de uma urua ~epo.itu lrpa bomena aa aua.a •emóriaa, l.pa.ra,
SJ).I .
Doi• ~'cald• depoia, Gilberto Fr~e, tue te• l• teudência a iualatir
-•- ~ ~ 1 de Vida e ~lto•dtoniaíaoo da Zona da Mata,,pa-
Da flor.. cêno•• ••gewa . .
. ... poato •• latão-de eoatrú-'i o• •lt.o lara•ilelra,a
reee iao'orpor.lr' . . ooa.,ra I
108.
cligênria pelo que foi b ~
o ra yu fu~açao de &Dtepaaaado ••• Oco~re~
aoa, ~eate propósito, a recfrdaç~ de curiosa experiênci&s- a A•
~ermos . um dia comparecid .
. : o ao,ente~o de Telha aenhora pernAmbqc~
la coDt.raa
•
-
;te irfnico, aquele corpo de iYe Ih~ pobre e •oradora de casa .térrea,
iia ae1Jilltar-ae não eaa coTa •aaa -f igual Aquela em ·que, outro ~ dia
triatt, TiDI08 anmir-ae DA t.rra pteta e pegajenta do 1188110 C.ité-
rio dt Santo A.ma~o do Recife o c~po de um Wanderley antigo· et au-
•
.
genho ido Sul de Pern~aabuco • dono\ D08 seus di"• de aenb o,de
doa melhores cavaloa~e de •lguna doa maia braToa
a1gun • .
ga daqueles sítios -aaaa.; 'jaziglo de r amíl ia com al cota de
~enaa a
~ r
do • 1· Dd"1YÍduoa- age 5 8obr~aa caaaa e o8
'onume~taia e não pé (
. . a naa 08 •odea~az quebrando-lbea o roço". Gil-
-erto f~e:yre' "Sobradoa e Mufamboaf, 4~ ed., Lif'J'aria Joaé Ol1J1pio
~itor~, Rio, 1968, Intr. à Seg. El., pga. ~XLII).
Como ~ ae vê• a admiráyel meditaçã• de Gjlberto Freyre aobre a Mort~
esaa •á•cara ~errificante que o Virta-Se~aaau•e ·~relação aoa YiYo~-
•
doa aéculoa xt'I-XVII• Mas é que Capiatra• de Abreu, apeaar de aer o llo
táYel e •intatígável pesquiaador quelfoi, "
~acreYia quaae aal. Be• e .uito
bem, ·de - ~ .. aoclo .,. ià~luaive àpto a exlreaaa't caracteríatica profund._._
. .
mente bJfa•ilelra de na região, que.& .eacr~Te é Gilberto Freyre - ni•a;o
wi to •dperiot a Capi•truo de Abred e tã• bom, à na aue"ira, quut,o
t
O IASCDO.Yro DO IIDIAWISIIO
Séoulo XVIII
Orclinari
----------------· -------
Dt.e, aa peaaoaa que eatudaa o IDdiaai
braaileiro
, do •'cu-
lo XIX atribue• aua aparição à influência de Chateaubriand e J. Feni•ore
•
Cooper. Muito •aia importante poréa para iaao foi o pr6prio IDdian.ia•o bra
-
- ~i.leiro do Século XVIII, principalmente enquanto eoDfigurado por Builio
•
da Gama e Frei Joaé de Santa Rita Darão.
'
Aliáa, ua certo iadianiaao edênico, proto-ro.ântico e idealisado, J'
.
aparece na Carta de Pero Vaz de Caminha, aqui citAda atraTéa da tranacri
- -
çao de VarDhagen ("Biatória Geral'do Braail", ed. cit., Toao 11, pga. 74/
75/76). Depoia, D08 "Diálogo• daa Gr~ndezaa do Brasil", ou na• Tigoroaaa
-
deacriçoea de Gabriel Soarea e Fret Vicente do SalTador, eaae proto-ro.aa-
ti meio idealiaador e Tago cede lugar a a• realiaao aaia &IU'litlco.llu
oa Poetas braaileiroa do aécalo XVII - com exceção de Gregório de Matoa,
que é iaeio raciata -
. .
- •
car.
•
tal para 0 na•cimento do Jdito do "bOII aelTage•", mea•o an~• de Jean Jacque•
' •
,
terra,.. mas tambem as conc~pçoes e aspiraçoes da tiloso - -
fia". (Ob. e vol. cits, .p g. 261/262).
,
Tambem sobre. a visao
.
- das Ilhas desse
•
novo mundo como Ilhas
' , .
paradis1acas e . utop~cas, outro estrange1ro i _lustre, . !homas 142.
rua, cria uma espécie de ligação entre elas e a RepÚblica pl~
tÔnica evocada a!, como se vê, po~ Montaigne, através de sua
,
I~h~.de qtppia. j curioso que, na "Utopia", o homem que _da n~
tÍoia a Morus da Ilha do governo perfeito, é um navegado~ po~
. .
tug~ês, Rafael Hitlodeu, .do qual se diz:
"Ele navegou, é certo, mas não como Palinuro. Navegou c~
mo Ulisses, e até m•emo como Platão ••• Conhece bastaute
' ..
bem o· .latim e ·domina o grego co~ perfeição. O estudo da
. .~ . . .
A
pga. 31/32/33/34).
,
ESsas referências e imagens edêDicas ou utopicas de lb~
taigne e Thomas MOrus irão repercutir no Brasil, mesmo o do
século XX, através da "Invenção de ~rteu", de Jorge de Lima•
. Mas 0 aparecimento de "selvagens" bra~ileiros na Europa em
geral e na ·Prança em particular - para o caso de M;)ntaigne -
.
seria fundamental, oomo 88 viu, para o estabelecimento 4o ml
. , ,
to do "bom selvagem"
.
... ct~sde_. o seoulo. X~~. como ja assinalou,
•
entre outros escritores brasileiros, AtoDSo Arinos de Mello
franco. ooinoi4ência ourioaa
· Por outro ladO~ Dão 4tix& ele ser
•
114.
que um dos primeiros casais aqui t d _
orma os pela uniao de ''He-
'i • i'k, .
ro ' uer1co com Mulher "selvagem" t Dh 1 ,
e a do a Prança: toi o
casal Diogo llvares - Para
. · · . guaçu. Essa moça acobreada apaixo-
nou-se
· pelo aventureiro ibérico ' salvo''
. ._..-0 , ba"' ·
.,~zou-se,
...
.,omou
o nome de Catarina, e os dois tora•
o ~ 08 h 'i
ero a o poema ep oo i do '
falar com suas mi.n,as>;- de, prat~ ate agora encobertas; que
.
.tives-se ido à Prança;; _c ontesta. Varnbagen e af'irma Prei
o •
·. do
.
Brasil. Ao "HerÓi" indÍgena .. ·t ica .reservado o papel de a- '
.
mante infeliz e trágico d~ ;~Qlher de sua raça,que pret~re,a
· ele·, o. Marinheiro ibérico, , ,
.
. . ~ ee torna tambem tragica caso S!.
.
.
~a por .
este.. despreza4a.
. - ,
2. - O "Oaramuru".
•
.
.talt~ de . imaginação . que 0 8 .._tor do "Caràllluru" reitera:
,
•Dá princÍpio ,na America opulenta
·àa pro~!nQi&a do Império lue~tano,
• •
118.
-
o Grao-Pará' que u• ID"r
•• noa representa,
lo, em meio à terra, do Oceano"•••
rá, onde o "Gentio imenso" é"maia fero que outros", é também onde, e• co~
-
penaaçao, ae pescam "nas profundas minas aa braaílicaa pérola. maia tina•"•
N• Paraíba, Ilha "amena, fértil~,rfca e poYoada". Em Pernambuco, te•o•
.
"a pingue caça, a pesca, a frata grata, a madeira entre aa outraa •aia
preciosa". E
.
a aerra dt Aimd~ea,
#
que ao po1o e- ra i a,
a• de Iboticat~ · e Itatiaia".
(Pg~ 2ltl).
i a ••guinter
d o raia a •ai• louYad&
"Da• t ru t a • ,.
é o Régio .ADanáf, fruta t,ao boa,
a Nataresa n..orada
que_• .....
111.
quia como 6 .Rei- cingi-la da coroaa
-
tao grato ~heirt dá, que talhada
•
· flora
.
"Nem tu me ~aquecer4a,flor admirada,
-
, em . quem nao sei ae a graça,ae a natura
· fez da . -
Paixao do Redentor Sagrq.da
Varela - tomar o mesmo tema, aeguir )paaso a paaao a descrição daa .ea•a•
imagens e. emblemas, mas entatiza.ndo o significado aenaual e até sexual
da dúplice interpretaçao
.
-brasileira das formas
.
desaa Flor. O poema dele
.
•.
xual ao ~esmo
. -
tempo,encraTado no aeu centro, no seu Sertao desértico - oa
.
•o Maracujá" • é o aeguinte 1
"Pela• roeaa, pelos lírioa,
do canto do •abiá,
pelo ~álice de angústias -
. . da flor do maracujá%
pelo agre•t• á,
119.
pelas gotaa de sereno
.
. da flor do mo.racuj&l
da flor do mo.rac.ujál
. .
Por tudo 0 que o céu revela,
.
da flor do
• •
-
Nao ae enojem teua ouv~oa
120.
de tantBa rimas em a
r-'
ma.a ouve meus juramentaa'
•
(Fagun.d ea :; -v,~
.....elft,
4·
- np . "
oeala ' Livraria Agir Editora,
Rio, 1961, pga. 63/64 ). ·
adotava ' a forma da décima vindo. do Sécül 0 de Ouro espanhol e agora adota
t
-
do. pelo~ Cantadores nordestinos, Fa~ndea Varela, ao deixar, no aéculo
... .
nx, seu to• habitualmente deaeaperfado e pessimista para assnmi'r aquele
parece que o patriarca bo.hio.no teve .,:aaia de uma, se be• que nn.o tenha ido
•
-
•
>
aalTott-o, mas Paraguaçu era ou~ra, ~alvez da meama tribo da primeira. Pe-
•
•
dro Calmon, porém, a.fiJ•ma que, ,à luz doa documentos maia recentemente acb.!.
••I .
•
G
•
doa, é hoje fora de dúvida que Diogo e Catarina eatiTer~ no. França, aeudo
~
'
oa oa be
che•, mulher de Jo.cquea Carti9r, o célebre nAvegador de -
miafério•• Juntou-lhe a ~rodifÃo, ignora-•• quando, o enfático Pa-
•
r
!!i!' que pode . aer auperla.,iv~ respeitoao, no •eu tupi do•éati-
--~ " (Pedro lalaon, "Biat6ria do Braail",
coa •eDhora do mar gru.uue • • •
.-
•
121 •
. LiTraria José Olympio Editora, 2t ed., Rio, 1963, Vol. I,pga.14T/
•
148).
do lfar.
' -
A descriçao da Baleia é a •egui~e:
.
"Tem por
•
. ~ -
Na boca horrível' ~
~
como ,
L
.~
.~va.sta gJ•uto.,
d b imensa e bruto. . -
sem dentes; mas ~ oc~
- . 1 onD"O estendes
barbatanas quaren~a ao~ -e , --
he d~ austento •
a tez i1111nda' qu 8 11
122.
