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Bem-Aventuranças
Xj^aminhe com Jesus no Monte das
Bem-aventuranças, enquanto você ex
plora a profundidade de Seu sermão e
experimenta o poder transformador
de Suas palavras.
George Knight, professor de História
da Igreja, na Universidade Andrews, faz
uma exposição progressiva dos 111
versos dos capítulos 5 a 7 de Mateus e
mostra como eles abrangem quase to
dos os aspectos da fé e do viver cris
tãos. Ele também nos conduz a muitos
textos da Bíblia que fornecem luz adi
cional ao sermão de Jesus no monte.
Através de sete passos, você desco
brirá como é possível ter um viver
transformado e cumprir a regra áu
rea: amar a Deus e aos semelhantes.
507073
Meditações Diárias
George R. Knight
Tradutores:
José Barbosa da Silva
Vera Michel de Matos
Neila D. Oliveira
Primeira edição
Quarenta e cinco mil exemplares
2001
IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil
6918/7069
O Primeiro Passo
O Caráter do Cristão (Mat. 5:3-12)
12 de janeiro a 5 de março
O Segundo Passo
A Influência do Cristão (Mat. 5:13-16)
6 a 25 de março
O Terceiro Passo
A Justiça do Cristão (Mat. 5:17-48)
26 de março a 22 de junho
O Quarto Passo
A Piedade do Cristão (Mat. 6:1-18)
23 de junho a 17 de agosto
O Quinto Passo
Alvos e Prioridades do Cristão (Mat. 6:19-34)
18 de agosto a 11 de outubro
O Sexto Passo
Os Relacionamentos do Cristão (Mat. 7:1-12)
12 de outubro a 13 de novembro
O Sétimo Passo
O Compromisso do Cristão (Mat. 7:13-29)
14 de novembro a 31 de dezembro
Versões Bíblicas Usadas:
ARC - Almeida Revista e Corrigida
BLH - A Bíblia na Linguagem de Hoje
BV - A Bíblia Viva
NVI - Nova Versão Internacional
Quando não especificada, a versão usada foi a
Almeida Revista e Atualizada, T- edição.
O Caráter do Cristão Segunda-feira
Ia de janeiro
O Reino Radical
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos
Céus. ” Mateus 5:3, ARC.
Essa não parece uma boa maneira de começar um sermão. Que
ro dizer, não é politicamente correto. Falta a delicadeza e bom senso de
alguém especializado em relações públicas.
Afinal, quem deseja ouvir sobre pobreza de espírito? Esse pregador
não está sintonizado com o mundo. Para ser “bem-sucedido”, você tem
que dar às pessoas o que elas querem; tem que apresentar-lhes as pala
vras e idéias que elas desejam ouvir.
E qualquer ouvinte sabe que as pessoas se enchem de alegria com
mensagens tais como: “Bem-aventurados os ricos” ou “Bem-aventura
dos os ricos de espírito”.
Bem, se Jesus realmente desejava atrair uma multidão, Ele tinha
que inteirar-Se dos métodos do mundo. Com uma mensagem do tipo:
“Bem-aventurados os pobres de espírito”, Ele nunca atingiría a maio
ria das pessoas. Ele nunca alcançaria o tipo de sucesso que é respeita
do pela cultura em geral.
Mas é exatamente aí que está a diferença entre os valores conven
cionais e Jesus. Ele não estava preocupado com a admiração do mun
do à Sua volta. Preocupava-Se em estar em sintonia com Deus.
Como resultado, Sua mensagem é o oposto daquela da cultura em
geral. É uma mensagem contrária à sabedoria .do mundo. Aos olhos do
mundo, Jesus está pregando uma mensagem contracultural. Na reali
dade, essa primeira bem-aventurança inverte o sistema de valores do mun
do. Ela revoluciona as coisas.
O reino de Jesus é um reino radical, e seus cidadãos também serão
radicais. Essa é a mensagem surpreendente das Bem-aventuranças, do
Sermão do Monte, e de todo o Novo Testamento.
“Bem-aventurados os pobres de espírito.” Essa é uma das declara
ções mais radicais do mundo. Contudo, constitui a base da mensagem
cristã de Jesus.
E essa mensagem é pessoal, para mim e para você. Temos que es
colher entre Jesus e o mundo - entre seus valores e os dEle. Nas Bem-
aventuranças, Jesus estabeleceu os princípios centrais de Seu reino ra
dical.
gumas pessoas pensam. Sei que é errado desejar poder e bens terrenos. De
sisti desse modo de vida. Minha vida está focalizada nas coisas espirituais.
Não sou como essas outras pessoas lá fora. Tenho tudo sob controle.
Espere! Não vá adiante! Acho que você se esqueceu de um ponto.
Não tenho certeza se você já caiu num penhasco espiritual. Mas se is
so não aconteceu, você está correndo o mesmo risco.
Afinal, o homem do nosso texto bíblico de hoje era um “bom” ho
mem. Ele também desistiu do modo de vida do mundo e centralizou
sua vida e pensamentos nas coisas espirituais.
Mas ele não se aprofundou o suficiente. Colocou em ordem seus
atos superficiais, mas não havia se tornado “pobre de espírito”. Na ver
dade, ele ainda tinha orgulho interior. Simplesmente havia transferi
do seu orgulho das coisas terrenas para as assim chamadas coisas espi
rituais. Como resultado, ainda tinha a mesma doença. Mas agora ele a
tinha de uma forma mais sutil - estava orgulhoso de sua bondade.
Não há nada mais perigoso para o verdadeiro cristianismo do que o
orgulho espiritual. Como Ellen White apresenta: “Nada é tão ofensivo
a Deus nem tão perigoso para o ser humano como o orgulho e a presun
ção. De todos os pecados é o que menos esperança incute, e o mais ir
remediável.” - Parábolas de Jesus, pág. 154. Isto é verdade porque “o or
gulho não sente necessidade alguma, e assim fecha o coração a Cristo e
às infinitas bênçãos que veio dar”. - Caminho a Cristo, pág. 30.
O publicano é o verdadeiro herói em Lucas 18, porque ele sabia
que era indigno e precisava de ajuda. “O Deus, tem misericórdia de
mim, pecador!” (verso 13, ARC), foi sua oração. Porque era humilde
de espírito, Deus pôde perdoá-lo.
Senhor, ajuda-me neste dia a perceber a extensão de minha neces
sidade de Ti. Ajuda-me a estar disposto a ser humilde de espírito.
 Obra do Consolador
Mas Eu vos digo a verdade: convém-vos que Eu vá, porque, se Eu
não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, Eu for, Eu vo-lo
enviarei. Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e
do juízo. João 16:7 e 8.
U™ das coisas mais maravilhosas sobre o cristianismo é que
nunca estamos sozinhos. Por causa do amor infinito de Deus, cada um
de nós tem o auxílio do Espírito Santo na vida pessoal.
O Espírito Santo, em nosso texto de hoje, é caracterizado em vá
rias traduções não apenas como “o Consolador”, mas como “o Auxi-
liador” (BLH) e “o Conselheiro” (NVI). Na verdade, Ele é tudo isso e
muito mais. De todas as pessoas, os cristãos são os mais abençoados
porque têm um Membro da Divindade trabalhando ativamente com
eles todos os dias. Precisamos louvar mais a Deus pelo Consolador.
Mas a obra do Espírito em nossa vida não se resume só em conso
lar - ou pelo menos não de imediato. Algumas vezes Sua obra é ini
cialmente a de incomodar. Até mesmo magoar. Porque, você sabe, é
obra do Espírito nos convencer do pecado. É obra do Espírito nos di
zer que algo está errado em nossa vida; que não somos o que devíamos
ser; até mesmo que somos egoístas, mesquinhos ou orgulhosos. Ele
sempre está esquadrinhando as áreas de nossa vida que gostaríamos de
manter secretas.
Mas, na verdade, essa obra é unicamente de misericórdia. È como
aquela do médico que nos examina no nível físico para precisar se te
mos uma doença perigosa.
Ouça o Espírito Santo. Ele tem uma mensagem que precisamos ou
vir. E a mensagem de que somos indignos desde o nascimento. Ele nos
convence de nossa pobreza espiritual. Mas Sua obra envolve mais do
que isso. O Consolador também aponta a solução para todos os nossos
problemas - Jesus Cristo, Seu sacrifício por nós na cruz, e a justiça ili
mitada que Ele deseja nos imputar.
Louve a Deus pela obra do Consolador. Ele aponta nossa pobreza
para que possamos nos tomar ricos em Jesus.
Heróis da Pobreza
Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros,
habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei,
o Senhor dos Exércitos! Isaías 6:5.
Cidadãos do Reino
Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia e
dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus. Mateus 3:1 e 2.
J esus começou Sua pregação exatamente com a mesma mensa
gem de João (ver Mateus 4:17). O reino chegou com o início do minis
tério de Jesus. E na primeira bem-aventurança, os pobres de espírito são
chamados abençoados porque “deles é o reino dos Céus” (Mat. 5:3).
Note que na primeira bem-aventurança, a bênção é uma realidade
presente. Essa mesma verdade é repetida no verso 10, enquanto mui
tas das bênçãos interpostas são declaradas no tempo futuro.
O que isso significa? O reino não virá na segunda vinda de Jesus?
A resposta é tanto sim como não.
O Novo Testamento tem dois pontos de vista do reino dos Céus.
O reino chegou com o ministério público de Jesus, mas não será esta
belecido em sua plenitude até que Jesus volte nas nuvens do céu. O
primeiro desses aspectos do reino pode ser considerado como o reino
da graça, enquanto o segundo pode ser visto como o reino da glória.
Dessa forma, os crentes já são cidadãos do reino de Deus, e já têm
a vida eterna (João 5:24; 6:47). A posse é algo atual.
Como isso aconteceu? Como nos tornamos cidadãos do reino? El
len White apresenta a resposta de maneira precisa: “Todos os que têm
a intuição de sua profunda pobreza de alma”, escreve ela, “e vêem que
em si mesmos nada possuem de bom, encontrarão justiça e força
olhando para Jesus. ... Ele vos ordena que troqueis a vossa pobreza pe
las riquezas de Sua graça.... Qualquer que tenha sido vossa vida passa
da, por mais desanimadoras que sejam vossas circunstâncias presentes,
se fordes a Jesus exatamente como sois, fracos, incapazes e em desespe
ro, nosso compassivo Salvador irá grande distância ao vosso encontro,
e em torno de vós lançará os braços de amor e as vestes de Sua justiça.
Ele nos apresenta ao Pai, trajados nas vestes brancas de Seu próprio ca
ráter.” - O Maior Discurso de Cristo, págs. 8 e 9.
Louve a Deus hoje, porque se você é humilde de espírito, já é um
membro do reino dos Céus. Louve a Deus hoje por Suas bênçãos infi
nitas em Jesus.
Bem-aventurado ou Feliz?
Felizes são vocês, os pobres, porque o Reino de Deus é de vocês. Lucas
6:20, BLH.
(Zmda uma das bem-aventuranças de Jesus, em Mateus e Lucas,
começam com a palavra grega makarios. Essa palavra pode ser traduzi
da de várias maneiras, incluindo “Bem-aventurados” (ARA, ARC,
NVI) e “felizes” (BLH, BV).
Existe a idéia de que crentes em Jesus são felizes e têm direito à fe
licidade. Afinal de contas, conforme notamos ontem, eles já são mem
bros do reino de Deus.
Mas no conjunto, “felizes” é uma tradução inadequada para maka
rios, porque a maioria de nós vê a felicidade como um estado subjetivo.
Isto é, felicidade é como nos sentimos. Sentimo-nos tristes ou felizes.
Mas a vida do cristão não é baseada em um sentimento subjetivo.
Certa vez um rapaz veio até o meu escritório, totalmente frustrado por
que não se sentia feliz. Esses sentimentos o haviam levado a um pro
fundo desânimo espiritual. Afinal, Jesus não disse repetidas vezes que
se ele era um cristão, seria feliz? Portanto, sendo que ele não estava fe
liz, não devia ser um cristão. Algo devia estar errado em sua vida, mas
ele não conseguia imaginar o que era. Como uma pessoa sincera, ele
estivera vivendo no abismo do desespero.
Expliquei a meu amigo estudante que ele havia entendido tudo er
rado. Nossa aceitação de Deus não está baseada em sentimentos sub
jetivos de felicidade ou tristeza, mas no fato objetivo de que Jesus mor
reu pelos nossos pecados e que todos os que aceitam o Seu sacrifício
pela fé, já foram perdoados e adotados na família do concerto, e se tor
naram cidadãos do reino.
Em outras palavras, ele era bem-aventurado não importava como
se sentia. As boas novas são que nossa salvação é um fato consumado.
Assim, embora eu possa não me sentir feliz por ser “perseguido por
causa da justiça” (Mat. 5:10), posso ainda ter paz porque tenho sido
abençoado por Jesus. Essa é a realidade. E enquanto existe a consciên
cia de que posso ser feliz por causa dessa paz de coração, a bem-aven
turança é mais do que felicidade. “Bem-aventurados”, disse Jesus, “os
pobres de espírito, porque deles é o reino dos Céus.”
Jesus Novamente
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Mateus 5:4.
O Pranto na Cruz
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras.
I Coríntios 15:3.
\ocê já feriu outra pessoa por causa de um descuido de sua parte?
Tenho um quadro em minha mente que sou incapaz de apagar.
Aconteceu numa tarde de primavera em Houston, Texas. Minha filha
Bonnie, de seis anos, sempre ficava muito feliz ao ver-me depois de mi
nha longa ausência enquanto estava no trabalho.
Um dia, enquanto distraída e descuidadamente eu entrava com o
carro no caminho para a garagem, ela correu em volta da casa para re-
ceber-me com os braços abertos.
A próxima coisa que vi foi sua cabeça batendo no capô quando eu
atingi seu frágil corpo. O impacto a arremessou longe. Os próximos se
gundos foram repletos de pensamentos rápidos. Teria o meu descuido
custado a vida dela? Teria eu causado algum dano físico irreparável?
Como eu podia ter sido tão tolo? Tão imprudente?
Felizmente, Bonnie saiu ilesa. Mas fiquei desolado e totalmente es
gotado com a experiência. Auto-recriminações encheram minha men
te. Fiquei num estado de profundo pesar por causa de minhas ações.
Meu descuido havia colocado em risco a vida de minha única filha.
Como cristãos, experimentamos um sentimento semelhante em
nosso relacionamento com Jesus. Nosso pecado, nossa rebelião, nossa
imprudência, colocaram Jesus na cruz do Calvário. Ele morreu por cau
sa de nossos pecados. Não! Não! Não! E mais pessoal do que isso. Ele
morreu por causa dos meus pecados.
Quando olhamos para a cruz precisamos ter a percepção total do
que o pecado pode fazer. Ele tomou a vida mais amada da história e
despedaçou-a sobre uma cruz.
Uma das funções mais importantes da cruz é abrir nossos olhos pa
ra a imensidão e horror do pecado. Quando vemos o que o pecado fez
a Cristo, não podemos evitar sentir profunda tristeza pelo nosso peca
do. Por isso, nosso lamento não é apenas por nossos pecados pessoais,
mas também pelo que esses pecados fizeram a Jesus.
O cristianismo começa com a percepção do pecado. Mas não pára
aí. Afinal de contas, os que choram serão consolados. Deus toma as
coisas essencialmente ruins e salienta o que há de bom nelas.
Consolo Presente
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de
misericórdias e Deus de toda consolação! É Ele que nos conforta em toda
a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer
angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por
Deus. II Coríntios 1:3 e 4.
Consolo Futuro
Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito
aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm
esperança. I Tessalonicenses 4:13.
Consolo Eterno
E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. Apocalipse 7:17.
-^Vqueles que amam a Jesus e os que sentem tristeza por seus pe
cados, os pecados da igreja e do mundo, recebem consolo em vários ní
veis. Há conforto presente no perdão dos pecados e adoção na família
de Deus. Há consolo futuro na segunda vinda e na ressurreição. E há
consolo eterno nas promessas que se encontram na Bíblia acerca do
Céu e da Nova Terra.
“Nós, porém, segundo a Sua promessa”, escreveu Pedro, “espera
mos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.” II Ped. 3:13. Es
sa experiência da Nova Terra é a suprema esperança e o supremo con
solo para os que choram por causa do pecado e suas conseqüências nes
ta época em que vivemos.
O consolo de todos os consolos será o estabelecimento do lar eter
no dos santos na Terra renovada. O revelador nos dá um vislumbre do
conforto futuro dos seguidores de Jesus, quando escreveu que Deus
“enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não ha
verá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”.
Apoc. 21:4-
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” Mat. 5:4.
Não sei como você se sente, mas tais promessas me fazem desejar
estar bem com Deus; me fazem desejar tornar o reino de Deus a prio
ridade em minha mente e coração.
Deus não nos deixou à nossa mercê. E isso é bom, porque somos
indefesos, sem esperança e pobres de espírito. Perceber nossa verdadei
ra condição nos leva a chorar por causa de nossos pecados e nosso
mundo pecaminoso. Mas chorar não é o fim. Esse é o lado negativo.
De uma natureza mais positiva será a fome e sede pelas coisas divinas.
Senhor, ajuda-me hoje a perceber mais completamente a desespe
rança de meu mundo e minha vida sem Ti. Aguardo com todo o meu
coração Seu reino vindouro. Aguardo as alegrias do Céu e a Terra re
novada. Ajuda-me neste dia a ter um contato mais íntimo contigo.
Amém.
A Mansidão Suprema
Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Mateus 11:29-
A_s vidas de Moisés, Davi e Paulo são úteis, mas é o exemplo de
Jesus que tem extrema importância para os cristãos. A vida de Cristo
foi o exemplo por excelência de mansidão. Vemos isso em todos os lu
gares dos Evangelhos. Percebemos isso em Sua reação com as pessoas,
especialmente quando Ele sofreu perseguição, desprezo e escárnio.
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”, Ele foi capaz de di
zer aos que O crucificaram. Sendo Deus, Jesus tinha poder para vingar-
Se daqueles que zombavam dEle enquanto morria. Mas Ele preferiu
não fazê-lo. Ele preferiu morrer até mesmo por aqueles que estavam
maldosamente usando e abusando dEle.
Ao mesmo tempo que a mansidão de Jesus é vista em relação a ou
tras pessoas, ela é até mais evidente em Sua submissão ao Pai. Contem-
ple-O no Getsêmani, onde Ele teve finalmente que ficar face a face
com a crise da cruz. Três vezes ele orou para permanecer submisso à
vontade de Seu Pai. Embora fosse um Homem destemido e de grande
firmeza de caráter, Jesus foi submisso a Deus. Sua mansidão estava evi
dente em tudo que fazia e dizia.
Filipenses 2:5-8 é especialmente útil na compreensão da mansidão
de Jesus, quando Paulo nos diz para seguir o exemplo de “Cristo Jesus,
pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o
ser igual a Deus; antes, a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de
servo, tornando-Se em semelhança de homens; e, reconhecido em fi
gura humana, a Si mesmo Se humilhou, tornando-Se obediente até à
morte e morte de cruz”.
Esta passagem proporciona a cada um de nós um exemplo incrível
para seguirmos em nossa vida diária. Jesus era Deus, contudo consen
tiu em viver a vida terrena, não como um rei que merecia respeito, mas
como Alguém que tinha a missão de servir os outros.
Isto, meus amigos, é a essência do cristianismo. Deus deseja liber
tar-nos do orgulho e auto-suficiência, para que possamos nos tornar
Seus servos e servos de nossos semelhantes.
Herdeiros da Terra
Porque o Senhor Se agrada do Seu povo; Ele adornará os mansos com a
salvação. Salmo 149:4, ARC.
Al economia política terrena está baseada em segurança e poder.
Não está numa quantidade infinita de riquezas. Como resultado, ho
mens e mulheres, em todos os lugares, lutam para obter sua parte - ou,
falando honestamente, mais do que a sua parte.
Os resultados da agressão e egoísmo humanos são vistos em todo
lugar. Nação luta contra nação no cenário internacional, enquanto in
divíduos batalham por posição na escala corporativa.
Parece que a herança dos mansos não seria grande coisa. A recom
pensa final de Jesus foi a cruz. E muitos dos Seus fiéis seguidores foram
perseguidos, aprisionados e levados à morte.
Os jornais diários parecem contradizer diretamente a sentença de
Jesus de que os mansos herdarão a Terra. O ponto de vista terreno pa
rece estar posicionado a favor da lei darwinista da selva: a sobrevivên
cia do mais apto.
Mas as realidades aparentes não são as únicas realidades. Nem são
as realidades definitivas.
A promessa da terceira bem-aventurança está no futuro. “Os man
sos... herdarão a Terra”, no final de todas as coisas (Mat. 5:5).
Mas não será a Terra que conhecemos atualmente, com sua des
truição, egoísmo e poluição. Será uma Terra restaurada à sua condição
edênica. Será uma Terra na qual não haverá mais tristezas, funerais ou
hospitais. Será um planeta que verdadeiramente valerá a pena.
Como Isaías diz:
“Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos
dos surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos canta
rá; pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo. A areia es-
braseada se transformará em lagos, e a terra sedenta, em mananciais de
águas.” Isa. 35:5-7.
Não apenas as características físicas da Terra serão diferentes, mas
também seus cidadãos. A mansidão será uma característica de todos.
Apenas os que têm como característica a mansidão herdarão a Terra.
O Evangelho Desvendado
Escutem, os que têm sede: venham beber água! Venham, os que não têm
dinheiro: comprem comida e comam! Venham e comprem leite e vinho, que
tudo é de graça. Isaías 55:1.
Desviando o Foco
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Mateus 5:7.
7^. quinta bem-aventurança nos apresenta um ponto crítico. As
quatro primeiras tratam de nossa relação com Deus. A quinta começa a
tratar de nosso relacionamento com outras pessoas. O mesmo é verdade
com respeito às últimas três. Assim, a maneira mais simples de dividir as
Bem-aventuranças é como a das tábuas dos Dez Mandamentos.
Há uma verdade profunda na base dessa disposição. O cristianismo
não é simplesmente uma questão de amar e ter afeição por Deus. Lon
ge disso. Os dois Testamentos ilustram o cristianismo como amor tanto
a Deus como às outras pessoas. Não estamos tratando de “um ou outro”,
mas de “um e outro”.
Na verdade, para mim, é impossível amar a Deus sem amar os ou
tros. De igual forma, se realmente refletirmos nisso, é impossível amar
genuinamente as outras pessoas, sem amar a Deus. O máximo que você
transmita de amor a um irmão ou irmã, desvinculado do amor divino,
é meramente uma forma mais sutil de egoísmo humano. Isto é, eu o
amo por causa do que você pode fazer por mim.
Nosso Senhor escolheu cuidadosamente a ordem das Bem-aventu
ranças para representar a ordem de nossa salvação. Cada bem-aventu
rança segue a seqüência lógica da anterior. Assim, quando percebo que
não tenho justiça em mim mesmo e sou verdadeiramente humilde de
espírito, reconheço minha extrema debilidade. Clamo por livramento,
e a percepção de meu verdadeiro estado me torna genuinamente man
so em vez de altivo e imponente. Percebendo minha condição deses
perada, naturalmente sinto fome e sede do perdão e da capacitadora
justiça de Deus.
Nesse ponto, o Deus de todas as misericórdias entra em cena e
aceita meu arrependimento, me declara perdoado, e implanta em mim
um novo coração. Sou redimido, salvo por Sua misericórdia para co
migo. Essa é a promessa das quatro primeiras bem-aventuranças.
Mas como devo responder? Esse é o assunto da “segunda tábua” das
Bem-aventuranças. Serei misericordioso, puro de coração, pacificador
e paciente quando tratado injustamente. Em resumo, através do poder
de Deus me tomarei mais e mais semelhante a Jesus.
O Significado de Misericórdia
Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em
misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que
perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocente o
culpado. Êxodo 34:6 e 7-
A Essência do Assunto
Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as fontes da vida. Provérbios 4:23-
CsXuando Sir Walter Raleigh foi levado ao cepo de execução, seu
executor perguntou se sua cabeça estava na posição correta. Raleigh
respondeu: “Pouco importa, meu amigo, como está a cabeça, contanto
que o coração esteja bem.”
De maneira semelhante, quando vou ao médico para fazer uma ci
rurgia na perna, a primeira coisa que o médico faz é examinar meu co
ração. Afinal, se o coração não estiver bem, não há necessidade de
consertar a perna. Sem um coração sadio, a melhor perna do mundo
de nada me serve.
No campo físico, o coração é o centro da vida. E o pulsar daquele
músculo que espalha vida ao restante do corpo.
O mesmo acontece no campo espiritual. Daí a ênfase bíblica sobre
a importância de um coração reto para com Deus.
Jesus pronuncia Sua bênção sobre aqueles que são “puros de cora
ção”. Isso significa que Ele não elogia aqueles que são intelectuais. Ele
não diz: “Bem-aventurados os que compreendem a doutrina correta
mente, porque eles verão a Deus.” Seu destaque está no coração.
Mas, por favor, não me entenda mal. Doutrina correta é importan
te, não é, porém, a essência do assunto. Você pode ter uma compreen
são correta das doutrinas e ser mais mesquinho do que o diabo. Uma
pessoa pode ser “direita” no que se refere às doutrinas, e contudo ser
uma maldição para a igreja e um falso representante de seu Senhor.
Como acontece na vida física, o centro da existência cristã é o co
ração. O coração que está bem, tanto com Deus como com outras pes
soas, estabelece o cenário para a compreensão correta da doutrina e a
correta expressão da fé na vida diária da pessoa. Sem um coração espi
ritual sadio, você está espiritualmente morto, não importa quão bem
você entenda teologia ou quanto da Bíblia conseguiu memorizar.
São os puros de coração que verão a Deus.
Senhor, ajuda-me hoje a estabelecer minhas prioridades correta
mente. Ajuda-me hoje a entregar meu coração a Ti. Ajuda-me hoje a
começar a ver-Te melhor.
O Centro de Controle
Ouvi e entendei: não é o que entra pela boca o que contamina
o homem, mas o que sai da boca... O que sai da boca vem do coração, e
é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios,
homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.
Mateus 15:10-19.
Pureza é Importante
Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que
pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no livro da vida do
Cordeiro. Apocalipse 21:27.
O significado básico de puro é “sem impurezas, limpo, sem con
taminação”. O termo grego é com freqüência usado para referir-se a
metais que foram refinados até que toda a impureza tenha sido remo
vida, restando só o metal puro.
Assim, nesse sentido, pureza significa sem mistura, não adulterado,
genuíno. Quando esse pensamento é aplicado ao coração, pensamos
em motivos puros, ou, melhor ainda, em sinceridade, devoção indivi
dual, uma pessoa que é totalmente dedicada a Deus, de acordo com os
Seus princípios.
O oposto de pureza no campo espiritual é ser inconstante. A pes
soa inconstante procura seguir ao Senhor e ao mundo ao mesmo tem
po. O coração impuro é um coração dividido. E um coração que busca
alcançar dois alvos incompatíveis ao mesmo tempo.
Jesus disse que isso é impossível. “Ninguém pode servir a dois se
nhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se de
votará a um e desprezará ao outro.” Mat. 6:24- Tiago enfatiza a mesma
coisa quando escreve que “ser amigo do mundo é ser inimigo de Deus.
Quem quiser ser amigo do mundo se toma inimigo de Deus”. Tiago
4:4, BLH.
Deus deseja que dominemos nossos atos. Quer que decidamos
quem é na verdade o Deus de nossa vida - as coisas da Terra ou o Se
nhor Jesus. Essas duas áreas representam dois reinos estabelecidos so
bre duas diferentes séries de princípios.
Quando Jesus nos diz que Seus seguidores devem ser puros de co
ração, Ele quer dizer mais do que meramente limpeza das coisas exte
riores que contaminam nossa vida. Ele quer dizer também que precisa
mos compreender que vivemos em um campo de batalha espiritual, e
que é necessário que escolhamos com cuidado a quem nos sujeitamos.
Ser puro de coração é entregar totalmente nossa vida, mente e vonta
de a Deus e aos Seus princípios. Tais pessoas terão seus nomes escritos
no livro da vida e verão a Deus.
Novamente Surpreendidos
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de
Deus. Mateus 5:9.
CZomo as outras bem-aventuranças, esta vai contra a maneira de
pensar dos judeus.
Desde seu primeiro capítulo, Mateus apresenta Jesus como o Mes
sias e o Filho de Davi. Na mente dos judeus, os títulos dados às pessoas
tinham implicações políticas. Os dois títulos vêm juntos na imagem de
um rei terreno. Davi fora um ilustre guerreiro vencedor, e os judeus do
primeiro século esperavam que o seu Rei Messias seguisse o mesmo
programa. O Messias (ou Cristo) devia ser um libertador nacional.
Por exemplo, nos Salmos de Salomão (um livro judeu escrito no
período entre o Antigo e o Novo Testamentos), o ungido Filho de Da
vi é um rei que se levantaria dentre o povo para libertar Israel dos seus
inimigos. Esse rei davidiano seria dotado de dons sobrenaturais. De
igual modo, em IV Esdras (um apocalipse do primeiro século d.C.) o
Messias reina sobre um reino messiânico temporário durante aproxi
madamente 400 anos.
Houve três grandes períodos de escravidão na história de Israel: o
egípcio, o babilônico e agora o romano. Os primeiros dois encontra
ram solução política, e o mesmo se esperava do terceiro.
Para os judeus do primeiro século, um Messias que nem sequer li
bertasse politicamente a nação, dificilmente podia ser considerado um
Messias genuíno.
E à luz dessa expectativa que vemos a proclamação radical de Je
sus de que os pacificadores seriam abençoados, em vez do Zelote que
cravava seu punhal no lado de um soldado romano.
Como de costume, Jesus inverteu as coisas. Seu reino é de uma or
dem diferente dos reinos do mundo. E de uma ordem diferente daque
la esperada pelos judeus.
Naturalmente, Jesus viera como vencedor. Ele viera para derrotar
as forças do mal. Viera para subjugar os princípios do reino de Satanás
e “salvar o Seu povo dos pecados deles”. Mat. 1:21.
Filhos de Deus
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.
Filipenses 2:5.
A Última Bênção
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o
reino dos Céus. Mateus 5:10.
CZ/om o verso 10, chegamos à última bem-aventurança. A pro
messa dessa bem-aventurança é idêntica à da primeira - “deles é o rei
no do Céu”. Mat. 5:3 e 10.
Assim, Jesus começou e terminou com a mesma promessa. A pro
messa da primeira bem-aventurança e da última formam um pacote
verbal bastante abrangente, com Mateus 5:11 e 12 provendo um co
mentário sobre o verso 10.
Nesse pacote, Jesus colocou alguns dos mais importantes conse
lhos de Seu ministério. Nele, Ele descreveu a essência do caráter de ca
da cristão.
O fato de que Jesus apoiou esse importante segmento de Seus en
sinos com a menção do reino de Deus, é altamente significativo. O
centro, tanto da Sua mensagem (Mat. 4:17) como da mensagem de
João Batista (Mat. 3:2), era que o reino de Deus era chegado.
A importância do Sermão do Monte, é que ele apresenta os prin
cípios do reino de Jesus no início do Seu ministério. E esses princípios,
como mencionamos repetidas vezes nestes dois últimos meses, são ex
tremamente diferentes dos princípios do mundo, e até mesmo dos
princípios do mundo religioso dos dias de Jesus (e dos nossos).
Os judeus esperavam um reino de poder e glória, mas Jesus disse
que antes daquele reino chegar, Seus seguidores viveriam em um reino
de humildade de espírito, lamento pelo pecado, mansidão, fome e se
de de justiça, misericórdia, pureza, promoção da paz, e perseguição.
Para colocar em termos simples, o reino de Jesus não era o que os judeus es
peravam. Aquele reino virá em sua plenitude por ocasião da segunda vinda de
Cristo. No reino de poder e glória, os caminhos do mundo e do mundo religio
so não terão lugar. Muito pelo contrário, seus caminhos serão de mansidão, paz,
misericórdia e assim por diante.
Para mim, isso significa que a época presente é o tempo de come
çar a viver os princípios do Céu. Meu caráter não será transformado
por ocasião do segundo advento. Continuarei sendo o que tenho sido.
Agora é o tempo de permitir que Deus mude meu coração e minha vi
da para que eu possa estar preparado para a plenitude do reino.
O Segundo Passo
Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como
restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pe
los homens. Mateus 5:13, NVI.
CZ-hegamos ao nosso primeiro ponto decisivo na caminhada com
Jesus no Sermão do Monte. Nas Bem-aventuranças de Mateus 5:3-12,
Jesus define os elementos essenciais do caráter do cristão. Entretanto,
na metáfora do sal e da luz, nos versos 13 a 16, Ele considera a influên
cia do cristão.
Na verdade, essas duas seções do Sermão do Monte estão intima
mente relacionadas. Afinal, a influência do cristão depende do seu ca
ráter. Sem um caráter cristão, não pode haver influência cristã.
Esta última sentença pode parecer muito trivial para a maioria de
nós, para ter algum significado. O que queremos dizer quando falamos
que sem um caráter cristão, não há influência cristã?
Simplesmente isto: que os assim chamados cristãos, que não são
misericordiosos, mansos, nem puros de coração e outras coisas mais,
não são realmente cristãos, embora pertençam à igreja. Essa pessoa
exercerá alguma influência, mas sua influência não será cristã.
