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3º Simpósio de Pesquisa em Letras (SIPEL)

17 a 20 de setembro de 2018 – UENP/CJ


Anais SIPEL 2018 - ISSN 2358-7644

PROJETO IDENTIDADES VISUAIS: AÇÕES PARA ECONOMIA SOLIDÁRIA E


PRESERVAÇÃO DE OFÍCIOS TRADICIONAIS

Carlos Daniel Dutra (UENP/CLCA/CJ)


dhcdutra@gmail.com
Juliana Carolina da Silva (UEM/PPH)
ooliin.ju@gmail.com
Orientador: Luciana Brito (UENP/CLCA/CJ)
lbrito@uenp.edu.br

Resumo

O artigo em questão tem por objetivo apresentar o projeto de extensão “Identidades


visuais: ações para economia solidária e preservação de ofícios tradicionais” que faz parte
do Programa de Extensão Universidade Sem Fronteira/USF, conta com apoio do Programa
Institucional de Bolsas de Extensão e é realizado pelo Centro de Letras, Comunicação e
Artes da UENP/CLCA-CJ. Com a realização do referido projeto, buscamos atender
possibilidades de conservação dos bens patrimoniais da cultura local e as necessidades dos
artistas e artesãos, capacitando os mesmo para atividades de economia solidária, de forma
que valorizem seus ofícios através da possibilidade de geração de renda, auxiliando-os na
melhoria de suas produções. Dessa forma, a presente comunicação busca divulgar e
discutir, junto à comunidade acadêmica, as viabilidades e alternativas da ação extensionista
que engloba a área da cultura, dialogando com os conceitos de Patrimônio, Memória e
Artes.

Palavras-chave: Projeto de Extensão; Identidades Visuais; Patrimônio; Economia


Solidária.

Fundamentação teórica

No livro Fundamentos da Economia, Marco Antonio Vasconcellos e Manuel Garcia


definem a economia como sendo “[...] a ciência social que estuda como o indivíduo e a
sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços
[...] com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas” (2004, p. 02). A economia
solidária, em seu conceito e em suas ações, busca ir além da valorização da produção,
distribuição, acumulação e consumo. O termo economia solidária refere-se à maneira
solidária e coletiva de gerir a economia, dando espaço para ações de colaboração e
solidariedade dentro das relações do trabalho e comercialização, com o intuito de que a
produção e a venda sejam feitas de maneira mais justa e sustentável, promovendo as
relações de co-responsabilidade e de partilha, e proporcionando o direito a todos os
envolvidos nas relações de trabalho, a não só estarem no processo produtivo como serem
parte desse processo e poderem partilhar as perdas e lucros (SANTOS, 2005). Dentro dessa
ideia, “ter parte e ser parte é exercer o mais alto grau da cidadania, que é ter e saber o que
dizer” (SANTOS, 2005, p. 40).
Atualmente, a experiência em campo na aplicação de políticas públicas de qualificação de
determinados setores, com a promoção e apoio a alternativas de geração de trabalho e
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renda, como as ações já realizadas por extensões1 na UENP, podem ser formuladas a partir
de um sólido comprometimento com os atores de base e se constituem na conformação de
uma rede solidária mais ampla, com a comunicação da universidade com os trabalhadores,
com instituições parceiras, gestores e com a comunidade externa em geral.
A universidade pode ser um ator privilegiado na implementação e gestão da rede de
economia solidária, porém não na sua liderança. O ponto estratégico que a universidade
está provém do fato de gerir informação e poder articulá-las em rede e se constituir, assim,
em mediador da principal semente que potencializa a trama de empreendimentos e
entidades de apoio.
Através do Projeto de Extensão “Identidades visuais: ações para economia solidária e
preservação de ofícios tradicinais” (UENP/USF/SETI), buscamos atender possibilidades de
conservação dos bens patrimoniais da cultura local e as necessidades dos artistas e
artesãos, capacitando os mesmo para atividades de economia solidária, de forma que
valorizem seus ofícios através da possibilidade de geração de renda, auxiliando-os na
melhoria de suas produções. Nesse sentido, o grande desafio é o de juntos (pesquisadores,
instituições e os/as artistas locais) construirmos condições para viabilizarmos o que
Ferreira (2003) chama de qualificação da consciência social. A qualificação da consciência
vai se concretizando à medida que formos, coletivamente,

­ repensando a convivência social;  ­ revendo a organização  das cooperativas,


dando­lhes mais uma dimensão de comunidade do que de empresa econômica; ­
estimulando valores como a solidariedade, voluntariedade, trabalho e respeito à
vida; ­ elevando o nível cultural; ­ resistindo economicamente num contexto de
economia globalizada (FERREIRA, 2003, p. 91).