•
~;sca. lfo.s as pessoas :que n.cluim is·s 'o tedioso serão o.a mesm~ que não per-
•
p~~cebem que é iaao que vai configurando, aos poucos, a natureza demoníaca
,I
. , •
•
brota esse Monstro - tivesse ifn.mbém:~ o. outra f·a ce, a edênica. Ampl iancio
imagem, :é como se a Natureza d~ terra inte ira, que dá monstros e répteis
'
. '
- ~ntre ~os quais a Serpente demoníada, o Dragao ~ fosse tambem a meamo. Na-
I . - I>
turezo. que produziu a, Rosa vermelha. e .Virgem pura do. espécie humana
.
- a
lmJher vestido. de Sol. A descr~çao ~ita pelo ·Poeta brasileiro do século
•
.XVI. II a ~espei to da Virgem que Co.ta~ina Po.ro.guaçu viu num sonho é menos
fo~te dd que a do "Apocalipse" judo.:fco. Lembra,. mais,
-
as descriÇ~es de
Dante no "Paraíso" e
-
as de Jorge de tiwa na "I_nvençao de Orfeu":
Vi luzeiros de ch~aa,ru~ilante
'
123.
sobre a esfera tecer
e~n.ro dindema,
de matéria m~ia PUra
que o di n.mn.nte
que obrn. pn.re ce de . - '
lnv~çao Suprema.
Luzi~ cnda estre 1" t- .
,. n.o brilhante
que pn.recia um Sot . '
' precloso emblema
de admirável belíssima peason.,
'
que a roda dn. cabeça cinge n. cor·oa. • •
. .
(Pgs. 234/237).
· Jararaca, Príncipe d·o s Caetés",, teiD que se conformar com o papel de o.mante
é, no p.o ema, filha de "um Príncipe ~ poàsante••, Taparica, "que domina e _d&
se bem que aqui o Herói já seja ·índio, Cacrunbo, sua figura. desaparece diante
da "faatoaa Ra.i nho. ·e gípcia", Cleópn.~a: Lindóio. morre num lugar ·pn.radiaía-
1
. .
co~ Yegeto.l, picRda no seio pelo. Serpente.
.
~ai o 1 éculo XVIII não c~ncluiria sem que outro J~deu, Antônio José da
Sil\-a -
(170:5-1739), contribuÍ8•• piU"a a uniao de contrário• bradl•ira atra-
124.
yjs de aeu Teatro. Ma.tiaa Airr a ..
0
·. 'Yl ' Afundo como uma representn.ç6o tentral
Trágic~, dominnda pela ruina ·,
3
1
pe ~ Morte • Antônio José, O Judeu, via-o
A •
p ass1m o pintou no sen
o
com1co Tea~: p
. r ~ • 0
or ironia da sorte, n. Vidn. termi-
nou, pn.rn ele, em Farsa trágica cnm 0 d . ·
~ ' ;.- a ef1nia Mn.tias Aires: Bento Teixei
-...
ra foi ~penas preso pela Inquisi ~
. · r ç ~' morrendo tuberculoso em c ~nsequenciA
d~s quarro nnos de Cadeia que~ sofre~,. AntA . J ~ . '
. ~ lr' ' on1o ose da S1lva mo~reu queima-
do n.os a4 nnos de idnde, em Lisboa · Escreveu d · 1
. [ ~ un.a peças, pe o menos, de
ID\lito ipteresse para nós: ''Gu,rrn.s .~o Alecrim e Manjerona" e "Dom Quixote".
O~dinar~amente se diz que nBo ~ exis~e qun.lidn4e brasileira nenhuma em seu
T~atro, ~ escrito em Lisboa. Maf bas~ enumerar algumas cn.racteríaticas dea-
•
•
l.jiro. q~e lhe é negada, o.o Au~or. E&n primeiro lugar, ele, de certn. mn.neirn.,
-
r~toma ~ tro.diçao de Gil Vice.te - ~omo acontece nos rudimentar~& Autos
•
- •
dq tro.diçao popular brn.sileirlj., Au~s do tipo de "0 Castigo dn. ~oberba" ,de
. •.
•
.
S- lvino ;Pirn.uá Lima., Cantn.dor pn.rO.i,.ano, ou em "0 Homem do. Vaca' e o Podér
da Fortúna",
.
moro.lida.de de Frànciscp Sales Areda, folhetista pernambucano •
' .
~ segu~do lugar, ele introdu~ em ajas peças a. Música e o Canto, assim co-
m~, fn.z~ndo ;teatro dentro do teatro; usa · títeres e mamulengos m~sturn.dos a
attores de carne e osso - e bastariall
••
essn.s três características para ligá-
lo l trádição do Teatro bro.sil~iro ~undndo por Anchieta e talvez outros,d.e.!.
I
d~ o sédulo XVI, e retomado, d~pois ~do Judeu, por Martins Pena, no século
XIX.
Por dutro lado, assim co~o parti.os de - -
Cn.moes para dar n. versao poética
..
é ~dêni~ do. Ilha que aporto.ri·n. no trasil, poderíamos partir de Cervo.ntea
• .
para
. a · -
~rso.o cômica
. do. Ilha. d.·
~ Bn.r~~ar1a. a vertente ibérica do. Cultura
./IÂ- • •
, · 0 ... n.risto;cró.tica
aua Ilha,; vegetal e a 1egor1 ... , . . e
_ pft.J'n.diáin.ca,
. . os Espanhóia
· · . Sn.nc~ Pança, tendo a. seu ·ln.do o contraponto
coi o sobho da Ilha popular de
· e':
p icl
,· de ·Dom 2uixote, personagena do espanhol
do Sonho'~ da 1 oucurn. sagrada e
•
'
125 •
•
- .
oferecem em sun.s obr~s, num~ ~iao 4 i~lético. · e bro.sileirn. In3cio· Joaé de
Alvn.rengo. Peixoto {1744 1793) ~um p~ema que dedicou A Rainha de Portugal,
Dono. Mo.ria I, A Louca- pn.rn escapa~
.
à -
condeno.çno que _levou Tiradentes '
a
o Pao de ~
Açu9o.r l~:vn.ntn.r-se
•
no. figura de
. :'\ .
um IncJio o il~is gentil,
. .
esmeralda escirecia
em campo d e
•
.' •
•
•
126.
a linda estrela qbe noé traz o d. "
' .L lQ. •••
~
1l •
a pesse ~'Sonho" de Al vn.reng~
'
ixot1~ Para. Francisco de Melo Frf\Dóo,
•
o
•
.' t
ld.ndo é~ "0 Reino dn. Estupidez , dn. ~n.ndice, do ridículo e do gl!oteaco, o
J
• • c •
• ~ . .1
mQndo ~squ1nho e mn.ldoso que fez 4~ Dom Quixote um Heroi ·doloros~ente
-~. .. )
r~dículb. A Cidn.de, pl.ntoda ptr Frefi Francisco de são Cnrlos c~mo "riaonhn ~
•
~ .
e visto. por Alvn.reng.. Pei4to através dess·e Sonho indi.nniato.,apa-
. . ~ i
. . ~
ráce,I'
no ''Rei~o dn. Esj,upidez" ~ ao~ «» formo. de Coimbrn., descrito.. de modo rea-
•
..
ltsta e !. impiedoso como • "imundd., irr'egul(\r
• . e mo.l ca.~çndo.". Como i!mblema do '
t' • ~
~ "(
acompanham sn.udosós esta grn.to.
•
•
. t E
A nobre comitiva dos Doutores
t. :
entre os braços a rtoma, :.'" qual primeir~
l
e quase ao colo n3 Berlinda a mete.
~ ~
Logo montados pel~s rua~ tomam,
f;-
.
que de mais Povo s,
_no se~.pre
.
assistidas~
1
~; 0 todos cobertos;
Uns de encarno.do t ·c
•
altivos ·
soberboe~,
- · 1·
con~l
go . assentnm ·•
•
' ) n
-
" • J
figuras
que nao h ~
a n o Univ.erso
1
outras
~,
-
contempln.ç~o,
I
d~
oA
.
m~ls
respeito;
de mais •
!.1
Se tu, -
ó grao Fidalgo de la Mn.ncha,
. ! entn.o sob esse signo de Fn.ce dupln que entramos pelo século XIX, do
.
qual . poderí~os
. .
escolher v~rios .prosadores
. e Poetas paro. o.nn.lisar.
..
Entre-
.
tanto vamos referir-nos com mais vngn.r o. dois - José de Alencar e Fo.gun-
des Vo.relo. - porque através deiles s~ n.nuncinm a Ilha sombria, pessimista
.
e :e sverderuio. de · Augusto dos hjos e o Eldorado também sombrio mas casta-
por eles, ia• aoa poucos gerando aquela raça de Sértanejoa •ameluooa
q~al Euclydea da Cunha ~ria "a Rocha YiTa da Raça bralileira".
-
:· A.a expreaaoee
. . .
"
a ••••a Raça, apurad·a e fortalecida ·por coDJliçoe• aata aaperaa, do• -
. •
que, Daa Arte• pl&•tica•, a garra br..ileira j' ••t' ..tto . .ta pr••••te.
Poet,u
A que 18
deye 1110
? A • • yer, ao fato de que 01 _no••~• prosador•• •
loa, criando aqui noTa Arte brasileira, co. caracter{aticaa orlei ia,
.
esat~ente. por ter eido •ergulhada no aangue popalar e recebido, aa•bl, •
•
•
gume e a enercia que eram bem menoa acer'adoa •• aeua aodeloa.
~ por ia~o que, naquele meamo aéculo XVIII, e~quanto a Poeaia e a pr~
.
aa aomente aqui e ali exGgera e excerba o ib,rico no Castanho braaileiro,
nossa Arquitetura aparece ·com Yermelhoa quentea, loa-ouro, de asul
•
oa de cerâmica.
·t e
euol'vida por uma I erpen e • •aaa de anjo•
.
- a Mulher Veatida de Sol. O
painel é pin 0
em ton·a quente• de yenaelbo, pardo ~ nrde-lodo~ u• Yerde
•
aua. obra e atava aaaumindo em re laçao · ao Brft.ail 1 ·"O Sertanejo" tea aua h ia
.
. . ~ .
.
. .' ' ' - ' . '
. . ' '
tório. . colocada. DO . aéculo XVIII' ·. ••o ' 'Tronco cio 'IP'" e ntroa DO •'culo nx,
' ' • '
' . I '
'
guerra• de conquiata,contra a -
inTaaao doa franceaea e oa ataque•
.
que Joaé de Alencar foi "u• fundad.o r", títu~o de glória que baata a qual-
•
diz que Cer~ante• foi o Poeta nacional da Ea • Maa creio que, quaado
. .
JoÃo Alexandre Barbosa dizia iaao, · pensaYa no. campo uia .. geral · • uplo da
•
.
Cultura braaileira, .da qual Joaé de Alencar foi, ••• dúYida, doa tunda-
ft.
.
