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DIREITO CONSTITUCIONAL

WALKER AUGUSTO FARIAS CAMARGO

RESENHA CRÍTICA SOBRE AS OBRAS “O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO” E “A


FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO”

1 – Ferdinand Lassale: O que é uma constituição?

Nascido em Breslau, em 11 de abril de 1825, Ferdinando Lassale foi um economista,


ativista e autor importante na construção da cosmovisão constitucional contemporânea.
Escreveu seus pensamentos sobre o contexto histórico da primavera dos povos que ocorrera
no século XIX. Lassale embasa seu pensamento sobre a constituição em 4 (quatro) partes, as
quais serão explicas no decorrer dessa resenha.

No capítulo 1, Lassale começa sua obra definindo as diferenças entre a lei e a


constituição, explicando que a uma constituição é uma lei, porém, uma lei cujo a importância
é diferenciada por conta da inflexibilidade de alteração ou criação. Uma constituição é
sagrada e sua alteração deve seguir um rito diferente da lei. A constituição é uma lei
fundamental que rege a nação.

Apesar de ser especial e orientadora da ordem a qual a nação se guiará, não é


suficiente. É necessário que se haja uma ordem que trate de assuntos mais específicos,
respeitando a lei maior do Estado. A constituição, em suma, é a junção dos fundamentos,
princípios e garantias que o povo terá sob o solo do Estado.

O autor defende a existência do que ele chama de “fatores reais de poder”. No


contexto histórico em que vivia, a vontade de uma minoria privilegiada é que determinam a e
orientam a as leis que regem a maioria. Lassale divide toda a sociedade da época em classes,
sendo essas: a monarquia, a aristocracia, a grande burguesia, os banqueiros, a pequena
burguesia e a classe trabalhadora. Essas classes juntas, tornam-se a essência que constrói de
uma constituição.

A monarquia é um dos fragmentos da constituição, cuja a mesma detém o poder da


força e por isso impõe suas vontades. A aristocracia, por possuir bens e terras, acaba
influenciando a coroa. A grande burguesia também se interessa numa parte do poder, pois
goza do “privilégio” de manter a economia sem nenhum colapso. Os banqueiros são os que
financiam a burguesia e o Estado sempre que necessário, portanto as leis também devem
beneficiá-los. A pequena burguesia e o proletariado juntos são capazes de fazer revoluções e
alterar o equilíbrio de poder, por isso também são uma parte fundamental na fragmentação das
leis.

Lassale trata a respeito da soma dos fatores reais de poder e as instituições jurídicas.
Não basta apenas haver interesses naturais das classes, é necessário haver garantia de seus
direitos. A união de todos os direitos numa folha impressa é o marco de que os direitos serão
garantidos a todos. O processo de impressão da junção das leis tem característica jurídica
com mais força e confiabilidade.

O sufrágio também é um importante instrumento da garantia da igualdade dos


interesses das classes perante a constituição. Lassale traz o exemplo de como era organizado a
lei eleitoral na Prússia, no ano de 1849, onde os leitores eram separados por grupos que
levavam em consideração a quantidade de impostos pagos por eles. O levantamento aponta
que a quantidade de ricos é menor que a quantidade de pobres, contudo, a vontade que mais se
expressava era a dos ricos.

Sendo a aristocracia e a burguesia detentora de mais capital que o proletariado (que é a


maioria), seu investimento para alcançar os cargos no governo serão superiores aos
investimentos da terceira classe (pequena burguesia e proletariado), consequentemente, seus
interesses terão mais representatividade. Acima de todos os interesses das classes, está a
vontade do rei, que tem o exercito sob seu poder, pressionando as classes a obedece-lo e a
agradá-lo.

O instrumento de poder do rei se mostra superior ao poder que se apoia o povo, por
conta da organização, disciplina e estrutura militar que o rei dispõe. Diferente da organização
do povo, que apesar de estar em maioria absoluta, não se encontra organizado e unido. Devido
a desordem e a desunião das classes, é impossível saber como será o enredo caso uma delas se
rebele contra a monarquia.

No capítulo 2 Lassale expõe o seu pensamento quanto aos fatos históricos que
envolvem a constituição, dizendo que, mesmo sendo boa ou má, as nações teriam que ter um
constituição que a regesse. Durante a história, constituição demostrou ser um instrumento de
garantias de direitos e perante a tirania da coroa.
O autor entende que os fatores reais de poder variam de acordo com o tempo, o povo,
o espaço geográfico, a demografia e a economia dominante, citando o exemplo do Estado
feudal. O desenvolvimento desses fatores ocasiona na mudança dos fatores do poder, pois há
menos dependência de uma classe pela outra, principalmente da classe trabalhadora. A
burguesia pode crescer a ponto de superar o poder monárquico.