E aí está um problema para a igreja. Porque como a pessoa é cha
mada de cristã e pertence à igreja, suas ações são vistas pela comuni
dade em geral como representando aquilo que significa cristianismo.
Mas isso é um falso testemunho. A maneira trapaceira de alguns faze
rem negócios e o orgulho ou difamação de outros apresentam um falso
testemunho à comunidade. Isso não é testemunho cristão. A pessoa
precisa ser cristã conforme as Bem-aventuranças, se ela quer exercer
uma influência cristã.
Devemos observar também que Mateus 5:13 diz que os cristãos são
o sal da Terra. Se eles são cristãos, não há outra escolha. Essa é a nona
declaração de Jesus sobre os cristãos em Seu sermão. Assim sendo, co
mo são mansos e pacificadores, também serão o sal do mundo. E por
que somos o sal do mundo, precisamos estudar cuidadosamente a utili
dade do sal.
O Problema do Mundo
Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na
terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; então se
arrependeu o Senhor de ter feito o homem na Terra. Gênesis 6:5 e 6.
U m ponto importante para se compreender nas palavras de Je
sus, ao dizer que os cristãos são o sal da terra, ou do mundo, é que elas
não só descrevem o cristão, mas inferem uma descrição do mundo on
de o cristão deve atuar como sal. Jesus coloca o sal contra o mundo;
Ele quer dizer que os cristãos são diferentes e distintos do mundo. Uni
camente por serem diferentes e distintos, podem eles ser reconhecidos
como sal e ter o efeito do sal.
Esse capítulo já descreveu o cristão, mas não descreve o mundo.
Essa descrição é encontrada na Bíblia inteira.
A primeira descrição da Terra ou do mundo na Bíblia é: “Viu Deus
tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.” Gên. 1:31. Mas essa qua
lidade de “bom” não perdurou. Gênesis 3 relata a entrada do pecado e
da corrupção no mundo e na raça humana.
Gênesis 4 assimila essa descrição de corrupção e apresenta a situa
ção do mundo através da história de Cairn e Abel. No capítulo 6 en
contramos Deus declarando que a Terra e seus habitantes haviam ver
dadeiramente se corrompido ao máximo.
Mais tarde, a Bíblia descreve o Dilúvio e Deus começando tudo de
novo com Noé. O novo começo, porém, falhou. A corrupção conti
nuou a se alastrar.
A Bíblia é a história de um mundo enfermo e de um Deus que pro
cura resgatá-lo. E à luz desses fatos que precisamos ler as palavras de Je
sus. G. Campbell Morgan disse com muita propriedade que: “Ao con
templar Jesus a multidão de Seus dias, via a corrupção, a desintegração
da vida em todos os sentidos, seu colapso, sua ruína; e por causa do Seu
amor às multidões, Ele sabia que a coisa que mais precisavam era o sal,
a fim de que a corrupção fosse detida.”
Os cristãos têm uma função no mundo. Eles são o sal da Terra.
A Natureza do Sal
Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não
são do mundo, como também eu não sou. João 17:15 e 16.
Vida de Sal
Não sabeis que um pouco defermento leveda a massa toda? I Coríntios 5:6.
O sal é como o fermento no que se refere à sua capacidade de
permear o alimento com o qual entra em contato. Assim como o fer
mento transforma toda a massa feita de farinha e água na qual foi
acrescentado, também o sal dá sabor a uma grande panela cheia de fei
jão. O sal muda as coisas.
A influência, logicamente, pode ser boa ou má. Diz-se que Oliver
Wendell Holmes afirmou: “Eu poderia ter ingressado no ministério se
certos clérigos que conheço não tivessem a aparência e nem agissem
como empreiteiros.” E o escritor Robert Louis Stevenson anotou em
seu diário, como se estivesse registrando um fenômeno singular: “Esti
ve na igreja hoje e não estou deprimido.”
O sal da influência cristã será positivo, não negativo. Será edifi
cante e promissor. A vida cotidiana do cristão deixará em seu desper
tar um vestígio e uma atmosfera de paz, mesmo em tempos turbulen
tos. Ela dará sabor a tudo que tocar, porque pela fé está em contato
com o Deus que tem cuidado de Seus filhos. O cristão demonstra as ca
racterísticas divinas porque “o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio”. Gál. 5:22 e 23. Que sabor excelente para qualquer sopa, qual
quer comunidade!
Talvez o principal ingrediente de uma influência cristã seja o amor
transbordante e genuíno. “Quando o amor enche o coração”, lemos
em O Maior Discurso de Cristo, “fluirá para os outros, não por causa de
favores recebidos deles, mas porque é o amor o princípio da ação. O
amor modifica o caráter, rege os impulsos, subjuga a inimizade e eno
brece as afeições. Este amor é vasto como o Universo, e está em har
monia com o dos anjos ministradores. Nutrido no coração, adoça a vi
da inteira e derrama seus benefícios sobre todos ao redor. E isto, e isto
unicamente, que nos pode tomar o sal da Terra." - Pág. 38, itálico acres
centado.
boas novas do evangelho são que Jesus morreu por nossos pe
cados; além disso, Sua ressurreição é a garantia da nossa ressurreição fu
tura. Alguns gostariam que créssemos que as boas novas são o fato de que
a igreja cristã efetuará uma reforma social na economia e nos governos
humanos. Eles vêem a função de sal da igreja como aquela na qual seu
papel é fazer pronunciamentos acerca da situação geral do mundo no to
cante a coisas como política, economia e relações exteriores.
O problema com essa abordagem da analogia do sal é que ela não
é encontrada no Novo Testamento. Em lugar nenhum vamos encon
trar Jesus ou Paulo trabalhando em prol da reforma do governo roma
no ou emitindo decisões à corte imperial para fazer isso ou aquilo.
Aqueles que têm considerado a função de sal do cristão como es
sencialmente social, basearam sua compreensão nos profetas do Anti
go Testamento. Mas há um problema com essa maneira de ver, pois em
Israel não havia distinção entre Igreja e Estado. Por isso, os profetas do
Antigo Testamento tinham de considerar a vida inteira da nação.
No Novo Testamento é diferente. A igreja não é identificada com
nação nenhuma, nem grupo de interesses específicos. Pelo contrário, a
principal função é pregar o evangelho da salvação em Jesus a todas as
nações. Mas uma vez que a igreja começa a interferir num ou noutro
assunto econômico ou social, ela deixa de alcançar aqueles que estão
do outro lado da questão.
Aqui, no entanto, precisamos ser cuidadosos para não ir de um ex
tremo ao outro. Conquanto a igreja deva estar alerta para não tomar
partido, os cristãos individualmente têm a responsabilidade de votar e
fazer com que sua voz seja ouvida na comunidade, bem como testemu
nhar dos princípios bíblicos em sua vida diária.
Senhor, ajuda-nos hoje, como igreja e como indivíduos, a apren
der melhor como ser o sal da Terra.
Sal Insípido
O sal é excelente. Mas se for sem sabor, é inútil, não serve para nada.
Vocês estão prestando atenção nisso? Realmente ouvindo' Lucas 14:34 e 35,
Message.
Sal é sal. Sal é salgado. Se não for salgado, não é sal.
Como, no entanto, pode o sal ser insípido? O fato é que não pode.
Se não for salgado, não é sal.
“E daí?” Você pode perguntar a essa altura. “Que significado esse
ponto, um tanto esotérico, tem a ver com minha vida?”
Tem tudo a ver, porque Jesus não disse que Seus seguidores devem
ser o sal, podem ser o sal ou possivelmente se tornarão o sal. Não! Ele
diz categoricamente que os cristãos são o sal.
Os cristãos não têm outra escolha quanto a ser ou não o sal. Jesus
declarou: “Vós sois o sal da terra.” A única escolha que temos como
cristãos é rejeitar nossa função de sal dada por Deus.
E como podemos fazer isso? Não sendo como Jesus, que viveu e
morreu pelo bem dos outros.
Recusamos a função de sal quando deixamos de nos misturar com
o mundo, quando os cristãos se separam daqueles que necessitam de sua
preservadora influência. Rejeitamos a função de sal quando não somos
amáveis e bondosos. Contrariamos a função de sal quando colocamos
nossos desejos e vontades acima das necessidades dos demais. Recusa
mos a função de sal quando deixamos de viver as bem-aventuranças.
Quando fazemos essas coisas, perdemos o sabor, pois não somos sal.
Tornamo-nos parte do mundo e vivemos de acordo com os seus prin
cípios. Já não somos mais o sal. Isso nos toma parte do problema e não
da solução. Recusar a função de sal é negar os princípios do reino. Ne
gar esses princípios é rejeitar o Senhor que os estabeleceu.
E o resultado? Esses tais serão “jogados fora”. Com essa afirmação
em Mateus 5:13, chegamos à primeira alusão ao juízo no Sermão do
Monte. Jesus volta a abordar esse tema no sermão.
A moral da história é simples. Os princípios que aceitamos em
nossa vida e como nos relacionamos com as pessoas na vida diária fa
zem diferença. Afinal, os cristãos são o sal.
A Verdadeira Luz
De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem Me
segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida. João 8:12.
jA^.cho que você tem condições de ser humilde apesar de tudo.
Você não é a verdadeira luz do mundo. Jesus é. Você é luz porque está
ligado a Ele, porque O segue.
Você não tem luz em si mesmo, assim como a Lua não tem luz sem
o Sol, nem a lâmpada sem estar ligada à fonte de energia elétrica.
Sim, devemos nos alegrar porque Deus nos deu grandes privilégios
como cristãos, mas devemos ser humildes em nossa alegria. Não somos
a verdadeira luz, mas um reflexo ou extensão da luz refletida por Jesus.
E, portanto, de suma importância que a cada momento permane
çamos ligados à fonte de poder espiritual.
Uma ilustração baseada na lamparina do Oriente Próximo nos aju
dará nesse ponto. Essa lamparina consiste de um vaso cheio de óleo e
um pavio com a ponta para fora.
O óleo é absolutamente essencial ao funcionamento da lamparina.
Sem o suprimento de óleo, a lamparina era inútil e não produzia luz.
Assim acontece conosco. Precisamos ter Cristo em nós através do
Espírito Santo a cada dia. Não podemos funcionar como luzes sem ter
Cristo em nosso interior diariamente, sem um relacionamento íntimo
com o Senhor da luz.
Esse suprimento de luz não é algo que acontece uma vez, por oca
sião da conversão, e dura para sempre. Não, precisamos ir a Jesus dia
riamente por meio da oração e do estudo da Sua Palavra. A medida
que recebemos o óleo diariamente, temos luz para levar a outros.
O pavio é outro elemento essencial nas lamparinas. Quando o pa
vio se toma desgastado e começa a fumegar, deixa de dar luz adequa
damente. Precisa então ser aparado para que sua luz possa brilhar no
vamente.
Assim é em nossa vida espiritual. Precisamos dia a dia avaliar a nós
mesmos à luz do amor de Deus e das bem-aventuranças, e “aparar” nos
sa vida a fim de mantermos o pavio queimando, de modo a emitir luz
e não fumaça.
A Comissão Missionária
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas
as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até
à consumação do século. Mateus 28:19 e 20.
^Vmnos dar mais uma olhada na declaração que Jesus fez em Ma
teus 5:14, dizendo que os cristãos “são a luz do mundo". Quando consi
deramos as duas últimas palavras da frase, ficamos ainda mais admira
dos do que quando consideramos a primeira parte. As pessoas comuns
às quais Jesus estava falando não só eram a luz; elas eram a luz “do
mundo”.
Aqui encontramos um tema que Mateus continua a desenvolver
através de todo o seu Evangelho. Jesus não disse que eram a luz da Pa
lestina, do Império Romano ou de qualquer outra parte do mundo.
Não! Ele disse que Seus seguidores são a luz do mundo inteiro.
Aqui encontramos a comissão missionária que será outra vez abor
dada e enfatizada nos últimos versículos do primeiro Evangelho. Co
mo discípulos de Cristo, devemos transmitir Seus ensinos a todas as
nações.
A idéia se toma ainda mais notável quando compreendemos que
Jesus falava aos judeus, e que naquela época a nação judaica havia se
tornado exclusiva. Ela havia erigido uma muralha ou separação entre
si e todas as outras nações.
A despeito do exclusivismo deles, Jesus disse aos Seus ouvintes ju
deus que eles eram (bem como nós) a luz do mundo. Assim, como le
mos em O Maior Discurso de Cristo, “Cristo derriba a parede de separa
ção, o amor-próprio, o separatista preconceito de nacionalidade, e en
sina amor a toda a família humana. Ergue os homens do estreito círcu
lo que lhes prescreve o egoísmo; elimina todos os limites territoriais e
as convencionais distinções da sociedade. Não faz diferença entre vi
zinhos e estrangeiros, amigos e inimigos. Ele nos ensina a considerar
todo ser humano necessitado como nosso semelhante, e o mundo co
mo nosso campo”. - Pág. 42.
“Vós sois a luz do mundo.”
Castiçais Removidos
Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das
primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro,
caso não te arrependas. Apocalipse 2:5-
Os primeiros três capítulos de Apocalipse retratam Cristo an
dando no meio de sete castiçais de ouro, que representam Sua igreja.
Nesses últimos dois dias estudamos a importante verdade de que nós,
como igreja de Deus, somos a luz do mundo. Por isso, os castiçais do
templo são uma representação adequada da igreja de Deus. Eram os
castiçais ou candelabros que proviam luz para o templo na Terra, nos
tempos do Antigo Testamento.
Mas o que acontece quando os castiçais não funcionam fielmente
como deviam? São removidos. Por isso, como vimos ontem, Israel foi
removido de sua posição como povo do concerto de Deus por ocasião
da primeira vinda de Jesus ao mundo, e Sua comissão de ser luz de Deus
ao mundo foi dada à igreja cristã. Desde então, a história tem testemu
nhado uma sucessão de organizações cristãs que difundiram brilhante
mente a luz de Deus nos primeiros anos, mas perdeu seu claro testemu
nho bíblico em anos posteriores. Como resultado, os castiçais foram
removidos, por assim dizer, à medida que surgem movimentos de refor
ma na tentativa de conseguir de volta uma visão mais clara da palavra
de Deus na Bíblia.
O adventismo é um dos inúmeros movimentos de reforma. Deus
tem uma missão para o adventismo - pregar a mensagem dos três an
jos de Apocalipse 14:6-12 “a cada nação, e tribo, e língua, e povo”, an
tes da grande ceifa da Terra.
Como adventistas do sétimo dia, precisamos orar nesta manhã e
cada manhã para que Deus nos ajude a ser castiçais fiéis para Ele, fiéis
luzes ao mundo, para que nosso castiçal não seja removido.
Que bênção Deus nos tem concedido, de viver Sua vida e compar
tilhar Sua Palavra com outras pessoas. Que privilégio ser luz e não tre
vas, ser uma bênção aos que nos rodeiam, até os confins da Terra!
Senhor, ajuda-nos a conservar nosso castiçal.
 Função da Luz
No meio de uma. geração pervertida e corrupta... resplandeceis como
luzeiros no mundo. Filipenses 2:15.
Subentendida em nosso estudo acerca dos cristãos como “luz do
O Evangelho Escondido
Ninguém, depois de acender uma candeia, a põe em lugar escondido,
nem debaixo do alqueire, mas no velador, a fim de que os que entram
vejam a luz. Lucas 11:33.
T^Tesse texto, Jesus é bem preciso, mas há ocasiões em que exis
tem boas razões para colocar a luz debaixo do alqueire. Vou explicar.
Ao consideramos uma casa na Palestina durante o primeiro sécu
lo, precisamos nos esquecer de casas bem iluminadas, que podem ficar
claras pelo simples movimento de um interruptor.
Pelo contrário, as casas palestinas eram bem escuras, pois geral
mente tinham apenas uma pequena janela de uns 40 cm de largura. E
certamente não tinham eletricidade nem interruptores.
A candeia de que Jesus fala aqui, consistia de uma pequena vasi
lha com óleo. E havia um pavio que boiava sobre o óleo. Essa candeia
era colocada num velador a certa altura, quando a família precisava de
iluminação. Acender essa candeia requeria certa habilidade. Lembre-
se de que não havia fósforos nem isqueiros.
Conseqüentemente, ninguém gostava de extinguir a chama do pa
vio. Muito esforço era exigido para conseguir acendê-lo outra vez. Por is
so, quando as pessoas precisavam se ausentar da casa, era perigoso deixar
a candeia acesa no velador, de onde poderia cair e iniciar um incêndio.
Por isso, como medida de segurança, quando as pessoas precisavam
sair, tiravam a candeia do velador e colocavam debaixo de um vaso de
barro onde pudesse queimar sem perigo até que retomassem. Tão logo
alguém chegasse novamente em casa, a candeia era retirada lá de bai
xo e colocada outra vez no velador. A função principal da candeia era
ser vista e produzir claridade.
A esse último ponto é que Jesus Se referia nas palavras registradas
em Mateus 5:14-16. Ninguém, em são juízo, acendería uma candeia
simplesmente para colocar debaixo de um vaso de barro.
Contudo, algumas pessoas que se dizem cristãs fazem exatamente
isso. A essas pessoas precisamos dizer que não há perigo de incendiar a
casa do Senhor. Muito pelo contrário, o mundo necessita de toda a luz
que puder conseguir. Assim, nós que somos cristãos, devemos constan
temente deixar nossa luz brilhar ao máximo. Afinal de contas, somos
“a luz do mundo”.
O Terceiro Passo
Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar,
vim para cumprir. Mateus 5:17.
Faz quase três meses que estamos caminhando com Jesus no
Monte das Bem-aventuranças. Durante nossa caminhada, exploramos
o caráter do cristão, nas bem-aventuranças de Mateus 5:3 a 12, e a in
fluência do cristão, de acordo com Mateus 5:13 a 16.
Agora chegamos à parte mais longa do Sermão do Monte. Mateus
5:17 a 48 trata da justiça do cristão. Em certo sentido, isso é retornar
para dar uma segunda estudada no caráter do cristão, mas dessa vez Je
sus propositalmente trata do assunto no contexto do Antigo Testa
mento e do código legal judaico.
Os versos 17 a 20 podem ser considerados como uma introdução
geral à opinião de Jesus sobre a justiça do cristão. Antes de entrar nos
detalhes, Ele apresenta alguns princípios básicos. E os princípios que
apresenta são os mais importantes do Novo Testamento.
A essência é que Jesus apresenta duas proposições gerais em Mateus
5:17 a 20. A primeira delas é que tudo o que Ele ensinará está em ple
na harmonia com o Antigo Testamento. Ele não vai contradizê-lo de
forma alguma. Sua primeira proposição se encontra nos versos 17 e 18.
A segunda importante proposição de Jesus em Mateus 5:17-20 é
que, conquanto Seus ensinos estejam em harmonia com o Antigo Tes
tamento, estão em certa desarmonia com muitos dos ensinos dos escri
bas e fariseus, os quais eram muito bem aceitos pela população daque
les dias. Esse segundo ponto se encontra nos versos Í9 e 20.
O restante do capítulo 5 de Mateus é um comentário ou extensão
dos versos 17 a 20. De ponto em ponto, através de seis tópicos ilustra
tivos nos versos 21a 48, Jesus afirma que aceita a lei do Antigo Testa
mento, mas rejeita a interpretação farisaica da mesma. Nesse processo,
Jesus nos ajuda a ver significados mais profundos na lei e em sua natu
reza espiritual.
Uma pessoa nunca pode olhar para a lei da mesma maneira, depois
de ter realmente compreendido o que Jesus está ensinando na segunda
parte de Mateus 5. Prepare-se; Jesus está pronto para nos conduzir em
um importante trajeto para compreender a profundidade e essência da
lei de Deus.
A Lei e os Profetas
E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas,
expunha-lhes o que a Seu respeito constava em todas as Escrituras.
Lucas 24:27.
^G^uando Jesus fala acerca da lei e dos profetas, Ele está falando
a respeito da Bíblia de Seus dias - o Antigo Testamento. A lei consis
tia dos cinco livros de Moisés e ia de Gênesis a Deuteronômio. E os
profetas eram os livros daqueles escritores posteriores da Bíblia que en
sinavam a lei, a interpretavam e a aplicavam à nação de Israel.
A lei era um conceito central na Bíblia, do início ao fim. Por isso,
cabe a nós tomar um pouco de tempo para entender o assunto, espe
cialmente porque Jesus disse que isso é importante.
A lei de Moisés consistia, na realidade, de vários tipos de leis. A
primeira era a lei moral dos Dez Mandamentos, que Deus escreveu em
pedras para sempre no Monte Sinai. A lei moral estabelece importan
tes princípios que abrangem todos os atos e relacionamentos humanos.
A segunda categoria de leis encontrada nos livros de Moisés é a lei
cerimonial. Essas leis se referiam à maneira como Deus lidava com o
problema do pecado. Centralizavam-se no santuário, em sacrifícios de
sangue e no ministério sacerdotal. A lei cerimonial é de grande valor
porque prenuncia a importância de Jesus e da natureza de Sua obra.
Há uma terceira categoria de leis que devemos observar. Mas esta
não se encontra nos livros de Moisés. Trata-se da lei oral, ou seja, a in
terpretação da Lei de Moisés pelos escribas e fariseus.
De particular importância para o restante do capítulo 5 de Mateus,
são a lei moral e a interpretação que os escribas'fazem dela. Essa era a
área de conflito entre Jesus e o partido farisaico. É importante sermos
precisos em nossa compreensão da lei de Deus - tão importante, na
realidade, que Jesus dedica a maior parte de Seus ensinos a ela.
"Eu Vim"
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por
intermédio dEle, e, sem Ele, nada do que foi feito Se fez. A vida estava
nEle. ... E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós. João 1:1-14.
2^_posto que você não viu essas palavras. Que palavras?
“Eu vim”, no verso que temos estudado já por alguns dias - Mateus
5:17.
Essas palavras têm rico significado e são muito importantes para a
compreensão do restante de Mateus 5.
“Eu vim.” Jesus fez poucas declarações mais importantes que essa.
Ele não simplesmente veio. Ele veio de algum lugar. Esse lugar era
o lado de Deus o Pai. Ele veio do Céu à Terra. Conforme João mencio
na no verso de hoje, Jesus estivera com Deus desde o princípio. Como
Paulo o descreve, Jesus “não julgou como usurpação o ser igual a
Deus”, pois “a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo, tor-
nando-Se em semelhança de homens”. Filip. 2:6 e 7.
A encarnação, porém, não foi o início para Jesus. Longe disso. “No
princípio, criou Deus os céus e a terra.” Gên. 1:1. Como parte da Di
vindade, Jesus era Criador; Ele era Deus vindo à Terra.
No livro de Êxodo, lemos que Jesus era o “Eu Sou”, Aquele que
chamou Moisés na sarça ardente (Exo. 3:14; João 8:58). E foi Jesus
quem proclamou a lei no Monte Sinai em meio a fogo e trovões.
“Eu vim.” Palavras significativas. Ricas palavras, especialmente no
contexto de Mateus 5:17-48. O próprio Jesus, que deu a lei no Monte
Sinai, vai agora explicar a profundidade de seu mais elevado significa
do no Monte das Bem-aventuranças. Que privilégio ouvir Suas pala
vras. Que bênção ser capaz de lê-las e assim vivê-las.
“Eu vim.” Essas palavras dizem que quando ouvimos a Jesus, esta
mos ouvindo a Deus. Quando adoramos a Jesus, estamos adorando a
Deus.
Ajuda-me, Senhor, a dedicar minha vida a Ti em gratidão, porque
vieste, não apenas para me ensinar, mas para morrer em meu lugar.
ramente afirma em Mateus 5:17 que não veio revogar a lei. Veio, po
rém, para colocar um fim no mau uso da lei entre Seus seguidores.
O mau uso da lei assume diversos aspectos. Teríamos descoberto
um deles no texto de hoje, se tivéssemos citado o verso inteiro de Ro
manos 10:4- A passagem diz o seguinte: “Porque o fim da lei é Cristo,
para justiça de todo aquele que crê.” No curso da história do cristianis
mo, o povo tem tentado obter a salvação através da observância da lei.
Paulo nos diz que a crença em Jesus põe um fim nessa maneira de pen
sar e agir.
Mas Jesus também colocou um fim em outras maneiras de pensar
sobre a lei. Com toda sinceridade, os judeus haviam multiplicado re
gras e restrições. Eles queriam proteger a lei de Deus e certificar-se de
que era observada perfeitamente. Com esse propósito, acharam que
precisavam definir todas as coisas. Assim, quando a Bíblia dizia que
não deviam trabalhar no sábado, eles tinham que definir o trabalho.
Uma dessas definições tinha que ver com levar cargas.
O que era uma carga? A lei dos escribas concluía que levar uma
carga era transportar “alimento de peso igual a um figo seco, ... leite
em quantidade suficiente para um gole, ... tinta suficiente para escre
ver duas letras do alfabeto”, e assim por diante.
Eles gastavam horas argumentando sobre coisas como, por exem
plo, se era pecado um alfaiate carregar uma agulha espetada na roupa
no dia de sábado, ou se as mulheres podiam usar broches ou uma pre-
silha no cabelo no santo dia. Eles discutiam até se era permissível usar
dentes postiços no sábado.
As definições eram inúmeras e abrangiam todos os aspectos da vi
da nos sete dias da semana. Essas pessoas eram os perfeccionistas origi
nais. Para eles, defender sua interpretação da lei era o centro da expe
riência religiosa.
Jesus não veio para revogar a lei, mas para dar um fim a todas as
abordagens e atitudes para com a lei. Até a lei se transforma em boas
novas nas mãos de Jesus.
Cumprindo a Lei - I
Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e no Seu amor
permaneço. João 15:10.
O fato de Jesus dizer que não veio revogar a lei, mas cumpri-la
(Mat. 5:17), confundiu muitas pessoas. A despeito de Suas palavras
simples, elas ainda liam e entendiam que Ele revogou a lei de Deus.
Mas cumprir não quer dizer abolir, e sim completar, dar sentido com
pleto, desempenhar totalmente. Assim, a palavra “cumprir” pode ser
entendida, pelo menos, de três maneiras diferentes: (1) Jesus obedeceu
totalmente ao que a lei do Antigo Testamento requeria, através de
uma vida de obediência; (2) Ele cumpriu os elementos preditos no An
tigo Testamento, e (3) Ele deu sentido completo às Escrituras dos ju
deus, através de Seus ensinos.
Havia um sentido no qual Jesus cumpriu o Antigo Testamento nas
três maneiras. Vamos examinar cada uma.
Não há dúvida alguma a respeito da vida sem pecado de Jesus na
Terra. No fim de Sua vida, Ele podia reivindicar, sem temor de qual
quer contradição, que havia observado os mandamentos de Seu Pai.
Ninguém podia apresentar uma justa acusação contra Ele.
Assim, Jesus viveu uma vida de perfeita obediência. Obedeceu à
lei em seus mínimos detalhes. Viveu a lei em seu mais amplo sentido
e a ela obedeceu perfeitamente.
Como resultado, Ele pôde Se tornar nosso sacrifício perfeito, “sem
mácula”, no monte chamado Calvário. Ele provou que eram falsas as
acusações de Satanás, de que ninguém conseguia obedecer à Lei de
Deus, e Sua vida perfeita fez dEle nosso substituto, tanto na vida como
na morte. Nos livros do Céu, o registro de Sua vida perfeita permane
ce em lugar do nosso, quando O aceitamos pela fé. Temos um Salva
dor que viveu e morreu por nós.
Jesus não apenas viveu uma vida de obediência à lei de Deus; Ele
também ensinou outros a amarem a lei de Deus e a observarem. Isso se
tornará cada vez mais evidente no restante de Mateus 5.
Portanto, há um sentido em que Jesus cumpriu a lei de Deus viven-
do-a plenamente, observando-a perfeitamente, e ajudando-nos a ver o
significado completo da lei, pela maneira em que viveu e pelos ensinos
que transmitiu.
Cumprindo a Lei - II
A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que Eu vos falei, estando
ainda convosco, que importava se cumprisse tudo o que de Mim está escrito
na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Lucas 24:44.
O segundo sentido em que Jesus cumpriu a lei e os profetas é
que Ele cumpriu as profecias do Antigo Testamento concernentes ao
Messias que haveria de vir. As predições messiânicas e seu cumprimen
to em Jesus de Nazaré solidificaram a fé dos cristãos, desde os tempos
do próprio Jesus. Consideremos algumas das profecias do Antigo Tes
tamento que Jesus cumpriu.
Miquéias nos fala acerca do lugar de Seu nascimento: “E tu, Be-
lém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Ju-
dá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel” (5:2; cf. Mat. 2:6). Vá
rias outras passagens do Antigo Testamento nos falam que o Messias
viria da tribo de Judá, através da descendência de Davi. Não é aciden
talmente que os Evangelhos freqüentemente se referem a Jesus como
o Filho de Davi.
Isaías descreve a natureza do ministério de Cristo, quando escre
veu sobre o Messias: “O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim, por
que o Senhor Me ungiu para pregar boas novas aos quebrantados, en-
viou-Me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação
aos cativos e a pôr em liberdade os algemados” (61:1; cf. Luc. 4:18).
O serviço sacrifical de todo o Antigo Testamento apontava para
Jesus como o “Cordeiro de Deus” (João 1:36), que morreria pelos pe
cados do mundo.
E Isaías 53 nos diz que Jesus seria “desprezado e o mais rejeitado
entre os homens” (verso 3), não revidaria quando levado “como ove
lha muda perante os Seus tosquiadores” (verso 7), morreria “por causa
da transgressão” do Seu povo (verso 8), e Lhe designariam “sepultura
com os perversos” (os ladrões na cruz) e “com os ricos estaria na mor
te” (verso 9) - a tumba de José de Arimatéia.
Poderiamos ir longe nesse assunto. Jesus cumpriu as profecias do
Antigo Testamento. Nós servimos a um Deus que sabe o fim desde o
princípio.
A Perpetuídade da Lei
Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um
i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra. Mateus 5:18.
J esus não poderia ter dito isso de maneira mais clara. A lei de Deus
não pode ser mudada no mínimo grau. Suas exigências são perpétuas.
Assim como o céu e a Terra são sinais de perpetuídade, no sentido
de que eles estão sempre aí, assim a lei de Deus é perpétua. Não é algo
que Ele muda de tempos em tempos porque sente o desejo de fazer al
guma coisa diferente. Não, seus princípios estão embutidos na própria
estrutura do Universo.
Gosto da maneira como a [versão da Bíblia] The Message traduz a
primeira parte de nosso verso: “A lei de Deus é mais real e duradoura
do que as estrelas no céu e a terra debaixo dos seus pés. Muito depois
de as estrelas se apagarem e a Terra se desgastar, a Lei de Deus perma
necerá viva e ativa.” Isto sim, é perpetuídade!
Mas por que essa perpetuídade? Não tem Deus livre-arbítrio? Não
pode Ele escolher o que quer fazer?
Logicamente, Ele pode fazer o que bem desejar. Mas as perguntas
omitem o ponto principal. Os caminhos da lei básica de Deus são os
caminhos da saúde e da vida. O contrário da lei é a morte, a destrui
ção e a desordem. Considere os Dez Mandamentos, por exemplo. E im
possível ter uma sociedade sadia na qual as pessoas matam umas às ou
tras e não se pode confiar em ninguém.
A lei de Deus não pode ser mudada porque é uma representação vi
sível do Seu caráter. Seus próprios princípios são para o nosso eterno bem.
Por isso, nem a menor partícula da lei de Deus, nem “um i ou um
til” (a menor letra e o menor acento do alfabeto hebraico), serão mu
dados. Isto é para o nosso bem.
E conquanto isso seja verdade a respeito dos Dez Mandamentos, é
também verdade para todo o Antigo Testamento - a lei e os profetas.
O Antigo Testamento ainda é válido para os cristãos.
Até mesmo a lei cerimonial tem algum significado para nós. Jesus
cumpriu o tipo sacrifical, mas os princípios do sistema ainda estão sen
do seguidos no grande santuário celestial.
Devemos ser agradecidos porque nosso Deus é um Deus de conti
nuidade e perpetuídade.
Céu, dizendo aos santos anjos: “Por favor, não cometam adultério com
nenhum dos seus vizinhos.” Eu nem tenho certeza se os anjos são ca
pazes fisicamente de cometer adultério.
Por outro lado, pense em Deus instruindo os anjos a honrarem seus
pais e mães. Diga-me: Eles têm pais e mães?
Os anjos observavam a lei de Deus sem saber, porque ela estava es
crita no âmago do seu coração. (Comparar com Heb. 8:10 e II Cor.
3:3.) Aos anjos não foi necessário dizer: “Não matarás” ou “Não furta
rás”, porque eles foram positivamente motivados do íntimo do coração
para respeitarem os outros.
A lei no Decálogo, entretanto, representa um princípio universal
e eterno. Jesus salientou esse princípio quando Lhe foi perguntado
acerca do grande mandamento. E o princípio do amor a Deus e aos
nossos semelhantes.
Por causa do pecado, Deus tornou Sua lei eterna mais explícita.
