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Anatomia

Interna, Cavidade
Capítulo 7
de Acesso e
Localização dos
Canais
Armelindo Roldi
Rosana de Souza Pereira
Rogério Albuquerque Azeredo

 CAVIDADE PULPAR DOS DENTES interna dos dentes para que possa ter maior sucesso em
PERMANENTES seus procedimentos, pois não são raras as vezes em que
se fazem perfurações durante a preparação de acesso,
A cavidade pulpar, situada geralmente no centro
que podem levar até a perda do dente.
dos dentes, é constituída por duas porções – a câma-
Com o estabelecimento de uma alteração patoló-
ra pulpar e o canal radicular –, localizadas na coroa e
gica irreversível no tecido pulpar, faz-se necessário ins-
na raiz, respectivamente. A morfologia dessa cavida-
tituir uma técnica de tratamento dos canais radiculares
de corresponde à estrutura externa do dente, isto é, o
visando ao controle da infecção, à execução de uma ob-
contorno da câmara e do canal radicular acompanha
turação compacta do sistema de canais e, consequen-
o contorno da superfície externa do dente. Também é
temente, ao favorecimento de atuação dos processos
do nosso conhecimento que essa morfologia poderá se
biológicos na reparação tecidual, restabelecendo, as-
modificar, dependendo das agressões que o dente vier
sim, o estado de normalidade das estruturas dentárias.
a sofrer durante toda a vida, e, por conseguinte, atuar
Dessa forma, faz-se necessário amplo conhecimento da
sobre a polpa indiretamente. De tais agressões pode-
mos enumerar as de natureza mecânica, térmica, quí- anatomia interna dos dentes para o sucesso da terapia
mica ou bacteriana. endodôntica.
Outro fator a que se deve dar ênfase é o tamanho Segundo Pineda e Kuttler38, para desobstruir,
da câmara e dos canais radiculares, que nos indivíduos preparar e preencher o canal radicular corretamente é
jovens é sensivelmente maior do que nos idosos. necessário conhecer detalhes de sua morfologia inter-
O estudo da anatomia do sistema de canais ra- na. Os canais radiculares podem variar em número, ta-
diculares era realizado pelo único método disponível manho, forma e apresentar diferentes divisões, fusões,
para o clínico – o radiográfico –, tendo-se ressalvas des- direções e estágios de desenvolvimento. No passado,
se, em razão de a própria característica do exame não o endodontista trabalhava com informações vagas, es-
mostrar o aspecto tridimensional dos dentes e sim pro- cassas e até falsas a respeito desse fator fundamental:
jetar bidimensionalmente a morfologia do órgão den- consequentemente, poderia se esperar um sucesso te-
tário. Na atualidade, pode-se fazer uso de um método rem sido empregados técnicas e métodos ao longo dos
moderno de avaliação tridimensional das estruturas anos com o objetivo de estudar os mínimos detalhes da
ósseas e dentárias – tomografia computadorizada. cavidade pulpar. Essas técnicas têm incluído estudos
É de extrema importância que o profissional espe- radiográficos, desgastes, cortes histológicos, diafaniza-
cializado tenha conhecimento minucioso da anatomia ção, uso do computador, utilização da técnica de pro-

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244  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

