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AULA
Drogas, um assunto polêmico
Metas da aula
Conceituar drogas lícitas e ilícitas, as conseqüências do uso e os
posicionamentos sobre descriminalização, propondo e discutindo
atividades de Educação em Saúde voltadas para alunos e
professores da Educação Básica (ensino formal) e a comunidade
em geral (ensino não-formal).
objetivos
Esperamos que, após o estudo desta aula, você seja capaz de:
• Utilizar corretamente os conceitos de drogas lícitas e ilícitas.
• Identificar as conseqüências e os posicionamentos sobre o uso
de drogas lícitas e ilícitas e a sua descriminalização.
• Elaborar e desenvolver atividades de Educação e Saúde voltadas
para alunos e professores da Educação Básica (ensino formal)
e a comunidade em geral (ensino não-formal).
Pré-requisito
Para uma compreensão melhor desta aula, é importante que você tenha
entendido o que significa ter saúde e as interfaces e interdependências
que ela possui com todas as demais dimensões da vida humana: sociais,
políticas, culturais, econômicas, educacionais, biológicas etc.
Portanto, se ainda persiste alguma dúvida, releia as aulas
anteriores antes de iniciar esta aula.
Educação em Saúde | Drogas, um assunto polêmico
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MÓDULO 1
Se fizermos uma incursão na história, verificaremos que desde os
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tempos mais remotos a humanidade utilizou drogas nas mais diferentes
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situações, como vemos a seguir:
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Educação em Saúde | Drogas, um assunto polêmico
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MÓDULO 1
O fato de serem consideradas legais não expõe o comprador e o usuário
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a problemas com as autoridades policiais e com a lei. Como exemplos
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de drogas lícitas temos o tabaco, o álcool e os tranqüilizantes.
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Educação em Saúde | Drogas, um assunto polêmico
ATIVIDADE
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RESPOSTA COMENTADA
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MÓDULO 1
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b. Pensando no que acabamos de discutir e no tema desta aula, você acha
que o motivo pelo qual uma droga é considerada lícita ou ilícita leva em
consideração apenas os benefícios ocasionados pelo seu uso? Justifique.
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RESPOSTA COMENTADA
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Alguns medicamentos
psicoativos causam mais
dependência do que certas
drogas, mas vê se alguém
proíbe a venda....
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MÓDULO 1
As frases anteriores já devem ter sido ouvidas muitas vezes, e
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servem para ilustrar como é difícil posicionar-se em relação à questão
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repressão X legalização do uso de drogas. Logo,
ATIVIDADE
A idéia é a seguinte:
a. pegue uma caixa vazia e com tampa (pode ser uma caixa de
sapatos);
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Educação em Saúde | Drogas, um assunto polêmico
Sugestões de perguntas:
• Tem alguma droga que você acha que poderia ser vendida
livremente?
RESPOSTA COMENTADA
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MÓDULO 1
JOVENS: ALVOS QUE ESTÃO SEMPRE NA MIRA
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AULA
Giovanni Quaglia, representante do Escritório das Nações
Unidas para Droga e Crime, alerta que o envelhecimento da população
nos principais mercados para as drogas (Estados Unidos e Europa)
poderia levar traficantes a buscarem mercados alternativos. O Brasil
compreenderia mercado potencial, já que possui mais de 50 milhões de
jovens (AZEVEDO, 2005).
De acordo com o médico Içami Tiba (2001), são vários os fatores
que fazem com que os jovens, apesar das informações recebidas de pais
e professores, tornem-se usuários de drogas: provar sua segurança;
curiosidade; incapacidade de enfrentar problemas; onipotência juvenil;
excesso de confiança em si mesmo; para ser aceito pelo grupo; solidão etc.
Isto, certamente, aumenta a vulnerabilidade dos jovens ao assédio
de indivíduos que vendem drogas lícitas e ilícitas e a responsabilidade
da família, da escola e do governo em relação às orientações fornecidas
a esses jovens.
O Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas
(Cebrid) do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp) realizou, no ano de 1997, o IV Levantamento
sobre o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes em Situação de
Rua de Seis Capitais Brasileiras. A tabela a seguir (Uso na vida) resume
a situação encontrada:
Tabela 7.1: Uso na Vida. Apresentada por Categoria de Drogas, entre crianças e adolescentes em situação
de rua de seis capitais brasileiras, no ano de 1997
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Educação em Saúde | Drogas, um assunto polêmico
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MÓDULO 1
Esses números e informações, certamente, são assustadores, e
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servem para alertar sobre a necessidade de a escola ocupar o seu lugar
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neste importante debate. No entanto, isto só será possível se todos os
profissionais da Educação (professores, diretores, inspetores, merendeiras
etc.) estiverem sensibilizados e comprometidos com a discussão sobre o
uso de drogas, assim como capacitados para a realização desse tipo de
trabalho. Trabalhar com as questões que envolvem a venda, a compra, o
transporte, o uso, o tratamento e a dependência de drogas não é simples.
