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Universidade Estadual do Centro Oeste – Unicentro

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes – SEHLA


Departamento de Comunicação Social – DECS

RESENHA DO LIVRO “A NOVA ORDEM MUNDIAL”

Trabalho desenvolvido pela acadêmica


Sandra Denicievicz na disciplina de
Geopolítica e Relações Internacionais
ministrada pelo professor Gilson Boschiero
durante o segundo semestre do terceiro ano
do curso de Jornalismo em 2016.

Guarapuava, PR

Agosto/2016
DILEMAS E PERSPECTIVAS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO
No livro “Nova ordem Mundial”, José Willian Vesentini faz um percurso histórico
desde a Segunda Guerra Mundial até os dias atuais, buscando compreender os fatores e
eventos que contribuíram para que se estabelecesse a ordem multipolar do mundo
moderno. Além de analisar os eventos históricos, o autor também apresenta alguns
dilemas e problemas agravantes presentes da Nova ordem.

Na Introdução o que percebemos é que as relações internacionais estão em constantes


mudanças. Não houve, até hoje, um sistema dominante que não sofreu alterações e veio
a ruir. O sistema governante do globo atualmente é o modo capitalista, caracterizado pela
economia de mercado, propriedade privada, oferta de bens e serviços, relações de trabalho
e desigualdade social. Tendo como maior representante e defensor desse sistema, os
Estados Unidos, cuja influência está presente em todo mundo. Muitas ideias desse sistema
foram concebidas pelo Iluminismo, o desenvolvimento da ciência e ganhou força na
Revolução Industrial. No entanto, as relações nem sempre foram desse modo.

A queda do Muro de Berlim, em 1989, marca um novo período na história das Relações
Internacionais. Antes desse evento, o que se tinha era uma ordem bipolar com uma batalha
ideológica e econômica entre o capitalismo (USA) e o socialismo (URSS), nenhum país
do globo conseguiu escapar da influência de uma dessas potências no período em que a
humanidade conhece como Guerra Fria. De acordo com o autor, a ideologia da Guerra
Fria era extremamente simplista e não comportava os processos complexos envolvidos
nas estruturas de cada país. O mundo então, se limita a capitalistas e socialistas sem levar
em conta as construções culturais e territoriais diferentes em cada país.

O autor defende que os dois sistemas eram igualmente falhos, porém, o capitalista
conseguiu resistir e chegar a obter maior influência por ter tido maior capacidade em
conseguir se adaptar aos avanços tecnológicos da última década.

Mais adiante, o autor aborda algumas questões referentes ao desenvolvimento desigual


entre as duas grandes potências que protagonizaram a Guerra Fria. Ambas investiram
pesado na indústria bélica. Contudo, enquanto a URSS permitia que outros setores da
economia sucumbissem, os EUA apostavam alto em armas nucleares e químicas sem
deixar de lado o investimento em tecnologia e desenvolvimento de novos aparelhos.
Outros países como Alemanha e Japão e França também investiram em suas economias,
destacando-se e surgindo em um cenário de instabilidade como atores mundiais. Mesmo
em meio a escuridão e as incertezas da Guerra Fria, uma probabilidade despontava no
horizonte, era o novo mundo multipolar dando sinais de primeiros passos.

A crise do mundo socialista entra em reflexão no capítulo três. O autor busca explicar
o socialismo desde sua origem na Revolução Russa até se tornar um sistema forte na
Guerra Fria, onde vários países (principalmente da Europa) adotaram. No período de
maior expansão do socialismo, acreditava-se que esse sistema iria substituir o
capitalismo. Este por consequência, acabaria por sucumbir a abrangência socialista.

Contudo, tais expectativas foram rompidas quando no final dos anos 80 a humanidade
assistiu o sistema entrar em decadência. O que restou foi substituído por novos ideais,
deixando de lado a economia centralizada. Mesmo os países que permanecem críticos a
economia de mercado aceitam (mesmo que alguma resistência) a instalação de
multinacionais como forma de atrair capital estrangeiro.

É preciso considerar os problemas da economia planificada. No texto, são elencados


diversos aspectos que tornam esse tipo de sistema falho. A centralização da economia na
mão de um governo opressor é o principal fator, mas outros como questões étnico-
nacionais e gastos estrondosos com a corrida armamentista corroboram para a ruína do
sistema. Ou seja, uma série de fatores fizeram com que os países lutassem por sua
independência junto a Moscou e sentissem-se atraídos pelo consumo advindo do
capitalismo.

A burocratização tirava a liberdade de decisões, fazendo com que agentes que


detinham cargos fossem cumpridores de ordens, a inciativa local é sufocada em função
do poder centralizado. Os planos quinquenais eram responsáveis por traçar um roteiro
para os diretores de empresas sobre o que e como comandar as fábricas. Relatórios
fantasiosos que apontavam crescimento da produção eram comuns, enquanto nas ruas a
população sofria com escassez de bens duráveis. Havia um conflito entre a os números
irreais apontando crescimento e a situação de mazela que viviam as pessoas.

