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n. 3 | julho | 2018
distribuição digital gratuita
{} editor
Rafael Voigt Leandro
{voz da literatura}
revista de crítica e divulgação de obras literárias e afins.
independente, mensal, gratuita e distribuída digitalmente.
www.vozdaliteratura.com | facebook | instagram
vozdaliteratura@gmail.com
brasília-df | tiragem digital: ilimitada.
moçambique
{moçambique}
Moça(mbique)
Berço sagrado da Josina
Terra amarga, Mãezinha!
Onde o povo ronca pelo perdão divino.
Moça(mbique)
Terra de ouro e mineral
País fardado de recursos minerais.
terra revestida de carvão
Pátria libertada na escravidão
Moça(mbique)
Terra Mãe, que me negaste o amparo
Terra onde nascemos
Patria amada, Onde pretendo morrer.
Ernesto Moamba
{Filho da África}
É desta forma, impiedoso e triste, que inicio o meu como nas lutas pela independência e, mesmo, nas guerras
ensaio literário sobre a literatura moçambicana pós-coloniais. Desse modo, o estudo da poesia de José
contemporânea. Na verdade escrever penetradamente Craveirinha requer um entendimento, nem que seja
sobre alguns aspectos que consolidam poeticamente a mínimo, da história de Moçambique, pois, de modo
literatura moçambicana nunca foi a minha intenção. Mas, diferente, a leitura de sua poesia pode resultar parcial. Se
com o impulso das veias e o ecoar das vozes cada poeta cria a partir de sua presença no seu mundo e
silenciadas dentro de mim, decidi tensamente a dos cidadãos de seu tempo, José Craveirinha confirma a
descrever. Não para contradizer o que outros dizem experiência como um motivo da construção literária. Nesse
sobre ela, nem para ferir com as sensibilidades sentido, Ana Mafalda Leite (1991, p. 21) afirma que a sua
humanas, mas, sim, para atrair emoções e despertar atividade enquanto poeta, assim como a da maioria dos
curiosidades e trazer uma ideia construtiva inerentes ao poetas e artistas de Moçambique, estava condicionada ao
seu trilhar no mundo da escrita. silêncio imposto e à ameaça da polícia política. José
Craveirinha enforma por esse motivo, com Rui Nogar,
A literatura moçambicana contemporânea dificilmente Malangatana Valente, Luís Bernardo Honwana e Orlando
poderia ser abordada sem a lembrança marcante de Mendes, aquela que poderemos designar por geração do
poetas como Rui Knopfli, Noémia de Sousa, Rui Nogar silêncio.
e, para saltar para o presente, Eduardo White, que a sua
vivacidade em poesia perdeu-se em 2014. Todos eles, Queria também esclarecer que a poesia é relativamente
poetas que contribuíram para a invenção de e pouco procurada pelos autores, assim como leitores
Moçambique. Mas José Craveirinha (1922-2003) ocupa moçambicanos, preferindo estes a prosa. No entanto, nesta
um espaço especial no contexto da literatura categoria, destacam-se brilhantes escritores como José
moçambicana. Os temas desenvolvidos na sua poética Craveirinha, vencedor do Prémio Camões, Albino Magaia,
estão intimamente imbuídos de experiências políticas do associado à prestigiada Associação dos Escritores
país e do seu envolvimento nos momentos de Moçambicanos, enquanto que na prosa moçambicana -
transformações decisivas do processo colonial, bem esta, sim, embora jovem, considerada um elemento vital e
{moçambique}
prodigioso na literatura lusófona - destacam-se, frente, para um caminho cheio de espinhos que somente
primeiramente, Mia Couto, talvez o mais influente autor derrama lágrimas e sangue. Quero acreditar que muitos
moçambicano, vencedor do Prémio União Latina de entendam este fio de palavras não como uma crítica, mas,
Literaturas Românicas de 2007 - de importância sim, como uma visão espiritual ou uma análise pessoal.
amplamente reconhecida, visto que alguns dos seus Existem alguns escritores de renome que consideram a
contos são leccionados nas escolas portuguesas; escrita actual como "nada ou coisa nenhuma". Claro, cada
seguidamente, José Craveirinha, o aclamado vencedor um tem o seu ponto de vista e que deve ser respeitado,
do Prémio Camões, por votação popular, consagrando o embora haja uma necessidade de se filtrar o que se diz em
seu sucesso junto do público; e Paulina Chiziane, uma público para não resultar em confrontos linguísticos ou
das mais promissoras escritoras da lusofonia. perda moral da estatura ou humanismo, pois a literatura
moçambicana é feita de várias maneiras. Cada poeta ou
No presente contexto, espelhando ainda mais para o escritor tem o seu lado criativo. Eis a questão que deixo
dia de hoje, nos deparamos com uma escrita ficar: - Por que não olhamos para esta nova escrita como
unicamente esplendosa e riquíssima, carregando esta uma inovação ou continuidade?
uma temática de raiz e tensamente compreensível, visto
que a sua dinâmica é caracterizada pelos vários Para finalizar, apetece-me dizer que a literatura
momentos resgatados durante o percurso de sua moçambicana actual esta a caminhar positivamente. Existe
história. Embora observe-se por parte de alguns a perda dentro dela uma nova semente germinando. Esta nova
irreversível da nossa história baseada nas nossas geração apresenta-se mais rica de ideias, inovação,
origens tradicionalmente culturais. experiência e auto-determinação, resultado de muita
pesquisa e entrega. Gostaria de nomear alguns ou todos,
Permitam-me dizer que o poeta moçambicano de mas para não cair em queda de esquecer alguns prefiro
hoje considera-se "selvagem", quer fazer o que bem parabenizar ao grupo em geral pelo que têm feito pela
entender, preocupa-se com o amanhã mais do que com literatura moçambicana, apesar de estarmos a viver num
o resgate das suas origem esquecidos no passado. No país ainda em desenvolvemento cultural.
entanto, existe um ego dentro de si, que o guia para
sala
de
aula
sala. aula. aluno. professor. docente.
discente. homenagem. valor.
educaçao. formaçao. voz. sala. aula.
aluno. professor. docente. discente.
homenagem. valor. educaçao.
formaçao. voz. sala. aula. aluno.
professor. docente. voz.
{sala de aula}
__ AO PROFESSOR EDUARDO DE ASSIS DUARTE, COM CARINHO
{} POR RAFAEL BALSEIRO ZIN
Durante a graduação em Sociologia e Política, que Eduardo de Assis Duarte, da Universidade Federal de Minas
cursei na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Gerais, intitulado Notas sobre a literatura brasileira
entre os anos de 2009 e de 2012, diversos temas, afrodescendente:
assuntos e debates despertaram o meu interesse. Como
não poderia deixar de ser, aproveitei esse período de (...) no mesmo ano em que Luiz Gama publicava suas
efervescência mental e criativa para dar vazão a uma Primeiras trovas burlescas, Maria Firmina dos Reis trazia a
espécie de laboratório de experimentações. Entre as idas e público Úrsula. Deste modo, se a literatura afro-brasileira
vindas e os inúmeros exercícios de iniciação intelectual tinha, em 1859, um de seus marcos fundadores, após a
que uma empreitada como essa sugere, aos poucos, fui redescoberta de Úrsula, passa a ter dois, o que induz a
assentando minha curiosidade e orientando os meus pensar na existência não apenas de um Pai, mas também de
esforços de pesquisa no sentido de compreender um uma Mãe.
fenômeno bastante singular e que, comumente, é pouco Admito que, até então, jamais ouvira falar sobre essa
observado pelas ciências sociais: as condições e escritora e tampouco sobre sua obra pioneira – que é
possibilidades de emergência de escritores negros no considerada, inclusive, o primeiro romance de autoria negra e
Brasil do século XIX, bem como a fruição, a receptividade feminina da nossa literatura, além do primeiro romance de
crítica e o estabelecimento de suas ideias e de seus cunho abolicionista. Contudo, ao tomar conhecimento dessas
respectivos textos literários. Refletir acerca das informações, mesmo que de modo abreviado, fiquei ainda
contradições existentes na relação entre ser negro e mais intrigado: se a intenção de refletir acerca das
escritor em uma conjuntura social e econômica de ordem contradições existentes na relação entre ser negro e escritor
escravagista; composta por uma elite intelectual, política e em uma conjuntura política e econômica como a do Brasil
cultural de maioria branca; e em que boa parte da dos oitocentos havia se tornado um objetivo de vida a ser
população era praticamente analfabeta se tornou, para além perseguido, considerando o fato de ter sido Maria Firmina
de uma filiação acadêmica a uma determinada linha de dos Reis (1822-1917) uma escritora afrodescendente, com
investigação, um objetivo de vida a ser perseguido. atuação no mesmo período de Luiz Gama e com sua obra
Foi assim que, nos dois anos finais da graduação, inaugural publicada no mesmo ano em que a dele, minhas
iniciei todo um processo de pesquisa, ainda embrionário, inquietações somente fizeram aguçar a minha curiosidade e o
que resultou, algum tempo depois, em minha monografia meu interesse em estudá-la. Até porque, para além da
de conclusão de curso, voltada para a compreensão dos questão racial, a novidade que se me apresentava residia em
aspectos políticos e sociais contidos na vida e obra de Luiz novas contradições.
Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882), mais conhecido Dessa maneira, iniciei todo um processo de busca por
como Luiz Gama, o negro-autor das Primeiras trovas referenciais teóricos e demais informações que pudessem
burlescas de Getulino, publicadas, em 1859, na cidade de balizar o meu percurso, criando uma base de sustentação
São Paulo, e que, a despeito de ter sido escritor e de ser para reflexões mais substantivas. O resultado desse esforço,
considerado, hoje, um dos precursores do abolicionismo consequentemente, culminou em minha dissertação de
no Brasil, além de Patrono da Abolição em nosso país, por mestrado em Ciências Sociais, defendida em setembro de
muito tempo ficou ausente da história e da historiografia 2016 na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e que
literária nacionais, tendo sido resgatado, com mais recebeu o título de Maria Firmina dos Reis: a trajetória
cuidado, somente nos últimos vinte anos, a partir de intelectual de uma escritora afrodescendente no Brasil
importantes trabalhos de pesquisadoras como Elciene de oitocentista. Até hoje, não sei ao certo se o professor
Azevedo e, principalmente, Ligia Fonseca Ferreira. Eduardo de Assis Duarte está ciente dessa história. Mas é a
Ao longo daquela pesquisa, curiosamente, em meio ele, e justamente a ele, que eu devo a inspiração para essa
a algumas leituras direcionadas para o aprofundamento da pesquisa e a quem eu ofereço todo o meu carinho e os meus
análise acerca da atuação política e da trajetória intelectual mais sinceros agradecimentos.
do advogado dos escravos, eis que me deparei com o
seguinte excerto de um artigo escrito pelo professor
RAFAEL BALSEIRO ZIN é doutorando em Ciências Sociais pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pesquisador do
Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp).
poesia
No meio do caminho
That monster, custom, who all sense doth eat
Hamlet
{continua}
crítica
literária
crítica. teoria. leitura. opiniao. analise.
crítico. voz. crítica. teoria. leitura.
opiniao. analise. crítico. voz. crítica.
teoria. leitura. opiniao. analise. crítico.
voz. crítica. teoria. leitura. opiniao.
analise. crítico. voz.
{crítica literária}
memórias de formação como sujeito em um espaço- reducionista desvelar o sentido do título, é interessante
tempo avassalador da meninice na periferia, da escola, anotar algumas possibilidades de leitura que lançam novos
dos tempos de Marinha, da vida como instalador de olhares para o romance. Há dois momentos em que se
exposição artística, do trabalho no tribunal, do antigo revelam sentidos para esse título que muito diz em sua
apartamento, de Arnaldo (dançarino e seu polissemia do não-dito. O primeiro aparece em relação ao
companheiro), da tentativa de ser artista ou fotógrafo. apartamento reformado e adaptado ao cadeirante Antônio:
Enfim, nessa segunda perpendicular, a memória pontilha “{...} Só não tocaram no dente, na viga de sustentação”. O
segundo momento surge na lembrança sobre os tempos
a narrativa, em transições naturais, mas com substancial
da Marinha: “Enquanto os dentes da boca deram conta, ele
composição psicológica, com a revelação gradual da mordeu, sustentou a vida que havia construído tijolo a
doença degenerativa de Antônio e de seus dramas tijolo, só que agora não dá mais. Agora ele sabe que
pessoais. acabou.” (p. 58). Essa segunda expressão preenche o
enredo, por revelar a impossibilidade de Antônio seguir
Cada núcleo da memória e das experiências
sua vida no antigo apartamento, tendo que encontrar
fortalece a narrativa. A forma-romance de Enquanto os refúgio, mesmo a contragosto, somente no retorno à casa
dentes se estabelece esteticamente por uma materna, depois de um afastamento de 20 anos.
condensação da memória, que nos permite compor o
personagem e senti-lo bem presente, assim como notar Em meio à barca Gaivota, Antônio está confinado, pesa
as tensões existente na vida de Antônio. na barca lotada, quando precisa sair. A barca simboliza
uma metáfora por trás da história como uma transição na
A extensão reduzida do romance – são apenas 93 vida do personagem, de um inesperado e indesejado
páginas - possibilitaria retornar à velha discussão – em retorno à casa dos pais. Na barca, compreende-se o
boa parte infrutífera - de definição do gênero literário: espaço de confinamento do cadeirante Antônio não apenas
conto, novela ou romance? No caso de Enquanto os na cadeira e na imobilidade advinda da doença
dentes, o que se vê consagra-se como romance pela degenerativa, mas também no silenciamento e na
pluralidade de vozes e temas emaranhados. incompreensão de suas necessidades humanas, desde as
sexuais até as artísticas, levadas à tona em seu
No realismo desse romance, a semântica da memorialismo.
deficiência se amplifica quando, na leitura do texto,
importa considerar que socialmente o significado da Um ponto de contraste com a imobilidade se encontra
deficiência se alastra pelos sentidos de “deficiência na libertadora atividade artística desenvolvida por Antônio,
social”, seja pela homossexualidade incompreendida ou interrompida em parte após o desenrolar da doença
pela cor da pela, o que se ouve, ainda nos tempos parcialmente incapacitante. A arte e a fotografia parecem
coetâneos, nos discursos estigmatizados e alinhados a indicar algo mais sobre Antônio e sobre o próprio
certo conservadorismo liberal, sempre rebaixando a romance:
homossexualidade e o negro como fraquezas de caráter
unicamente morais, sem imbricar e comprometer a Antônio pensa que o artista deve encarar sua produção da
própria sociedade e a formação histórica dos valores mesma forma que uma criança olha para seus próprios
rabiscos. Ela desenha, pinta ou recorta algo e tem a
atribuído à deficiência física, à homossexualidade e ao capacidade de enxergar nesses borrões o mundo inteiro. Em
lugar do negro. É o pai, o Comandante, aposentado do seus experimentos, consegue ver nitidamente o pai, a mãe,
Exército, quem representa o conservadorismo e o um elefante alado, e é assim que toma pé das coisas, que vai
se constituindo como gente. Antônio costumava desenhar
discurso preconceituoso: “Quando é que você vai quando pequeno, e diziam que levava jeito. Ele prestava
procurar um trabalho de verdade, hein, rapaz? Esse atenção nas cores do bairro, no que estava a seu redor, e
negócio de pintura é coisa de mariquinha” (p. 87). vivia rabiscando em qualquer papel disponível, nos
envelopes que o Comandante trazia do trabalho e não
Do lado desses sentidos, a deficiência física nos prestavam para mais nada, nos versos das folhas com os
coloca diante dessa insolúvel equação dos nossos hinos da igreja que não se cantava mais, porque sempre
inventam novos. Mas, com o tempo, como acontece com
tempos, embutida em um único personagem. Contudo, todo mundo, ele foi se afastando dessa prática, foi sendo
o romance de Carlos Eduardo Pereira não se estende induzido a olhar para a frente, e não para os lados. (p. 88)
em comiseração ou no hasteamento de bandeiras de
Esse olhar artístico de Antônio reflete na própria
qualquer causa que seja, embora, nas entrelinhas, possa reflexão sobre a composição literária de Enquanto os
o leitor encontrar por conta própria todas essas dentes, como sugere essa passagem de de significativo
questões postas. A causa, na pele de Antônio, é teor metaficcional, com a ficção refletindo sobre si mesma.
simplesmente "ser" como qualquer cidadão. Em trechos como esses, observa-se como a memória
A expressão “enquanto os dentes”, que intitula o (espaço de liberdade) evidencia o lugar da literariedade em
romance, está indefinida, incompleta, como a nossas vidas. Antônio permite-se ser livre na sobreposição
demonstrar uma fratura, possivelmente dessas temáticas
sociais levantadas pela narrativa. Embora pareça
{voz da literatura} n. 3 | julho | 2018 {14}
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de sua experiência no tempo presente da narrativa com de uma cadeira de rodas, de aspectos orgânicos do
a memória de vários tempos. cadeirante, dos pertences pessoais levados na mudança,
importam muito para a função social da literatura da qual
O romance aparenta uma simplicidade de forma. É
Carlos Eduardo demonstra ter plena consciência.
justamente por entre essa simplicidade que se releva o
equilíbrio de uma narrativa densa, sem excessos, mas Enquanto os dentes é uma fotografia contemporânea do
muito bem urdida para o que chamei acima de realismo Brasil de hoje, com a objetiva bem preparada para
de experiência, em que o leitor é dragado para o estampar a incompletude social representada por
universo particular de Antônio. personagem negro, homossexual e cadeirante, em um
No desenrolar da narrativa, há também um desejo do drama pessoal e familiar que tensionam os vários nós da
narrativa. Esses nós ressoam no título e na obra, com seu
narrador em registrar as coisas da contemporaneidade,
dizer sem dizer por completo, que permanece até a última
porém sem qualquer afã balzaquiano de inventariar palavra do romance.
coisas e costumes. Não. As coisas estão no discurso
porque sua estética social requer. A descrição minuciosa
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redes
sociais
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Um dia comecei a ler e não parei mais. Paulo, sei que é pelas literaturas que devo continuar me
Da paixão pelos livros, surgiu a comichão de enveredando. A leitura permeia não só minhas vidas
compartilhar com alguém aquilo que a leitura me acadêmica e profissional, como também enriquece minha
oferecia. No entanto, como sempre fui muito tímida, não vida afetiva, trazendo amigos insubstituíveis e experiências
me era dada a oportunidade de conversar com quem maravilhosas que eu não obteria de outro modo. Graças ao
quer que fosse sobre a literatura. Os livros tornaram-se LiteraTamy, já tive a oportunidade de viajar por algumas
meus melhores amigos. Durante muito tempo vi a leitura cidades do país, conhecer e conversar com autores
como ato solitário e mais de uma vez tive que engolir admiráveis, firmar parceria com editoras das quais sou fã e
secamente minhas impressões sobre o que lia entrar em contato com livros incríveis que foram
simplesmente por não ter com quem dividi-las. indicações de outros leitores ou escritores que me
procuraram para que eu conhecesse e divulgasse suas
Até que, no final de 2014, cursando o segundo obras.
