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Saber histórico

Discutindo o século XX

1 A História se acelera?

Você notará que os temas deste volume ocupam muitas páginas, embora o período de tempo correspondente a eles seja
relativamente curto. Isso se deve à importância deles para o entendimento do mundo em que vivemos e ao fato de que
a “História se acelera”. Ou seja, a partir do século XX, os eventos que modificam a realidade sucedem-se mais velozmente
do que antes.

Fatores de aceleração da História

• Boa parte do mundo urbanizou-se rapidamente no século XX: maior número de aglomerações humanas, cujo ritmo de
vida passou a ser acelerado em razão do aumento da velocidade da produção econômica, da divulgação de informações
e do transporte de mercadorias e pessoas. Bem diferente do ritmo do mundo antigo, majoritariamente rural, no qual o
tempo histórico era regido pelos ciclos do Sol, da Lua, das estações do ano, enfim, do tempo da natureza;

• A população mundial cresceu enormemente: no século XX viveram mais pessoas do que em qualquer outra época da
humanidade. No fim do século, havia no planeta mais de 6 bilhões de habitantes. Com mais pessoas, houve um número
maior de eventos importantes. Também há mais gente interessada e capacitada em registrá-los, narrá-los e comentá-los;

• O número de historiadores (profissionais ou não) e as fontes à disposição também aumentaram: a informática auxiliou
no resgate de informações sobre o passado e multiplicou a quantidade de acervos documentais, ampliando as fontes de
trabalho dos historiadores;

• Os interesses da pesquisa mudaram: aceitam-se hoje novos temas, novos objetos de estudo e novas abordagens para
explicar, comparar, compreender modos de vida, crenças, soluções econômicas de diferentes sociedades – e de parcelas
específicas da sociedade, como as mulheres, os operários, os migrantes, etc. – em épocas e locais diferentes

2 O socialismo e as guerras

O século XX foi marcado por dois eventos considerados fundamentais para o entendimento das relações político-
ideológicas, sociais e econômicas entre os povos: a Primeira Guerra Mundial e a queda da União Soviética e do socialismo
no Leste europeu.

Ao fim da Segunda Guerra, que durou de 1939 a 1945, o mundo foi praticamente dividido em dois blocos de países: um
deles, sob influência dos Estados Unidos; o outro, sob liderança da União Soviética. Durante cerca de 50 anos, as duas
superpotências entraram em confronto sempre de forma indireta (apoiando os respectivos aliados em conflitos locais) e
mantiveram o mundo sob a tensão de uma guerra nuclear que parecia iminente. Esse período ficou conhecido como
Guerra Fria, cujo fim, em 1989, deu início a uma nova ordem internacional.

Todos esses eventos geraram muitos fatos a serem narrados e analisados. A seleção, a escolha do que se vai ou não
estudar e considerar importante, e como se dará a abordagem, tornaram-se questões ainda mais complexas.

Multiplicaram-se também os focos de interesse com base nos quais essa seleção é feita. Assim, ficou mais fácil conhecer
outros lados da história que é contada e analisada.

3 A História em múltiplos focos

O surgimento de um espaço para a versão dos derrotados, antes raramente ou quase nunca considerada, é uma mudança
historiográfica que não pode ser atribuída a um único autor ou tendência nem a um momento exato. Mas a Segunda
Guerra Mundial contribuiu para essa perspectiva dos fatos.

No século XX, as descolonizações na África e na Ásia, bem como o fim do poder absoluto dos conquistadores europeus,
também colaboraram para mudar a forma de escrever e explicar a História. Afinal, os povos que se constituem como
nações soberanas têm a necessidade de relembrar o período em que foram dominados para dar um sentido ao processo
de libertação e de construção nacional. Estimulavam a revisão do passado, com estudiosos adotando novas posturas e
atitudes diante dos outros e de si mesmos.
Em diversos países, e particularmente no Brasil, vários grupos oprimidos passaram a buscar, a escrever e a valorizar suas
histórias: os negros nas sociedades (aberta ou veladamente) racistas, as mulheres nas sociedades patriarcais e machistas,
os trabalhadores, as minorias étnicas, os homens e as mulheres com diferentes orientações sexuais, etc.

Desse modo, várias transformações na maneira de compreender a História como ciência exigiram que ela fosse construída
e ensinada de novas formas. Em termos políticos, a emergência das reivindicações de operários, trabalhadores rurais,
negros e mulheres, entre outros sujeitos históricos, propiciou novos focos para se conhecer o passado. Isso também
contribuiu para a valorização de diferentes fontes de informação.