Ele estabeleceu o princípio do Seu amor em dez ilustrações ou manda
mentos que representam maneiras decisivas de amar a Deus e aos se
melhantes. Mas envolvendo-os todos, está o princípio do amor, o ver
dadeiro princípio do Seu caráter. (Ver I João 4:8.)
Deus deseja escrever Sua lei eterna de amor no âmago do nosso co
ração. Quando isso for feito, será natural para nós sermos atenciosos
para com Ele e para com os demais.
Que lugares maravilhosos seriam nosso lar e nossa igreja, se deixás
semos que Deus escrevesse mais.
sar que Deus é tão despreocupado que não importa como vivemos ou
o que fazemos. Não é assim.
Acima de todas as coisas, Deus quer a nossa felicidade, tanto ago
ra como na eternidade. E porque Ele deseja ver-nos felizes, leva nossas
necessidades muito a sério. Somos importantes para Ele.
Como resultado dessa importância, Deus está fazendo tudo o que
pode para conduzir a vida de Seu povo. No processo, Ele estabelece
princípios de vida, para que sejamos mais saudáveis em todos os aspec
tos - espiritual, social, físico e mental.
Ele deu muitos desses princípios ao Seu povo no Antigo Testa
mento. Deu discernimento adicional para uma vida alegre e saudável
no Novo Testamento, e continua a guiar Seu povo nos tempos moder
nos através dos dons do Seu Espírito.
Ele deseja que atendamos aos Seus conselhos com a maior serieda
de, mesmo que pareçam ser “mínimos” ou sem importância para nós.
Não vai adiantar nada atenuarmos esta ou aquela instrução bíblica por
não se enquadrar em nossa agenda.
Não devemos apenas praticar os princípios divinos em nossa vida
cotidiana; devemos também ensiná-los a outros. Esse ensino inclui
nossa responsabilidade como pais e membros de família, nossas opor
tunidades na igreja, e nossas oportunidades na comunidade e no local
de trabalho.
Somos representantes do Rei do Universo. E Ele quer que O leve
mos a sério, tanto quanto Ele leva a sério nossas necessidades e nossos
problemas.
Por isso, como cristãos, sejamos fiéis tanto nas “mínimas” como
nas grandes coisas do livro de Deus. E viveremos todas elas no meigo
espírito de Cristo. Ajuda-nos, Pai, é nossa oração.
Verdadeira Santidade
Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não
holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores. Mateus 9:13.
Jesus não nos deixa em dúvida no Sermão do Monte. Ele está in
teressado em nossa justiça, preocupado com nossa santidade de vida.
E em que consiste essa justiça e santidade? Certamente não no for
malismo exterior dos escribas e fariseus. Aquele tipo de vida religiosa
é condenada constantemente por nosso Senhor. A justiça cristã é mui
to mais do que dar o dízimo ou guardar o sábado.
Ela atinge o âmago do problema humano. No Evangelho de Ma
teus (e no restante do Novo Testamento) Jesus está procurando con-
duzir-nos a uma religião genuína, além dos rituais religiosos; uma reli
gião de coração, que nos leve a interessar-nos pelos outros, assim co
mo Deus Se interessa por nós.
Vamos deixar que Jesus fale sobre a verdadeira justiça no livro de
Mateus. É ser misericordioso e pacificador nas Bem-aventuranças (5:1-
9); é interessar-se pelos rejeitados, tais como os leprosos e os pagãos,
em Mateus 8:1-17; é Sua repetida admoestação à misericórdia em pas
sagens como Mateus 9:13 e 12:7; é Sua mensagem para amarmos em
Mateus 5:43-48 e 22:34-40; é tornar-nos como crianças em Mateus
18:1-5 e 19:14; é o chamado à humildade em Mateus 5:5 e 23:8-12; e
é o convite para sofrer em Mateus 10:16-39 e 16:24-28.
Santidade é tudo isso e muito mais. É dar um copo de água fria ao
sedento, é alimentar o faminto, é amar a Deus de todo o nosso coração
e entendimento.
A “vossa justiça”, ou santidade na opinião de Jesus, é algo todo-
abrangente. Envolve todos os aspectos da nossa vida. É uma atitude, é
um modo de vida, é a maneira de ser. Quando Jesus disse que a nossa jus
tiça precisa exceder em muito a dos escribas e fariseus, Ele Se referiu a
todas as partes de nossa vida - tanto interior como exteriormente.
Senhor, ao compreendermos mais plenamente o que significa ser
cristão, suplicamos Tua habilitadora graça em nossa vida; queremos ser
sensíveis tanto à Tua vontade como às necessidades de outras pessoas.
Excedendo o Extraordinário
Portanto, santificai-vos e sede santos, pois Eu sou o Senhor, vosso Deus.
Guardai os Meus estatutos e cumpri-os. Eu sou o Senhor, que vos santifico.
Levítico 20:7 e 8.
Se justiça é uma das palavras-chave em Mateus 5:20, a segunda é
“exceder”. “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em
muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos Céus”, dis
se Jesus.
Nessa passagem, Jesus definitivamente alerta Seus seguidores de
que o cristianismo não é fácil. O único alvo dos escribas e fariseus era
satisfazer às exigências da lei. Eles procuravam ser santos, mas não
compreendiam a intensidade da santidade. Deixaram de ver que a ver
dadeira santidade não é meramente uma rotina exterior de obrigações
religiosas, mas um motivo interior de amor para com Deus e as demais
pessoas, o qual constantemente encontra expressão na vida.
Ser santo é viver uma vida santificada. A palavra “santificar” quer
dizer “purificar”, “consagrar” ou “separar”. Assim foi dito a Moisés pa
ra “purificar” (“santificar”, ARC) todo o povo de Israel ao Senhor
(Éxo. 19:10). Não apenas os israelitas eram santificados ou separados
para um propósito santo, mas também o tabernáculo e os instrumen
tos que eram usados no serviço do santuário (Exo. 30:25-29; 40:9-11;
Lev. 8:10-13).
A palavra do Novo Testamento traduzida como “santificar” signi
fica “tornar santo”. Assim, um santo (aquele que foi santificado) é uma
pessoa que foi separada por Deus para um santo propósito.
O Novo Testamento fala freqüentemente da santificação como um
fato realizado. Como resultado, Paulo pode escrever aos coríntios como
“aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos”. I Cor. 1:2.
Ser um verdadeiro cristão significa permitir que o nosso eu seja se
parado para um santo propósito. Significa viver para Deus. Quer dizer,
viver a vida de Deus como foi retratada por Jesus.
Quando Jesus usou a palavra “exceder”, no Sermão do Monte, Ele
falou com grande seriedade. Como logo veremos nos versos 21 a 48 de
Mateus 5, Sua opinião a respeito de espiritualidade é muito mais pro
funda e ampla do que a dos judeus. Através do poder do Seu Espírito,
Ele quer que excedamos os extraordinários.
A Segunda Tábua
Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Gálatas 5:14.
Fonte de Homicídio
Não matarás. Êxodo 20:13-
TZnho que admitir isso. Nunca matei ninguém. E muito prova
velmente jamais matarei alguém em toda a minha vida.
Esse é um pensamento confortador. Ele me faz sentir bem. E um
pensamento que me faz ser honesto comigo.
Mas é muito mais do que isso. Não só jamais matei alguém, como
também nunca ninguém me acusou desse ato.
Acho que sou uma boa pessoa, pareço ser alguém que pelo menos
em parte sabe o que faz.
Esse sentimento de justiça própria, porém, é destruído quando co
meço a ler o que Jesus fala sobre a lei. Ele me diz que não devo sequer
ficar irado. Acho isso um tanto problemático, pois fico irado de vez em
quando. Não gosto dessa nova teologia. Sinto-me mais confortável
com minhas próprias definições. Elas me fazem sentir bem.
Mas o propósito de Jesus não é fazer-me sentir bem. E ajudar-me a
compreender a natureza do pecado e minha grande necessidade de Sua
graça perdoadora e habilitadora.
O que Jesus quis dizer ao mencionar que o fato de irar-se contra
outra pessoa está incluído no verdadeiro significado do sexto manda
mento?
No grego existem duas palavras para ira. A primeira é thumos, e se
refere àquela ira momentânea, que se inflama como a labareda em um
monte de palha. E a ira que rapidamente arde e com a mesma rapidez
morre. Essa não é a ira a que Jesus se refere em Mateus 5:21.
Jesus usa a palavra orge. Orge é a ira duradoura, a ira da pessoa que
nutre seu sentimento contra a outra, a ira que a pessoa acaricia e recu
sa deixá-la morrer. É a ira que busca vingança.
Essa ira, sugere Jesus, é a mesma coisa que o homicídio. E a raiz do
forte sentimento do coração e da mente que leva ao homicídio. E mes
mo que não leve a cabo o ato, a pessoa que nutre a ira orge está em de
sarmonia com Deus e debaixo de juízo.
Ajuda-me neste dia, Senhor, a afastar de mim a ira destrutiva.
Ajuda-me a amar os outros, assim como Tu me tens amado.
O Espírito da Lei
Que diremos então? A lei é pecado? De modo nenhum! De fato, eu não
saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei. Pois, na realidade, eu não
saberia o que é cobiça, se a lei não dissesse: “Não cobiçarás. ” Mas o pecado,
aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento, produziu em mim
todo tipo de desejo cobiçoso. ... Mas quando o mandamento veio, o pecado
reviveu, e eu morri. Romanos 7:7-9, NVI.
Desprezo é Homicídio
Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque Eu vos
afirmo que os seus anjos nos Céus veem incessantemente a face de Meu Pai
celeste. Porque o Filho do homem veio salvar o que estava perdido.
Mateus 18:10 e 11.
Em Mateus 5:22 (ARC) somos advertidos a não chamar ninguém
de “Raca”. Bem, eu imagino que você não deve ter chamado ninguém
de Raca nesta última semana, nem, talvez, em toda a sua vida.
Isso quer dizer que você está bem, certo? Não! Uma vez mais preci
samos considerar o significado mais profundo sugerido pelas palavras de
Jesus. Raca é uma dessas palavras difíceis de traduzir. Mas não há dúvida
alguma de que seja uma palavra abusiva, um insulto. As traduções para o
português são muitas. “Idiota”, “tolo”, “louco”, “você não vale nada”, são
as que pude encontrar em algumas versões da Bíblia. A idéia básica é que
qualquer pessoa que demonstrar desprezo por outra está errada.
Mateus 5:22 também menciona que “todo aquele... que proferir um
insulto a seu irmão... estará sujeito ao fogo do inferno”. Aqui outra vez
estamos tratando de uma atitude abusiva, de desprezo por uma pessoa.
Quem é você para desprezar quem quer que seja? Quem sou eu pa
ra menosprezar outra pessoa por qualquer motivo que seja? Aqueles
que são tão prontos a espalhar insultos espirituais ou tão inclinados a
fazer fofocas a respeito de defeitos alheios se acham debaixo da conde
nação desse verso.
Todos nós pecamos e não atingimos os ideais de Deus. Para dizer com
franqueza, por causa do pecado nós todos somos verdadeiros tolos e sem
valor. Mas Deus, em Sua graça, nos alcançou e nos transformou em filhos
Seus novamente. Ele enviou Jesus para morrer em nosso lugar. Nosso va
lor e verdadeira inteligência estão nEle. Sem Ele, nada somos.
E Jesus morreu não só por mim; morreu por outros também. Por is
so, preciso tratá-los com respeito.
De acordo com Mateus 5:22, o mexeriqueiro ou difamador é ho
micida de reputação. Desprezo para com as pessoas é a raiz do homicí
dio. Faremos bem em seguir a ordem de Jesus: “Aquele que dentre vós
estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.” João 8:7.
Conhecendo Geena
Então, o Rei dirá também aos que estiverem à Sua esquerda:
Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para
o diabo e seus anjos. Mateus 25:41.
Onde é Geena? Esse lugar está localizado ao sudoeste de Jerusa
lém e é conhecido como o Vale de Hinom.
O Vale de Hinom teve uma história bem intrigante. Era o lugar em
que o rei Acaz levou o povo de Israel à adoração de Moloque, a quem
criancinhas eram sacrificadas no fogo (II Crôn. 28:3.) O rei Josias eli
minou a adoração de Moloque e ordenou que o vale fosse para sempre
um lugar amaldiçoado.
Jeremias predisse que por causa desse pecado, o Senhor faria do
Vale de Hinom o “Vale da Matança”, onde os cadáveres dos israelitas
seriam enterrados, até que se não achasse mais lugar para eles, e o res
tante dos corpos serviriam de alimento para as aves dos céus (Jer. 7:32
e 33.) No tempo de Jesus, o Vale de Hinom se transformara no lugar
onde o refugo de Jerusalém era jogado e destruído. Era um tipo de in
cinerador, onde ocorria uma contínua combustão lenta e de onde saía
uma cortina de densa fumaça perpetuamente.
Em outras palavras, o Vale de Hinom ou Geena não era um lugar
interessante. Nos tempos do Novo Testamento chegara a ser conside
rado como um lugar de punição dos ímpios. Por isso, a maioria das ver
sões da Bíblia traduzem Geena, em Mateus 5:22, por “inferno”.
Isso nos mostra um aspecto interessante nos ensinos de Jesus no
Sermão do Monte. Os escribas e fariseus não apenas haviam reduzido
as exigências da lei, mas também as punições associadas com a trans
gressão da mesma. Eles diziam que qualquer que cometesse homicídio
fisicamente correría o perigo de juízo nos tribunais civis, mas Jesus afir
mou que até mesmo aqueles que desprezassem seu semelhante corre
ríam risco de sofrer o fogo do inferno.
Jesus nos leva a sério. E Ele sabe que a vida pode ser destruída por
aqueles que fazem fofocas a respeito de outros, aqueles que tratam os
outros indiferentemente, e aqueles que são espiritualmente arrogantes.
Jesus não está brincando conosco. Sua mensagem é que precisa
mos ser tão bondosos, compreensivos e amáveis como é Deus, o Pai.
Nós também precisamos evitar o homicídio em todas as suas formas.
Ofertas Inaceitáveis
Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai
primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.
Mateus 5:25 e 24.
Reconcilie-se Depressa
Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás
com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz,
ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não
sairás dali, enquanto não pagares o último centavo. Mateus 5:25 e 26.
Voltando às Bem-Aventuranças
De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo,
a fim de que fossemos justificados por fé. Gálatas 3:24.
~ ' 7^. té agora já andamos com Jesus uns 10 dias na trajetória de Sua
primeira ilustração sobre a profundidade e amplitude da lei. Ele salien
tou coisas que a maioria de nós nunca quis saber. Por exemplo, é uma
coisa dizer que não devo matar, mas é outra bem diferente dizer que
não devo abrigar ressentimento ou olhar a outros com desprezo, tanto
no aspecto social como espiritual; ou pior ainda, que não devo sequer
falar injuriosamente ou fazer fofocas a respeito de outros. Será que Ele
realmente quis dizer que destruir (assassinar) a reputação de uma pes
soa se enquadra no sexto mandamento?
Isso já é demais. Quem pode viver por esses padrões?
A verdade é que ninguém pode quando compreendemos a profun
didade e a amplitude da lei. Diante do ideal de Deus, somos levados de
volta à primeira parte das bem-aventuranças. Mais uma vez compreen
demos nossa pobreza de espírito e o peso de nossas falhas em compara
ção com o que devíamos ser. Ao nos afligirmos e prantearmos essas fal
tas e nossa necessidade de ser mais semelhantes a Jesus, nosso orgulho
é transformado em mansidão.
Como resultado, sentimos fome e sede da justiça, que vêm unica
mente por meio da graça perdoadora de Deus. A lei nos conduz de vol
ta a Cristo, para que sejamos justificados. Conquanto a passagem de
Gálatas em seu contexto se relacione com a experiência de Israel, ao
ser historicamente conduzido por Cristo à lei, ela pode também rela
cionar-se com a nossa experiência pessoal. Diante da exposição de Je
sus quanto à profundidade da lei, somos literalmente levados ao pé da
cruz para obter a graça purificadora de Deus.
E essa graça purificadora uma vez mais nos conduz à segunda par
te das bem-aventuranças. Temos fome e sede da graça habilitadora de
Deus, que nos torna verdadeiramente misericordiosos, puros de cora
ção e pacificadores.
O grande sermão de Cristo é uma unidade. Não é um grupo isola
do de declarações sem rima ou motivo. As várias partes se encaixam,
e todas elas refletem os ideais de Deus e Seu plano de salvação. '
A Profundidade do Pecado
Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal,
vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu
próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.
Romanos 7:14 e 15.
A Cura Cirúrgica
Portanto, se o seu olho direito faz você pecar, arranque-o e jogue-o fora.
Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ser
atirado no inferno. Mateus 5:29, BLH.
.^Vrranque-o ... corte-a.
Estas são expressões radicais para os problemas mais sérios do mun
do. Será que realmente espera-se que eu arranque meu olho ou corte
minha mão, se estes me levam a pecar?
Orígenes, um dos principais líderes da igreja do século 111, pensa
va assim. Como resultado, ele combinou os textos de Mateus 5:29 e
Mateus 19:12, com sua declaração de que há alguns homens “que a si
mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos Céus”, e por isso se
castrou.
Um rápido movimento de faca pode solucionar todo o seu proble
ma de pecado. Certo?
Errado! Afinal, se você arrancar um olho, ainda terá o outro. Não
é o olho esquerdo tão incômodo como o direito? E outra vez, se você
simplesmente cortar fora a mão direita, ainda terá a importuna mão es
querda.
Talvez a resposta para o problema do pecado seja arrancar ambos
os olhos, cortar fora as duas mãos, amputar as duas pernas, e assim por
diante. Então você terá o seu problema de pecado resolvido. Certo?
Errado outra vez! Porque você ainda terá a sua memória e o seu ra
ciocínio. A única solução para esses problemas seria explodir seu cérebro.
È isso que Jesus deseja que façamos? Não, mas é a resposta óbvia e
coerente para aqueles que dizem que as Escrituras não precisam ser in
terpretadas. Considere esse texto de maneira literal e você não terá ou
tra alternativa senão uma cirurgia.
=5? O sentido que Jesus dá é muito mais radical, muito mais tempestuo
so. Ele quer que compreendamos a seriedade da natureza de nossos pro
blemas. E mais que isso, Ele quer que sujeitemos nossa vida e todos os
membros do nosso corpo a Ele, de modo que não mais sejamos instru
mentos do pecadof^Álém disso, Ele deseja transformar esses próprios ins
trumentos importunos de pecado em instrumentos de justiça. As mãos e
os olhos da pessoa salva devem ser colocados ao serviço de Deus.
O Melhor Caminho
Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus
por um pecador que se arrepende. Lucas 15:10
d) orgulho humano sussurra em nossos ouvidos que somos capa
zes de solucionar nossos próprios problemas, se tão-somente nos esfor
çarmos o suficiente. Lembro-me de quando me tornei adventista, com
a idade de 19 anos. Olhei ao meu redor na igreja e cheguei a uma con
clusão: Que confusão!
Eu acreditava que sabia qual era o problema. Os adventistas e outros
cristãos simplesmente não se esforçavam o suficiente. Caso se empe
nhassem com maior esforço, certamente venceríam e se tomariam per
feitos. Foi nessa altura da minha vida que fiz um voto de ser o primeiro
cristão perfeito, depois de Jesus. Em minha mente, não havia dúvida al
guma quanto ao sucesso. A semelhança de Martinho Lutero e outros
monges medievais, me propus a derrotar o dragão do pecado por meio de
minha conduta e de esforços próprios. E tentei, com todo o coração.
Menos de uma década depois, porém, desisti sentindo-me total
mente fracassado. Seguiram-se anos de desânimo e apostasia de tudo o
que eu sabia ser a verdade.
Só mais tarde é que encontrei o Jesus do Calvário. Eu fora adven
tista, mas não conhecia a Jesus. Por isso, tive que me arrepender de mi
nha auto-suficiência; tive que me arrepender de procurar a salvação
pelo método dos fariseus.
A essa altura, compreendí que o único caminho para a vitória so
bre o pecado é sujeitar minha vontade a Deus e aceitar a vontade dE
le e Seus caminhos em minha vida. Esse caminho é o caminho da cruz.
A cruz é a resposta de Deus para o problema do pecado. Se os se
res humanos pudessem vencer o pecado pelas próprias forças, não ha
vería razão para Jesus vir a este mundo; não haveria razão alguma para
a Sua morte na cruz.
Aqueles que não reconhecem a profundidade e a magnitude do
problema do pecado ainda procuram salvar-se por meio de esforços pes
soais. Como Paulo, Martinho Lutero e uma multidão de outras pessoas,
porém, mais cedo ou mais tarde se depararão face a face com o fracas
so. Só então serão capazes de verdadeiramente se arrepender (abando
nar sua auto-suficiência) e voltar-se a/Deus de modo submisso.
A Solução do Evangelho
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto
que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito:
O justo viverá por fé. Romanos 1:16 e 17.
Vida Nova
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas
já passaram; eis que se fizeram novas. II Coríntios 5:17.
D urante os últimos poucos dias temos analisado a profundida
de do pecado e a grandeza do plano de Deus para lidar com ele. As pro
messas de Deus são muito maiores e mais abrangentes do que a maio
ria de nós percebe.
A Bíblia descreve o processo de tornar-se cristão como a morte e
um novo nascimento. Ser salvo em Cristo não é uma experiência par
cial. E uma experiência total, que afeta todos os aspectos da minha vi
da, inclusive a maneira como penso a respeito do sexo oposto e até co
mo me visto para estimular pensamentos impróprios. Com muita fre-
qüência, ao lermos Mateus 5:29 e 30, pensamos naqueles que nutrem
pensamentos de adultério. Acho que o princípio que o texto encerra
tem algo a ver com a maneira como nos vestimos, falamos e agimos,
uma vez que temos responsabilidade para com os outros.
Como resultado, se estou agindo como cristão, minha conversa
não será sugestiva, meu vestuário não transmitirá uma mensagem erra
da. Quando Deus diz que todas as coisas em nossa vida podem se tor
nar novas, Ele está falando sério.
Mas, por favor, observe mais uma vez que não fazemos de nós mes
mos novas criaturas. Isso é obra do Deus Criador em nossa vida. Tor
nar-se cristão significa uma transformação total de coração e mente, de
modo que aquelas coisas que uma vez odiamos, agora amamos, e as coi
sas que antes amávamos, passamos a detestar.
Sim, isso afeta a maneira como consideramos o sexo. Muitos de nós
fomos criados com idéias egoístas a respeito do sexo. Era a lei da rua
(selva). Vá e aproveite o que conseguir, e não se preocupe com as con-
seqüências. Para alguns, era mais sutil, mas geralmente ainda egoísta.
O fato de tornar-se cristão muda tudo isso. De repente, percebe
mos que o sexo não é tanto um ato como um relacionamento. O sexo
é uma dádiva de Deus aos homens e mulheres. Dentro do relaciona
mento do casamento é uma das dádivas mais preciosas de Deus.
Que Deus nos ajude a pensar de modo cristão a respeito do sexo.
Possa Ele ajudar-nos a crescer e a nos tornarmos verdadeiros cristãos
que amam. /
A Questão do Juramento
Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo Céu, por ser
o trono de Deus; nem pela terra, por ser estrado de Seus pés; nem por
Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça,
porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Mateus 5:34-36.
Juramento Farisaico - I
Nem jurareis falso pelo Meu nome, pois profanarieis o nome do vosso
Deus. Eu sou o Senhor. Levítico 19:12.
Os escribas e fariseus eram excelentes pesquisadores da Bíblia.
Juramento Farisaico - II
Todo aquele que pratica o pecado transgride a lei; de fato, o pecado
é a transgressão da lei. IJoão 3:4, NVI.
mentos? Devemos ler o texto literalmente pelo que, à primeira vista, pa
rece dizer? Ou devemos interpretá-los à luz do Novo Testamento inteiro?
Essa pergunta é importante por duas razões. Primeiro, porque a
muitos de nós será pedido, mais cedo ou mais tarde, que juremos dizer
a verdade num tribunal de justiça, e muitos de nós já confirmamos os
votos matrimoniais. Por isso, estamos lidando com algo bem prático
em nossa vida diária.
A segunda implicação também é bastante prática. Tem a ver com
a maneira como lemos as Escrituras. A lição que aprendemos da leitu
ra de Mateus 5:33-37, bem como da sugestão de arrancar o olho no
verso 29 do mesmo capítulo, é que a leitura absolutamente literal não
concorda com o desígnio de Jesus.
O significado totalmente literal dos ensinos de Jesus acerca do ju
ramento é que nunca devemos jurar. Muitos grupos religiosos, inclusi
ve os Quakers, adotam essa posição.
Mas essa interpretação literal não é apoiada pelo restante do No
vo Testamento. “O próprio Jesus em Seu julgamento... não Se recusou
a testificar sob juramento.” (Ver Mat. 26:63 e 64.) Ellen White acres
centa ainda que: “Houvesse Cristo no Sermão do Monte condenado o
juramento judicial, em Seu julgamento haveria reprovado o sumo sa
cerdote, reforçando assim, para benefício de Seus seguidores, Seus pró
prios ensinos.” - O Maior Discurso de Cristo, pág. 67.
Jesus não Se opôs ao juramento governamental, pelo contrário,
notamos que os apóstolos fizeram juramento, e o próprio Deus jurou
por Si mesmo, “visto que não tinha ninguém superior por quem jurar”.
A vida cristã é muito mais complexa do que simplesmente pegar
mos uma prova de pré-impressão e a considerarmos como se fosse tu
do o que Deus tivesse a dizer sobre o assunto. É preciso que tenhamos
uma percepção equilibrada dos ensinos da Bíblia sobre determinado
assunto, para que realmente compreendamos a vontade de Deus.
Ajuda-nos, Senhor, a nos tornarmos melhores estudantes da Tua
Palavra, e intérpretes mais exatos da Tua vontade.
O Sim do Cristão
Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis nem pelo céu nem pela terra,
nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim
e não, não, para que não caiais em condenação. Tiago 5:12.
T^Tessa passagem de hoje, Tiago está citando o sentimento de Je
sus, expresso em Mateus 5:37. Os verdadeiros cristãos não necessitam
jurar por isso nem por aquilo. Eles devem ter uma sólida reputação por
falarem a verdade. Não devem usar esse tipo de sentenças legalistas
que enganam as pessoas pela sutileza de suas palavras e deixam-nas
pensar que estão dizendo uma coisa, quando na realidade estão dizen
do o contrário. A conversa do cristão deve ser franca, honesta e trans
parente. Devemos ser capazes de confiar nos cristãos simplesmente por
serem cristãos.
Em Mateus 5:33-37, Jesus rejeita toda aproximação alternativa pa
ra a verdade. Isto é, Ele rejeita a idéia de que alguns compromissos de
vem ser mantidos porque foram feitos sob juramento de forma especí
fica, ao passo que outros compromissos deixam as pessoas envolvidas
praticamente livres de obrigação, por não estarem vinculados a um ju
ramento adequado.
Jesus está lutando pela integridade de todas as nossas palavras,
quer sob juramento, quer não. Não é estável a comunidade em cujas
palavras não se pode confiar.
Como cristãos, compreendemos que todas as nossas palavras são
ditas e nossos compromissos feitos na presença de Deus. As palavras e
ações do cristão são sagradas. Afinal, a conversa do cristão vem de uma
pessoa que foi separada pelo Deus Vivo para um propósito santo (isto
é santificação). A conversa do cristão é de alguém que nasceu de no
vo. A pureza de nossa conversa, a integridade de nossas promessas, a
honestidade transparente da pessoa que somos, dão testemunho de que
somos cristãos em nossos atos e não só de nome.
Assim sendo, os negócios do cristão devem ser as mais honestas
transações comerciais que existem. Dão testemunho à comunidade de
que somos cristãos.
Quando Jesus disse que nosso sim deve ser sim, e nosso não, não,
Ele estava afirmando que cada um de nós deve ser digno de confiança
e honesto em tudo o que diz e faz.
A Lei da Desforra
Vocês ouviram o que foi dito: Olho por olho, dente por dente.
Mateus 5:38.
T^qui temos uma referência ao antigo código da lei de talião, a
lei da retaliação. Ele está entre os mais primitivos códigos de leis hu
manas. Assim, estava no Código de Hamurabi, que reinou na Babilô
nia antes do tempo de Moisés, mas de forma menos justa do que no
Antigo Testamento.
A lei básica de talião é encontrada em pelo menos três lugares no
Antigo Testamento. Em Deuteronômio 19:21, lemos: “Não o olharás
com piedade: vida por vida, olho por olho, dente por dente...” Em Le-
vítico 24:19 e 20, lemos: “Se alguém causar defeito em seu próximo,
como ele fez, assim lhe será feito: fratura por fratura, olho por olho,
dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se
lhe fará.”
Por razões óbvias, essas leis são freqüentemente citadas pelos críti
cos como sendo as mais brutais do Antigo Testamento. Mas, antes de
criticarmos demais, precisamos considerar a intenção das mesmas.
Em primeiro lugar, é importante compreender que o objetivo des
sas leis _do Antigo Testamento não era crueldade legalizada, mas mi
sericórdia. Pense por um momento na impetuosidade humana e na
desforra. Minha tendência humana, quando alguém faz algo que me
prejudica, é fazer pelo menos algo tão mau como o que me foi feito,
ou pior se puder. Assim, a desforra descontrolada aumenta à medida
que cada um retribui de maneira mais brutal. Uma inimizade sangui
nária entre famílias em guerra é o possível resultado.
A legislação do Antigo Testamento foi dada para colocar limites
na desforra. Assim ninguém pode insistir num castigo maior do que o
merecidopelo. çritne,
— Em segundo lugar, a lei não era imposta por indivíduos, mas pelo
governo, na tentativa de manter a ordem civil. Era o juiz quem estabe
lecia os termos da punição. Na realidade, os judeus de épocas posterio
res geralmente trocavam a lei de talião por fundos monetários.—
Mesmo o que parece ser o lado cruel do Antigo Testamento preci
sa ser considerado à luz de um Deus misericordioso.
E sempre perigoso pegar um verso aqui, outro ali, e dizer que is
so é o que a Bíblia ensina sobre o assunto. É importante conseguir o
quadro completo.
Ontem consideramos alguns versos nos quais a lei de talião ou do
“olho por olho” era ensinada. Percebemos que aquilo que parecia ser
uma lei brutal, era, na verdade, um aspecto de misericórdia da legisla
ção, no sentido de que ela limitava o grau da vingança.
Mas o ideal de misericórdia divina é muito mais amplo do que is
so no Antigo Testamento. Esse pode ter sido o limite legal da vingan
ça, mas o verdadeiro ideal de Deus para Seu povo era um ideal de gra
ça. Por isso, como vemos no texto bíblico de hoje, as pessoas são acon
selhadas a não dar o troco aos outros pelo que eles lhes fizeram, não
desforrar-se à moda da lei de talião. Em Levítico 19:18, lemos: “Não te
vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o
teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.” E em Provérbios
25:21: “Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer.”
Assim sendo, mesmo no Antigo Testamento, o ideal de Deus para
Seu povo individualmente era de misericórdia e não de justiça estrita.
Graça é a nota tônica em ambos os testamentos. Deus a concede a nós.
Nosso dever é passá-la adiante.
Prejuízos não imagináveis sobrevieram ao povo de Deus por meio
daqueles que estavam em seu meio escolhendo as mais fortes declara
ções da Bíblia (ou dos escritos de Ellen White) para impô-las sobre ou
tras pessoas, sem levar em consideração o contexto ou o equilíbrio dos
fatores.
Ellen White adverte contra aqueles que “escolhem as expressões
mais fortes dos testemunhos” e “querem impô-las em todos os casos” a
despeito do seu contexto. “Não apanhem os indivíduos as declarações
mais fortes, feitas a pessoas e famílias, impondo essas coisas porque de
sejam usar o açoite e ter algo para impor.” - Mensagens Escolhidas, vol.
3, págs. 285-287.
Esse conselho se aplica também à Bíblia. Considere todos os fatos
a respeito de determinado assunto.
A Segunda Milha
Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Mateus 5:41
O Significado do Amor
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho
unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. João 3:16.
_^\_mor é definido por diferentes pessoas de maneiras diversas, al
gumas delas nada amáveis.
O idioma grego é rico em palavras para o amor. Ele usa quatro di
ferentes palavras. A primeira é storgê, que é o amor familiar - aquele
amor que o pai ou mãe tem pelo filho ou filha.
A segunda palavra grega para amor é eras, que dá origem à palavra
erótico. Esse é o amor de um homem por uma mulher e vice-versa, e
inclui o amor sexual.
A terceira palavra é philia. Podemos reconhecer essa palavra em
Philadelphia, a cidade do amor fraternal. Philia representa o amor afe
tivo, o amor que as pessoas sentem por seus melhores amigos.
A quarta e a mais importante das palavras gregas para amor é
agapê. Agapê representa bondade insuperável, invencível boa vontade.
Quando consideramos uma pessoa com agapê, amamos aquela pessoa
sem nos importarmos com o que ela nos tenha feito, ou quanto nos te
nha magoado. Queremos o melhor para as pessoas, a despeito da ma
neira como elas nos tenham tratado. Agapê é totalmente incondicio
nal. Jesus usa a palavra agapê em Mateus 5:44. Esse é o tipo de amor
que devemos demonstrar abundantemente aos nossos inimigos.