semestre do curso de Letras (que, naquele momento,
estava em greve), enquanto passeava pelo Instagram dei Posso dizer que, atualmente, o LiteraTamy expandiu
de cara com uma foto de Proust – o autor francês que seus horizontes, e se antes tinha como foco principal a
conheci na faculdade e por quem me apaixonei de tal leitura e comentários sobre livros clássicos, hoje estendeu
maneira que decidi, no mesmo instante, estudar francês o olhar primordialmente à divulgação e ao destaque da
para poder lê-lo no idioma original – e aquilo me literatura nacional contemporânea, movimento que vai de
encantou profundamente: quer dizer que havia pessoas acordo às minhas inclinações enquanto pesquisadora
falando sobre literatura nas redes sociais? Foi aí que científica na academia (onde estudo a obra de Lygia
entendi que a internet poderia ser um mecanismo para Fagundes Telles, nome de destaque em um projeto
me aproximar de outros apaixonados por livros, assim especial do canal). Naturalmente, tudo isso só faz sentido
como eu. Depois de passar meses maratonando vídeos porque há alguém do outro lado que me lê, que me escuta,
de canais literários e acompanhando de perto a rotina de que dialoga comigo. O LiteraTamy está disponível no
instabookers, em março de 2015 decidi criar o YouTube, no Instagram, no Facebook e no Twitter, meios
LiteraTamy, com o intuito de compartilhar minhas de acesso a essa partilha do encantamento que a literatura
experiências literárias. é capaz de oferecer.
{redes sociais}
{redes sociais}
{
. a cada número, a voz da literatura convidará outras
páginas, para se apresentarem aos leitores da revista.
. todas as informações foram fornecidas pelos próprios
responsáveis pelas páginas indicadas.
{vitrine}
2015 2018
Literatura Portuguesa
Editora 34 Record
2015 2017
periódicos
{periódicos}
{} REVISTA LARANJA ORIGINAL
poesia, prosa ficcional, crítica literária, artigos de opinião, ilustração,
fotografia e artes gráficas.
semestral | impressa e digital
laranjaoriginal.com.br/
{} TRANSLATIO
Revista de Tradução
n. 14, 2017 | semestral
Universidade Federal do Rio Grande do Sul {UFRGS}
http://seer.ufrgs.br/index.php/translatio/issue/view/3381/showToc
{} KOSMOS {1904-1909}
revista artística, científica e literária
mensal
Rio de Janeiro {RJ}
http://bndigital.bn.br/acervo-digital/kosmos/146420
{} ARGUMENTO {1973-1974}
slogan: “Contra fatos há argumentos”
mensal
Direção: Barbosa Lima Sobrinho; Redação: Anatol Rosenfeld,
Antonio Candido, Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso,
Francisco Correa Weffort, Paulo Emílio Salles Gomes.
leitores
{leitores}
O PERDÃO {ROMANCE} | ANDRADINA DE OLIVEIRA | ORG. RITA TEREZINHA SCHMIDT | EDITORA MULHERES | 2010
ROSA DO MUNDO: 2001 POEMAS PARA O FUTURO | ORG. MANUELA CORREIA | EDITORA ASSÍRIO E ALVIM | 2001
Dentre os livros lidos em 2018, gostaria de destacar a bela antologia Rosa do Mundo.
2001 poemas para o futuro, organizada por Manuela Correia, com direção editorial de
Manuel Hermínio Monteiro, publicada em 2001, pela editora Assírio e Alvim, que contou
com a colaboração de mais de vinte especialistas. Essa antologia, de quase 2000 páginas,
apresenta 2001 poemas de autores das mais diferentes culturas, com o objetivo de trazer
“poemas escritos em todas as épocas, em todo o mundo. Palavras límpidas e exactas com
que cada um dos poetas escolhidos falou, dalgum modo, de futuro”. De fato, é uma
antologia riquíssima, que trata do futuro dialogando intensamente (quase 1/3 da antologia é
dedicado às tradições orais) com o passado: “não há futuro sem passado, mas também não
haveria passado se, na altura em que foi edificado, não fosse já um desejo de futuro”. Um
futuro que se abre com diferentes cosmogonias e avança até o ano de 1945. Desse longo
movimento temporal, retornamos à criação, ao poder da literatura, dos autores e dos
tradutores que puderam (re)criar em português textos da tradição oral e escrita. Não é
exagerado dizer que Rosa do Mundo oferece ao leitor um pequeno tesouro da literatura
universal.
{leitores}
COMO VER UM FILME {ENSAIOS} | ANA MARIA BAHIANA | EDITORA NOVA FRONTEIRA | 2012
Título enganoso, que sugere a ideia de "manual". Alarme falso, já que a listagem dos
aspectos técnicos que compõem a produção dos filmes – roteiro, montagem etc – vem
acompanhada de uma série de comentários críticos estimulantes, que permitem várias
possibilidades filosóficas, políticas e cotidianas para as obras cinematográficas citadas,
quando se as pensa em rede complexa com a vida, sem ingenuidades isolacionistas.
Um desses comentários traz a figura do "McGuffin". Técnica hitchcockiana usada para
sustentar o suspense das tramas até o final a partir de sutis pistas falsas que alimentam
brechas de enigma na narrativa, o McGuffin se materializa como uma espécie de estado de
drible praticado pela inteligência, que estende o raciocínio a um nível radical de rigor e
porosidade, típico de toda surpresa quando bem praticada. Estado que lembra a estética do
conto moderno, como a situa o crítico Ricardo Piglia, em seu Formas Breves, e que pode
explicar inclusive o próprio dilema do título do livro aqui resenhado.
O segundo destaque está na questão da "evolução" dos gêneros. Como toda arte, o
cinema tende a produzir seus criadores eventuais, que num repente revolucionam a forma
de se narrar uma história. Caso do Nosferatu de Murnau (1922) e de tantos outros. No
desenvolvimento direto, essas novidades acabam por germinar um intenso processo de
deslocamentos, que vai da repetição dos elementos inovadores iniciais até os metafilmes e
hibridismos, passando pelos estilismos clássicos; fórmulas, clichês e produção crítica, numa
lógica de variação que parece ser a dinâmica pulsante de todas as práticas artísticas.
Altamente recomendável.
entre-
vista
entrevista. entre. vista. voz.
entrevistar. perguntar. responder.
dizer. escrever. voz. entrevista. entre.
vista. voz. entrevistar. perguntar.
responder. dizer. escrever. voz.
entrevista. entre. vista. voz.
entrevistar. perguntar. responder.
e o Pássaro nasceu assim. estão na verdade dentro das palavras que ele escolhe e
constrói.
Você participou de oficinas de criação literária?
Esse estilo narrativo exige sua participação na produção
Sim, a oficina do Marcelino Freire. fiz a primeira em gráfica do romance, sugerindo soluções no projeto visual?
2015 e a segunda em 2016, que proporcionou a
publicação do meu livro. o Pássaro foi escrito como está no livro. a minha editora
respeitou meu estilo.
De que modo chegou à estética de seu livro de estreia?
Por que essa opção de “desmanchar”, ou seja, “retirar a O tema da morte e da perda estão muito presentes no
mancha” contínua da prosa tradicional e transformar sua livro, mas ao mesmo tempo uma certa dose de
prosa em versos, dando outro acento e outro ritmo à espiritualidade. É isso mesmo?
narrativa, como se fosse uma performance no palco? acredito que sim. quando pensei em escrever o Pássaro,
na verdade esse jeito de dizer na página me acompanha pensei em escrever um livro sobre perdas, sem tréguas,
há alguns anos. comecei a escrever assim porque sentia um pouco como no poema da Bishop. One Art
que as minhas palavras precisavam de silêncios pra mim é uma oração
e respirações e talvez a espiritualidade do Pássaro venha da profunda
que eu não conseguia dar caso eu preenchesse a folha admiração que tenho por aqueles versos.
da forma que a prosa costuma fazer.
{entrevista}
Como tem sido a divulgação e a recepção do livro em Poderia listar as escritoras brasileiras contemporâneas com
eventos literários, como as feiras literárias que se as quais tem afinidade literária ou cujos livros lhe
realizam em várias partes do país? marcaram como leitora.?
tenho tido uma experiência muito rica com os leitores e com Prazer.
isso é algo novo pra mim. eu publico meus textos curtos
pela internet há bastante tempo, mas ter um livro e sair Ana Martins Marques. Angélica Freitas. Matilde Campilho.
com ele pelo mundo é de uma força que eu não Maria Rezende. Luisa Mussnich. Lucrécia Zappi. Giovana
imaginava. Madalosso. Bruna Beber. Sheyla Smanioto. Andrea Del
Fuego. Alê Motta. Carol Rodrigues. Paulliny Gualberto
Você se dedica a estudos literários, gosta de ler Tort. Adriana Lisboa. Lâmia Britto. Carola Saavedra.
pesquisas e estudos teóricos de literatura? Priscila Gontijo. Anna Zêpa. Natasha Felix. Cristina Judar.
Patti Smith. Nayara Fernandes, Gisele Mirabai.
teoria não tanto. sou mais intuitiva na hora escrever e
pra mim funciona melhor assim. mas leio muita literatura Quais são suas leituras teatrais? Poderia indicar algumas
e escuto muita música, vejo bastante filme e procuro para os leitores da {voz da literatura}?
estar aberta para vida.
gosto muito de uma peça do Brecht chamada O declínio do
Aproveitando um pouco a divisão por idade dos egoísta Johanm Fatzer.
capítulos de O peso do pássaro morto, quais livros lhe
marcaram aos 8, 17, 20, 25, 30? Se não for possível também A morte de um caixeiro viajante, do Miller.
adotar essas idades, escolha cinco livros que marcaram Um bonde chamado desejo, do Tennessee Williams.
sua trajetória como leitora.