"O Guarani" t . Editora .üica, São Paulo, 19'16, PC• 8) •
2. - Iadiaui e Sebaat.ianiao.
vaanente intitulado "Loura e Morena"; Alencar no a diz que Ceci tinha "gru-
dea olhos azuia", "tez alTa e pura", ·"lábios lboa e úmidoa" e "lGngoa
•
Duibir,·· .•• 1578, que leva Dom Antônio de lfcu-iz ao exílio voluntário do Pa-
.
.
-
como verdadeira realizaçao do Iwpério- quia fazer do ·novo País a sede da
Monarquia portuguean.. Diz José de Alencar:
•
·a
roa a quem e 1e av1
h imposto a aua
. .fidelidade, eaae
.
-
pedaç~ do sertao
•
- - to de · Portugal li~e, de sua pátria primit!
nao era aenao um fr~en
Y&J aÍ aÓ ·
ae reconhecia como re1 ao duque de Bragauça, legíti•o h•L
Agora, -
outra observaçn.o import~te n. se fazeri 0 "Sertão" do qual José
assim -
nao
•
vagem e agreste mo.s acolhedor,· Peri , Nn.s "Minas de Prata" surgirá o Eldorado •
•
.. .
t·
.
rência, José de .·Alenco.r relacionn. expressamente a Onça - que ele chama i.,!
•
be le zn. e o. -gr_n..ç_o.
- -- sucedendo ftos
,.. d '
rn.mn.s terr1veis e aos monstros re
• -
pulsivos; a morte horrível ~ par dn. vido. brilhn.nte"?. (Pg. 178) •
A Serpente ora aparece assim, deslizando sob o. pelúcia dn. relva eamal-
tnda, oro. como Monstro aquático que moro. no. raiz de uma Rocha aubmers~ noa
•
Rios e .riachos, oro. assume seu valor integro.l de símbolo, "o Anjo em' face
do Demônio, n. Mulher em face da Serpente". Qs mitos e os emblemn.s, oa aím
' -
bolos e signos característicos da Epopéia surdem, assim, n. cnda paaao. O
-
que nn.o é de n.dmiro.r, pois "0 Guarani", "Iracema" e outros livros de Jo-
, -
se de Alencar sao apenas os fragmentos falbndos, os destroços de gro.n-
•
de poema épico que ele sonhou escrever, ·"Os Filho.s de Tup~" e do qual d.!.
·sistiu depois • .
Mas é preciso concluir e, para isso, digo que é necessário notar e re-
•
.
acobreAdo é uma espécie de nova versao do que os Mouros foram po.ra as Mu-
. .
'
·ae batize e 0
Indio o. princípio recusa. Ela zanga-se, tro.ncn.-se no quarto,
. . .. .
'
-
-
Nao fazes o que Ceci te pede?.
Pois Ceci nÃo te quer m~is bem1
nem te chcunará mais • -
seu amigo. Vê; ja nao guardo a flor que me
deste.
seu corcel, partiu, sem pn.gem, sem anadel. Do castelo à·· barbacã
cbegou, viu formosa
-
castela.
.
Aos pés dnquela a quem nma, jurou ser
fiel à sua dam~. A gentil dona e senhor~ sorriu; aiJ que isent~ ela
- - -
•
•
rn., fui Rei • sere'i teu escrn.vo o.gora. Por ti, deix.o meu alc&çn.r fi-
.;;.....;;...-.-,._ ' • • a • a 1 r
el' _meus ~n:,ç_os de, O}l_~o. e "d.e n&_c~r; por ti, deixo o p_araís~: meu céu
•
.
é teu mimoso sorriso. A dona em um doce enleio tirou seu lindo colar
-
..
•
d
"De repente, . entre o dossel e verdurn. que cohria
"'~"
esta cenn., OUTlu-
d
se um grito vibrante e uma pn.ln.vrn. e língua estranha: - Iara!
13'1.
Est~ é ~ primeir~ vez que Cec·1 ~ P . •
"Nn. cn.sn. dn. cruz, no meio do fogo, Peri .t inhB viato a senhora doa
.
bro.ncos; e r o.. n.l vn. como o. filha da lu.a; erf\· belo. como a garça do
'
. ·~· A virge~ ~rn.ncn. npn.receu. Era .a senhorn..que Feri tinha visto •••
'
Peri disse: A senhora desceu do céu, porque o. lua,· àua mile, deixou.
Peri, filho ~o Sol, o.compo.nhn.rá o. senhora no. terrn.".(Pgs.l42/143).
De modo que fico. perfeitamente claro que, pelo menos no subconsciente
de José de Alencar, em uo Guarani" os elementos lunares e aolarea da Cul
, .
. -
turn. brasileira começn.m a ser o.trn.1dos um pelo outro, o.nuncin.ndo' u•" tu-
-
•
sao êo.sto.nba que o Indio.nismo inicia na Ilha vegetal do. l.lo.ta e que aerÁ
. ·.
•
diÓ. do mártir são Sebaatiao, e terminodo na -
çado em 20 de JR.Delro,
b co• a mercê da ProYidên
primeira domingB de Páscoa em que c egBJDoa -
morta por um" imensa Pedra que Tai cair aobre ela, deaprendenclo-ae de maa
... •
...
elevaçao de terro. coberta pela vegetaçao paradisíaca da Mata; numa daa ce-
•
,.
naa iniciais de "0 Sertanejo'', .Arnaldo aalva l'lor de morrer ·queimada por
•
. •
do Sertao nordestino.
...
V~jftlllos, porém, umo. só comparaçao, que ·aervirá de exemplo pa~a·. todaa.
(
Em t•o Guarani", às voltas com uma Onça que ele 'deseja capturar TiYa para
.encoatBdo
. .
a um Telho tronco decepado pelo raio, Tia-ae um 1udio na
~
a1 auae ,corea, dada• por Ceci, aua da•a1 •zul e braaco, ~· core• de No•-
aa Senhora. Aaaim, -
a deacriçao de Joaé deAAleúcar '
?e• •• linha reta do
•
moço 11~ trajo completo de . couro ·detfYe~o," curtid~ A fetçã~ de. oa-
• •
talhadas as
# ' A
p.-imeir,a s roupas de couro. Uli te • ja coatumnm faze-las de fei-
tio mod~rno, maa aão tlm o Yalor e~atimação ·daa outraa, cortadaa
.
pelo molde primitiTo. Trazia o aer~ane o euspenaa à cinta, ca-
....
tana larga e curta com bainha do m~mo couro da roupa~ e na garu,.
•
a maleta de pelego de carneiro, co~uma claTiDa atraTeeaada e
máço de ·relho". (José de Alencar, -
"t Sertanejo", Edit.ora !t.~ca,Sao . .
.
Paulo, 197&, pgs. 15/16).
Sublinbei, de propósito, algumas exprea6Õea, atraTéa du.;quàia, por .en-
tre 0 palaTreodo ideali•ador e romântico, l aaperezá da "oiTllização do
•
ooaro" j.O oomefA a •urgir 811 Jo•' de l.UeDollr • a aDUDoiar luol,.t .. da C.Dha.
.O ~ v ueiro 8 ertanejb - tu• •••o• .ar1ir ai aa.a eapécie
, ra, • •••• ·meamo aq .. . .. ..
d•.· ~··· : d.
•0 0
· : iL.t•too ·0· ... ·0 Guerreiro !adio - · ••••• plaiaati depoia,·
CaY&le iro .,.. . .,.. . .
J. 1.
passa uma noite inteira dormindo
numn. rede . nd
· ,. ' n.rm a nos g~lhos de u :..1 e1 o•·-
me Jncn.rn.ndn, sem se incom d .
o ar absolutamente
."' do . d com uma Onça que lhe ' n z. c ~: .
panhl u. rm1.n o um pouco m . • -
0.1s nbn.1xo·
. t •
"Recostn.ra-se o serto.nejo
outra ve ' d
. z n. ~e e quo.ndo a. rn.mn.gem cns co.lhou
pert.o e os galhos do jn.cn.randá
estremeceram abn.lftdos por nl ~u ma for-
-
te percussn.o. Arnaldo pôs
a cabe~n.
~
fora d d
a re e, e perscrutando
folhagem descobriu duns t
. ochn.s n.ceso.s no meio das trevas, mns de u
mn. luz baça. e sulfúrea. o -
·. s mn.is intrépidos caça.dores do aert;\o' cu r
tidos pn.ro. todo ·o ~erigo, nno 8~ podem -
exim~r de um súbito nrrepio
quando lhes chamejam no escuro dn mntn
,. esses olhos vidrent os
,. u
c~ jos
gre 11 • (O b • c i t. , pg. 3 3 ) •
1m
-
Logo depois, Arnaldo n.pn.rece diante ·de Dona Flor, arrastando uc a •
I . 1
,.., n
~ ,. ,
assim como Peri n.rrn.stn.ra a suo. paro. perto de Ceci, ocn.sino que Al encAr a-
prove i tn. para d n.r uma descrição do "tigre brasileiro" mo.ia ou meu o~ .s e ma-
da. - umn Cn.stela semi-deséttico. e uma. Ilhn. edênico. e vegeta.!, com aun f a.ce
dupla. de Sert~o de inverno e Sert;o nn. seca, tema repetido depois, n.lina,
pBda desértica,
.-
insulada no meio da vastidao e, por iaao mesmo, np tn
Euol yde• da Cunha n.mpl iBrÁ e aprofundará. llaa qualquer peaaoa que ~e de-
142.
tiver numa leitura atenta do trecho ·que
paaao B citBr há de ver que ~ proa~
de José de Alenc~r marcou .fortemente
N
a de Euclydes da Cunha em su~s uescri-
çoes do. Caatinga sertaneja:
vivaz do sert3o, que elevando a sua copa virente por aobre aquela d~
tn.dos pelo vôo pesado d~s urubus que farejam a carniça.A~ vezea o~
.·çn. e floresce; mo.s aqui a vida abo.ndon~ n. terra, e toda essa regiÕ:o
que se estende por centenas de 1egun.s
~ · nn.o
- · e mais do que o vasto ja- #
renta, lúgub~e procissão de, ~p~t~s, tudo isto,se nBo prova~insinua que Eu
•
-
clydes da Cunhn. no mínimo leu muitas vezes - e talvez até. tenho. decorado
ele próprio chn.mo.vo. "Os SertÕes" (Cn.rtn. o. Agustin de Vedia., em "Obro. Co,!!-
pleta", Comp(I.Jlhi~ José Aguilnr Editor~, Rio, 1966, Vol. II,pgs •. 695/696).
,
O.l.
Qun.nto o.os "bois · encn.nto.dos" aos quais José de Alencar se refere
(Pg. 95).
-
Minha f~n. era tn.o grn.nde
-
que enchia todo o sertao;
vinhBm· de .longe vaqueiros
.
-
pro. me botarem no cbn.o.
Depois, na página. 119, vem o contraponto cômico dos famoaoa veraoa que
dizem "Olá Veloso amigo, aquele outeiro é melhor de descer do que aubir"J
.
e assim por diante.
-
5. - O Sertao como Ilha Edênica.