Exige muito mais do que simplesmente a memorização de nomes de
substâncias psicotrópicas, seus efeitos, formas de uso etc. É necessário,
além das informações científicas básicas, todo um trabalho de formação
inicial e continuada dos profissionais de Educação, a fim de que possam
trabalhar melhor essas questões. O ideal seria a formação de equipes
multiprofissionais nas unidades escolares de Ensino Fundamental e Médio
que fizessem com que este tema fosse tratado não apenas pelo professor
de Ciências Naturais e Biologia, mas por todos os profissionais da escola
(orientador educacional, psicólogos, supervisores educacionais etc.).
É óbvio que a Educação sozinha não pode dar conta de um
problema que vai muito além da sua área de atuação, mas não é por
este motivo que ela vai deixar de cumprir a sua parte.
O Governo e a sociedade civil, num trabalho em conjunto,
precisam adotar alguns procedimentos que provavelmente teriam um
impacto positivo em relação ao uso indevido de drogas:
a. formação inicial e continuada de recursos humanos em todas
as áreas: Educação, saúde, segurança etc.;
b. elaboração de material informativo e instrucional adequado às
diferentes faixas etárias e às características locais e regionais;
c. desenvolvimento de campanhas publicitárias voltadas para o
público em geral, bem como para grupos e populações específicas;
d. organização de eventos e realização de convênios de cooperação
técnica com instituições nacionais e internacionais que se dedicam à
pesquisa e ao desenvolvimento de ações relacionadas à prevenção, ao
tratamento e ao uso indevido de drogas;
e. montagem de novos centros de apoio e de referência em
prevenção e tratamento de dependentes.
A adoção desses procedimentos juntamente com a formulação
e implantação de políticas públicas voltadas para uma distribuição de
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CONCLUSÃO
ATIVIDADES FINAIS
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MÓDULO 1
Pergunta: Se o consumo de drogas lícitas é superior ao de ilícitas, como a escola
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poderia contribuir para conter esse crescimento?
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A maconha é a droga ilícita mais traficada e consumida em todo o mundo. Das 200
milhões de pessoas que usaram drogas pelo menos uma vez entre 2003 e 2004,
160 milhões, ou 4% da população com idade entre 15 e 64 anos, consumiram
maconha, revela o Relatório Mundial sobre drogas, do escritório das Nações Unidas
para Droga e Crime (Unodc, na sigla em inglês). Isso representa um aumento de
14 milhões de pessoas em relação ao ano interior. O relatório não faz distinção
entre drogas leves e pesadas e alerta para a tendência de crescimento do consumo
da maconha e seus derivados.
– Chegamos à conclusão de que essa diferença entre drogas leves e pesadas é muito
teórica. Há pessoas que depois de terem consumido maconha por algum tempo
ficam dependentes, como usuários de cocaína ou heroína ou drogas sintéticas
– conta Giovanni Quaglia, representante do Unodc para Brasil e Cone Sul. – O
relatório mostra também um uso muito grande de haxixe (resina da maconha),
que é bastante potente. Então a maconha tradicional está sendo substituída em
muitos países da Europa por outra com alto conteúdo ativo, transformando-se
numa droga bem pesada.
(...) Para Quaglia (...) uma decisão de saúde pública que os países devem tomar é
considerar todas as drogas perigosas. Somente a maconha movimenta cerca de
US$ 113 bilhões no varejo, mas se for considerado o mercado global de drogas, o
valor chega a US$ 321,6 bilhões.
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2.2. Que ações concretas poderiam ser feitas, na escola, com o intuito de
desmistificar esse conhecimento referente à maconha?
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(...) O IDI classifica o Oriente Médio e o sudoeste da Ásia como as regiões mais
críticas, com um índice de 52,67%, devido principalmente à alta produção de
ópio no Afeganistão e ao intenso tráfico nos países vizinhos. Em segundo lugar,
vem a América Latina (28,26), com a produção de cocaína na região dos Andes
(AZEVEDO, 2005, p. 30).
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(...) a droga mais consumida no país é a maconha. Ele traz ainda uma relação
de 15 países com características comparáveis, na qual o Brasil aparece em 7o no
consumo de ecstasy; 10o em cocaína e anfetaminas; e 12o em maconha e haxixe,
em termos de prevalência anual sobre a porcentagem da população. O Brasil
foi também o quinto país em apreensão mundial da droga em 2003, com 166,2
toneladas.
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MÓDULO 1
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Por outro lado, a situação do país em relação à transmissão do HIV entre usuários
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de drogas injetáveis é menos grave que em outros países em desenvolvimento.