Se até o início do século XX reinava a produção histórica que explicava o desenvolvimento das nações por meio daqueles
que detinham o poder, no período posterior isso mudou. Surgiram novas interpretações que passaram a valorizar os que
eram subalternos, como os escravizados e os marginalizados. Assim, o cotidiano e a trajetória desses grupos, seus hábitos,
suas crenças e seus posicionamentos ideológicos passaram a ser estudados pelos historiadores. Criavam-se, desse modo,
elementos para que a humanidade fosse compreendida de forma mais complexa e abrangente.

CAPITULO 1

UM MUNDO EM GUERRA

Neste capítulo, o nosso foco é a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que mobilizou mais de 60 milhões de combatentes.
Foi chamada de Grande Guerra até 1939, quando outro conflito de proporções ainda maiores fez com que ela passasse a
ser chamada de Primeira Guerra Mundial. Para vários historiadores, esse conflito representou o começo efetivo do século
XX.

Cerca de 9 milhões de pessoas morreram e 20 milhões foram feridas. Os sobreviventes tiveram de lidar com o luto, a
fome, os ferimentos e as doenças. Os efeitos demográficos dessas mortes acompanharam a Europa por várias décadas.

Ainda hoje, em algumas regiões que foram palco de confrontos, há áreas de acesso proibido ou impróprias para plantação.
Existem também áreas em que a vegetação não cresce por causa da contaminação do solo e dos lençóis freáticos
provocada pelo uso de armas químicas. Granadas, bombas e minas não detonadas ainda são encontradas em
determinadas regiões.

Diante desse quadro, ficam as seguintes reflexões:

• O conflito entre as nações que se enfrentaram referia-se a interesses de suas populações ou apenas de alguns de seus
grupos sociais e políticos?

• As riquezas provenientes do domínio colonial eram concentradas nas mãos de poucos. O ônus do conflito armado que
se originou pelas disputas coloniais foi pago apenas por seus beneficiários ou por toda a população?

Onde e quando

2 A política de alianças

No final do século XIX, boa parte do mundo era dominada pelas potências europeias, sobretudo pela Inglaterra.
Entretanto, a hegemonia inglesa começava a enfrentar problemas, pois alemães e estadunidenses estavam à sua frente
na produção de ferro e aço, matérias-primas fundamentais para a indústria. Nos Estados Unidos, as indústrias química,
elétrica e automobilística se desenvolviam consideravelmente. Na Alemanha, a indústria bélica prosperava com o
programa naval de 1900, que visava conquistar um império colonial tardio, despertando a rivalidade britânica.

A Inglaterra era responsável por mais da metade do total de capitais investidos em várias partes do mundo e constituía o
maior império colonial. Era também uma das maiores potências militares do início do século XX. Contudo, sua hegemonia
era ameaçada por outros países imperialistas que exigiam a redivisão colonial, sobretudo na África e na Ásia.

A derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana (1870- -1871) acarretou a perda da região da Alsácia-Lorena para a
Alemanha, o que despertou um espírito de revanche entre os franceses. Em contrapartida, a Alemanha, desde sua
unificação, fundamentou sua política externa no isolamento da França, criando um sistema internacional de alianças
político-militares que cerceassem o revanchismo francês.
Em 1873, o chanceler alemão Otto von Bismarck (1815-1898) instaurou a Liga dos Três Imperadores, da qual faziam parte
a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Rússia. Entretanto, as divergências entre a Rússia e a Áustria com relação à região dos
Bálcãs, originadas do apoio russo às minorias eslavas da região, que almejavam a independência, acabaram com essa
aliança em 1878. Em 1882, o Reich (império) alemão aliou-se ao Império Austro-Húngaro e à Itália para formar a Tríplice
Aliança.

A França conseguiu sair do isolamento em 1894, ao firmar um pacto militar com a Rússia. Em 1904, a Inglaterra se
aproximou da França, formando o bloco Entente Cordiale, que ligava os interesses comuns dos dois países no plano
internacional. A partir de então, as hostilidades foram esquecidas para que os dois países enfrentassem um inimigo
comum: a Alemanha. A adesão da Rússia à Entente Cordiale originou a Tríplice Entente. Assim, passavam a existir na
Europa dois blocos antagônicos: a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente, que aceleraram a corrida armamentista.

A posição da Itália diante dos blocos era dúbia. Embora fizesse parte da Tríplice Aliança, cultivava sérios conflitos com o
Império Austro-Húngaro e chegou a assinar acordos secretos de não agressão com a Rússia e com a França, países da
Tríplice Entente.