Como Euelydes dn Cunha fn.rá depois com verdadeira obsessão ·e insistente-
.
mente,- José de Alencar afirma de passn.gem em certn altura:
"A . cn.vn.lgn.da n.trn.vessa a.gorn. uma zonn., onde ·o sertao ainda inculto -
ostento. n riquezn de suo. yó.rin. form.n.çao geológico.". (Pg. 102) •
•
Mn.s agora choveu, e o Sertão n.ssume sun. ·outrn. face, a pn.radiaí~ca e ed!
. •
•
nicn., que José de Alencn.r descr.e ve, inclusive fo.zendo referências ao cap1m
•
mimoso e ao pn.nn.sco, variedades às quais Euclydes da Cunha depois aludirá
-
em "Os Sertoes":
•
"Era então o. força do inverno. Por tód~ esta vn.sta regin.o, - na qual
-
um mês antes forn. difícil encontrn.r umn. gotn. d'ngun. . n nn.o •
•
fundo de alguma cn.cimbn., rolam as torrentes impetuoaaa de r1oa
146.
caudais formados em uma noite.
A terra combustft~, onde nao
- se dea-
cobria nem mesmo uma ralz
· seca d .
f. e c~plm, vestia-se de bn.stn.a mea-
ses de mimoso, que · -
a Vlraçn.o. dn. mn.nbà anedin.va como a crinn. de um
corcel. E ern.m · ~ - ·
Jn. tno altn.s n.s relvas do pasto, que inclinn.ndo-ae
•
"Ma.ia 1 onge o.s touce 1· rfta de cardos exltre lo.çam suo.a ho.at~a .crivo.dn.a
&•
•
multidn.o de galos de campina, à cn.ta do milh~l; ou um enxame
de
~ .
xexeus que pousava em um jn.tobá se~o, e cobrindo-lhe os gn.lhoa mor
-
~os e nus de folhn.s' formava .uma. c~pn. artificial com a sua luzidia.
~lumn.gem negra mn.rchetndn. de ouro ,:· púrpura. Aa jaçanns
- esvon.ço.vam
por cimn. dn.s ln.gon.s e pousn.vnm entre os juncos. Os corrupiÕea brin
•
-
cn.vnm nos galhos da co.jnzeiro. ••• Nada., porém, maia gracioso e ale-
•
102/103).
Arnaldo, profetas como o Velho Jó e tipos como Aleixo Mourão, que, como o
Aires Gomes, de "0 Gua.ra.ni ", (pn.rece sn.ído dos "graciosos" do Tentro ibéri-
.
co; Relva. verde de capim mimoso .e pnnn.sco, Cobra coral ou Serpente co.acnvel
que se escondem sob ela.; Ilh~ vegetal e Eldorndo de sol é pedro.s, eaconden-
-
do dentro de si, nn. sun. vo.stidao, n.o mesmo tempo um Roteiro de tesouros •
uma. Legenda. de épicos heroísmos e profecias •
•
Cn.pítulo VIII
poético.. Para se compreender bem "Os SertÕes" é preciao ter sempre em ~i•-
ta o ·rato de que esse livro foi o resultado de umn. conversao:
- Eu~lydea da
Cunha saiu do Sul com uma cultura formada pelo Positiviamo"científico" por
um lado, e pela "bela época" por outro - e foi com o ouuilgamn. estranho u-
.
sim formn.do que ele teve que interpretar, recriar e tranafiprar aquela
•
os conceitos que ele tinha da Beleza. Saiu de la, como um cruzado da Repú-
•
entanto, movido pelos conceito• estéticos dn. "bela época", reage contra a
•
impressão e cobre de insultos 0 objeto que a causou. Outra• yeze•, ele re-
Yela eltrn.nha falta de observação e de pesquisa num autor que pretendi- ser
ção que a roupa de couro pardo do Vaqueiro exerce aobre aeu eapírito. Maa
o "estetn. dn be ln época" que h lSl.
R.Tia nele b
- re eln.-ae contra a atração ditada
pelo. gênio, e lá vêm os .inaultoa .
- Yeatimenta monótona fei
E , , a, foaca, poen-
ta... nem sequer existe coerência e -
correçBo científica noa
·' · 1
al1BS v1o entoa demn.ia pnr~ ~ aeua ataquea,
"' " suposta se "d
. - renl Rde cientificai ele deaconhece
a re~lidooe do Sertao,do qual partiu ·
. . ""' pn.ra criar o aeu' a ponto de não aaber
que a Onça auçuarnna nn.o p'od ia dar u t
. . ·.. . . m oque "mosqueado" ao gibão pardo do
:yaqu~.i~.. o~ simplesmente porque ~· Suçuarana n;·o ·
•
. . é .· onça··malbada não ., t&mbé•
•J' •
j • ' I ' ' . ,
. . é Sylvio Romero e
a Escola. do Recife.
•
.
Terei, um
din., que escrever mais detidamente sobre esse MoTimento, tal-
••
vez o maia importante jB havido no campo dn. Cultura brasileira. Por enquan
-
to, aou obrigado a me contentar. com uma análise rápida do aeu papel,o que
•
que1 índioa. Também n~o devemos esquecer que nos dias imediatos que ae s~
.
guiram ao 7 d~ setembro de 1822, o Braail era um Reino, sendo uma Coroa
real a que encimava o Escudo nacional. Dom Pedro I' porém, mudou o nome P.!
'
rir ••• Que importa-nos, a nós, leitores seduz~doa pela magia daa
•
." .
déscriçÕes ••• que 0 mundo.em que giram Peri, Cecília, lraceaa, Lá-
•
n. . e ramos mn.is
.
· Ib ri coa puros, nem Afri-
. ·.
•
canos puros nem tndios puros - mas Mestiço~ ra.cin.is e culturais como ensi-
. J
'
Jmro. jt\ o mestre de Clóvis Bevilaiqua, de Euclydes do. Cunho. e de todos nós,
..
~lvio · ROmero. Os Ibéricos, raço. vencedora no confronto militar, político e
'
que não devia ser . levn.do. em oontn.. Só depois doa erudi toa estudo•
de
'
rado esse fator do. nossa civilização ••• Assim, fica eata.belecido
- e~
que o brnsi 1eiro nao 0 índio, como se nfigurou
. a muita gente,ne•
da combina
além-mar e largamente eaprn.i.n.da. a.qui. !,sim,a resultante - •
-
çao des.s ea trêa fatore•• • ~~'iOb.cit~ '·pga. 29/30) •
. Recife ruitecipo.-se' de certo. fora,a, a Euclyclea da Cu-
Assim,. a Escola do
este e o. Monteiro
A Lobato, ali&a, porque Eu-
llhB e a Gilberto Freyre. Maia ...
~'~eluco aertanejo e castanho, enquanto Kon-
Clyde• da Cunha vo.l ori zo. mn.ia O Jn
Gilberto Freye centraliza a Cultura bra•i-
teiro Lobato prefere o lfulo.to, •
espírito luso-tropical ao qual Sengbor a-
letra no Portuguêa e no Negro, no
lude significativamente, ai t, t. 155
n e izn.ndo-o na r- .
.· · . ormuln. genin.l .de Lua i tn.nidnde e
Negritude (Léopold Sédnr Senghor ·
· · _, ' "Lua
,
i tanidnde N
e egritude", Editóra Nova
Fronteiro., Rio, 1975). ·.
los, que 0 eram num sentido lato; porquanto ainda que nascessem de
rn.çn.a puras, 0 er~ em sentido moral ••• Sabiam n.s lendas do _Caipora;
•
Isto nn. ÇQlÔnia, isto e ', nos se"'culos ·XVI, XVII e XVIII. Com o correr.do
e cndn. vez maia para o cn.sta.nho,
tempo', o. mestiçagem brn.sileirn. encami nh n.vn.~s
'
de. modo que Clóvis Bevilliqua: escreve: .
~ , o mestiço das três rn.ças fusionadaa nes-
"0 genuíno bro.sile1ro, que e .
. . . d 1 distibto e que Yai · pouco a pouco indi- ,
te pedaço do mundo, mn.s e o.~ ·
vidualizando seu tipo, r 156.
. icar& dominando na
•
luta pelB Tida, como o
•ai• apto para d'àenvolver-a~ nest .
· . "'· e me 1 o • •
•
•
cosm1co, porque nele gerou-
se, recebendo de seus i1niorea,
p.or hereditariedade, a nptidno
amoldnr-se nossfts na
,. cond"lÇOea
-
existe 1318
· · -
•
•
com minimi zn.r o dete1"tiin1amo. ~~·
geogr'" 1co oftu. rftc1·ft1
- - ' cuida de eatabéle
_
ce r - 8 ão 80 na próprias palavras , - -
~n:.::s:....!r..:e:..:l:.:.:a~ç;:.:o~e:..:s::.....:d::.;:e;....;n;.;;o;..;;;s;..;s;..a;...._v..;;i_d_"_i_n_t_e-_.
,
"Pequeno Dicionario d e L1·teratura
- Brasileira", org. e dirigido
. por
José Paul o Po.es e 1fassaud ..'fo 1• 8 e"'a, Editora Cultrix, São Paulo,l967,
pga. 219/220).
- --~ essas afil·mn.çÕea' ofuscar o brilho do
Esclareço que nao preteuuo, co•
11eatre"mngnificante, potente, fe~
lraDde é a cri tor que é Gilberto Freyre' •
-
possam ser identificadas t-
' a e, taia inapiraçoea - ou
auges toes • Mn.s cn.da uma delas terá sofrido uma tal
gilbertiza.ção
que - modéstia à parte a "dé · -
- 1 1n. ou n. augestao ou a. informn.çno alhiia
que continha nasceu de novo. Gilbertizou-se". ("A Propósito de
Intlu-
ênciaa", Diário de . Pernrunbuco, Recife, 13 de julho de 1975 ).
-
NG.o posso concordar é quando ele acusa Eucl~es dft Cunh d
JW M a e aer racista,
por ter valorizado o Sertanejo como o Brasileiro maia autêntico. Quando Eu-
nem dando mostrar de uma secreta hostilidade contra o·a Negros. Ele diz que,
mas n;o que ela ní\o exista ("Os SertÕes", ed. cit., pg 89). Assim, o
•
que
•
· nismo", mas sim o começo da esta.bil idnde no co.stn.nho e.. ~o . pardo, ~ue é para
•
. . . ...
onde rios · ·impele aquilo que Clóvis Beviláqua chcunava de fuaao, ou fuaionnme.!!.
- ' t ·
"Oa Sertoea", e asa Epopéia aspern, rta te e grn.ndiosa, pnra usar uma ex,•res-
.... E umn. Tragédia em três atos, "A
sao de Clóvia BevilBqua aobre outra obrn.
• represent~tivo e infortunado -uma
Terra" "6 Homem" e "A Luta", com um llerol
' . .
· que enfrenta de mOdo meio demente
''pécie de Rei bnrbnro e Profeta sertnnJO
. . 1 _~ 0 _ AntônioConselbeiro.
o seu Destino e tombo. a.n1qu1 U4l
ato dessa Epopéia., "0 Homem"' Euclydea da Cunha
Logo no início do segunto ... .
~ opólogos cons1
·deram Brasil,iro• maia autent1coa
diz qua alguna dos nossos an"r .