A crise socialista pegou a muitos de surpresa, pois haviam aqueles que acreditavam
nos números divulgados pelos países socialistas. No caso da economia de mercado,
ludibriar com estatísticas inventadas torna-se muito mais difícil, já que caso haja esse tipo
de estratégia a carga tributária seria muito alta, o que não compensaria tal manobra.
Além disso, o nivelamento salarial entre os trabalhadores também não contribuía para
o fortalecimento das empresas, o consumidor não era valorizado como na economia de
mercado. O profissional que exercia cargo de médico ou de faxineiro possuía o mesmo
rendimento. As moradias também eram padronizadas. Sem incentivo à criatividade e ao
crescimento no trabalho, os funcionários não viam-se dispostos a trabalhar pela evolução
da produção.

Enquanto isso, o consumo no Primeiro Mundo só aumentava, com uma explosão na


compra de bens e fortalecimento do capitalismo. A partir dos anos 60, a defasagem nos
países socialistas era inevitável. Pois novos ramos de mercados começaram a crescer
(telecomunicações, informática), ramos estes que não ganhavam investimento nos países
da URSS.

Mais adiante, em 1985 a URSS tenta se reconstruir através do plano do secretário geral
Mikhail Gorbachev denominado “perestroika”. Era uma tentativa de trazer novamente
crescimento ao socialismo através da dinamização da economia. A perestroika funcionou
tanto como uma política de incentivo interna e externamente incentivando a população a
consumir e tirando recursos da indústria bélica. Alguns avanços foram conseguidos,
talvez o principal deles tenham sido a abertura política denominada glasnost.

Essa abertura trouxe maior liberdade para a imprensa que antes só divulgava a versão
oficial dos fatos. Porém a perestroika teve seu fim em 1991 por conta da diversidade
étnico-nacional existente na União Soviética. A Rússia sempre ocupava lugar
privilegiado dentro da URSS, com a abertura política outros países começaram a
reivindicar espaço e o sentimento de nacionalismo aflorava depois de muito tempo
escondido.

Em 1991 Gorbachev sofreu um golpe da frente stalinista, o que culminaria alguns


meses depois no fim da própria URSS. O fato é que a perestroika desagradou muitas
pessoas. Havia grupos divididos que lutavam por interesses diferentes. A frente stalinista
era composta por militares que criticavam a diminuição do investimento na indústria
bélica. Eles queriam retomar o poder que haviam perdido com a abertura de Gorbachev.
Já os progressistas defendiam que a perestroika deveria avançar em um ritmo mais
acelerado e que deveriam ser feitas eleições. Havia ainda uma terceira corrente de pessoas
ligadas aos interesses dos países pertencentes a URSS que defendiam maior autonomia.
Os golpistas estavam prontos para revogar todos os avanços conseguidos através da
perestroika quando algo no mínimo curioso ocorreu. Uma reação massiva dos povos nas
ruas revoltando-se contra as medidas tomadas pela frente stalinista combinada a
influência de políticos progressistas acabou paralisando os soldados. Os progressistas
venceram a batalha que culminou na descentralização da URSS e extinção do partido
comunista. Era o fim da URSS e a partir da dissolução, as ex repúblicas buscavam seus
próprios caminhos.

Uma série de razões mostraram que a economia planificada era incapaz de atingir os
anseios da população e que a perestroika colaborou para mostrar ao mundo as falhas do
socialismo. E o mapa da Europa Oriental passou a ser redefinido a partir das contribuições
dadas pela abertura política. Os países socialistas passaram por uma reinvenção, e os que
se mantem até hoje como Cuba e Coréia do Norte por exemplo, passam a enfrentar
problemas pela não abertura de mercado.

Todos esses fatores culminaram no que chamamos hoje de “A Nova Ordem


Geopolítica Mundial” abordada no último capítulo do livro. O autor começa questionando
se haveria na verdade uma nova ordem ou uma grande desordem mundial, já que há tantos
conflitos, desigualdades e ausência de paz presentes nesse cenário geopolítico
contemporâneo. O fato é que essa nova ordem é complexa e está em constante
transformação. Por mais aparente que seja a desordem sempre há uma ordem por trás.

O fato é que o socialismo não é mais uma opção e que os problemas e desafios do
futuro parecem ainda mais assustadores. Não há mais uma hierarquia de conflitos, o que
se tem são diversos conflitos e focos de tensão por motivos diversos. Não entre países,
mas entre grupos, etnias. A rivalidade ideológica da Guerra Fria foi substituída por
disputa de mercados, outros países começaram a surgir como pólos de desenvolvimento.
A bipolaridade é substituída por uma ordem multipolar, com a tecnologia avançando a
níveis estrondosos.

