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1. Introdução
1
A realidade ocupacional na indústria frigorífica tem chamado a atenção dos
profissionais de saúde e segurança do trabalho, principalmente por ser um setor de
significativa importância na economia nacional e que envolve expressivo contingente de
trabalhadores.
Os trabalhadores de matadouros-frigoríficos atuam no processamento de produtos
alimentares, o que redobra a exigência de atenção nas operações, que são em sua maioria
manuais. As atividades de rotina duram muito tempo, são repetitivas e com acúmulo de
tarefas, podem gerar, portanto, danos à saúde quando as medidas preventivas não são
adotadas em tempo.
As empresas frigoríficas, de um modo geral, apresentam uma forma de organização
de trabalho composta por linhas de procedimentos utilizando máquinas, equipamentos e
dispositivos de corte que possuem risco considerável de acidentes do trabalho,
principalmente nas operações que exigem atividade manual. Devido aos riscos de acidentes
são realizadas com o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), para buscar uma
forma de proteção contra os riscos advindos das tarefas realizadas. Dentre os agentes de
risco de maior importância está o biológico, com a exposição por contato direto com a
carne, sangue, vísceras, fezes, urina, secreções vaginais ou uterinas, restos placentários,
líquidos e fetos de animais, que podem estar infectados com doenças de caráter zoonótico,
como a tuberculose e a brucelose.
Segundo Stetson et al2, historicamente os frigoríficos têm tido altas taxas de
incidência de doenças músculo-esqueléticas nas extremidades superiores, como por
exemplo as tendinites e lesões por esforço repetitivo conforme mostram dados de
indenizações a trabalhadores deste setor.
As tarefas desenvolvidas nestes locais exigem continuamente habilidade manual e
atenção operacional, uma vez que devem atender ao ritmo acelerado e constante, com
repetitividade dos movimentos. Esta combinação de fatores determina dificuldades na
organização do trabalho e predispõe acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.
A razão prática da escolha deste tema relaciona-se à alta incidência de doenças
ocupacionais no segmento frigorífico, especialmente no setor de cortes, o que pode estar
2
associado à atividade laboral, com movimentos repetitivos e contínuos dos membros
superiores, posição estática do corpo e fatores ambientais como ruído, temperaturas
extremas e umidade constante durante toda a jornada. Diante disso, justifica-se a
importância e a necessidade de estudar as formas de organização do trabalho e os fatores de
risco ambiental, visando oferecer melhores condições de saúde e segurança aos
trabalhadores, sob a ótica da Biossegurança.
O estudo das condições ambientais e de saúde dos trabalhadores de Matadouro-
Frigorífico foi reconhecido como relevante a partir do aceite do artigo “Biossegurança no
trabalho em matadouros-frigoríficos: da margem de lucro a margem de segurança”,
disponibilizado no anexo 2, e que constitui parte integrante do corpo teórico de discussão
do tema desta dissertação.
Para entender como acontece a inserção do Brasil no mercado internacional de
produtos de origem animal e como acontece a ampliação do mercado de carnes, que gera
competitividade do ponto de vista capitalista - e o lucro, impondo adaptações do homem às
novas funções exigidas -, o capítulo 3 mostra um panorama da pecuária nacional, dentro
deste contexto.
O capítulo 4 discute as relações de trabalho e saúde e as transformações que
ocorreram ao longo dos anos, argumentando sobre as condições e processos de trabalho,
que podem gerar riscos, devido à pressão capitalista.
O capítulo 5 é dedicado à Biossegurança, trazendo alguns de seus princípios e
conceitos. Descreve os tipos de riscos e os fatores a serem considerados na avaliação de
risco para a determinação das barreiras de proteção e contenção. Destaca a classificação
dos agentes biológicos e as classes de risco, para apresentar os níveis de Biossegurança,
uma vez que os trabalhadores dos matadouros-frigoríficos estão constantemente em contato
com materiais biológicos.
O ambiente do matadouro é abordado no capítulo 6, assim como sua estrutura
organizacional, as atividades de rotina e o perfil dos profissionais que ali trabalham.
O capítulo 7 e 8 são dedicados ao estudo de uma sala de abate de um matadouro-
frigorífico estadual. Este estudo teve como objetivo identificar na prática, como as
3
instalações, as condições ambientais, os maquinários, os equipamentos, os instrumentos de
trabalho e os processos de trabalho podem gerar riscos à saúde do trabalhador. Para tanto,
foi elaborado e aplicado um instrumento observacional de levantamento e identificação dos
riscos, que fornecessem um retrato do mundo real, conjuntamente com a identificação de
todas as variáveis que influenciam na avaliação de risco da área estudada.
No capítulo 9 e último, a título de conclusão, são articulados vários elementos
colhidos nas observações do estudo de caso, destacando suas relações, para em seguida
tecer os comentários finais a respeito dos riscos a que estão sujeitos os profissionais de
matadouros-frigoríficos sob os princípios da Biossegurança.
4
2. Objetivo Geral
5
3. Pecuária Nacional em Perspectiva
6
Gráfico 1 - Exportações de carne bovina brasileira no período de 2002 a 2013
7
Gráfico 2 – Número de carcaças abatidas no primeiro semestre de 2013
A pesquisa de produção da pecuária feita pelo IBGE em 2011 indicou que o efetivo
de bovinos encontrava-se disperso por todo o Território Nacional, embora seja encontrado
em maior número na Região Centro-Oeste do país (34,1%). As demais regiões apresentam
os seguintes percentuais de participação: Norte (20,3%), Sudeste (18,5%), Nordeste (13,9%)
e Sul (13,1%). O Estado de Mato Grosso possuía o maior efetivo de bovinos, 13,8%;
seguido por Minas Gerais, com 11,2%; Goiás, com 10,2%; e Mato Grosso do Sul, com
10,1%. Salienta-se que os dez principais estados detentores de bovinos concentram 81,1%
de todo o efetivo nacional6. É, também importante destacar, que o efetivo de bovinos na
Região Sudeste registrou aumento de 2,8% em 2011 comparativamente a 2010, porém, o
maior crescimento do rebanho de grandes animais ocorreu com o de bubalinos (8,8%).
O Brasil se desponta em 2013 como o principal exportador de carne in natura para
diversos países. Isto representa 87,2% das importações do produto por diversos países, no
1o trimestre de 2013. Entre estes países estão: Rússia, Hong Kong, Venezuela, Chile, Egito,
8
Irã, Itália, Israel, Holanda e Líbia3.
A tabela 1 apresenta a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais elaborada pelo
IBGE3 juntamente com a Secretaria do Comércio Exterior sobre a evolução da produção de
carcaças e da exportação de carne bovina entre os quatro trimestres de 2012 e o primeiro
trimestre de 2013.
A avaliação da produção animal do IBGE mostra que o abate de bovinos no Brasil atingiu
novo recorde histórico no 2º trimestre de 2013, com a marca de 8,557 milhões de cabeças
abatidas, foi o sétimo trimestre consecutivo em que se tem observado aumento da
quantidade de bovinos abatidos, consubstanciando o bom desempenho da bovinocultura
brasileira3.
A Assessoria de Gestão Estratégica (AGE), do Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA), mostra um quadro favorável para as exportações brasileiras de
9
carne, além do crescimento constante do consumo interno9. Isto significa uma considerável
pressão no sentido da expansão da produção direcionada ao mercado externo, o que
manteria o Brasil em posição de maior exportador mundial de carne bovina. Este fato
representa um desafio maior a quem gerencia as condições de ambientes de trabalho em
empresas do setor, desde abatedouros até frigoríficos10.
O Brasil tem um produto barato e este é o grande trunfo dos exportadores para
conquista de novos mercados, tornando-se uma “commodity”, o que fez com que alguns
grupos de frigoríficos se tornassem verdadeiros conglomerados, sendo muitos já com
atuação internacional. Isso dificulta ainda mais a relação entre as grandes indústrias e os
produtores, e exige o alcance de uma alta produção a custos baixos, determinando uma
lucratividade por cabeça cada vez menor11.
Neste contexto, Vieira12 destaca que as estratégias da cadeia produtiva da carne
estão determinadas pela governança das indústrias frigoríficas associadas aos padrões
externos e arranjos institucionais que regulam o comércio de produtos de origem animal,
através das fronteiras do sistema econômico e agregação de interesses do mercado de
carnes. As alianças mercadológicas ou estratégicas aparecem como uma forma de
organização e associação entre os produtores rurais, frigoríficos e varejistas. Patino13 relata
que a partir dessas alianças as empresas podem superar barreiras de entradas em mercados
onde não seria possível entrar de forma isolada.
O preço de mercado é determinado por vários fatores, incluindo a oferta e procura.
Ao mesmo tempo, porém a longo prazo, há o mercado futuro da bolsa de commodities que
de certa forma também condiciona o preço em relação à oferta e à procura.
Neste processo corre em paralelo o interesse pela comercialização imediata e a
possibilidade de ganho futuro no jogo financeiro das bolsas de commodities no qual muitas
vezes o foco é o ganho de escala.
Um dos motivos das oscilações ocasionais no consumo mundial e/ou regional de
carne ocorre por razões sanitárias e ocorrência de enfermidades sendo um impedimento
para a comercialização e muitos países embargam a importação da carne.
As oscilações do mercado de carnes também ocorrem devido à oferta de bovinos ser
10
variável, em consequência da maturação do período de pastos. Os movimentos sazonais
agem diretamente no sistema de produção, reprodução e alimentação do rebanho. A oferta
diminui e o preço aumenta.
A produção e comercialização dos animais também estão frequentemente
ameaçadas por fatores relacionados à economia de mercado mundial, por restrições
tarifárias e não-tarifárias14. Além disso, o mercado trabalha de acordo com as demandas e o
gosto do consumidor.
A bovinocultura de corte possui basicamente quatro elos de processamento nesta
cadeia produtiva de carne: insumos, agropecuária, indústria, distribuição/varejo. Ferreira15
analisa que a otimização dos resultados depende da redução de riscos mercadológicos,
eliminação de perdas e redução de custos e isto é garantido mediante esforços coordenados
pelos agentes integrantes, que garantem a sua participação no mercado, a partir da
competitividade do produto final.
A indústria frigorífica é responsável pela compra do boi gordo do produtor, seu
abate, limpeza, desossa, embalagem e venda da carne para o varejo. Este processo
propiciará a produção de carne in natura, carne processada e subprodutos15,16.
Salvo no extremo sul do Brasil, o rebanho brasileiro é basicamente composto por
animais das raças zebuínas. O ciclo completo de produção compreende a cria, recria e
terminação, fertilidade do rebanho e capacidade de suporte das pastagens, entre outras
demandas para o produtor como as instalações, alimentação, manejo com um programa
bem estruturado de profilaxia para evitar ao máximo o aparecimento de doenças, preparo
para o mercado e comercialização dos animais para os frigoríficos.
Os frigoríficos abatem o boi e comercializam e/ou distribuem para os varejistas, os
produtos; como cortes de carne e carne processada, couro, banha, farinha de ossos e sangue.
O frigorífico então determina o preço de cada produto de acordo com a procura e com o
que foi pago pelos animais.
A sobrevivência dos frigoríficos está crescentemente condicionada à busca de
eficiência, da agregação de valor aos produtos e a uma questão de escala das plantas
industriais. As ausências de organização e coordenação da cadeia produtiva, como um todo,
11
prejudica a competitividade do setor, desde o abate até o processamento e comercialização
do produto final17.
As estruturas dos frigoríficos brasileiros passaram por muitas mudanças nos últimos
anos devido ao aumento das exportações, fato que os levou a adotarem novas estratégias
como estruturação de plantas e formação de alianças18.
Desde a década de 90 uma nova estratégia de crescimento vem tomando forma no
setor que opera na cadeia de suprimento de alimentos. Parcerias entre o setor varejista, o
setor atacadista, os setores industriais e de outros serviços e o setor primário, visam, a
redução dos custos envolvidos com a distribuição de alimentos19-21. Estas parcerias,
chamadas predominantemente alianças estratégicas ou mercadológicas, buscam, segundo
Ospina20, a partir da diferenciação do produto final originário de suas cadeias, maior
agregação de valor ao mesmo.
No Brasil, a hegemonia das grandes redes, não por acaso, coincidiu com a inserção
efetiva do País no mercado mundial da carne bovina, a partir dos anos 90. De fato, os
grupos varejistas passaram a opinar na produção, a interferir no processamento industrial e
a definir normas e procedimentos relacionados à segurança alimentar e à questão sanitária22.
As exigências impostas pelo mercado externo trazem a necessidade de
reestruturação de toda a cadeia de carne bovina no Brasil. Os frigoríficos exportadores
investem intensivamente em programas de qualidade para atender as diretivas da União
Europeia4, sendo as exportações brasileiras normalmente alvo de imposição de medidas
sanitárias para garantir a segurança do alimento23.
Neste contexto, as estratégias da cadeia produtiva da carne estão determinadas pela
governança das indústrias frigoríficas associadas aos padrões externos e arranjos
institucionais que regulam o comércio de produtos de origem animal, através das fronteiras
do sistema econômico e agregação de interesses do mercado de carnes12.
Entre os desafios da cadeia produtiva de carne bovina destacam-se: a busca de um
país livre de febre aftosa e de outras doenças e fatores contra os quais possam ser impostas
barreiras sanitárias, que minimizam riscos de contaminação e disseminação de pragas e
doenças, a alta carga tributária e eficiência econômica, associadas à preservação ambiental.
12
Sbarai23 destaca que os produtores de carne bovina são classificados de acordo com seu
status sanitário, ou seja, são reconhecidos por executar medidas de profilaxia previstas no
regulamento do Serviço de Defesa Sanitária Animal, para preservar o país de zoonoses
exóticas e combater as moléstias infectocontagiosas e parasitárias existentes no seu
território24, que impedem as importações e exportações de carne bovina.
13
Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV), o que implica em registrar e identificar o
rebanho bovino e bubalino do território nacional possibilitando o rastreamento do animal
desde o nascimento até o abate, disponibilizando relatórios de apoio à tomada de decisão
quanto à qualidade do rebanho nacional e importado26.
A cadeia produtiva da carne bovina exige normas efetivas de inspeção e fiscalização
contínua, investimentos financeiros e de pessoal, desde a produção dos animais até a
industrialização da carne, envolvendo questões relacionadas a enfermidades dos animais,
saúde pública, controle dos riscos em toda a cadeia alimentar, assegurando a oferta de
alimentos seguros e bem-estar animal.
Para padronizar e harmonizar os procedimentos de inspeção, a fim de garantir a
inocuidade e a segurança alimentar, o MAPA conta com legislação específica. São
objetivos da defesa agropecuária assegurar a sanidade das populações vegetais, saúde dos
rebanhos animais, a idoneidade dos insumos e dos serviços utilizados na agropecuária, a
identidade e a segurança higiênico-sanitária e tecnológica dos produtos agropecuários finais
destinados aos consumidores. Estes objetivos são assegurados pelo Sistema Unificado de
Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA).
Como parte do SUASA é instituído o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de
Origem Animal (SISBI). Os municípios e estados podem pedir a equivalência dos seus
serviços de inspeção com o Sistema Coordenador do SISBI. Para isso precisam comprovar
que têm condições de avaliar a qualidade e a inocuidade dos produtos de origem animal
com a mesma eficiência que o MAPA executa27. Porém este sistema ainda encontra
dificuldades de implantação, pois nem todos os municípios e estados possuem condições
necessárias de avaliação da qualidade de seus produtos.
Em 1952, o Ministério da Agricultura estabeleceu o Regulamento da Inspeção
Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA). Este Regulamento
estatuiu as normas, que regulam até o presente momento, em todo o território nacional, a
inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal e seus produtos e subprodutos
derivados (animais de açougue, caça, pescado, leite, ovos, mel e cera de abelhas), o
recebimento, manipulação, transformação, elaboração, preparo, conservação,
14
acondicionamento, embalagem, depósito, rotulagem, trânsito e consumo de quaisquer
produtos e subprodutos, adicionados ou não de vegetais, destinados ou não à alimentação
humana28.