, . O·tros dando "largas ao devnn•ic
aa~a ibertca. u '
~uelea noa quais predomina a ~
158.
aupervo.loriznm os 1ndios - "dev .
o.ne1oa ~ que f
nem ~ltam a metrific~ção e
as rimo.à, porque invndem n. c i~ · ·
encla na vibração 1't .
r m1ca dos versos de Gon-
çalves Dio.s". Outros "e xagern.mfn.
. influência do
nfricano". (Pga. 62/63)a
"Surge o muln.to. Proclnmn.m-no 0 m •
ala característico tipo ~a nossa sub-
categoria. étnico.. Ó n.ssunto assim vai d ·
er1vn.ndo, multiforme e dúbio".
(Ed. e pgs. cits.).
-
Ento.o ele o.firma. que somente com a estnb
•• 1
·1 1·d-~e, "
u.u
f
em uturo remoto'' , é
que poderemos, ta. I vez, t _e r u~idn.de de ro.çn.. Mn.s essa. unidn.de do. na.ça DBO
. - •
Tir~ com exclusn.o dos Negros ~em do sangue negro, como Gilberto Freyre lhe
u trêa · Raço.s formadoras do Brasileiro. Tanto assim que ele . ~itmo. exprea-
•
saunente: •
· 1
IIB18 pe cu 1 iar , si ngu ar e
verd-~e
'"" 1
· ro, "a rocha viva da nossa Raça". Eucly-
·u umn. -~· -
contru.u1çao .:en tre esso. afirmatiTa
E responde a um crítico que Tl .
·
e a outra sobre o Sertp.nejo como rocha. VlVn. . ·dn. Raça: •
• ... .
- 1" h. a.cerco. da nossn. genea1s,ae
"Quem segue a.s consideraçoes que a lD el
- t . unidBde de ro.çà., .admite tcu;:bém que
compreende que de fo.to no.o . emos
odos eu en~ontrei no tipo aertanejo uma
noa vários caldeamento• oper ·
159.
sub-e~tegoria étnica já formod
. , 1. "··· 2uer d.lzer que neste
composto in
d e f 1n1ve - o br~sl- 1eiro -encontrei . ·~ -
· algum~ coisa que é estnTe}, um
ponto de resistência reebrdnndo
a moléculà · t
- . . . : · ln egrande das criataliu-
çoes 1n1C1nrlns. E era nnt .
· urn 1 que, admitid .
. " · l o. a arroJa.dn. e animadora
çouJeturo. d.e q\le e$tR.moa deetiD~oa ' . .
~ ~nte~rldlde D~cion~l, eu Ti•ae
naqueles rijos caboclos o núcleo de for~n d . -
~ a nossa constituiçno futu-
rn., a rocha viva dn. nossa raça ••• Sigamos das "d
Cl ndea do litoral pn-
rn. os Tilarejos do sert~o A . , .
• prlnclp~o, nma dispersão estonteadora
de atributos que vão de todas as
nuances dn cor a todos os aspectos
,
do cnrnter.
-
Nno h~ distinguir~se
.
o brasileiro no intrincndo misto de
.
gue .t:legro, advindo daí, dessa falta de negri tude, sua superioridade a obre os
..
~estiços neurastênico~ do litoral" • .E que
.
.nestes, o
.
cru~~ nto doa três aan-
,.., · te..a~inou
_ encontrando
~"ro lado, pela verdade bras i 1e1r~, a-
•
160.
pr&" teorin., for:nulndn n.ntea dele mas - -· •
ua ~lscut1ve1 "luso-tropicolo-
gi~", misto npenns
de lusitn.nidl\de e !legritude_ - Gilberto Fre;e de ~z em
qutUl~O volta. r\ n.tacnr n teoria do Brn.sileiro nnrdo
.
~,. , moreno e castanho de
•
Euclydes da. Cunbn. em termos como estes. que ne :
t gnm a moren1dnde:
"Coelho Neto '
chegou n ser' no nosso pn.ís' um "'"tor 1"1 t ernrio,
- - ~w.
. glori
fico.díssimo pelos contemporâneos._•• Escrever bem _ penanvM' mui toa
-
nn.s primeiras décadas deste século, no Brns1·1 . - etn. coe 1ho Neto que
nos, foi a seu modo ora quase arinnista, ora glorificodor da mescla
.
"grego"-tnpuia". (Gilberto Freyre, "Coelho Neto esquecido depois <de
·r -
J·a' vimos que uma das preocupaçoes de S:rl
Ora, quanto à Escola d o Rec1 e,
a import~ncia do~
T
Negros c omo elemento forsu,dor
1i9· Romero fora reo.bilitnr •
l ad Clóvis BeTi1nqua
da raça . e .sobretudo da Cultura brasileira. Por seu o, .
•' · tA · 'd·o s Negros em relação aoa 1ndioa:
Ja auatentavB o. tese do. maior impor anela .
~
pg. 30).
_ , •nuelea.
nao esta nem com _, que acentu~
2uanto a Euclydea da Cunh~, ele
• 161 •
mia o va.lor do snngu~ ibérico no
Brasileiro
~ - como parece acontecer
•
co~ J•
A. Nogue1rn; nem com n.queles, como que
'· Gi ~berto~ Freyre e Clóvis Bevi 1 nqu~··
--,-
o.cen-
•
. \
tuom mn.is o vnlor ·do rortuguês ·e
do Negro. I·~ra ele
o ideal Brasileiro er~
0 pardo; o cn.stn.nho surgido pelo cruzn.mento
. * '
'l( do snngue negro com o branco e
o índio.
•
•
4
• - Euclydes ,dn Cunha e J.O.de lfeirEL Pennn. •
Tnmbém sem nenhum desdouro
•
•
pnrn ou~ro grnnde escritor brnaileiro - poia
.
considero seu 1 i vro "Em Berço Esplêndido" um ensnio dos maiores que já ae
~screveram de
-
interpretn.çn.o do Brnsil - di~cordo de J. o. de !!eira Penno.
.,
. .
•
•
" -
• .
'
acordo com J • O. de !feira. Penno. - que, nisso, estn 1le acordo com Keyaerling
-~
histórica. de respeito n.os prece i toa ~a· Lei {a. Torá), n;:~ sociedade
b -
d ·o Isla de eroticismo •
eminentemente patrinrcn.l e lógica - ~rans Qr a
' ..
• • ensu alidnde árBbe, 1r~Ç&8 à tolerBDCia
ann.rqu1co que se insinuou nn
•
Índia·, consuTMdn no Sertão, era dura. como · ~ Pedra sertaneja e com n.s carac-
.
lo, tnmbém, dn. unino de contrários. A outrá afirma que, no subconsciente daa
co e vegetn.l da Zona. dn. Mn.tn., de modo , que e~ses três mi't os aão, de fato,
dois; e ambos se
-
fundem na concepça.o din.lét~ca.
.
dn IlhlL Brasil. !ssim, quan-
• A
·e de modo
.
singulntment~ impressiona.dor'
•
noa aertoea do -
t e · tod o, , 1lOJ , .
~·
• •
. . .,. .
b~n.da. n.·: pedrn., o. que subirn., :ç1n.o n. pancil.dn.s · de · mtu-reta, mas pela
-
QÇno miraculosa do sangue dn.s crio.~~ns;
.
espnrzido sobre ela em bolo
-
cn.usto, : o gro.nde rei irromper in envpl to
. . . .. de sun. guardo. fulgurante,
cn.stiga.ndo' inex~rável' ' I
Q. humn.l;lidn.d~ ingrato., mas cumulando de riqu.!.
..4 '
do,
•
ncu~ulnndo-se em torno; e j afirmam os .jornais do tempo, em cópia
•
túl que ' depois de desfeito. aquela ~úgubre farsa, era impossível
; o
dizer - ~clydes da Cunha imagina o tempo ·:em que tudo aquilo ern l'ar, e vê
os cnmes das serras sertnnejns COri! O grande(& Ilhn.s:
-
·~ntao, destacadas dns grandes ilhas · e~er~entes
. • o '
t.ns das nossas cordilheiraa mal apontavnm ao norte, D'L solidão ineo
sa .das águas" ••• (Pg. 17).
-
•
de "Os Lusindas", escreveu tJma de suas comparaçoes mais famosas sobre o te- -
-
ma "O Sertno e o llar" : ·
"A.o por os pés no Ii.min.r dos aert~es babin.nos, ·alguEJCl- coisa .::e atalha
t , ·
·ou do destino aos seios do mia erio qu~ lhe aéena do pego e do hori-
167
zonte, enqunnto a ré lhe Vni
fug indo n estel·rft.,. dft.. s1. ngrn.d ur\\ e ns
ondns couver.snm
co~ " quilha
· no mnr.nlho dessns solidÕes nunca dantes
n~vegnda.s' rebentn.ndo-lhe em
cristais no costndo, orvnlhnndo-lhe de
ntnpet~do-lhe de prfttft
... o au 1co espumoso.
_ _ u o
sertao ~no conhece 0 mnr. 0
mar nao conhece o aertno. - -
- se toe~.
-
Nao se vêem. Kno ae busc.n.._.... l!aa há em nrrbos
NBo
ao dar com os olhos ~a. primeira orl*Õura. dft. região das eatu e du
-
I
- -
de modo. que qua.ndo diz que o Sertao nao coihece o llar e o l!ar nao conhece -
o Sert;o,~· tnlvez estivesse repetiDdo ecos da profe-cia. de Antônio Con•elbei-
c intila~ vi t
. . varnen e. ~uvens vol~osnf ft b .
' ~ a rre1r ~ no lo~e os h ori zo n
tes, recortnndo-os em ~l . . -
· evos :. l ~ pon entes
, d t -~
e con nw..~\\8 ne trru ••• I'J;!.
brnsc n.C o em minutos 0 f. · -
' . lrm~,nto g?lpeia-se de relncpn.r;os precip i-
tes, sucessivos, snr~~cdo íund
~ ~ent' n i c:rr ii:i:ndura ceer:1 d~ torce n-
• • •
- o
'
ttl. Reboam ruidosamente ns t ...~ o o .. •
-
::I
-
O; chno, ndunnndo-se logo e m ~~a-
ceiro diluvinno ••• E ao tornar d~
' '
• t r nveasia o Tinjante, pnsEo, não vê
CA:is o deserto. Sobre o solo' , nue '1·
~ a' ~n r1 lS· ntnpetnm res surge tri-
' '
u~nlmeqte n flora tropical. E. nmn. ~uta çno de npoteose. Os a:uluneus
-
rotundos, à borda do.s cnc 1·cb ,., · :
· ns c •.e1,_s, estn.deinm a &pura. das larg as
o
-
vo das copas dos ouricuris: ondeiam ; móveis, avivando a paisagem,nca-
· t t dft~
DO tempo a fnnnn res1s en e ~ caatingns: disparam pelas bnixnda~ ú-
•
~ilhos - des~nrrndos Su
t:» • • • cedem-se ~nnhns sem par, em._que o irrn.d in.r
do lev~nte incendido retinge · ,
.n pur.purn dns eritrinns e destncn me-
lhor engrinnldn.ndo b -
· ' - ns um ur~nns de cnscí\ n.rroxendn, os festoes
multi cores, da.s bigônins. Anilunm-se . os nPes nnmra -
. . '~ -~ ~ pnlpitnçno de ~sns,
• •
A # ~ ·~
lencnr descreveu em "0 Sertanejo" • .A.pa.recem ns emns, cujas uns Frei Vicen-
no Sertão, "a. nn.tureza. comprnz-se em: um j~o de n.ntíteses" (Pg. 46). Suna
• . .
terrns sào, no. mesmo tempo, "bárbn.rnmente ~ stéreis" e "maraYilhosnmente exu-
. ,
das chu~n.s, o. terrn, como vimos, transfigura-se em mutaçoes fnntns-
t .