Também se faz importante traçarmos estratégias de tornar os trabalhos mais sustentáveis


(FERREIRA, 2003, p. 91) e preservar os patrimônios e memórias do grupo atendido. A
questão da preservação e difusão dos patrimônios culturais da região é imprescindível para
o cultivo da solidariedade e fortalecimentos dos laços da comunidade local, visto que “a
comunidade é a fusão do sentimento e do pensamento, da tradição e da ligação intencional,
da participação e da volição” (NISBET, 1974 apud SAWAIA 2002, p. 50). Então, além dos
trabalhadores atendidos fazerem parte, espacialmente, da mesma comunidade, é importante
que conheçam as produções e tradições dessa comunidade e vejam a importância das suas
próprias produções para o coletivo, fazendo conscientemente uma escolha por participarem
dessa história.
Dentro dos empreendimentos solidários, a autogestão é a base, o alicerce da economia,
para que esta culmine em relações democráticas e na ativa participação de todos no
gerenciamento da produção, do consumo e da distribuição. Por isso, podemos afirmar que
a comunidade local, pelas características que apresenta, é o espaço propício para a plena
realização dessa “outra economia”, dessa outra maneira de entender e viver as relações de
trabalho.
Sobre a história da comunidade artística de Jacarezinho, pesquisas realizadas em
periódicos e acervos locais (SILVA, BRITO, 2013; 2016; 2017), mostram que os primeiros
registros encontrados sobre o campo artístico em Jacarezinho datam de 1940, sendo

1
Citamos como um exemplo o Projeto de Extensão CoLabora - Incubadora de Empreendimentos de
Economia Solidária (UENP/USF/SETI), coordenado pelo professor doutor Fernando Brito, que durante o
período de 2017/2018, atuou na pré-incubação, incubação e acompanhamento de cooperativas, oferecendo
assessoria jurídica para a criação, estruturação e consolidação dos empreendimentos.
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discursos jornalísticos sobre a literatura, escultura e pintura. Naquele momento, as


produções jacarezinhenses se mostravam particulares às tendências de São Paulo, Rio de
Janeiro e Curitiba, além da maioria de seus artistas exercerem profissões em outros ramos.
Nas décadas que vão de 1960 até o ano de 1980, Jacarezinho viu incentivos e instituições
artísticas sendo criadas, além da maior visibilidade às artes plásticas, através dos incentivos
da FUNARTE a artistas, oficinas, cursos e eventos, como o Salão de Artes Plásticas de
Jacarezinho. Houve o aumento da produção teatral e literária, e a criação do Conjunto
Amadores de Teatro (CAT), primeiro teatro particular do interior do estado do Paraná. Já
no período de 1980 aos anos 2000, começam a surgir galerias de arte em Jacarezinho e o
agrupamento de artistas visando à produtividade, visibilidade e melhores condições para a
venda das obras. Assim, neste período surgem pessoas que sobrevivem através da arte.
Dentre os grupos criados neste período estão a Fábrica de Mágicas e o Grupo Prisma.
A própria iniciativa dos artistas locais, de se organizarem informalmente em um mesmo
espaço para a comercialização de arte, nos mostra uma demanda para a mediação da
economia solidária. “De um empreendimento coletivo cujos resultados dependem da ação
de cada um(a) do(a)s participantes” (JESUS e TIRIBA, 2003, p. 49), temos a oportunidade
de possibilitar informações e conhecimentos para a ação de cooperar, sendo “simultânea ou
coletivamente, trabalhar em comum; colaborar” (AMORA, 1997, p. 172), otimizando a
geração de renda, visto que em cooperativa poderiam abranger nichos de venda maiores,
além de terem incentivos estatais, proporcionando valores democráticos e auxiliando na
melhor formação dos artistas locais.