Assim como o Ministério da Agricultura, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) possuem regulamentos que estabelecem requisitos gerais de higiene e
boas práticas de elaboração para alimentos industrializados para o consumo humano29 e
procedimentos operacionais padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores e
industrializadores de alimentos30.
Além da legislação nacional de inspeção e vigilância, há um conjunto de textos,
códigos e manuais internacionais, o Codex Alimentarius, fruto de um programa conjunto
entre a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e a
Organização Mundial da Saúde (OMS) que se constituem em uma coleção de normas
alimentares e textos afins, sobre todos os alimentos elaborados, semielaborados ou crus. O
Codex é aceito internacionalmente e contém disposições relativas à higiene dos alimentos,
aditivos alimentares, resíduos de praguicidas e medicamentos veterinários, contaminantes,
rótulos e apresentação, métodos de análises, inspeção e certificação de importação e
exportação. As normas e textos deste documento não substituem a legislação nacional31.
O segmento industrial na produção de carne compreende basicamente o abate dos
animais e o processamento da carne e seus produtos. O RIISPOA classifica os
estabelecimentos de carnes e derivados em: matadouros-frigoríficos, matadouros,
matadouros de pequenos e médios animais, charqueadas, fábricas de conservas, fábricas de
produtos suínos, fábricas de produtos gordurosos, entrepostos de carnes e derivados,
fábricas de produtos não comestíveis, matadouros de aves e coelhos e entrepostos-
frigoríficos. O foco do trabalho será investigar as condições de trabalho em relação à
Biossegurança dos matadouros-frigoríficos.
As indústrias de produção de alimentos de origem animal, para poderem exercer suas
atividades no território brasileiro, precisam estar registradas e sob inspeção do MAPA em
suas instâncias federais, estaduais e municipais. Os produtos de origem animal devem
possuir o carimbo do SIF, SIE ou SIM segundo o Ministério da Agricultura, para atestar
15
qualidade sanitária e estar em conformidade com a legislação, sob o aspecto sanitário e
tecnológico, cujas ações são orientadas e coordenadas pelo Departamento de Inspeção de
Produtos de Origem Animal (DIPOA), da Secretaria de Defesa Agropecuária
(SDA/MAPA). Em função desse fato, existe uma classificação desses estabelecimentos em
indústrias com:
· Serviço de Inspeção Federal (SIF) - quando o estabelecimento
realiza o comércio de seus produtos internacionalmente ou entre os Estados
brasileiros;
· Serviço de Inspeção Estadual (SIE) - quando o estabelecimento
comercializa seus produtos dentro do Estado onde está localizado, e
· Serviço de Inspeção Municipal (SIM) - quando o estabelecimento
realiza comercialização dentro dos limites do Município.
Nas indústrias registradas com SIF, em função de exigências impostas pelo mercado
de exportação, a estrutura física das instalações, o fluxo de produção e os sistemas de
controle de qualidade são bem implantados, mantidos e supervisionados. Isso impede
perdas comerciais importantes para as indústrias exportadoras, pois também devem
obedecer às normas dos países importadores. Porém, em estabelecimentos menores, como
os matadouros municipais (registrados no SIM), quando comparados aos estabelecimentos
exportadores, tem um menor volume de negociações e a característica do mercado
consumidor interno torna evidente a existência de uma pressão para a diminuição dos
custos de produção da indústria de produtos de origem animal, influenciando as
características do ambiente laboral dos trabalhadores.
A Tabela 2 e a Figura 1 apresentam a relação do quantitativo e a localização das
indústrias registradas com SIF no Brasil8.
16
Tabela 2 – Quantitativo de indústrias registradas com SIF no Brasil
Estado Número de indústrias com SIF
1 Acre 1
2 Bahia 1
3 Espírito Santo 1
4 Goiás 10
5 Minas Gerais 6
6 Mato Grosso do Sul 9
7 Mato Grosso 18
8 Pará 4
9 Paraná 2
10 Rondônia 9
11 Rio Grande do Sul 6
12 São Paulo 14
13 Tocantins 2
Total 13 83
Fonte: Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes8
17
Figura 1 – Localização das indústrias registradas com SIF no Brasil
18
Tabela 3 – Localização dos matadouros-frigoríficos com SIE no Estado do Rio de Janeiro
19
1183 Matadouro Frigorífico Três Rios
Esteves Ltda ME
1188 Frigoxô Indústria e Itaperuna
Comércio de Alimentos
Ltda
1200 Dorismar Silva Vidaurre Bom Jesus do
ME Itabapoana
1208 STZ Comércio e Teresópolis
Distribuição de
Alimentos Ltda
560 Ferreira e Landim Valença
Distribuidora de Carnes
Ltda
1183 Matadouro Frigorífico Três Rios
Esteves Ltda
Fonte: Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária do Rio de Janeiro32
20
cadeia produtiva de carne: insumos, agropecuária, indústria, distribuição/varejo. Portanto,
formada por um setor à montante da produção, que são as indústrias produtoras de insumos
tecnológicos e creditícios; o produtor rural; e o setor à jusante da produção, que são as
indústrias frigoríficas, curtumes, atacadistas, varejistas e consumidores finais33.
A indústria frigorífica é responsável pela compra do boi gordo do produtor, seu
abate, limpeza, desossa, embalagem e venda da carne para o varejo. Este processo
propiciará a produção de carne in natura, carne processada e subprodutos da carne16,15.
Os trabalhadores agrícolas e os trabalhadores envolvidos com o processamento dos
produtos de origem animal são importantes para o bom resultado da produção de carnes,
exportação e consumo interno, porém os métodos e as condições de trabalho têm sofrido
modificações importantes. Isto significa uma considerável pressão no sentido da expansão
da produção direcionada ao mercado externo, o que manteria o Brasil em posição de maior
exportador mundial.
A expansão da indústria da carne internacional, pressiona a competitividade do
ponto de vista capitalista e, nesta perspectiva, as atividades dentro das indústrias são
intensificadas na busca de maior produtividade, o que resulta segundo Marx34 em
precarização das condições de vida e adoecimento dos trabalhadores e em aumento da
acumulação de mais valia pela empresa35. A busca cega do aumento de produtividade tem
sido traduzida em aumento da jornada de trabalho, com horas extras excessivas
transformadas em rotina, ritmos exageradamente intensos, pressão e controle sobre os
trabalhadores extremamente rigorosos36. Nestas condições, impõe-se a necessidade de
adaptação das ações humanas às novas funções exigidas, mas objetivando sempre
minimizar custos e maximizar a produção, ampliando o lucro das empresas.
Para Dal Rosso37 isso significa que o agente deve empenhar mais de suas energias
físicas, mentais ou sociais na obtenção de mais resultados, em suma, de mais trabalho.
Segundo Heck38 o território enquanto apropriação do espaço para a realização da
mais-valia impõe relações de poder que sujeitam os trabalhadores a degradantes condições
de trabalho, por exemplo: os matadouros.
As discussões sobre o mundo do trabalho envolvem principalmente a saúde do
21
trabalhador, pois, para dar conta das pressões e adversidades do trabalho é necessário um
empenho físico, intelectual e psíquico; quanto mais esforço é despendido maior é a
intensidade do trabalho. Pensando nas relações de trabalho-saúde projetadas no capitalismo
contemporâneo é possível dizer, segundo Dal Rosso39 que, a intensificação como produtora
de crescimento econômico contém implicitamente um problema social e moral de extrema
relevância, trata-se de mais uma forma de exploração de mão-de-obra. E acrescenta:
Antunes35 ressalta que o atual mundo do trabalho, produz um quadro crítico e que
tem característica assemelhada em diversas partes do mundo, onde vigora a lógica do
capital. A automação e a renovação dos equipamentos com a introdução da informatização
e robotização; a modernização das plantas industriais; a redefinição organizacional da
empresa com novas técnicas de gestão; o trabalho informal e o desemprego repercutem
sobre os acidentes, as doenças do trabalho e os estilos de vida da população e evidenciam
novas relações entre a política econômica e a saúde40.
A insegurança por medo do desemprego faz com que as pessoas se submetam a
regimes de trabalho intensos, condições de atuação precarizada, em ambientes insalubres de
alto risco e a contratos com baixos salários. Este quadro revela que uma força de trabalho
vem sendo consumida por problemas de saúde de caráter físico e psíquico, destacando-se as
lesões por esforços repetitivos, a depressão, a angústia, o estresse, dentre outras41.
Belinguer42 ressalta que sempre existirá um conflito entre as exigências de saúde e de
segurança dos trabalhadores e a tendência das empresas em aumentar a produção com um
mínimo de gastos.
22
4. As Relações de Trabalho, Saúde e Doença
23
Durante a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra na segunda metade do século
XVIII, aconteceram transformações radicais na forma de produzir e de viver, levando a
consequências importantes para a saúde dos trabalhadores. O início das discussões sobre as
relações trabalho, saúde e doença foi ocasionado pela pressão capitalista sobre a saúde das
populações urbanas trabalhadoras de fábricas46. A sociedade capitalista cultiva valores da
livre concorrência, individualismo e exploração. A existência do lucro é determinante. Para
garantir as margens de lucro crescente, foram impostas aos trabalhadores duras condições
de trabalho. Desde então, surge a preocupação da medicina sobre o trabalho produzir
doença e morte47. Existia nitidamente uma tentativa de medicalizar as doenças relativas ao
trabalho com o objetivo de se reduzirem as associações causais entre o trabalho e a
morbidade operária43,45.
As condições de trabalho no final do século XVIII e início do XIX, eram precárias.
Era imposto duras condições de trabalho aos operários sem acréscimos salariais para assim
aumentar a produção e garantir uma margem de lucro crescente. Os acidentes de trabalho
eram comuns. Os operários eram desprovidos de equipamento de segurança e não recebiam
nenhum suporte de assistência médica, nem seguridade social. A população trabalhadora
era a mais atingida, ocasionando perda econômicas46.
A Medicina do Trabalho funcionava como instrumento do capital e evoluiu,
gradativamente, como especificidade disciplinar, incorporando os preceitos dominantes das
relações entre doença e seus possíveis determinantes48.
Giordano49 destaca a análise dos tratados de medicina e dos tratados de arquitetura
que permitem investigar como o discurso dos diferentes corpos profissionais se afinava
com os preceitos presentes na formulação da teoria miasmática, que desde meados do
século XVIII pretendeu aproximar-se da objetividade científica. Machado50 destaca que
neste período o ar continua sendo o principal causador das doenças (miasmas), porém a sua
contaminação se refere a outros fatores, originados de matérias orgânicas em decomposição
existentes em pântanos, águas estagnadas, esgotos, ar viciado das habitações coletivas e da
falta da circulação do ar49. Os lugares onde ocorria o abate de animais, feiras e mercados
públicos, também eram uma preocupação, já que os resíduos deixados contaminariam o ar e
24
consequentemente o meio urbano.
Com a descoberta dos agentes infecciosos e o estabelecimento de que agentes
etiológicos específicos eram causadores de doenças específicas, estruturou-se a teoria de
que para cada doença há um agente causal específico, que deve ser identificado e
combatido.
Devido às teorias de Pasteur e de Kock, expandiu-se o paradigma microbiano, que
possibilitou a compreensão das causas da doença, suas formas de transmissão e cura, e
deslocaram as concepções sociais da causalidade das doenças, o biológico é dissociado do
social. Surge a ideia de que para cada doença existe um agente e a eliminação das doenças
pode ser feita pela vacinação e medidas de higiene.
A partir desta visão, as relações trabalho-saúde/doença passaram a estar associadas
à exposição, em determinadas ocupações, a agentes específicos.
As campanhas Sanitárias de Oswaldo Cruz e sua atuação no meio social causaram
grandes modificações na saúde pública no século XX como a intervenção para o
saneamento do meio ambiente urbano e cidades portuárias.
Neste momento, ainda não era objeto de intervenção, o interior das fábricas e
oficinas, o predomínio das ações eram sobre as condições gerais de vida, dadas pela
precariedade da vida operária configurado pelas doenças dos trabalhadores47.
Dentro do cenário internacional, surge a preocupação de oferecer serviços médicos
aos trabalhadores, o que pode ser constatado na agenda da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), criada em 1919. A Recomendação nº 112, aprovada em 1959 pela
Conferência Internacional do Trabalho, foi o primeiro instrumento normativo de âmbito
internacional que passou a servir como referencial para o estabelecimento de parâmetros
legais, inclusive no Brasil a partir da década de 70. Os Serviços de Medicina do Trabalho
têm, dentre outras atribuições, a responsabilidade na “adequação do trabalho ao
trabalhador”, limitada, no entanto, à intervenção médica, restringindo-se “à tentativa de
adaptar os trabalhadores às suas condições de trabalho43”. Ressalta-se que em 1983, a
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), lança o documento “Programa de Acción
en la Salud de los Trabajadores” com diretrizes para a implantação de programações em
25
saúde na rede pública de serviços sanitários e voltadas para aqueles que trabalham51.
Minayo-Gomez e Thedim-Costa45 criticam a atuação da Medicina do Trabalho,
apontando sua deficiência em superar o enfoque biológico, ignorando outros fatores que
envolvam as relações psicossociais que trazem consequências para a saúde do trabalhador.
Estes autores apontam ainda que nem sempre as doenças ocupacionais apresentam sintomas
diferentes dos de outras patologias e assim, a Medicina do Trabalho tem dificuldade em
identificar os processos prejudiciais à saúde dos trabalhadores que não tenham um nexo
claro com a exposição a um agente de risco único, ou seja, há a dificuldade em isolar riscos
específicos e, dessa forma, atuar sobre suas consequências, medicalizando em função de
sintomas e sinais ou, quando muito, associando-os a uma doença legalmente reconhecida45.
Navarro52 destaca que após a segunda Guerra Mundial, ocorrem rápidas mudanças
no processo de produção industrial, o desenvolvimento de forças produtivas, da ciência e
tecnologia, surgem novas tecnologias com engrenagens pesadas, máquinas, instrumentos e
equipamentos, novos processos utilizando novos materiais e substâncias e a fragmentação
crescente das tarefas. Estas transformações, ocorridas no processo de produção, no mundo
do trabalho, além da fragmentação crescente das tarefas, passaram a ser traduzidas pela
diversificação de agentes de riscos e agravos à saúde dos trabalhadores, trazendo em seu
bojo uma crescente demanda por intervenção no ambiente de trabalho.
Surge então a Saúde Ocupacional com uma atuação ampliada, passando a intervir
sobre o ambiente com ênfase na Higiene Industrial. Incorpora o instrumental oferecido por
outras disciplinas e outras profissões, organizando-se equipes multiprofissionais43.
Minayo-Gomez e Thedim-Costa45 afirmam que a Saúde Ocupacional incorpora a
teoria da multicausalidade, na qual um conjunto de fatores de risco existente na produção é
considerado na ocorrência de uma doença, que é avaliada através da clínica médica e de
indicadores ambientais e biológicos de exposição.
26
4.1. Legislação Trabalhista Brasileira
27
As regras trabalhistas implantadas com a consolidação das leis trabalhistas foram de
grande valia para a época, pois proporcionaram aos operários o tempo de lazer e os salários
controlados, mas ainda não proporcionavam segurança a eles. Os números de acidentes e
mortes eram cada vez mais presentes, principalmente com a evolução da tecnologia que
lançava máquinas para agilizar o trabalho e diminuir os custos. Assim, em 1972, integrando
o Plano de Valorização do Trabalhador, o governo federal baixou a portaria no 3237, que
tornava obrigatória além dos serviços médicos, os serviços de higiene e segurança em todas
as empresas onde trabalham 100 ou mais pessoas55. Atualmente, leva-se em consideração
não só o número de empregados da empresa, mas também o grau de risco do trabalho.
Ainda nos anos 70, surge a figura do Engenheiro de Segurança do Trabalho nas
empresas, devido exigência de lei governamental, objetivando reduzir o numero de
acidentes. Porém, este profissional atuou mais como um fiscal dentro da empresa, e sua
visão com relação aos acidentes de trabalho era apenas corretiva.
Em 1977 é promulgada a Lei nº 6.51456 e em 1978 a Portaria nº 3.21457, que tratam
exclusivamente da Segurança e da Medicina do Trabalho e que são de observância
obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos de administração
direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes legislativo e judiciário que possuam
empregados regidos pela CLT.
