Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
EXAME DA ORDEM
Assim como a primeira fase, a segunda fase do Exame da Ordem requer muito treino e
dedicação. Pensando na sua aprovação, preparamos este e-book com alguns pontos de
grande relevância para a sua prova, os quais também são abordados em nossas aulas.
Quer conhecer esta matéria apaixonante? Então, vamos lá!
Esperamos você na SEGUNDA FASE EM PENAL.
Bons estudos!
1. CONCURSOS DE CRIMES
Concurso material
Crime continuado
Veja também o mapa mental a seguir, que propõe uma compreensão esquemática
sobre as espécies de concurso de crimes:
Exemplo 2:
Imagine que Pedro queira matar José. Pedro atira em José, mas, devido à arma ser
muito potente, outra pessoa é atingida. Ou seja, Pedro matou José e outra pessoa que
passava no local. Assim sendo, verifica-se que Pedro agiu com dolo na morte de José e com
culpa na morte da pessoa que passava no local, uma vez que não queria esse resultado.
Portanto, Pedro, com uma única conduta, produziu dois resultados: um homicídio doloso e
um homicídio culposo. Neste exemplo, por se tratar de concurso formal perfeito, Pedro
receberá uma única pena, porém exasperada.
Exemplo 3:
Imagine que, por motivo torpe, Dominique queira matar Joaquim. Dominique atira
em Joaquim, mas, devido à arma ser muito potente, outra pessoa é atingida, sofrendo,
portanto, uma lesão corporal. Assim, Dominique responderá pelo crime de homicídio
qualificado por motivo torpe, o qual foi a título doloso, e por lesão corporal culposa. Suponha
que Dominique tenha recebido a pena mínima de 12 anos pelo homicídio qualificado. Se essa
pena de 12 anos for aumentada de 1/6, conforme a 1ª parte do art. 70 do CP (concurso formal
ATENÇÃO: O instituto da exasperação da pena foi criado como uma hipótese para
beneficiar o réu. Entretanto, se, ao invés de beneficiar, a exasperação da pena prejudicar o
réu, deverá ser aplicada a regra do cúmulo material, ou seja, as penas deverão ser somadas
no caso concreto. O que é chamado de cúmulo material benéfico.
Crime continuado
O crime continuado é uma outra espécie de concurso de crimes e, assim como o
concurso formal, possui suas particularidades.
Conforme visto anteriormente, o crime continuado está previsto no art. 71 do CP.
E por motivos de Política Criminal este instituto foi criado com o objetivo de beneficiar o réu;
assim, na hipótese em que se demonstrar prejudicial ao réu, deve ser descartado do caso
concreto. Veja sobre o que dispõe, portanto, o item 59 da exposição de motivos do Código
Penal:
59. O critério da teoria puramente objetiva não se revelou na prática
maiores inconvenientes, a despeito das objeções formuladas pelos
partidários da teoria objetivo-subjetiva. O projeto optou pelo critério que
mais adequadamente se opõe ao crescimento da criminalidade
profissional, organizada e violenta, cujas ações se repetem contra vítimas
diferentes, em condições de tempo, lugar, modos de execução e
circunstâncias outras, marcadas por evidente semelhança. Estender-lhe o
conceito de crime continuado importa em beneficiá-la, pois o delinquente
profissional tornar-se-ia passível de tratamento penal menos grave que o
dispensado a criminosos ocasionais. De resto, com a extinção, no Projeto,
da medida de segurança para o imputável, urge reforçar o sistema,
destinado penas mais lingas aos que estariam sujeitos à imposição de
medida de segurança detentiva e que serão beneficiados pela abolição da
medida. A Política Criminal atua, neste passo, em sentido inverso, a fim de
evitar a libertação prematura de determinadas categorias de agentes,
dotados de acentuada periculosidade.