Metodologia

Para tanto, o projeto de extensão terá como uma de suas primeiras ações a busca por
dialogo com gestores culturais e técnicos parceiros, para o estabelecimento de um trabalho
em rede com os museus e casa de memória das cidades de Santo Antônio da Platina,
Jacarezinho e Andirá, buscando a difusão dos conhecimentos sobre o patrimônio cultural e
maior abrangência do projeto na região. Ademais, será feita a realização de encontros e de
pesquisas de campo participativas com membros dos grupos de culturas populares.
Paralelamente, será atualizado o levantamento das feiras existentes nas cidades de
Jacarezinho, Andirá, Cornélio Procópio, Bandeirantes e Santo Antônio da Platina, em
parceria com o SEBRAE, investigando como estão as atividades dos artistas e artesãos no
que tange aos seus problemas, necessidades, interesses e potencialidades. Haverá visitas
aos locais de trabalhos e ateliês dos interessados nas propostas do presente projeto na
cidade de Jacarezinho, para que seja realizado o levantamento e estudo das produções.
Ainda, serão realizadas pesquisas junto aos consumidores, produtores e gestores culturais,
por meio de questionários já previamente testados. Elas servirão de instrumentos para que
seja traçado um perfil sobre os artistas, artesãos, feiras e centros de memória da região. Os
dados obtidos, em conjunto com os dados do levantamento e estudo do conjunto das
produções, serão compilados e analisados para o melhor desempenho do trabalho.
Em relação às ações junto a artistas e artesãos, faremos o registro, documentação e
patenteamentos dos bens culturais do saber-fazer regional, com atividades que preveem
encontros e reuniões para diagnóstico participativo e formação em economia solidária, de
modo a fomentar a criação de cooperativas e assessorias a partir das demandas de cada
grupo. Cooperativas de artesão podem ser uma das soluções para que juntos se organizem,
planejem a colocação dos produtos de forma comunitária e compartilhem investimentos,
lucros e decisões, formando valores coletivos, aumento da renda e contribuam para a
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valorização de seus ofícios. Ademais, os bens culturais registrados e os saberes dos


artesãos e artistas serão pesquisados e pensados dentro do âmbito museal, buscando a
valorização e divulgação desses fazeres enquanto patrimônios culturais.
Portanto, diante dessa concepção, buscaremos incentivar pesquisas, ensinar as técnicas de
produções sustentáveis com materiais da região que proporcionem sustentabilidade aos
fazeres, além de promover exposições que se liguem à valorização das identidades e
saberes regionais. Com o ensino das técnicas, dialogando com os saberes populares e suas
origens multicultuais, trabalharemos tecelagem, modelagem em argila e pintura, buscando
revitalizar essas técnicas, cumprindo o papel de promover o desenvolvimento social,
artístico e cultural da mesorregião que a UENP abrange.
Assim, colimamos contribuir para maior veiculação da arte por meio de oficinas de
produção de arte, fazendo uso da Sala de Estar, atuando em parceria com o Centro da
Juventudo “José Richa” e projetos sociais promovidos pelo Serviço Social do Comércio
(SESC) e contando com o apoio do Ateliê de Gravura Paulo Menten de Londrina/PR.
Dispondo também, de parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE) e a Agência de Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual da
UENP (AITEC), estimulando medidas estratégicas nos recursos endógenos no patrimônio
cultural material e imaterial das populações.
Portanto, intentamos impulsionar a valorização do Norte Pioneiro do Paraná como
referência de centro cultural, contando com apoio da Diretoria de Cultura da
PROEC/UENP e com o apoio do grupo de estudos “Literatura e História: Memória e
Representação” da UENP, para conceder auxílio aos grupos de artistas e artesãos regionais,
aspirando capacitá-los na economia solidária de modo a fomentar a criação e
desenvolvimento de cooperativas.