A Portaria nº 3.214 aprovou as Normas Regulamentadoras (NR), relativas a
Segurança e Medicina do Trabalho. Essas Normas abordam vários problemas relacionados
ao ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador. Buscam a manutenção de condições
seguras, bem como potencializar o ambiente de trabalho para a redução ou até mesmo
eliminar os riscos existentes (NR-5); obrigatoriedade de equipes técnicas multidisciplinares
nos locais de trabalho (atual NR-4); na avaliação quantitativa de riscos ambientais e adoção
de “limites de tolerância” (NR- 7 e 15), entre outras. O Quadro 1 mostra os números e os
respectivos temas das NR, relativos aos mais diversos tipos de agravos à saúde. Cada NR
mostra assim como os serviços que devem ser constituídos, profissionais envolvidos e
ações de promoção à saúde e prevenção às doenças requeridas para a área e protocolos de
conduta que devem ser tomados diante das doenças ocupacionais53.
28
Quadro 1 – Número e tema das Normas Regulamentadoras brasileiras
NR Tema da NR
1 Disposições gerais
2 Inspeção prévia
3 Embargo ou interdição
4 Serviços especializados em eng. de segurança e em medicina do trabalho
5 Comissão interna de prevenção de acidentes
6 Equipamentos de proteção individual - EPI
7 Programas de controle médico de saúde ocupacional
8 Edificações
9 Programa de prevenção de riscos ambientais
10 Segurança em instalações e serviços em eletricidade, transporte,
movimentação, armazenagem e manuseio de materiais
11 Regulamento técnico de procedimentos para movimentação, armazenagem
e manuseio de chapas de mármore, granito e outras rochas
12 Máquinas e equipamentos
13 Caldeiras e vasos de pressão
14 Fornos
15 Atividades e operações insalubres
16 Atividades e operações perigosas
17 Ergonomia
Anexo I
Trabalho dos operadores de checkouts
Anexo II
Trabalho em teleatendimento/telemarketing
18 Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção
19 Explosivos
Anexo I
29
Segurança e saúde na indústria de fogos de artificío e outros artefatos pirotécnicos
20 Líquidos combustíveis e inflamáveis
21 Trabalho a céu aberto
22 Segurança e saúde ocupacional na mineração
23 Proteção contra incêndios
24 Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho
25 Resíduos industriais
26 Sinalização de segurança
27 Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no MTE
28 Fiscalização e penalidades
29 Norma regulamentadora de segurança e saúde no trabalho portuário
30 Norma regulamentadora de segurança e saúde no trabalho aquaviário
Anexo I
Pesca comercial e industrial
31 Norma regulamentadora de segurança e saúde no trabalho na agricultura,
pecuária, exploração florestal e aquicultura
32 Segurança e saúde no trabalho em estabelecimento de saúde
33 Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados
34 Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção e
reparação naval
35 Trabalho em altura
36 Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de
carnes e derivados
Disposições gerais
Normas Rurais
1
2 Serviço especializado em prevenção de acidentes do trabalho rural
(SEPATR)
30
3 Comissão Interna de Prevenção de acidentes do trabalho rural (CIPATR)
4 Equipamento de Proteção Individual – EPI
5 Produtos Químicos
Fonte: MTE53
Dentre as NR, destaca-se a NR-9 que elabora o Programa de Prevenção dos Riscos
Ambientais, classificando-os em cinco tipos58:
1. Riscos de acidentes
Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua
integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de risco de acidente: as
máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão,
arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc.
2. Riscos ergonômicos
Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador,
causando desconforto ou afetando sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o
levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura
inadequada de trabalho, etc.
3. Riscos físicos
Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam
estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão, umidade,
radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração etc.
4. Riscos químicos
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos que
possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas formas de
poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que seja, pela natureza da
atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através
31
da pele ou por ingestão.
5. Riscos biológicos
Consideram-se como agentes de risco biológico as bactérias, vírus, fungos, parasitos,
entre outros.
Os riscos à saúde devem ser analisados sob múltiplos aspectos, dentre os quais,
destacam-se: a intensidade, o tempo de exposição e a organização temporal da atividade, a
duração do ciclo de trabalho, a distribuição das pausas ou a estrutura de horários.
A diversidade de agentes nocivos, assim como os diferentes tempos de exposição, de
acordo com as especificidades do trabalho executado, requerem a determinação de níveis
de tolerância distintos, e seu cálculo está padronizado em forma de tabelas na NR 1559 e
seus 14 anexos que envolvem, respectivamente: ruído contínuo e intermitente; ruído de
impacto; exposição ao calor; radiações ionizantes; condições hiperbáricas; radiações não-
ionizantes; vibrações; frio; umidade; agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada
por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho; limites de tolerância para poeiras
minerais; agentes químicos e agentes biológicos, que podem ser consultados a partir da
detecção do fator de risco.
É importante ressaltar que o limite de tolerância refere-se à intensidade máxima ou
mínima, considerando-se a natureza e o tempo de exposição ao risco, que não causará dano
à saúde do trabalhador, durante sua carreira.
O MTE classifica as empresas, através de uma escala crescente que vai de 1 a 4,
considerando o ramo da atividade, os ambientes que oferecem mais ou menos riscos à
saúde do trabalhador60. O setor de frigoríficos se encaixa na faixa 3. As empresas que
possuem empregados regidos pela CLT, devem manter, obrigatoriamente, Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade
de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. Este
serviço vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de
empregados do estabelecimento, como mostra a Tabela 460, em relação à faixa 3.
32
Tabela 4 – Exigências do MTE relacionadas ao número de empregados da Segurança do
Trabalho
Técnicos Nº de empregados
50 a 101 a 251 a 501 a 1.001 a 2.001 a 3.501 a Acima de
100 250 500 1.000 2.000 3.500 5.000 5.000, para
cada grupo de
4.000
Segurança do 1 2 3 4 6 8 3
trabalho
Engenheiro de 1 1 1 2 1
segurança do
trabalho
Auxiliar de 1 1 2 1
enfermagem
Enfermeiro do 1
trabalho
Médico do 1 1 1 2 1
trabalho
Fonte: Adaptado de NR 460
33
equipamentos e instrumentos de trabalho, o mobiliário, a velocidade e o ritmo de trabalho.
Estabelece a concessão de pausas aos empregados e propõe o uso obrigatório de
equipamentos de segurança e critérios relacionados às condições ambientais de trabalho e
das plantas de abate e de processamento de carnes e seus derivados62. O objetivo principal
da NR é a prevenção e redução de acidentes e doenças ocupacionais.
34
5. Biossegurança no Contexto do Risco
Esta Conferência veio levantar e discutir questões que estavam na pauta dos
cientistas desde 1973, marcando o registro das preocupações de um grupo constituído por
cerca de 150 cientistas norte-americanos e outras nacionalidades, cujas principais
indagações estavam centradas nos riscos e nos benefícios que envolviam a ciência da
recombinação e que propuseram uma moratória nas pesquisas que envolvessem
manipulação genética64.
O conceito de Biossegurança ultrapassou o contexto laboratorial, onde medidas
preventivas buscavam preservar a segurança do trabalhador e a qualidade do trabalho, e
busca a necessidade mais complexa de preservar as espécies do planeta. Foi dentro desse
contexto, que ocorre como resultado da Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), no Rio de Janeiro, em 1992, a Convenção
sobre a Diversidade Biológica. Esta Convenção definiu a necessidade dos países signatários
35
estabelecerem um Protocolo Internacional de Biossegurança. A Biossegurança passou a ser
entendida como a segurança da própria vida65.
Influenciada pela experiência e iniciativas internacionais, principalmente o
movimento europeu, no final da década de 80, começou a ser discutida no Brasil, a questão
da regulamentação da Biossegurança, resultando na Lei n° 8.974 (atual Lei n° 11.105/2005),
publicada em 5 de janeiro de 199566. Esta Lei criou a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio). A partir da sua criação, a CTNBio, estabeleceu várias instruções
normativas, para o gerenciamento e normatização do trabalho com engenharia genética,
determinando condições absolutamente seguras para o desenvolvimento desse tipo de
trabalho, tanto no que se refere à adequação de infraestrutura quanto à competência técnica
do pessoal envolvido, entre outras medidas relativas à Biossegurança e à aplicabilidade da
biotecnologia, além de regular sobre a liberação no ambiente de OGM em todo o território
brasileiro.
Em 2002 é visível as mudanças na política governamental nesta área, com a
constituição da Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS) pelo Ministério da Saúde
(Portaria n°343, MS, 19.02.02). Dentre suas atribuições, destaca-se: proceder o
levantamento e a análise das questões referentes a Biossegurança, visando identificar seus
impactos e suas correlações com a saúde humana e propor estudos para subsidiar o
posicionamento do Ministério da Saúde na tomada de decisões sobre temas relativos a
Biossegurança67.
A CBS iniciou seus trabalhos pela revisão da “classificação de agentes etiológicos
humanos e animais com base no risco apresentado”, que consta no Apêndice 2 da Instrução
Normativa nº768, da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança; elaboração de normas
de Biossegurança para manipulação de agentes patogênicos, contemplando procedimentos
de manipulação, acondicionamento, transporte e descarte de materiais de risco,
estabelecendo princípios básicos para a construção/reforma de serviços dos diversos níveis
de Biossegurança.
Para tanto era necessário definir o que é risco, agentes de risco, avaliação de risco e
Biossegurança.
36
Biossegurança foi definida pela Fundação Oswaldo Cruz, em 1995, como sendo um
conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos
inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e
prestação de serviços, riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do
meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos69.
A Comissão de Biossegurança em Saúde, do Ministério da Saúde, ao iniciar seu
trabalho definiu Biossegurança como sendo “a condição de segurança alcançada por um
conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às
atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o ambiente”70.
Biossegurança, para a CTNBio é definida como um “processo voltado para a
segurança, o controle e a diminuição de riscos advindos da biotecnologia”71.
Para que Biossegurança seja assimilada, há a necessidade de compreender o
significado da palavra “risco”. O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) define
risco como sendo a chance de lesão, dano ou perda, e avaliação de risco uma ação ou uma
série de ações tomadas para reconhecer ou identificar e medir o risco ou probabilidade que
alguma coisa aconteça devido ao perigo72. Para o Ministério da Saúde risco é a
probabilidade de ocorrência de um efeito adverso em decorrência da exposição ao perigo73.
Freitas74 afirma que o conceito de risco, predominante na atualidade, está associado
ao potencial de perdas e danos e de magnitude das consequências de transformações na
sociedade, na natureza e na própria característica e dinâmica das situações e eventos
perigosos. O homem passa a ser responsável pela geração e remediação de seus próprios
males e cabe ao próprio homem a atribuição de desenvolver, através de metodologias
baseadas na ciência e tecnologia, a capacidade de interpretá-los e analisá-los para melhor
controlá-los e remediá-los.
Porto75 adota uma concepção abrangente de risco, de interesse à saúde dos
trabalhadores, e o define como sendo:
37
(…) toda e qualquer possibilidade de que algum elemento ou
circunstância existente num dado processo e ambiente de trabalho
possa causar dano à saúde, seja através de acidentes, doenças ou do
sofrimento dos trabalhadores, ou ainda através da poluição
ambiental (...) (p.8).
38
óbvios), a verificação da eficácia das medidas de segurança adotadas, o registo dos
resultados da avaliação e a revisão da avaliação a intervalos regulares, para que esta se
mantenha atualizada. Desta forma, a avaliação de risco deve ser feita regularmente.
Numa avaliação de risco biológico é fundamental que sejam verificadas e analisadas
as características específicas do agente de risco manipulado, bem como algumas outras
circunstâncias que podem contribuir para redução ou ampliação de fatores relacionados a
este tipo de risco.
Há três componentes básicos que fazem parte da avaliação de risco biológico: o
agente, o hospedeiro e o ambiente78 (Figura 2).
Segundo Johnson78, existem ainda alguns outros fatores que devem ser incluídos no
processo de avaliação. São eles: via de infecção, gravidade da doença, comunicabilidade,
profilaxia e tratamento, projeto de instalações e outros fatores subjetivos que incluem a
percepção social e política, preocupação ambiental, stress pessoal e sentimentos de
39
vulnerabilidade ou risco pessoal iminente.
Na avaliação de risco onde há a manipulação de materiais e de agentes biológicos, é
importante considerar fatores que contribuem diretamente para a amplificação ou
diminuição do risco. Cardoso e Navarro79 apontam a existência de vários desses fatores. O
40
potencialmente infeccioso agente biológico (humano ou animal, infectado ou não), mas
também à localização geográfica (áreas endêmicas, etc.).
Disponibilidade de A avaliação de risco inclui a disponibilidade de compostos
medidas profiláticas imunoprofiláticos eficazes. Quando estão disponíveis, o risco é
eficazes drasticamente reduzido.
Disponibilidade de É a capacidade de proporcionar a cura ou a contenção do
tratamento eficaz agravamento da doença causada pela exposição ao agente
biológico. Também se torna um fator de redução do risco.
Possibilidade de formação Os aerossóis se formam naturalmente durante os procedimentos
de aerossóis laboratoriais e geralmente escapam para o meio ambiente pelo
uso incorreto de alguns equipamentos. As centrífugas, em
particular, são grandes geradores de aerossóis infecciosos
quando não possuem dispositivos de segurança; a remoção de
meio de cultura líquido com seringa e agulha de um frasco
contendo material infeccioso; flambagem de alças de platina.
Endemicidade Quando a doença está espacialmente localizada, temporalmente
ilimitada e está habitualmente presente entre os membros de uma
população.
Alteração gênica A alteração gênica pode levar a uma mudança no fenótipo ou
genótipo do indivíduo. É uma fonte de variabilidade. Podem
ocorrer de forma espontânea ou por influência de agentes
mutagênicos, neste caso, podem ocorrer desenvolvimento de
câncer ou afetar as gerações seguintes, comprometendo a
sobrevivência da espécie.
Espécie do animal Os riscos envolvidos nos ensaios que utilizam animais em
envolvido, via de inoculações experimentais podem variar de acordo com as
inoculação, entre outras espécies manipuladas e com a natureza da pesquisa
desenvolvida. Os próprios animais podem introduzir novos
agentes de risco biológico, como por exemplo: animais
41
capturados no campo ou em animais provenientes de criações
não selecionadas podem apresentar com maior frequência
infecções latentes. Além de uma série de outros critérios que
devem ser observados durante a manipulação de animais
infectados, como por exemplo: o grau de agressividade, parasitas
naturais e zoonoses susceptíveis.
Fonte: Brasil73; Cardoso80; Teixeira e Borba81
42
A via de infecção, diferente de transmissão, também tem um papel importante no
processo de avaliação de risco. Trabalhar com agentes que causam infecção pela via de
inalação pode ser considerado mais perigoso do que o trabalho com agentes que causam
infecção por exposição percutânea ou oral, devido à dificuldade na percepção das partículas
aerolizadas78.
O Quadro 4 mostra os fatores a serem considerados durante a avalição de risco78.
Agente Biológico:
Patogenicidade
Grau de infecção
Exposição
Virulência
Susceptibilidade do hospedeiro
Resistência do hospedeiro (infecção pré-existente, infecção secundária, gravidez, estresse,
imunossupressão, vacinação)
Reação de sensibilidade
43
Incidência de infecções laboratoriais
Tratamento
Impacto ambiental
Risco de transmissão por animais
Vetores ectoparasitas (pulga, piolho, carrapato)
Infecções inaparentes por espécie específica (tuberculose, hepatite)
Agentes de transmissão via urina, fezes, saliva, sangue
Escape
Fatores ambientais:
Ventilação e design laboratorial (direção do ar, pressão, paredes)
Procedimentos laboratoriais (recapear agulhas, uso de lâminas, pipetagem com a boca)
Equipamentos de contenção (cabines de segurança biológica, classe II e III)
EPI
Treinamento
Limpeza do laboratório
Fonte: Johnson78
Os agentes biológicos são classificados quanto ao risco a partir dos fatores relacionados
acima, sobretudo, no seu potencial de risco para o indivíduo, para a comunidade e meio
ambiente, na existência de medidas profiláticas e preventivas.
