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Poder Judiciário do Estado de Sergipe

2ª Vara Civel de Itabaiana

Nº Processo 201852101501 - Número Único: 0007488-04.2018.8.25.0034


Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO
Réu: MANOEL MESSIAS DE SOUZA E OUTROS

Movimento: Decisão >> Decisão Interlocutória de Mérito

Compulsando os autos, vê-se que o Ministério Público interpôs Agravo de


Instrumento cujo objeto em si é o pronunciamento deste Juízo acerca do
afastamento cautelar do Chefe do Executivo Municipal reclamado na exordial,
prejudicado por ocasião da medida imposta em feito criminal atrelado e,
posteriormente, revogada em Acórdão proferido no Agravo Regimental
n°.201800336230.

Ao recurso manejado pelo Parquet, conferiu-se o efeito pretendido, restando ao


Juízo deliberar acerca.

Pois bem, além dos fatos delineados na inicial, acresce o Autor que seu pleito
merece guarida afinal outras personagens envolvidas foram afastadas da
Administração Municipal e assim permanecem até então.

Em contrapartida, insurge-se o Réu VALMIR DOS SANTOS COSTA ao pleito


ministerial quando informa que o afastamento cautelar do agente público se dá
quando necessária a regular instrução processual, nos termos do art.20, parágrafo
único, da Lei n°.8429/92. Alega, ainda, que seu retorno ao exercício do mandato
eletivo de Prefeito de Itabaiana em razão das medidas cautelares outrora aplicadas
indicam sua conduta diante da instrução processual em curso, não representando
qualquer perigo ao bom andamento do feito.

É o breve resumo.

Decido.

Primeiramente, consigno que as personagens em comento possuem relação jurídica


distinta com a Administração Municipal pois, enquanto JAMERSON DA TRINDADE
MOTA e EROTILDES JOSÉ DE JESUS têm/tinham livre provimento e exoneração, o
Réu VALMIR DOS SANTOS COSTA restou eleito Prefeito por vontade popular. Em
que pese o entendimento Ministerial, reputo temerário replicar em desfavor desse a
condição imposta àqueles deliberadamente, inobservando os pormenores.

Avanço à análise da cautelaridade da medida reclamada.

Para ilustrar, transcrevo o art.20 da Lei de Improbidade Administrativa, como segue:

Assinado eletronicamente por Taiane Danusa Gusmão Barroso Sande, Juiz(a) de 2ª Vara Civel de Itabaiana,
em 20/03/2019 às 18:31:47, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
Conferência em www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos. Número de Consulta: 2019000663340-83. fl: 1/4
“Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se
efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá


determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou
função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à
instrução processual.” (grifei)

Da leitura do dispositivo legal, vê-se que o afastamento do agente público decorre,


exclusivamente, do atentado ao regular processamento do feito. Para tanto, a
medida não tem ensejo pelo simples temor mas sim pela efetiva prática de atos que,
costumeiramente, embaraçam ou inviabilizam a produção de provas necessárias à
elucidação dos fatos (v.g. intimidação de testemunhas, extravio de documentos
públicos, etc), em flagrante ofensa ao princípio da verdade real.

Sobre isso, é inegável a robustez probatória avistada nos autos que, de tão densa,
implicou a concessão da cautela patrimonial inaudita altera pars em desfavor dos
Réus. A meu ver, a despeito da necessária oferta de contraditório e ampla defesa
aos Réus, o feito está bem instruído.

Ainda, sabe-se que os supostos ilícitos que lhe foram atribuídos estão,
necessariamente, vinculados à exploração de atividade econômica no Matadouro
Público local, logo a descontinuidade do negócio pelo fechamento deste inibe, em
tese, a ocorrência de novas práticas idênticas às noticiadas nos autos, afastando o
risco da continuidade no cargo. Por óbvio, dadas as circunstâncias, em havendo
indicativo de retomada da atividade, não há óbice à reapreciação da medida
reclamada.