Segundo o relatório, 50% dos usuários de drogas injetáveis no país são portadores
do vírus HIV.
Comparando o Brasil com países que não tiveram uma política e programas
concretos para reduzir o HIV, foi feito um excelente trabalho. Ainda que o número
seja elevado, vê-se situações na Rússia, no Leste Asiático, sobretudo, chegando a
80, 90% (AZEVEDO, 2005, p. 30).
4.1. Sua comunidade conhece esse tipo de programas? Para responder a essa
pergunta, você pode circular no seu bairro, escola (caso trabalhe), ou mesmo entre
os colegas do curso (caso os encontre) e perguntar se já ouviram falar desse tipo
de programa e de que forma foram informados a respeito. Registre as respostas
obtidas montando um score.
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4.2. Monte uma atividade para a sua comunidade que estimule propostas de
prevenção às drogas.
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RESPOSTA COMENTADA
O item (1) pode ser respondido de diversas formas. Algumas sugestões das
ações da escola incluem: promover grandes discussões e trabalhos “de campo”,
onde os alunos pudessem, por exemplo, visitar centros de tratamento para
alcoólatras ou hospitais especializados em câncer de pulmão e de fígado, por
exemplo, por estarem relacionados ao fumo e ao alcoolismo, respectivamente.
Além disso, embora não resolvam o problema, poderiam também promover
campanhas educativas para a comunidade escolar e principalmente para as
famílias que, ao se envolverem, têm a oportunidade de discutir essas e outras
questões, mas, sobretudo, ficam mais próximas dos filhos.
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Para responder o item da questão (2.1), você não deve ter tido grandes
dificuldades, pois bastava selecionar, no próprio texto, a resposta. Os trechos
que respondem a questão são: “essa diferença entre drogas leves e pesadas
é muito teórica. Há pessoas que depois de terem consumido maconha
por algum tempo ficam dependentes” e “O relatório mostra também um
uso muito grande de haxixe (resina da maconha), que é bastante potente.
Então a maconha tradicional está sendo substituída em muitos países da
Europa por outra com alto conteúdo ativo, transformando-se numa droga
bem pesada”.
Para o item (2.2), você pode listar inúmeras ações. Como sugestão, boas
opções seriam a realização de pesquisas profundas sobre a maconha;
oportunizar a realização de entrevistas com dependentes da droga e
um júri simulado discutindo a legalização ou não da droga, onde seriam
apresentados argumentos contrários e favoráveis à legalização, envolvendo
também os prós e contras relacionados ao consumo.
O item (3) pode ser respondido colocando a importância e a necessidade
de compreender o problema das drogas como de saúde pública. Além
disso, como uma condição que se instala como decorrente da pobreza e
do meio de subsistência de populações marginalizadas. Assim, a melhoria
de qualidade de vida da população e sobretudo a melhor distribuição de
renda seriam elementos indispensáveis no combate, principalmente, à
produção das drogas, mas também ao consumo.
Quanto ao item (4.1), fica difícil prever seu score de forma correta, mas é
possível imaginar que a maioria das pessoas que compõe sua comunidade
deve desconhecer a existência de programas referidos no Relatório Mundial
sobre drogas, pois há pouca ou nenhuma divulgação, sobretudo nos meio
de comunicação de massa.
A respeito da atividade solicitada em (4.2), você pode usar sua imaginação
e conhecimentos para montá-la de diversas formas. Apenas não se esqueça
de que somente informar acerca dos danos que as drogas causam não é
suficiente para afastar as pessoas dos motivos que as levam a consumi-las
(especialmente os jovens).
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RESUMO
AULA
Chamamos de droga qualquer substância química de origem animal, vegetal
ou mineral que possa ser utilizada em seres humanos, animais ou vegetais com
finalidades terapêuticas ou qualquer outro tipo de destinação.
Se fizermos uma incursão na história, verificaremos que, desde os tempos mais
remotos, a humanidade utilizou drogas nas mais diferentes situações.
Drogas lícitas são aquelas consideradas legais enquanto as ilícitas expõem o
comprador e o usuário a problemas com as autoridades policiais e com a lei. O
critério de legalidade ou ilegalidade da droga não tem a ver somente com os
prejuízos que trazem à saúde, mas também com fatores econômicos, culturais,
políticos etc. Portanto, os debates e as opiniões sobre descriminalização das drogas
estão sujeitos a essas influências.
Embora o uso de drogas não seja específico de uma determinada faixa etária ou
grupo social, os jovens são alvos que despertam muito interesse. Diante disso, tanto
o governo quanto a sociedade civil devem estar atentos e buscar alternativas que
visem à prevenção e ao tratamento de usuários de substâncias psicotrópicas.
Em nossa próxima aula, trabalharemos com um tema que contribuirá para estimular
a sua “fome de saber”. O tema, em destaque, será nutrição.
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