O Brasil possui uma classificação de risco para os agentes biológicos desde 1997.
Esta classificação é dinâmica e por esta razão é periodicamente revista. A mais recente data
de 2010. Conforme esta classificação, os agentes biológicos são divididos em quatro
classes de risco82:
ñ Classe de risco 1 - O risco individual e para a coletividade é baixo ou ausente. São
microrganismos que têm baixa probabilidade de provocar infecções no homem ou
em animais sadios. Exemplos: Bacillus subtilis, Lactobacillus sp.
ñ Classe de risco 2 - O risco individual é moderado e para a comunidade é limitado.
São microrganismos que podem provocar infecções no homem ou animais. O
44
potencial de propagação e disseminação é baixo, porém, dispõe-se de medidas
terapêuticas e profiláticas eficientes. Exemplos: Vírus da Febre Amarela e
Schistossoma mansoni.
ñ Classe de risco 3 - O risco individual é alto e para a comunidade é moderado. As
infecções no homem e nos animais são graves, e podem se propagar de indivíduo
para indivíduo, porém existem medidas terapêuticas e profiláticas. Inclui os agentes
biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória. Exemplos:
Vírus da Encefalite Equina Venezuelana, Mycobacterium tuberculosis e Bacillus
anthracis.
ñ Classe de risco 4 - O risco individual e coletivo é elevado. São microrganismos que
representam sério risco para o homem e para os animais, sendo altamente
patogênicos, inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade
por via respiratória ou de transmissão desconhecida, com alta capacidade de
disseminação na comunidade e no meio ambiente, não existe medidas profiláticas
ou terapêuticas. Exemplos: Vírus Marburg e Vírus Ebola.
O CDC salienta que a avaliação de risco é um processo utilizado para identificar o
risco de um agente. E assim, determinar as barreiras de contenção adequadas72.
Para Lima e Silva83, é essencial o reconhecimento dos riscos para o uso de barreiras
de contenção, isso se traduz em ações que levam o trabalhador a observar as boas práticas
de laboratório, de Biossegurança e ambiental, destacando-se a manutenção dos
equipamentos, além de sua conservação e limpeza.
O termo contenção é usado para descrever os procedimentos de Biossegurança
utilizados na manipulação de agentes biológicos de acordo com a sua classificação de
risco73.
As barreiras de contenção são sistemas que combinam aspectos construtivos e
equipamentos que buscam o controle das condições ambientais das áreas restritas visando
minimizar a probabilidade de contaminação, acidentes e doenças ocupacionais84. As
barreiras de contenção são divididas em duas:
a) Barreiras primárias – constituídas pelos equipamentos de proteção individual
45
(EPI) e equipamentos de proteção coletiva (EPC), além dos procedimentos
operacionais (boas práticas).
Os EPI são usados para a proteção dos trabalhadores que estão em contato com
agentes de risco. Estes equipamentos são regulamentados pela NR-685.
Exemplifica-se: jaleco, máscara, óculos de proteção, botas e luvas descartáveis.
Os EPC são utilizados para eliminar ou reduzir as exposições aos agentes de risco e
possibilitam proteção ao trabalhador, ao ambiente e ao ensaio ou atividade
desenvolvida63,86. Além disto, minimizam os acidentes e suas consequências87. As cabines
de segurança biológica lavam olhos e chuveiro de emergência, são exemplos de EPC.
b) Barreiras secundárias – consistem no desenho e estrutura física do local, ou
seja, nos aspectos de engenharia e arquitetura ligados à instalação. Devem
ser previstas nos projetos e construídas de forma que proporcione uma
barreira de proteção para as pessoas que estão fora do laboratório, para a
equipe do estabelecimento e para o meio ambiente. Dentre vários dos
aspectos que constituem estas barreiras, exemplifica-se com:
dimensionamento da área de acesso, sistema de ventilação, iluminação, tipo
de piso e acabamentos de paredes e mobiliários.
As barreiras são crescentes no seu grau de proteção e de contenção, determinados a
partir da avaliação de risco.
Considerando-se a classe de risco do agente, há uma combinação de práticas e
técnicas e utilização de equipamentos de proteção e aspectos relacionados à infraestrutura
predial, a partir da avaliação de risco. Esta combinação denomina-se Níveis de
Biossegurança.
De acordo com as “Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Agentes
Biológicos”, a adoção de procedimentos-padrão, o uso de equipamentos de contenção e
instalações laboratoriais, devem estar adequadas ao tipo de trabalho a ser desenvolvido,
bem como recursos humanos capacitados para a manipulação em contenção dos agentes
biológicos73.
Há, entretanto, alguns procedimentos que devem ser adotados em qualquer um dos
46
Níveis de Biossegurança, como por exemplo:
· O acesso ao laboratório deve ser restrito aos profissionais envolvidos nas atividades
desenvolvidas;
· As áreas de circulação devem estar desobstruídas e na porta do laboratório deverá
ser fixado o símbolo internacional de risco biológico;
· A lavagem das mãos deverá ser realizada após manipulação de agentes biológicos e
antes da saída do laboratório;
· A pipetagem deverá ser realizada com dispositivos apropriados;
· Os materiais e reagentes deverão ser armazenados e estocados em instalações
apropriadas no laboratório;
· A bancada deverá ser descontaminada ao final do trabalho e/ou sempre que houver
contaminação com agentes biológicos ou material biológico potencialmente
infeccioso;
· O manuseio de material perfurocortante deverá ser realizado cuidadosamente. As
agulhas não deverão ser dobradas, quebradas, recapeadas, removidas ou
manipuladas antes de serem desprezadas;
· O descarte deste material deve ser realizado em recipiente específico para esse tipo
material, resistente à punctura, ruptura e vazamento, sendo devidamente
identificado e localizado próximo à área de trabalho;
· As vidrarias quebradas deverão ser removidas por meios mecânicos e descartadas
em recipiente específico;
· Todos os demais resíduos devem ser descartados segundo as normas vigentes e de
acordo com o Plano de Gerenciamento de Resíduos da instituição;
· Planos de Contingência e Emergência deverão ser estabelecidos e ser de
conhecimento de todos os profissionais do laboratório, devendo haver um kit de
primeiros socorros à disposição para o caso de eventual acidente.
· Acidentes ou incidentes que resultem em exposições a agentes e materiais
biológicos patogênicos deverão ser imediatamente relatados ao profissional
responsável.
47
Os Níveis de Biossegurança (NB) estão relacionados aos requisitos de segurança para
o manuseio dos agentes infecciosos. Os NB são classificados em:
48
A equipe do laboratório deverá receber treinamento anual sobre os potenciais riscos
associados ao trabalho. Além disso, os equipamentos deverão ser regularmente
descontaminados, bem como após a ocorrência de contato ou potencial contaminação com
agentes e materiais biológicos. Os acidentes que possam resultar na exposição a agentes
biológicos devem ser imediatamente avaliados e tratados de acordo com o Manual de
Biossegurança.
O símbolo internacional indicando risco biológico deve ser afixado nas portas dos
locais onde há possibilidade de manipulação de agentes biológicos pertencentes à classe de
risco 2, identificando o NB, as imunizações necessárias, os tipos de EPI utilizados no
laboratório e o nome do profissional responsável com endereço completo, telefone de
contato e as diversas possibilidades para a sua localização.
Os EPI devem ser retirados, antes de sair do ambiente de trabalho, depositados em
recipiente exclusivo para esse fim e descontaminados antes de serem reutilizados ou
descartados.
A cada seis meses as CSB e os demais equipamentos essenciais de segurança devem
ser testados, calibrados e certificados. Deve ser mantido registro da utilização do sistema de
luz ultravioleta das CSB com contagem do tempo de uso.
A utilização de CSB, de Classe I ou Classe II, além de EPI, como máscaras, jalecos
e luvas, deverão ser usados sempre que sejam realizadas manipulações de agentes
biológicos patogênicos incluindo cultura de tecidos infectados ou ovos embrionados,
procedimentos que envolvam potencial formação de aerossóis como pipetagem,
centrifugação, agitação, sonicação, abertura de recipientes que contenham materiais
infecciosos, inoculação intranasal de animais e coleta de tecidos infectados de animais ou
ovos.
Uma autoclave deve estar disponível, em local associado ao laboratório, dentro da
edificação, de modo a permitir a descontaminação de todos os materiais utilizados e
resíduos gerados, previamente à sua reutilização ou descarte.
49
- NÍVEL DE Biossegurança 3 (NB-3)
O nível de Biossegurança 3 é aplicável à manipulação de agentes biológicos
classificados como sendo da classe de risco 3.
Além das práticas de segurança biológica adotadas nos níveis de Biossegurança 1 e
2, um laboratório NB-3 requer equipamentos de segurança e instalações laboratoriais mais
eficazes na contenção.
Os profissionais destes laboratórios devem receber treinamento específico e todos
os procedimentos que envolverem a manipulação de agentes biológicos devem ser
conduzidos dentro de CSB ou outro dispositivo de contenção física. Além das práticas já
descritas para o NB-1 e NB-2, alguns procedimentos adicionais devem ser seguidos:
- As atividades em laboratórios NB-3 devem ser executadas por no mínimo dois
profissionais;
- Os profissionais do laboratório deverão frequentar cursos periódicos de atualização
em Biossegurança e receber orientação quanto às alterações das normas de inspeção;
- O laboratório deve adotar um Manual de Biossegurança específico;
- Os profissionais do laboratório devem ser submetidos à avaliação médica periódica
e receber imunizações apropriadas aos agentes manuseados ou potencialmente
presentes no laboratório.
- Coleta de amostras sorológicas de toda a equipe, especialmente dos profissionais
diretamente expostos ao risco;
- Todos os resíduos devem ser obrigatoriamente esterilizados antes de serem
descartados e/ou removidos do laboratório;
- Todos os materiais utilizados no laboratório devem ser descontaminados, antes de
serem reutilizados;
- Os filtros High Efficiency Particulate Air e pré-filtros das CSB e dos sistemas de ar
retirados devem ser acondicionados em recipientes hermeticamente fechados para
serem descontaminados por esterilização.
- É obrigatório o uso de roupas de proteção apropriadas, bem como o uso de máscaras
de proteção respiratória (tipo N95 ou PFF2), gorros, luvas, propés ou sapatilhas.
50
- NÍVEL DE Biossegurança 4 (NB-4)
O nível de Biossegurança 4 é indicado para o trabalho onde haja a manipulação de
agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade e exóticos, que possuam alto
risco individual de infecção por via respiratória ou de transmissão desconhecida, para os
quais não há medidas profiláticas ou terapêuticas eficazes.
Esse nível de contenção exige a intensificação dos programas de utilização das
práticas microbiológicas e de segurança estabelecidas para o NB-3, além da existência
obrigatória de dispositivos de segurança específicos e do uso, igualmente obrigatório, de
CSB classe II B2, associadas à utilização de roupas de proteção com pressão positiva,
ventiladas por sistema de suporte à vida ou de CSB classe III.
Além das práticas obrigatórias estabelecidas para o NB-3, devem ser adotadas
práticas adicionais, tais como:
- Os profissionais deverão ser alertados e estar cientes dos potenciais riscos, além de
conhecer as entradas e saídas específicas de emergência do laboratório;
- Somente os profissionais necessários para a realização dos procedimentos de
trabalho possuem permissão para entrar;
- A entrada e a saída do laboratório devem ser precedidas de banho e troca de
vestimenta, exceto nos casos de emergência;
- Nenhum material deverá ser removido do laboratório de contenção máxima (NB-4),
a menos que tenha sido esterilizado;
- A entrada e saída de pessoal do laboratório devem ocorrer somente após uso do
chuveiro e troca de roupas. Os funcionários deverão usar o chuveiro de
descontaminação química a cada saída do laboratório.
- Todos os líquidos que deixarem o laboratório, com inclusão da água do chuveiro,
devem ser descontaminados antes de serem lançados para o sistema de esgotamento
sanitário.
- Previamente à realização de trabalhos em contenção utilizando-se CSB da classe III,
os profissionais devem trocar suas roupas na entrada do laboratório, nos vestiários
51
internos, também em contenção, adjacentes ao laboratório, por roupa protetora
completa e descartável.
52
6. Matadouros-Frigoríficos
53
trabalhos de manipulação e preparo dos produtos, montadas em estrutura de ferro; dispor de
rede de abastecimento de água para atender todas as dependências e instalações para o
tratamento de água; instalações de vapor e água em todas as dependências de manipulação
dos produtos; devem possuir janelas basculantes e portas de fácil abertura, para que os
corredores e passagens estejam livres, providas de telas móveis para a proteção de insetos.
A canalização de água deve ser em tubos próprios exclusivos a cada serviço:
lavagem de paredes e pisos, equipamentos e manipulação das matérias-primas e produtos
comestíveis.
Os matadouros devem dispor de currais cobertos, bretes, pedilúvio para o
recebimento dos animais com declive para a rede de esgoto, providos de comedouros e
bebedouros para os animais e também locais apropriados para separação de isolamento de
animais doentes.
A comercialização da carne inicia-se pelo deslocamento do gado dos seus locais de
produção até os matadouros, são então conduzidos aos currais de chegada e seleção onde
passam por um exame ante mortem. Após a inspeção passam para os currais de abate ou de
observação, caso haja suspeita de alguma anormalidade.
Ao serviço de inspeção sanitária e industrial interessa o registro, lote por lote de
animais, procedência, e demais informações dos transportes e percalços durante o percurso,
medidas adotadas, condições de fome e fadiga de cada lote, para que seja interposto
medidas corretoras adequadas89.
As operações de abate ocorrem de forma sequencial, como em uma indústria de
montagem de carros, na qual a velocidade de trabalho é determinada pelo número de
animais que devem ser abatidos por intervalo de tempo90.
Segundo a classificação brasileira de ocupações, os trabalhadores em matadouro são
os magarefes e trabalhadores assemelhados, também recebem o nome de abatedor de
animais, abatedor em matadouro e abatedor de gado91. Estes trabalhadores desempenham as
seguintes funções:
- Abatem animais através da sangria retiram pele e vísceras,
- Separam cabeças, órgãos e tecidos.
54
- Tratam vísceras limpando e escaldando.
- Preparam carnes para comercialização desossando, identificando tipos, marcando,
fatiando, pesando e cortando.
- Realizam tratamentos especiais em carnes, salgando, secando, prensando e
adicionando conservantes.
- Acondicionam carnes em embalagens individuais, manualmente ou com o auxílio
de máquinas de embalagem a vácuo.
Com o intuito de entender o perfil dos profissionais que trabalham nestes setores, o
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (DIEESE) juntamente com a
Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins elaborou
a partir de informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do
Trabalho, este perfil no Brasil92. Este estudo trouxe diversas informações do mercado de
trabalho dessa indústria em específico, tais como: número de trabalhadores e remuneração
média no Brasil, nas diversas regiões, por estado, por sexo, grau de alfabetização, tempo de
emprego, dentre outros.
A Tabela 5 apresenta dados da RAIS sobre o aumento no número de trabalhadores
na Indústria da Carne no Brasil, durante o período de 2006 a 2011, comprando a evolução
salarial destes trabalhadores.
Tabela 5 – Evolução anual dos trabalhadores da indústria da carne e remuneração média em
dezembro – Brasil 2006 a 2011.
Ano Número de Variação anual Remuneração Variação anual
trabalhadores (%) média (R$) (%)
2006 353.186 - 768,25 -
2007 394.000 11,6 824,66 7,3
2008 394.944 0,2 898,16 8,9
2009 391.195 -0,9 968,07 7,8
2010 399.450 2,1 1.058,43 9,3
2011 413.540 3,5 1.176,41 11,1
Fonte: DIEESE92
55
A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) é uma classificação
usada pelo IBGE, com o objetivo de padronizar os códigos de identificação das unidades
produtivas do país93. Dentre as classificações da CNAE analisadas pela RAIS, os
trabalhadores envolvidos no “abate de suínos, aves e outros pequenos animais”
representavam 60,8% do total, seguido por “abate de reses, exceto suínos” com 26,9% do
total e “fabricação de produtos de carne” com 12,3%, como pode ser observado na Tabela 6.