A essa altura, deve-se reconhecer que o amor agapê não é um senti
mento, mas um princípio profundo. E um princípio do coração e da
mente. E a determinação de amar as pessoas a despeito de suas ações e
de nossos sentimentos humanos. Representa uma determinação da men
te. Agapê é o poder de amar até mesmo aquelas pessoas de quem não gos
tamos e que não gostam de nós. É parte dos frutos da conversão.
Jesus ordena que amemos nossos inimigos. Ele não disse que temos
de gostar deles. Podemos não gostar de todas as pessoas, mas é-nos or
denado amar a todas elas. Esse mandamento é o mais abrangente em
toda a Bíblia; é o mais impossível.
Ajuda-me hoje, Senhor, a fazer o impossível. Suplico um derrama
mento especial da Tua graça.
O Significado de "Pai"
Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos
torneis filhos do vosso Pai celeste, porque Ele fiaz nascer o Seu sol sobre maus
e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Mateus 5:44 e 45.
Jma das palavras-chave no verso 45 é “Pai”. Essa imagem está
situada no centro do Sermão do Monte. “Pai”, para a maioria das pes
soas, denota sentimentos calorosos de proteção e cuidado. Quando a
Bíblia usa a palavra “Pai” com relação a Deus, ela fala em termos de
bondade. “Nosso Pai” é aquele em quem podemos confiar. O Pai faz
provisões para nós. Isso é parte do que Jesus quer dizer quando Ele cha
ma a Deus de nosso Pai.
Esse conceito de Deus é especial para a Bíblia. As religiões não
cristãs têm a tendência de considerar o Ser Supremo como um objeto
que inspira temor em vez de amor. Com freqüência, essas pessoas O
apresentam como um Deus irado, que precisa ser apaziguado com ofer
tas. A Bíblia, porém, apresenta Deus como um Pai amoroso, que tan
to amou o mundo que deu Seu único Filho. O quadro de Deus que Je
sus pinta é revolucionário, mas também confortador.
Deus Se torna nosso Pai quando nos tornamos cristãos, quando
nascemos de novo da água e do Espírito e passamos a fazer parte da fa
mília dEle. João escreve que “a todos quantos O receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no Seu no
me; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus”. João 1:12 e 13.
Deus é Pai para os cristãos. Para outros, Ele é o Deus Criador ou o
Deus Legislador. Isso não significa que Deus não ama os não cristãos,
apenas que Ele não é Pai deles da mesma maneira que é “nosso Pai”.
Esse fato, nefturalmente, nos toma Seus filhos. Como resultado, te
mos um conjunto de princípios diferentes (as Bem-aventuranças) da
queles que pertencem a outra família. “Nosso Pai” é um dos mais ricos
símbolos do Novo Testamento. E um símbolo genuinamente cristão.
O Significado de Proximo
Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu
próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado. Não te vingarás, nem
guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como
a ti mesmo. Eu sou o Senhor. Levítico 19:17 e 18.
CD próximo, para os judeus do tempo de Cristo, significava seu
“próprio povo”. Próximos eram os outros judeus. Não é difícil com
preender essa definição quando pensamos na sua história. Eles foram
levados para o cativeiro porque adoraram os deuses de seus vizinhos, os
cananeus. Como resultado, depois de retornarem, nos dias de Esdras e
Neemias, eles decidiram ficar afastados de toda possível contamina
ção, para evitar os não judeus. Eles estavam constrangidos e determi
nados a permanecer puros. Os fariseus se tornaram líderes da separação
judaica. Outras nações eram consideradas inimigas e com as quais não
deviam se associar.
E nesse contexto que a parábola do bom samaritano assume signifi
cado especial. Essa parábola é a mais exata definição de quem é nosso
próximo. Jesus está respondendo particularmente à pergunta: “Quem é o
meu próximo?” (Luc. 10:29.) Sua resposta abalou as classes farisaicas.
E importante que Jesus respondeu à pergunta ilustrando a boa ação
do samaritano. Os judeus desprezavam os samaritanos porque estes
eram vistos como apóstatas da religião verdadeira - eram uma mistura
da religião verdadeira e da falsa.
Em Sua parábola, Jesus conta a respeito de um judeu que foi ata
cado por salteadores na estrada para Jericó. Vários judeus passaram por
ali, mas não ajudaram seu compatriota. O samaritano, porém, um ini
migo, atravessou a estrada para cuidar daquele judeu da melhor manei
ra possível. O judeu não teria feito o mesmo se o samaritano estivesse
em problema. Assim, a parábola ilustra o amor aos inimigos. Ilustra o
verdadeiro amor ao próximo.
Quem é meu próximo? Qualquer pessoa que está oprimida por cau
sa do pecado, enfermidade ou qualquer outra dificuldade. O próximo
do cristão é toda e qualquer pessoa.
Assim, Jesus continua a expandir nossa compreensão a respeito do
significado e da profundidade da lei. Não há fim nem limite para o de
ver de amar.
Pai do Céu? Não é sendo membros da igreja. Ser membro da igreja sig
nifica pertencer à igreja; significa ter seu nome registrado nos livros da
igreja em algum lugar; quer dizer que exteriormente você aceitou um
grupo de doutrinas mantidas por aquela igreja. Mas isso pode ter bem
pouco a ver com o fato de ser semelhante ao Pai. Na realidade, muitos
dos que são membros da igreja e até líderes dela têm a tendência de
agir mais como o diabo do que como o Pai.
Pertencer ao quadro de membros da igreja é importante porque a
igreja idealmente proporciona um companheirismo entre os membros,
que encoraja e fortalece uns aos outros na vida cristã. A igreja (a des
peito de todas as suas falhas) tem preservado a mensagem cristã atra
vés dos séculos. Mas a igreja não é Deus, assim como ser membro de
uma igreja não significa ser cristão.
Ser cristão significa ser como o Pai, que ama até mesmo Seus ini
migos. Significa seguir o exemplo de Jesus. Jesus acertou em cheio o
que significa ser cristão quando disse: “Nisto conhecerão todos que sois
Meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” João 13:15. O ele
mento decisivo é que amemos aos outros como Deus nos tem amado.
Ellen White nos ajuda a compreender esse ponto quando escreve:
“Não é a posição terrena, nem o nascimento, nem a nacionalidade,
nem os privilégios religiosos, o que prova ser membro da família de
Deus; é um amor que envolve toda a humanidade.” Ela continua di
zendo que até os pecadores reagem diante da bondade, mas que é “uni
camente o Espírito de Deus que dá amor em troca de ódio. Ser bondo
so para o ingrato e o mau, fazer o bem sem esperar retribuição, é a in
sígnia da realeza celeste, o sinal certo pelo qual os filhos do Altíssimo
revelam sua elevada condição”. - O Maior Discurso de Cristo, pág. 75.
A ordem de Jesus para mim, é que preciso ser como meu Pai.
"Portanto"
Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.
Mateus 5:48.
44P
JL ortanto” é a palavra-chave no verso 48. “Portanto” significa
conclusão do que foi dito anteriormente.
O versículo 48, com seu apelo pela perfeição à semelhança de Deus,
precisa ser vinculado ao versículo 20, o qual apela por justiça maior do
que a dos escribas e fariseus. Esses dois versículos colocam, como que
entre parênteses, os seis exemplos de Jesus acerca da profundidade da
lei. Eles apresentam o ideal de Deus antes e depois das ilustrações.
Assim, há um sentido em que ser perfeito como o Pai é o mesmo
que conservar o espírito da lei, em contraste com a letra legalista. Em
certo sentido, cada uma das seis seções contidas nos versículos 21 a 48
apela para a perfeição, cada uma apresenta uma ordem absoluta que não
pode ser superada. Por exemplo: O que mais se pode fazer a respeito da
cobiça, depois de expulsá-la do coração? (Versos 17-30.) E a quem mais
se pode amar depois de ter amado aos inimigos? (Versos 43-48.)
Mas, embora a palavra “portanto” no versículo 48 se refira em cer
to sentido a todos os ensinos de Jesus contidos nos versos 21 a 47, ela
pertence aos versos 42 até 47 de um modo mais específico ainda. Isso
pode ser demonstrado fazendo-se a comparação entre os versículos 45
e 48. Esses são os únicos dois versículos em toda essa passagem que
apelam aos cristãos para serem semelhantes ao Pai que está no Céu. Os
versículos 43 e 47 tornam explícita a essência dessa semelhança.
Jesus não está lidando com coisas abstratas aqui. Ser semelhante ao
Pai significa amar os próprios inimigos, assim como Deus amou Seus
inimigos. Afinal, Ele não proporciona sol e chuva a bons e maus? Qual
quer pessoa, até os cobradores de impostos, podem amar seus amigos.
Deus requer de Seus filhos um amor sobrenatural por todas as pessoas.
Assim como o Pai tanto amou o mundo que deu Seu Filho para morrer
por pessoas incrédulas e inimigas dEle, devem também os cristãos amar
até mesmo aquelas pessoas que, mentindo, disserem todo mal contra
eles. Isso é o máximo em piedade e semelhança de Deus.
Assim sendo, “portanto” é uma das mais importantes palavras em
Mateus 5:48. Sem essa palavra, não poderiamos perceber claramente a
que Jesus está Se referindo quando apela para que sejamos perfeitos.
Ano Bíblico: Salmos 23-30. - Juvenis: Salmos 121, 122, 124 e 125.
Terça-feira A Justiça do Cristão
19 de junho
Perfeição é um Processo
Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse
a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a
semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma
frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na
espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque
é chegada a ceifa. Marcos 4:26-29.
O Significado de Perfeição
Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e
todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não
ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. IJoão 4:7 e 8.
A Perfeição de Caráter
Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar
nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo.
Pois Ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos,
como também é misericordioso vosso Pai. Lucas 6:35 e 36.
Voltando às Bem-Aventuranças
Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniqüidades.
Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um
espírito inabalável. Não me repulses da Tua presença, nem me retires o Teu
Santo Espírito. Restitui-me a alegria da Tua salvação e sustenta-me com um
espírito voluntário. Então, ensinarei aos transgressores os Teus caminhos, e
os pecadores se converterão a Ti. Salmo 51:9-13.
Entre os versículos 20 e 48 de Mateus 5, Jesus falou não só que a
nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus, mas que as impli
cações da lei para a vida diária são muito mais profundas e amplas do
que qualquer fariseu jamais sonhou.
Enquanto mantivessem sua estreita e limitada definição de pecado
como um ato exterior, eles estavam seguros no que dizia respeito à sua
compreensão de perfeição.
Mas Jesus fizera explodir a presunção deles vez após outra no capí
tulo 5 de Mateus. Não só é pecado o homicídio, mas também todo
pensamento pecaminoso e palavra impura. Não só é pecado o adulté
rio, como também os pensamentos sensuais. E para completar, como
cristãos não podemos sequer usar de desforra. Pelo contrário, somos or
denados a amar nossos inimigos e assim ser tão perfeitos como Deus.
Quem está apto para essas coisas? Ninguém de nós! Todos somos
incapazes. Eu me considero uma pessoa de razoável força de vontade,
e descobri que posso parar de fazer isso ou aquilo (digamos, parar de co
mer creme de amendoim) por minhas próprias forças. Mas minha sa
tisfação própria e auto-suficiência são totalmente destruídas pelos en
sinos de Jesus em Mateus 5. Não tenho condições de amar todos os
meus inimigos o tempo todo, a não ser pelo poder da graça de Deus.
Por isso, Mateus 5:21 a 48, e especialmente o versículo 48, me levam
de volta, vez após outra, às Bem-aventuranças, quando reconheço minha
pobreza de espírito, minha falta de pureza e falta de misericórdia. Como
Davi na antigüidade, quando considero minha vida, comparando-a com
o que eu deveria ser, tenho fome e sede da justiça de Deus.
Agradeço a Deus diariamente porque Ele é misericordioso, perdoa-
dor e amoroso, até mesmo para com aqueles que vacilam e caem, ou se
tomam rebeldes.
Ajuda-me, Senhor, a ser mais semelhante a Ti!
O Quarto Passo
Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim
de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai
celeste. Mateus 6:1.
C>om Mateus 6:1 chegamos a outro dos grandes versículos de
transição do Sermão do Monte. Durante os seis meses que ficaram pa
ra trás, estudamos o capítulo 5 de Mateus. Esse capítulo nos apresen
tou três grandes elementos na formação de uma vida cristã. O primei
ro foram as Bem-aventuranças (Mat. 5:3-12), que representam os tra
ços de caráter que todo cristão deve ter. O segundo foi o testemunho
cristão, dos versículos 13 a 16. Depois, o ensino extremamente valio
so dos versículos 17a 48, nos quais Jesus apresentou em detalhes a jus
tiça cristã.
Em Mateus 6 Jesus continua, aparentemente, a falar sobre a justi
ça cristã. Mas, enquanto Mateus 5:17-48 trata da justiça moral, a pri
meira metade do capítulo 6 apresenta o que se poderia chamar de jus
tiça “religiosa”.
A primeira parte do capítulo trata de três áreas da piedade pessoal:
a esmola, a oração e o jejum. Visto serem esses atos comuns na pieda
de judaica, Jesus utiliza essas áreas para ilustrar princípios aplicáveis a
todos os atos da piedade religiosa. Em outras palavras, esses três atos
exemplificam mais a piedade do que uma exaustiva lista de práticas
cristãs.
Note que Jesus não ordena essas atividades. Ele simplesmente
diz: “Quando deres esmola...”, “Quando orares...” Supõe-se que esses
atos sejam praticados pelos cidadãos do reino dos Céus. Esse é um
fato curioso, já que uma de Suas três ilustrações - o jejum - caiu em
desuso entre os cristãos evangélicos, sendo até mesmo considerado,
por alguns, perversão da Idade Média.
Orar, jejuar e dar esmolas. O que têm eles em comum? Todos são
ilustrações de atos de piedade; todos são atos devocionais que os cris
tãos praticam em seu relacionamento com o Deus do Céu. Essa é a ra
zão por que devemos pensar em Mateus 6:1-18 como “a piedade do
cristão”.
Ao procurarmos praticar os importantes atos de devoção, que in
tegram a vida cristã, dá-nos hoje a Tua ajuda, ó Pai.
'1 rês vezes no capítulo 6 Jesus utiliza o mesmo padrão para atin
gir Seu objetivo. Ele sabia que a mente humana enfraquecida pelo pe
cado precisa ouvir as coisas mais de uma vez para assimilar uma lição.
E Jesus é o mestre por excelência.
Repare no Seu estilo. Primeiro, Ele delineia o princípio geral no
versículo inicial: Não pratique atos piedosos para ser visto pelos ou
tros. Os que assim procedem não receberão outra recompensa a não ser
sua própria atitude egocêntrica. Depois, Ele passa a ilustrar essa lição
principal a respeito da esmola (versos 2 a 4), da oração (versos 5 e 6)
e do jejum (versos 16 a 18).
Todas as três ilustrações seguem o mesmo padrão. Primeiro, vem a
descrição da falsa forma de piedade, que se concentra na exibição pú
blica da “santidade do adorador”. Por causa de sua falsa motivação
(pois adoram a si mesmos ou chamam a atenção para si mesmos, em
bora afirmem estar adorando a Deus e chamando a atenção para Ele),
Jesus os chama de “hipócritas” em todas as três ilustrações.
A palavra “hipócrita”, no grego, era usada para designar um ator
no palco. Ora, há um aspecto positivo em ser ator. Afinal de contas,
uma pessoa honesta pode representar o papel de outra com sentimen
to e exatidão. Mas o que Jesus tem em mente é o sentido negativo da
palavra. No sentido negativo, o palco é um mundo de farsa e os atores
são os que enganam. Naqueles dias os atores usavam máscaras no ros
to; as máscaras escondiam megafones para que os atores pudessem ser
ouvidos. Assim, o hipócrita é alguém que usa um rosto falso. Ele finge
honrar a Deus, embora esteja realmente honrando a si mesmo. Essas
pessoas já receberam a sua recompensa.
A segunda metade de cada ilustração sugere a maneira apropriada de
cumprir a obrigação. Em cada caso, a idéia central é a de que a motiva
ção para a devoção deve fundamentar-se mais no relacionamento da
pessoa com o Pai do que no desejo de aparentar bondade. As três ilus
trações terminam com a afirmação de que Deus recompensará os fiéis.
 Recompensa do Cristão
Mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem
jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para
aqueles que O amam. I Coríntios 2:9.
Um menininho sentou-se silenciosamente num trem do Oeste.
Era um dia quente, poeirento e bastante desconfortável para os viajan
tes. Na verdade, era o dia mais desinteressante de toda a viagem. Mas
o pequenino sentou-se e ficou a observar pacientemente os campos e
cercas que passavam em rápida sucessão, até que uma senhora idosa e
maternal se inclinou sobre ele e perguntou compassivamente:
- Você não está cansado da longa viagem, querido? Não está can
sado da poeira e do calor?
O jovenzinho levantou os olhos que brilhavam e replicou com um
sorriso:
- Sim, estou. Mas não me importo, pois sei que meu pai vai me en
contrar no fim da viagem.
Este é um belo pensamento. Não importa quão monótona, desani-
madora ou mesmo dolorosa seja a vida, como cristãos temos alguém à
nossa espera no fim de nossa jornada terrena. Nosso Pai nos espera. Es
se é o nosso incentivo. È essa promessa que nos faz prosseguir. Nosso
Criador nos encontrará, trazendo consigo a Sua recompensa. Mas en
quanto os cristãos esperam a recompensa final, não devem passar por al
to as recompensas diárias da vida cristã. Primeiro, temos a certeza de es
tar fazendo as coisas certas. Isso dá aos cristãos paz mental inigualável.
Segundo, já agora desfrutamos da recompensa de ajudar outras pes
soas. Essa é uma satisfação que vale mais do que ouro ou prata. Como
cristãos, precisamos conscientemente criar oportunidades para mais
bênçãos decorrentes da caridade.
Uma terceira recompensa atual para o trabalho fiel ao Senhor é ain
da mais trabalho. Essa é uma das grandes lições da parábola dos talentos.
Aqueles que realizaram muita coisa terão o privilégio de serviço mais
amplo à medida que se tomam mais e mais semelhantes ao seu Mestre.
Nosso Pai, ao pensarmos em nossa recompensa cristã tanto neste
mundo como no mundo vindouro, pedimos uma renovada porção de
Tua graça para que continuemos a ser recipientes de Tuas bênçãos.
Honrar a Quem?
Eu não aceito glória que vem dos homens. ... Como podeis crer, vós os
que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais a glória que vem
do Deus único? João 5:41-44.
TJma das escolhas decisivas da vida é a quem queremos honrar:
a Deus ou a homens? A quem buscamos agradar? De quem buscamos o
aplauso? O que estamos dispostos a fazer para receber esse favor ou ou
vir esse aplauso?
Estas são perguntas um tanto chocantes, porque se aproximam do
centro do que somos e de como vivemos nossa vida diária.
Todos sabemos a resposta certa para essas perguntas. Devemos ser
como Jesus, que não dava a mínima para o aplauso humano, mas valo
rizava apenas a aprovação do Pai.
O problema é que não somos Jesus. Todos, com demasiada freqüên-
cia, olhamos por sobre os ombros para ver os que os outros pensam de
nós. Como cristãos, sabemos que não devemos andar atrás do aplauso
mundano que poderiamos obter em Hollywood ou a glória que poderia
mos receber como presidente da General Motors. Obviamente, reco
nhecemos que não é o sucesso que está errado, mas o atrair a atenção
para nós mesmos como os supostos responsáveis por esse sucesso.
Como cristãos, geralmente conseguimos ver além dessa espécie de
orgulho mundano. Na maioria dos casos, esse não é o nosso problema.
Mas temos um equivalente espiritual disso. Contendemos com o orgu
lho espiritual e eclesiástico.
Veja que grande evangelista sou eu! Que brilhante sermão eu pre-
guei! Contribuo mais com a igreja que qualquer outra pessoa! Por que
vocês não podem apenas ser humildes como eu?
Moral da história: São infinitas as formas pelas quais podemos bus
car honra dos outros ou até de nós mesmos. Este é o problema contra
o qual os fariseus lutavam. E Jesus quer que nossa justiça, mesmo nes
sas áreas da vida, exceda a dos escribas e fariseus. Mas se isso aconte
cer, por favor não faça alarde nem chame a atenção para isso. Minha
suposição é a de que, se já chegamos onde devíamos estar em nossa vi
da cristã, não saberemos sequer que chegamos, porque Deus será tudo
e reconheceremos que sem Ele nada somos.
E uma lei natural. Se você não planta sementes, não pode ter
uma colheita. Se planta apenas algumas sementes, terá apenas uma pe
quena colheita. Se planta muito, pode esperar colher muito.
Paulo está nos dizendo que a mesma lei funciona também na esfe
ra espiritual. Os que são mesquinhos para com Deus e para com os ou
tros podem esperar poucas bênçãos em comparação a outros que são
mais generosos. A generosidade é contagiosa, e influenciamos os que
estão ao nosso redor, inclusive nossos filhos. Se perceberem que somos
pães-duros, a tendência deles será crescer pães-duros e mesquinhos. O
que semeamos e como semeamos produz seus efeitos à medida que nos
sa influência irradia através do espaço e do tempo.
Deus não quer apenas que demos e demos secretamente (conforme
vimos nos dias anteriores), mas quer que contribuamos com alegria.
Uma de minhas histórias bíblicas favoritas sobre dar com alegria é
a história da viúva que depositou duas pequenas moedas no tesouro do
templo. O valor monetário de sua oferta era extremamente pequeno,
contudo Jesus, “chamando os Seus discípulos, disse-lhes: Em verdade
vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o
fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes so
brava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu
sustento”. Mar. 12:43 e 44-
Sua oferta foi reconhecida no Céu porque seu coração estava ne
la. Ela era uma pessoa que dava com alegria. Isto é o que Deus quer de
cada um de nós. Ele quer que contribuamos de coração. Mais impor
tante do que a quantidade é o espírito com que damos nossas ofertas.
O próprio propósito de dar é tornar-nos mais semelhantes a Deus,
o Pai, e Jesus, o Filho, os quais deram de Si para que fôssemos aben
çoados, tanto neste mundo como no mundo por vir. Deus deseja que
eu dê com alegria.
"Pecados Vegetarianos"
Jesus declarou: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de
Deus, se não nascer de novo. ... Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar
no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. ”João 3:3-5, NVI.
7^ espécie mais esquiva e enganosa de pecado é a que se pode
chamar de pecado “vegetariano”.
O que, podemos perguntar, são pecados “vegetarianos”?
São os tipos de pecados ilustrados por Jesus em Mateus 6:1-18: pe
cados essencialmente ligados às práticas religiosas, tais como orar e
ajudar os pobres. Eu os chamei de vegetarianos porque eles parecem
tão bons, tão saudáveis.
Mas nisto está o seu poder de pegar-nos desprevenidos. Esse peca
do é enganoso porque aparenta e dá a impressão de ser religioso. Ele
pode ser verdadeiramente religioso ou pode ser apenas outra maneira
de fazer-nos sentir bem a respeito de nós mesmos, exceto que, dessa
vez, o que dá prazer não é quão ímpio eu sou, mas quão justo sou. O
poder enganador dos pecados vegetarianos reside no próprio fato de fa
zer-nos sentir limpos, mesmo quando ainda estamos cheios da polpa
podre do pecado: a orgulhosa auto-suficiência.
Jesus quer nos salvar até de nossa auto-suficiência, até de nosso or
gulho espiritual e até mesmo da satisfação por nossas realizações na vi
da religiosa.
E como Ele Se propõe a fazer isso? Da mesma forma como lida com
a prostituição e o tráfico de drogas. Ele quer que nosso espírito orgu
lhoso caia aos pés da cruz e seja crucificado. Ele quer que crucifique
mos as atitudes erradas da adoração e a atitude de achar que somos su
periores às pessoas das outras igrejas ou às pessoas que não têm igreja
nenhuma.
Mas além da crucificação de nossa vaidosa justiça própria, Jesus quer
proporcionar o nosso renascimento por meio da vida no Espírito. Ele
quer que nasçamos de novo com uma nova atitude. Quer que nasçamos
do alto. Quer salvar-nos até mesmo dos pecados vegetarianos. E as boas
novas são que Ele é capaz de fazer isso. Ou seja, Ele pode fazê-lo, se hu
mildemente clamarmos, neste e em todos os dias, por Seu auxílio.
A Importância da Oração
Para os Fariseus
Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua
força. Estas palavras que hoje te ordeno, estarão no teu coração.
Deuteronômio 6:4-6.
jA passagem bíblica de hoje é importante tanto para cristãos co
mo para judeus. Os cristãos a reconhecem porque, quando pergunta
ram a Jesus acerca do maior mandamento da lei, Ele apresentou Deu
teronômio 6:5, com o seu amor a Deus.
Mas essa passagem era importante para os judeus antes de Jesus
nascer. Era importante porque fazia parte do Shema. O Shema consistia
de três breves passagens da Escritura - Deuteronômio 6:4-9; 11:13-21;
e Números 15:37-41 - que tinham de ser recitadas sob a forma de ora
ção pelos judeus toda manhã e toda tarde.
O Shema não era a única oração que os judeus deviam recitar dia
riamente. Era seu dever também recitar o que se tornou conhecido co
mo As Dezoito, que consistiam de 18 orações. As Dezoito tinham que
ser recitadas três vezes ao dia: uma vez pela manhã, uma vez à tarde e
uma vez à noite.
Os judeus eram um povo de oração. Levavam suas orações a sério.
Não rezavam apenas o Shema e As Dezoito, mas também tinham ora
ções para quase todo acontecimento da vida. Assim, tinham orações
para antes e depois de cada refeição; e havia orações ligadas a coisas
como a luz, o fogo e o relâmpago; ao verem a lua nova, cometas, chu
va e tempestades; ao verem o mar, lagos, rios; ao receberem boas notí
cias; ao usarem mobília nova; ao entrarem ou saírem de uma cidade, e
assim por diante. Para tudo havia sua oração.
Como cristãos, temos algo a aprender com isto. Precisamos tam
bém ver a santidade de tudo que existe ou do que acontece em nossa
vida. Precisamos ter o senso da constante presença de Deus. Devemos
também ter a vida inundada pela oração.
Mas também devemos acautelar-nos dos perigos nos quais os ju
deus caíram. Satanás pode perverter até mesmo a oração. Mas Jesus
pode fazer melhor. Pode dar nova vida à oração e santificá-la em nos
sa vida diária.
Dizer e Praticar
Então, falou Jesus às multidões e aos Seus discípulos: Na cadeira
de Moisés se assentaram os escribas e fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo
quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque
dizem e não fazem. Mateus 23:1-3.
E mais fácil falar do que praticar. Todo pai sabe disso; todo ma
rido e mulher, todo pastor, todo chefe. Mas praticar é o ponto princi
pal. Praticar é tudo. Ainda assim, eu preferiria apenas falar.
E assim procediam os fariseus. Muitas de suas idéias eram bastante
úteis e verdadeiras, mas eles deixavam de viver o espírito de sua reli
gião. Guardavam as leis e praticavam as devoções religiosas externa
mente, embora demasiadas vezes lhes faltasse profundidade interior.
Esse era o problema da oração mencionada em Mateus 6:5. Eles ora
vam não somente porque desejavam falar com Deus, mas também por
que queriam que os outros pensassem que eles eram homens de oração.
O ponto importante para nós hoje é que algumas vezes agimos
com a mesma motivação dos fariseus do passado. Algumas vezes tam
bém oramos para efeitos externos. Também somos por vezes tentados
a ter a reputação de uma pessoa que ora divinamente bem ou que é
profundamente “espiritual”. Jesus, no Sermão do Monte, diz que a fon
te dessa ambição não é Deus. Ao orarmos, não devemos concentrar
nosso interesse em nós mesmos ou em nossa reputação, mas nAquele
a quem oramos. Podemos não estar orando ostentosamente nas esqui
nas das ruas, nem fazendo tocar trombeta diante de nós para que todos
saibam que estamos orando, mas algumas vezes permitimos que saibam
que estamos cansados (ou refeitos, conforme o caso) porque levanta
mos às 3:00 da madrugada para orar fervorosamente a Deus. Essa táti
ca é sutil, mas não é secreta.
Outros caem na armadilha da oração farisaica nas orações públicas
das manhãs de sábado. Eles gostam que os outros comentem como foi
“bela” a sua oração. Tudo o que realmente conta, seja em público ou
em particular, é a oração sincera. E mais importante que as orações se
jam comoventes do que belas. E absolutamente decisivo que o ponto
focal delas seja Deus.
Senhor, hoje, como no passado com Teus discípulos, nosso coração
clama: “Ensina-nos a orar.”
Ore a Deus
Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta,
orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará. Mateus 6:6.
E uma coisa maravilhosa orar várias vezes por dia e até mesmo
ter horários fixos para a oração particular. Daniel, em Babilônia, ora
va três vezes ao dia, com o rosto voltado para Jerusalém. E os cristãos
de nosso tempo dão graças pelo alimento e fazem preces ao se levantar
pela manhã e ao ir para a cama à noite.
Há, porém, um perigo nisto tudo. E fácil a oração tornar-se formal
em vez de sincera. Ela se torna algo que você faz em certas ocasiões ou
em determinados momentos. Em conseqüência disso, fica fácil res
mungar a oração de uma maneira ininteligível. Em minha própria vi
da tem havido ocasiões em que as orações à mesa ou ao pé da cama se
tornaram tão rotineiras que eu não conseguia lembrar se havia orado.
A oração rotineira tem seus perigos.
Em nosso texto de hoje, Jesus fala sobre “as vãs repetições” na ora
ção, ou, conforme traduz a Nova Versão Internacional, alguns “pen
sam que por muito falarem serão ouvidos”.
Isto tem sido verdade em muitas culturas. Assim é que em I Reis
18:26 lemos que os profetas de Baal clamaram: “Ah! Baal, responde-
nos!” por quase meio dia. E em Atos 19:34 lemos como a multidão dos
efésios gritaram por quase duas horas: “Grande é a Diana dos efésios!”
E há alguns cristãos que dizem repetitivamente suas orações por meio
de um rosário, enquanto os hindus usam as contas de oração com o
mesmo propósito. Na história protestante, muitas vezes tem-se pensa
do que a duração de uma oração é uma indicação de devoção.
Jesus nos diz que todas essas idéias estão erradas. Deus quer que
oremos a Ele, da mesma maneira como o fazemos quando conversamos
inteligentemente com nossos melhores amigos. Não devemos julgar
nosso sucesso pelo palavreado empregado nessas situações, nem deve
mos pedir as coisas num estilo repetitivo. Não. Sabemos que Deus nos
ouve e Se importa conosco. Em conseqüência disso, derramamos pe
rante Ele o nosso coração.
O Pai Ideal
Porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que
Lho peçais. Mateus 6:8.
Omito algumas palavras do início do nosso texto de hoje. Na ver
dade, ele começa assim: “Não vos assemelheis, pois, a eles.”
A eles, quem? Aqueles que no verso 7 pensavam que pelo seu mui
to falar Deus os ouviria.
Não sejam como eles. Por quê? Porque “o vosso Pai, sabe o de que
tendes necessidade, antes que Lho peçais”.
Nesse verso, a palavra “Pai” é usada em seu verdadeiro sentido. Al
guns de nós que lemos essa passagem somos pais. Outros são mães. Ne
nhum de nós (caso sejamos normais) deixamos nossos filhos mendiga
rem aquilo que precisam na vida. Na verdade, até os dissuadimos de
implorar e choramingar para conseguirem o que querem. Não quere
mos reforçar esse tipo de atitude manipuladora.
Além disso, somos bastante perspicazes no que diz respeito às necessi
dades de nossos filhos. Muitas vezes conhecemos suas esperanças, temores
e desejos. Não apenas fomos filhos um dia, mas temos criado esses filhos
especiais desde a infância. Em geral, sabemos do que precisam.
Mas, de qualquer jeito, gostamos que eles nos peçam. É um sinal
de reconhecimento de que somos pais cuidadosos e protetores. Além
disso, é uma indicação, da parte deles, de que nos respeitam. È impor
tante que eles digam “por favor” e “obrigado”. O pedido e o agradeci
mento que fazem é para eles um lembrete de que os amamos. Natural
mente, não damos tudo o que pedem. Nem tudo quanto desejam seria
bom para eles.
Nosso relacionamento com Deus se assemelha muito à relação sau
dável do pai com o filho, exceto no aspecto de que Deus realmente sabe
tudo o que desejamos e tudo o que seria bom para nós.
Embora Ele não queira que mendiguemos as coisas, deseja que nos di
rijamos a Ele de maneira respeitosa em nossas petições. É prazer de nosso
Pai atender às nossas necessidades da maneira mais saudável e útil.
O fato de Deus ser nosso Pai é um dos ensinamentos mais impor
tantes do Novo Testamento. Hoje precisamos vê-Lo mais como um
amante Pai do que como um juiz vingativo. Ele é o Deus que Se im
porta o bastante para responder às nossas orações.
Pedir é Importante
Ele se indignou e não queria, entrar; saindo, porém, o pai, procurava
conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo...
e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos;
vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu
mandaste matar o novilho cevado. Então, lhe respondeu o pai: Meu filho,
tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. ’’Lucas 15:28, 29 e 31.