Identidades, do Felipe Franco Munhoz.
quando criança foi um livro sobre dentes, sobre boca
por dentro. eu não me lembro do título, infelizmente. Gota d’água, adaptação de Medéia feita pelo Chico Buarque
mas aquele livro estava sempre comigo e minha boca e pelo Paulo Pontes.
muito viva enquanto eu lia. Eles não usam Black-tie, do Gianfrancesco Guarnieri.
já na adolescência foram dois. Felicidade Clandestina, Gosto muito das peças do Plínio Marcos também.
da Clarice Lispector e Atos, da Marilena Ansaldi, uma
autobiografia da atriz e bailarina brasileira que eu Você costuma acompanhar revistas, blogs, canais literários
encontrei sem querer em um sebo. nas redes sociais? Poderia sugerir alguns para os leitores
da {voz da literatura}?
depois, na fase adulta, as peças de Nelson Rodrigues. e
os poemas de Fernando Pessoa, especialmente do o Margens da Jéssica Balbino e o Livre Opinião do Jorge
Álvaro de Campos. Filholini são dois que eu amo. Também o movimento
#leiamulheres
Alguma leitura de 2018 lhe marcou?
Algumas. a mais recente “Lunário” do escritor português Al
Berto. comecei a ler agora Dulce Maria Cardoso e já
percebo o impacto que ela terá sobre mim.
redivivo
{redivivo}
PITICAIAS
{} Aluísio Azevedo
{redivivo}
TEATRO
{} Aluísio Azevedo
Ontem quase que se chega a representar o quase fidelidade do característico e a observância das
drama de Assis Machado – O Corsário Negro. entonações.
A peça é das tais escritas para o povinho e por tanto D. Rosa da Silva disse satisfatoriamente a sua parte
das tais que sempre agradam. inalterável e sumamente secundária de ingênua.
Falta-lhe tudo para ser um trabalho d’arte e não lhe D. Josefa apresentou um perfeito tipo de japonesa, tipo
falta coisa alguma para ser um drama de encomenda, que merece um cumprimento.
escrito em uma noite, entre três chávenas de café e meia
D. Ludegaria compreliendeu o tom romanesco do papel
dúzia de charutos.
que lhe caiu nas unhas e apresentou-se no primeiro ato
Ah, boemia literária! que carambelas não tens tu com um ar chique de pomba ferida.
dado ao teatro!
O sr. Pedro Augusto deu-nos ao vivo o que o autor do
Enfim deixemos o ligeiro trabalho do sr. Machado e drama entendeu de escrever.
tratemos do desempenho que lhe deu a companhia que
O sr. Cordeiro fez perfeitamente o seu tipo e disse
presentemente faz as delícias da plateia maranhense.
muito bem a seguinte frase, que nos ficou de memória:
Como bem se pode calcular os papeis nada
Este cara de alfarreca tem um focinho muito enjoado.
ajudaram os artistas, contudo alguns deles sempre
encontraram do que tirar partido. E creiam que não foi Para quinta-feira está anunciado a A pátria d’Ivry.
pouco.
O público, que dá o beiço pelos dramas de grande
O sr. Gaudêncio, por exemplo, a quem coube o espetáculo, não deve perder o de quinta-feira nós lá
papel de mais trabalho na peça, andou, regularmente, estaremos para dar um dedo de palestra na caixa e uma
graças ao cuidado com que dedica-se aos seus papeis, vista d’olhos pelos camarotes.
as pequeninas observações que faz o tipo que tem de
representar, e graças a veia especial que possui para o Giroflé {pseudônimo de Aluísio Azevedo}
gênero – meio-centro-rude. {} publicado originalmente em Pacotilha – jornal da tarde,
Coube o protagonista ao sr. Eduardo Alvares, que fez ano 1881, n. 42, Maranhão, 30 de maio de 1881. Tiragem
todo o pouco que exigia o papel. de 1.200 exemplares.
}
A EDITORA TODAVIA
LANÇARÁ, EM JULHO,
NOVA EDIÇÃO DE
O CORTIÇO, DE
ALUÍSIO AZEVEDO,
COM APRESENTAÇÃO
DE REGINA
DALCASTAGNÈ E
CAPA DE MARCELO
D’SALETE.
teatro
{teatro}
__ TABLADIANDO
{} POR ANDREIA FERNANDES
O Teatro O Tablado comemora em outubro 67 anos Entretanto, é ali que o teatro se manifesta inteiro.
de existência. Impossível negar sua importância para o Porque o teatro é a arte do encontro com o outro, com o
teatro do Rio de Janeiro e do Brasil. Mas não venho público. Mas para que esse encontro em cena aconteça, é
aqui falar de importâncias. Venho, antes de mais nada, preciso deixar de lado vaidades e certezas. O que vale é o
falar de desimportâncias. Coisas de tabladiana. jogo, o olho no olho, o coletivo. Por isso, afirmo que o
Brasil de hoje carece de teatro. Carece desse encontro
Maria Clara Machado é o denominador comum entre plateia e artista. Desse momento breve e único, mas
dessa longa trajetória. Vestida quase sempre de jeans e que pode gerar uma centelha capaz de iluminar o fundo
camiseta, com sua desimportância, escreveu para das almas e virar a realidade de ponta a cabeça.
crianças quando o teatro era considerado arte para
adulto. Mas suas peças infantis encantaram plateias de Foi por isso que, no palco do teatrinho da Lagoa, Maria
todas as idades. Seu Cavalinho Azul saiu do teatrinho da Clara Machado criou sua escola de teatro, mesmo para
Lagoa e voou pelo mundo todo, deixando na imaginação aqueles que não pretendiam seguir essa carreira. Ela e sua
de crianças de várias cores seu brilho azulado. Já o equipe sempre acreditaram que exercitar o poder do
fantasminha Pluft aplacou medos de gente grande e de coletivo, do olho no olho, é um caminho na direção de um
gente pequena.
No entanto, o Tablado vai além de Maria Clara. No
teatrinho desimportante da Lagoa surgiram, entre
Rubens Correa e Mateus Solano, vários atores,
cenógrafos, figurinistas, iluminadores e críticos de
teatro. Talvez porque no Tablado segue-se à risca a
ideia de que a pessoa de teatro se faz no palco.
O palco é um lugar perigoso, onde o sagrado e o
profano se confundem. Está-se sempre entre o dia e a
noite, a verdade e a mentira, o certo e o errado. Entre
sonhos, sombras e tumultos, tudo é mistério, duvidoso
e possível. Há sempre algo de podre no ar.
{Sombra do desfiladeiro. Rubens Correa e Germano Filho. 1956. Acervo de O Tablado}
{teatro}
{Pluft. Claudia Abreu, Maria Clara Gueiros e José Lavigne. Foto Guga Melgar. 2013}
ANDREIA FERNANDES, formada em Física pela PUC/RJ, é escritora, dramaturga, diretora e professora de teatro. Iniciou sua
carreira no Tablado, com Maria Clara Machado. Foi indicada para o Prêmio Mambembe, pela autoria do infantil “Uma história
de circo”. Escreveu e dirigiu vários espetáculos entre eles o musical “Noel, Feitiço da Vila”, sucesso tanto no Rio como em São
Paulo. Recebeu um prêmio do RioArte com o musical sobre Ismael Silva. Sua última peça, “Paz sem rosto” foi convidada a
participar do Festival “Kids on Stage”, em Dresden, Alemanha, em 2016 e recebeu o prêmio de melhor espetáculo. Venceu o
Prêmio Saraiva de Literatura e Música de 2014, com o romance “Olhos de Cobra”, publicado pela Benvirá em 2015. Tem vários
contos premiados: “A Borboleta azul”: 1º lugar do Concurso de Contos de Araçatuba, 2013. “Lonjuras”: 2º lugar do Prêmio
Machado de Assis do SESC-DF, 2013. “A Moça do Rio”: 2º lugar no Concurso de Contos de Campos dos Goytacazes e “No
Elevador”: 3º lugar no Concurso de Contos Cidade de Lins, 2014.
{vitrine }
japão
oriente-ocidente. ocidente-oriente.
mapa. geografia. japao. sol. brasil
japones. niponico. voz. oriente-ocidente.
ociente-oriente. mapa. geografia. japao.
sol. brasil japones. niponico. voz.oriente-
ocidente. ociente-oriente. mapa.
geografia. japao. sol. brasil japones.
{japão}
tradução
{tradução}
Caro Theo,
Seu amado
Vincent
{fonte} http://vangoghletters.org/vg/
{tradução}
Caro Theo,
Essa foi uma boa notícia que acabei de ler na carta de papai. De
coração, desejo-lhe toda sorte.
Não duvido que isso lhe dará prazer, é uma boa firma.
Será uma grande mudança para você.
Satisfaz-me imensamente que nós dois estamos no mesmo negócio e
na mesma firma, temos que nos corresponder intensamente.
Espero bastante vê-lo antes de sua partida, ainda teremos muito o que
falar.
Creio que Bruxelas é uma cidade prazerosa, apesar de que parecerá
estranha no começo.
Em todo caso, escreva-me em breve.
E agora adieu, essas são apenas algumas poucas palavras escritas às
pressas, mas eu tinha que lhe dizer o quão satisfeito fiquei.
Desejo-lhe bem & creia-me, sempre.
Lamento que você tenha que ir todo dia a Oisterwijk nesse tempo
ruim. Saudações da família Roos.