Quanto ao sexo destes trabalhadores, 59,0% era do sexo masculino e 41,0% do sexo
feminino, em 2011. Em média, a remuneração das mulheres alcançou 73,4% da
remuneração dos homens.
A distribuição dos trabalhadores por região do país mostrou que em 2011, 43% dos
trabalhadores formais estavam no Sul, 28% no Sudeste, 20% no Centro-Oeste, 5% no
Norte e apenas 4% na Região Nordeste, como pode ser visto no Gráfico 3.
56
Gráfico 3 – Distribuição dos trabalhadores por região do país
Fonte: DIEESE 92
Na distribuição dos trabalhadores por faixa etária verifica-se que 44,8% tinham até
29 anos, 47,9% entre 30 e 49 anos e apenas 7,24% tinham mais de 50 anos de idade, no
Brasil, em 2011. O Gráfico 4 mostra que a maior parte, ou seja 63,7%, dos trabalhadores
deste setor não possui o segundo grau completo (em contraste com apenas 3,6% dos
trabalhadores com ensino superior completo. O Gráfico 4 apresenta o grau de escolaridade
dos trabalhadores do setor.
Fonte: DIEESE92
57
6.1. Fluxo de Trabalho
58
59
Recepção / Currais:
60
• Atordoamento
O objetivo desta operação é deixar o animal inconsciente. Chegando ao local do
abate, os animais entram, um após o outro, em um box estreito com paredes móveis, para o
atordoamento.
O equipamento de atordoamento normalmente é a pistola pneumática, com pino
retrátil, que é aplicada na parte superior da cabeça dos animais. O pino perfura o osso do
crânio e destrói parte do cérebro do animal, deixando-o inconsciente. Um outro método usa
uma pistola, sem dispositivos penetrantes, que faz o atordoamento por concussão cerebral.
Após esta operação, uma parede lateral do box é aberta e o animal atordoado cai
para um pátio, ao lado do box, de onde é içado com auxílio de talha ou guincho e de uma
corrente presa a uma das patas traseiras, sendo pendurado em um trilho aéreo (“nória”).
• Sangria
Os animais são conduzidos pelo trilho até à calha de sangria. O próximo passo é a
secção de grandes vasos sanguíneos do pescoço com uma faca.
O sangue escorre do animal suspenso, é coletado na calha e direcionado para
armazenamento em tanques, gerando de 15 a 20 litros de sangue por animal.
A morte ocorre por falta de oxigenação no cérebro. Parte do sangue pode ser
coletada assepticamente e vendida in natura para indústrias de beneficiamento, onde serão
separados os componentes de interesse (albumina, fibrina e plasma).
O sangue armazenado nos tanques pode ser processado por terceiros ou no próprio
abatedouro, para a obtenção de farinha de sangue, utilizada na fabricação de ração animal.
Após a sangria, os chifres são serrados e submetidos a uma fervura para a separação
dos sabugos (suportes ósseos), e depois de secos podem ser convertidos em farinha ou
vendidos. Quanto aos sabugos, são aproveitados na composição de produtos graxos e
farinhas.
61
dos genitais.
O reto é amarrado para evitar a contaminação da carcaça por eventuais excrementos.
O couro recebe alguns cortes com facas em pontos específicos, para facilitar sua
remoção, que então é feita com equipamento que utiliza duas correntes presas ao couro, e
um rolete (cilindro horizontal motorizado), que traciona estas correntes e remove o couro
dos animais. Também pode ser feita a remoção manual do couro, utilizando-se apenas facas.
A operação deve cercar-se de cuidados para que não haja contaminação da carcaça por
pelos ou algum resíduo fecal, eventualmente ainda presente no couro.
Após a esfola, o couro pode seguir diretamente para os curtumes (chamado “couro
verde”), ser retirado por intermediários, ou também pode ser descarnado e/ou salgado no
próprio abatedouro para a produção de sebo e farinha de carne.
A salga do couro é realizada para sua preservação, quando o tempo de percurso até
os curtumes ou instalações de intermediários for extenso o suficiente para afetar a
qualidade do couro. Normalmente, é realizada por imersão dos couros em salmouras.
O rabo, o úbere ou os testículos são manualmente cortados com facas, antes da
remoção da cabeça.
Retira-se a cabeça, que é levada para lavagem, com especial atenção à limpeza de
suas cavidades (boca, narinas, faringe e laringe) e total remoção dos resíduos de vômito,
para fins de inspeção e para certificar-se da higiene das partes comestíveis. A cabeça é
limpa com água e a língua e os miolos são recuperados. As faces podem ser removidas para
consumo humano via produtos cárneos embutidos, por exemplo.
• Evisceração
As carcaças dos animais são abertas manualmente com facas e com serra elétrica.
A evisceração envolve a remoção das vísceras abdominais e pélvicas, além dos
intestinos, bexiga e estômagos. Normalmente, todas estas partes são carregadas em
bandejas, da mesa de evisceração para inspeção, e transporte para a área de processamento,
ou então direcionadas para as graxarias, se condenadas.
A partir dos intestinos, são produzidos os envoltórios, normalmente salgados e
62
utilizados para fabricação de embutidos.
O rúmen e outras partes do estômago é esvaziado, limpo e salgado, ou pode ser
cozido e por vezes submetido a branqueamento com água oxigenada, para posterior
refrigeração e expedição. Nos ruminantes o estômago é composto por 4 compartimentos,
rúmen, retículo, omaso e abomaso. Geralmente são aproveitados o rúmen e o retículo, o
restante é comum ir para a graxaria.
· Processamento de Vísceras
As vísceras são submetidas à inspeção sanitária. Aquelas reprovadas são
encaminhadas para as graxarias, para produção de sebo ou óleo animal, e de farinhas de
carne para rações animais.͒Caso os intestinos sejam destinados para produtos de consumo
humano, depois da aprovação sanitária o pâncreas é retirado. Ocorre a separação do
estômago, reto, intestino delgado (duodeno, jejuno), intestino grosso (cólon) e ceco. Então,
o estômago e os intestinos são enviados para seções específicas dos abatedouros ou
frigoríficos, normalmente chamadas de bucharias e de triparias, onde são esvaziados de
seus conteúdos, limpos e processados para posterior conservação, armazenamento e
expedição.
No caso de bovinos, denomina-se como processo úmido a abertura do estômago em
uma mesa, e a remoção do seu conteúdo sob água corrente. O material sólido é
descarregado sobre uma peneira e então, bombeado para um reservatório. No caso do
chamado processo seco, a remoção da maior parte do conteúdo do bucho é feita sem água.
Após a abertura do estômago, o material interno é removido manualmente e transportado
para uma área de coleta, onde é normalmente juntado ao esterco recolhido das áreas de
recepção dos animais e currais. Algumas companhias usam compactadores para diminuir
seu volume, facilitando sua manipulação e transporte para disposição final. Depois da
remoção seca, o estômago é lavado em água corrente ou recirculada.
Como já citado na descrição da evisceração, seu estômago também pode ser cozido,
branqueado com água oxigenada e resfriado, em função de seu mercado alvo.͒
Os intestinos são esvaziados e remove-se a gordura e as camadas da parede
63
intestinal (mucosa, serosa, submucosa e musculares), manualmente ou com o auxílio de
equipamentos específicos e de bastante água. Lavagem com solução alcalina à quente
também pode ocorrer. Após a lavagem, os intestinos são classificados, separados em maços
e imersos em salmoura para conservação. Depois deste tratamento, são salgados e
armazenados em sal, normalmente em tambores ou bombonas, para comercialização.
Outras vísceras comestíveis, como fígado, coração, rins e língua, também são
processadas no próprio estabelecimento. O processamento é limitado ao corte e à lavagem,
para posterior embalagem e resfriamento.
• Corte da Carcaça
Retiradas as vísceras, as carcaças são serradas longitudinalmente, seguindo o cordão
espinhal.
As meias carcaças passam por um processo de limpeza, no qual pequenas aparas de
gordura com alguma carne e outros apêndices (tecidos sem carne) são removidos com facas.
As duas metades das carcaças seguem para refrigeração.
• Refrigeração
As meias carcaças são resfriadas para diminuir possível crescimento microbiano
(conservação).
Para reduzir a temperatura interna das carcaças para menos de 7°C, elas são
resfriadas em câmaras frias com temperaturas entre 0 e 4°C. O tempo normal deste
resfriamento, para carcaças bovinas fica entre 24 e 48 horas.
• Cortes e Desossa
Havendo operação de cortes e desossa, as carcaças resfriadas são divididas em
porções menores para comercialização ou posterior processamento para produtos derivados.
A desossa é realizada manualmente, com auxílio de facas. As aparas resultantes
desta operação são geralmente aproveitadas na produção de derivados de carne.
Os ossos e partes não comestíveis são encaminhados às graxarias, para serem
transformados em sebo ou gordura animal industrial e farinhas para rações.
64
• Estocagem / Expedição
As carcaças, os cortes e as vísceras comestíveis, após processadas e embaladas, são
estocadas em frio, aguardando sua expedição.
· Graxarias
As graxarias são unidades de processamento normalmente anexas aos matadouros,
frigoríficos ou unidades de industrialização de carnes, mas também podem ser autônomas.
Elas utilizam resíduos das operações de abate e de limpeza das carcaças e das vísceras,
partes dos animais não comestíveis e aquelas condenadas pela inspeção sanitária, ossos e
aparas de gordura e carne da desossa e resíduos de processamento da carne, para produção
de farinhas ricas em proteínas, gorduras e minerais (usadas em rações animais e em adubos)
e de gorduras ou sebos (usados em sabões e em outros produtos derivados de gorduras).
Há graxarias que também produzem sebo e/ou o chamado adubo organo-mineral
somente a partir dos ossos, normalmente recolhidos em açougues.
Vários estudos têm demonstrado que, apesar do aumento dos postos de trabalho
devido à expansão do setor pecuário e instalação de novos frigoríficos, houve uma
precarização nas condições de trabalho: expressiva rotatividade nos postos; diminuição do
salário de admissão, apesar do aumento da escolaridade dos trabalhadores. Relatam
também que há um expressivo aumento no número de casos de acidentes e de adoecimento
em função da agressiva investida do setor no aumento da produtividade95-99.
O Ministério do Trabalho e Emprego70 relata que os processos de produção
utilizados nas empresas de abate e processamento de carnes são organizados de tal maneira
que as atividades de trabalho desenvolvidas apresentam potencial risco à saúde e à
segurança dos trabalhadores.
Os trabalhadores dos estabelecimentos de produção de produtos de origem animal,
tais como: abatedor, desossador, magarefe e retalhador de carne, assim como os
profissionais da limpeza e da manutenção, são contratados pelo regime trabalhista celetista,
ou seja, regidos pela CLT. Assim a empresa deve cumprir as normas regulamentadoras,
relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, estabelecidas a partir da Portaria nº
65
3.214/7857, do Ministério do Trabalho. Assim a empresa deve cumprir o que está
estabelecido nas NR, como por exemplo, a obrigatoriedade de constituir uma Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes100 (CIPA) (NR5), identificar as atividades ou operações
insalubres que se desenvolvem acima dos limites de tolerância estabelecidos59 (NR15),
elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais58 (PPRA)
(NR9) a fim de identificar e avaliar os riscos ambientais existentes e consequente controle
de sua ocorrência.
66
7. Metodologia
Delineamento da pesquisa
Município Cabeças
Araruama 44.000
Cambuci 52.472
Cantagalo 57.096
Itaperuna 115.000
Macaé 88.440
67
Santa Maria Madalena 41.191
Valença 84.687
Vassouras 40.890
Como o estado do Rio de Janeiro não possui matadouro-frigorífico com SIF, optou-
se pelas empresas com SIE. Neste Município existem 3 matadouros-frigoríficos de bovinos
com SIE. A escolha da empresa estudada se deu pelo fato de que é o principal matadouro
de abate de bovinos para os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e abastece cerca de 70%
do mercado do estado do Rio de Janeiro.
Amostra
68
que representam risco de infecção aos trabalhadores de matadouros-frigoríficos, através de
um estudo exploratório com abordagem qualitativa.
69
8. Resultados e Discussão
70
I. Postos e processos de trabalho
II. Avaliação ambiental
III. Riscos ocupacionais
I.2 Atordoamento:
Um a um os animais são conduzidos para um box estreito com uma abertura na
parte de cima. O trabalhador que pratica a ação do atordoamento está separado do animal
por uma parede lateral, porém se coloca em um nível acima do piso onde está o animal, de
modo que alcance, com o equipamento, a cabeça do animal.
O atordoamento é feito com uma pistola pneumática, com pino retrátil, que é
aplicada na parte superior da cabeça dos animais. Este atordoamento objetiva a
insensibilização por atingir o córtex cerebral e aumentar a pressão interna, que deve
perdurar até o final da sangria para que não haja sofrimento desnecessário.
Após o atordoamento, a parede lateral do box do lado oposto é aberta e o animal cai
para dentro da sala de abate, de onde é içado com auxílio de guincho e de uma corrente
71
presa a uma das patas traseiras, pelo tendão, por um gancho, sendo pendurado em um trilho
aéreo (nória ou nora) com correntes. O sistema é mecanizado e há interruptores instalados
nas áreas de inspeção para que a equipe de inspeção possa exercer rápido controle de
situações indesejáveis de abate, interrompendo o funcionamento da nória.
É comum os animais vomitarem.
Os trabalhadores neste local estão sujeitos ao risco de serem atingidos pelo animal
em queda e ao ser içado, além de estar em contato direto com o vômito e outros fluidos
corpóreos dos animais. Há movimentos repetitivos de abaixar e levantar para prender as
correntes nos animais, de aproximadamente 400kg ou mais (animais adultos para abate).
I.3 Sangria:
Após a insensibilização, o animal é içado e a sangria deve ser imediata. O
trabalhador que desempenha a função de sangria, com o auxílio de uma faca, faz a secção
dos grandes vasos. A sangria refere-se à retirada de cerca de 50% do sangue, devendo ser
realizada por um tempo mínimo de 3 minutos, durante o qual nenhuma outra operação deve
ser realizada no animal.
Os riscos destas funções são principalmente o manuseio de faca e o contato direto
com sangue.
72
A seguir é feita a desarticulação e remoção da cabeça com uma faca. Depois de
removida, a cabeça é levada para lavagem e inspeção. O procedimento de remoção da
cabeça do animal exige um grande esforço físico do trabalhador, levando em conta que a
mesma pesa aproximadamente 20kg e esta atividade é repetida diversas vezes, de acordo
com o número de animais abatidos.
I.5 Evisceração:
A evisceração corresponde à retirada dos órgãos ou vísceras internas, abdominais ou
torácicas, que, entretanto é complementada pela retirada da cauda (rabada), do pênis e das
glândulas mamárias.
As carcaças dos animais são abertas manualmente com o auxílio de facas e serras;
órgãos e vísceras abdominais e pélvicos são retirados manualmente. Cada peça é
encaminhada para uma seção através dos chutes (pequenas janelas que ligam a sala de abate
a outras seções específicas para cada víscera). Esta etapa exige cuidados para que não seja
perfurado o tubo gastrointestinal.
A retirada de cada peça exige um grande esforço do trabalhador. O rúmen e
intestinos juntos, de um bovino adulto, pesam em torno de 30 kg; o trabalhador puxa as
peças para que elas caiam em seus respectivos chutes. Esse movimento é feito tantas vezes
forem necessárias de acordo com o número de animais abatidos. Do outro lado dos chutes
trabalhadores recebem os intestinos, estômagos, fígado, coração, pulmão e outros. Ao
recebê-los dão início ao seu processamento.
I.5.1 Triparia
A triparia é o departamento destinado à manipulação, limpeza e preparo dos órgãos
e vísceras retirados dos animais abatidos, cabeças, miolos, línguas, patas (mocotós),
esôfagos e todas as vísceras e órgãos torácicos e abdominais, não rejeitados pela Inspeção,
exceto couros e peles.
73
duas: a primeira onde são realizadas as fases que vão desde o recebimento dos intestinos até
a retirada das mucosas; e uma área onde são separadas, salgadas ou insufladas. Os
trabalhadores que processam os intestinos estão em contato direto com o conteúdo
intestinal, passam todo o tempo com as mãos na água. No processo de salga, o contato é
direto com o sal.