3 A questão balcânica

Situada no sudeste da Europa, a região dos Bálcãs engloba países como a Albânia, a Bulgária, a Grécia, entre outros (veja
o mapa a seguir). Em fins do século XIX, com o enfraquecimento e desmembramento do Império Turco Otomano, uma
intensa disputa entre as grandes potências por seus territórios ganhou força. A intervenção imperialista internacional na
região, polarizada pela Tríplice Entente e pela Tríplice Aliança, e as lutas nacionalistas dos diversos povos que faziam parte
do Império Turco Otomano originaram sérias crises locais e internacionais.

Pretendendo controlar a região do mar Negro ao mar Egeu, passando pelos Bálcãs, o governo da Rússia defendia o pan-
eslavismo (união dos povos eslavos) e a independência das minorias nacionais. Sua intenção era unificar os povos eslavos
balcânicos, garantindo sua influência sobre as novas nações. Mas a Rússia teve de enfrentar resistência dos governos do
Império Austro-Húngaro, protetor do Império Turco, e da Alemanha, que projetava construir a estrada de ferro Berlim-
Bagdá, barrando a descida russa pelos estreitos de Bósforo e Dardanelos, pertencentes ao Império Turco. Tal projeto da
estrada pela Alemanha abriria acesso às áreas petrolíferas do golfo Pérsico, região de hegemonia inglesa.

O ideal de unificação eslava, encabeçado pela Sérvia e que resultaria na Grande Sérvia, tornou-se mais distante quando
as regiões da Bósnia e da Herzegovina foram tomadas do domínio turco e anexadas à Áustria-Hungria, em 1908. Desse
modo, os sérvios tinham agora de lutar contra os impérios Turco e Austro-Húngaro para conquistar a unidade. Nos anos
seguintes, essa situação provocou agitações nacionalistas na região, promovidas pela Sérvia com apoio russo.

3. Atentado em Sarajevo

Em 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando (1863-1914), herdeiro do trono austro-húngaro, viajou a Sarajevo, capital
da Bósnia, com o objetivo de acompanhar manobras militares e afirmar a força da monarquia austro-húngara. Contudo,
Francisco Ferdinando foi assassinado por terroristas bósnios em 28 de junho de 1914, num atentado planejado pela
organização secreta sérvia Mão Negra, contrária ao domínio austríaco. Em represália, o governo austríaco deu um
ultimato à Sérvia, com uma série de exigências que feriam a soberania do país. Os sérvios não aceitaram as exigências.

Em resposta, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia em meados de 1914. Imediatamente, a Rússia
pronunciou-se a favor da Sérvia e, a partir de então, o sistema de alianças foi ativado, resultando na entrada da Alemanha,
França e Inglaterra (além da Rússia) no conflito, que se generalizou.

4 O desenvolvimento do conflito

No esforço de guerra, todos os cidadãos das nações envolvidas no conflito em idade de combate foram recrutados para
participar tanto do exército quanto da produção industrial, principalmente de armamentos. Tanques de guerra,
encouraçados, submarinos, obuses de grosso calibre e a aviação, entre outras inovações tecnológicas da época, eram
artefatos bélicos com um poder de destruição até então inimaginável.

De forma sintética, pode-se dizer que o conflito teve duas fases: em 1914, houve a guerra de movimento e, de 1915 em
diante, a guerra de trincheiras ou de posição (observe o mapa da página 22). A primeira fase estava relacionada ao Plano
Schlieffen. Esse plano previa a mobilização de boa parte do exército alemão para invadir o território francês, pela Bélgica
e pela Alsácia-Lorena, e render Paris ao final de seis semanas. Alcançado tal objetivo, os alemães acreditavam que
estariam livres para enfrentar os russos, direcionando suas tropas para o ataque e a invasão daquele país.

A invasão da Bélgica violou a neutralidade desse país e serviu de pretexto para a Inglaterra declarar guerra à Alemanha.
Mesmo assim, a marcha dos exércitos alemães em direção a Paris surpreendeu as tropas francesas. Do lado leste, uma
ofensiva russa inesperada, ainda em 1914, obrigou as forças alemãs a se dividirem, deslocando tropas para a região da
Prússia Oriental. A França, beneficiando-se do apoio inglês, conteve o fulminante ataque alemão na Batalha do Marne,
em setembro do mesmo ano.