Org.anização, tradução,
apresentação e notas de Daniel
Dago
Editora ZOUK
2017
antonio candido
1918-2017
{antonio candido}
Aclamado como um dos principais expoentes dos contudo a livre-docência em Literatura Brasileira, o que lhe
estudos literários contemporâneos, Antonio Candido permitiu, anos depois, lecionar a matéria na recém-criada
(1918-2017) tornou-se ao longo dos anos referência Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Instituto
incontornável no âmbito da modalidade de trabalho Isolado de Ensino Superior do Governo do São Paulo
intelectual que o consagrou. Em particular, no meio (atualmente integrado à UNESP), em Assis (SP), em
acadêmico paulista sua obra converteu-se em fonte de meados de 1958. Por essa época, lançou seu mais
inspiração e debate para inúmeras pesquisas importante e conhecido livro, A formação da literatura
relacionadas com a literatura brasileira. Ao mesmo brasileira: momentos decisivos (1959). Rompendo com a
tempo, nos últimos quarenta anos vem se ampliando perspectiva tradicional de periodização historiográfica,
exponencialmente a fortuna crítica voltada para o exame Candido postulava que, no processo formativo da literatura
de seu legado intelectual, objeto de apropriação e brasileira, devia-se distinguir analiticamente, de um lado,
disputa no interior do campo das letras e, em menor as “manifestações literárias” (compostas por um conjunto
medida, mas também de forma crescente, no campo das de obras isoladas e desarticuladas entre si, predominantes
ciências sociais. na fase inicial da produção literária no Brasil, ocorrida entre
os séculos XVI e XVIII), e, de outro, “literatura
Não faltam, sem dúvida, razões que atestem tal
propriamente dita”, definida pela existência de um sistema
incontestável reputação: leitor sensível, que, desde a
literário, formado pela presença concomitante de autores-
mocidade forrava os cadernos escolares com resumos e
obras-público (situação que emerge no Brasil a partir de
comentários sobre livros, Candido iniciou sua trajetória
meados do século XVIII, e que se consolida em fins do
como crítico literário na revista Clima (1942-1945),
século XIX). A partir desse ponto de vista, passa em revista
publicação dedicada às artes em geral criada por um
a produção literária brasileira, destacando suas principais
grupo de talentosos estudantes das primeiras turmas da
figuras e legado.
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da
Universidade de São Paulo (USP). Com a formação e Para além da autoria de extensa, erudita e relevante
prestigio amealhados em suas páginas, foi convidado a obra, Candido foi uma das figuras-chaves do processo de
assumir, a partir de janeiro de 1943, a coluna “Notas de modernização dos estudos literários no Brasil, ao tornar-
crítica”, que saia às quintas-feiras no jornal Folha da se, de 1961 em diante, o principal responsável pelo curso
Manhã (hoje Folha de S.Paulo). Nos rodapés, Candido – posteriormente área e depois departamento – de Teoria
se destacou pela sólida bagagem cultural e literária, Literária e Literatura Comparada (TLLC) na Faculdade de
assim como pelas contundentes opiniões políticas, as Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da
quais, não raro, reverberavam em suas apreciações Universidade de São Paulo (USP). No exercício de suas
estéticas, ainda que não as tenha comprometido. atividades, ele implementou um projeto de ensino e
Profissão de risco, o critico de rodapé colocava sua pesquisa bem-sucedido, que articulou vários níveis de
reputação à prova semanalmente, ao ajuizar o mérito e o atuação: a organização do currículo da Graduação e Pós-
valor de obras recém-lançadas e de autores muitas Graduação; o recrutamento e contratação, entre alunos e
vezes estreantes. Assim sucedeu com Clarice Lispector, orientandos, de futuros professores; o estímulo à aquisição
João Cabral de Melo Neto e Guimarães Rosa, de acervos intelectuais e pessoais de grandes intelectuais e
prontamente reconhecidos por Candido como figuras de escritores (incorporando tal espólio ao meio universitário,
proa na cena literária dos anos de 1940. assim como supervisionando o seu acesso e consulta); a
captação de recursos financeiros para pesquisa (através de
Em junho de 1945, Candido apresentou a
bolsas de pesquisa da recém-criada Fundação de Amparo
monografia “Introdução ao método crítico de Sílvio
à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fapesp); a
Romero” ao concurso da Cadeira de Literatura Brasileira
implementação de amplos projetos de pesquisa coletiva, e,
da FFCL-USP. Embora não tenha conquistado a cátedra,
sobretudo, a formação e treinamento acadêmico de, pelo
em certame polêmico no qual foi preterido em favor do
menos, três gerações de estudiosos da literatura, das quais
candidato que já exercia as funções da cadeira, obteve
{antonio candido}
emergiu um dos segmentos mais expressivos e atuantes redemocratização (nucleada em torno da Faculdade de
nessa área de estudos. Desse ponto de vista, basta Direito de São Paulo). Dessas reuniões dominicais surge o
folhear as obras de Roberto Schwarz, Davi Arrigucci Jr., Grupo Radical de Ação Popular (GRAP), que se ligou, em
Walnice Nogueira Galvão, Lígia Chiappini de Moraes 1943, a um núcleo combativo de estudantes ou jovens
Leite, João Luiz Lafetá, Telê Ancona Lopez, entre tantos formados em Direito para formar a Frente de Resistência.
outros, para espreitar alguma menção à profunda Com o desfecho da ditadura civil varguista, as divergências
influência intelectual de Candido. Como ele próprio internas afloraram e o grupo se desfez: os liberais
advertiu em entrevista: “Se você considerar a crítica ingressaram na União Democrática Nacional (UDN); os
brasileira atual, verá que alguns dos seus melhores socialistas fundam a União Democrática Socialista (UDS).
praticantes trabalharam e fizeram pós-graduação comigo”. Dada a dificuldade de arregimentar e coordenar as tarefas
para a luta eleitoral que então se iniciava o grupo
Não se pode deixar de mencionar, por fim, a socialista, antes de se dissolver, coligou-se à Esquerda
coerência e a lucidez das posições políticas de Candido, Democrática (ED) – que então se formara no Rio de
sobretudo em tempos de progressivo obscurantismo e Janeiro – e participou de seu estabelecimento em São
descaso com a vida pública. Desde a juventude, Candido Paulo. Em meados de 1947, a ED mudou o nome para
cultivou um interesse pelas ideias de esquerda, a Partido Socialista Brasileiro, no qual Candido militou até
começar pelo convívio com Teresina Rocchi, militante meados da década de 1950, quando se afastou. Com a
socialista italiana que vivia em Poços de Caldas (MG). fundação do Partido dos Trabalhadores, no começo dos
Com o ingresso na FFCL-USP tal inclinação foi reforçado anos de 1980, Candido retoma a militância, não deixando
pelo contato com os professores franceses, e, sobretudo, de apoiar e professar a fé no socialismo, como meta a ser
pelo exemplo do colega e amigo Paulo Emílio Salles alcançada no Brasil. E assim permaneceu até o fim de sua
Gomes. Em 1942, Candido integrou-se a um pequeno vida.
grupo de intelectuais que se reunia aos finais de semana
para discutir temas políticos, redigir documentos e Como se vê, o legado intelectual, acadêmico e político
praticar atos contra a ditadura instaurada pelo Estado de Antonio Candido, um ano após a sua morte,
Novo (1937-1945). Adotando uma fórmula de ativismo permanecem atualíssimos. Sinal mais do que eloquente de
marcada, de um lado, pela independência tanto em que sua contribuição para a cultura letrada brasileira, em
relação às posições stalinistas como trotskistas e, de especial para os estudos literários, ultrapassou os limites
outro, pela busca de um modelo de socialismo ajustado à físicos de sua existência, e permanecerá inspirando novas
realidade nacional, o grupo adquiriu certa expressividade, incursões, debates e leituras.
juntando-se a outros na rede clandestina de luta pela
{antonio candido}
__ O AUTOR E A EDITORA
{} POR ANA LUISA ESCOREL
Cobiçar Antonio Candido como autor implicava, composição do discurso, num momento em que ela ainda
quase sempre, enfrentar dois movimentos diferentes e não era devidamente valorizada. Infelizmente, esse
até certo ponto contraditórios. O primeiro, vinha da caminho se revelou difícil, por conta do alto custo inerente
resistência à publicação de seus textos. O segundo, a produções editorias desse tipo.
diametralmente oposto, da absoluta cordura com que
enfrentava as decisões da casa editora no tocante aos A alternativa possível, então, foi a editora se voltar para
aspectos materiais do livro. Ou seja, depois de livros de texto na área das ciências humanas, que pareciam
concordar em trazer os textos a público, assumia um atender a uma necessidade real, num país em que as
comportamento de extrema docilidade não interferindo universidades se multiplicavam de alto a baixo. E, nessa
nas decisões da editora em nenhum momento do categoria, se encontrava a obra em livro de Antonio
processo de produção, aceitando sem discutir tudo o Candido, naquela altura extremamente dispersa, com
que se referisse ao aspecto gráfico do livro, mesmo se vários títulos esgotados e sem perspectiva de reedição.
incomodado com a solução da capa, o nível de Constatado esse quadro, a Ouro sobre Azul se dirigiu a
transparência do papel ou a escolha dos tipos no miolo. ele com a proposta de edição de todos os títulos livres de
Achava, com razão, não serem setores afeitos a seu compromisso com outras editoras. Como de hábito ele
juízo, e limitava a interferência ao texto, à correção com colocou algumas dificuldades, hesitou, pediu para pensar,
que esse texto estivesse reproduzido e, em função pesou prós, contras e depois de algum tempo acabou
disso, era bastante atento ao trabalho dos revisores. concordando.