· Rúmen: Na área onde se realiza o processo de preparo dos rumens (bucho) também
é dividida em duas: uma área que corresponde às fases de recebimento, separação, abertura,
esvaziamento e limpeza da mucosa; e uma área que inclui as fases de branqueamento,
cozimento e acondicionamento. Os responsáveis pelo processamento dos estômagos
também estão todo o tempo com as mãos na água e em contato com o conteúdo estomacal.
I.5.2 Miúdos
Coração, pulmão, fígado, rins, miolos, timos, língua, que depois de lavados e
inspecionados são limpos, onde se retira os tecidos aderentes, linfonodos, glândulas, ossos,
gorduras excedentes, vasos quando presentes. A seguir são embalados separadamente e
estocados em câmara fria.
I.5.3 Patas
As patas (mocotós) são lavadas, inspecionadas e cozidas.
I.5.4 Cabeças
São lavadas, inspecionadas e estocadas na câmara fria.
74
I.7 Estocagem/expedição
As carcaças são levadas para Câmaras de estocagem de resfrigeração ou para as
câmaras de congelados.
A câmara para refrigeração possui temperatura entre 0° e 4° C. Recebem as carnes
cuja permanência varia de 18-24 horas. Já as câmaras de congelados possui temperatura
entre -15 a -1°C, que recebem a produção que sofre congelamento.
Nesta etapa ainda estão penduradas nas nórias, portanto são empurradas. Todas as
outras partes, após o processamento, também são encaminhadas para a câmara fria. No dia
seguinte o caminhão é carregado pelos trabalhadores, normalmente sem auxílio, usando
somente a força.
75
de animais? (C)
· Convenientemente pavimentados ou (C)
impermeabilizados? (C)
· Com declive para a rede de esgoto?
· Providos de bebedouros e comedouros?
4 Sala de separada a uma distância mínima de 5 metros de outras (C)
dependências como triparia, desossa, seção de miúdos, graxaria,
etc.
5 Pé direito com 7 metros (C)
6 Área total da sala de foi calculada a partir da capacidade de abate (C)
diário
7 Luz natural e artificial abundantes (NC)
8 Ventilação suficiente (NC)
9 Temperatura ambiental dentro dos parâmetros de conforto (NC)
10 Umidade excessiva (C)
11 Ruído excessivo (C)
12 Pisos impermeabilizados (C)
13 Paredes e separações dos ambientes revestidos ou (C)
impermeabilizados
14 Janelas basculantes e portas com dispositivos de fácil abertura (NC)
15 Escadas sólidas e seguras (NC)
16 Escadas construídas de concreto armado, alvenaria ou metal, (C)
providas de corrimão
17 Guindastes ou qualquer outro aparelhamento mecânico oferecem (NC)
garantias de segurança, resistência e estabilidade
18 Dependências e instalações para industrialização, conservação, (C)
embalagem e depósito de produtos comestíveis separadas por meio
de paredes totais das destinadas ao preparo de produtos não
comestíveis
76
19 Possui mesas de aço inoxidável para os trabalhos de manipulação e (C)
preparo de matérias-primas e produtos comestíveis
20 Água fria e quente, em todas as dependências de manipulação e (C)
preparo, não só de produtos, como de subprodutos não comestíveis
21 Possui depósitos de água com descarga de vapor para esterilização (C)
de facas, ganchos e outros utensílios
22 Possui canalização em tubos próprios para a água destinada (C)
exclusivamente a serviços de lavagem de paredes e pisos (cor
vermelha); a água destinada à limpeza do equipamento empregado
na manipulação de matérias-primas e produtos comestíveis (cor
branca ou preta)
23 Dispõe de rede de esgoto com instalações para retenção de gordura (C)
e resíduos e corpos flutuantes
24 Possui sistema de tratamento de efluentes (C)
25 Possui um local destinado à rouparia, vestiários, banheiros e (C)
demais dependências necessárias, em número proporcional ao
pessoal
26 Possui pátios e ruas pavimentados, bem como as áreas destinadas à (C)
secagem de produtos
27 Possui sede para o Serviço de Inspeção Estadual (C)
*Conforme (C); Não Conforme (NC)
77
mel e a cera de abelhas e seus derivados e produtos utilizados em sua
industrialização (Art. 8°).
78
de ventilação, por isto, de acordo com a legislação, deve possuir janelas amplas para
permitir a entrada de ar; com esquadrias metálicas, de preferência basculantes; além do pé
direito alto, que possibilita uma boa circulação do ar. O problema encontrado foi a ausência
de janelas com basculantes em algumas áreas, impossibilitando a abertura das janelas, e
comprometendo a ventilação adequada. Em outras áreas não havia vidros ou qualquer outra
proteção, o que propiciava a entrada de insetos e sujidades.
A NR 3662 recomenda que as empresas de abate e processamento de carnes e
derivados devem efetuar o controle do ar nos ambientes artificialmente climatizados a fim
de manter a boa qualidade do ar interno e garantir a prevenção de riscos à saúde dos
trabalhadores. Para isso deve ser adotado, no mínimo, o seguinte:
a) Limpeza dos componentes do sistema de climatização de forma a evitar a difusão ou
multiplicação de agentes nocivos à saúde humana;
b) Verificação periódica das condições físicas dos filtros mantendo-os em condições de
operação e substituindo-os quando necessário;
c) Adequada renovação do ar no interior dos ambientes climatizados.
Para que se possa avaliar o conforto térmico é necessário conheçer alguns
parâmetros individuais e ambientais109. Os parâmetros individuais estão relacionados à
atividade desenvolvida e às vestimentas utilizadas pelo trabalhador. Os parâmetros
ambientais estão relacionados à temperatura ambiental, umidade do ar, movimentos e
velocidade do ar e radiação.
Segundo Xavier110, o conforto térmico pode ser avaliado sob dois aspectos distintos:
do ponto de vista pessoal, no que diz respeito à sensação de conforto; e do ponto de vista
ambiental, onde a combinação das variáveis físicas inerentes a esse ambiente, criam
condições termo-ambientais para que cause desconforto.
O conforto térmico é a sensação humana, está no campo do subjetivo, sendo
influenciado por:
ñ Fatores físicos, que determinam as trocas de calor do corpo com o meio;
ñ Fatores fisiológicos que se referem à alterações na resposta fisiológica do
organismo;
79
ñ Fatores psicológicos, que se relacionam às diferenças na percepção e na resposta a
estímulos sensoriais.
Dentre estes fatores podemos citar: aclimatação, atividade física, vestimenta, idade e
sexo, forma do corpo, cor da pele, alimentação, estado de saúde, demografia, localização
geográfica da edificação, características construtivas (materiais, dimensões, cobertura, etc.),
estação do ano, clima e cognição111.
Lida112 argumenta que a primeira condição de conforto é o equilíbrio térmico, ou
seja, a quantidade de calor ganho pelo organismo deve ser igual à quantidade de calor
cedido para o ambiente. A velocidade do ar, além da umidade relativa do ar e da
temperatura operativa em um ambiente de trabalho interfere nas trocas de calor, ou seja, no
equilíbrio térmico. Assim, diz-se que a sensação térmica é influenciada diretamente pela
intensidade da ventilação, especialmente em climas úmidos, onde a ventilação representa
um fator necessário para diminuir o desconforto causado pelo calor através do processo de
evaporação do suor111.
Nos ambientes de abate a contribuição da ventilação natural na remoção do calor é
muito importante e vai variar de acordo com a temperatura do ar e com a umidade.
Ourta questão observada como inadequada foi a exposição dos trabalhadores às
temperaturas extremas. Detectou-se lugares muito frios, como por exemplo o
armazenamento da carne e produtos derivados nas câmaras frias e câmaras de
congelamento e outros lugares muito quentes, principalmente na seção de cozimento. A
NR 1559 estabelece limites de tolerância para a exposição ao calor e ao frio. Os
trabalhadores expostos a temperaturas abaixo ou acima dos limites de tolerância vão ao
longo da jornada de trabalho perdendo sua eficiência, o que influencia negativamente no
desempenho das atividades. A NR 1559 determina que as atividades ou operações
executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições
similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão
consideradas insalubres. Determina que ambientes nos quais o trabalhador está exposto à
temperaturas extremas deverá possuir intervalos variados de acordo com o tempo de
trabalho, como por exemplo, para os empregados que trabalham em câmaras frigoríficas ou
80
para os que movimentam mercadorias em ambientes quentes para o frio, depois de uma
hora e 40 minutos de trabalho contínuo, estes trabalhadores terão de ter um período de 20
minutos e repouso.
Além da variação da temperatura, observou-se também outros fatores que
contribuem para que os ambientes analisados fossem considerados insalubres, como a
permanência em local úmido (questão 10). A elevada umidade relativa foi detectada nas
áreas de evisceração, resfriamento e cortes. Estes ambientes possuem grandes quantidades
de água devido ao processo de trabalho, mantendo o piso constantemente molhado. O local
se torna propício à quedas e à proliferação de microrganismos. Por estas razões a NR 1559
determina também que as atividades ou operações executadas em locais alagados ou
encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores,
são consideradas insalubres.
A NR 17109, relacionada à ergonomia, estabelece alguns limites de tolerância de
temperatura, velocidade do ar e umidade relativa, para o conforto ambiental em um
ambiente de trabalho. A partir destes limites, determinou-se que o local estudado não está
em conformidade. A NR 17107 estabelece temperaturas entre 20° a 23°C e umidade relativa
do ar em indices não superiors a 40%.
Durante a observação do fluxo de trabalho no matadouro, observou-se a existência
de excesso de ruídos. As principais fontes de ruído detectadas foram: operações de corte
com serras elétricas na área de evisceração e corte de carcaça e na área de pendura do
animal, onde os pés são presos nas nórias.
A presença do ruído durante o horário de trabalho, seja contínuo, ou intermitente ou
de impacto, pode levar à perturbação com redução da concentração e com o tempo à surdez.
Os sintomas iniciais apresentados pelo trabalhador são dificuldade de entender e falar
nestes ambientes ruidosos.
Dul e Weerdmeester113 estudaram os limites máximos aos quais os trabalhafores
poderiam ficar expostos. A Tabela 8 apresenta estes limites.
81
Tabela 8 – Limites máximos de ruídos que não provocam pertubações durante a execução
de determinadas atividades
Tipo de atividade dB (A)
Trabalho físico pouco qualificado 80
Trabalho físico qualificado 75
Trabalho físico de precisão 70
Trabalho rotineiro de escritório 70
Trabalho de alta precisão 60
Trabalhos em escritório com conversas 60
Concentração mental moderada 55
Grande concentração mental (projeto) 45
Grande concentracão mental (leitura) 35
Fonte: Dul e Weerdmeester113
A NR 17109 estabelece que o nível de ruído aceitável para efeito de conforto é de até
65 dB (A). Podemos considerer o trabalho executado dentro da sala de abate como sendo
de alta precisão, por causa da utilizacão constante de facas e serras, onde há um risco muito
grande de acidentes por manipulação de materiais perfurocortantes. Assim o nível de ruído
na sala não deveria ultrapassar os 65 dB (A) preconizados pela NR 17, durante a jornada de
trabalho.
Outra Norma Regulamentadora, a NR 1559, determina os limites de tolerância diária
a que um trabalhador pode ficar exposto ao ruído contínuo ou intermitente. Segundo esta
Norma, 8 horas é o tempo máximo de exposição diária para o nível de ruído contínuo de 85
dB (A). Segundo a NR 3662, para controlar a exposição ao ruído ambiental devem ser
adotadas medidas que priorizem a sua eliminação, a redução da sua emissão e a redução da
exposição dos trabalhadores, nesta ordem; e que em todas as condições de trabalho com
níveis de ruído excessivo devem ser objeto de estudo para determinar as mudanças
estruturais necessárias nos equipamentos e no modo de produção, a fim de eliminar ou
reduzir os níveis de ruído.
82
O item 14 diz respeito às janelas basculantes e às portas. Os seguintes dados foram
obtidos como em não conformidade em relação ao material que constituía as portas, falta de
sistema de fechamento e sem proteção contra a entrada de insetos. As janelas por sua vez,
foram analisadas e observou-se a falta de ajuste das janelas aos seus batentes e ausência de
telas de proteção contra a entrada de insetos. Além disto, as janelas possibilitam a
ventilação adequada.
As escadas, equipamentos mecânicos e guindastes analisados no item 15 e 17
também foram considerados inadequadas quanto às condições de resistência, solidez,
estabilidade e segurança.
A RIISPOA28 determina que os estrados utilizados para adequação da altura do
plano de trabalho ao trabalhador nas atividades realizadas em pé, devem ter dimensões,
profundidade, largura e altura que permitam a movimentação segura do trabalhador.
As plataformas móveis devem ser estáveis, de modo a não permitir sua
movimentação ou tombamento durante a realização do trabalho. As passarelas, plataformas,
rampas e escadas de degraus devem propiciar condições seguras de trabalho, circulação,
movimentação e manuseio de materiais. Além disto, devem:
ñ Ser dimensionadas, construídas e fixadas de modo seguro e resistente, de forma a
suportar os esforços solicitantes e a movimentação segura do trabalhador;
ñ Ter pisos e degraus constituídos de materiais ou revestimentos antiderrapantes;
ñ Ser mantidas desobstruídas; e
ñ Localizadas e instaladas de modo a prevenir riscos de queda, escorregamento,
tropeçamento e dispêndio excessivo de esforços físicos pelos trabalhadores ao
utilizá-las.
A altura, posicionamento e dimensões das plataformas devem ser adequadas às
características da atividade, de maneira a facilitar a tarefa a ser exercida com segurança,
sem uso excessivo de força e sem exigência de adoção de posturas extremas ou nocivas de
trabalho.
As passarelas, plataformas e rampas devem ter uma largura útil mínima de 0,60
centímetros. As escadas, além da largura minima, devem ter uma profundidade mínima de
83
0,15 centímetros.
As escadas, equipamentos mecânicos e guindastes fazem parte dos componentes
que compõem o ambiente físico imediato, no qual os trabalhadores desenvolvem suas
atividades. Cada componente deve ter adequação ergonômica, porém para um posto e
trabalho ser considerado adequado é necessário apresentar ainda um bom arranjo de seus
componentes e uma correta distribuição espacial. “O posto de trabalho deve adaptar-se às
características anatômicas e fisiológicas dos seres humanos, principalmente, no que se
refere aos sistemas músculo-esquelético e óptico”114.
84
atividade, monotonia, repetitividade, aplicação de força,
queda do animal, manipulação de material perfurocortante
(faca), ruído intenso, piso escorregadio.
Levantamento dos animais Contato com fezes e sangue, inalação de aerossóis,
manipulação de material perfurocortante (faca e ganchos),
monotonia, repetitividade, hipersolicitação anatômica e/ou
funcional das articulações, em posições extremas, aplicação
de força, queda do animal, ruído intenso, pressa pela
velocidade da linha de produção, temperatura e umidade
excessivas, piso escorregadio.
Esfola (retirada do couro, Contato com sangue e outros fluidos corpóreos, inalação de
cascos e chifres) aerossóis, manipulação de material perfurocortante (faca),
hipersolicitação anatômica e/ou funcional das articulações,
pressa pela velocidade da linha de produção, temperatura e
umidade excessivas, ruído intenso, piso escorregadio.
Evisceração Contato com sangue e outros fluidos corpóreos, inalação de
aerossóis, manipulação de material perfurocortante (faca e
serra), hipersolicitação anatômica e/ou funcional das
articulações, aplicação de força, pressa pela velocidade da
linha de produção, temperatura e umidade excessivas, ruído
intenso, piso escorregadio.
Remoção e inspeção da Contato com sangue, inalação de aerossóis, manipulação de
cabeça material perfurocortante (faca), pressa pela velocidade da
linha de produção, temperatura e umidade excessivas, ruído
intenso, piso escorregadio, aplicação de força.
Remoção e inspeção das Contato com fezes, sangue e órgãos, inalação de aerossóis,
vísceras queda de peças dos animais (órgãos), manipulação de material
perfurocortante (faca), monotonia, repetitividade,
85
hipersolicitação anatômica e/ou funcional das articulações,
aplicação de força, ruído intenso, pressa pela velocidade da
linha de produção, temperatura e umidade excessivas, piso
escorregadio.