CéDlue tragédia!
O filho mais velho da parábola havia ficado em casa a vida toda,
mas não compartilhara das bênçãos do pai.
Por quê? Porque nunca as pediu. Trabalhou duro para guardar a lei
(verso 29) e evitar determinados pecados (verso 30), mas deixou de
compreender a generosidade do pai. Não percebeu que o pai anelava
derramar suas bênçãos sobre cada filho.
Que tragédia viver na casa do pai, mais como um empregado do
que como um filho! Precisamos lembrar-nos das palavras que o pai dis
se ao filho: “Tudo o que é meu é teu.”
Deus quer nos abençoar. Por que somos tão relutantes em pedir?
Por cjue não somos encontrados mais vezes em oração? “Tudo o que é
ineu é teu” é a mensagem de Deus.
Uma das grandes lições do Sermão do Monte é a de que Deus é
nosso Pai. Insiste-se repetidamente nessa lição. Precisamos hoje tomar
nosso coração e ir a Deus em oração reivindicar nosso direito de pri
mogeniture como filhos do Rei.
Deus quer que tenhamos “fome e sede” de Seus dons; quer que
“oremos sem cessar”. Ele é nosso Pai e Se deleita em abençoar Seus fi
lhos. Está mais pronto a dar do que estamos para receber.
Hoje é o dia em que podemos começar a crescer na oração da fé.
Aproximemo-nos de nosso Pai, buscando Sua bênção para nossa vida
e para a vida dos que estão ao nosso redor. Lembre-se: Estamos lidan
do com Alguém que possui coração infinitamente mais amoroso do
que o melhor pai terreno. Ele quer que nos acheguemos a Ele com fé.
Quer que vamos a Ele como filhos humanos vão aos pais com seus pe
didos.
 Importância da Oração
Para os Cristãos
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos Céus, santificado
seja o Teu nome. Mateus 6:9.
Entre Mateus 6:9 e 6:13 temos um dos ensinamentos mais im
portantes de nosso Senhor. Encontramos aí e em Lucas 11:1-4 a Ora
ção do Senhor (o Pai Nosso). Em Lucas, os discípulos vieram pedir a
Jesus que lhes ensinasse a orar. Afinal de contas, alegavam, João Batis
ta havia ensinado os discípulos dele a orar.
-*Esse é um intercâmbio importante. Sugere não somente a impor
tância da oração, mas também que a oração pode ser ensinada^Ê Jesus
aceita essa pressuposição quando passa a ensiná-los a orar.
Orar não é apenas um “punhado de palavras” que resmungamos de
maneira desatenciosa ou entusiástica. Não, a oração é algo com ordem
e estrutura.
Examinaremos esse pensamento amanhã. Hoje queremos apenas
meditar sobre a importância da oração em nossa vida pessoal.
O tema da oração nos coloca frente a frente com um dos assuntos
mais vitais e desafiadores relacionados com a vida cristã. Certo escri
tor observou que “orar é, sem sombra de dúvida, a mais elevada ativi
dade da alma humana. O homem alcança sua grandeza e elevação
quando, pondo-se de joelhos, fica face a face com Deus”.
O mesmo autor continua a observar que nenhuma atividade da vi
da cristã é mais fácil e mais natural do que a oração^Grande parte dos
outros aspectos da vida cristã tem seus equivalentes entre os não cris
tãos. Mesmo as pessoas que jamais ouviram falar de Jesus podem exer
cer autodisciplina e espírito filantrópico. Mas nada disso se compara à
oração sincera. •*—
Como vão as coisas entre você e Deus? Você gosta de falar com Ele
como faria a um amigo, ou fica pouco à vontade na Sua presença? Eis
agora uma questão importante. Algumas pessoas têm muita coisa a di
zer para Deus quando oram em público, mas muito pouco em particu
lar. Faz sentido dizer que a oração é uma prova de nossa vida espiritual.
E ali que descobrimos se realmente amamos a Deus.
Senhor, a exemplo dos discípulos, pedimos que nos ensines a orar.
O Formato da Oração
Um dos Seus discípulos Lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar... Então,
Ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu nome.
Lucas 11:1 e 2.
./X. Oração do Senhor representa a oração ideal de Jesus. Ela foi
dada porque os discípulos pediram a Jesus que lhes ensinasse a orar. Po
demos, portanto, aprender muita coisa dessa grande oração, tão ampla
em seu objetivo e, contudo, tão breve em sua expressão.
A oração, conforme registrada em Mateus 6:9-13, é composta de
sete petições:
—»»-“Santificado seja Teu nome.” “Venha o Teu reino.” “Faça-se a Tua
vontade, assim na Terra como no Céu.” “O pão nosso de cada dia dá-
nos hoje.” “Perdoa-nos as nossas dívidas.” “Não nos deixes cair em ten
tação.” “Livra-nos do mal.”
Examine a oração por um minuto. Que palavra você encontra em
cada uma das três primeiras petições, mas que não se acha nas quatro
últimas? Da mesma forma, que palavra você encontra nas quatro últi
mas, mas que se acha ausente nas três primeiras?'-—
As respostas para essas perguntas são “Teu ou Tua” e “nos”, respec
tivamente. Esses pequenos pronomes nos dizem muita coisa sobre o
formato da oração. A oração tem uma ordem.
A verdadeira oração sempre começa com Deus e a adoração de
Sua Pessoa. Temos aqui uma lição. Jamais devemos começar a orar
preocupados com nós mesmos.
Somente depois de nos dirigir a Deus e a Seus interesses é que a
oração passa para as petições referentes às necessidades humanas. Jesus
volta a pôr o foco da oração em Deus, onde ela deveria estar, já que Ele
é a fonte de tudo quanto existe.
Descobrimos que é fácil demais deixar que nossas orações se dis
tanciem de Deus e dos interesses mais amplos do reino, para se centra
lizarem nos seres humanos. Note que, aproximadamente, metade da
oração é dedicada a petições relacionadas a Deus.
E para que, ao tomarmos essa oração como base, não cheguemos à
conclusão de que toda oração deva ser breve, precisamos lembrar que
Jesus passava noites inteiras em oração.
O Significado do Nome
Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos
em o nome do Senhor, nosso Deus. Salmo 20:7.
Santificando o Nome
Engrandecei o Senhor comigo, e todos, à uma, Lhe exaltemos o nome.
Salmo 34:3.
O que significa “santificar” o nome de Deus? Uma forma de
captar o sentido é reparar como a palavra é traduzida em diferentes
versões bíblicas. O Novo Testamento do Século Vinte diz “que Teu nome
seja mantido santo”. A tradução de Moffatt diz: “Reverenciado seja
Teu nome.” E na tradução de Phillips a frase é “que Teu nome seja
honrado”. Santificar o nome de Deus é reverenciá-lo, tratá-lo com res
peito, honrá-lo. E tratá-lo como algo santo em contraste com algo or
dinário ou comum.
O significado torna-se mais claro quando vemos o modo como a
palavra é empregada. Encontramos a mesma palavra no mandamento
do sábado na tradução grega de Êxodo 20:8. O mandamento é lembrar-
se do sábado para o santificar. O sábado é um dia diferente dos outros;
deve receber tratamento diferente dos outros dias. Deve ser santifica
do. Outro exemplo extraído do Antigo Testamento vem da instrução
para consagrar os sacerdotes. Os sacerdotes deviam ser diferentes dos
outros homens porque eram separados para uso santo.
Assim acontece com o nome de Deus. Os cristãos devem santifi
car o nome de Deus pelo fato de Deus ser quem Ele é. Ellen White su
gere que “para santificarmos o nome de Deus é necessário que as pala
vras em que falamos do Ser Supremo sejam pronunciadas com reve
rência. ‘Santo e tremendo é o Seu nome.’ Salmo 111:9. Não devemos
nunca, de qualquer modo, tratar com leviandade os títulos ou nomes
da Divindade. Ao orar, penetramos na sala de audiência do Altíssimo,
e devemos ir à Sua presença possuídos de santa reverência. Os anjos
velam o rosto em Sua presença. ... Quanto mais deveriamos nós, seres
finitos e pecadores, apresentar-nos de modo reverente perante o Se
nhor, nosso Criador”. - O Maior Discurso de Cristo, pág. 106.
Mas santificar o nome de Deus não se restringe apenas à hora da
oração. Inclui também nossa linguagem durante todo o dia. Além dis
so, santificar o nome abrange todas as nossas ações, pois somos repre
sentantes de Deus na Terra. Em todo ato da vida devemos manifestar-
Lhe o caráter, pois portamos o Seu nome.
"Temendo a Deus"
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos
os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre. Salmo 111:10.
Reverenciando a Deus
Deus continuou: Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés,
porque o lugar em que estás é terra santa. Exodo 3:5.
^Vocês devem ter um Deus pequeno - disse um muçulmano
para um turista americano.
- Não - respondeu rapidamente o americano. -Temos um Deus
grande e poderoso, a cuja palavra de ordem o Universo e tudo o que
nele existe veio à existência!
- Apesar disso, creio que vocês americanos têm um Deus pequeno,
pois quando oram a Ele o fazem de maneira apática e irreverente.
Quando nós muçulmanos oramos, caímos prostrados com o rosto em
terra em reconhecimento da grandeza de Deus.
Reverência. E algo sobre o qual não pensamos muito, a menos que
alguém seja irreverente conosco pessoalmente ou nos trate de manei
ra desrespeitosa. Mas até que ponto somos sensíveis em nossa reverên
cia para com Deus?
Alguns anos atrás tive a oportunidade de pregar numa pequena
igreja adventista do sétimo dia em Porto Rico. Era uma igreja de pes
soas simples. Jamais esquecerei como fiquei atônito à medida que o po
vo entrava na igreja. Antes de se sentarem, ajoelhavam-se em oração
individual. Haviam entrado na casa de Deus, estavam em terra santa,
haviam entrado na presença do Altíssimo, e tinham plena consciência
desse fato.
Ainda que não tenhamos o costume de retirar os calçados quando
entramos na igreja ou de prostrar-nos ou de ainda curvar-nos em ora
ção, devemos reconhecer constantemente, por palavra e ação, que ao
entrarmos na igreja entramos na presença de Deus de maneira especial.
Mas não é somente na igreja que a reverência é importante. Du
rante todo o dia preciso reconhecer a santidade do meu Deus em tudo
que eu fizer ou disser. Assim, sou cuidadoso na maneira como trato mi
nha Bíblia, como uso o nome de Deus, como brinco e assim por dian
te. Meu respeito por Deus me leva a tratar os outros respeitosamente;
ajuda-me a apreciar um pôr-do-sol.
Agradeço-Te, ó Deus, por seres quem és. Agradeço-Te por não se
res Alguém que só posso adorar na igreja, mas Alguém que faz de cada
aspecto da vida uma maravilha.
Reinos èm Conflito
Venha o Teu reino. Mateus 6:10.
y^kssim como em todo o restante do Sermão do Monte, há na
Um Reino em Andamento
O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu
serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e
todos os domínios o servirão e lhe obedecerão. Daniel 7:27.
Falar sobre o reino de Deus pode ser uma coisa um tanto confu
sa, mesmo quando provém dos lábios de Jesus. A razão por que isso
acontece é que Ele fala do reino às vezes como estando no passado, ou
tras vezes como estando no presente e ainda outras vezes como estan
do no futuro.
Jesus deu a entender que o reino estava no passado quando sugeriu
que Abraão, Isaque, Jacó e os profetas haviam ingressado no reino em seu
tempo de vida (Luc. 13:28). Jesus falou do reino como estando no pre
sente quando observou que “o reino de Deus está dentro de vós” (Luc.
17:21). Também ensinou repetidas vezes que o reino de Deus estava no
futuro, quando mencionou a segunda vinda, e mesmo quando ordenou
aos discípulos que orassem pela vinda do reino, enquanto viveu aqui.
Como, perguntamos nós, pode o reino ser passado, presente e fu
turo? Como pode o reino ser um só, e ao mesmo tempo algo que exis
tiu, que existe e pelo qual é nosso dever orar?
A resposta encontra-se no fato de que a vinda do reino é progressi
va. A luta entre o Príncipe de Deus (Cristo) e o príncipe deste mundo
(Satanás) começou no Céu (Apoc. 12:7 e 8), e continuou na Terra du
rante todo o Antigo Testamento. Mesmo naquela época, alguns ficavam
ao lado do Senhor, enquanto outros a Ele se opunham. Mas com a vin
da de Jesus, a batalha pelo coração das pessoas e pelo governo de Deus
entrou em marcha acelerada. Com Jesus, o reino da graça chegara em
poder. O reino da graça se estenderá até a segunda vinda, quando Jesus
voltará para restabelecer a soberania física de Deus sobre a Terra.
Mas conquanto se possa pensar na chegada do reino como pro
gressiva, ela não é evolucionária. A segunda vinda trará uma drástica
descontinuidade a toda a história passada. Será Deus intervindo, de
maneira inequívoca, na história para reivindicar a Terra como Seu
reino. Os cristãos esperam e oram por esse acontecimento como por
nenhum outro.
A Esperança Cristã
Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da
Terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do
céu, com poder e muita glória. E Ele enviará os Seus anjos, com grande
clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos,
de uma a outra extremidade dos céus. Mateus 24:30 e 31.
O grande acontecimento dos séculos é a segunda vinda de Je
sus. Devemos orar de maneira mais fervorosa por esse acontecimento,
trabalhar mais diligentemente em favor dele e pensar nele com maior
freqüência.
Uma das melhores descrições do advento encontra-se em O Gran
de Conflito. Daremos hoje uma amostra dessa descrição.
“Nenhuma pena humana pode descrever esta cena, mente alguma
mortal é apta para conceber seu esplendor. ...
“O Rei dos reis desce sobre a nuvem, envolto em fogo chamej an
te. Os céus enrolam-se como um pergaminho, e a Terra treme diante
dEle, e todas as montanhas e ilhas se movem de seu lugar. ...
“Por entre as vacilações da Terra, o clarão do relâmpago e o ribom
bo do trovão, a voz do Filho de Deus chama os santos que dormem. Ele
olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos para o céu, bra
da: ‘Despertai, despertai, despertai, vós que dormis no pó, e surgi!’ Por
todo o comprimento e largura da Terra, os mortos ouvirão aquela voz,
e os que ouvirem viverão. ... Do cárcere da morte vêm eles, revestidos
de glória imortal. ... E os vivos justos e os santos ressuscitados unem as
vozes em prolongada e jubilosa aclamação de vitória. ...
“Ele mudará nosso corpo vil, modelando-o conforme Seu corpo glo
rioso. ... Os últimos traços da maldição do pecado serão removidos. ...
“Os justos vivos são transformados ‘num momento’. ... Agora tor
nam-se imortais, e com os santos ressuscitados, são arrebatados para
encontrar seu Senhor nos ares.... Criancinhas são levadas pelos santos
anjos aos braços de suas mães. Amigos há muito separados pela morte,
reúnem-se, para nunca mais se separarem, e com cânticos de alegria as
cendem juntamente para a cidade de Deus.” - Págs. 641-645.
Trabalhar e Orar
E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para
testemunho a todas as nações. Então, virá o fim. Mateus 24:14.
Jesus nos diz no Sermão do Monte para orarmos pela vinda do
reino. Mas em outros lugares nos diz que devemos fazer mais do que
orar. Os cristãos devem ser ativos em preparar o caminho para o reino.
E disso que tratam parábolas como a dos talentos.
Ora, é verdade que o reino de Deus encontra suas raízes no cora
ção humano convertido. Mas também é verdade que o que está no co
ração flui para a vida. Isso acontece tanto no reino de Deus quanto no
reino de Satanás.
Em conseqüência disso, os cristãos farão mais do que apenas orar
pelo reino. Eles trabalharão ativamente, no poder do Espírito Santo,
para disseminar o reino aqui na Terra e preparar o caminho para a vin
da da plenitude do reino nas nuvens do céu.
É razoável que o reino se difunda através de cada ato de bondade
humana e compartilhamento do amor de Deus. Quando vivemos os
princípios cristãos, estamos expandindo as fronteiras do reino e fazen
do recuar as fronteiras do reino das trevas.
A preparação para a vinda do reino também acontece pela prega
ção, conforme lemos em Mateus 24:14- Depois de citar esse versículo,
Ellen White diz que o “reino [de Cristo] não virá enquanto as boas no
vas de Sua graça não houverem sido levadas a toda a Terra. Assim,
quando nos entregamos a Deus, e ganhamos outras almas para Ele,
apressamos a vinda de Seu reino. Unicamente aqueles que se consa
gram a Seu serviço, dizendo: ‘Eis-me aqui, envia-me a mim’ (Isaías
6:8), para abrir os olhos cegos, para desviar homens ‘das trevas’ ‘à luz,
e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão dos pe
cados, e sorte entre os santificados’ (Atos 26:18) - unicamente eles
oram com sinceridade: ‘Venha o Teu reino”’. - O Maior Discurso de
Cristo, págs. 108 e 109.
Os reinos não vêm por acidente. Deus quer me usar hoje como
agente na divulgação de Seu reino.
Fazendo a Vontade
Faça-se a Tua vontade, assim na Terra como no Céu. Mateus 6:10.
Cs^lual é a vontade de Deus que precisa ser feita? No contexto do
O Pecado é Abrangente
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nos
sos devedores. Mateus 6:12.
T^Vntes de poder fazer essa oração, as pessoas devem reconhecer
a necessidade de fazê-la. Elas precisam admitir com franqueza que são
pecadoras. “Perdoa-nos as nossas dívidas.”
-* Muitos membros de igreja falham nesse ponto. Pensam no pecado
em termos de ser um bêbado, um assassino, etc. Contudo, o pecado é mais
amplo que isso. As cinco primeiras palavras para pecado no Novo Testa
mento mostram que ele infecta e afeta todos os aspectos de nossa vida.
A primeira palavra é harmartia, que significa literalmente “errar o al
vo”. O pecado como harmartia é deixar de ser o que poderiamos ter sido.
William Barclay ilustra esse ponto como três estágios na nossa vida. Pri
meiro, vem o tempo em que as pessoas dizem: “Ele fará alguma coisa.”
Depois elas podem dizer: “Ele poderia fazer alguma coisa, se quisesse.” E
finalmente as pessoas dizem: “Ele poderia ter feito alguma coisa.”
O pecado como harmartia é abrangente. É não ser tudo quanto po
deriamos ter sido. E quem não poderia ser um melhor esposo, esposa,
empregado, filho, filha e assim por diante?
A segunda palavra para pecado é parahasis, que traz consigo a idéia
de ultrapassar a linha que separa o certo do errado. Mais uma vez, o pe
cado como parabasis abrange vários aspectos em nossa vida. Será que
nunca ultrapassamos a linha numa atitude indelicada ou numa palavra
ou pensamento descortês?
A_ terceira palavra para pecado é paraptoma, que quer dizer “escor
regar”, igual ao que acontece quando uma pessoa escorrega numa es
trada coberta de gelo. Essa espécie de pecado pode ser ilustrada pelo es
corregar no temperamento ou nas paixões.
A quarta palavra para pecado é anomia, ou ilegalidade. Esse é o pe
cado da pessoa que sabe o certo, mas faz o errado. Isto é o que a maio
ria de nós considera pecado.
A última palavra para pecado é opheilema, que é a palavra usada em
Mateus 6:12. Opheilema significa débito, deixar de pagar o que se deve. E
ninguém pode alegar que pagou todas as suas dívidas para com Deus.
O pecado é mais abrangente do que imaginamos. Todos precisa
mos orar diariamente baseados nos conceitos da Oração do Senhor.
Devedores Audaciosos
E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem
Deus atribuijustiça, independentemente de obras: Bem-aventurados aqueles
cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado o
homem a quem o Senhorjamais imputará pecado. Romanos 4:6-8.
Segundo o pensamento rabínico, todo pecado criava uma dívida
para com Deus, ao passo que toda obra de justiça contribuía para o
acúmulo de créditos do crente perante Deus. Enquanto o acúmulo de
boas obras formava uma espécie de ponte para Deus, o acúmulo de dí
vidas morais separava as pessoas dEle.
O conceito de dívida moral era, portanto, bastante familiar para os
judeus. Jesus emprega o bem conhecido conceito de dívida moral e as
idéias a ele relacionadas para nos dizer que devemos ir ao Pai e pedir-
Lhe que anule nossas dívidas.
Pense nisso! A idéia em si é bastante insolente . É uma atitude au
daciosa para um devedor aproximar-se de um credor e pedir que lhe
perdoe um débito. Contudo, Jesus nos ensina a nos aproximarmos de
Deus dessa maneira “insolente”.
O Novo Testamento também ensina, por meio de seus diversos au
tores, que Deus está mais do que disposto a cancelar nossa dívida, por
que nos ama e porque aceitamos Seu amor no sacrifício de Jesus. Deus
é um cancelador de dívidas para os que buscam o Seu perdão. Esse é
um milagre da graça. Deus não nos dá o que merecemos. Ele nos dá o
que precisamos.
É interessante notar, nesse ponto, que a versão de Lucas da Ora
ção do Senhor emprega a palavra “pecado” (Luc. 11:4) em vez de dí
vida, conforme encontramos em Mateus. Os. pecados, obviamente, re
presentam atos de comissão, enquanto as dívidas incluem os atos de
omissão. O perdão de Deus abrange, portanto, todos os nossos pecados.
Tanto as coisas que fazemos conscientemente contra Deus e contra o
nosso próximo, como as coisas que deveriamos ter feito por eles,
acham-se incluídas nas duas versões da Oração do Senhor.
Em resumo, todos os nossos pecados podem ser levados ao pé da
cruz. Agradecemos-Te, ó Senhor, por sermos capazes de ir confiante
mente a Ti e por sempre atenderes aos sinceros pedidos de perdão.
ülamais perdoarei aquela mulher pelo que ela me fez.” “Jamais es
quecerei aquela atitude cruel do meu pastor.”
Você já abrigou algum dia esses pensamentos? Já nutriu esses for
tes sentimentos para com outra pessoa que verdadeiramente foi injus
ta com você ou com alguém que lhe é caro?
A maioria de nós sim. A maioria de nós luta para perdoar e esque
cer. A maioria de nós se esforça para compreender o fato de que deve
mos ser como Jesus, que podia orar: “Perdoa-lhes, pois não sabem o que
fazem”, enquanto eles O pregavam na cruz.
Contudo, Deus diz que devemos ser como Ele. Devemos ter espí
rito perdoador assim como Deus.
Mas como, podemos perguntar? Isso nos leva às chaves do perdão.
Há certas coisas que nos ajudarão a aprender a perdoar.
A primeira é a compreensão. Existem razões muito boas por que as
pessoas fazem as coisas. Quando dedicamos tempo para descobrir as ra
zões delas, muitas vezes fica mais fácil perdoá-las.
A segunda é o esquecimento. Precisamos aprender a esquecer.
Muita gente continua nutrindo sentimentos de ira e ressentimento. A
maioria de nós precisa do poder purificador de Jesus para afastar essas
coisas da nossa lembrança. Temos uma escolha. Podemos permanecer
no negativo, ou podemos deixar que Ele nos encha de pensamentos
novos e limpos.
A terceira é o amor. Temos visto repetidas vezes em nosso estudo
do Sermão do Monte que o amor (agape) de Deus é essa boa vontade
para com os outros, que quer apenas o melhor para eles, não importa
como nos tratem.
A quarta é a visão da cruz. Os verdadeiros perdoadores precisam de
uma imagem diária da cruz. Precisamos reconhecer que Jesus morreu em
nosso lugar. Em conseqüência disso, reconhecemos a necessidade de ser
misericordiosos e perdoadores, assim como nosso Salvador.
A Utilidade da Tentação
E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois Teu é o
reino, o poder e a glória para sempre. Amém], Mateus 6:13.
Ponto Enfatizado
Porque, se perdoardes aos homens [as suas ofensas], também vosso Pai
celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas],
tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. Mateus 6:14 e 15.
2^. grande oração acabou, mas não o comentário sobre a oração.
E significativo que a única petição da oração sobre a qual Jesus faz co
mentário é a quinta. Ele sabia, sem dúvida, como é difícil para a maio
ria de nós perdoar de verdade os outros. E por isso que Ele volta a esse
ponto para enfatizar de modo especial a sua importância.
Mateus 6:12, 14 e 15 não são os únicos lugares no primeiro Evan
gelho onde se enfatiza a lição de passarmos adiante a outros o perdão
que recebemos de Deus. Uma abordagem ainda mais vivida e comple
ta do assunto encontra-se em Mateus 18:21-35. Dediquemos alguns
momentos à leitura cuidadosa desses versículos.
A passagem começa com Pedro fazendo uma interessante pergun
ta. Ele quer saber quantas vezes deve perdoar aos outros.
O curioso é que Pedro também fornece uma resposta para a per
gunta. Ele sugere sete perdões.
Quando você pensa no assunto, perdoar sete vezes parece um bom
número. E é mesmo, se isso tem que ver com você bater no meu carro
por dias sucessivos. Pense nisto.
— Pedro também achava que estava sendo generoso. Afinal de contas,
os rabinos do seu tempo sugeriam que era errado perdoar mais de três ve
zes, pois haviam deduzido do livro de Amós que Deus só perdoa três ve
zes. E certamente ninguém deve ser mais misericordioso que Deus. —
Mas Pedro duplicou a quantidade de perdão dos rabinos e acres
centou um como uma boa medida. Ele deve ter pensado que era uma
pilha de perdão e admirou-se do homem generoso que ele era. Quem
sabe Jesus não lhe diria que ele estava sendo terno e generoso demais.
“Afinal de contas, Pedro, você não pode deixar as pessoas se aprovei
tarem de você.”
Pedro deve ter sentido seu corpo estremecer quando Jesus lhe dis
se que devemos perdoar setenta vezes sete.
Você consegue fazer isso? Deve fazê-lo?
Há algo importante aqui. Amanhã voltaremos ao ponto que Jesus
enfatizou.
imos ontem que Jesus não poupou esforços para fazer da recipro
cidade do perdão um ponto de ênfase em Seu ensino do Sermão do
Monte. Também vimos que Jesus ministra a mesma lição em Mateus 18.
Ali Pedro está aparentemente perguntando quantas vezes ele de
veria perdoar outra pessoa. Mas será que era essa realmente a sua in
tenção? Era isso o que ele realmente queria saber?
Essas perguntas nos dirigem para a essência do problema da natu
reza humana, a essência da razão por que Jesus por três vezes enfatizou
no primeiro Evangelho a questão de transmitir aos outros o perdão que
Deus nos concede. O fato é que Pedro não está tão interessado na ex
tensão do perdão como nos seus limites.
os
tplenjncia cristãs, Afinal de.£ontas, £ tranqüilizador saber até que pon-
to posso, com boa consciência, parar de amaraxieu-irmão. Quero saber
o momento em que cumpri minha cota moral de amor e perdão, para
que eu possa, com a consciência limpa, dar às pessoas aquilo que elas
merecem. As perguntas tipicamentediumanas que subjazem à indaga-
á? Quando _tenho-o direi-
to de explodir? Quando_posso dar o que você merece?” —
A resposta de Jesus frustra todas essas perguntas. Sua resposta não
é perdoar sete vezes, mas setenta vezes sete ou 490 vezes. Para falar a
verdade, o cristão não tem limite para o perdão.
As boas novas são que o perdão que Deus me concede é ilimitado.
Por outro lado, espera-se que eu seja tão propenso a perdoar você, co
mo Deus é comigo. Essa é uma lição dura, mas importante. Jesus pro
fere uma vivida parábola, conforme veremos amanhã, para sublinhar e
fixar o aspecto saliente de Seu ensino.
Jesus parece realmente falar sério quando aborda a questão da re
ciprocidade do perdão.
O Grande Contraste
“Portanto, Eu lhe digo, os muitos pecados dela lhe foram perdoados, pelo
que ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama. ”
Então Jesus disse a ela: “Seus pecados estão perdoados. ” Lucas 7:47 e 48, NVI.
Jejum Equivocado
Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas;
porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam.
Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Mateus 6:16.
O Jejum Apropriado
Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça e lava o rosto, com o
fim de não parecer aos homens quejejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu
Pai, que vê em secreto, te recompensará. Mateus 6:17 e 18.
Talvez a coisa mais notável dessa passagem para a maioria dos
cristãos evangélicos seja o fato de que Jesus não está recomendando o
jejum. Afinal de contas, ele é uma das coisas mais fáceis de serem per
vertidas. Repare na maneira mecânica como muitos judeus o pratica
vam. E esses problemas foram “reinventados” na igreja medieval.
Note que Jesus não diz para não jejuar, mas “quando jejuares”. Ele
espera que Seus discípulos jejuem, assim como dão esmolas e oram. O
jejum certamente era algo praticado pela igreja primitiva, muitas vezes
em ligação com a oração ou com a tomada de decisões importantes. A
maneira correta de lidar com uma prática que foi usada impropriamen
te na igreja não é aboli-la e ir para o outro extremo, mas modificar a
prática e efetuá-la de maneira que conduza a resultados espirituais.
Considerando os tempos em que vivemos, talvez os adventistas de
vam reconsiderar a prática do jejum. Os que procuram reavivamento e
despertamento talvez devessem reexaminar a questão do jejum.
Jejuar não deve ser um acontecimento rotineiro e mecânico a ser
realizado periodicamente. Ao contrário, sua principal utilidade é du
rante situações excepcionais em que precisamos ter mente clara e co
ração limpo ao buscarmos a Deus com toda a nossa alma.
Jejuar não deve ser visto como um meio de colocar “moeda no co
fre” das recompensas divinas. Também não é um fim em si mesmo. An
tes, jejuar é um meio físico para atingir fins espirituais, enquanto a al
ma luta consigo mesma e com Deus. Jejuar, de um modo geral, tem que
ver com a abstenção de alimento ou de certos tipos de alimento por
um dia, mas o verdadeiro jejum também pode consistir na renúncia de
outras coisas ou atividades, tendo em vista propósitos espirituais. Par
te do propósito do jejum é limpar os condutos de nossa vida para que
possamos encontrar a Deus mais eficientemente na oração e na medi
tação. Deus quer que partamos ao Seu encontro nos pontos decisivos
e críticos de nossa, vida.
E mais fácil parecer piedoso do que ser piedoso. É mais fácil apre
sentar uma aparência exterior do que ser um cristão autêntico na vida
diária. E mais fácil jejuar do que amar o próximo de maneira concreta.
Deus não é contra o jejum, mas se alguém tiver de escolher entre
jejuar e amar o próximo, o jejum deve ser preterido. Essa é a mensa
gem de Isaías 58 (nosso texto de hoje) e do Sermão do Monte. A reli
gião do coração é o elemento decisivo, e não a exibição externa.
Na verdade, em Mateus 6:16-18 Jesus é contra todas as formas de
exibição exterior durante o jejum. Ele não apenas diz para não nos
mostrarmos melancólicos, mas que devemos lavar o rosto e pentear o
cabelo e parecer normais, para que ninguém saiba nem mesmo que es
tamos tendo um dia especial com Deus.
Isso não significa que nos dias de jejum eu tenha que me esforçar
para ser excepcionalmente “doce e feliz”. Não há nada pior do que ir
ao extremo oposto da melancolia quando estamos jejuando. Você co
nhece o tipo. Eles podem ser asquerosamente doces e artificialmente
felizes quando praticam algum tipo de devoção. Podem encontrar-se
no extremo oposto em que estavam os judeus, mas compartilham o
mesmo buraco. Ainda estão, por suas ações artificiais, fazendo ostenta
ção de que “estiveram com Jesus”.
Procure apenas ser normal quando estiver com Jesus. O jejum é
entre vocês dois.
O Quinto Passo
Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a
ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam. Mateus 6:19.
R^epentinamente caímos do Céu à Terra, da adoração para as
posses. Com Mateus 6:19, o grande sermão de Jesus faz outra radical
mudança de foco. E veremos no novo enfoque, de uma nova maneira,
a extensão do interesse de Deus por Seus filhos terrenos. Ele está inte
ressado não só em nossa atitude para com as coisas celestiais, mas tam
bém para com as coisas terrenas. O Sermão do Monte abrange real
mente todas as áreas da vida. É verdadeiramente o ideal de Deus para
Seu povo.
Retrocedamos por um momento e façamos uma retrospectiva de
nossa caminhada com Jesus no Monte das Bem-aventuranças desde o
início do ano até agora. Caminhamos primeiro com Ele pelas Bem-
aventuranças, Seu ideal para o caráter cristão (Mat. 5:3-12). A seguir,
caminhamos com Ele pela responsabilidade que os cristãos têm de tes
temunhar de Seu amor (versículos 13-16). Depois, Jesus fez conosco
um magnífico passeio pela extensão e profundidade da lei, ensinando-
nos que a justiça do cristão deve exceder a dos escribas e fariseus (ver
sículos 17-48).
Isso nos levou ao capítulo 6. Aprendemos, nos primeiros 18 versí
culos, que não somente as ações justas do cristão devem exceder as dos
escribas e fariseus (Mat. 5:21-48), mas também a sua piedade (Mat.
6:1-18). Agora, com os versículos 19-34, vamos descobrir que até mes
mo os alvos e prioridades do cristão nas coisas deste mundo precisam
ser diferentes dos valores da cultura em geral. Jesus iniciou o capítulo
6 focalizando os fariseus; Ele termina o capítulo dizendo que precisa
mos renunciar ao sistema de valores dos gentios.
