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Nietzsche: filosofia para espíritos livres

Aula 1: O QUE É ISSO, O HOMEM?

• Quando se cai no hábito, quando toda diferença é afastada, é possível, talvez, sobreviver
por mais tempo, mas, então, nos despedimos da vida, na medida em que somos
condenados a repetir sempre as mesmas coisas: tal é o perigo do que é agradável.

• Nietzsche, em “Além do Bem e do Mal” (cap. 2: “O espírito livre”), fala sobre como os
homens procuram domar a estranheza, a rugosidade e a monstruosidade do mundo a fim
de transformá-lo em algo mais agradável aos hábitos constituídos de nosso organismo.
Pensar, porém, não é da ordem do agradável. Nesse sentido, o pensamento é inorgânico.

• A sobrevivência tem seus vínculos com o hábito, de modo que é preciso se perguntar, se
quisermos viver mais, para que queremos viver mais. O que se quer fazer com a vida? O
mesmo vale para a liberdade: a pergunta não é “livre de quê?”, mas “livre para quê?”

• O organismo não é o corpo. O organismo é uma maneira baixa, interessada, utilitária, de


funcionamento do corpo. O pensamento, a arte, a filosofia, são sempre elementos de
expansão do corpo, de liberação das forças.

• Como diz Zaratustra, o homem, esse ser que deve ser superado, é apenas uma ponte
entre o animal e o além-do-homem (Übermensch), e não pode ser definido por um
conjunto de atributos, como, por exemplo, “ser racional”. Ser homem, para Nietzsche, é
ser inseparável de uma idealização da existência.

• O ideal, por sua vez, é como uma pérola: brilhante por fora, mas monstruoso por dentro.
Para Nietzsche, é sinônimo de covardia. Destruir o homem, nesse sentido, seria dar
oportunidade ao pensamento de não se confundir mais com os fins da cultura, do Estado,
da religião, da moral, dos símbolos socialmente aceitos, disso que, enfim, chamamos de
conhecimento, e que, no fundo, é uma deformação da realidade, uma solução moral para
o medo e a dor. É como se o ser humano, não conseguindo suportar a exuberância vital,
fizesse um exercício de mediocridade para tentar amortizar o que há de estranho e
monstruoso no mundo, a fim de torná-lo menos apavorante. Movido por esse medo, o
homem inventa a palavra “verdade”.

OBRAS CITADAS

“O Perjúrio da Neve”, de Bioy Casares (1914-1994)


“Além do Bem e do Mal” (cap. 2: “O espírito livre”), de F. Nietzsche
“Assim falava Zaratustra”, de F. Nietzsche
“Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral”, de F. Nietzsche
“Lamentação”, poema de Murilo Mendes

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