Corte para divisão da Manipulação de material perfurocortante (faca e moto-serra),
carcaça e lavagem das meias monotonia, repetitividade, hipersolicitação anatômica e/ou
carcaças funcional das articulações, em posições extremas, vibrações,
aplicação de força, eletricidade, ruído intenso, pressa pela
velocidade da linha de produção, contato constante com água
fria sob pressão, temperatura e umidade excessivas, piso
escorregadio.
Desossa Manipulação de material perfurocortante (faca e fragmentos
de ossos), repetitividade, monotonia, hipersolicitação
anatômica e/ou funcional das articulações, em posições
extremas, vibrações, aplicação de força, ruído intenso, pressa
pela velocidade da linha de produção, temperatura e umidade
excessivas, piso escorregadio.
Resfriamento e Manipulação de material perfurocortante (ganchos,
armazenamento fragmentos ósseos), vibrações, aplicação de força,
eletricidade, ruído intenso, pressa pela velocidade da linha de
produção, temperatura excessiva, piso escorregadio.
Bucharia e triparia Contato com fezes, sangue e órgãos, produtos químicos,
(cozimento do estômago e manipulação de material perfurocortante (faca), monotonia,
lavagem dos intestinos) repetitividade, ruído intenso, pressa pela velocidade da linha
de produção, temperatura e umidade excessivas, piso
escorregadio.
Graxaria (produção de Contato com fezes, sangue e órgãos, produtos químicos,
farinha de osso e carne para manipulação de material perfurocortante (faca, fragmentos
ração animal) ósseos, dentes), repetitividade, aplicação de força,
86
eletricidade, ruído intenso, produtos químicos, temperatura e
umidade excessivas, piso escorregadio.
Fonte: Tavolaro116; Johnson95; Johnson e Ndetan117; Lachance118; Hinrichsen96; Sarda119;
Vasconcellos97; Serranheira120; Pacheco e Yamanaka96; Gomaa98; Netto e Johnson121.
Este quadro revela uma força de trabalho exposta a uma série de riscos ambientais
que podem gerar problemas de saúde de caráter físico e psíquico, destacando-se os cortes,
as lesões por esforços repetitivos, a depressão, a angústia, o estresse, contaminação por
agentes biológicos, dentre outras. É importante ressaltar que cada uma destas etapas têm
suas especificidades, podendo aumentar o nível de estresse do trabalhador, decréscimo de
desempenho, fadiga e doenças ocupacionais.
- Risco de acidentes
A manipulação de instrumentos perfurocortantes é o agente de risco de acidente de
maior importância neste tipo de trabalho. São instrumentos as serras, facas e chaira para
afiar as facas.
O risco de cortes é uma realidade e está entre os mais frequentes nos matadouros.
Vasconcellos97, em um estudo entre trabalhadores da indústria frigorífica, no estado
de Mato Grosso, no período de 2000 a 2005, aponta a faca como o instrumento responsável
87
por 43,3% dos acidentes de trabalho registrados. Estes autores destacam ainda que o setor
ocupou a segunda posição em notificação de acidentes de trabalho registrados pelas
Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT), representando 10% de todos os casos no
período.
Além destes agentes, destacam-se também o risco de quedas pelos pisos
escorregadios e a possibilidade de choque pelo manuseio de equipamentos elétricos.
- Risco ergonômico
Agentes de risco ocupacional de grande importância para os profissionais de
matadouros. São muitos os agentes de risco. Dentre eles destacam-se:
- Ritmo intenso de trabalho e rapidez com que são executadas as atividades. No setor
de evisceração, por exemplo, cada trabalhador tem que dar conta de retirar as
vísceras de muitos animais por hora.
- Controle do ritmo de produção. Nos frigoríficos, há muita pressão e cobrança para
aumentar a produção. O trabalho é sempre fiscalizado e quem fiscaliza exige
rapidez de quem está na linha de produção para que as metas sejam atendidas e
superadas.
- Velocidade de trabalho controlada por esteiras. O ritmo de trabalho͒depende da
velocidade das esteiras que levam as peças até os trabalhadores. Isso exige rapidez,
força e agilidade para não acumular peças͒e não atrasar a produção. Este agente de
risco leva a outro, o de risco ergonômico: a sobrecarga de trabalho.
- Ritmo de trabalho ditado pela máquina. Todo o maquinário funciona num ritmo que
é ditado pelas metas de produção.
- Necessidade de͒atenção. Para não comprometer a qualidade da peça, o trabalhador
tem͒que estar o tempo todo atento. Naevisceração de͒animais, é preciso muito
cuidado para não romper os intestinos e contaminar as vísceras com fezes, por
exemplo. Os profissionais que trabalham com facas e serras devem ter mais atenção
ainda, por causa do risco de acidentes.
88
- Repetitividade de movimentos. Em muitos setores as atividades envolvem
movimentos que devem se repetir intensamente como, por exemplo, abaixar e
levantar o tempo todo, separar, cortar e carimbar peças, erguer e abaixar os braços,
etc.
- Exigência de grande esforço físico. Em muitos setores, o trabalhador tem que
manusear, segurar, cortar, levantar, puxar, jogar e carregar animais ou parte deles.
Algumas peças são muito pesadas.
- Trabalho estático. Na maioria dos setores, o trabalhador permanece em pé durante
todo o processo e por muito tempo, movimentando apenas partes do corpo (braço
direito ou esquerdo, coluna, por exemplo).
É importante ressaltar o esforço e a força que os profissionais empregam para
executar as atividades rotineiras, no manuseio de produtos e/ou no uso de ferramentas. Este
esforço depende da posição do objeto em relação ao corpo. O manuseio de produtos ou
equipamentos, mesmo de peso leve, pode exigir esforços respeitáveis, o que gera uma alta
prevalência de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
10,97,116,119,120,122
(DORT) . Este esforço exercido pelas mãos e articulações dos trabalhadores
é ainda ampliado pelo uso de luvas, repetitividade de movimentos e pela resistência dos
produtos manuseados quando estão sob temperaturas baixas. Ressalta-se que temperaturas
baixas podem contribuir também para a incidência de acidentes, uma vez que reduzem a
sensibilidade táctil e diminuem a destreza manual.
Estas condições tornam o trabalho exaustivo e perigoso, principalmente devido à
intensidade do ritmo, uso de equipamentos que causam risco, podendo aumentar o nível
alto de estresse do trabalhador, decréscimo de desempenho, fadiga e doenças ocupacionais.
- Risco físico
As variações de temperaturas são uma rotina. Há lugares muito frios, como também,
há outros lugares muito quentes. Variações bruscas de temperatura pela entrada e saída de
câmaras frias.
Presença constante de índices altos de umidade e de equipamentos de cozimento,
89
com água à alta temperatura e vibrações decorrentes da utilização de serras e dos
maquinários.
- Risco biológico
Este tipo de risco é devido à exposição aos agentes biológicos como: bactérias, vírus,
fungos, parasitas, príons, dentre outros.
Os efeitos negativos do trabalho sobre a saúde dos trabalhadores relatados na
literatura selecionada são descritos no Quadro 7.
90
esqueléticos dos nervos ulnar e radial, artrite, artrose, et al120; Netto,
reumatismo, espondilose Johnson121;Johnson,
Ndetan123 Caci et al124;
Coleman et al125; Màquez
et al128.
Problemas nas Gripes, amidalite, laringite, bronquite, Freitas et al99; Lachance et
vias respiratórias broncopneumonias, pneumonias, rinite, asma al118; Caci et al124;
dentre outros Johnson, Ndetan123 Coleman
et al125; Wenzlawowicz et
al129; Johnson130.
Risco químico Intoxicação, atordoamento Gomaa et al98; Freitas et
al99; Wenzlawowicz et
al120; Johnson130; Johnson,
Ndetan117.
Outros problemas Lesões dos tecidos e da pele ou necrose Johnson, Ndetan97; Caci et
(frostbite) causadas pelo frio al124; Coleman et al125
91
8.1.1. Risco Biológico
92
al.142, Karime et al.143, El-Ansary et al.144,
Rodríguez et al.145, Dorjee et al.146, Nájera
et al.147
Leptospira 2 Ramos et al.140, Rodríguez et al.145,
Dorjee et al.146, Nájera et al.147, Babur et
al.148, Delbem et al.149, Terry et al.150
Toxoplasma gondii 2 Ramos et al.140, Delbem et al.149, Ma et
al.151, Alvarado-Esquivel et al.152, Daguer
et al.153, Sroka et al.154
Coxiella burnetii 3 Milazzo et al.155, Horio et al.156, Adesiyn
et al.157, Wilson et al.158
Streptococcus 2 Tarradas et al.159, Gilroy et al.160, Balm et
al.161, Strangmann et al.162
Campylobacter 2 Wong et al.163, Phillips et al.164, Denis et
al.165
Virus hepatite E 2 Vulcano et al.166, Logan et al.167, Masia
et al.168
Salmonella 2 Vulcano et al.166, Masia et al.168
Taenia solium 2 Hoelzer et al.168, Jary169
Virus Nipah 3 Chew et al.170, Ola et al.171
Virus hepatite B 2 Biffa et al.172
Mycobacterium bovis 3 Maslen173
Trichophyton verrucosum 2 Bianli et al.174
Trichinella 2 Williams et al.175
Virus Crimean-Congo 4 Ciçek et al.176
Hemorrhagic fever
Cryptosporidium 2 Cocco et al.177
Prion causador da doença de 2 Ríos et al.178
93
Creutzfeldt-Jakob
Babesia 2 Deutz et al.179
Toxocara 2 Cardoso, Silva180
94
placentas e de líquido amniótico. Além disto, determinaram que estes profissionais estão
entre os mais susceptíveis a contrair ocupacionalmente a febre Q.
Os aerossóis são partículas de tamanho que pode variar de 0,001 a 100 μm, sólidas e
líquidas, suspensas em um gás, geralmente o oxigênio, que podem permanecer em
suspensão por várias horas184. Os aerossóis infectantes podem ser gerados pela
manipulação de materiais biológicos e pela utilização incorreta de alguns equipamentos,
como centrífugas e homogenizadores. Via de regra, a rota de maior risco, nas infecções
acidentais é aquela causada pelas partículas contaminadas transportadas pelo ar. É o modo
de transmissão de maior dificuldade de prevenção e assim, em determinadas atividades, a
utilização de proteção respiratória é obrigatória.
Sahani et al185 e de Chew et al170 relatam surtos de encefalite e de pneumonia
causadas pelo vírus Nipah ocorridas na Malásia nos anos de 1998 e 1999, onde houve o
contágio de pessoas, cães e gatos por carne de suínos infectados. Entre as pessoas afetadas
havia cinco trabalhadores de matadouros. O estudo demonstrou uma taxa de soroconversão
de 4,8% entre os trabalhadores de abatedouros de suínos. Sugerem ao final a necessidade
da utilização de equipamentos de proteção individual e um controle rígido através da
vigilância de infecções pelo vírus nas granjas produtoras, uma vez que a detecção do vírus
no matadouro é muito difícil.
Biffa, Bogale e Skjerve172 relatam que os trabalhadores dos estabelecimentos de
produção de produtos de origem animal estão entre as classes profissionais mais
susceptíveis à tuberculose, pela exposição aos aerossóis provenientes de bovinos infectados.
A tuberculose é uma doença granulomatosa zoonótica importante, causada,
principalmente, por Mycobacterium bovis e com menor frequência por Mycobacterium
tuberculosis e Mycobacterium avium. Existe uma estimativa de que aproximadamente 3%
dos casos de tuberculose e 17,2% de linfadenite cervical em humanos são devidos ao M.
bovis172. Diversas espécies, incluindo o homem, são sensíveis à infecção por M. bovis181.
O Bacillus anthracis merece destaque devido ao risco. A exposição ao Bacillus
anthacis causa carbúnculo. Os trabalhadores que possuem maior risco de contrair a doença
são aqueles que estão em contato direto com os animais infectados ou com animais mortos
95
e onde se junta ou processa lã, pele de caprino e couro183. Esta doença afeta principalmente
bovinos e com menor frequência ovinos, equinos e suínos181.
96
9. Conclusão
97
abordagem utilizada pode servir para a avaliação dos outros setores.
Os fatores de risco estão relacionados não só à tecnologia implantada como à
organização – social e espacial – do trabalho. Esta estrutura tem reflexos observados sobre
as condições ambientais de risco. Como o estudo trata de um espaço concebido para abate
de bovinos, ele nos permite observar as múltiplas relações existentes entre a organização do
trabalho e o espaço utilizado. Desta organização resultam condições específicas de risco
que podem afetar a saúde dos trabalhadores deste local, produzindo doenças ocupacionais
ou causando acidentes. É importante ressaltar que as variáveis que geram o risco, sejam de
natureza ambiental, organizacional ou específicas do trabalhador, muitas vezes encontram-
se correlacionadas. Padrões de comportamento podem determinar uma série de situações de
exposição, concentrando ou excluindo fatores de risco.
O modelo utilizado em Campo dos Goytacazes, no matadouro SIE, demonstra uma
concepção metodológica, de construção de relações entre variáveis qualificadoras da
exposição a um determinado agente de risco de interesse para saúde, condições de risco de
uma determinada área com outros dados, como recursos humanos, microrganismos
manipulados e/ou presentes, variáveis ambientais, questões de infraestrutura, de
procedimentos técnicos e de fluxo de trabalho, oferecendo uma possibilidade de avaliação
das alterações em seus componentes, que provocam os problemas identificados, permitindo
um aprofundamento no entendimento dos resultados levantados, em um processo de
aproximação da explicação das variações encontradas.
Este modelo poderá ser utilizado em outras indústrias frigoríficas, não só as que
processam bovinos, mas também suínos, aves ou pescados, mesmo empresas com controle
de qualidade implantado, pois muitas vezes preocupam-se mais com produtividade,
contenção de custos e otimização do produto final do que com a saúde e segurança de seus
funcionários.
A partir dos principais pontos decorrentes das observações e análises, foi permitido
identificar os fatores de riscos das atividades desenvolvidas e assinalar as falhas a serem
corrigidas, concernentes, especialmente, ao ambiente de trabalho e à aplicação dos
princípios de Biossegurança.
98
O modelo de produção em série adotado pelo matadouro, associado à necessidade
de manipulação de produtos rapidamente perecíveis, exigindo muita agilidade por parte dos
trabalhadores com a finalidade de não comprometer a produção e a qualidade do produto
final, são características que contribuem para o aparecimento da grande maioria dos riscos
observados dentro do matadouro. Os trabalhadores muitas vezes acabam se descuidando
dos procedimentos de segurança em função da rapidez com que as tarefas têm que ser
executadas: iluminação, ventilação, temperatura, umidade e ruído; aspectos estruturais
como janelas, portas, escadas, passarelas, plataformas e rampas, além dos relacionados à
manutenção de equipamentos e máquinas foram identificadas como de grande impacto à
saúde e segurança destes trabalhadores. Isto demonstra a importância do estudo das
condições ambientais nos matadouros.
A literatura estudada apontou a alta incidência de distúrbios ósteo-musculares
relacionados ao trabalho e lesões por esforço repetitivo nos profissionais de matadouros.
Algumas atividades de trabalho exigem força no manuseio de produtos e/ou no uso de
ferramentas. O esforço depende da posição do objeto em relação ao corpo e, portanto, o
manuseio de produtos ou equipamentos, mesmo de peso leve, pode exigir esforços
importantes. Para as mãos, o esforço pode ser aumentado ainda pela forma do objeto que é
manipulado, pelo uso de luvas e por baixas temperaturas do ambiente e do produto, que
reduzem a sensibilidade táctil, aumentam a resistência do produto e diminuem a destreza
manual. Isso acentua os riscos dos distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho e
de acidentes. Estes problemas não estão somente ligados aos movimentos de repetição de
curta duração, mas também, ao uso de ferramentas vibratórias (serras) e às baixas
temperaturas nos processos, gerando afastamentos constantes e desgaste psicológico dos
trabalhadores.