Crime continuado
Após a leitura do referido artigo, observa-se que o mesmo prevê requisitos para
que o crime continuado seja configurado. São eles:
a) serem crimes da mesma espécie (ou seja, mesmo tipo penal);
b) ter as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução;
ATENÇÃO: Em relação às condições de tempo, há o entendimento doutrinário de
que, para que seja configurado o crime continuado, deve existir uma certa continuidade no
tempo, ou seja, uma determinada periodicidade de maneira que haja um certo ritmo entre
as ações sucessivas. Quanto ao lugar, há divergências quanto à distância entre os lugares onde
os crimes foram praticados. Discute-se que os crimes sejam cometidos num mesmo bairro,
na mesma cidade, ou dentro de uma mesma região, ou, até mesmo, em cidades distantes
uma da outra. Fato é que se entende ser necessário haver uma razoabilidade sobre as
Cabe destacar aqui que o benefício da suspensão do processo tem previsão no art. 89
da Lei 9099 (Lei de Juizados Especiais). A suspensão do processo é cabível em crimes que
tenham pena mínima igual ou inferior a 1 ano. Entretanto, se o agente, por exemplo, cometer
5 crimes de estelionato (art. 171 do CP) na forma (n/f) do art. 71 do CP, ou seja, em
continuidade delitiva (crime continuado) e se for considerada a pena mínima de 1 ano, do
crime de estelionato, e ao ser feito a exasperação da pena, será ultrapassado o limite de 1
ano e, por consequência, não será cabível a suspensão do processo.
Já a súmula 723 do STF dispõe o seguinte:
No caso de crime continuado, o juiz aplicará uma só pena, qualquer pena, dentre
as idênticas, ou a mais grave, se diversas.
Outras duas súmulas importantes são:
Erro na execução
O erro na execução pode acarretar o resultado único, bem como o resultado duplo.
No erro na execução com resultado único, ignora-se a pessoa que foi atingida, considerando
apenas a pessoa a qual o agente queria atingir. Ou seja, o agente responde como se tivesse
atingido a pessoa pretendida. Exemplo: Carla desejava matar seu próprio marido somente
para conseguir o seguro de vida. No entanto, ao tentar efetuar um disparo contra seu marido,
atinge seu vizinho que passava pela calçada, vindo este a óbito. Neste caso, como se tivesse
matado o marido, Carla responderá pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe.
É possível também que no erro da execução o agente alcance dois resultados, o
chamado resultado duplo. Imagine que Carla, além de ter matado o vizinho erroneamente,
tenha também conseguido atingir o marido, e este vem a óbito. Nesse caso, será aplicada a
hipótese de concurso formal (art. 70 do CP), pois, afinal de contas, Carla provocou mais de
um crime com uma mesma ação.
Por exemplo: O sujeito pratica um furto e depois um roubo, sendo condenado pelo
crime de furto em sentença transitada em julgado. Quando ele for condenado pelo roubo,
não haverá reincidência, pois não houve a sequência de crime, sentença condenatória
transitada em julgado e novo crime. Mas sim, crime, crime e trânsito em julgado. Então essa
sentença que transitou em julgado, que não caracteriza reincidência, pode ser utilizada como
maus antecedentes.
Em relação ao instituto da reincidência, ressalta-se que existem três hipóteses.
Uma delas está disposta no art. 63 do CP e duas, no art. 7º da Lei das Contravenções Penais.
Reincidência
Por este artigo disposto na Lei das Contravenções Penais, entende-se como
hipóteses de reincidência:
a) quando o agente pratica uma contravenção penal, é condenado em sentença
transitada em julgado e, posteriormente, comete uma outra contravenção penal;
A partir da leitura do art. 138 do CP, verifica-se que o dispositivo menciona a palavra
fato quando se refere à imputação de fato definido como crime. Pergunta-se: O que é fato?
Fato é acontecimento. Um exemplo de fato é: Antônio matou Carlos. Diferente de quando se
diz: Antônio é um assassino. Isso é uma atribuição de adjetivação de qualidade negativa.
O art. 139 do CP dispõe novamente em texto legal a palavra fato, quando se refere
à imputação de fato ofensivo à reputação.