As disparidades entre os países de Primeiro Mundo e os subdesenvolvidos que já


existia passa a se acentuar. A desvalorização da mão de obra e matérias primas é visível
quando passa a se substituir o trabalho humano por máquinas e processos que não
necessitam de mão de obra especializada. As empresas passam a investir pouco em países
com mão de obra barata, mas com poder de compra e escolaridade baixas. As matérias
primas também são desvalorizadas.
Então, hoje há diversos tipos de ramificações para o chamado Terceiro mundo, isso
porque há países que possuem relativa industrialização e cultura e também possuem
vínculos com a União Europeia e participam de alianças com os Tigres Asiáticos, por
exemplo. Longe disso estão os países da África, América do Sul e Central que vivem em
situação de pobreza extrema, com quase nenhum tipo de desenvolvimento industrial.
Esses países na balança econômica mundial, oferecem matéria prima, mão de obra barata
e produtos agrícolas, que são desvalorizados na nova ordem. Ainda há o quarto mundo,
ou seja, composto pelos países mais pobres do terceiro mundo e a periferia intermediária
composta por Brasil, Argentina, Índia, Turquia, África do Sul e alguns outros Sul
Americanos.

Na nova ordem os blocos regionais são importantes para trocas econômicas e fomento
das economias entre os países. As alianças mais conhecidas são os países que compõem
o Nafta e, claro, a União Europeia, cujo sucesso é exemplo ao mundo. Alguns acreditam
que essa tendência dividiria o mundo em blocos rivais que brigariam entre si, contudo a
teoria mais aceitável defende o fortalecimento dos mercados supranacionais com vistas a
globalização.

O que se sabe é que hoje não há mais crescimento econômico isolado. As economias
estão cada vez mais integradas. Na mundialização as multinacionais desempenham papel
fundamental de integração e expansão. São as famosas empresas sem pátria que possuem
filiais em diversas partes do globo. As multinacionais não são apenas industriais mas há
também bancos, redes de comunicações, empresas de software, etc. A tecnologia e
comunicação desempenham papel importante nesse mercado.

Com o avanço de outros setores, a cultura, hábitos, valores e comportamentos vão


sendo moldados pela influência da globalização. O poder da comunicação é tão grande
que se diz que vivemos na sociedade do espetáculo, onde a mídia desempenha papel
fundamental nas eleições e até em conflitos civis. É a era das imagens que domina o
mundo.

Os Estados Nacionais passam a dividir poder com as organizações e novos poderes


que surgem no mundo globalizado acabam por diminuir a influência do estado nação.

Assim como os avanços, os problemas também se mundializaram. Os países não se


preocupam somente com suas economias, mas com o que acontece no mundo como um
todo. Pois qualquer ação pode afeta-los de alguma forma.
Consoante a isso, surgem também novos focos de conflitos mundiais motivados por
razões totalmente díspares. O planeta torna-se um emaranhado complexo de forças.
Alguns possuem origem religiosa como é caso de Israel e Palestina. Outras disputas são
étnicas heranças do colonialismo como em Ruanda na guerra sangrenta entre tutsis e
hutus. Além de diversos outros que não ganham tanto destaque ou que são pouco
conhecidos.

Com tantos dilemas e com uma ordem tão complexa no final do livro o autor traz uma
reflexão sobre as perspectivas para esse novo mundo. A tecnologia irá avançar ainda mais
em contraste com a pobreza que com certeza será acentuada. São questionados a tamanha
disparidade existente em uma era onde nunca se teve tantos avanços. Mesmo assim, as
desigualdades também nunca foram tão fortes. As cobranças para se obter níveis maiores
de escolaridade com certeza irão crescer.

Questiona-se também como o Brasil irá enfrentar esse cenário, será que o país está
preparado para estes desafios? O autor coloca em foco a relação histórica do Brasil com
o desenvolvimento e industrialização durante as décadas anteriores. Somente corrigindo
problemas antigos é o Brasil estará preparado para encontrar seu lugar de
desenvolvimento no Primeiro Mundo.

O que falta para a nação segundo o autor é um bom projeto político que possibilite a
mobilização do país. Que contemple a realidade e que seja coerente para alcançar novas
oportunidades e perspectivas em um globo entrelaçado e com geopolítica flutuante.

O livro de José Willian Vesentini possui leitura de fácil compreensão, porém é preciso
muita atenção as retomas históricas e informações dadas pelo autor. A leitura é na maior
parte das vezes linear. Para quem se interessa por história esse com certeza é o material
indicado. O principal ponto que chama atenção na narrativa é que o autor retoma as
grandes guerras do século XX e eventos importantes na história da humanidade para
explicar como foi percorrido o trajeto até que se chegasse a nova ordem multipolar. Ou
seja, diversos fatores colaboraram para o que vivemos hoje.

Contudo, o livro não é um produto acabado tendo como ponto forte o relato histórico
e como ponto fraco o pouco espaço dedicado ao tema título da obra. Porém, como bem
definiu Vesentini a nova ordem é complexa e por isso não há uma definição que se encaixe
pontualmente. Mais do que isso, ao não se aprofundar nos dilemas da globalização o livro
gera um ponto de interrogação que permanece na cabeça do leitor suscitando reflexão.

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