Com o fracasso da guerra de movimento, teve início a guerra de posição ou de trincheiras, na qual os soldados combatiam
dentro de trincheiras, valas escavadas no chão (ver infográfico nas páginas 20 e 21. Outras potências entraram no conflito,
colocando-se ao lado da Tríplice Entente (França, Inglaterra e Rússia): Japão (1914), Itália (1915), Romênia (1916) e Grécia
(1917). Ao lado das potências centrais (Alemanha e Áustria-Hungria) colocaram-se o Império Turco Otomano (1914) e a
Bulgária (1915).

Enquanto na frente ocidental a guerra entrava na fase das trincheiras, na frente oriental ocorria uma sequência de vitórias
alemãs, como na Batalha de Tannenberg, na qual 100 mil russos foram aprisionados. Em 1916, em Verdun, frustrou-se
nova ofensiva alemã contra a França. Ali, por 9 meses, combateram cerca de 2 milhões de soldados dos dois lados, dos
quais 976 mil morreram, sem que houvesse avanço ou recuo na frente de batalha.

O ano de 1917, ao contrário, foi marcado por acontecimentos decisivos para a guerra. As contínuas derrotas russas
aceleraram a queda da autocracia czarista, culminando nas revoluções de 1917, que resultaram na instauração do regime
socialista. Com a ascensão do novo governo, concluiu-se o Tratado de Brest-Litovski, de 1918, que oficializava a saída dos
russos da guerra.

Também em 1917, a Alemanha intensificou o bloqueio marítimo à Inglaterra, objetivando deter seus movimentos e
interromper seu abastecimento. Até então, os Estados Unidos se mantinham neutros, embora fornecessem alimentos e
armas aos países da Entente. Sentindo-se ameaçados pela agressividade marítima alemã, usaram como pretexto o
afundamento do transatlântico Lusitânia, que resultou na morte de dezenas de passageiros estadunidenses, para declarar
guerra contra as potências centrais.

A entrada dos Estados Unidos na guerra, em 1917, com seu imenso potencial industrial e humano, reforçou o bloco
liderado pela Inglaterra e pela França, que passou a obter sucessivas vitórias contra os alemães a partir de 1918.

Movimentos populares na Alemanha e a rendição em massa de soldados alemães aceleraram o desmoronamento do


Segundo Reich alemão e do Império Austro-Húngaro.

A derrota das potências centrais diante da superioridade econômico-militar dos Aliados, como eram denominados os
integrantes da Entente, acarretou a renúncia do kaiser alemão e a assinatura do armistício, em novembro de 1918. O
cessar-fogo foi conseguido por meio de um plano de paz (intitulado 14 pontos de Wilson) formulado pelo presidente
estadunidense Woodrow Wilson (1856-1924), que pregava “uma paz sem vencedores”.

INFOGRÁFICO Trincheiras da morte. VER


Apesar da proibição do uso de armas químicas, estabelecida pela Convenção Internacional de Haia, assinada em 1899, os alemães
tomaram a iniciativa de usá-las em 1915, seguidos pelos seus inimigos, que também as adotaram até o final do conflito em 1918.
Foram mais de 35 mil toneladas de gases letais (asfixiantes ou tóxicos) utilizados nessa guerra, metade deles pelos alemães. Em
1925, foram novamente proibidos (produção e estocagem) pelo Protocolo de Genebra. Na foto, soldados e cães alemães com
máscaras antigases. Data incerta, entre 1916 e 1918.

Cenário da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). VER

Leituras. VER

As características da guerra

Para a época em que ocorreu, a Grande Guerra teve uma duração incomum. Inicialmente, os países envolvidos esperavam
uma guerra de movimento, rápida, na qual as tropas se deslocam e conquistam outro território. No entanto, nenhuma
potência conseguiu vantagem suficiente para sobrepor-se à outra e vencer o conflito. Assim, passou a prevalecer uma
guerra de posição, em que o objetivo era não perder terreno e buscar a conquista, pouco a pouco, dos territórios do
inimigo, o que tornou as trincheiras a marca registrada da Primeira Guerra Mundial.

Em termos de extensão, a amplitude do conflito também merece destaque. Pela primeira vez, todos os grandes países da
Europa entravam em guerra ao mesmo tempo. O conflito foi resultado do sistema de “paz armada”, que juntava o
armamentismo com alianças que se estendiam pelos continentes com base em interesses comuns entre os governantes
dos países. A África foi envolvida na Grande Guerra, pois a maior parte do seu território era composta de colônias
europeias. Na Ásia, o governo japonês viu mais vantagens em participar do conflito do que se manter neutro e declarou
guerra à Alemanha, interessado nas bases alemãs na China. Os chineses, por sua vez, entraram na guerra, pelo menos
nominalmente, para não se inferiorizarem diante do Japão. O Império Turco Otomano foi arrastado para a guerra ao lado
da Áustria e da Alemanha.