~ca.s, cont rn.s t nndo com a desolnçã~ anterior. Os vn.les secos fn.zem-
•
·
se r1os.
I 1 e
nsu run-s .08 cômoros
. , esca.ivndos, repentinamente verdejnn-
-
.
de flores ·
c obrindo-os,
-
os grotoes esc~ce-
tes. A vegetnçao recnma ' ·
lados, e disfarça. o. dureza dn.a bn.rra~cns e arredonda em colinas os
-
Veredas" ~.•. de Jono Guimftrftea Rosft. T~b.em
,.
-
UI UI
' l
ga. Antôni•o Conselheiro,e relaciona, l!lll por ; um, os ehefes jngunços maia i~
portnntes de Canudos, já prefigura pt;ocess·o idêntfco seguido por Joio Gui-
-
marnes Rosa.
•
.
•
l:ns, pa.rn terminar, lembro somente que, . pnra os Sertanejos,. Canudos era.
nmn -
versao brnsileirn de -
Canna, -
da Terra da Pro~issBo a ser atingida depoia
d~ traves.s in e dn. proTnçao do Deserto: - ' •
-
promiss~o, onde cor·r e um . e sa.o de cus cus de milho
-- r1· o d..e lei te -
·
bnrrnncns". ' · de Fre1· u"Toão. E.v n.ngelista de llonte-l'arcin.no,
( Relatorl.o
· Cl.t.
· por ~
~uc lyd es d. ~ . , "Os SertÕes'', ed.cit.,pg. 175}.
ft Cunha.
•
nova llbn. :da Utopia sertaneja que e , 0 · "Pa.Ítt de São Snruê", concebido, nu~
Tislumbre ·de gênio, pel~· poeta popular e Crmtndor parn.ibn.no ltn.nuel Cn.milo
. , 1 . nh em rn obrn de J oaé de Alencar, ~
doa Santos - o que njuntn numa so 1 ng .
1 -~
'-·
obrns de gênio de Euclydes d~ Cunha
•
e João Guie~r;es Rosa e o Ro~artceiro
•
S'culo n
1. - &ac1-1 d
J~es a
eunha e Augusto doa Anjos
Em 1970, escrevendo eobre 0
liYro de contos "h E.boscadas da Sorte", de
Maximiano Campos, eu dizia o eeguintea
ca-aea tant~ eu como ele aomoa ·~i• aeduzidoa pela Poeaia, pelo ~~
de ~odo que liwo• como "Poco llorto" ou co•o "P.!.
•ance, pelo Teatroj
drn. Bonito.
. -
c&Dgaceiroa" ter·
174.
Prefá~io '.
Editora Univerait&ria, Recife, 197l, pga.
. .
IITit.
'
da Ilha Brasil' de Cipango. Mas ela, apesar de ter no seu centro umn.".ú-vore
cansar seu merecido repouso, co11o na Ilha doa Amores - é uma Ilha maldita,c~
- .
jn. viso.o - sob forma de Paraíso enganoso ou Eldonulo 1nalciiftçlivel - torna
bólica do l!undo - e o fogo do. cinza e do pó, como um hlilito envenenado do In-
. .
ferno,queima
' '
Q otimismo clássico. O p~ema de Auguato.doa Anjoa intitulG-ae
lllllit~ significátivo.mente "A. Ilha de Cipango"; começa usiml
A1~ ,e.:
~, como. a._,
~.logo de· início,o Poeta, acentuMd o o CGráter fGtídico,enigmá-
~wuaa 1e · r•trAtA,
E o OcBIO . qu.e n 38 -e.- .
- d
Tenho alucinaçoea e toda a aorte •••
~
Oa olhos volTo
Para o céu divino
e observo-me· pigmeu e pequenino
atrn.véa . de minúa.culo.a eapelboa.
• I ' • ~ ' ' , • ' I •
anunciando deamorono.mentos
•
-
Desde entao para cá fiquei sombrio!
anestesiou-me a sensibilidade,
,
e o. grandes golpes arrancou as ra1zes
Pftssa
A tarde morre • ,. o seu enterro!
A luz d escreve Zl
·guezn~es torto•
. ~-
enviando à terra os derradeiros beijos.
-
e atAo chorando meus amores mortos!
.
. . 178.
.E ..Augusto doa AnJ· 0.8 c ·
onclui se
_ u extraordinário poema com una veraos cu-
jos ecos ressoarn.o depois, de modo . .
. . . talvez lnconsciente e long' '"'~-
. d '!- d · . 1nquo, na D '"'
qu1nà o ,11un o" de outro"Poet d
. . a o avesso",. cn.rlos Drummond de Andrnde:
"E n. trevo. ocup~ tod~ n.
estrndn. . · lona.n,
-e..; • • •
Como se vê, o tema do. Ilha., ·n.nunciado pelos Ibéricos, agora.· atinge à,
-
sun. verdadeira consumn.çn.o, pelo aprofundamento castanho a. que o levn.,n.trn.-
•
•
~
ves de seua Poetn.s, o. Raçn. cn.stn.nhn. do Povo brasileiro. O mesmo sucederia
com ~ te~n. correJo.to dn. Mó:quinn. do Mundo. Ã crítica. brasileira jB tem n.pon-
tos• Recentemente, por exemplo, Gilberto Mendonça. Teles comentava. a eaae re.!
peitoz •
!
•
-
deixa de ter também ~o.sto.nt.e coincidência com a história da tent~çn.o
.
• •
1971, pg. 146).
DA.Ilte e de "0• I.Daíadaa 11 - que jct aaainalei em Frei Uuuel
A pre•ença de
179
de Sn.ntn. Mn.rin. Ito.pn.ricn., entre outro ., . •
. · s - e· Vl&lvel no poema, estou de acor-
do; entretanto, ao que eu saiba, ainda ninguém atentou para um~ preaença ca-
moni~nn. muito mn.is - .
proxlmn. em ."A !.11\q~inn. do Mundo": é n. dn. "Elegin. VIII",pu-
-
blico.<Jn. nn. ediçno .crític~ dn. "Lírico. de
'I
to é umn.
-
indn.gnçn.o filosófico. sobre
.
o enigmn. do mundo. Se n.juntn.rmoa n. iaso
-
o fn.to de que, no poemn. de Drummond, n. "ação" se pn.s!la numo. estrf\dn. - como
'
acontece c·om "A Ilhn. de Cipn.ngo" - teremos ·demonstrn.do que o. linhn.gem desse
estrn.nho e genin.l poemn. que é !tA ·Máquino. d~ Mund·o" pn.saa pelo. Ilho. o.legóri-
.
ca de CamÕes e pelo. Ilha maldito. e esverdeado. de Augusto dos Anjos pnro. o.ss~
que um Ponto ,
So não míngua nem se a.umenta;
..... ~................
• ti • • • • • • • • • • • • • • • • • .•
.
Dem vê, se d~
- - .
rn.za.o se nn.o desv1o.,
•
1. ncompreensíbil;
um sa.ber infinito,
que naa coisn.s a.ndn.,
umn. verdn.de
T
iaíbil ·e invisíbil.
que moro. no
180.
Estn. Potêncin.,enfim,que
tudo manda ,
est·n. Cn.usn. dn.s caus"'s
.
,. , revestida
foi destn. nosso. cn.rne misern.nda.
•••••••••••••••
···!••···········
O Crist~o descuidado e negligente:
l'onderO.-o com d.iscurso ·repousn.do
..
. '
e ver-te-ás ndvertido -fn.ci1mente •
• • • • • • • • • • • • • •. • • • • • • • ••• • • • • • • • • • •
....
Nao vês que ~ g~~nde máquina inquieta
•
e
-
nn.o por causo. nn.tura1 secreta?
- A
Nn.o ves como se perde a natureza?
(Ob.cit.,pgs. 315/316).
•
, . .
a. mn.qu1nn. do mundo s.e entren.brlu
. d ,. romper já se esquivn.vn.
pn.rn. quem e w
181.
e só de o ter pensado se cn:rpia" •
to inédito da n~~:turezo. mítica do.s coisas", uma "ciência sublim& e formid 1\vel,
mn.s hermética", uma "explicação total da Vida", "o nexo primeiro e singular"
do mundo e do destino humnno: •
.
seguia. vagaroso, .
. de mn.os pensas " •
.
- d
. . , . Andrad~' o. meu ver, é um Ob
Esse poemn. de Cn.rlos Druunnond de , . . .. . . : • . .
.. . - ., ·. por seu vn.lor e suo. ,formo. como pelo &lgnlflcndo
1
Literatura universo. ' n~o so . ' .
começos do. configurn.ço.o do Mito - e mesmo num poemn nmnrgo como "A I l ht\ de
. .
. mo qun.ndo esaa I lho. do. Uto_p in. bro.sileirn é ,aonhn.do. num tom irônico, como
rn.1·nhft
. u· e fn.lsn. demente
vem n. ser contro.pn.rente
t'
do. noro. que nunca. lVe
· ·
Andarei de blÇlC 1eto.
. em burro brn.bo.
montn.reJ.
. . no pn.u de sebo
aub1re1
tomn.rel '
. banhos de ma.r •.
. do eltiver cansa.do
E qun.n
b ·ra
81 Cio rio
deito na
- -d t , guo.
n.r ·a mn.e o.
mando c h ~ ·
8 biat6ri~•
prn. IDO 0outa.r o.
183.
que no tempo de .
eu men~ no
Rosa. Vinho. me .
contn.r
Vou-me embora
Pro. Pn.sárgn.dn..
,
Em Pasfirgft...~,.
'"" '" tem $tudo
E outra civ·l· -
1 1zaça.o
de ~mpedir a. conçepça.o:
-
.
Tem telefone automático
tem n.lcn.loido a vontnde
tem prostitutns .bonitn.a
. .
ca e ca.stanhn unia.o de
contrários, todos os elementos míticos do. Cultura brn.
-
. -
sileirn. o. que viemos aludindo desde o· começo é, sem dúvida, o estranho e for-
"Um bn.r~o
"' n.ssinn.la.do
-
sem brnsn.o, sem gume e famn.
- .
sub-título ou tentn.tiva de explicnçno que o próprio nutor colocou no poema:
11
Biografin. Epica, 1Jiogrn.fio. Toto.l e
•
- . -
nno Umn. Simples De s cr iqn.o de Viagem ou
• • • • •• • • • • • • • • • • •• • • • • • • • •
eu e 3 ilha ~ovediçn..
(Pg. 3~) •
. . gostnvn. de se referir, seguindo Cn-
Dento TelXelrn.