Resultados

Acredita-se que promovendo o incentivo a economia solidária e a fruição das obras do


patrimônio local, poderemos fomentar a valorização de bens artísticos locais, o diálogo
entre a comunidade acadêmica e a comunidade externa e a própria valorização do ofício
dos artistas.
Buscamos, ao final do projeto, a criação de um grupo de estudo sobre Arte e História
Regional, desenvolvido ações educativas e capacitação dos artistas e artesãos locais sobre
questões referentes à Economia Solidária e Estéticas Poéticas em Artes Visuais, além de
ações educativas sobre Arte e História Regional com estudantes atendidos pelo Centro da
Juventude “José Richa” e em projetos sociais do SESC/Jacarezinho. Também intentamos a
criação de projetos expográficos para exposição em museus, trabalhando com os bens
culturais registrados através do projeto, a patenteação dos produtos culturais das
comunidades, tais como: trabalhos de tricô e crochê, tecelagem e saberes de ofícios
artesanais e/ou artísticos.
Por fim, o projeto auxiliará na atualização dos dados do SEBRAE sobre o setor de ofícios
artísticos e artesanais na cidade de Jacarezinho, com informações sobre o perfil dos
trabalhadores, do público, dos gestores e dos produtos culturais e fomentará a criação de
cooperativas comunitárias capazes de gerar emprego e renda.

Considerações Finais

Salientamos que o projeto descrito, só está sendo possível graças ao financiamento do


Programa Sem Fronteiras/SETI e ao Programa Institucional de Bolsas de Extensão, e tem
como intuito a valorização das expressões artísticas, criatividades e linguagens, atendendo
a comunidade e trabalhando com o patrimônio cultural da região nordeste do Paraná.
Destacamos os trabalhos da equipe voltados para a capacitação sobre questões de arte
local, preservação, conservação preventiva, economia solidária e conhecimentos sobre
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curadoria e produção de eventos culturais à comunidade interna e com o envolvimento da


comunidade acadêmica e externa com a fruição artística, em especial o incentivo a
diálogos com as tradições e expressões locais.
Por fim, deve-se ressaltar a relevância de se alertar a comunidade interna e externa sobre a
importância da conservação do patrimônio cultural e da viabilização de processos de
revitalização, bem como da posição estratégica da Universidade como mediadora de tais
processos.

Referências

AMORA, Antônio Soares. Minidicionário Soares Amora da Língua Portuguesa. São


Paulo: Saraiva, 1997.

FERREIRA, Elenar. A Cooperação no MST: da luta pela terra à gestão coletiva dos meios
de produção. IN: SINGER, Paul, SOUZA, André Ricardo (orgs.). A Economia Solidária no
Brasil: A Autogestão Como Resposta ao Desemprego. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003.
(Coleção Economia).

JESUS, Paulo de, TIRIBA, Lia. Cooperação. In: CATTANI, Antonio David (Org.). A
Outra Economia. Porto Alegre: Veraz Editores, 2003.

SAWAIA, Bader Burihan. Comunidade: A apropriação científica de um conceito tão


antigo quanto a humanidade. In: CAMPOS, Regina Helena de Freitas (org.). Psicologia
Social Comunitária: da solidariedade à autonomia. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

SANTOS, Josivaldo Constantino dos. Educação Ambiental e Sócio-Economia Solidária: a


persistência nas maneiras alternativas de entender e viver a vida. In: ZART, Laudemir
Luiz; SANTOS, Josivaldo Constantino dos. (Orgs). Educação e Sócio-Economia Solidária:
Interação Universidade – Movimentos Sociais. Cáceres/MT: Editora UNEMAT, 2006.

SILVA, Juliana Carolina da; BRITO, Luciana. Em busca da memória de Jacarezinho/PR:


levantamento e estudo dos artistas. In: Anais X Seminário de Iniciação Científica SóLetras.
Jacarezinho: UENP, 2013. p. 223-231.

SILVA, Juliana Carolina da; BRITO, Luciana. Entre símbolos e instituições: a construção
da memória no patrimônio urbano e artístico de Jacarezinho(PR). Fragmentos de Cultura
(Online), v. 23, p. 371-381, 2016.

SILVA, Juliana Carolina da; BRITO, Luciana. Acervo Salão de Artes Plásticas de
Jacarezinho: considerações sobre o moderno e o adormecimento. In: Anais do VIII
Congresso Internacional de História. Maringá: UEM, 2017. p. 2665-2673.

VASCONCELLOS MAS. Fundamentos de Economia. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

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