A mensagem é que ser um discípulo de Jesus é ser radical. Pode
mos ser membros da igreja sem ser radicais, mas não discípulos. Eis a
diferença crucial.
Jesus hoje está me convidando a ser mais semelhante a Ele, não
apenas na maneira como vivo e adoro, mas mesmo na forma como en
caro minhas posses materiais.
Riqueza Transitória
O reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Certo
homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, em sua alegria,
foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo. Mateus 13:44, NVI.
O Verdadeiro Tesouro
Não temas, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai Se agradou em
dar-vos o Seu reino. Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros
bobas que não desgastem, tesouro inextinguível nos Céus, onde não chega o
ladrão, nem a traça consome. Lucas 12:32 e 33.
^s^-ual é o verdadeiro tesouro sobre o qual Jesus está falando?
Qual o tesouro que devemos armazenar?
Alguns têm interpretado essa passagem de forma a sugerir que Je
sus estava ensinando a possibilidade de comprarmos nossa própria sal
vação. Interpretam a expressão “tesouro nos Céus” como a salvação e
destino eterno de uma pessoa. Essa interpretação, porém, contradiz o
restante da Bíblia e é obviamente incorreta.
A passagem paralela de Lucas é útil nesse caso. Em Lucas, fica cla
ro que Jesus fala do reino como um dom. Na continuação, Ele dá a en
tender que os tesouros são as características e as ações de valor eterno.
Os judeus conheciam muito bem a expressão “tesouro nos Céus”.
Eles associavam esse tesouro especificamente a duas coisas. A primei
ra era a bondade. Diziam que os atos de bondade feitos por uma pessoa
na Terra convertiam-se em tesouro no Céu. Esses atos tinham valor
eterno e conseqüências eternas.
O princípio da bondade também encontra raízes na igreja cristã
primitiva. Cuidar dos pobres e doentes era uma característica da igre
ja primitiva. Os cristãos cuidavam daqueles por quem ninguém mais se
importava.
Conta-se a história de que durante a brutal perseguição movida por
Décio em Roma, as autoridades arrombaram uma igreja cristã. Procura
ram tesouros que acreditavam existirem na igreja. “Mostrem-me seus
tesouros”, ordenou o líder romano. O diácono apontou para as viúvas e
órfãos que estavam sendo alimentados e para os doentes que estavam
sendo tratados, e respondeu: “Estes são os tesouros da igreja.”
A bondade tem resultados eternos. A igreja, na sua melhor forma,
sempre acreditou que “o que conservamos perdemos, e o que doamos
conservamos”.
Os resultados da bondade jamais acabam. Esses são os tesouros
eternos do reino de Deus, o tipo de tesouro no qual Jesus está pedindo
que invistamos.
1_J m provérbio espanhol diz que mortalha não tem bolsos. Esse
provérbio está querendo expressar a mesma verdade que Paulo em I Ti
móteo. Pense, porém, por um momento. Não há realmente nada que
levemos conosco ao partirmos desta vida? Não acontece nada de con-
seqüências eternas durante os anos que passamos aqui? Será que tudo
a nosso respeito é apagado para que, na ressurreição, possamos come
çar do zero absoluto? Pare um pouco para pensar ou discutir essas per
guntas antes de prosseguir com a leitura.
Eu gostaria de sugerir que existe uma coisa que levamos conosco
desta vida para a próxima. Obviamente, não se trata de ouro, prata ou
posses. Paulo e o provérbio espanhol são bastante corretos sobre esse
ponto. Mas o que podemos e devemos levar é o tesouro do caráter - al
go que não pode ser levado num bolso, mas que toda pessoa desenvolve
numa ou noutra direção.
Na Terra estamos formando caracteres. Esses caracteres são o que
nós somos. São nossa identidade. E possuem conseqüências eternas.
Somente os que tiverem caráter semelhante ao de Jesus serão felizes no
reino de Deus; somente esses participarão da primeira ressurreição.
Depois de aceitar Jesus, a edificação do caráter é a tarefa mais im
portante da vida. O caráter é a única coisa que levaremos para o Céu. O
caráter tem conseqüências eternas. É por isso que Ellen White escreveu
que “a formação do caráter é a obra mais importante que já foi confiada.
a seres humanos”. - Educação, pág. 225. Desenvolver um caráter seme
lhante ao de Cristo é ajuntar “tesouros no Céu, onde traça nem ferru
gem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam”. Mat. 6:20.
O tesouro celestial, naturalmente, tem valor terreno. Todos os
dias, homens e mulheres de bom (ou de mau) caráter influenciam os
filhos e outras pessoas com as quais entram em contato.
Hoje minha vida pode fazer diferença. E o que eu sou hoje é um
seguro prenúncio do que serei amanhã.
A Lição do "Olho"
São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu
corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo
estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes
trevas serão! Mateus 6:22 e 23.
T^Jesses versos o olho é comparado a uma janela que permite a
entrada de luz para todo o corpo. A cor ou estado dessa janela deter
mina qual o tipo de luz e quanta luz entra no compartimento.
Se a janela estiver limpa e clara, a luz poderá inundar o quarto, ilu
minando cada canto. Por outro lado, se o vidro da janela estiver sujo
ou coberto de gelo, a luz não conseguirá entrar. Assim, a quantidade e
a qualidade da luz que entra no quarto dependem do estado da janela
por meio da qual ela penetra.
Jesus aplica esse conceito ao olho humano. A quantidade de luz que
entra no coração ou na mente de uma pessoa depende do estado espiri
tual dos seus olhos, já que os olhos são uma janela para todo o corpo.
No contexto de Mateus 6:19-24, esse ensino sobre o olho tem que
ver com nossos alvos e prioridades. Se nossas percepções espirituais es
tiverem corretas, teremos uma visão correta, tanto dos tesouros terre
nos como dos celestiais; teremos uma visão correta de qual mestre de
vemos servir (verso 24). Mas, se nosso olho estiver em más condições,
assim estarão nossas prioridades.
A maioria de nós valoriza muito nossos olhos físicos. Reconhecemos
que sem eles nenhuma luz pode entrar em nosso corpo. Tratamos nossos
olhos com carinho e nos esforçamos para protegê-los. Na busca de uma
visão mais nítida, muitas pessoas usam óculos ou lentes de contato.
Lamentavelmente, as pessoas de hoje não manifestam o mesmo
interesse em sua visão espiritual. Alguns andam de um lado para outro
completamente cegos, embora insistam em dizer o tempo todo que en
xergam perfeitamente. Outros vêem as coisas através de lentes distor
cidas. Toda a vida deles é afetada por essas distorções.
Deus quer que tenhamos boa visão espiritual. O Sermão do Mon
te é uma lente de correção para olhos deficientes.
Visão Distorcida
Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso
coração fique sobrecarregado com as consequências da orgia [glutonaria,
ARC], da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele
dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço. Lucas 21:34.
Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou.
II Timóteo 4:10.
' Ã'rata-se de uma doença que geralmente aparece com a idade. O
Luz Sombria
O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não
vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.
II Coríntios 4:4, NVI.
Deus é luz, e não há nEle treva nenhuma. I João 1:5.
JDeus é luz! O pecado cega! O deus desta era (Satanás) é um
agente de cegueira! Esses fatos básicos são localizados no centro do
grande conflito entre o bem e o mal.
O alvo de Satanás é cegar-nos em determinados aspectos vitais
intimamente relacionados com Mateus 6:19-24. Primeiro, ele procu
ra cegar-nos no tocante à nossa própria mortalidade. Quando somos
jovens, parece que viveremos para sempre, seremos sempre saudáveis,
belos ou elegantes. O mundo valoriza muito esses atributos. A tal
ponto que, quando atingimos o lado descendente da vida, tentamos
algumas vezes conservar nossas características físicas ou faciais de for
ma artificial, numa tentativa de alimentarmos a ilusão de que real
mente parecemos jovens. Contudo, não enganamos ninguém a não
ser nós mesmos. A verdade evidente é que envelhecemos e devemos
enfrentar a velhice de maneira saudável.
Nossa beleza se desvanece, nossa força se dissipa e nossos múscu
los se alteram e ficam sensíveis com o excesso de frio. Mais cedo ou
mais tarde morremos. Essa é a verdade que deve colocar outras verda
des em perspectiva.
Um segundo ponto em que Satanás tenta cegar-nos é com respeito
ao valor relativo do tempo. E seu intento fazer-nos viver para o tempo
presente e esquecermos a eternidade. A sabedoria do mundo diz que é
tolice viver em função do reino por vir. Pelo contrário, as pessoas devem
fazer tudo quanto podem para gozar o máximo do presente mundo.
Mas a luz de Deus nos ajuda a ver claramente em meio às trevas.
Ele nos ajuda a ver que não há comparação entre a relativa importân
cia do tempo e da eternidade.
No Sermão do Monte, Jesus nos coloca' face a face com essas ver
dades. Ele procede assim porque sabe que cada um de nós precisa fazer
uma escolha a respeito da finalidade da vida. Cada um de nós deve es
colher a visão ou a cegueira, Deus ou Satanás.
O Caso de Lázaro
Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes [Lázaro] à minha
casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim
de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles
têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se
alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém,
lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão
persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos. Lucas 16:27-31.
Eis aqui a inestimável parábola de Jesus sobre um homem cuja
A Natureza da Escravidão
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de
um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis
servir a Deus e às riquezas. Mateus 6:24.
Esse versículo soava, sem dúvida, mais vigoroso para o mundo
antigo do que para nós. O verbo traduzido como “servir” vem de dou-
los, que é nossa palavra para “escravo”. A palavra traduzida como “se
nhor” é /curios, um termo que denota posse absoluta e é quase sempre
vertida como “senhor” no Novo Testamento. Portanto, a idéia conti
da em Mateus 6:24 é a de que ninguém pode ser escravizado por dois
donos ou dois senhores ao mesmo tempo.
Para compreender todo o impacto dessa afirmação, precisamos en
tender que no mundo antigo um escravo não era considerado uma pes
soa, mas uma ferramenta viva. Os escravos não tinham direitos pessoais.
Achavam-se completamente sob o domínio de seus senhores, que po
diam fazer com eles o que bem entendessem. Os senhores podiam ven
der os escravos, bater neles, expulsá-los de casa e até matá-los.
Uma segunda coisa a observar é que no mundo antigo os escravos
não tinham tempo para si próprios. Todo o seu tempo pertencia a seu
senhor. Na cultura moderna, todo trabalhador dispõe de tempo livre
para si e para suas necessidades pessoais. Durante esse período, ele po
de desfrutar de lazer ou mesmo trabalhar num segundo emprego. Mas
não acontecia assim com o mundo antigo da escravidão. O tempo de
um escravo pertencia inteiramente a seu senhor.
Jesus está dizendo que os cristãos devem permitir que Deus seja o
senhor incontestável da vida deles. Paulo trata do mesmo assunto em
Romanos 6, onde afirma que somos servos do pecado ou da justiça, de
Cristo ou de Satanás.
Se os cristãos, pois, forem servos de Jesus, sempre levarão a vonta
de de Deus em consideração em tudo quanto fizerem. Diariamente per
guntarão a si mesmos: “O que Deus quer que eu faça?” Todas as horas,
todos os dias, eles vivem para Deus. Deus não tem devotos de tempo
parcial, que O servem durante o expediente, mas que fazem um bico
para algum outro senhor em seu tempo livre. Quando Jesus disse que
ninguém podia servir a dois senhores, quis dizer isto mesmo.
Pense sobre o assunto. Está você tentando servir a dois senhores?
Escravidão Revertida
Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência,
desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte, ou
da obediência para a justiça? Mas graças a Deus porque, outrora, servos do
pecado, contudo, vieste a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.
Romanos 6:16-18.
TN[ão é exatamente verdade que ninguém possa servir a dois se
"Não Podeis"
Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito:
Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto. Mateus 4:10.
'1 'alvez a expressão mais vigorosa de Mateus 6:24 seja “não po
deis”. Ninguém pode servir a dois senhores. Nem ele, nem ela podem.
O verso não diz “talvez não possais”, nem “não podereis”, mas “não
podeis”. E impossível. E Jesus está tão preocupado em fazer-Se entendi
do que afirma isso duas vezes no mesmo versículo. Crisóstomo, o grande
pregador da igreja primitiva, comentando o texto, observou que quando
Deus disse que isso é impossível, não diz que é possível. E não é.
Mas por quê?, perguntamos. Por que não podemos servir mais de
um senhor ao mesmo tempo?
Ellen White sugeriu a razão: “Pessoa algum pode ocupar uma posi
ção neutra; não há classe neutra que nem ama a Deus nem serve ao ini
migo da justiça. Cristo deve viver em Seus instrumentos humanos, e
operar mediante suas faculdades, e agir por meio de suas aptidões. ...
Aquele que não se entregou inteiramente a Deus, acha-se sob o con
trole de outro poder, escutando outra voz, cujas sugestões são de cará
ter inteiramente diverso. Um serviço pela metade coloca o agente hu
mano do lado do inimigo, como bem-sucedido aliado das hostes das
trevas.” - O Maior Discurso de Cristo, pág. 94-
Pense um pouco sobre a Segunda Guerra Mundial. Um soldado
não podia ficar “um pouquinho” do lado dos aliados e “um pouqui
nho” do lado de Hitler. Ou permanecia de um lado ou do outro. Assim
também acontece na grande guerra galáctica entre Cristo e Satanás.
Os que alegam servir a Cristo, mas são agentes “de tempo parcial” de
Satanás equivalem a espiões.
Lemos um pouco adiante que “o mais poderoso baluarte do vício
em nosso mundo, não é a vida iníqua do abandonado pecador ou do
degradado; é a vida que, ao contrário, parece virtuosa, respeitável e no
bre, mas na qual é nutrido um pecado” (Ibidem). A presença de espiões
é embaraçosa para qualquer exército. Vale o mesmo para o exército de
Cristo. A única maneira de servi-Lo, é fazer isso de todo o coração. Vo
cê não pode servir a Deus e às riquezas.
Jesus, o Totalitário
Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um
tesouro no Céu; depois, vem e segue-Me. Tendo, porém, o jovem ouvido esta
palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades. Mateus
19:21 e 22.
Jesus não usa subterfúgios. Vende tudo o que tens e dá-o aos po
bres. Essa é uma ordem muito contundente, uma afirmação muito exi
gente.
Ora, também o é a afirmação que diz: “Quem ama seu pai ou sua
mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; quem ama seu filho ou
sua filha mais do que a Mim não é digno de Mim; e quem não toma a
sua cruz e vem após Mim, não é digno de Mim. Quem acha a sua vida
perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por Minha causa achá-la-á.”
Mat. 10:37-39. Não há nada de sutil em tudo isto. Jesus está dando or
dens absolutistas.
Contudo, se começarmos a pensar no assunto, veremos que isso
não era uma novidade que estava sendo introduzida por Jesus. Os Dez
Mandamentos determinam: “Não terás outros deuses diante de Mim.”
Exo. 20:3. Deus exigia tudo de Seu povo no Antigo Testamento. Ele
era um “Deus zeloso” que não admitia concorrência.
O conceito da adoração a Deus e a nenhum outro é apresentado
também no Novo Testamento, onde recebemos ordem para amar a
Deus de todo o coração, alma e mente.
O cristianismo não é uma religião concessória. É uma religião de
dedicação total. Essa é uma das coisas que torna o cristianismo dife
rente da maioria das outras grandes religiões do mundo.
Lembro-me de como fiquei frustrado quando entrei em contato
pela primeira vez com o hinduísmo, uma religião de centenas de mi
lhões de deidades. Um hindu não tem problema em aceitar a Cristo
como um deus entre milhões de outros. Mas outra coisa bastante dife
rente é um hindu aceitar a Jesus como o único e suficiente Deus e Sal
vador. Isso é drástico, drástico demais para a maioria.
Mas isso é o que Jesus exige. Ou pertencemos inteiramente a Cris
to ou não pertencemos. Essa é uma escolha séria. E uma escolha que
não admite concessão. O cristianismo é uma fé radical.
O Bezerro do Senhor
Quem éfiel no pouco também éfiel no muito; e quem é injusto
no pouco também é injusto no muito. Se, pois, não vos tornastes fiéis na
aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira
riqueza' Lucas 16:10 e 11.
C3onta-se a história de um fazendeiro que informou alegremen
te à esposa e aos filhos que a melhor vaca da família havia parido dois
bezerros gêmeos: um marrom e outro branco. Ele disse que estava tão
agradecido que resolvera dedicar um dos bezerros ao Senhor.
- Vamos criá-los juntos e quando chegar a hora vamos vender um
deles e ficar com o lucro, e vamos vender o outro e doar o dinheiro pa
ra a obra do Senhor.
- Mas qual deles é o do Senhor? - quis saber a esposa.
- Não precisamos nos aborrecer com isso agora - respondeu ele. —
Vamos criá-los da mesma maneira até que estejam prontos para a venda.
Alguns meses depois o fazendeiro voltou para casa parecendo mui
to deprimido e infeliz. Quando a esposa lhe perguntou o motivo do de
sânimo, ele lhe contou que o bezerro do Senhor havia morrido.
- Mas - exclamou ela - você ainda não havia resolvido qual deles
era o do Senhor!
- Oh, sim - disse ele - eu resolvera algum tempo atrás que era o
branco, e foi o branco que morreu.
Bem, podemos até sorrir com essa história singela. Mas não ria de
mais, ou você poderá estar rindo de você mesmo. Para muitos de nós,
quem sempre morre é o bezerro do Senhor. Quando as coisas ficam di
fíceis, um dos primeiros setores que escolhemos para fazer economia
são as nossas contribuições para a obra do Senhor. O bezerro do Se
nhor é sempre o primeiro.
Por quê?, somos constrangidos a perguntar. Porque ainda lutamos
contra o deus mamom [riquezas]. Ainda contendemos com o direcio
namento de nossa lealdade. Nossos padrões de contribuição falam al
to sobre o que é importante em nossa vida.
Precisamos lembrar-nos constantemente de que não podemos ser
vir a Deus e a mamom. Precisamos reajustar nossas prioridades finan
ceiras. Isso não é tão difícil, uma vez que o coração esteja voltado pa
ra a divindade correta.
Um Argumento Progressivo
Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo
o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados irrepreensíveis na
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que os chama éfiel e fará isso.
I Tessalonicenses 5:23 e 24, NVI.
O Deus de nossa salvação está ansioso para nos salvar completa
mente. Ele quer, tanto quanto possível, que estejamos em Seu reino.
Quando Paulo fala que Deus quer salvar corpo, alma e espírito, está nos
dizendo que Deus quer salvar a pessoa toda, não apenas o corpo, não
apenas a mente, nem apenas nosso lado espiritual. No reino não haverá
espíritos destituídos de corpo, nem corpos destituídos de espíritos.
Em Mateus 6:19-24, Jesus tem tratado com a pessoa toda de uma
maneira progressiva. No fim de Sua primeira ilustração, no verso 21,
Ele fala do nosso coração, a sede de nossas atitudes. Ele sabe que é de
cisivo advertir-nos primeiro sobre a importância dos problemas do co
ração. É o coração que se inclina na escolha de uma ou de outra ma
neira de viver. Portanto, ao falar sobre os dois tesouros, Ele começa
com nosso coração.
Depois, nos versos 22 e 23, temos o ensinamento dos dois olhos. Je
sus transfere o assunto rapidamente para nossos órgãos visuais, a parte de
nosso ser que abastece a mente com grande quantidade de dados sobre
os quais tomamos decisões. Se nossos olhos e mente fornecerem dados
corrompidos, teremos pouca probabilidade de fazer escolhas corretas.
A seguir, Jesus passa para nosso ser inteiro e nossa lealdade final no
ensinamento dos dois senhores. Aqui Jesus atinge o clímax para o qual
Ele vinha Se dirigindo desde o verso 19. Os frutos finais de nossas ati
tudes e perspectiva mental são uma vida que será a favor de Deus ou
contra Ele.
Esses três ensinamentos não nos levam a nenhum meio-termo.
Nosso tesouro está nos Céus ou está na Terra. Nossos olhos estão nos
abastecendo com luz ou com trevas. Estamos servindo a Deus ou às ri
quezas.
Jesus não poderia ter dito isto de maneira mais clara. Ele deixa, po
rém, a decisão com você e comigo? A que senhor eu servirei hoje7.
Maria e Marta, as duas irmãs de Lázaro de Betânia. Como elas eram di
ferentes! Marta era uma trabalhadora infatigável. Estava sempre cheia
de cuidados com os deveres e detalhes da vida diária. Preocupava-se com
tudo o que estava sendo feito, e se estava sendo bem-feito: se as refeições
seriam adequadas para os convidados, se sairiam a tempo, se a casa esta
va limpa, se as roupas haviam sido lavadas, se tudo funcionaria bem. Es
sas eram as coisas que a preocupavam. Ela era uma pessoa cheia de cui
dados. Em termos modernos, ela era ansiosa e preocupada.
Depois vinha Maria. Conforme imagino mentalmente, Maria era
como uma borboleta voando de flor em flor. Passava um bocado de
tempo cheirando as rosas da vida. Interessava-lhe mais a beleza das
coisas e os relacionamentos do que fazer as coisas na hora.
E era nesse ponto que surgia o atrito entre as duas irmãs. Jesus havia
chegado a Betânia, e Marta O convidara para o jantar. Esse convite a dei
xou uma pilha de nervos. Afinal de contas, as camas precisavam ser fei
tas, o assoalho precisava ser varrido, o alimento precisava ser comprado
e preparado e... A colérica Marta estava operando em alta rotação.
Mas onde está Maria? Ali está ela! Sem fazer nada! Apenas senta
da aos pés de Jesus, ouvindo e sorrindo! Será que ela não sabe que as
coisas precisam ser feitas? Ela não liga a mínima?
Marta estava preocupada; estava cheia de cuidados. Cheia demais.
Cheia demais até mesmo para ficar algum tempo com Jesus.
Jesus lhe passa uma repreensão suave e lhe diz francamente que
Maria havia tomado a decisão mais importante. Ele não disse para
Marta que era errado limpar e cozer, mas que ela devia reajustar as suas
prioridades.
As características de Marta e Maria são necessárias. E preciso que
haja trabalhadores, mas, melhor ainda, os trabalhadores precisam estar
com Jesus primeiro.
O Lugar do Trabalho
No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela
foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás. Gênesis 3:19.
J^lgumas pessoas interpretam as palavras de Jesus em Mateus
6:25, sobre não inquietar-se sobre a vida, o alimento e o vestuário, co
mo significando que elas não devem pensar nessas coisas. Essas pessoas
zelosas, mas equivocadas, se esquecem da necessária lição de reconhe
cer tudo quanto a Bíblia diz sobre um assunto e de não regular nossa
vida por passagens isoladas, retiradas do seu contexto.
A ordem bíblica não é apenas “viver pela fé”, com a negligência
de nossas necessidades temporais. Longe disso. No momento da queda
no Éden, Deus estabeleceu um programa de trabalho para Adão e Eva.
Era ordem divina que os seres humanos, após a queda, devessem traba
lhar através do suor do seu rosto. Em Mateus, Jesus não está condenan
do os fazendeiros por lavrarem e gradarem a terra, e semearem, colhe
rem e armazenarem em celeiros.
O apóstolo Paulo diz isso de maneira bastante explícita em sua se
gunda carta aos tessalonicenses, quando afirma que, “se alguém não
quer trabalhar, também não coma”. Mesmo nos dias de Paulo, surgiram
na igreja indivíduos fanáticos com o argumento de que, visto que o Se
nhor iria voltar brevemente, eles não precisavam trabalhar, mas viver
pela fé e passar o tempo em estudo da Bíblia, preparando-se assim pa
ra a segunda vinda. Pensando assim, pararam de trabalhar e imagina
vam-se excepcionalmente espirituais. Daí a repreensão de Paulo.
Em Mateus 6, Jesus está procurando fazer com que corrijamos nos
sas prioridades. Embora devam trabalhar com diligência, os cristãos
não devem trabalhar compulsivamente. Nem devem ficar tão materia
listas que se encham de cuidado e ansiedade. O lado material da vida
é importante, mas não é sumamente importante. O trabalho é impor
tante, mas não é tudo na vida.
Temos, como cristãos, um Pai celestial que cuida de nós. Não pre
cisamos andar inquietos, nem cheios de apreensão. Pelo fato de con
fiarmos em Deus, temos liberdade para viver vida mais abundante em
todos os aspectos.
Um Diabo Sorrateiro
Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de
vós. Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor,
como leão que ruge procurando alguém para devorar. 1 Pedro 5:7 e 8.
O diabo não tem escrúpulos. Não lhe importa qual a maneira
como ele vai enganá-lo. O que lhe interessa é que você tropece e caia.
Com alguns de nós, ele utiliza um tipo de tentação; com outros, outra
tática. Pode até mesmo empregar táticas opostas para alcançar os mes
mos objetivos.
Assim, talvez pensemos que vencemos a batalha contra Satanás
porque o enfrentamos quando ele chegou na porta da frente de nossa
vida. Mas, antes que nos demos conta, percebemos que ele se introdu
ziu sorrateiramente pela porta dos fundos. São infinitos os seus méto
dos. Ele pode aparecer até como um anjo de luz.
Esses pensamentos nos reportam diretamente aos ensinos de Jesus
na última metade de Mateus 6. Separe tempo para ler novamente os
versos 19-34- Que verso divide esses versículos em duas partes? Qual é
o fio comum que liga as duas partes? Em que diferem essas duas partes?
O ponto decisivo desses versos é o versículo 25. Até esse ponto da
passagem, Jesus vem dizendo a Seus ouvintes para não fazerem dos bens
materiais e do sucesso seu objetivo na vida ou a coisa mais importante.
Mas no versículo 25 ocorre uma mudança. O assunto agora é não preo-
cupar-se com os bens, nem mesmo com as necessidades da vida.
O fio comum que atravessa o versículo 19 ao 34 são as posses ma
teriais. Os versículos diferem no seguinte: a primeira parte trata da
aquisição de posses, enquanto a última parte focaliza a preocupação so
bre elas.
Mas a estratégia do diabo é a mesma por todo o caminho. Ele quer
que o lado material da vida seja o ponto focal de nossos pensamentos.
Quer que o material domine o espiritual. E alcança seus objetivos, tão
logo consegue desordenar nossas prioridades.
Em Mateus 6, Jesus fala sobre ambos os lados da tentação comum
do materialismo. Ele apresenta uma mensagem profundamente neces
sária para o tempo em que vivemos. Uma mensagem especialmente
necessária para mim.
Contemplando
Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados,
a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual Ele os chamou, as
riquezas da gloriosa herança dEle nos santos e a incomparável grandeza do
Seu poder para conosco, os que cremos, conforme a atuação da Sua poderosa
força. Efésios 1:18 e 19, NVI.
D eus quer que olhemos para as coisas que nos fazem entender
A Preocupação é Cega
Sinto abatida dentro de mim a minha alma; lembro-me, portanto, de Ti
nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no outeiro de Mizar. Salmo 42:6.
Aumos ontem que Jesus nos disse para “olhar para” as aves e
“considerar” os lírios. Ele nos afirmou que, se olhássemos para essas
coisas e as considerássemos, aprenderiamos lições inestimáveis de con
fiança na solicitude de Deus.
Mas a preocupação é cega. Não tem olhos para as aves, nas quais
poderia encontrar paz; não tem mente para as flores, nas quais poderia
descobrir a verdade. A preocupação recusa-se a aprender as lições da
natureza.
A preocupação também se recusa a aprender as lições da história.
E aqui que entra nosso texto bíblico de hoje. O salmista se sente ani
mado com a lembrança da história, com a lembrança da terra do Jor
dão e do monte Hermom. Esses lugares lhe trazem à mente o concer
to e as promessas divinas. Sua alma talvez estivesse abatida, mas ele
conseguia lembrar-se da promessa de Deus a respeito de um futuro me
lhor; conseguia lembrar-se da orientação de Deus na história passada.
Podia ter esperança no futuro porque se lembrava do que Deus havia
feito no passado.
Esse pensamento nos faz relembrar da lição ensinada por Ellen Whi
te sobre a direção divina no passado. “Ao recapitular a nossa história
passada, havendo percorrido todos os passos de nosso progresso até ao
nosso estado atual, posso dizer: Louvado seja Deus! Quando vejo o que
Deus tem executado, encho-me de admiração e de confiança na lideran
ça de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que es
queçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que
nos ministrou no passado.” - Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 162.
A preocupação não é cega somente às lições da natureza e da his
tória, mas também às lições da vida. Vamos combatê-la, pois ainda es
tamos aqui; conseguimos fazer isso até aqui na vida, vencendo obstá
culos que pareciam insuperáveis. Com a ajuda de Deus, suportamos o
insuportável e realizamos o irrealizável. O Deus que nos ajudou ontem,
nos ajudará amanhã.
A principal diferença entre a fé e a preocupação é que a primeira
tem olhos, enquanto a segunda não os tem.
Vosso Pai
Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra
vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual
clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que
somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros,
herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se com Ele sofremos, também
com Ele seremos glorificados. Romanos 8:15-17.
-^^ateus 6:26 nos diz que Deus é Pai, “vosso Pai Celestial”. Isto
O Ápice da Criação
Não se vendem dois pardais por um assei E nenhum deles cairá em terra
sem o consentimento de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos
da cabeça estão contados. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que
muitos pardais. Mateus 10:29-31.
1L) ignidade humana. Esse é um tema muito debatido em nossos
dias. E proclamado nos jornais, pelos escritores de livros e pelos noti-
ciaristas de rádio e de televisão.
E na Bíblia, porém, que encontramos uma perspectiva mais ampla
da dignidade humana. Lemos no Salmo 8 que Deus nos fez um “pouco
menor do que os anjos” e nos coroou “de glória e de honra”. Fomos fei
tos para exercer domínio sobre todas as criaturas de Deus (ver versos
5-8). E Gênesis 1:26 e 27 nos diz que fomos feitos à imagem e seme
lhança da Divindade. Os seres humanos são o ápice da criação, as mais
preciosas de todas as criaturas de Deus.
Talvez o maior presente já dado à natureza humana foi a encarna
ção da segunda pessoa da Trindade como Jesus de Nazaré. Pare para
pensar um pouco sobre isto. Deus Se tornou um ser humano. Deus Se
tornou um de nós, um conosco.
Todos os outros conceitos de dignidade humana perdem o brilho e
se tornam insignificantes em face da luz que a Bíblia derrama sobre es
se assunto. São falsas e mesquinhas as visões mundanas de grandeza
humana.
É a partir da perspectiva do conceito bíblico de dignidade e valor
humano que precisamos compreender a extensão e a profundidade do
cuidado de Deus por nós. Jesus está nos dizendo na leitura bíblica de
hoje que, se Deus cuida até mesmo de humildes pardais, certamente
haverá de tratar com maior solicitude a parte mais importante de Sua
criação. Conforme Jesus perguntou em Mateus 6:26: “Porventura, não
valeis vós muito mais do que as aves?”
Esse argumento de Jesus é importante. Se Deus cuida das aves sem
que elas precisem viver diariamente ansiosas, não cuidaria Ele tanto
quanto ou até mesmo mais da obra coroadora da criação?
Amigos cristãos, hoje é o dia de confiar mais em Deus. Hoje é o
dia de aprender mais plenamente a lição do cuidado divino.
A Glória de Salomão
Vendo, pois, a. rainha, de Sabá, toda a sabedoria de Salomão, e a casa
que edificara, e a comida da sua mesa, e o lugar dos seus oficiais, e o serviço
dos seus criados, e os trajes deles, e seus copeiros, e o holocausto que oferecia
na Casa do Senhor, ficou como fora de si e disse ao rei: Foi verdade a
palavra que a teu respeito ouvi na minha terra e a respeito da tua sabedoria.
Eu, contudo, não cria naquelas palavras, até que vim e vi com os meus
próprios olhos. Eis que não me contaram a metade: sobrepujas em sabedoria
e prosperidade a fama que ouvi. I Reis 10:4-7.
Pequena Fé
Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã
é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?
Mateus 6:30.
CZ-om as palavras “homens de pequena fé” Jesus apresenta um re
sumo do argumento com o qual vinha trabalhando desde Mateus 6:25.
A conclusão de Seu detalhado argumento sobre aves e flores é que
Seus ouvintes não haviam tirado as deduções óbvias do mundo criado
ao redor deles. Em conseqüência disso, faltava-lhes fé: eles possuíam
“pequena fé”.
Note que Jesus não disse que eles não tinham fé. Eles possuíam al
guma fé. As pessoas a quem Jesus Se dirige no Sermão do Monte são
crentes. As bem-aventuranças são uma realidade na vida delas. A
mensagem destina-se aos humildes de espírito, aos que choram por
causa de seu senso de culpa, aos que se consideram perdidos e desam
parados e que sentem fome e sede de verdadeira justiça. Seus ouvintes
são os que amam a Deus como a um Pai.
O problema deles não é a ausência de fé, mas o possuir “pequena
fé”. Ou seja, a fé deles é inadequada; é imatura. É uma fé insuficiente.
A expressão “pequena fé” é empregada cinco vezes nos Evangelhos, e
todas as vezes é usada com relação aos discípulos. Eles possuíam fé, mas
essa fé era insuficiente.
