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Sumário:
Associação de resistências. Potência dissipada numa resistência. Circuitos RC
Associação de resistências
R1 R2 Req
I I
ε ε
Figura 19.1
ε = I (R1 + R2 ) . (19.1)
A aplicação da lei das malhas ao circuito equivalente permite concluir que ε = I Req e
portanto
Req = R1 + R2 . (19.2)
R1 R2 Rn
Figura 19.2
n
Req = Ri . (19.3)
i =1
1
No circuito da Fig. 19.3 (lado esquerdo) há agora duas resistências ligadas em
paralelo. A corrente em cada uma delas é I1 e I2, como se indica, e a corrente no circuito
principal é I. De acordo com as leis de Kirchhoff,
I = I1 + I 2 . (19.3)
R1 I1 Req
I
I2
R2
I
ε ε
Figura 19.3
Do lado direito da mesma figura mostra-se o circuito equivalente com uma bateria com
a mesma f.e.m., ε , que é, de resto, a diferença de potencial em cada uma das
resistências (a 1, a 2, ou a equivalente):
ε = IReq , ε = I 1 R1 , ε = I 2 R2 , (19.4)
1 1 1
= + . (19.5)
Req R1 R2
R1
R2
Rn
Figura 19.4
n
1 1
= . (19.6)
Req i =1 Ri
2
Uma diferença de potencial mede-se com um voltímetro, aparelho de medida
que se deve colocar em paralelo num circuito. Na prática um voltímetro tem uma
resistência interna, ri , que, dependendo do seu valor, altera mais ou menos as condições
do circuito. Na Fig. 19.5, o voltímetro, cuja resistência interna se explicita ao lado do
símbolo que representa o aparelho, mede a diferença de potencial entre os pontos A e B,
entre os quais há uma resistência R.
ri
V
i
I I'
A B
R
Figura 19.5
1 1 1
= + . (19.7)
RAB R ri
I' ri
A
A B
R
Figura 19.6
RAB = R + ri . (19.8)
A condição para não haver alteração no circuito é ri = 0 . Na verdade tal não acontece
pelo que ao introduzir-se um amperímetro no circuito, a corrente medida vai ser menor
do que a corrente que existia sem o aparelho de medida.
3
Potência dissipada numa resistência
I R
Figura 19.7
Comecemos por notar que a carga ∆Q = I∆t fica sujeita a uma diferença de potencial V
quando passa através da resistência. A variação de energia potencial eléctrica que, em
módulo, é igual ao trabalho das forças do campo e igual ao trabalho das forças de
resistência, W, é dada por V∆Q , o que nos permite escrever,
W = V ∆Q . (19.9)
P =V I . (19.10)
V2
P = R I2 ou P= . (19.11)
R
A última equação mostra que, num circuito com uma fonte de tensão e uma resistência
fixa, R, a potência varia quadraticamente com a tensão. Nesse circuito a tensão na
resistência de carga é igual à força electromotriz da bateria: ε = V .
4
De quanto aumenta percentualmente a potência dissipada quando a tensão passa
de 220 V para 230 V, mantendo-se R (não importa quanto vale esta resistência)? Esse
aumento é de [(230/220)2 −1]×100 = 9,3%. Notemos que o que calculámos foi um
aumento na potência, não necessariamente na energia consumida! Com mais potência
disponível é necessário menos tempo para fazer certas coisas como, por exemplo,
aquecer água para o chá. Contudo, num mesmo intervalo tempo, uma lâmpada acesa
gastará mais energia se a tensão aumentar (mas a lâmpada também ilumina mais!).
Circuitos RC
R
I
ε q +++
C
−q - - -
Figura 19.8
1
Em inglês “transient”.
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(começando pelo canto superior esquerdo e circulando no sentido dos ponteiros do
relógio), tem-se2
q
IR + −ε = 0 (19.12)
C
donde
ε q
I= − . (19.13)
R RC
ε
No instante inicial, q(0) = 0 e portanto I (0) = I 0 = . Quando a corrente for nula
R
(teoricamente para t → ∞ , mas na prática este tempo pode ser uma fracção de
segundo), I ( ∞) = 0 , e, de (19.13) q( ∞) = qf = ε C . A carga é pois uma função
monótona crescente e a corrente uma função monótona decrescente. A forma precisa
destas funções só se pode encontrar resolvendo a equação (19.13) o que, de resto, nem é
sequer difícil! Como a corrente é a derivada temporal da carga, podemos reescrever a
equação (19.13) na forma
dq ( t ) 1 ε
=− q( t ) + . (19.14)
dt RC R
Trata-se de uma equação diferencial de primeira ordem. Qual é a função q = q(t ) que
derivada em ordem ao tempo dá a própria função [multiplicada pelo factor −(RC)−1]
mais a constante ε / R ? A resposta é
t
−
q(t ) = ε C 1 − e RC
(19.15)
t
dq ε −
= I (t ) = e RC . (19.16)
dt R
Para confirmar que (19.15) é solução de (19.14), basta inserir q(t ) no lado direito de
(19.14) e verificar que se obtém o lado esquerdo dessa equação, ou seja (19.16). Na
Fig. 9.9 mostra-se a dependência da carga com o tempo e da corrente com o tempo. O
que determina a rapidez do crescimento da carga (ou da diminuição da intensidade de
corrente) é o produto da resistência pela capacidade, chamada justamente constante de
tempo:
τ = RC . (19.17)
2
Repare-se que da maneira que se está a circular encontramos primeiro a placa positiva do condensador e
o pólo negativo da bateria.
6
A corrente inicial ou a carga final não dependem da constante de tempo mas o tempo de
carga do condensador (ou da corrente transitória) depende. Na Fig. 19.9 as curvas tanto
para a carga como para a corrente referem-se a duas constantes de tempo diferentes.
Quanto maior for a constante de tempo mais tempo demora o condensador a carregar.
q I
I0
qf
τ1 τ2 > τ1 τ2 > τ1
τ1
t t
Figura 19.9
Suponhamos que o condensador foi carregado com carga q0, e depois ligado a
uma resistência, tal como se mostra na Fig. 19.10, através da qual descarrega.
R
I
q +++
C
−q - - -
Figura 19.10
A análise da situação é ainda mais simples do que no caso anterior pois não há bateria.
Aplicando a lei das malhas de Kischhoff, começando pela resistência e no sentido
horário [ou, simplesmente, fazendo ε = 0 na Eq, (19.12)], temos
q
IR + =0 (19.18)
C
ou ainda
dq ( t ) 1
=− q( t ) (19.19)
dt RC
t
−
q ( t ) = q0 e RC
(19.20)
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(o factor constante q0 é a carga no instante inicial). Se derivarmos esta função − lado
esquerdo da equação (19.19) − obtemos o lado direito da Eq. (19.19). Logo (19.20) é
solução de (19.19). A corrente é
t t
q − −
I (t ) = − 0 e RC = − I 0 e RC . (19.21)
RC
O facto de esta corrente ser negativa significa simplesmente que tem sentido contrário
ao escolhido na Fig. 9.10. Agora, à medida que a carga diminui, a corrente também
diminui em valor absoluto. A maior ou menor rapidez a que esta diminuição da carga e
o módulo da corrente se processa é governada pela mesma constante de tempo,
τ = RC [ver (19.17)], anteriormente introduzida.
Na Fig. 9.11 representa-se a carga no condensador e o módulo da corrente no
circuito em função do tempo.
q |I|
q0
I0
τ2 >τ1 τ2 >τ1
τ1 τ1
t t
Figura 9.11
q0
0,37 q0
τ t
Figura 9.12