Prosseguindo nessa divagação acerca da maneira Assim, de 2004 a 2010, a equipe editorial da Ouro
com que Antonio Candido lidava com os próprios sobre Azul se concentrou em um único autor, consciente
escritos, no que se refere ao elenco dos títulos de sua da importância de trazer a público o pensamento de um
autoria publicados em livro, apenas três atenderam a um dos intelectuais mais expressivos do Brasil, no século XX,
desejo de contato com o público: Teresina, etc., O cumprindo integralmente, com isso, o papel reservado ao
discurso e a cidade e O albatroz e o chinês. Todos os editor consciente, ou seja, promover o encontro entre uma
outros resultaram de pedidos ou de encomendas de obra necessária e seu leitor, nos melhores padrões de
editores. E como ele escrevia incessantemente nos qualidade a seu alcance.
cadernos que o acompanharam desde os dez anos de
idade – registrando impressões de leitura, observações Na busca desse padrão, a Ouro sobre Azul contou com
acerca do cotidiano do País, da vida familiar e esboços o próprio Antonio Candido, revisor minucioso de cada um
de cursos, entre outras coisas –, tinha sempre à mão dos originais diagramados, trazendo para alguns livros
farto material que, trabalhado com algum empenho, se modificações substanciais, corrigindo e atualizando todos
transformava em texto publicável. O albatroz e o chinês com a precisa concentração que sempre dedicou a seu
é um exemplo típico desse expediente, tendo sido trabalho.
extraído inteirinho dos cadernos. A Ouro sobre Azul fechou o ciclo das edições assistidas
Quando em 1999 nasceu a Ouro sobre Azul – editora pelo próprio Antonio Candido com Na sala de aula,
que reúne a obra em livro praticamente completa de lançado no ano passado, e Conversa cortada, que acaba de
Antonio Candido – a intenção não era publicá-lo, mas a sair. Foram, portanto, 14 anos dedicados a produzir a
livros ilustrados em que texto e imagem se melhor versão de um conjunto de textos essenciais, no
equivalessem no tocante ao peso da informação. O que contexto dos estudos literários contemporâneos
se pretendia era sublinhar a importância da imagem na produzidos por autor brasileiro.
{antonio candido}
800 p.
{antonio candido}
CONVERSA CORTADA: A CORRESPONDÊNCIA ENTRE ANTONIO CANDIDO E ÁNGEL RAMA - O ESBOÇO DE UM PROJETO
LATINO-AMERICANO {CARTAS} | ORG. PABLO ROCCA | TRADUÇÃO ERNANI SSÓ | ED. OURO SOBRE AZUL E EDUSP | 2018
ANTONIO CANDIDO
“O direito à literatura” {1988}.
In: Vários Escritos.
uruguai
{uruguai}
pudicamente,
examino as fases da lua sobre meu signo
(forças primordiais de reinos mais sutis)
aprecio o brilho difuso do metal manchado
a rachadura da argila enquanto seca
a ordem cósmica de uma mandala hindu
, ou do teto de uma catedral europeia.
pesquisa
{pesquisas}
_______CAMÕES NA LINHA DOS TROVADORES: VESTÍGIOS DAS CANTIGAS TROVADORESCAS NA RENOVAÇÃO DA PAISAGEM E DO
RETRATO FEMININO
A mulher foi motivo de inspiração e tema de do retrato feminino. A pesquisa desenvolveu-se, por meio
inúmeros poetas e artistas de todas as épocas da de um estudo comparado, a partir de um corpus literário
História e não podia ser diferente na Renascença. O composto de cantigas trovadorescas portuguesas (de amor
retrato da figura feminina foi traçado com ênfase à sua e de amigo) e as redondilhas camonianas. Também se
beleza, apesar do seu papel social estar ligado à questão investigou, a partir desse corpus, a conceituação e a
da maternidade. Musa inspiradora, ela foi cantada, distinção da mulher, nos períodos Idade Média Central e
esculpida, retratada e escrita. Bela senhora e possuidora Baixa Idade Média (final do século XIII e XIV) e no
de alegria nos gestos e no olhar, repleta de graciosas e classicismo (século XVI), estabelecendo-se um contraste
delicadas formas, de acordo com as considerações de entre a realidade histórico-social e as concepções
Duby (1990). “Vênus foi uma manifestação das facetas literárias, nos referidos períodos. Considerando o
femininas para a cultura grega clássica: deusa do amor, andamento da pesquisa, algumas considerações podem
da beleza, da reprodução, da proteção, da sedução, da ser feitas: a jovem do povo é retomada nas redondilhas e
pureza e do erotismo”, segundo Cortez (2009, p. 356). cantigas, os mesmo olhos verdes, a mesma cor dos
No medievo, critérios morais e religiosos determinaram cabelos, sua graciosidade. Dois modelos, ainda, podem ser
a descoberta de outros aspectos femininos, modificando observados: a figura da moça comum, trabalhadora,
substancialmente a imagem da mulher. A interpretação simples ao vestir-se, que trabalha, carregando na cabeça
do modelo bíblico de Eva, a pecadora, contribuiu para a os potes de água, chora e sofre por amor, pelo domínio da
construção da imagem de uma mulher astuta; audaciosa; mãe, e a mulher de alta classe, inspiradora de elogios
vaidosa; ambiciosa; ingrata e traiçoeira. Esse perfil, no apaixonados do trovador e do poeta, apresentando sempre
entanto, não ofuscou a representação de Maria, a o sentimento de indiferença e desprezo ao amador. Nas
redentora, manifestando-se na sublimação da donzela cantigas de amigo, há campos, árvores, pedras e animais,
casta e virtuosa, a personificação da salvação. Mais os quais corroboram para a construção da figura da
tarde, no século XV, os artistas se voltam para as pastora, da menina simples do campo e de extrema beleza,
sugestões da arte clássica e reconstituem a figura de o que corresponde à mulher camponesa referida por
Vênus, somando a ela valores medievais e Macedo (2015), que cuidava dos afazeres domésticos,
renascentistas. Luís Vaz de Camões, poeta português participava do trabalho rural, bem como da fiação, da
que viveu e compôs no século XVI, foi um homem de tecelagem e da lavagem de roupas. Nas cantigas de amor,
seu tempo, ao retomar as raízes da tradição portuguesa, as mulheres são casadas e o trovador (de joelhos) lhe
cultivou largamente a redondilha, escrevendo os versos deve respeito, sem nunca mencionar o seu nome e nem o
em mediada velha. Camões utilizou essa métrica simples de sua família. A ausência de cenário, elementos naturais,
para apreender a beleza da jovem do povo, seu trabalho nessas cantigas, nos leva a concluir que se trata do espaço
diário, registrando-os em versos redondilhos maiores e da corte, o que reitera a condição de uma mulher da
menores, de indiscutível beleza lírica. Com efeito, a nobreza. Tem-se, portanto, nos textos, a evidência da
reconstrução dos retratos femininos, em textos escritos condição social da mulher nas sociedades medieval e
em medida velha, integra parte da proposta de pesquisa renascentista.
do projeto Camões na linha dos trovadores: vestígios
{} Este projeto de dissertação de mestrado é orientado pela
das cantigas trovadorescas na renovação da paisagem e professora doutora Clarice Zamonaro Cortez (Universidade Estadual
de Maringa, UEM)
_________BIBLIOGRAFIA
{pesquisas}
Os versos de Dylan Thomas, epígrafe do romance que, vale lembrar, foi pioneiro na releitura dos anos da
Vila Triste (1975), de Patrick Modiano, ilustram Ocupação nazista e, sobretudo, dos comportamentos
igualmente o conjunto da obra do autor francês na qual dúbios dos franceses durante a Colaboração com o
o jogo entre luz e sombras já se tornou uma marca de Terceiro Reich. Ao lado de nome
sua identidade textual.
s como Marcel Ophuls no cinema, Modiano mobilizou
Em Catherine Certitude (1988), a narradora aprecia na literatura personagens que são muito mais o produto de
tirar os óculos e interagir com a opacidade que a cerca, circunstâncias do que de opções categóricas. Nesse
com a falta de foco advinda da miopia, o que se sentido, o escritor das “zones d’ombres”, das incertezas e
configura, portanto, como uma tomada de decisão sobre do mundo desfocado ampliou os limites da literatura ao
sua relação com o mundo. Captar o difuso como chave entremeá-la com outros discursos e campos artísticos.
de leitura da realidade é um procedimento emblemático
do universo literário de Modiano cujos personagens A pesquisa analisa a precisão do difuso nas imagens
apresentam comportamentos tão imprecisos quanto as textuais do universo literário de Modiano, marcado pela
atmosferas em que se inserem. articulação da sintaxe simples com a ambivalência de
sentidos.
Bruma, cerração, névoa e janelas embaçadas são
algumas das barreiras sensoriais de predileção do autor
_________BIBLIOGRAFIA
{vitrine}
2018 2016
Economia
Comunicação e História
prosa
Operação no morro
5 da manhã o comboio se reuniu.
7 da manhã todas as entradas e saídas estavam cercadas.
8 da manhã o tiroteio iniciou.
9 da manhã um dos policiais matou dois moleques que
fugiram para a mata.
10 da manhã este policial chorava, abraçado ao fuzil. Do
seu lado, o corpo destroçado.
Antes das 11 da manhã todo o comboio lamentava a
desgraça.
Até os mais durões tremem ao perder um filho.
Prato principal
Frango assado com batatas portuguesas. Arroz branco, bem
soltinho. Salada de rúcula e palmito. Molho de mostarda.
Fiz seu prato. Enquanto comia, falou do seu carro na
revisão, do CD novo da sua banda predileta, reclamou do
seu patrão e emendou na chuva que, se viesse, atrapalharia
seu futebol.
Sentada na cadeira, ao seu lado, acompanhei a revisão, a
banda, a possível chuva, a reclamação. Sou ótima para
acompanhar. Sou como o molho de mostarda.