Frise-se, ademais, que este Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe,


debruçando-se sobre a necessidade de manutenção da medida cautelar de
afastamento do prefeito na esfera criminal, nos autos do processo que aprecia os
mesmos fatos aqui apurados, decidiu pela desnecessidade da medida, nos
seguintes termos:

... A aplicação da medida cautelar de afastamento do agravante do cargo de


Prefeito municipal de Itabaiana/SE teve como principal finalidade evitar a sua
ingerência, na qualidade de Gestor do Município, no matadouro da cidade, no
curso das investigações, mantendo contato com as pessoas que ali
laboravam, as quais poderiam funcionar como testemunhas em futura ação
penal, e com as possíveis provas ali existentes, evitando assim um tumulto
às investigações e a continuidade das supostas prática delitivas. Ocorre que,
muito embora reconheça a presença da materialidade e os indícios de autoria
dos delitos investigados, neste momento procedimental, não vislumbro mais
a necessidade de manutenção do afastamento do agravante da função de
Prefeito do Município de Itabaiana/SE, haja vista as investigações já terem
sido encerradas, tendo a Procuradoria de Justiça, inclusive, ofertado
denúncia em desfavor do agravante, conforme acima já explanado, fato este
que demonstra que o seu retorno à função pública não mais obstaculizará a
produção de provas para a formação do opinio delicti. Aliado a isso, como

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em 20/03/2019 às 18:31:47, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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bem destacado pelos Patronos do agravante, o matadouro municipal de
Itabaiana/SE encontra-se fechado desde o dia 08/11/2018, aguardando a
adoção de providência das autoridades públicas para o seu regular
funcionamento dentro dos ditames legais, o que demonstra que, mesmo com
o retorno do agravante a sua função de Prefeito, nenhum ato poderá ser
praticado no referido estabelecimento para interferir em futura instrução
criminal ou para fomentar outras práticas delitivas, em que pese reconheça,
como já dito, que outros atos podem ser praticados pelo Gestor Municipal
para que o setor volte a funcionar obedecendo os ditames legais. Ademais, é
preciso destacar também que o agravante se encontra em liberdade desde o
dia 22/11/2018, quando iniciou o cumprimento da medida cautelar de
afastamento do cargo, ou seja, a quase 120 (cento e vinte) dias, e até o
presente momento não se tem notícias de que esteja descumprindo qualquer
medida ou interferindo nas investigações. Logo, em que pese reconheça a
presença do fumus comissi delicti, consubstanciado na prova da
materialidade e nos indícios de autoria, não vislumbro neste momento a
necessidade de manutenção da medida cautelar de afastamento do cargo de
Prefeito do agravante para a aplicação da lei penal, para conveniência da
investigação ou instrução ou para evitar novas práticas delitivas, se
revelando, neste momento, desproporcional a manutenção da referida
cautelar. Cabe ressaltar que, como o STJ, se em ações de improbidade há
prazo certo de afastamento, qual seja, 180 dias, não há porque numa ação
penal (que ainda está em fase embrionária), suplante tal prazo. Além disso,
embora não se evidencie desídia do Judiciário na condução do
procedimento, verifica-se que o afastamento do paciente do cargo de prefeito
municipal, que já perdura por quase 120 (cento e vinte) dias, mostra-se
suficiente e com possibilidade de extrapolar os limites da razoabilidade,
mostrando-se imperioso o afastamento da medida cautelar em questão, sob
pena de cassação indireta do mandato, uma vez que não há previsão para o
início e término de possível instrução criminal. No mesmo diapasão, há que
ser dito que não há nenhuma referência à possibilidade de o agravante fugir
ou deixar de cooperar com o curso processual.

Dessarte, chamo o feito à ordem e, ausentes os requisitos da tutela pretendida


(art.300, CPC), indefiro o afastamento cautelar do Réu VALMIR DOS SANTOS
COSTA do cargo de Prefeito do Município de Itabaiana/SE por não avistar (neste
instante) risco ao desenvolvimento processual, tampouco o risco de que os fatos
narrados nesta ação voltem a se repetir.

Intimem-se.

No mais, certifique-se o integral cumprimento do comando último.

Assinado eletronicamente por Taiane Danusa Gusmão Barroso Sande, Juiz(a) de 2ª Vara Civel de Itabaiana,
em 20/03/2019 às 18:31:47, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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"b", da Lei 11.419/2006.

A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico


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