O "n.ljofre" o.o quo.l
de ·nvocar.ao o.o tarroco e
..
ns
,
pe-
-
·- i com seu po d er l ~
moes, também aparece aqu ' •
rolas: .'
(rg. 34).
A ut6picn Ilbt\ Drn.sil, n,p r dn.d
ro un n n~ Torrn do Drnsil, e n~orn r ecri ndn
. no.vo.mente sob f ormn. de s
h p •
on °' ou ·nsn.rgn.d
. n., te m um .M."'r -
,. novo em r e lnçno no
. ibérico, pois o Brnsil é um meio-cnm1·nho - -
, um elemento de fusno e lignçno c~
tre n PenínsJa, n. África e n Indin.:
"Re1.ventnmos
. o mnr para essa. ilhó.
-
que possui "cn.bos-na.o '' n. ser dobrn.dos ·
•
(Pg. 36) • .
Como no poema de Frei Mn.nuel de Sn.ntn. ~fnria Ita.pnricn., lu\ uma n.lus~o õ.
Drnndn.o!
. .
E depois escrevemos umn ( n. de Cnminhn)
cnr~n
contando tuns grn.çns, nessns prn.ins,
sobre os giolhos dns moçn.s, nns verc;ouhns.
No entretanto, n.li e stno o.:s outro.s fn.ces.
Ah!ns prn.ias e n.s trn.gédins e n.s Ineses,
e os pressó.gios bilingues, multilingues
•
e n.s v1soes - - •
-
.tn.o fn.tn.is ., tn.o desn.bridn.s.
O desn.pn.recidos, ó encobertos,
,
o perdidos nn.s guerrn.s e nn.s copln.s,
eu moro junto n. vós, nesses rocl1edos
dn.s certezas finn.is desencontrndn.s,
reis desejados, sopros ocultn.dos,
esperança e renúncia, ó Dom José,
-
queridn.s confusoes, graçn.s vos dou".
(Pg. 59) •
.
.A Ilha., como ·P ero Vn.z de Caminha. mo.ndou dizer n.o Re i Dom Mnnuel, é pn-
. .
rn.disín.ca, .de bons ares e · bons n.gurudns, com arvoredo edênico onde um Povo
. . .
pn.rdo, que vai ser o núcleo n.cobren.do do. futura. Onçn. cn.stnnhn dn. n~inhn do
MeiÓ-Din., , o Povo brasileiro, bn.nhO.-se nn.s águo.s e dn.n ça.- como Povo ten.tral,
.' . .• .
dn.nçn.rino, musical e plástico que é:
"Essa terra do.nçn.dn., Dom Uo.nuel,
de ponta. a ponta é todn. de o.rvored os .
E todn de arvoredos e de nr hom ,
,
como 0 a.r bom de Entre-Douro-e-Uinho,e ns o.gun.s
------- ~- ---------- •
dn.ndo peixe 1 187 .
. . . ' · · u.vnnd o ·
ln.mbend , . ~. c ~rne nu~,
# .
o os pes dn selv
A feiç. ~o · # ~ emb nr nç os n.
•
e ser p d
Bons nr n, b6ns nnrizes
vcrgonhns nuns b •
' on.s cnrns".
(Pgs. 63/64).
No nmbiente mítico já •
Plntndo por Frei Vicente
pns s nm
monstros' homens do ~11 r.• 'a.4
n.,.. e d o·s •
• • rlos, n I pupinrn ou I pup'I nrn:
ti
••• Cnnibn.les •
'
cnnibnis ' upup·
- l.nrns, -
cn.es e pe ixes
~-----
homens fluvi . ,
. n.l.s' nos índios' curiqucns •
• •• ••••• •••••••••••• • • •• •• ••••
• •• • • • • • •
T'l
L
~
eu cenino .oe queno, t Qd o penns
, ...
.cu J.ndio diferente, . mn.u. selvll trem
•o '
-
o. sudoeste, nno esto.vnm somente encontrando e reinve!lto.ndo o reino vegeto.l
• •
er.sol nr nd o, pe-
dn _Vênus-Afrodite: estavnm também fundindo tom ele
•
•
o Reino
~ .. '
-
'
l eao uilü.
. .
-
..•• - . - - e o s el eexe .•
~iva;
e a. fa_zer os cactos ••
.
• •
•
- -..
... -" ...
"'
•
t!'""•
sa--....
•
-' -
•
\.~ ___ r-. .._- .:...,
,... . ... .,. . J •
.· ""
--- lCS
ir!".~ ~
. •
- ""r1 ~
~ .. l.r
-..t:= · ~ , 'e
...
-
..,
c o ....
T\e•':- ~ .... ,
I
~ ·
•
...,~
-
--
1 íO)'
"!1
.
• '3.
=
•
•
' • -e-......
!"'' - -
•
• .,- ~
.., ,-.-
- -·- - -.
\..~.,..o
~-..
o ·-
~c~o
e. ............
-~- -
~,
•
c. a. ~'l ta~ .......
"<\-
... r
O- --
: ~.. ~'
..,.,.o·
. . . .. n t - ·= -,. . . . C.e f'cgo ,
.....I"'""" -- ~ ...
l ()of: O.
- ~
-
.:=.. -· . O.., •
O !C~G lo:' -
-
c -
e o S"'.l C.? s s o r casta:. h o do. s 1 t ,..:f l- Q-
•
•
--- ~
•
.,._ .,...
e ae Se ...... - ---..
• c-, ~
.....
"'
t .e u ten 8 ·TO"' ""..
•
..... e-
• •
~ ---o .,
J:~.\.,;,~
•
•
-·-- ..
\ ..,. &
tro!::.co,
- .... --
0 ..... . ~
·.
~ O '"':.:~·.or-~i T~ ::; C i %. ~
•
··························· · ·· ~ 9···········
, ..
1 i:.'G l. C1 E • • • J1~l U õ ~
• • ..
e se r l.4>a,s 71
re7oluçc·~ê 11
-
(s •
::o i). - """ - c~
.._.... fJp . q ~.,,
Oc -· -
-l ... .
""~=..co
~~ ~ ~. ~
r.ro
~.,..• - G· o
·-
c ..
c-e - at T'·! i"'ie s
•
- -.. - -·-=- _...........
................
~..:. • - -...
-•• ,
... e C.
o
.~-
. . .,. -, -
,.,., -..-
,r
,. ._-..,
;:: e-
:: a e ,__ "" - -. •. -. -.
=- -
ce e ~ - - ···- f-... ~ -
'-41
- - ~
~~--C'_.,.
-
----,
~-~ e e -- .~-
! .~1$11'· - .........
t ··· -
...
,...,
··~
- ~~
"' ~ ~a ~-- o •~eil ~""e stif I o ·
\'epe za t.4"""
~'"'r OI:: -'"~
- ._ ,._ ' -.·'!!: ~ "' • --r ..... ,
-
sno seus cnbelos 190 .
resse:nnnte -velo,
n bn.rbn · 1 í~pidn, # •
o.ve fa.dn.dn -
nn.o ino.dvertidn,
• •
•
-
Xao II!e extasio diante
.•
das viagens
. ..
' l
E is re rseu Co...
~ sun. nmà e rocim pag o
e pendências ec
·
'
. .
- 0
vn.
de • -
vno estrago,
(Pgs. 81/82).
A estra.dn. do mundo, "n. imensn. e
rutiln.n~e Cobro." da mó.qu i n n do
pnrece, ~nrebém re~erida em tercetos . . ~~nd o,n-
' como .no poema. de : D....,n•-ond
·~ , e t n~b ém
-
com.:umn. nlusno no Cristo, como nn El~gin
Cnt!cn i n.nn :
~O longínquo país tão pnrnl~=~I~o---------------
com seus rostos d~ so m~ rn.s nne lnnte~
,
porem n. serpe' s e._mpre n s erp€· nn t 1gn..
.
'
E só pressentime~tos, só ns horns
"
~\ '
.a curta clnridade entre os nbismos
que nos nssustam ·onde quer que vnmos •
. . . .. . .. .. . .. .. . ...•...............
· ~· ··
•• •
Como se vê, o. mt\q:uinn. do Mundo r\.qu i tetn -l\ce ntua.d o o seu cnrát er i nfe rnal;
•
. • .
•
qu~e domi nn. t ud o é n. Rosn v e r~e l bn,
porem, mais do que o Cristo,· n. Divindone
#
f '\
•
- a R4inhn. do Meio-Dia.:
"Todn.vio. re s piro essn roseirn
I ,
~
A ros~ ~rdente col be-me
, em seus rnios :
e uma.
, engrenn.rr
-. . e.m lu'"cl·d·n
~~ em destino,
e· od •
e r n sempre ~odn, rosn rubrn.
Circulo ne sse nr.d or · circunvolvido
. ,
testn.
.
e pés ' serpe unida., céu redondo,
girn.ssol ou tr:lle~a' cruz obscura.
Cresço em brnços·. Along o-n:e. Teu rosto.
Teus cn.nsn.ços e . mnos p_;s obr o.nc~ lhas'
és formosa em clarins~ ~nda Rosa,
soçobrada em lic~r, t~rei bebido?
Terei yinhos, terei m~didos ~ pnssos,
terei copos? Terei? Sonos em runs?
Dormirins comigo, rosa rubrn?
Cobririas ~eu rosto em. teus libidos?
Soprnrin.s teus reais em meu candeeiro"?
.
(Pg. 313). i·
•
-
Entn.o,
~.
será por causa dessa turvn. ' e npa~xon~ n exnltaç~o dioniaíncn que
.
o l>oeta, encn.rnnndo todo o Povo brasileiro. em suns zmíltipln.s cont rn.diçoes
-
•
Desarticulnç~o f~lannmente.
•
!~da dramaturgia. se possess.o, - .
• •
bufo.
se fábula, se in~ui, se histrlno,se
·b~nte
.Ah! cor1 u.
~lóuico,
o ·
;Ao
nlins lóg .
i co,
. te nng~stia. · - a fnce
linguagem trnnsp~ren '
flexíveis 0 lh 193.
os, ·membros 1
Pa nvrenndo.
Desnrticuln~-no ~~ -b -
~ ' 1 ertn.çno.
O contingêncià: d
esnrt~culnr,
dançnr, pnrecer 1·
. ; lvre, ~ exteriormente·
e ser-ae """d ·
-~
j • '
o, e ser-se bnilnrino
,
nos b~ilnrinos, todos ~ns f ~
. . '
unnmbulos,
todos uns fulnnos • . Então, d:mcei me.
Perpétuo Orfeu e tudo. Pulo e chno •
•
Polichinelo, polich~o dessa ilh~".
(Pg. 84) 4!
. . ..
.....
5 - S.Q.Q Snrue,
. . ou .-"A T•
'--'.topia Popnl~r.
Finalmente, parn concluir est~ te~e, nn~n melhor do qu e u~a referi~cin
.. c -
e pc o t , . . d "'r· s-o.o so.rue",
.. .
a onc .;n u op1.cn a •1a.gem n •
do ennto.dor e fol he t i stn l 'n-
• '"
nuel Camilo dosSa.ntos. Eu gostn.rin n.indn. de exa.ninr..r e lignr a p iotu rn de
gnoe· ncerndo e cortn.nte da. prosa. de Euclyàes da. Cunhn; de ligar 'C.s
.