Além disto, o risco de acidentes pelo manuseio rotineiro de facas e outros objetos
perfurocortantes, extremamente afiados, é uma realidade e está entre os mais frequentes.
Os riscos ocupacionais podem ser minimizados pela adoção de novas práticas.
Inicialmente colocando em exercício os requisitos mínimos para avaliação, controle e
monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas pela indústria de abate e
99
processamento de carnes, segundo a NR 36.
Durante todo o processo de trabalho no abate, os trabalhadores ficam em contato
direto com o material biológico dos animais, por esta razão, o risco biológico se torna uma
das maiores preocupações e exige uma atuação ativa da inspeção sanitária. Em um
estabelecimento de processamento de produtos de origem animal é exigido um fiscal
agropecuário veterinário e agentes de inspeção treinados e capacitados. A Fiscalização
Sanitária deve estar ativa no local de trabalho, inspecionando as condições sanitárias,
procedência e condições dos animais. Os riscos biológicos podem ser reduzidos a
proporções mínimas seguindo às medidas estabelecidas no planejamento para o controle de
zoonoses e nas Boas Práticas de Fabricação (BPF), que fazem parte do Programa de Gestão
Ambiental e de Biossegurança. Assim, espera-se que, com as ações estabelecidas e com o
estabelecimento de um programa de educação sugerido, o Programa de Gestão Ambiental e
de Biossegurança no matadouro seja efetiva e eficientemente cumprido, com a finalidade
de que se verifique uma melhoria das condições e aspectos ambientais da empresa e de
sensibilização no seu quadro de funcionários.
A NR 36 é um avanço à medida que busca sistematizar orientações para a segurança
e a saúde dos trabalhadores de matadouro. Porém, está distante de atender ao conjunto de
elementos e exigências interligadas, que a complexidade do sistema demanda. A aplicação
desta e eventuais novas normas encontra obstáculos devido à pressão empresarial pelo
lucro e outros entraves e padrões culturais que envolvem o setor de abate.
Aperfeiçoar a legislação e criar sistemas de incentivo à aplicação das
recomendações contidas nas normas e fiscalização e punição à recusa sistemática de sua
aplicação.
A identificação e compreensão dos riscos a que estão sujeitos os profissionais de
matadouros-frigoríficos são abordagens de relevância na saúde ocupacional de profissionais
uma vez que elenca os problemas a serem discutidos, tornando-se o passo inicial para
resolvê-los. Bem como o mapeamento e identificação dos riscos, um sistema de vigilância
em saúde; utilização de equipamentos de segurança, de proteção individual e de proteção
coletivos; treinamento dos trabalhadores, com relação à atividade, higiene pessoal e riscos
100
são essenciais para a prevenção e diminuição do número de acidentes e patologias
associadas a estes riscos. Todos estes elementos fazem parte de um programa de
Biossegurança, de atuação transdisciplinar, que somente com a sua aplicação é possível o
estabelecimento de medidas eficazes de prevenção, com objetivo de reduzir os custos
associados ao absenteísmo e ao tratamento dos trabalhadores que adoecem o sofrimento e a
incapacidade que podem gerar.
Há sempre uma face de tensão entre a prevenção e a segurança e cuidados de um
lado e a margem de lucro de outro, especialmente quando o assunto é abordado
segmentadamente.
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118
Anexo 1
119
Instrumento de coleta de informações
1) Identificação do local
Estimativa de pessoas do setor:
Localização externa: Área urbana ou rural
2) Identificação do Setor:
- Horário habitual de trabalho:
- A unidade tem atividade insalubre?
- A unidade dispõe para consulta no trabalho diário de manual de Biossegurança?
120
segurança, resistência e estabilidade?
14. Dependências e instalações para industrialização, conservação, embalagem e
depósito de produtos comestíveis separadas por meio de paredes totais das
destinadas ao preparo de produtos não comestíveis?
15. Mesas de aço inoxidável para os trabalhos de manipulação e preparo de matérias
primas e produtos comestíveis?
16. Água fria e quente, em todas as dependências de manipulação e preparo, não só
de produtos, como também de subprodutos não comestíveis?
17. Depósitos de água com descarga de vapor para esterilização de facas, ganchos e
outros utensílios?
18. Canalização em tubos próprios para a água destinada exclusivamente a serviços
de lavagem de paredes e pisos (cor vermelha); a água destinada à limpeza do
equipamento empregado na manipulação de matérias-primas e produtos
comestíveis (cor branca ou preta)?
19. Rede de esgoto com instalações para retenção de gordura e resíduos e corpos
flutuantes?
20. Sistema de tratamento de efluentes?
21. Vestiários, rouparia, banheiros e demais dependências necessárias, em número
proporcional ao pessoal?
22. Pátios e ruas pavimentados, bem como as áreas destinadas à secagem de
produtos?
23. Área sede para os profissionais do Serviço de Inspeção Estadual?
4) Na sala de:
1. Os trabalhadores fazem uso de EPI/EPC? Quais?
2. Quais instrumentos de trabalho são usados?
3. Quais os riscos em cada etapa?
121
Anexo 2
122
3259
REVISÃO REVIEW
da margem do lucro à margem da segurança
Abstract The cold storage unit and meat produc- Resumo A indústria frigorífica e o complexo de
tion industry has made Brazil one of the leading carnes fazem do Brasil um dos principais produ-
suppliers and exporters of products of animal ori- tores e exportadores mundiais de produtos de ori-
gin. The rapid expansion of the market has led to gem animal. A ampliação do mercado leva à com-
a rise in competitiveness from a capitalist stand- petitividade do ponto de vista capitalista e, nesta
point, and in this respect corporate profit often perspectiva, o lucro empresarial, muitas vezes
leads to the need to adapt human actions to new impõe-se à necessidade de adaptar a ação huma-
functions in order to reduce costs and maximize na às novas funções, procurando minimizar cus-
production. These routine activities involve re- tos e maximizar produção. As atividades de roti-
petitive work, multi-tasking, long hours and op- na são longas, repetitivas, com acúmulo de tare-
erating machines with the use of sharp cutting fas, onde há operação de máquinas e utilização
tools, which is why the work is conducted wear- constante de instrumentos perfurocortantes, por
ing protective gear. Among the main hazards isso, são realizadas com o uso de equipamentos de
present, biological risks are the most important proteção. Dentre os agentes de risco de maior im-
due to direct exposure to internal organs, blood, portância está o biológico, com a exposição por
fecal matter, urine and placental or fetal fluids from contato direto com sangue, vísceras, fezes, urina,
slaughtered animals that may be infected with secreções, restos placentários, líquidos e fetos, que
pathogens of zoonotic origin. This paper discusses podem estar infectados com patógenos de caráter
the risks to which slaughterhouse-cold storage unit zoonótico. Este artigo discute riscos a que estão
professionals are exposed, conducting a thorough sujeitos os profissionais de matadouros-frigorífi-
bibliographical review of the literature that takes cos, através de uma revisão integrativa da litera-
into consideration the conceptual framework of tura, considerando o arcabouço conceitual da Bi-
Biosafety, which contributes to improve the safety ossegurança que contribui para a segurança e saúde
and health conditions of these workers. dos trabalhadores.
1
Escola Nacional de Saúde Key words Slaughterhouses, Exposure to biolog- Palavras-chave Matadouros, Exposição a agen-
Pública Sérgio Arouca.
ical agents, Occupational hazards tes biológicos, Riscos ocupacionais
Fundação Oswaldo Cruz. R.
Leopoldo Bulhões 1480,
Manguinhos. 21.041-210
Rio de Janeiro RJ Brasil.
gabicmarra@uol.com.br
2
Centro Universitário
Dinâmica das Cataratas.
Remoção e inspeção Contato com fezes, sangue e órgãos, inalação de aerossóis, queda de peças dos
das vísceras animais (órgãos), manipulação de material perfurocortante (faca), monotonia,
repetitividade, hipersolicitação anatômica e/ou funcional das articulações,
aplicação de força, eletricidade, ruído intenso, pressa pela velocidade da linha de
produção, temperatura e umidade excessivas, piso escorregadio.
Corte para divisão da Manipulação de material perfurocortante (faca e moto-serra), monotonia,
carcaça e lavagem das repetitividade, hipersolicitação anatômica e/ou funcional das articulações, em
meias carcaças posições extremas, vibrações, aplicação de força, eletricidade, ruído intenso,
pressa pela velocidade da linha de produção, contato constante com água fria sob
pressão, temperatura e umidade excessivas, piso escorregadio.
Desossa Manipulação de material perfurocortante (faca e fragmentos de ossos),
repetitividade, monotonia, hipersolicitação anatômica e/ou funcional das
articulações, em posições extremas, vibrações, aplicação de força, ruído intenso,
pressa pela velocidade da linha de produção, temperatura e umidade excessivas,
piso escorregadio.
Resfriamento e Manipulação de material perfurocortante (ganchos, fragmentos ósseos),
armazenamento vibrações, aplicação de força, eletricidade, ruído intenso, pressa pela velocidade da
linha de produção, temperatura excessiva, piso escorregadio.
Bucharia e triparia Contato com fezes, sangue e órgãos, produtos químicos, manipulação de material
(cozimento do perfurocortante (faca), monotonia, repetitividade, eletricidade, ruído intenso,
estomago e lavagem pressa pela velocidade da linha de produção, temperatura e umidade excessivas,
dos intestinos) piso escorregadio.
Contato com fezes, sangue e órgãos, produtos químicos, manipulação de material
Graxaria (produção
perfurocortante (faca, fragmentos ósseos, dentes), repetitividade, aplicação de
de farinha de osso e
força, eletricidade, ruído intenso, produtos químicos, temperatura e umidade
carne para ração
excessivas, piso escorregadio.
animal)
Fonte: Tavolaro et al.19; Johnson et al. 20; Vasconcellos et al.21; Gomaa et al.22; Hinrichsen23; Sarda et al. 24; Serranheira et al.27;
Johnson e Ndetan30; Lachance et al.31; Pacheco e Yamanaka32; Netto e Johnson33.
Quadro 2. Principais problemas que podem afetar os profissionais dos estabelecimentos de produção de
produtos de origem animal, segundo estudos publicados de 2000 a 2011.
Número da referência
Problema
do artigo
Problemas Lesões por esforço repetitivo; epicondilite; dor, 18, 23, 26, 27, 28, 32,
músculo- parestesia e problemas articulares; lesões dos nervos 34, 37
esqueléticos ulnar e radial, artrite, artrose, reumatismo, espondilose
Problemas nas vias Gripes, amidalite, laringite, bronquite, 18, 19, 27, 28, 34, 38, 39
respiratórias broncopneumonias, pneumonias, rinite, asma dentre
outros
Outros problemas Lesões dos tecidos e da pele ou necrose (frostbite) 18, 28, 34
causadas pelo frio
Risco aumentado de câncer 18, 19, 41, 42, 43, 44, 45
Tabela 1. Distribuição dos artigos por tipo e classe de risco do agente etiológico causador da doença.
Patógeno Classe de risco Número de referência do artigo
Brucella 3 19, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56
Leptospira 2 52, 57, 58, 59, 60, 61, 62
Toxoplasma gondii 2 52, 61, 63, 64, 65, 66
Coxiella burnetii 3 67, 68, 69, 70
Streptococcus 2 71, 72, 73, 74
Campylobacter 2 75, 76, 77
Virus hepatite E 2 78, 79, 80
Salmonella 2 78, 80
Taenia solium 2 81, 82
Virus Nipah 3 83, 84
Virus hepatite B 2 85
Mycobacterium bovis 3 86
Trichophyton verrucosum 2 87
Trichinella 2 88
Virus Crimean-Congo Hemorrhagic fever 4 89
Cryptosporidium 2 90
Prion causador da doença de Creutzfeldt-Jakob 2 91
Babesia 2 92
Toxocara 2 93
base vários critérios, dos quais destacam-se: a pelas vias respiratórias. Dentre os 54 artigos iden-
gravidade da infecção que causa, a virulência, a tificados, que abordam aspectos de algumas das
patogenicidade, a dose infectante, o modo de doenças infecciosas ocupacionais para os traba-
transmissão, a estabilidade do agente, a concen- lhadores dos estabelecimentos de produção de
tração e o volume, a origem do material patogê- produtos de origem animal, 19 possuem os agen-
nico, a disponibilidade de medidas profiláticas e tes etiológicos da classe de risco 3.
de tratamento eficaz, a resistência a drogas, a A brucelose foi a doença ocupacional mais
endemicidade e a capacidade de disseminação no representativa, tendo sido identificados 12 estu-
meio ambiente92. A importância desta classifica- dos (22,2%) entre os artigos analisados. Este dado
ção está centrada nos aspectos relacionados à corresponde ao que é relatado pela literatura, ou
determinação de medidas a serem tomadas para seja, de que a brucelose no homem é principal-
a contenção e o controle dos riscos relaciona- mente de caráter profissional (tratadores, pro-
dos94. A classe 1 é a de menor risco e a classe 4 a prietários, médicos veterinários) ou aqueles que
de maior. O Gráfico 1 apresenta a distribuição trabalham com produtos de origem animal (ma-
das classes de risco dos agentes etiológicos cau- tadouros, laboratoristas)91,92.
sadores das doenças infecciosas abordadas nos Também foram encontrados artigos de doen-
artigos identificados neste estudo. ças causadas por outros agentes etiológicos per-
a) Doenças causadas por agentes biológicos tencentes à classe de risco 3. 7,4% (4) dos artigos
da classe de risco 4 foram sobre Coxiella burnetii, demonstrando que
São agentes que representam sério risco para é um agente que possui um risco representativo
o homem e para os animais, provocam doenças entre os profissionais de matadouros e de frigo-
fatais, além de apresentarem um elevado poten- ríficos. Acha e Szyfres95 relatam uma epidemia
cial de transmissão por aerossóis. Até o momen- ocorrida no Uruguai em uma indústria frigorífi-
to não há medidas profiláticas ou terapêuticas ca, em 1976, que acometeu um total de 310, dos
eficazes para infecções adquiridas. 630 operários e de inspeção sanitária e, ao final,
Foi encontrado 1 artigo que discute a febre estabeleceram como as maiores fontes de contá-
hemorrágica causada por um nairovirus, Cri- gio, os aerossóis contaminados, ocasionados pela
mean Congo Hemorrhagic Fever Vírus. Williams manipulação de placentas e de líquido amnióti-
et al.88 demonstram a soroconversão de 30% dos co. Além disto, determinaram que estes profissio-
profissionais que lidavam diretamente com o nais estão entre os mais susceptíveis a contrair
abate de animais e o processamento de carnes. ocupacionalmente a febre Q.
b) Doenças causadas por agentes da classe de Os aerossóis são partículas de tamanho que
risco 3 pode variar de 0,001 a 100 mm, sólidas e líquidas,
O patógeno pode provocar infecções graves suspensas em um gás, geralmente o oxigênio, que
no homem e nos animais, podendo propagar-se podem permanecer em suspensão por várias ho-
de indivíduo para indivíduo através de aerossóis, ras96. Os aerossóis infectantes podem ser gerados
pela manipulação de materiais biológicos e pela
utilização incorreta de alguns equipamentos, como
centrífugas e homogenizadores. Via de regra, a
rota de maior risco, nas infecções acidentais, é
aquela causada pelas partículas contaminadas
transportadas pelo ar97. É o modo de transmis-
63%
são de maior dificuldade de prevenção e, assim,
em determinadas atividades, a utilização de pro-
teção respiratória é obrigatória.
34% A encefalite ou pneumonia causada pelo Ví-
rus Nipah representa 3,7% (2) dos artigos. Saha-
ni et al.98 e Chew et al.83 relatam surtos de encefa-
lite e de pneumonia ocorridas na Malásia nos
2% anos de 1998 e 1999, onde houve o contágio de
pessoas, cães e gatos por carne de suínos infecta-
Cl. de risco 2 Cl. de risco 3 Cl. de risco 4 dos. Entre as pessoas afetadas haviam cinco tra-
balhadores de matadouros. O estudo demons-
Gráfico 1. Classe de risco dos agentes etiológicos trou uma taxa de soroconversão de 4,8% entre
causadores de doenças infecciosas. os trabalhadores de abatedouros de suínos. Su-
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