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DESPACHO

1. A Empresa Folha da Manhã ajuíza ação cautelar contra omissão


do Superior Tribunal Militar que, em mandado de segurança impetrado
para ter acesso aos autos da Ação Penal n. 366/70, não teria obtido a
devida prestação jurisdicional.

Anota a Autora não ter obtido a liminar requerida naquele mandado


de segurança, embora se contasse com a “presença dos seus pressupostos...”.

Para a Autora, aquela ação constitucional tinha utilidade pública


definida no tempo, pois seria de “interesse público (os) dados constantes da
mencionada ação penal, (a fim de que) possa divulgá-los a tempo de serem úteis à
plena informação e formação de convicção dos cidadãos acerca da atual candidata
à Presidência da República”.

Teria havido, na dicção da Autora, extensão do “julgamento ...e, para


violentar, em definitivo, as prerrogativas constitucionais da impetrante,
novamente suspendeu a tramitação do feito...com a concessão irregular de vista
do processo à Advocacia Geral da União, por força de requerimento desta
desprovido de fundamento...Passados mais de cinquenta dias da impetração, o
Colendo Superior Tribunal Militar nega à ora requerente a prestação
jurisdicional”.

Daí ter ela interposto Recurso Extraordinário “da decisão que lhe negou
a prestação jurisdicional, argüindo a contrariedade aos citados dispositivos dos
arts. 5º, IV, IX, XIV, XXXIII e art. 220 da Constituição Federal e a relevância
social da questão suscitada”.

Observa que com a presente Ação Cautelar pretende “a um só


tempo...o suprimento da utilidade da prestação jurisdicional buscado pela autora
e a ela negada pelo Pleno do C. Superior Tribunal Militar e a antecipação da
tutela recursal prevista no art. 527, III, do Cód. de Proc. Civil, com as
observações ... de que: a) elas estão inseridas, de modo natural, no poder de
cautela do juiz...b) a norma específica do art. 527, III, do Cód. de Proc. Civil, que
prevê a antecipação da tutela recursal nos agravos tirados de decisão
interlocutória, é por todos os motivos aplicável no caso desta ação cautelar...”.

Afirma a Autora descabidos os fundamentos apresentados para o


que considera o seu direito de ter acesso aos documentos, porque nem
poderiam ter sido considerados privados, pois dizem respeito à vida
pública da ora candidata à Presidência da República, nem poderiam estar
em tal estado de precariedade que impediria a sua apresentação aos
interessados.

Com base no que expõe pede “liminar inaudita altera pars, para que
seja determinado ao Superior Tribunal Militar que possibilite o imediato acesso e
a extração de cópia reprográfica do processo referido”, asseverando
patentear-se, no caso, o perigo da demora em razão da urgência das
informações para a sua divulgação jornalística, faltando poucos dias para
o segundo turno das eleições presidenciais, para o que buscaria os dados
a fim de informá-los aos eleitores.

2. Os autos vieram-me conclusos em 25.10.2010.

Examinados os elementos havidos nos autos, DECIDO.

3. À petição inicial a Autora anexa apenas a folha inicial do recurso


extraordinário que teria interposto no Superior Tribunal Militar,
documento por ela digitalizado. Aparentemente incompleto, não há como
se ter ciência dos argumentos ali apresentados, o que impede o
conhecimento das razões jurídicas veiculadas, cuja plausibilidade tem
sido considerada imprescindível ao exame deste Supremo Tribunal para
os fins de deferimento de medida liminar, nos termos da pacífica
jurisprudência assentada na matéria.

A propósito:

“QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO CAUTELAR. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. PEDIDO DE CONCESSÃO DE EFEITO
SUSPENSIVO E O SOBRESTAMENTO, NA ORIGEM, EM
FACE DO RECONHECIMENTO DE REPERCUSSÃO GERAL
PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ARTIGOS 543-B, § 1º,
DO CPC, E 328-A, DO RISTF. SÚMULAS STF 634 E 635.
JURISDIÇÃO CAUTELAR QUE DEVE SER PRESTADA PELOS
TRIBUNAIS E TURMAS RECURSAIS A QUO, INCLUSIVE
QUANTO AOS RECURSOS ADMITIDOS, PORÉM
SOBRESTADOS NA ORIGEM. 1. Para a concessão do excepcional
efeito suspensivo a recurso extraordinário é necessário o juízo positivo
de sua admissibilidade no tribunal de origem, a sua viabilidade
processual pela presença dos pressupostos extrínsecos e intrínsecos, a
plausibilidade jurídica da pretensão de direito material nele deduzida e
a comprovação da urgência da pretensão cautelar. Precedentes. ... 3.
Compete ao tribunal de origem apreciar ações cautelares, ainda que o
recurso extraordinário já tenha obtido o primeiro juízo positivo de
admissibilidade, quando o apelo extremo estiver sobrestado em face do
reconhecimento da existência de repercussão geral da matéria
constitucional nele tratada. 4. Questão de ordem resolvida com a
declaração da incompetência desta Suprema Corte para a apreciação da
ação cautelar que busca a concessão de efeito suspensivo a recurso
extraordinário sobrestado na origem, em face do reconhecimento da
existência da repercussão geral da questão constitucional nele
discutida” (AC 2.177-MC-QO, Rel .Min. Ellen Gracie, Plenário,
DJe 20.2.2009).

“AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO CAUTELAR.


EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
OFENSA REFLEXA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
O acórdão recorrido deteve-se no exame do art. 19 da Lei nº 9.028/95
-- transposição de cargos - sem avançar no tema constitucional agitado
na via extraordinária: inciso II do art. 37 da Magna Carta. À falta de
plausibilidade jurídica ao recurso - pela ofensa indireta e ausência de
prequestionamento-, nega-se-lhe a almejada eficácia suspensiva.
Precedente: RE 362.609.
Agravo regimental desprovido” (AC 1.644-AgR, Rel. Min.
Ayres Britto, Primeira Turma, DJ 19.10.2007).

Impõe-se, pois, que se regularize a instrução da presente ação


cautelar, para o que se faz mister cópia completa das razões do recurso
extraordinário, o que é indispensável para a apreciação da liminar
requerida, que, de resto, é o próprio objeto da presente ação.

4. É certo que a petição traça quadro preocupante de omissão de


prestação jurisdicional em tempo útil, porque, nos termos apresentados
na ação, incidiria em negativa de respeito a direito-dever constitucional
da Autora de informar-se e informar o público, o que este Supremo
Tribunal já concluiu, em julgados recentes, como fundamento mesmo do
Estado Democrático de Direito, como se vê de item da ementa da ADPF
130:

“6. RELAÇÃO DE MÚTUA CAUSALIDADE ENTRE


LIBERDADE DE IMPRENSA E DEMOCRACIA. A plena liberdade
de imprensa é um patrimônio imaterial que corresponde ao mais
eloquente atestado de evolução político-cultural de todo um povo. Pelo
seu reconhecido condão de vitalizar por muitos modos a Constituição,
tirando-a mais vezes do papel, a Imprensa passa a manter com a
democracia a mais entranhada relação de mútua dependência ou
retroalimentação. Assim visualizada como verdadeira irmã siamesa da
democracia, a imprensa passa a desfrutar de uma liberdade de atuação
ainda maior que a liberdade de pensamento, de informação e de
expressão dos indivíduos em si mesmos considerados. O § 5º do art.
220 apresenta-se como norma constitucional de concretização de um
pluralismo finalmente compreendido como fundamento das sociedades
autenticamente democráticas; isto é, o pluralismo como a virtude
democrática da respeitosa convivência dos contrários. A imprensa
livre é, ela mesma, plural, devido a que são constitucionalmente
proibidas a oligopolização e a monopolização do setor (§ 5º do art. 220
da CF). A proibição do monopólio e do oligopólio como novo e
autônomo fator de contenção de abusos do chamado “poder social da
imprensa” (ADPF 130, Rel. Min. Ayres Britto, Plenário, DJe
6.11.2009).

5. Entretanto, considerando questionar-se pretensa omissão judicial,


há necessidade de se ouvir, com urgência máxima, o Presidente do
Superior Tribunal Militar, uma vez questionado direito
constitucionalmente assegurado à informação de documento público, não
protegido judicialmente por sigilo e que, segundo a Autora, deveria ser
de conhecimento de toda a sociedade no específico momento do processo
eleitoral.

6. Pelo exposto, intime-se a Autora para que regularize a


digitilização das razões do recurso extraordinário no prazo máximo de
24 (vinte e quatro) horas.
7. Intime-se, por telex em razão da urgência máxima, o Presidente
do Superior Tribunal Militar para, querendo, se manifestar sobre os
termos desta ação cautelar no prazo improrrogável de 24 (vinte e
quatro) horas a contar da transmissão da intimação.

Findo o prazo, com ou sem manifestação das partes, venham-me os


autos imediatamente conclusos para decisão.

Publique-se.

Brasília, 25 de outubro de 2010.

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

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