•
' . ...
.
Sertoes''
•
1r
~.; as e' preciso concluir, de .::odo que, mu~to de · p~op ósito, escol ho, . par!:S.
. .
1sso, os versos a.tro.vés dos quais o roetn. ·r;opulnr, co= o~. pés fin: ec t.-::.te
•
-
· finco.d os no Cl1no su b.t.erro.ne · brá~ileirn,
• 0 dn.,. Cultura. ·. ... . - oarece unir I tcp.nric a.
...
. .
e os fiéis de Antônio Conselheiro (ntravés ~ de Eticlydes d~ Cunh a ) par n f unC:a.r ,
.. .
•
0 país -
"Sao Saru~
"
'
...
. ....~ - o
pOlB luuar
e
melhor
,..
que nes t e mundo . se · ve.
• • • • • • • • • • • • • • • • • ••••
• • •
Iniciei n viagem
à.s duns dn. madrugada
tome i
.0 cn.rro d~«• b risn
.
Pnssei peln. 1 ·
. ( n vorn.d n
JUnt~ do quebrn.r dn.
eu · bnrrn
Vl o. nurora
nbismncta..
• • • • •• •• • •• •• • •• •
• • • • • •• •
Ao romper · d
n novn nurorn.
~enti o enrro Pnr ~r·
oll1ei e ~i .
umn prnin
subi ime. de e· ncnntnr
· · .
o mnr revolt 0 b n.nhnnd
.
o
n.s dunns dn be.lrn.-ülnr.
.
:!-.r • . •
.. a.Is nd In.nte uma 'cidnde
como nuncn vi igunl
todn. coberta de ouro
e forrOrln. de cristal
. nli
-
nno
.
existe pobre
,
e tudo rico em geral.
········~········~···
Ln, eu vi rios de : lei~~
barreira de· C&rne ~ nssndn
1 n.gon. de me 1 de nbe lltn.s
.
atoleiro de c on lb-t..ua
~ ..
nçude de vinho _quinndo
. . .
monte de ·. carne guisndn •
• • • • • • • • • • • • • • • •. • •. ••••
., •
-
tem tudo e nn.o falto. nn.dn.
.
sem precisn.r trn.bnlhar m.
1
Como se vê é UI:ln. I)asárgnda. ou Ilbn. ;Utópica. populn.r. l!ns nessn Ilha , além
da. Fonte .dn. Eterno. Juventude, que substitui o Ouro solnr peln. i mortnlidí'. -
•
-.· . ..
de. No "Pa.ís de Sno Sn.ruê" essa. r ·ormn. do mito . renpnrece - e que é t a~ to
o. bnnho dn mocidade
onde um velho de cem anos
.
tomn.ndo bn.nho à vontade
quando sai fora parece
ter 20 anos de idnde •
., nn.o
Ln. ·- se ve" x:mlher feia.
e toda moça._é formosa
a.lva, rico. e bem _ dece~te
fnntnsinrln e cheirosa.
igun.l a u~ lindo j~rdim
•
(Pgs.557/55S).
• :1 . •
-
.
dn. Terra dn Promiss no :
pnra encerrar, o velho mito , JUa~~co
Finnlmente,
'
. •o é de beleza.
"Lá. existe tudo qu ~n "'
to é bom belo e bonito ,
tudo quan '
e bend i to
parece um lugnr snnto
dn. Di vinn. Natureza.
ou 0 jardim
. m~ta.
. · to bem pela. grandeza.
1 mu1 _
t . promissno
n terra da. nn ~gn -
\( · .. s e .An.rno
pa.rn. onde i) tOl se :
·d ·a. o povo de Israel
con uz1 .
ue corria 'leite ~ mel
onde dizem q _
. do '~ céu no c1no
1 "•
e cnín. ma.nJa.r - ' •
{Pg._ 558) •
Desse modo, 0
folhet o dn. "Vi ngem ·a S~o Sn.r u.ê 11 , i nci nd o coro es trofe~ em
.
sextilhn, teri::inn. cor.1 duns estrofes fe itn.s nn. formn. c no r it,uo d o ".~ r r te lo
-
n..s~~l.Oj)n.d o, o que pro p orciono. u m COI:i!e nt ~Íri o s i~aif icat ivnDcr~tc n.·t o enc c r-
- ,1.
t• 1 • ~
ro.r esta tese: porque o ~.::!'_ve ... o- sur g i d o dn. dccitun. i béric n do Século de Cu-
Á
..
"'
ro - é jn, pororn , umtL -
crin.ço.o 'brn.sileira e
.
c n.st.n.nh o. do nosso I'ovo, de u od o
que essn. estrofe citn.dn. tertainn. por nos r elig nr a o p onto de ond e }"Ji'. r t i~o s ,
_ 0
-
l'ov o cn.stnnh o da Ilhn. Dro.sil como centro e consumo.çn o d o. l 'eal~ ;'!.:;uLl. Ibc"' -
,
e ponto de encontro. (1n. lln.inno. d o l...' el.o
• n·
J 10..
197.
t
d o .lSn.l
_ vad or. (V. e s t e · )•
nome: . .
~ .. '
u
. ~~C :'1·
•• • -l
~
\I
n ~.,
' ... ~
) H~
I'.
......
•
' Cn.r~ i strn.no de - Not ns
.
n ,;~I i st'
;
.·
O~ l n. Ge r n.l d o Dr ns i l ", de F . A•
de ~V~1·nha.gen . (v . est~ n op1e} .
i I
:I
I
..
se Olymp io Editora Ri o. I g ·~ t')
f.lt .
'
' ' ' ~ \)(). t~
3. A L~NC An, J:o s é d e - " O Gua.rn.ni I ', _Li- v rn,..__ in. n
, ,.,..._ .... l. r ogr e.ss o--Bd i t Gr á. , Snlvati or,
.
Bnhi n. , 1 954, 2 vols. ,'• tl
•
• •
v-.
•
..~~J OS , Aug usto dos - "A Ilhn. de :Ci pn.n~ o", e m "Eu - Poe .s ins Coc:1p le t ns'',
'
29~. ed . ,Livraria são José~;, llio; 1963.
•
·s.
•
' . .,
I'
1o
>
t 1 9~1 5.
...•
..
'
9. BEVIL;\QUA;. Clovis
, - nr.:pocC'\
- a e Ir.'dl.Vl'du
. \" lidn Aes ·:- Estudos Literftrio s ", (hll (.. (I;U>
·1" i T' ·
r, ,, .h'r,rla• Jose' Ol yulpio :d i t orn. ,
·rn.s1
D , - ~-·A
11. CAL\f CN, Pedro - " Tl istório. do
. ..'
~~ 6d., Rio, 1963,7 vols. l
'!,rn".nue 1" • . Trechos c i tnd os por
21-! ei Dom · ~~ ·
12. C..~1I NHA , Pero Vo.z - "Cn.rtn. a. . . Texto integral citado por
[ ,_1..,. 1\. de ! v o.r nhngen.
A • :sou to ~. ! n. i or e - •
...
~
1 , c(V estes n othe s ) •
T'edto . n. ruon •
13. I u is de .._ l SS.
" Os LU!.> Í n.dns ", C" ' " O'tJrn Col::r.>l cLn",
n . l ('..:~ G 3 .
lJ!
r:.gu i l nr Ld i t orn J
; ~ lo,
-..
·C.;\).!üE.S ·, Luis d e - tt r ír· 't ,., -
.u lCn. u e t, CUJoes''
' or g . por J o::;é ~fn.r i n. n oc ri ~tte ..;
e ..:\f on .s o Lope~
~
v·lelrn.,
· ! ~pren s a da u ·
·n lver s i d ru.;e de CoiClbr a.
1 93 2~ '
.14. COSTA, Dnlila L • p ere 1ra.
. do. - "Duns E ,.
. pope lns das Améric n.s ", Le ll a
-
Irrnr.. o s Editores, Porto, 1974 •
15 • . Ct.711iA., Eucl ydes da - "Os Sert;e s'', 2 5 ~
ed .' Livrnrin Fr ~nci s co . I ve s,
•
Rio, 195 7,
17. FI'lEYRE, Gilberto - " S obrndos e Mucnmb'os ", 4~ ed. ,Livrnrin. J osé OlYm
"'-
pio Editorn, Rio, 1968.
.
Pr{;~1.'RE, Gil b erto - "A Prop ósito d e Influências", em nni nrio de Per-
de 1974.
18. G(i:'\G CIL\, Do n Lu is de - "Sone to", publicn.d o por Julio Cejndor y Fr n.u-
sunn.
ffA n tolo r:r J'. n d os roe tns Br a sile ir os dn
H0LlÃí\11.A, Sérgio Dun.rque d e - .~. e- u·
2 vols.
Ll'Cl <~ssicos Drn.sileiros ' Te cHc-
"
20. - "Invençn.o de Orfeu , "·
~omp l e tns" -
Ediçoes Cnl t .urn, ~~o Jlnulo,
'
23. MELLO, Jose ' 1ntônio Gons,nlvt:\s · de ,,"n.r.. s t ud os .
~~ \;i -
Pernambucnnoo11 Impren
sn Unive rsitária, Recife, 1960 .
•
. i) '
-
.
' 24. MELVI LLE Hern:nn - ''1foby Dick" tr d · ·
' ' a • bras . de Bere nice Xn.Yier,Li-
vr n.ri n. Jo sé Olympio Editoro,
\.. .t~.io,l957, 2 vols. "! )
L i s b o n. , 19 05 .
ra 1 1· tcr"'turn. Brns i le ira.", 5t! ed. , Li vr·a.-
32. no~ amo , Sylvio - " História d u. u.
•
rio. José. Olympio Editorn, Rio, 1953.
- "Historl n:· o ·nrr'Sl.l", 6ª eci. ,comentndn , • t d
'33 •
•
SALVADOR , Fre i Viccnte .do u.
• A '
d I
por Cap i strnno de Abreu,
~ 1 Go.rcin. e Frei Vena.nclO
no o ·p lO
:ll·co,;,e.s Melhoramentos, Sno Pnulo, 1975.
'\jl..
Wi 11 eke, OFM , JJ.. ..
de Ru.i Dn.rbosn.,Rio,l ~G ~.
çn.o c Culturo.,Cnso. •
'
8\BLIOl. El.~ !\ ,•
••
"-...· .. . . ll~AL
t.-----·a...-.-------- .Jf,
200.
c i f e , 1975 .
SU AS SU~~ .\ , Ari o.no - l~re f6.eio o.o livro "As Emboscndo.s un Sorte", de
~· ' l\ximi n.no Campos,. Editora Universitnr:fo., Ilccife,' l .g7l.
.\f onso Lui z I 'iloto & Bento Teyxeyrn. , Ed i t oro. 'C'niversitAtr i.n,
39. V \ ~)r.'I
~U '\.LI
•
..li\. '
l~' no-unrlcs
n
..;. " 1'ocsio.", Livro.riri. Ag ir Edit oro., Col 9 "No s so s ClÃ..!_