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Analise de O king de Luciano Berio

Em O king, um dos materiais mais evidentes é a serie de alturas que Berio empregou

como material base para construir o motivo principal desta obra e o modo como ele é

conduzido no tempo. Este motivo está diretamente atrelado ao material melódico e sua

estruturação, sendo possível observar a aparição dele ao longo da peça toda.

O material base constitui-se de uma serie composta por 21 notas que é simplesmente

reiterada ciclicamente no tempo, tomando toda a extensão da obra. Este material não se

caracteriza apenas pela reiteração, mas também por sua composição interna. Pode-se observar

claramente a presença de três ciclos, sendo cada ciclo iniciado na nota fá; o primeiro e o

segundo aparecem incompletos e o terceiro realiza a polarização da nota si bemol que finaliza

essa estrutura ternaria. Porém, o motivo pode ser dividido em duas partes, sendo a primeira

correspondendo aos dois primeiros ciclos e a segunda referente ao terceiro ciclo.

Estes ciclos guardam dentro de si estruturas direcionais bem evidentes: a direção

ascendente sempre retomada da nota fá; a presença de dois grupos hexatonicos; as notas do

primeiro ciclo projetando-se nas notas do segundo ciclo e a polarização do si bemol.

No entanto, Berio não apresenta o material cromático em sua totalidade, optando por

reservar o surgimento gradual das notas faltantes no decorrer da peça. Esse é um processo

quase imperceptível. Os dois grupos de tons inteiros, ou seja, dó – ré – mi –fá#- sol# - lá# e

dó# - ré# - fá – sol – lá – si, são apresentados de forma incompleta, (como já foi mostrado) no

motivo principal. As notas faltantes são lentamente introduzidas da nevoa instrumental que

permeia o motivo cantando pela voz. Sendo assim, observa-se que as primeiras notas a serem

introduzidas no material do motivo são dó e mi, na flauta e no piano respectivamente e em

dinâmica entre pppp e p, o que faz com que elas não alterem a sequência de notas do motivo,
passando quase que despercebidas. Este processo fechará seu ciclo com a apresentação das

duas ultimas notas restantes, um fá# grave no piano em dinâmica pp no compasso 19 e um

sol.
No ponto de vista das estruturas temporais, o motivo é trabalhado por reiterações,

sendo reiterado 5 vezes durante a duração total da obra e apresentando revestimentos dirigidos

por mecanismos de preenchimento do total cromático.

No âmbito das durações, Berio faz uso de valores que se alternam entre longos e

curtos, sendo o valor mais curto uma colcheia e o mais longo o equivalente a 8 colcheias. As

alterações de duração de cada elemento da serie modificam o peso das notas dentro da

melodia. Sendo assim, a serie de altura sofre uma espécie de rotação regida pela modificação

do peso das notas de apoio do motivo.

No tratamento das durações, Berio utiliza uma serie também com 21 valores rítmicos

apresentada em suas cinco primeiras permutações cíclicas, onde se pode notar a mudança de

peso das 21 notas do motivo decorrente da sobreposição de uma estrutura de permutação ( no

caso a serie rítmica), com uma estrutura de reiteração (a serie de alturas). No esquema da

figura abaixo é possível observar o deslocamento dos valores mais curtos e mais longos,

fazendo com que a nota fá que no inicio é apresentada com notas longas, aos poucos adquira

valores mais curtos.

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