O último capítulo trata a respeito do poder que tem uma nação cujo as classes se
desenvolvem e se organizam progressivamente. A união e o crescimento da burguesia e da
classe trabalhadora acarretam na diminuição do poder da vontade da monarquia. A monarquia
perde o controle e seu instrumento de poder, o exército, não é mais capaz de conter a força das
classes.

1 – Konrad Hesse: A força normativa da constituição.

Konrad Hesse nasceu em 29 de janeiro de 1919, na cidade de Konisberg, na Prússia


Oriental. Foi professor de Direito Público e publicou diversas obras. Nesta obra, Hesse faz
uma pequena análise da obra de Lassale (até concorda em partes), e apresenta sua cosmovisão
acerca da força que rege a constituição.

Não é possível que haja ordenamento jurídico sem que haja um consenso entre a
realidade político-social e a constituição jurídica. Para Hesse, a ordem e a realidade precisam
ser inseparáveis, pois elas definirão os fundamentos principais da constituição da nação. As
normas sempre serão inspiradas pela sociedade.

Diferente de Lassale, Hesse O comportamento social modifica a ordem constitucional,


causando melhora ou não. É em relacionamento recíproco. A constituição deve respeitar a
cultura do povo, e o povo respeitar as leis que as regem. Em suma, essa relação é o que
constitui a força normativa da constituição para Hesse.

A constituição não é formada apenas pela norma, mas também pela a execução, ou
seja, da ação humana. Para Hesse, a norma precisa ser executada conforme o que for
estabelecido, sem a interferência do interesse do executor ou de qualquer grupo classe que
procure ser beneficiada. Outro fator necessário para assegurar o cumprimento das normas é a
“natureza singular do presente”, que é a segurança causada pela correspondência da
constituição aos anseios e aos elementos políticos, sociais e econômicos.
CONCLUSÃO CRÍTICA

A realidade brasileira hoje é diferente do contexto vivido por Lassale. A forma de


governo, a evolução natural da sociedade, o povo, a cultura, etc. Quase tudo é diferente.
Contudo, os grupos que representam o poder político no Brasil estão organizados e divididos,
cada um defendendo seus interesses. Podemos observar também a influências ideológicas e
fazer uma breve análise da atual direita e da esquerda.

No que tange ao social, os partidos de esquerda seguem unidos afim de alcançar seus
interesses nas pautas ambientais, assistenciais do Estado sobre a minoria, etc. A direita
brasileira se caracteriza pela diferença entre conservadores, liberais e liberais-conservadores e
conservadores-liberais. Cada um com sua maneira de tratar as questões sociais e ambientais,
buscando atender a demanda de seu eleitorado que atualmente são os empresários,
agricultores, classe média e alta. As duas buscam atender a classe trabalhadora, mas a forma é
diferente.

Olhar a classe média como sendo a burguesia do tempo atual é agir com
desonestidade, pois não há comparação. O olhar de Lassale é muito velho, comparado a
realidade atual do Brasil. Acredito que Hesse tenha uma visão mais atual, pois a história
mostra que os a constituição é apenas papel diante do interesse político da plutocracia. O
desrespeito às normas constitucionais ocorridos em 2016, com o caso do impeachment da
presidente Dilma Rousseff, elucida bem que, o que faz as normas serem seguidas ou não é a
vontade humana. A constituição prevê, além da perda do cargo, a pena de inabilitação de
ocupação de qualquer cargo público no período de 5 (cinco anos), o que não foi cumprido,
graças à interpretação do presidente do julgamento.

A constituição passou a ser mero livro que o Supremo Tribunal Federal (STF), pode
interpretar como quiser. No caso do impeachment de 2016, o artigo 2° da lei do impeachment
foi interpretado como podendo ser dividido. Nesse caso, o poder judiciário descumpriu a lei e
a interpretou a constituição como quis.

Embora as leis sejam o reflexo da sociedade, ainda temos um governo muito


centralizado, e o poder que emana do povo só é realmente válido em tempos de eleição. Todos
os cidadãos têm voz, teoricamente, mas há também um excesso de divisão dos interesses.
Esses interesses acabam gerando conflitos entre as partes, causando rompimento na união do
povo. O processo democrático possibilita uma melhora no cenário, mas os tempos são
sombrios e incertos diante do baixíssimo grau de confiança que o povo tem em seus
representantes e em suas instituições.

JusBrasil. Disponivel em:


<https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/128811/lei-do-impeachment-
lei-1079-50>. Acesso em: 05 maio 2018.

HESSE, K. A Força Normativa da Constituição. Porto Alegre: Fabris,


1991.

LASSALLE, F. O que é uma constituição? São Paulo: Edições e


Publicações Brasil, 1933.

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