Ele terminou de comer. Eu sorri. O veneno demora uns
minutos para fazer efeito.
{voz de criança}
{vitrine}
{leituras}
{} desobedecer {} a velha
Frédéric Gros | Trad. Célia Eulvaldo | UBU Editora | 2018 Daniil Kharms | Trad. Moissei e Daniela Moutian | Kalinka | 2018
Desobedecer, palavra que incomoda. Política, religião, O escritor, poeta e dramaturgo russo Daniil Kharms (1905-
cultura, arte, sociedade, ética, literatura. Para cada uma 1942) pode chegar a muitos leitores brasileiro por meio
dessas áreas, desobedecer adquire um significado. É dessa curta novela A velha, em edição bilíngue, traduzida
nessa busca por significados que se lança o filósofo por Moissei e Daniela Moutian, responsáveis pela editora
Frédéric Gros. Em seu discurso, vai nos colocando às Kalinka, que se dedica à edição e tradução de obras russas
voltas com Dostoiévski (Os irmãos Karamázov), Sófocles para o português. A velha é dessas narrativas de aparência
(Antígona), o julgamento de Adolf Eichamnn, o enigma simples, mas que suscitam dúvidas a todo instante. As
da conduta de Henry David Thoreau, o Ricardo III de cenas são verossímeis? O fantástico, o insólito e o absurdo
Shakespeare, episódios de Sócrates na República de se misturam a elas? Uma velha que segurava um relógio
Platão. E pelo caminho, Gros nos põe em contato com de parede no pátio e aparece morta na casa do narrador
vários filósofos e pensadores, como Aristóteles, Santo existe de fato? Seria ele o assassino da velha? O crime
Agostinho, Descartes, Kant, Hegel, Montaigne, aconteceu? Ou tudo é fruto da imaginação do narrador?
Rousseau, Marx, Max Weber, Nietzsche, Hannah Arendt, Um narrador que também é escritor. Ficção e realidade
Michel Foucault, Deleuze, Etienne de La Boétie, Simone soltam faíscas na prosa de Kharms. É impossível não
Weil, Günther Anders, Habermas. Tudo isso para pensar relacioná-lo à mente atormentada de Raskolnikov em
conceitos de (des)obediência, desobediência civil,
Crime e castigo, de Dostoievski. A solução de colocar o
superobediência, transgressão, servidão, conformismo,
corpo da velha em uma mala, para despejá-la em outro
consentimento, responsabilidade, coragem, obrigação,
lugar, se desfaz quando o protagonista perde a mala dentro
liberdade, justiça, entre outros de igual valor. Ao final da
de um bonde. Alívio? Por trás de cada elemento, cada
leitura, ficamos a indagar as coisas que nos são
ação, a narrativa de Kharms multiplica possibilidades
impostas: - Por que não desobedecemos?
metafóricas e filosóficas próprias da verdadeira literatura.
Do mesmo autor, a Kalinka já havia lançado Os sonhos
teus vão acabar contigo (190-1930) em 2013. E a
CosacNaify havia lançado seu livro de literatura infantil
Esqueci como se chama.
{leituras}
{} alguns aspectos da teoria da poesia concreta {} poema/processo: uma vanguarda semiológica
Paulo Franchetti | Ed. Unicamp | 4ª ed. 2012 Gustavo Nóbrega (Org.) | Ed. WMF Martins Fontes | 2017
A força e o valor desse livro de Paulo Franchetti estão O Poema/Processo, movimento brasileiro de vanguarda,
em sua capacidade de demonstrar como a teorização completou 50 anos em 2017. A Galeria Superfície (SP),
dos concretistas funciona como pedra de toque para a atenta à efeméride, apresentou a exposição 50 anos
legitimação da poesia concreta e do grupo Noigrandes. Poema/Processo: uma vanguarda semiológica durante os
O primeiro capítulo conta com análise percuciente de meses de outubro a dezembro do ano passado. A presenta
Franchetti a partir dos textos inaugurais de Augusto e obra, fruto de pesquisa minuciosa e organização de
Haroldo de Campos (1955-1956), em que se percebe a Gustavo Nóbrega, em edição cuidadosa da WMF Martins
tentativa de vinculação histórica da poesia concreta com Fontes, mostra a força e as contradições do movimento do
figuras de proa como Mallarmé, Joyce, Pound e poema/processo, recuperando não somente sua ligação
Cummmings, nomeando-os como precursores do umbilical com a arte e poesia concreta, desde a primeira
concretismo. Na sequência, o pesquisador põe em exposição de 1956. Pelo texto “Da poesia concreta ao
evidência a tendência à vinculação da poesia concreta poema/processo” (1975), de Moacy Cirne - reproduzido
com os novos recursos da era eletrônica e da mass no livro -, sabe-se mais do percurso histórico de formação
media, tanto nos artigos dos irmãos campos quanto no do movimento e da sua ruptura com a poesia concreta.
de Décio Pignatari, na revista Noigandres. No capítulo 3, Gustavo Nóbrega alinha textos históricos com farto material
dedica-se à leitura do “salto participante” no movimento, documental do movimento, com obras individuais,
com sua inflexão política, dando atenção, por exemplo, coletivas, exposições e textos de expoentes do grupo, em
ao texto “A poesia concreta e a realidade nacional”, de reprodução de originais, como os da revista Ponto mantida
Haroldo de Campos (1962, Revista Tendência, n. 4). No pelo grupo. Do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro,
último capítulo, a leitura recai sobre as aproximações e uma ponte constante do projeto poema/processo, embora
distanciamentos entre a “Geração de 45” e os não circunscrito a estes dois estados, tem-se uma visão da
concretistas, recorrendo à análise feita por críticos e resistência contra a ditadura, com rara consciência política,
historiadores da literatura como Afrânio Coutinho, bem como uma inventividade sem limites para a
Affonso Romano de Sant’Anna, Alfredo Bosi, Wilson reinvenção da linguagem poética, com uma ruptura radical
Martins, Antonio Candido. Nessa edição, Paulo com a poesia intimista brasileira, por meio de
Franchetti inclui ainda dois adendos: “Breve história do experimentos, processos, objetos, performances, em que
grupo Noigrandes”, texto de significativo lastro, por via de regra os leitores/consumidores detém boa parte do
recuperar, entre outras coisas, os primeiros poemas do processo criativo. Como no episódio de um pão poema-
grupo, com espírito muito próximo da geração de 45; e processo de 2 metros comido por 5 mil pessoas na Feira
“Poesia e técnica – poesia concreta”, um sucinto de Arte de Recife em 1970. É isso e muito mais o que se
panorama para enquadramento histórico da poesia vê em obras reproduzidas de Wladimir Dias-Pino, Moacy
concreta, ao jeito de resumo do que se discute ao longo Cirne, Neide Sá, Álvaro de Sá, Anselmo Santos, Frederico
de todo o livro. Morais, Raymundo Amado, Anchieta Fernandes, entre
outros.
{} O documentário “Apocalipopótase”, de Raymundo
Amado (1968), é um dos mais emblemáticos registros do
movimento e está disponível no YouTube:
https://bit.ly/2KhNkAl
{voz da literatura} n. 3 | julho | 2018 {62}
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peru
{peru}
____LA ISLA DE FUSHÍA DE IRMA DEL ÁGUILA Y OTROS MODOS DE VER LA SELVA AMAZÓNICA
LA ISLA DE FUSHÍA {ROMANCE} | IRMA DEL ÁGUILA | ALFAGUARA | LIMA, 2016 | 185 P.
{peru}
otro, en La isla de Fushía Cristina descubre a un Una segunda idea que se desprende de la novela es la
personaje que poco tiene que ver con la ficción literaria importancia política, económica y social de la selva en
y que la obliga a repensar la historia original y los tiempos de globalización, políticas ambientales y desarrollo
términos en que ésta se escribe. sostenible. En el trayecto hacia Santa María de Nieva,
Después de entrevistarse con familiares y vecinos de Cristina pasa por Bagua, una comunidad rural localizada en
Nieva, Cistina descubre que lejos de ser un bandido que la selva norte que en el 2009 se hace mundialmente
maltrataba a Lalita, el Fushía de carne y hueso era un conocida al convertirse en escenario de uno de los
“hombre tranquilo” que en su tiempo libre cultivaba conflictos sociales más violentos de los últimos años.
orquídeas en su chacra y que es recordado con estima Aunque la referencia al Baguazo, como se conoce a este
por su conviviente indígena, Olga. Sin embargo, una y suceso, es breve en relación a la trama central, el
otra vez se sorprende a sí misma queriendo hacer comentario político es altamente efectivo.
encajar al personaje histórico con el de la ficción. Donde Cansados de ver sus derechos territoriales vulnerados,
la periodista insiste en descubrir al cauchero el 5 de junio de 2009 centenas de indígenas de las etnias
inescrupuloso, solo encuentra al “patrón fuerte” del awajun y wampi bloquearon un trecho de la carretera
caucho que sabía hacerse respetar por sus empleados. Fernando Belaunde Terry, conocida como “La curva del
Y donde imagina un harén tropical, solo existen diablo”. El objetivo era llamar la atención del presidente y
vestigios de un islote alguna vez habitado por dos exhortarlo a rectificar su decisión de dar en concesión
mujeres que cuidaban la tierra y animales de Fushía. tierras comunales a empresas transnacionales. El
De igual manera, al separar la verdad del mito, del enfrentamiento desigual que se dio entre policías y nativos
Águila anima al lector a reconsiderar los valores que ese día dejó un saldo de 33 personas fallecidas, 100
ordenan su comprensión de la selva y su gente. En vez detenidos, más de 200 heridos y un policía desaparecido.