Já o art. 140 do CP estabelece a ofensa à dignidade ou decoro. Veja que aqui o
legislador não utilizou a palavra fato para criar o tipo penal.
Já na injúria, basta que a ofensa à honra seja subjetiva, o que significa dizer que a
ofensa pode ser praticada na presença da vítima somente. É o caso do morador que ao entrar
no elevador se depara com o síndico sozinho e se aproveita da situação para chamá-lo de
estelionatário.
Desta maneira:
Fato é acontecimento. Logo, para haver calúnia e difamação, é essencial que o
agente impute um acontecimento ao ofendido. Ou seja, diga que ele fez algo. Lembrando
ainda que esse acontecimento precisa ser algo determinado, não abrangendo fatos genéricos.
Exemplo: Caio diz que Tício subtraiu o carro de Mévio, sabendo que isso não é verdade. Neste
caso, há calúnia, pois imputa-se um fato determinado. Se Caio dissesse que Tício é um ladrão,
um furtador? Neste caso, haveria injúria, pois a atribuição de qualidades negativas e
xingamento jamais se caracteriza como imputação de fato.
Veja a disposição legal sobre estes crimes:
Calúnia
Exceção da verdade
Difamação
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite
se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao
exercício de suas funções.
Injúria
Injúria
Desta maneira, são hipóteses em que o juiz poderá deixar de aplicar a pena se
houver provocação diretamente a injúria por parte do ofendido ou em caso de retorsão
imediata, em que consista outra injúria.
Já o §2º prevê a injúria real, hipótese qualificada do crime de injúria, pois
estabelece uma nova escala penal. Exemplo: Um casal de namorados que, na frente de
amigos, inicia uma discussão. Posteriormente, a isto a namorada resolve dar uma bofetada
em seu namorado no intuito de deixá-lo envergonhado. Neste exemplo, além da injúria, a
namorada poderá responder pela lesão ocasionada.
O § 3º prevê a injúria preconceituosa ou discriminatória, que se caracteriza como
forma qualificada do crime de injúria.
Esta lei tem como base legal o art. 5º, inciso XLII, do CF/88, que dispõe que:
Entenda que, no crime quanto à honra, o agente deseja ofender a honra de alguém,
o que até pode ser feito em público, desde que a pessoa tome conhecimento. No entanto, se
o agente tem algum preconceito quanto à um grupo religioso ou grupo ético, por exemplo,
sendo este preconceito que ele deseja publicizar, o crime não será o de injúria
preconceituosa, mas sim crime de preconceito.
Outros exemplos:
a) Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial;
b) Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento
de ensino público ou privado;
Voltando aos crimes contra a honra, o crime de calúnia não pode ser confundido
com o crime contra a Administração da Justiça, de denunciação caluniosa, previsto no art.
339 do CP.
Denunciação caluniosa
Exemplo: Quando o agente chega à delegacia e afirma ter visto seu vizinho matar
sua esposa a facadas, que colocou o corpo em uma mala e saiu de casa, quando na verdade
a esposa do vizinho viajou para o exterior sem deixar rastros, contando, inclusive, ao agente
sobre a sua viagem. Mesmo sendo mentira, o agente fez isso no intuito de prejudicar seu
vizinho e por isso narrou esses fatos na delegacia. Neste exemplo, houve uma calúnia, porém
esta calúnia deu causa a uma investigação policial. Desta forma, trata-se de denunciação
caluniosa. Aqui foi aplicado o princípio da consunção.
ATENÇÃO: Pelo princípio da consunção, o crime fim absorve o crime meio para que
seja praticado. Assim, no exemplo anterior, o agente não teria como ter praticado o crime de
denunciação caluniosa (crime fim) sem praticar o crime de calúnia (crime meio). Salienta-se
que a denunciação caluniosa é mais gravosa que o crime de calúnia, pois põem em risco a
liberdade da vítima.
Retratação
Exclusão do crime