O que é “pequena fé”? Alguns têm sugerido, levando-se em con
ta o contexto aqui em Mateus 6:30 e em outros lugares, que essa “pe
quena fé” é uma fé que aceita o fato de Jesus ser o Salvador dos peca
dos, mas não consegue ser aplicada em outros aspectos da vida. Essas
pessoas possuem fé salvadora, mas param nisso. A fé delas não se es
tende até as ocupações da vida diária. Elas não conseguem entender
o fato de que Deus tem interesse em todos os setores da nossa vida.
Não conseguem reconhecer que, em virtude do interesse de Deus em
todos os aspectos da nossa vida, não temos necessidade de preocupar-
nos. A “pequena fé” não entende que Deus está conosco tanto no lu
gar de trabalho quanto no lugar de adoração.
A Pequena Fé e as Promessas
Pelas quais nos têm sido doadas as Suas preciosas e mui grandes
promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina,
livrando-vos da corrupção das paixões que hã no mundo. II Pedro 1:4.
Ontem e anteontem examinamos o que significa ter “pequena
fé” e o que significa ter uma fé que compreende o fato de que Deus vai
nos salvar, mas não consegue entender que Ele está ativamente empe
nhado em cuidar de nós em todos os aspectos de nossa vida diária.
O resultado: a pequena fé se preocupa; a pequena fé não sabe co
mo confiar no Pai. A pessoa de pequena fé é controlada por preocupa
ções e temores. A mente de uma pessoa assim anda em círculos sem
chegar a soluções confiáveis. Essas pessoas ficam acordadas por horas a
fio durante a noite, enquanto a mente se angustia com os mesmos de
talhes deprimentes sobre pessoas e coisas. Nessas situações, as pessoas
não têm o controle de seus processos mentais. Ao contrário, estão sen
do controladas por algo, e esse algo, caso o processo continue, acabará
por levá-las a um estado de preocupação. A pequena fé é uma condi
ção que permite que as circunstâncias nos controlem e dominem. Mas
Deus quer que tenhamos o tipo de fé que domina a situação, que lan
ça a ansiedade para trás e prossegue numa ação construtiva, fundamen
tando sua confiança no Deus que Se importa.
No seu fundamento, a pequena fé não consegue levar Deus e Sua
Palavra a sério; não consegue crer em Suas “preciosas e mui grandes
promessas”. Temos muito que aprender com as promessas de Deus. Te
mos muito que aprender com os personagens bíblicos que levaram as
promessas de Deus a sério e que exerceram grande fé. Precisamos
aprender destes crentes imperfeitos, mas heróicos, como Abraão, Da
vi, Daniel, Pedro e Paulo.
Como Paulo, precisamos lembrar que nosso Deus pode fazer “infi
nitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme
o Seu poder que opera em nós”. Efés. 3:20. Precisamos reconhecer “a
suprema grandeza do Seu poder”. Efés. 1:19. À luz dessas declarações,
toda preocupação parece infundada.
Transformando a Pequena Fé
em Grande Fé
Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos' Que beberemos?
Ou: Com que nos vestiremos? Mateus 6:31.
JL
44 Portanto” é a palavra-chave de nosso verso bíblico de hoje.
“Portanto” é a conjunção que une o que foi dito nos versos 25 a 30 com
o que se segue a partir do verso 31. “Portanto” pressupõe que, se realmen
te pensarmos nas maravilhas da natureza, nas belezas naturais e na ma
neira como Deus cuida da natureza em termos de seres como aves e flo
res, não teremos motivo para nos preocupar com coisas como comida, be
bida e vestuário. Na verdade, nem seremos capazes de preocupar-nos.
“Portanto” implica que, se realmente começamos a compreender o
que significa ter Deus como Pai, não teremos motivos para preocupar-
nos com as necessidades básicas da vida. O problema com muitos cris
tãos é que não compreendem o que é ser filho de Deus; não vêem Seus
propósitos misericordiosos com respeito a nossa vida. Será impossível
ficarmos preocupados, quando verdadeiramente aceitarmos a Deus co
mo nosso Pai pessoal.
“Portanto” também implica que a pequena fé pode transformar-se nu
ma grande fé quando aprendemos as lições que Jesus nos apresenta a res
peito tanto do lugar das posses materiais em nossa vida (versos 19-24) co
mo da desnecessidade de preocupar-nos com essas coisas (versos 25-34).
O ideal de todo seguidor de Jesus é possuir grande fé. A grande fé
se constrói sobre as promessas da Bíblia e sobre a aplicação dessas pro
messas a todos os aspectos da vida. A grande fé é parte do “portanto”
do verso 31. Ainda que, como cristãos, tenhamos que enfrentar prova
ções, problemas, aflições e tristezas, não precisamos temer, porque “em
todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio dA-
quele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte,
nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do pre
sente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundi
dade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Rom. 8:37 e 38.
Senhor, ajuda-me hoje a tornar-me uma pessoa de grande fé. Per
mite, pelo Teu poder, que eu esqueça minha pequena fé para sempre.
Mundanos Espirituais
Então lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer
avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens
que ele possui. Lucas 12:15.
^/Jundanos espirituais! O mundo está cheio deles. A igreja es
tá cheia deles.
Mas quem são eles? O que significa ser mundano espiritual?
Talvez a melhor definição seja esta: pessoas que possuem um ponto
de vista correto sobre a salvação, mas que são mundanas em seus pen
samentos sobre a vida em geral. Ou seja, elas são corretas quando falam
sobre salvação, mas parecem pagãs quando falam sobre a vida diária:
têm uma filosofia mundana. Andam preocupadas com casas, roupas e
carros. Estão sempre falando sobre riquezas, bens e posições. São essas
as coisas que realmente as dirigem. Dependem dessas coisas para serem
felizes ou infelizes. Isso, diz Jesus, é ser como os gentios, ser como os que
não conhecem a Jesus como Senhor, nem a Deus como Pai.
Os cristãos não são controlados por coisas. Sua felicidade central
não vem da posse de coisas, nem sua infelicidade central deriva da per
da delas.
Ser um mundano espiritual é, sem dúvida, uma condição grave, da
perspectiva do Novo Testamento. Mas como as pessoas sabem se estão
sofrendo desse mal?
Algumas perguntas podem nos ajudar a fazer o diagnóstico. Para
onde, por exemplo, dirijo meus pensamentos quando tenho tempo li
vre? O que enfatizo mais em minhas conversas? O que me faz feliz ou
infeliz? Quando acontece algo preocupante, minha reação é essencial
mente diferente daquela que eu teria se não fosse cristão?
A pura verdade é que as únicas coisas realmente valiosas são aque
las que continuarão a ter valor daqui a 10.000 anos. A perspectiva cris
tã da vida se encontra no extremo oposto tanto do mundanismo comum
quanto do mundanismo espiritual.
Senhor, Tu sabes como é fácil para mim estabelecer prioridades er
radas. Ajuda-me hoje a deixar para trás todas as formas de mundanismo
e marchar em direção à esfera do cristianismo autêntico.
O Pai Sabe
E o meu Deus, segundo a Sua riqueza em glória, há de suprir, em
Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades. Filipenses 4:19.
ateus 6:32 não diz que Deus ignora a necessidade que temos
de coisas terrenas. Ao contrário, afirma que “vosso Pai celeste sabe que
necessitais de todas elas”, isto é, de comida, bebida e roupas. Do mes
mo modo, lemos no verso 8 que “o vosso Pai sabe o de que tendes ne
cessidade, antes que Lho peçais”.
Não temos somente um Pai que “sabe” de nossas necessidades; nós
sabemos que temos esse Pai. São esses os pontos nos quais diferimos
dos gentios.
Precisamos lembrar que jamais nos encontraremos numa situação
ou estado alheios ao conhecimento e cuidado de Deus. Ele não apenas
conhece nossas necessidades físicas, mas também está interessado em to
da a nossa vida. Está disposto a guiar-nos dia a dia. Lemos em O Deseja-
do de Todas as Nações que “Deus nunca dirige Seus filhos de maneira di
versa daquela por que eles próprios haveriam de preferir ser guiados, se
pudessem ver o fim desde o princípio e perscrutar a glória do desígnio
que estão realizando como colaboradores Seus”. - págs. 224 e 225.
Que Pai! Que Deus! Não admira que os cristãos não devam se
preocupar. Eles jamais se encontram fora do raio de ação da solicitude
de Deus. Ele está sempre com eles, não importa quão negras as circuns
tâncias possam parecer no momento. Ele sempre antevê as suas neces
sidades.
E Ele tem um coração condizente com Seu conhecimento. Deus
Se importa conosco mais do que nos importamos com nossos filhos.
“Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de
sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que es
ta viesse a se esquecer dele, Eu, todavia, não Me esquecerei de ti. Eis
que nas palmas das Minhas mãos te gravei; os teus muros estão conti
nuamente diante de Mim.” Isa. 49:15 e 16.
Nosso Pai sabe. Esse é um dos pensamentos mais confortadores das
Escrituras. Ele sabe de todas as minhas necessidades, de todos os meus de
sejos e de todas as minhas potencialidades, e deseja que essas necessida
des sejam atendidas mais do que eu mesmo desejo atender às necessida
des dos meus próprios filhos. Sou bastante grato por saber que Ele sabe.
esse pão do Céu podia ser completamente frustrante. Basta olhar para
a maneira como ele surgia e como devia ser coletado.
O problema não era haver carência do material branco e escamo
so. Ao contrário, havia abundância dele. Ele literalmente cobria o so
lo seis manhãs por semana. Tudo quanto se precisava fazer era apanhar
um cesto e recolhê-lo. Toda pessoa tinha que apanhar um gômer (cer
ca de dois litros) dele diariamente e o dobro na sexta-feira a fim de ha
ver suficiente para o sábado.
E nesse ponto que o assunto se torna problemático. Por que não
colher vários gômeres por dia como garantia contra enfermidade ou
velhice? Afinal de contas, você sabe, imprevistos acontecem.
Mas esse não era o modo como as coisas funcionavam. Estranho
assunto, esse maná. Embora ficasse bem conservado de sexta para sá
bado, se fosse armazenado em qualquer outro dia da semana, enchia-se
de vermes e ficava impróprio para o uso no dia seguinte. Não se demo
rava nem mesmo sobre a terra. Quando não era recolhido (mesmo na
sexta-feira), derretia-se ao calor do sol. Portanto, aqueles que não o re
colhessem em dobro na sexta-feira, passavam fome no sábado. Os is
raelitas logo aprenderam diversas lições do maná sobre a santidade e
observância do sábado.
Mas o maná também apresenta uma lição aplicável à preocupação.
Assim como cada dia tinha seu suprimento de maná, assim tamhém
cada dia tem seu suprimento de preocupação. E assim como o maná
apodrecia para aqueles que tentavam armazená-lo, assim também as
preocupações esmagam e poluem a vida dos que buscam colher mais
do que a sua porção diária.
Confiar diariamente em Deus era o único procedimento seguro ao
lidar com o maná. Confiar em Deus é a única maneira de lidar com os
cuidados da vida.
De Volta às Bem-Aventuranças
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque
não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Romanos
7:18 e 19.
CsàXie complicação! Senhor, eu fiz isso de novo!
Ao ler rapidamente o capítulo seis de Mateus, sinto-me tão perdido
como quando passei uma vista de olhos sobre o capítulo cinco. Eu era
mau o bastante para entender que nem sempre fora o tipo de sal e luz
que devia ser em meu testemunho diário, que a lei tem profundezas de
significado que afetam minha vida, tanto na esfera do pensamento
quanto na esfera da ação, e que não era tão perfeito em amar ou outros
como Tu és. Mas no capítulo seis Tu me humilhaste novamente.
Eu realmente não gosto de fazer alarde, Senhor. Bem, gosto só um
pouco, mas sei que é errado, tanto na esfera espiritual quanto na esfe
ra da vida diária. Naturalmente, depois de ler o sermão, reconheço que
as duas esferas não podem ser separadas, mas Tu sabes o que quero di
zer. Ajuda-me hoje a esquecer o egoísmo e a exibição pessoal. Ajuda-
me a ser humilde de espírito, a ser manso e a ter fome e sede de justi
ça. Ajuda-me a não ter orgulho, nem mesmo de estar sendo espiritual
ao fazer esse pedido.
E por favor, perdoa minhas fraquezas na área abrangida pela segun
da metade do capítulo seis. Tu sabes como tem sido fácil para mim, fa
zer das coisas e posições meus alvos. E Tu sabes melhor do que nin
guém como tenho lutado contra ansiedades e preocupações. O proble
ma não é eu saber que a preocupação é contraproducente. Isto eu sei.
Parece que simplesmente não consigo ajudar a mim mesmo. Continuo
a me preocupar com os erros do passado e a me angustiar com as pos
sibilidades negativas do futuro, em vez de apenas viver um dia de cada
vez na confiança de que Tu resolverás as coisas.
Hoje, meu Pai, ajuda-me a evoluir de uma pequena fé para uma fé
madura. Graças Te dou por me levares de volta mais uma vez às bem-
aventuranças e à Tua justiça salvadora. Admito sinceramente, ó Pai,
minha pobreza e necessidade. “Completa-me hoje” é minha oração.
O Sexto Passo
Não julgueis, para que não sejais julgados. Mateus 7:1.
X 'emos percorrido um longo caminho em nossa caminhada com
Não Julgueis
Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.
Romanos 14:12.
64 NT
llão julgueis.” O que Jesus quis dizer com essa declaração?
A semelhança de muitos versos bíblicos, Mateus 7:1 também po
de ser lido de maneira errada e distorcida. Alguns acham que o verso
deve ser entendido literalmente. Nesse caso, um cristão nunca deve
expressar a opinião a respeito de ninguém. Os que assim raciocinam,
dizem que devemos ser complacentes e tolerantes, permitindo que to
dos sejam o que quiserem ser. Amor e união é o que interessa, prosse
gue o raciocínio. Essa interpretação é bastante popular numa cultura
permissiva, e até mesmo em igrejas permissivas.
Embora esse ensinamento possa parecer confortável e cristão, cer
tamente não é bíblico. Se lermos, por exemplo, os seis primeiros ver
sos de Mateus 7, vamos descobrir que não devemos dar aos cães o que
é santo, nem lançar nossas pérolas aos porcos. Como podemos obede
cer a esse verso sem exercer julgamento? E evidente que não podemos.
Nesses seis versos Jesus nos diz ao mesmo tempo para não julgar (ver
so 1) e para julgar (verso 6).
Também nos diz para acautelar-nos dos falsos profetas no verso 15
e para avaliarmos os frutos, nos versos 19 e 20. E em vários lugares nas
epístolas de Paulo e de João recebemos instrução para não seguir o
exemplo das pessoas imorais.
O que devemos entender de tudo isso? Que não devemos julgar,
mas também que devemos julgar.
O julgamento que não devemos praticar é o julgamento da conde
nação. Não devemos condenar ninguém. Não devemos julgar-lhes os
motivos, nem falar como se conhecéssemos seu verdadeiro caráter ou
o veredicto final de Deus sobre a vida deles.
Por outro lado, recebemos ordens expressas para discriminar (com
base nas ações externas) os que se rebelam obstinada e abertamente
contra Deus. Nessa conformidade, Paulo aconselhou os coríntios a não
tolerarem um homem que viva maritalmente com a própria madrasta
(ICor. 5:1-5).
Senhor, ajuda-me hoje a ter a capacidade de saber a diferença en
tre a discriminação necessária e o julgamento ilícito.
O Espírito Condenatórío
Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados;
perdoai e sereis perdoados. Lucas 6:37.
^\^imos ontem que o “não julgar”, de Mateus 7:1, significa não
condenar nem procurar julgar os motivos alheios, mas que isso não
quer dizer que os cristãos não devam exercer discriminação.
Examinaremos hoje a diferença entre o que chamamos de crítica
construtiva e crítica desapiedada. A verdadeira crítica, no sentido
mais pleno da palavra, é uma coisa excelente. Embora ela realmente
aponte nossas faltas, seu propósito principal é tornar as coisas melho
res. É mais construtiva do que destrutiva. Nasce do desejo de ajudar os
outros. E cristã em suas intenções.
Em Mateus 7:1, Jesus não está condenando a crítica construtiva. Ao
contrário, o que Ele visa ali são os hipercríticos. A hipercrítica, ou a crí
tica excessiva, é negativa por natureza. Deleita-se na crítica pela crítica.
As pessoas hipercríticas adoram encontrar faltas nos outros. Parecem de
sejar ardentemente encontrar imperfeição. Seus ouvidos estão sempre
abertos aos últimos boatos intrigantes, os quais prontamente passam
adiante. O espírito hipercrítico não é cristão. Assemelha-se mais ao es
pírito de Satanás, “o acusador de nossos irmãos” (Apoc. 12:10).
Uma das maneiras mais fáceis de descrever o espírito hipercrítico
é observando que ele é o oposto do amor definido em 1 Coríntios 13.
Ele é indelicado, ciumento, prepotente, rude, arrogante, ressentido e
se alegra com os erros alheios. Em suma, obtém uma satisfação mali
ciosa e perversa em encontrar defeitos e deformidades. E espiritual
mente doentio.
O espírito que promove o julgamento hipercrítico é o espírito que
sente prazer em escutar algo desagradável a respeito de alguém. E uma
atitude que se compraz quando um concorrente comete grave equívo
co. Não é esse o amor presente no caráter de Jesus.
Todos lutamos contra essas tentações. E todos necessitamos do
poder de Jesus para vencê-las. Precisamos do Seu espírito hoje. Eu
preciso do Seu espírito hoje. Quero superar todas as formas de crítica
destrutiva condenadas por Jesus.
não devemos julgar. No verso de hoje Ele fornece uma razão bastante
prática por que não devemos julgar os outros. Em suma, a maneira co
mo tratamos os outros, em termos de julgamento, acabará caindo so
bre nossa própria cabeça.
Ora, essa é uma conseqüência tão pessoal quanto é possível ser.
Mas o que isso significa?
Alguns têm sugerido que as pessoas que vivem censurando e criti
cando os outros acabam também sendo criticadas por outras pessoas
que tendem a aplicar-lhes uma dose de seu próprio remédio. O oposto
também é geralmente verdadeiro. Os que são menos críticos dos outros
são, em geral, mais apreciados e atacados com menor freqüência. Há,
portanto, um significado temporal em nosso texto. Mas esse significa
do não é o único em Mateus 7:2.
A mais importante implicação do sermos julgados de acordo com
o juízo com que julgamos os outros deve ser vista em termos do juízo
final de Deus. As implicações disto são um tanto assustadoras, quando
paramos para pensar no assunto.
Muitos de nós dão pouquíssima atenção às observações críticas que
fazemos sobre membros da família, líderes da igreja, colegas de traba
lho ou vizinhos. Apenas abrimos a boca, e elas vão saindo dali de ma
neira quase automática.
Damos pouca atenção até para o que Deus pensa a respeito de nos
sas atitudes e ações indelicadas e condenatórias. Jesus está nos dizen
do, em termos bem definidos, que devemos pensar acerca do que Deus
pensa sobre o assunto. E o que Deus pensa está carregado de conse-
qüências eternas.
A Bíblia ensina claramente e repetidas vezes que, no juízo final,
Deus nos dará o que demos aos outros. Deus nos dá graça, e espera que
a transmitamos a outros. Deus nos dá misericórdia, e espera que a trans
mitamos. Se recusarmos, se transmitirmos apenas condenação e grosse
ria, podemos aguardar condenação no juízo. Todos quantos hão de en
trar no reino eterno terão internalizado o caráter amoroso de Deus.
suprema razão por que Jesus nos recomendou não julgar os ou
tros, é que não existe ninguém suficientemente bom. Para ilustrar Seu
ponto de vista, Jesus apresentou a vivida cena de um homem com uma
tábua de aproximadamente 5 x 10cm pregada nos olhos, tentando en
contrar e extrair uma partícula de serragem do olho de um amigo.
Que senso de humor! Jesus não temia empregar o humor para chegar
às coisas sérias. Em minha opinião, se você permitir que o lado cartunis
ta do seu cérebro evoque essa figura, ela perde apenas para a declaração
de Jesus sobre o peneirar mosquito e engolir camelo. Essas são imagens
vigorosas que não apenas fixam o assunto, mas também são fáceis de lem
brar e até nos fazem rir da tolice de nosso oculista cego. Jesus não era con
tra o uso do humor num sermão. E até acho que Ele ria na igreja.
Mas o que toma Suas ilustrações fortes e memoráveis é o fato de se
rem elas tão verídicas. Quem já não teve o duvidoso “privilégio” de rece
ber o conselho de alguém com um problema dez vezes pior que o seu?
Na realidade física é quase impossível ajudar alguém a retirar algo
do olho quando estamos sendo importunados por algo no nosso, quer
se trate de um cisco ou de uma trave. É lamentável que nossas facul
dades espirituais não sejam tão sensíveis quanto nossos olhos. Nenhum
de nós está isento de argueiros e traves. Nenhum de nós é suficiente
mente bom para julgar os outros. Tomo a repetir: Somente Deus é su
ficientemente bom. Essa é a razão por que Ele deve ser o juiz final de
cada um de nós.
Senhor, peço-Te hoje que me tornes sensível às minhas próprias
faltas e me dês paciência para lidar com as faltas alheias. Ajuda-me a ter
uma visão mais clara de mim mesmo, a despeito dos meus problemas.
A Lei da Trave
Jesus Se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado
seja o primeiro que lhe atire pedra. João 8:7.
Eis uma história bíblica bem conhecida. Os escribas e fariseus ar
rastam uma mulher apanhada em “flagrante” adultério até Jesus para
saber se Ele está em harmonia com a ordem de Moisés de apedrejar os
adúlteros até a morte.
Se Jesus dissesse não, eles poderíam acusá-Lo perante o povo de ser
infiel a Moisés. Por outro lado, se concordasse em apedrejá-la, poderia
ser denunciado às autoridades romanas, visto que os judeus não ti
nham o direito de aplicar penas capitais. Os escribas e fariseus tinham
Jesus onde O queriam. Qualquer resposta destruiría a Sua influência.
Era um dia glorioso para esses defensores da “justiça”.
Contudo, está faltando algo! Onde está o homem? Eles não afir
mam que ela foi apanhada em flagrante? É fato bem conhecido que são
necessárias pelo menos duas pessoas para se configurar um adultério.
Isto é uma cilada, e Jesus o percebe.
O Mestre não responde diretamente. Apenas dobra os joelhos e
começa a escrever na areia. Um por um, os judeus compreendem que
foram desmascarados. Estão tramando a morte de Jesus e usando essa
mulher para cumprir seu objetivo. São transgressores contumazes da lei
de Deus em diversos aspectos, e Jesus bem o sabe. Então Ele diz que
aquele que não tiver pecado lance a primeira pedra. Depois continua
a escrever, enquanto os judeus escapolem um por um, acusados pela
própria consciência.
Que história! Que ilustração da lei da trave (tentar remover um
argueiro do olho do outro quando temos uma trave em nosso próprio)!
Por que somos tão exigentes com os defeitos alheios e tão esquecidos
dos nossos próprios? Como podemos ser tão duros com os outros e tão
flexíveis conosco mesmos?
Não se desvie dessas perguntas. Jesus está falando com você. Ele
está falando comigo. Não largue este livro devocional e corra para se
esconder detrás de alguma oração piedosa. Não! Não faça isso! Jesus
está nos chamando a prestar contas exatamente agora. Deixe-O falar
com você. Você e eu precisamos disso.
A Doença do Espírito
Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? pois
todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Romanos 14:10.
447AX. critiquice”, afirma Douglas Hare, “é a mania de criticar o
que os outros dizem e fazem. E uma doença do espírito” na qual “o crí
tico arrogantemente atribui a si mesmo a superioridade que o autoriza
a avaliar as falhas alheias”.
Quando Jesus fala sobre julgar os outros, em Mateus 7:1-5, decla
ra que a justiça superior de Seu reino (ver Mateus 5:20) envolve a de
cidida renúncia da tentação de julgar os outros de maneira mais impla
cável do que a nós mesmos.
E, contudo, como é fácil exigir dos outros um padrão mais eleva
do. Lembro-me de minha esposa me ajudando a datilografar um proje
to quando eu era universitário. Contávamos com dois datilógrafos e
trabalhávamos tão rápido quanto podíamos para cumprir meu prazo.
Então surgiu um problema. Eu disse que o trabalho dela não era sa
tisfatório. Tinha esse problema e aquele. Ela ficou bastante indignada.
Mas logo deu um basta nessa atitude quando me fez ver que minhas pá
ginas estavam mais cheias de erros do que as dela.
Ajuda-me, Senhor, a vencer minha doença do espírito.
Apesar da ordem de Jesus de sermos perfeitos (Mat. 5:48), ninguém
é perfeito. Precisamos esforçar-nos para limpar nossa própria vida, an
tes de estarmos em condição de aconselhar bondosamente os outros.
E mesmo então esse conselho bondoso deve sempre ser dado dentro do
contexto da tema misericórdia que Deus tem para conosco.
Á luz das palavras de Jesus, fico sempre desconfiado dos que se es
pecializam em criticar os outros, principalmente quando adotam uma
atitude arrogante e/ou sarcástica.
A atitude dos fariseus continua a existir em indivíduos metidos a
santos que, aos seus próprios olhos, se esforçaram mais e foram além
dos outros na caminhada cristã. Uma atitude como essa faz vista gros
sa tanto à fraqueza da natureza humana como à abundante misericór
dia de Deus. Todos nós temos motivos para humilhar-nos. Todos nós
temos doenças do espírito. Todos nós compareceremos como iguais pe
rante o tribunal de Cristo.
Perversão Santificada
Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito
de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão. Romanos 14:13.
Deturpando o Evangelho
Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que
o Senhor venha. Ele trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará
as intenções dos corações. I Coríntios 4:5, NVI.
' Ã'emos condições de ser pacientes. O Senhor sabe o que está fa
Removedores de Argueiro
Seu hipócrita! Retire primeiro a tábua do seu olho; então você vai
conseguir enxergar claramente para remover o cisco do olho do seu irmão.
Mateus 7:5, Phillips.
Depois de dizer e fazer tudo sobre argueiros e traves, é impor
tante observar que nós temos realmente a responsabilidade de ajudar
nosso próximo a tirar do olho seu argueiro real (em vez de algum ar
gueiro imaginário colocado ali por nosso preconceito).
Nunca esqueçamos, porém, que não recebemos ordem para ser re-
movedores de argueiro enquanto não nos tornarmos peritos extratores
de traves. Em outras palavras: “precisais ser bons para que possais fazer
o bem. Não vos será possível influenciar os outros a se transformarem
enquanto vosso coração não se houver tornado humilde, refinado e
brando por meio da graça de Cristo. Quando esta mudança se houver
operado em vós, ser-vos-á tão natural viver para beneficiar a outros,
como o é para a roseira dar suas perfumosas flores, ou a videira produ
zir purpurinos cachos”. - O Maior Discurso de Cristo, pág. 128.
È de se lamentar que muitos não mostrem o seu melhor lado quan
do tentam (muitas vezes sinceramente) ajudar os outros. Sua maneira
condenatória, “piedosa” e censuradora toma-se a principal trave a blo-
quear-lhes a visão e o discernimento espiritual. Sua obra em relação
aos outros tende a implantar mais argueiros, em vez de removê-los.
Se quisermos realmente ser removedores de argueiros em vez de im-
plantadores, precisamos ter a mente de Cristo em relação aos outros.
Lemos no livro Educação que, apesar de reprovar “com fidelidade”,
Cristo olhava esperançosamente para cada pessoa, não importava o
quanto estivesse ela decaída.
“Olhando aos homens em seu sofrimento e degradação, Cristo en
trevia lugar para esperança onde apenas apareciam desespero e ruína.
Onde quer que se sentisse a percepção de uma necessidade, ali via Ele
oportunidade para reerguimento. As almas tentadas, derrotadas, que se
sentiam perdidas, prontas a perecer, Ele defrontava, não com acusa
ções, mas com bênçãos. ... Em cada ser humano Ele divisava infinitas
possibilidades. Via os homens como poderiam ser, transfigurados por
Sua graça.” — Págs. 79 e 80.
Vai tu e faze o mesmo.
Porcos e Cães
Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas
pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.
Mateus 7:6.
Surpresa!
Depois de cinco versos que nos falam de maneira bastante enérgi
ca para não julgarmos, Jesus agora nos diz que precisamos julgar. E nos
diz que somos capazes de julgar adequadamente e de distinguir porcos
e cães das criaturas mais dignas.
Antes de examinarmos o significado dessa passagem, precisamos
olhar para o significado dos cães e porcos pela perspectiva judaica. Pa
ra nós, um cão é um bichinho de estimação que muitos de nós adora
ter e abraçar. O cão é, para muitos, “o melhor amigo do homem”. Não
era assim, porém, no mundo antigo. Os cães eram carniceiros semi-sel-
vagens. O próprio nome deles era um termo desagradável e desonroso.
De maneira similar, para a mente judaica o porco representava tudo
quanto era impuro e proibido.
Não estamos, portanto, lidando com julgamentos de limites estrei
tos, mas com uma discriminação baseada em atributos externos. Qual
quer pessoa pode dizer a diferença entre um porco e uma ovelha. As
sim, os cristãos também devem julgar no sentido da discriminação,
com base nas ações exteriores de uma espécie “suína”.
E muito bom que Mateus 7:6 esteja incluído em nossa Bíblia. Se
contássemos apenas com os cinco primeiros versos do capítulo, tería-
mos apenas metade do quadro. A única conclusão a que chegaríamos
era a de que seria errado julgar os outros de qualquer forma. Mas o ver
sículo 6 traz equilíbrio. Sem o parecer que ele nos dá, não haveria ba
se para a disciplina na igreja, nem para a discriminação entre os falsos
ensinos e os verdadeiros.
Há na leitura bíblica de hoje uma lição. Precisamos tomar todo o
conselho da Palavra de Deus. Os cristãos se metem em problemas por
que apanham esse ou aquele texto ou citação, mas não conseguem ler
a informação equilibrada. Quando vemos apenas um lado da questão e
nos apressamos, ficamos suscetíveis àquele extremismo e fanatismo
que atormentaram o cristianismo desde o seu início. Somos chamados
a ser o povo de todo o Livro, e não apenas de parte dele.
Cheque em Branco
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Mateus 7:7.
Será que isso é realmente verdade? A oração é um cheque em
branco? Deus dá aos crentes tudo quanto pedem?
Tenha cautela aqui. Entramos em grande dificuldade quando alte
ramos textos ou apanhamos declarações fora do contexto e depois as
generalizamos de maneira irresponsável.
Sejamos honestos nesse ponto. Deus já lhe concedeu tudo quanto
você pediu? Por que não? Como isso afetou a sua fé?
Essa afirmação sobre a oração é uma promessa absoluta do que
Deus fará em nosso favor, mas possui um contexto bem definido. Esse
contexto é o juízo, o tema que atravessa todo o capítulo sete de Ma
teus. Precisamos ver nossa vida terrena como uma escola na qual cons
truímos o caráter para a vida por vir. Deus quer que estejamos prepa
rados para a vida eterna. Assim sendo, está disposto a dar-nos tudo
quanto precisamos para o desenvolvimento cristão simétrico.
Os primeiros seis versos de Mateus 7 trataram do problema de
julgar os outros e ser mais exigentes com eles do que somos conosco
mesmos. Eles nos dizem que, em grande medida, os juízos injustos
que pronunciamos repercutirão sobre nós mesmos. Ao reconhecer
nossas fraquezas, clamamos: “Quem é suficiente para estas coisas?
Como podemos viver à altura de um padrão como esse?” A resposta
de Cristo é que Ele nos dará o que precisamos, se pedirmos, buscar
mos e batermos.
O que é verdade para Mateus 7:1-6 é verdade para todo o Sermão
do Monte. Ficamos desalentados quando vemos as exigências da ver
dadeira justiça. E no contexto dessas exigências que Cristo oferece Sua
graça, para que possamos viver a vida cristã. “Pedi, e dar-se-vos-á; bus
cai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.”
Realmente temos um cheque em branco, em Mateus 7:7, para a
graça de Deus. Os imperativos de Cristo são humanamente impossíveis
de ser cumpridos. Os que levam a sério as tremendas exigências do Ser
mão do Monte devem também levar a sério a boa vontade de Deus em
nos ajudar. Os que pedem, buscam e batem por auxílio, não ficarão de
cepcionados.
mos esquecer: O fato de que Ele Se deu porque esteve sempre procu
rando por nós. Esse foi o propósito da Sua encarnação. Ele veio “bus
car e salvar o perdido” (Luc. 19:10). Como Deus procurou por Adão,
afligido pelo fardo do pecado, no Éden, assim Jesus vem à nossa procu
ra. Ele continua a buscar-nos e permanece à porta do nosso coração,
querendo entrar. A grande pergunta é: Permitiremos que Ele entre?
A condição na qual nos aproximamos de Cristo e permitimos que
entre em nós não é nosso mérito, mas nossa perdição. É nossa necessi
dade de ser limpo e purificado de toda iniqüidade que nos leva a rea
gir favoravelmente à Sua iniciativa, que nos leva a pedir, a buscar e a
bater pelo perdão de Deus.