Em termos de intensidade, a Primeira Guerra Mundial pode ser considerada a primeira experiência de “guerra total”,
aquela que exige que todos os habitantes de um país e todas as suas forças se voltem para sustentar as tropas com
recursos materiais e humanos. Como os Estados envolvidos no conflito passaram a dirigir a economia para o esforço
nacional de guerra, atingir a economia e a produção do inimigo passou a ser uma estratégia. O resultado foi um elevado
número de mortes de civis. O conflito também impulsionou o avanço tecnológico bélico e utilizou recursos psicológicos:
bombardeava-se a população civil nas cidades distantes dos fronts para abater o moral dos adversários. Essa prática seria
tristemente comum nas guerras do século XX.

Construindo conceitos

Os tratados de paz: sementes de uma nova guerra

Com o fim das operações militares, os vitoriosos reuniram-se em 1919 no Palácio de Versalhes, nos arredores de Paris,
para as decisões do pós-guerra. O encontro foi dirigido pelo presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, e os
chanceleres David Lloyd George (1863-1945), da Inglaterra, e Georges Clemenceau (1841-1929), da França.

O presidente estadunidense propôs um plano que foi inviabilizado por diversos acordos paralelos e, principalmente, por
pressão da França e da Inglaterra. As conversações resultaram no Tratado de Versalhes, que considerou a Alemanha
culpada pela guerra e criou uma série de determinações que visavam enfraquecê-la e desmilitarizá-la.

Esse tratado estabeleceu a devolução da Alsácia- -Lorena à França e o acesso da Polônia ao mar por uma faixa de terra
que atravessava a Alemanha e desembocava no porto livre de Dantzig, o “corredor polonês”. O governo da Alemanha
perdeu todas as suas colônias ultramarinas e parte de seu território europeu. Perdeu também a artilharia e a aviação;
passou a ter um exército limitado a 100 mil homens e ficou proibido de construir navios de guerra. Foi ainda obrigado a
indenizar as potências aliadas pelos danos causados, em um total aproximado de 30 bilhões de dólares, valor que foi
renegociado na década de 1920 até ser extinto em 1932. O Tratado de Versalhes também oficializou a criação da Liga das
Nações, um fórum internacional que pretendia garantir a paz mundial. Essa pretensão, porém, não se concretizou, pois a
liga não contou no início com a participação dos governos da Alemanha e da Rússia nem do próprio país que a idealizara
e que se transformara na maior potência mundial: os Estados Unidos. Por discordar de muitas das decisões de Versalhes,
o governo estadunidense preferiu assinar um acordo de paz com o governo alemão em separado.

Também em 1919, o Império Austro-Húngaro foi desmembrado pelo Tratado de Saint Germain. O governo da Áustria
perdeu a saída para o mar e foi obrigado a reconhecer a independência da Polônia, da Tchecoslováquia e da Hungria e a
criação do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (que, em 1929, adotaria o nome de Iugoslávia), perdendo, assim, a
maior parte de seu território. Com a Hungria foi assinado o Tratado de Trianon e com a Bulgária, o Tratado de Neuilly.

Também em 1919, o Império Austro-Húngaro foi desmembrado pelo Tratado de Saint Germain. O governo da Áustria
perdeu a saída para o mar e foi obrigado a reconhecer a independência da Polônia, da Tchecoslováquia e da Hungria e a
criação do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (que, em 1929, adotaria o nome de Iugoslávia), perdendo, assim, a
maior parte de seu território. Com a Hungria foi assinado o Tratado de Trianon e com a Bulgária, o Tratado de Neuilly.

Os tratados que puseram fim à guerra determinaram também o início da consolidação da independência de novos
Estados, cujas soberanias foram ratificadas pelas populações envolvidas por meio de plebiscitos. Tais países, quase todos
situados na península Balcânica e constituídos de etnias eslavas, passaram a integrar as novas áreas de atuação dos
interesses das potências vencedoras.
Somado ao fato de que essas potências conseguiram manter praticamente intactas suas possessões na África e na Ásia,
verificou-se, na década de 1920, o fortalecimento da supremacia econômica e financeira dos Estados Unidos, seguidos de
perto pela Inglaterra e França. Vinte anos mais tarde, essa supremacia seria contestada pelo revanchismo alemão, que
não havia morrido em Versalhes nem nos acordos posteriores.

As novas nações europeias

Atividades

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