como professor. E um dia desembarquei da crítica musical. Me deu uma. vontade danada ma vez fui crítico musical de citar Manuel Bandeira citando Olavo Bilac: e não foi em outra vida, foi "Que outros, não eu, a pedra cortem" ... De lá mesmo nesta. O lendário para cá tomei outros caminhos, para além P.E Gastal me levou para da crítica, masdas críticas daqueles tempos o mesmo espaço na im- prensa que era dividido por Paulo Antônio e Aldo. Obino, críticos musicais de longa data, junto com' Her- bert Caro que ocupava a de crítico ficaram registros incríveis. o argentino Mau- ricio Kagel e suas ações musico-teatrais, Svi Shankar e seu sitar, Pierre Boulez e a Filarmô- nica de Nova York.Acima de tudo a estreia da cantata sinfônica Os Campeadores, do gaúcho Bruno Kiefer,sobre versos do também gaúcho sua coluna dos sábados para apresentar, com dever-se-ia também reduzir o coro. Isso não Carlos Nejar. muito humor e melhor ironia, os vinis que na- acontecendo, muitas vezes este acabará por Também sinto falta de crítica de música quela época eram fartos e frequentes. Fico um obscurecer elementos orquestrais igualmente erudita. Mas não para compor uma história pouco magoado quando só Obino, Caro e Pau- importantes, o que de fato aconteceu terça-fei- da música erudita do Rio Grande do Sul, que lo são lembrados como críticos musicais atu- ra última. Além disso, a interpretação da obra esta está sendo composta em outros meios antes, pois também Maria Abreu, Bruno Kiefer de Haydn foi pontilhada, toda ela, por desacer- e com muito mais competência e pormenor. e eu fizemos a crônica da música de concerto' tos maiores e menores". Isso em 1974! Nem para fazer registros da movimentação lo- de então. É que faz muito tempo: me dediquei O concerto foi numa terça-feira, a crítica foi cal, como se fazia nos tempos bravos dos 1970. à crítica musical entre 1974 e 1976.Ainda nem publicada no jornal de sexta e na terça seguín-: A crítica de música hoje deixou de ser apenas tinha terminado o curso de música ria univer- te eu tinha aula de regência com Kornlós. Uma ter um pouco mais de modéstia quando es- o registro de fatos específicos para se tornar sidade e já lançava frases e mais frases com sequência de eventos não muito auspiciosa. crevesse, observando aqui e acolã os limites realmente crítica ao derivar em direção a ou- uma coragem que não sei de onde vinha, pois Nunca esqueci a frase com que Komlós da cortesia, fazendo esforço para perder a tras áreas, fazendo conexões, estabelecendo às vezes cutucavam com vara curta os meus me recebeu, sentado ao piano como sempre piada e não perder o amigo. paralelos, assinalando divergências. Aí sim, ela próprios professores. ' ficava nas aulas; um charuto meio apagado Mas, como escreveu há pouco Ion Carama- se afasta da futilidade e se torna útil. Se não, Foi numa dessas ocasiões que-Pablo Kornlós, entre os dedos: "Tengo uma pelea contigo ..." nica na sua resenha no The New York Times qualquer agenda de eventos em site da inter- maestro da sinfônica local e meu professor de - assim no portunhol escorreito com o qual sobre uma biografia recente de [ohn Lennon, net terá maior serventia. Não fazer crítica mu- regência, me presenteou com uma lição de pa- se fazia entender perfeitamente. Sentou-me Corn Plakes with Iohn Lennon, "Fã, incentiva- sical não é lavar as mãos. Fazer crítica não é se ciência (ou complacência) que nunca esqueci. a sua frente e, com uma calma que a situa- dor, juiz, legista, voz discordante':" um crítico equilibrar na corda bamba. No que me toca, Ele tinha regido a Missa em Tempo de Guer- ção talvez não justificasse, se pôs a explicar pode ser qualquer uma ou todas essas coisas. tudo que sei é do dever cumprido e cumprido ra, de Haydn, num dos seus concertos e lá fui que nunca, jamais, absolutamente, um coro Mas ser amigo? Não". Se Komlós foi paciente há décadas. E lá vem Bilac de novo ..."que ou- eu criticar: "a realização da Missa foi bastante poderia obscurecer a voz da orquestra. Deu - e foi a melhor lição que tive dele -, outros tro - não eu! - a pedra corte". Oh, céus, mas menos feliz que a da sinfonia de Beethoven. O exemplos. Tocou um pouco de piano. Canta- foram bem menos. Elogios poucos. Ameaças que maçada! Será que foi só falar em crítica problema mais grave, ao nosso ver, ocorreu no rolou um outro pouco. Sempre com calma e muitas. erudita e já me fui transformando em parna- desequilíbrio entre as forças orquestrais e co- paciência. Se foi P.E Gastal quem confiou em Cheguei à conclusão que seria impossível siano de ocasião? rais. Uma vez que se reduz a orquestra (como mim para que escrevesse crítica musical, foi me manter a criticar o próprio meio no qual' é costume, ao interpretar Haydn e Mozart), Pablo Komlós quem me ensinou a lição de eu me inserira como músico, como teórico, * Músico