A recomendação é para pedirmos, e nos será dado. Ellen White es
creveu que “se a Ele vos chegais com sincera contrição, não tendes que
pensar ser presunção de vossa parte o pedir aquilo que o Senhor pro
meteu. Quando pedis as bênçãos de que necessitais a fim de aperfei
çoar um caráter segundo a imagem de Cristo, o Senhor vos garante que
pedis em harmonia com uma promessa que se cumprirá. O fato de vos
reconhecerdes pecador, é base suficiente para implorardes Sua compai
xão e misericórdia”. - O Maior Discurso de Cristo, págs. 130 e 131.
Buscar e bater significam que continuamos a pedir. Vimos no estu
do da quarta bem-aventurança que nossa fome e sede de justiça não é
um ato isolado no passado. Ao contrário, o cristão percebe continua
mente as suas faltas e sente constante fome e sede daquela justiça que
somente Deus pode conceder. O pedir, o buscar e o bater correspondem
a essa fome e sede contínuas. Deus está constantemente respondendo à
oração da fé e concedendo-nos aquilo que pedimos. É ilimitado o Seu
suprimento de graça.
Senhor, ajuda-me a aprender buscar as coisas mais importantes.
Ajuda-me a ansiar por Tua graça.
uitas pessoas que estão lendo este devocional são pais. Ama
mos nossos filhos, e eles sabem disso. Eles sentem liberdade de vir até
nós e pedir-nos este ou aquele favor. Confiam em nós, e fazem bem em
confiar.
A ilustração usada por Jesus no verso bíblico de hoje é interessan
te por ser bastante comum. Até mesmo o pai mais mesquinho se sen
te compelido a prover algum alimento para os filhos. Não lhes dariam
uma pedra em lugar de pão. Por quê? Porque uma pedra é algo absolu
tamente inútil como alimento.
O caso da cobra em lugar do peixe não parece tão claro à primei
ra vista. Embora haja alguma diferença de opinião quanto à natureza
precisa da cobra, pois muitos julgam tratar-se de uma enguia, o certo é
que tal criatura, por não ter barbatanas nem escamas, seria imunda.
Portanto, não serviría como alimento para crianças judias.
Lucas apresenta uma terceira ilustração nesse ponto de sua narra
tiva. Acrescenta que nenhum pai daria ao filho um escorpião, se ele
lhe pedisse um ovo. O escorpião, naturalmente, é um animal extrema
mente peçonhento, que parece não servir para alimento nem para ou
tra coisa qualquer. Nenhum desses artigos, no contraste fornecido por
Jesus, era próprio para alimento. Nenhum deles podia ser visto como
uma dádiva graciosa e amorável.
A parte mais importante do argumento apresentado nos versos 9 e
10 aparece no verso 11, onde Jesus conclui que, se até mesmo os pais
terrenos amam seus filhos a ponto de lhes darem o que necessitam,
quanto mais não será capaz o Deus generoso?
Esse é um pensamento importante. Talvez estejamos subestiman
do demais a generosidade divina em abastecer-nos com aquilo que pre
cisamos tanto em nossa vida temporal quanto na eterna.
O argumento principal de Mateus 7:7-11 é que Deus jamais irá vi
rar as costas para as nossas orações. Acima de tudo, Deus deseja que se
jamos felizes, saudáveis e completos. Que oportunidade!
lestial e os seres humanos, que são maus, não poderia ser maior. Na
verdade, o argumento principal de Jesus nesse texto não é a natureza
pecaminosa da humanidade, mas é tanto mais convincente pelo fato
de a veracidade de Sua afirmação ser tão óbvia para Ele que Ele é ca
paz de usá-la numa comparação de improviso. A crença de Jesus é a de
que a humanidade é má e pecaminosa, a despeito de todas as formas de
humanismo.
Lembro-me de como fiquei empolgado ao preparar minha disserta
ção doutorai. Meu campo de estudo era a filosofia da revolução. Na
quele tempo, eu estava em rebelião contra Deus e contra a igreja, e não
queria outra coisa senão encontrar para a vida uma nova explicação
que fizesse sentido.
Como me emocionava ante os projetos revolucionários propostos
por alguns que alegavam, em essência, que os seres humanos podem fa
zer o Céu na Terra, criando sistemas econômicos e políticos justos. Is
to soava tão bem que todos deviam contribuir o máximo possível com
a sociedade e retirar apenas o mínimo.
Tudo isso era maravilho na teoria. Foi então que fui forçado a fa
zer a dura pergunta: Por que essas boas idéias nunca funcionam na vi
da real? Por que a história é um catálogo de fracassos utópicos, um após
o outro? Fui obrigado a admitir que a natureza humana é essencial
mente egoísta e pecaminosa; e que, afinal de contas, o cristianismo
tem a resposta.
Devemos observar que Jesus não Se incluiu na descrição da huma
nidade pecadora. “Vós, que sois maus” são as Suas palavras. Jesus não
era mau. Ele possuía o coração e a mente de Deus. Nisso, Ele é diferen
te de nós.
Mas Ele deseja tornar-nos semelhantes a Ele. Esse é o alvo da con
versão e do novo nascimento. Deus quer que mudemos para sermos se
melhantes a Ele.
Obrigado, ó Pai, por não desistir de mim. Obrigado por Se impor
tar o bastante para colocar Seu Filho em risco dentro de um mundo de
pecado, a fim de que eu pudesse ter vida eterna.
Novamente de Volta às
Bem-aventuranças
E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o Céu e diante de ti; já não sou
digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei
depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos
pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos,
porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.
E começaram a regozijar-se. Lucas 15:21-24.
T ai, será que nunca vai acabar o número de vezes que terei que
voltar às bem-aventuranças? Será que minhas falhas não têm fim? Ao
olhar para a minha tentação não apenas de julgar os outros, mas tam
bém de ser mais rigoroso com eles do que comigo mesmo; ao olhar pa
ra minha falha em buscar a Ti e a Teu poder como deveria; e ao deixar
de viver plenamente em harmonia com Tua regra áurea, sinto de no
vo minha pobreza de espírito. Mais uma vez sou levado a chorar por
causa de meus defeitos, e outra vez encho-me de mansidão ante Tua
presença. Mais uma vez dirijo-me a Ti, com fome e sede de justiça.
Pai, será que já ficaste cansado de eu recorrer a Ti em meus fracas
sos? Louvo a Ti sempre. Louvo a Ti pela história do filho pródigo.
Agradeço-Te por haver festa no Céu toda vez que alguém vem a Ti em
arrependimento.
Graças Te dou por Tua boa vontade em ouvir-me pedir, buscar e
bater através da oração; por Tua boa vontade em satisfazer minha
constante necessidade de graça; por Tua boa vontade em tornar a co
locar meus pés na senda da integridade.
Pai, em certo sentido, tenho percorrido ao Teu lado uma longa jor
nada em nossa caminhada pelo Monte das Bem-aventuranças. Meu
conhecimento de Tua pessoa ficou maior, e aumentou minha capaci
dade de seguir-Te. Mas há outro sentido no qual não tenho progredi
do desde Is de janeiro. Ainda sinto necessidade, tanto do Teu poder,
quanto do Teu perdão. Por favor, satisfaze minha fome e sede; mas, por
favor, conserva-me também faminto e sedento de Tua justiça.
O Sétimo Passo
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho
que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. Mateus 7:13.
Pai, é difícil acreditar que estejamos caminhando juntos há tan
tos meses pelo Monte das Bem-aventuranças. Aqui estamos na reta fi
nal do ano, e nossa jornada está quase completa.
Lembramo-nos da declaração registrada em Mensagens Escolhidas,
vol. 3, de que nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que es
queçamos a maneira como o Senhor nos guiou no passado (pág. 162).
Compreendemos que essa passagem é, antes de tudo, uma afirmação de
como Tu tens liderado Tua igreja nos últimos dias de sua história, em
bora vejamos que esse conceito também se aplica à nossa vida pessoal.
Ajuda a não nos esquecermos de como nos guiaste através das
bem-aventuranças, ao explicar-nos os elementos essenciais que devem
ser encontrados em cada caráter cristão. E ajuda-nos a lembrar da glo
riosa oportunidade que nos dás de testemunhar em nossa vida diária,
como sal que permeia e luz que ilumina.
Como podemos algum dia esquecer a grande explicação que nos
deste sobre a profundidade da lei ao descreveres a justiça cristã? E obri
gado mais uma vez por Teu conselho sobre a piedade ao pensarmos so-
hre oração, esmola, jejum e outros atos de adoração. Também somos
gratos por pensares em nós, em nossas lutas materiais ao lermos Teu in
comparável conselho a respeito de nossas prioridades e a falta de sen
tido da preocupação. E, por último, queremos Te agradecer por Teu
conselho sobre nossos relacionamentos com os outros.
Nossa caminhada tem sido uma bênção. Não foi dolorosa, embora
tenha sido uma caminhada na qual crescemos no sentido de ter nosso
caráter mais semelhante ao Teu.
Agora estamos prontos para Tua conclusão, Senhor. Compreende
mos que, ao concluíres Tua mensagem, queres falar sobre nossos com
promissos finais. Nossos ouvidos estão abertos às Tuas palavras. Reco
nhecemos que o julgamento desses compromissos é uma realidade ain
da por vir. Queremos, de todas as formas, estar prontos para que Tu
aproves nossas escolhas.
Portas e Caminhos
Eu sou a porta. Se alguém entrar por Mim, será salvo; entrará, e sairá,
e achará pastagem. João 10:9.
Os dois símbolos principais de Mateus 7:13 são a porta e o ca
minho.
Naturalmente, do ponto de vista de Jesus, há mais de uma porta e
mais de um caminho. Há dois, mas não mais do que dois. Ou estamos
por Cristo, ou estamos contra Ele. Ou temos Deus como nosso Pai, ou
temos o diabo. Não existem outras opções.
Podemos pensar na porta como nossa decisão de seguir a Jesus.
Conforme Ele afirma em João 10, Ele mesmo é a porta. Em Atos 4:12,
lemos que “não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual de
vamos ser salvos” (NVI). Entrar pela porta é decidir seguir a Jesus.
É interessante notar que, em Mateus 7:13 e 14, não se faz nenhu
ma menção de alguém entrando pela porta larga. Por quê? Porque já
nascemos no caminho espaçoso que conduz à destruição. Esse é um fa
to congênito, e não uma decisão consciente. Podemos tomar a decisão
de abandonar o caminho espaçoso, mas não a de entrar nele.
Se a porta simboliza nossa aceitação inicial de Jesus como Salva
dor, então o caminho significa nossa vida cristã subseqüente a essa
aceitação.
A própria vida de Mateus é uma ilustração da porta e do caminho.
Encontramo-lo em Mateus 9, sentado em seu gabinete na coletoria.
Naquele momento, Jesus entra em cena e diz: “Segue-Me.” Mateus
abandona seu emprego e seus velhos hábitos e dá início a uma nova
maneira de viver. Deixa para trás suas ações injustas de publicano, suas
velhas amizades e seus antigos alvos e compromissos. Mateus agora
tem um novo Senhor. Isso quer dizer que ele também tem novos valo
res, novos amigos e novos propósitos.
Cristianismo não é um lampejo de luz nem um sentimento cálido
e indistinto. Essas coisas podem (ou não) acontecer, mas a idéia prin
cipal contida na ilustração do caminho é a de que cristianismo é um
compromisso vitalício com Jesus e com o modo de vida apresentado no
Sermão do Monte. O cristianismo autêntico domina tudo o que faze
mos. É verdadeiramente um “modo” de vida.
O Exemplo da Minoria
Estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são
poucos os que acertam com ela. Mateus 7:14.
Se a democracia fosse o meio para se chegar à verdade, o diabo
O Significado de "Fácil"
Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em
caminhos de morte. Provérbios 14:12.
Escolhas
Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a
vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas,
tu e a tua descendência. Deuteronômio 30:19.
-^/Joisés havia chegado ao fim de seus dias. No livro de Deute
ronômio, ele descreveu a maneira como Deus havia guiado Israel para
fora do Egito, através do deserto, até às próprias fronteiras da Terra
Prometida. Nos capítulos 28 e 29, ele fez um resumo das promessas e
obrigações do concerto. As duas coisas sempre caminham juntas. Ja
mais podem ser separadas. A obrigação da obediência e lealdade a
Deus está sempre associada à promessa do concerto.
Moisés está pronto para subir o monte Nebo numa viagem só de ida.
Mas antes de passar as rédeas da liderança para Josué, intima seu povo a
decidir se querem andar no caminho da vida ou no caminho da morte.
As escolhas são a matéria-prima da vida. Cada dia, cada um de nós
é posto numa encruzilhada. As decisões que tomamos determinam não
apenas os acontecimentos daquele dia, mas também nosso destino
eterno.
Esse tema encontra-se por toda a Bíblia, bem como nos ensinos de
Moisés e de Jesus sobre os dois caminhos. Assim é que encontramos Jo
sué apelando aos israelitas: “Decidam hoje a quem vão servir. Resolvam
se vão servir os deuses que os seus antepassados adoravam na terra da
Mesopotâmia ou os deuses dos amorreus, na terra de quem vocês estão
morando agora.” Josué concluiu expressando sua decisão pessoal: “Po
rém eu e a minha família serviremos ao Deus Eterno.” Josué 24:15, BLH.
Jeremias fez uma afirmação semelhante quando disse: “Eis que ponho
diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte.” Jer. 21:8.
Que caminho sua alma tomará? Essa é a pergunta oculta no ensi
no de Jesus a respeito das duas portas. È a pergunta mais importante
que se pode fazer.
Lobos e Ovelhas
Então, disse o Senhor a Moisés: Vê que te constituí como Deus sobre
Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta. Tu falarás tudo o que Eu te
ordenar; e Arão, teu irmão, falará a Faraó, para que deixe ir da sua terra
os filhos de Erael. Êxodo 7:1 e 2.
Inspecionando o Fruto
Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias; julgai todas as
coisas, retende o que é bom. 1 Tessalonicenses 5:19-21.
j^Jgumas semanas atrás um homem combinou uma entrevista co
migo para compartilhar uma “nova luz”. Ele era uma pessoa impressio
nante de se ouvir. Havia estudado intensamente a Bíblia e os escritos de
Ellen White. Também fiquei impressionado com sua sinceridade, ainda
que eu tenha de concluir que ele estava sinceramente enganado.
Fundamentado em que, você deve estar perguntando, devo tomar
a decisão de que esse homem estava errado? A sinceridade não é tudo?
Deus não vai julgar as pessoas inteiramente pelos seus motivos? Não,
não vai. A verdade também é importante. Não tenho dúvida quanto à
sinceridade do diabo, mas tenho certeza de que ele está errado. A ver
dade doutrinária não é tudo, ainda que a Bíblia defenda que ela é im
portante como guia de nossa vida.
Meu visitante havia chegado com o que ele cria ser a verdade de
Deus. Um aspecto dessa “verdade” era que não há juízo, no sentido de
Deus realmente destruir as pessoas. Visto que Deus é amor, a destrui
ção da vida humana, por qualquer razão, nada tem que ver com Ele.
Fiz meu visitante ver que a morte de pessoas como Coré e Abirã,
no Antigo Testamento, era obviamente um ato de Deus. A resposta
que ele me deu foi que essas histórias do Antigo Testamento são pri
mitivas e que não devem ser aceitas literalmente. A seguir fui para as
mortes em sequência de Ananias e Safira em Atos 5. Mas ele argumen
tou que isso nada mais era do que o resultado natural das próprias ações
erradas do casal. Deus nada tinha que ver diretamente com aquilo.
Deus nunca tira vidas, mesmo na fase executiva do juízo final.
No momento em que terminamos, meu visitante havia rejeitado a
maior parte do Antigo Testamento e tudo quanto ele não gostava em
Paulo. Então lhe disse por fim que era provável que o próprio Jesus ha
via ensinado mais do que ninguém a respeito da destruição final dos
ímpios. A isto ele replicou que também não aceitava todos os ensinos
de Jesus.
Esse homem viera ao meu escritório dizendo-se mensageiro de luz,
mas, quando ele saiu, cheguei à conclusão de que não passava de um
lobo disfarçado em pele de ovelha.
A Prova Doutrinária
à lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais
verão a alva. Isaías 8:20.
Todos os mestres religiosos, sejam eles leigos, sejam clérigos, pre
cisam submeter-se à prova da Palavra de Deus. Precisamos ouvir com
ambos os ouvidos o que está sendo dito e o que não está sendo dito.
A maioria de nós pode identificar e classificar uma heresia logo
que a ouvimos. Mas não é assim que os lobos vestidos em pele de ove
lha atuam. Eles vêm a nós com um monte de citações da Bíblia e tal
vez grande quantidade de passagens de Ellen White. Olhem o que eu
estou lhes ensinando. E bíblico. Ficamos impressionados. Eles enten
dem do assunto.
Mas espere um minuto. Essas pessoas parecem estar dizendo coisas
corretas, mas será que elas as mantêm em equilíbrio? Estão pregando
toda a Palavra de Deus, ou apenas o que concorda com o que crêem?
O que estão excluindo? Que ensinamentos bíblicos estão evitando?
A sutileza do falso ensino nem sempre está no que a pessoa ensi
na. Encontra-se muitas vezes nas coisas invisíveis que não mencionam.
Por exemplo, enquanto os falsos mestres podem ter muita coisa
que dizer sobre esse ou aquele pecado específico, podem falhar comple
tamente em referir-se ao poder do pecado que nos escraviza. Assim,
eles deixam a impressão, pelo uso de versos selecionados da Bíblia, que
se apenas nos esforçarmos mais um pouco, podemos vencer. Não con
seguem pregar a total insuficiência de cada um de nós e a nossa com
pleta desesperança. O resultado desse ensino é uma orientação teoló
gica conducente a uma solução por meio do esforço humano.
Outros enfatizam o amor de Deus, a ponto de Sua justiça ser negli
genciada, enquanto outros ainda subestimam tanto a lei quanto a graça.
Os que falam em nome de Deus precisam ser íntegros na doutrina.
A prova doutrinária é a única maneira pela qual podemos aplicar a ad-
moestação de Jesus de provar os profetas pelo fruto.
Ajuda-nos, Pai, a tornar-nos melhores estudantes da Bíblia, para
que possamos detectar a verdade e o erro.
Frutos Maus
Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz
frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má
produzir frutos bons. Mateus 7:17 e 18.
O que é uma árvore “má” ou “que não presta” (BLH)? Você já
A Prova do Espírito
Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar a seu irmão,
é mentiroso, pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a
Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus,
ame também a seu irmão. IJoão 4:20 e 21, NVI.
Os Frutos da Falsidade
Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Mateus 7:20.
Sinceramente Enganado
Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus,
mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Mateus 7:21.
O verso de hoje é um dos mais assustadores do Novo Testamen
to. Ele declara, sem rodeios, que posso estar perdido, apesar de chamar
Jesus de meu Salvador; que posso estar sinceramente enganado; que
posso pensar que tudo vai bem com minha vida religiosa, quando tudo
vai mal.
O texto de hoje também é um dos mais sérios da Palavra de Deus.
Jesus não está brincando. Ele dedicou grande parte do Sermão do
Monte mostrando-nos como os escribas e fariseus enganavam a si mes
mos. Agora Ele está apontando para mim e para você. Podemos ficar
tão confusos e enganados como os escribas e fariseus, a não ser que
prestemos atenção às palavras de Jesus. Não existem palavras mais sé
rias proferidas por Jesus do que as que se encontram em Mateus 7:21-
23. Ele está nos falando com toda a sinceridade de Sua alma. A nós,
nos compete ouvir cuidadosamente.
Nem todos os que alegam crer em Jesus como Senhor e Salvador
serão salvos, ainda que façam essa alegação no próprio dia do juízo. Es
sa é a mensagem do verso 21. Esse é um pensamento precioso, visto ha
ver tanta gente pregando que a salvação consiste unicamente em in
vocar Jesus como Salvador. Jesus está nos advertindo de que ser salvo
envolve algo mais do que simplesmente fazer essa invocação. Ele não
está dizendo que é errado invocá-Lo como Senhor; está dizendo, sim,
que a salvação requer mais do que apenas isso.
Para Jesus ser realmente nosso Senhor, é preciso que Ele seja nos
so Mestre, e nós, Seus discípulos. Um discípulo é alguém que segue seu
mestre. Um senhor é alguém que tem completo domínio sobre a vida
de uma pessoa. A vida de um discípulo é inteiramente comprometida
com o seu senhor, não por causa de bonificação ou reconhecimento
que o discípulo possa vir a receber, mas devido à glória do mestre.
Pai, ajuda-nos a ter compreensão e entender a nós mesmos ao es
tudarmos versículos como esses, de tamanha importância. Ajuda-nos a
estar completamente comprometidos contigo.
A Prova de Amor
Sabemos que O temos conhecido por isto: se guardamos os Seus
mandamentos. IJoão 2:3.
Fazer a vontade de Deus. É mais fácil falar do que fazer; é mais
fácil prometer do que cumprir. Belas palavras, porém, nunca são um
substituto para boas ações.
A Bíblia só conhece uma única prova de amor, e essa é a prova da
obediência. E hipocrisia dizer que amamos uma pessoa e depois virarmos
as costas para ela e fazermos coisas que partam o coração dessa pessoa.
Muitos de nós, nos dias mais tenros de nossa meninice, de vez em
quando dizíamos a nossa mãe: “Eu amo a senhora.” E algumas vezes nos
sa mãe deve ter sorrido e sussurrado consigo mesma: “Desejaria que vo
cê demonstrasse isso um pouco mais na maneira como se comporta.”
Assim acontece em nossa caminhada com Deus. Muitíssimas ve
zes confessamos o Senhor com os lábios, mas O negamos por nossa vi
da. Um escritor perspicaz escreveu que “não é difícil recitar um credo,
mas é difícil viver a vida cristã. Fé sem prática é uma contradição de
termos; amor sem obediência é uma impossibilidade”.
Uma de minhas histórias bíblicas favoritas nesse sentido é a pará
bola dos dois filhos. Hoje a leremos da paráfrase de The Message:
“Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: ‘Fi
lho, vai trabalhar hoje na vinha.’
“O filho respondeu: ‘Não estou com vontade.’ Mas depois pensou
melhor sobre o assunto e foi.
“O pai deu a mesma ordem ao segundo filho. Ele respondeu: ‘Cla
ro que vou.’ Mas nunca foi.
“Qual dos dois filhos fez o que o pai pediu?”
“Disseram eles: ‘O primeiro.’
“Disse-lhes Jesus: ‘Sim, e lhes digo que ladrões e prostitutas vão
entrar na frente de vocês no reino de Deus. João veio até vocês mos
trando o caminho certo. Vocês torceram o nariz para ele, mas os la
drões e as prostitutas acreditaram nele. O pior é que, mesmo vendo a
vida dessas pessoas transformadas, vocês não se importam o bastante
para se arrepender e crer nele.”’ Mat. 21:28-32.
“Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus,
mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus.” Mat. 7:21.
Texto Assustador
E eles Lhe perguntarão: Senhor, quando foi que Te vimos com fome,
com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não Te assistimos? Então, lhes
responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um
destes mais pequeninos, a Mim o deixastes de fazer. Mateus 25:44 e 45.
terá que pronunciar. Algumas pessoas têm a idéia de que o juízo final
será o meio que Deus vai usar para extirpar do Céu tantas pessoas
quanto for possível. Mas essa é a versão de Satanás a respeito do obje
tivo do juízo. Ele tem sido o acusador de Deus desde o princípio. Des
de o princípio, tem ele questionado a justiça e o amor divinos.
A verdade se encontra na idéia inversa. Deus e Cristo querem ver
no Céu tantas pessoas quanto for possível. O juízo não é para mantê-
las fora do Céu, mas para introduzi-las ali. O juízo é para atestar peran
te o Universo que elas aceitaram de fato o sacrifício de Jesus na cruz
como propiciação por seus pecados, e permitiram que Deus as preen
chesse com o princípio do Seu amor.
Deus fez tudo quanto pôde a fim de preparar o caminho para que
o maior número de pessoas passasse pelo juízo e entrasse no reino. En
viou Seu Filho para viver e morrer por nós; aceita o sangue de Jesus em
nosso favor; aceita o ministério de Cristo no santuário celestial em
nosso favor; e está preparando um lugar para nós em Seu reino eterno.
Depois de fazer tudo isso, é doloroso para Jesus ter que dizer: “Não
conheço você; afaste-se de Mim.” Se Ele tinha lágrimas nos olhos ao
rejeitar Jerusalém em Mateus 23, certamente terá lágrimas ao proferir
essas fatídicas palavras. Mas será obrigado a proferi-las “naquele dia”.
Deus e Cristo fizeram sua parte para evitar essa rejeição. A pergun
ta é: Temos feito nossa parte? Temos nos arrependido de nossos peca
dos e aceitado Jesus como nosso Salvador? Temos permitido que Ele
derrame dentro de nós o Seu amor e nos encha com Seu Espírito e nos
transforme?
Se ainda não o permitimos, por que não permitir? Se ainda não o
permitimos, por que não hoje? Hoje é o dia de entregarmos nossa vida
a Ele.
Agindo Racionalmente
Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes,
enganando-vos a vós mesmos. Tiago 1:22.
Jesus deixa entrever em Mateus 7:24 que, se quisermos construir
sobre o fundamento que Ele lançou, devemos fazer duas coisas. A pri
meira é ser um ouvinte de Suas palavras; a segunda é ser um praticante.
Tanto Jesus como Tiago (no versículo bíblico de hoje) mostram
que ouvir é importante, ainda que não seja tudo. Ninguém pode fazer
a vontade de Deus se não souber qual é ela. Aqui é onde surge o pri
meiro problema. Um fato significativo é que muita gente não está ou
vindo o Senhor. Temos os ouvidos mais sintonizados nos meios de co
municação populares, nos esportes e nas notícias, do que na Palavra de
Deus. Estamos ouvindo, é verdade, mas nem sempre as coisas corretas.
E quando realmente ouvimos, queremos sintonizar apenas aquelas par
tes da Bíblia que nos agradam. E assim começa o engano sobre o qual
Jesus está falando. Precisamos comprometer-nos hoje novamente a ser
ouvintes mais cuidadosos, e a ouvir todo o conselho de Deus.
Quando ouvimos cuidadosamente tudo quanto Deus quer nos di
zer, estamos prontos para ser praticantes. Jesus já enfatizou em Mateus
7:21-23 que a prova decisiva no juízo é a prática de Sua vontade. Ago
ra, nos versos 24 a 27, Ele torna a inculcar essa importante verdade em
nosso espírito resistente. Nosso Senhor acredita, obviamente, que o as
sunto é importante, do contrário não o estaria repetindo com tanto
entusiasmo.
Se você pensar nisso por um minuto, descobrirá por quê. Apesar
disso, existem incontáveis milhares de pessoas que vão à igreja sema
nalmente e que possuem um excelente conhecimento do que Jesus dis
se, porém deixam de colocar isso em prática.
Se você é uma dessas pessoas, hoje é o dia propício para começar
a agir racionalmente.
E Veio a Tempestade
E caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram
com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre
a rocha. Mateus 7:25.
Um Paraíso de Tolo
E caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram
com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.
Mateus 7:27.
Esse versículo assumiu novo significado para mim alguns anos
atrás. Eu morava a 16 quilômetros do Lago Michigan, e uma de minhas
modalidades prediletas de exercício era caminhar ao longo da praia.
Foi numa dessas caminhadas que percebi, de maneira bem vivida,
o que Jesus queria dizer. Uma casa que havia poucos dias estivera “se
guramente” apoiada numa encosta, 12 metros acima do lago, estava
agora suspensa entre a praia e o céu. O banco de areia sobre o qual ela
havia sido construída trinta anos antes fora carcomido pelas ondas es-
trepitosas, de modo que a casa estava agora oscilando apenas sobre me
tade de seus fundamentos. A outra metade da casa estava pendurada
sobre uma praia recém-alargada. Dias depois ela desabou, sendo gran
de a sua ruína.
A grande certeza para ambas as casas de Mateus 7 é a de que as
águas virão. Não temos como escapar das águas, mas podemos tomar a
decisão de construir sabiamente.
Construir sabiamente pode exigir mais planejamento e previdên
cia do que aparenta. Fui criado na província do Rio Russo, no Norte
da Califórnia. Durante o verão, numa terra que nunca parecia ver chu
va naquela estação, os rios ficavam reduzidos a filetes de água que ser
penteavam através dos aprazíveis vales juncados de sequoias. Era uma
tentação construir uma casa perto do rio na estação estivai, especial
mente para alguém que nunca tinha visto o rio cheio. Mas periodica
mente as chuvas de inverno criavam torrentes enlameadas que faziam
o rio transbordar muito acima do seu leito. Os que eram tolos o bas
tante para construir perto demais do rio, viam suas casas flutuando rio
abaixo em direção ao Pacífico.
Tenha cuidado como você constrói e onde constrói. O que pode
parecer belo em tempo de paz, pode converter-se num paraíso de tolo
em tempos tempestuosos. E lembre-se: As tempestades da vida virão.
A única questão é se estaremos preparados para elas.
Dois Construtores
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as Minhas leis,
também no coração lhas inscreverei; Eu serei o seu Deus, e eles serão
o Meu povo. Jeremias 31:33.
T^Ião temos na declaração de Jesus apenas duas casas e dois ti
pos de local para a construção, mas também dois construtores, dois ti
pos de pessoas. Esses homens são importantes porque representam per
fis de personalidade, que podem ser o seu e o meu. Vamos examiná-los.
Veremos primeiro como se assemelham. Para começo de conversa,
ambos tinham o mesmo desejo de construir uma casa em que pudes
sem morar e regalar-se. Um segundo ponto de semelhança é que am
bos, aparentemente, escolheram locais perto um do outro, visto que as
casas estavam sujeitas precisamente às mesmas provas e tensão. Um
terceiro ponto de semelhança é que pareciam gostar do mesmo estilo
de casa. No tocante à parábola de Jesus, as duas casas parecem essen
cialmente a mesma. A única diferença parece ser no alicerce.
Essas similaridades são impressionantes, mas também são impor
tantes porque têm significado para nossa vida espiritual. Temos, duran
te demasiado tempo, alimentado a idéia de que a diferença entre os
verdadeiros cristãos e os pseudocristãos é óbvia e que não passa de uma
questão externa. Mas essa conclusão simplista não abrange a idéia ex
posta por Jesus de que estamos tratando com algo muito mais sutil. A
diferença entre os dois homens e as duas casas não é tão óbvia, assim
como também não é entre dois membros de igreja. Toda a dificuldade
com os falsos profetas, conforme vimos alguns dias atrás, reside no fa
to de eles, superficialmente, se parecerem demais com os verdadeiros
profetas. O mesmo vale para as duas árvores.
O cristianismo genuíno não é apenas uma questão externa. É um
assunto do coração. As pessoas podem fazer as mesmas boas coisas por
razões diferentes. O homem sábio de nossa história não apenas fez as
coisas certas; ele as fez por causa de seu relacionamento de coração
com Jesus.
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Sexta-feira O Compromisso do Cristão
28 de dezembro
Autoridade Delegada
Chamando Seus doze discípulos, deu-lhes autoridade para expulsar
espíritos imundos e curar todas as doenças e enfermidades. Mateus 10:1, NVI.
J^.utoridade. Esse é o último comentário de Mateus 7. Jesus con
cluiu o Sermão do Monte em Mateus 7:27. Mateus dedica os dois ver
sos seguintes para dizer como as multidões estavam maravilhadas com
o ensinamento de Jesus, porque Ele ensinava com autoridade.
Depois, conforme veremos amanhã, Mateus apresenta imediata
mente nove milagres nos capítulos 8 e 9, e conclui dizendo mais uma
vez que as multidões ficaram impressionadas com a autoridade com
que Jesus fazia as coisas no mundo real.
Autoridade em palavras e ações constitui o tema de Mateus 5 até
9. No primeiro Evangelho, esses capítulos realmente encerram uma
unidade literária. Mas a unidade não termina com o texto de Mateus
9:33. Ao contrário, o tema da autoridade flui diretamente para Mateus
10, a não ser agora, nesse versículo, em que Jesus não emprega Sua au
toridade, mas a delega para os Seus seguidores.
Como cristãos, compartilhamos da autoridade de Jesus. Ele nos
concede não apenas Suas palavras e exemplo, mas também o Espírito
Santo, a fim de capacitar-nos a falar palavras em nome de Deus e fazer
o bem àqueles a quem Deus coloca em nosso caminho.
O emprego dessa autoridade é um direito e uma responsabilidade
dada por Deus. Mateus encerra seu Evangelho como esse lembrete:
“Foi-Me dada”, disse Jesus, “toda autoridade no Céu e na Terra. Por
tanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em no
me do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a
tudo o que Eu lhes ordenei. E Eu estarei sempre com vocês, até o fim
dos tempos.” Mat. 28:18-20, NVI.
Assim, a mensagem de Jesus em Seu grande sermão continua a se
perpetuar. Não devemos ser apenas ouvintes e praticantes das palavras
de Jesus no Sermão do Monte; recebemos ordens também para ajudar
outros a ouvir e a obedecer. Jesus está compartilhando Sua autoridade
conosco.
Senhor, ajuda-nos neste dia a ser fiéis a Ti, como mordomos de Tua
autoridade.