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Acadêmicos: Amanda Tofani Barbosa, Athos Aléf Sandes Oliveira, Emanuela Marques
Gomes, Luany Veloso Correia, Maria Luiza Alvez Silveira, Querém Hapuque
Nascimento Rodrigues
Montes Claros
Dezembro/2018
1. Analise os direitos humanos violados no caso em julgamento e a previsão legal da
sua proteção no âmbito internacional.
A Corte Interamericana de Direitos humanos, julgou o caso Nova Brasília vs.
Brasil, proferindo sentença no dia 16 de fevereiro de 2017. O caso trata-se do homicídio de 26
homens e violência sexual contra 3 mulheres, crimes praticados por policiais na ocasião de
incursão à Favela Nova Brasília. A sentença dispõe acerca das falhas, omissões, demora na
investigação e punição dos responsáveis pelos crimes já citados. As mortes foram registradas
pelas autoridades policiais sob a categoria de “atas de resistência à prisão” e “tráfico de
drogas, grupo armado e resistência seguida de morte”. Consta também que, três mulheres,
duas delas menores, teriam sido vítimas de tortura e atos de violência sexual por parte de
agentes policiais. Além disso, se alega ainda, que a investigação dos fatos mencionados teria
sido realizada supostamente com o objetivo de estigmatizar e revitimizar as pessoas falecidas,
pois, o foco teria sido dirigido à sua culpabilidade e não à verificação da legitimidade do uso
da força.
A partir das alegações das partes e do Relatório de Mérito da Comissão, a Corte
julgou o caso à luz das provas constituídas e das Convenções Interamericanas de Direitos
Humanos, para Prevenir e Punir a Tortura e para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
a Mulher (Convenção do Belém do Pará). Desta forma, considerou o Estado Brasileiro
culpado por violar o direito às garantias judiciais de independência e imparcialidade da
investigação, devida diligência e prazo razoável, estabelecidas no art. 8.1 da Convenção
Americana de Direitos Humanos:
8.1. “Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada
contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.”
A Corte, considerou que a longa duração das investigações fez com que os
familiares das vítimas mortas permanecessem em situação de incerteza. E por tal razão, sem o
fim necessário que buscasse a culpabilidade, é como se os familiares das vítimas de homicídio
e as vítimas de abuso sexual revivessem os fatos e se com sensação de impunidade, além do
descredito nos organismos policiais.
Ao direito à proteção judicial estabelecida no artigo 25 da Convenção Americana de
Direitos Humanos.
“Art. 25º -
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso
efetivo, perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem
seus direitos fundamentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente
Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando
no exercício de suas funções oficiais.
2. Os Estados Partes comprometem-se:
a. a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do
Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso;
b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e
c. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda decisão em
que se tenha considerado procedente o recurso.”
O dispositivo legal define que toda pessoa humana tem direito a um recurso simples e
rápido, ou qualquer outro recurso efetivo que à proteja de violação aos direitos fundamentais
garantidos pela Constituição. A Constituição Brasileira também traz mecanismos para
proteção e garantias destes direitos, como os remédios constitucionais, as ações diretas de
inconstitucionalidade e os recursos extraordinários. Como por exemplo os incisos XXXV “a
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” e LXXVIII “a
todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Portanto a Corte concluiu que não
houve duração razoável do processo, celeridade, não exclusão da apreciação do Poder
Judiciário a lesão ou ameaça ao direito.
Houve violação também aos direitos à proteção judicial e às garantias judiciais
previstos nos arts. supracitados e aos arts. 1, 6 e 8 da Convenção Interamericana para Prevenir
e Punir a Tortura (CIPPT), bem como o art. 7 da Convenção Belém do Pará (Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – CIPPEVM) em
detrimento das três mulheres vítimas de violência sexual.
“Art. 7º -
Os Estados Partes condenam todas as formas de violência contra a mulher e convêm
em adotar, por todos os meios apropriados e sem demora, políticas destinadas a
prevenir, punir e erradicar tal violência e a empenhar-se em:
a. abster-se de qualquer ato ou prática de violência contra a mulher e velar por
que as autoridades, seus funcionários e pessoal, bem como agentes e instituições
públicos ajam de conformidade com essa obrigação;
b. agir com o devido zelo para prevenir, investigar e punir a violência contra a
mulher;
c. incorporar na sua legislação interna normas penais, civis, administrativas e de
outra natureza, que sejam necessárias para prevenir, punir e erradicar a violência
contra a mulher, bem como adotar as medidas administrativas adequadas que forem
aplicáveis;
d. adotar medidas jurídicas que exijam do agressor que se abstenha de
perseguir, intimidar e ameaçar a mulher ou de fazer uso de qualquer método que
danifique ou ponha em perigo sua vida ou integridade ou danifique sua propriedade;
e. tomar todas as medidas adequadas, inclusive legislativas, para modificar ou
abolir leis e regulamentos vigentes ou modificar práticas jurídicas ou consuetudinárias
que respaldem a persistência e a tolerância da violência contra a mulher;
f. estabelecer procedimentos jurídicos justos e eficazes para a mulher sujeitada a
violência, inclusive, entre outros, medidas de proteção, juízo oportuno e efetivo acesso
a tais processos;
g. estabelecer mecanismos judiciais e administrativos necessários para assegurar
que a mulher sujeitada a violência tenha efetivo acesso a restituição, reparação do dano
e outros meios de compensação justos e eficazes;