de paraísos perdidos y nativos semidesnudos, en Nieva Si bien 7 años después la Corte Superior de Justicia de
los jóvenes bailan al ritmo de hip hop y cumbia Amazonas absolvió a los 53 nativos detenidos, acusados
amazónica, mestizos de apellidos “Ampan y Shawit [que] de homicidio calificado e instigación a la violencia, la Corte
portaban el documento nacional de identidad, hablaban tampoco identificó y dictó condena contra los responsables
un castellano selvático y zapeaban los canales del cable políticos de una masacre que podría haber sido prevenida.
que circulaban delante de sus ojos a la velocidad de la En un paralelo entre la era del caucho y la actual, del
luz” (p. 160). Una vez despojada del elemento Águila pareciera sugerir que la cultura de violencia e
exotizante, la Amazonia se asoma como un espacio impunidad en el Putumayo a comienzos del siglo XX, no
plural y dispar que existe en sus propios términos, es tan distinta a la ocurrida en Bagua. Lo mismo que antes,
problematizando la idea de una nación homogénea. Aquí la ciudadanía se vuelve privilegio de unos cuantos.
vale la pena subrayar que al presentar un perfil más En el proceso de reconstruir el pasado de un personaje
humanizado del cauchero la intención no es desestimar en apariencia improbable, La isla de Fushía plantea una
la violencia que asoló a la región durante la era del reflexión necesaria sobre la importancia de ver la selva
caucho o, aún peor, ignorar la marginalidad social y desde otros ojos, esto es una mirada integradora que
política que existe fuera de las zonas urbanas, sino abrir reconoce la singularidad de la Amazonia y la acepta como
espacio a versiones alternativas a la historia oficial de la parte necesaria de ese multicultural y multiétnico territorio
Amazonía. ¿Con qué propósito? Solo en la pluralidad de que es el Perú.
perspectivas es que se puede desarticular la tradición
colonial existente y ver la selva con otros ojos. CINTHYA TORRES é doutora em literatura pela Universidade de Harvard.
Professora de literatura hispânica na Morrissey College of Arts and
Sciences da Boston College. Há artigos seus publicados na Revista
Peruana de Literatura e Inti: Revista de literatura hispánica. Seu artigo
sobre Euclides da Cunha e o conflito diplomático no Acre (1899-
1903) sairá este ano na antologia Intimate Frontiers: A Literary
Geography of the Amazon , pela Liverpool University Press.
_________BIBLIOGRAFÍA
{} Kristeva, Julia. “Word, {} Rivera, José {} Vargas Llosa, Mario. {} Vargas Llosa, Mario.
Dialogue and Novel”. En The Eustasio. La vorágine. La casa verde. La historia secreta de una
Kristeva Reader. Toril Moi, Caracas: Biblioteca Barcelona: Seix Barral, novela. Barcelona:
editor. New York: Columbia Ayacucho, 1985. [1924] 1972. [1966] Tusquets Editor, 1971
University Press, 1986. 34-
61.
{voz da literatura} n. 3 | julho | 2018 {65}
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{vitrine}
música
{música}
FERNANDO ANDRADE É poeta e jornalista, 50 anos. Escreve, para o Portal Ambrosia, resenhas de livros e faz entrevistas
com escritores. Participa do Coletivo de Arte “Caneta, Lente e Pincel” com textos narrativos ou poemas. Tem dois contos
em coletâneas do coletivo de literatura Clube da Leitura. Tem 3 livros de poesia publicados: Lacan por Câmeras
Cinematográficas e Poemometria (Ed. Oito e meio) e Enclave (Ed. Patuá). Estará lançando em julho o seu quarto livro
de poemas, A perpetuação da espécie (Ed. Penalux). Um poema seu “A cidade é um corpo” participou da exposição
Poesia Agora na Bahia e no Rio.
sumário
{sumário}
O CICLO DO TOTALITARISMO {ENSAIOS} | RUY FAUSTO | EDITORA PERSPECTIVA | 2017
editoras
{editoras}
{editoras}
A Dublinense nasceu em 2009 com os sócios Gustavo Faraon e Rodrigo Rosp, que
já havia criado a Não Editora. O objetivo era ter uma linha editorial mais ampla, com
títulos sobre música, negócios, esportes, psicanálise, mas sempre mantendo o foco na
ficção nacional, e tendo a Não Editora como selo para a literatura mais fora do comum.
A partir de 2012, a Dublinense passou a publicar literatura estrangeira contemporânea,
com autores da Argentina, África do Sul, Nigéria, Moçambique, Irã, Alemanha e,
principalmente, Portugal (com a coleção Gira, de escritores lusófonos não brasileiros).
A editora segue apostando em literatura nacional e já teve autores nas listas dos
principais prêmios literários do país, com destaque para o livro de contos Amora,
vencedor do Jabuti.
Em pouco mais de dois anos, a Editora e Produtora Laranja Original lançou mais de
quarenta livros, quatro CDs e, recentemente, o primeiro número de uma revista que
reúne trabalhos inéditos de seus principais autores e ilustradores. Também produziu
saraus e apresentações musicais para os lançamentos, mostras de filmes e palestras.
Participou da Bienal do Livro de 2016 e estará na FLIP de 2018. Em 2017, duas de suas
editoras ganharam prêmios de literatura: Clara Baccarin, com Instruções para Lavar a
Alma (livro do ano no prêmio Guarulhos) e Germana Zanettini, com Eletrocardiodrama
(melhor livro de poesia pela Academia Rio-Grandense). Também em 2017, a editora foi
finalista em duas categorias do prêmio Jabuti, sendo que em 2016 já ficara em terceiro
lugar com o livro Labirinto, produzido em parceria com a editora Neotropica (categoria
ilustração, pelos desenhos de Alex Cerveny). Em sua trajetória, fez experimentos com
diversas linguagens artísticas, tais como pintura e fotografia, para reencontrar na
literatura a sua principal área de confluência, em especial a poesia, seguida de crônicas
e contos (não para menos, pois todo o seu conselho editorial é composto de escritores).
Além da conferência e eventual melhora dos originais recebidos, é prática da editora o
cuidado na arte da apresentação, contratando excelentes designers. Também o controle
da produção e qualidade de acabamento é feito por profissional especializado, mantendo
-se um bom relacionamento com as gráficas.
agenda
{agenda }
{7} julho
International Conference on Social Science, Literature, Economics and Education,
2-3 Canadá, Toronto University of Toronto
http://americanhealthcare.wixsite.com/soc-canada
Leitura ao Pé do Ouvido
Para conhecer novos autores, frequentadores da biblioteca são convidados a ouvir
4 SP, São Paulo a leitura de trechos de livros.
Biblioteca de São Paulo, quarta-feira, ao longo de todo o ano. Consulte as datas no
site da BSP.
Boris Schnaiderman, além das traduções
5-7 SP, São Paulo Curadoria de Lucio Agra
Ciclo de Conferências
7 RJ, ABL Poesia e Filosofia - Antônio Cícero
Teatro R. Magalhães Jr. , Av. Presidente Wilson, 203 - Castelo, às 17h30
Lê no Ninho
Atividades de estímulo e iniciação à leitura para crianças entre 6 meses e 4 anos.
7 SP, São Paulo Biblioteca de São Paulo, sábados e domingos, ao longo de todo o ano. Consulte as
datas no site da BSP.
Hora do Conto
Contação de histórias da literatura infantojuvenil, para estimular o hábito da leitura.
8 SP, São Paulo
Biblioteca de São Paulo, sextas-feiras e domingos, ao longo de todo o ano.
Consulte as datas no site da BSP.
Reino Unido, Contestations: Literature and Aesthetics
11-12 http://www.contestations.co.uk/
Londres
Encontro Internacional Linguagens de Poder – Braga, Portugal:
Portugal, Univer- http://ceh.ilch.uminho.pt/eventos_show.php?a=314
12-13
sidade do Minho
Seminário Interinstitucional de Pesquisa em Literatura e Leitura (SEIPELL)
12-14 PR, Maringá Universidade Estadual de Maringá
{agenda }
{8} agosto
The INTESDA 5th Asian Conference on the Arts, Humanities and Sustainability -
01-02 Japão, Hiroshima ACAHS 2018
http://intesda.org/arts-humanities-sustainability-conference/submissions-
guidelines/#Submit-a-Proposal
Bienal Internacional do Livro de São Paulo
03-12 SP http://www.bienaldolivrosp.com.br
XIII Jornadas Andinas de Literatura Latinoamericana
Éticas e poéticas dos mundos andinos-amazônicos: trânsitos de saberes,
06-11 AC, UFAC
linguagens e culturas.
Campus da Universidade Federal do Acre
I Congresso Nacional do Núcleo de Estudos de Literatura e Intersemiose - NELI
8-10 PE, UFPE Universidade Federal de Pernambuco
II Congresso Internacional de Letras (UFMA)
8-10 MA, Bacabal Universidade Federal do Maranhão, campus III (Bacabal)
Jornada Literária Distrito Federal
14-17 DF, Ceilândia Teatro Newton Rossi - Sesc Ceilândia
Clariceana 2018
15-17 RJ, UFRJ Auditório E3 da Faculdade de Letras da UFRJ
Reino Unido, The Uncanny in Language, Literature and Culture
18 http://uncanny.irf-network.org
Londres
Bienal Brasil do Livro e da Leitura
18-26 DF, Brasília Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Identidades e Itinerâncias no Romance Histórico de Língua Portuguesa
16 DF, UnB
Holanda, 2018 2nd International Conference on Culture and History
26-28 http://www.icch.org/
Amsterdã
Bulgária, Elenite Language, Individual & Society 2018, 12th International Conference
26-30
https://www.sciencebg.net/en/conferences/language-individual-and-society/