cessamento digital, isótopos radioativos, microscopia Considerando que os dentes estão em grupos mor-
eletrônica e tomografia computadorizada16,19,20,33,34,38,40. fofuncionalmente diferenciados, onde cada elemento
O estudo da anatomia da cavidade pulpar deve tem função definida, e que dentro de cada grupamento
ser tridimensional, e os trabalhos até então limitados à existem variações morfológicas, é fundamental uma vi-
terapia aplicada. são particularizada dos elementos, uma vez que para
Várias considerações têm demonstrado que a alcançarmos o sentido clínico que eles impõem à tera-
morfologia dentária apresenta características variáveis, pia endodôntica é necessário conhecê-los em seus as-
revelando que a configuração dos canais não é apenas pectos fundamentais e particulares.
um espaço tubular único e sim um complexo sistema
apresentando canais acessórios, canais secundários, ca-
nais laterais e comunicações10,11,20,39,44,45. Portanto, torna-
 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA –
se importante uma visualização espacial, tridimensio- CONE BEAM 3D (TCFC) E A ANATOMIA
nal no sentido longitudinal, uma vez que as variações DENTÁRIA – Márcia Gabriella Lino de Barros
são observadas entre os grupos dentários, entre as raí- Bortolotti
zes de um mesmo dente e até mesmo em uma mesma A tomografia computadorizada (TC) é um méto-
raiz, dependendo do segmento observado. Acresce-se do de diagnóstico por imagem que utiliza a radiação
a essa complexidade morfológica a localização do den- X, permitindo a reprodução de uma secção do corpo
te em relação ao arco dental, no qual, quanto mais pos- humano em quaisquer uns dos três planos do espaço,
terior for o dente, mais variável será sua anatomia18. diferentemente das radiografias convencionais, que
De acordo com a condição anatomopatológica, não po- projetam em um só plano todas as estruturas atraves-
demos esquecer que várias irregularidades abrigam o sadas pelos raios X. Existem dois tipos principais de
tecido pulpar e que, durante o preparo e a obturação TC: a tomografia computadorizada tradicional e a to-
do sistema de canais radiculares, elas podem influen- mografia computadorizada de feixe cônico (cone-beam
ciar no sucesso da terapia endodôntica, uma vez que computed tomography – CBCT)16.
para limpar e modelar o sistema, independentemente A TC apresenta as vantagens de eliminar as so-
da técnica, ela deve atingir todas as áreas do canal, o breposições de imagem com muito boa resolução atri-
que na prática é limitado, tendo em vista que o acesso buída ao grande contraste e à possibilidade de recons-
mecânico, principalmente na região apical, é dificulta- truir essa imagem nos planos axial, coronal, sagital e
do pela complexa anatomia desse segmento (Fig. 7-1). oblíquo, assim como obter uma visão tridimensional
da estrutura de interesse16.
A tomografia computadorizada de feixe cônico
– Cone Beam 3D (TCFC) – é uma tecnologia recente
que permitiu o desenvolvimento de tomógrafos menos
onerosos, menores em tamanho e com maior precisão
das imagens em relação às técnicas radiográficas con-
vencionais. Essa nova tecnologia, especialmente indi-
cada para a região dentomaxilofacial, está provendo à
Odontologia a reprodução de imagens tridimensionais
com mínima distorção e dose de radiação significante-
mente reduzida em comparação à TC tradicional44.
O aparelho de TCFC é muito compacto e se asse-
melha ao de radiografia panorâmica. Apresenta dois
componentes principais, posicionados em extremos
opostos da cabeça do paciente: a fonte ou tubo de raios
X, que emite um feixe em forma de cone, e um sen-
sor de raios X. O sistema tubossensor realiza somen-
te um giro de 360º em torno da cabeça do paciente e
a cada determinado grau de giro (geralmente a cada
1°), o aparelho adquire uma imagem-base da cabeça
Figura 7-1. Pré-molar diafanizado mostrando o complexo sistema do paciente, muito semelhante a uma telerradiografia,
de canais no segmento apical. sob diferentes ângulos ou perspectivas. Essa sequência
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  245

de imagens-base (raw data) é reconstruída para gerar a


imagem volumétrica em 3D, por meio de um software
específico com um sofisticado programa de algoritmos,
instalado em um computador convencional acoplado
ao tomógrafo. O tempo de exame pode variar de 10 a
70 segundos (uma volta completa do sistema), porém
o tempo de exposição efetiva aos raios X é bem menor,
variando de 3 a 6 segundos44.
Uma grande vantagem da TC odontológica é
que os programas que executam a reconstrução com-
putadorizada das imagens podem ser instalados em
computadores convencionais e não necessitam de uma
Workstation como a TC tradicional, apesar de am-
bas serem armazenadas na linguagem Dicom (Digital
imaging and communication in Medicine). Portanto, se o
profissional possuir o software específico instalado em
seu computador pessoal, poderá manipular as imagens
tridimensionais, segundo a sua conveniência, assim
como mostrá-las em tempo real aos pacientes. As ima-
gens de maior interesse ainda podem ser impressas e
Figura 7-2. TCFC com filtro para avaliação de estruturas de teci-
guardadas no prontuário, como parte da documenta- dos moles e vias aéreas mostrando nitidez em relação à anatomia
ção. Adicionalmente, o programa permite gerar ima- dentária.
gens bidimensionais, réplicas das radiografias conven-
cionais utilizadas na Odontologia, como a panorâmica
cessos patológicos, visualizar dentes retidos, avaliar
e as telerradiografias em norma lateral e frontal, função
os seios paranasais, diagnosticar trauma, mostrar as
com a denominação de reconstrução multiplanar em
estruturas ósseas da articulação temporomandibular e
volume, que constitui outra importante vantagem da
os leitos para implantes dentários (Fig. 7-2).
TCFC44.
Na Endodontia, a tomografia computadorizada
A TCFC é especial para a ciência odontológica de-
de feixe cônico possui grande valor para o diagnóstico
vido às suas características para a obtenção de imagens
e tratamento, onde podemos avaliar:
da região maxilofacial:

• Raízes (morfologia radicular e desvio do segmento


• O tomógrafo pode ser ajustado para fazer a varredu-
apical) e estágio de formação radicular (Figs. 7-3 e
ra de pequenas regiões para diagnóstico específico,
7-4)
como, por exemplo, somente da maxila ou até de
• Odontometria (Fig. 7-5)
uma região da maxila ou da mandíbula.
• Número de canais (Fig. 7-6)
• A imagem é adquirida em uma única rotação; por-
• Fraturas dentárias e relação dos dentes com estrutu-
tanto, os tempos de varredura são rápidos (5 a 40
ras anatômicas (Figs. 7-7 e 7-8)
segundos).
• A dose de radiação é significativamente reduzida
comparando com a tomografia convencional e equi-
vale a aproximadamente um levantamento radio-
gráfico periapical.
• As imagens resultam em um nível baixo de artefatos
metálicos.

Possui aplicabilidade em todas as especialidades


da Odontologia. É um exame de eleição para imagens
dos tecidos ósseos e dentários. A imagem da TCFC dis-
tingue esmalte, dentina, cavidade pulpar e cortical al- Figura 7-3. TCFC mostrando a morfologia radicular de molares su-
veolar. Pode ser usada para identificar e delimitar pro- periores sem a interferência das estruturas ósseas.
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Figura 7-4. TCFC mostrando a morfologia radicular em detalhes


para a direção e curvatura das raízes de molares superiores.

Figura 7-6. Nitidez da TCFC na avaliação da presença de canais em


molares superiores e da presença do quarto canal, também chama-
do de MV2. Presença de quatro canais e de cinco canais.

Figura 7-5. TCFC pode ser aplicada para a medição dos canais ra- Figura 7-7. TCFC na determinação da fratura dentária vertical e re-
diculares. lação dos dentes com as estruturas anatômicas (canal mandibular).
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  247

Figura 7-8. TCFC na visualização de fratura radicular horizontal e


relação do dente com o seio maxilar.

 ANATOMIA INTERNA DOS DIFERENTES


GRUPOS DENTAIS Figura 7-9. Anomalia de incisivo central superior apresentando
dois canais.
Considerações clínicas
Podemos distinguir na câmara pulpar: o teto
(parede oclusal); o assoalho ou soalho, só situado no Incisivo lateral superior
interior do bulbo radicular nos dentes posteriores; ves-
O incisivo lateral superior apresenta uma confi-
tibular; lingual; mesial e distal. No soalho dos dentes
guração na sua morfologia muito semelhante à anato-
muitirradiculares podem ainda ser notadas depressões
mia interna do dente anterior, ressalvando-se as pro-
em forma de cones que correspondem às entradas dos
porções. É o elemento dental que apresenta as maiores
canais radiculares.
variações, entre elas a microdontia, o dens invaginatus
e a fusão, casos que devem merecer atenção especial
Incisivo central superior durante a terapia endodôntica devido à morfologia di-
O incisivo central superior, numa visão vestibu- ferenciada. Apesar de a raiz ser única, ela tende a apre-
lolingual, apresenta uma câmara pulpar estreita na re- sentar curvaturas acentuadas para distal e lingual, o
gião incisal e aumenta em direção cervical até chegar que, muitas vezes pelo desconhecimento, leva o profis-
ao seu máximo de diâmetro. Quando no sentido me- sional a provocar desvios e/ou perfurações, uma vez
siodistal, a câmara se apresenta mais ampla e podemos que o exame radiográfico não exibe tais curvaturas.
encontrar cornos pulpares evidentes, dependendo da
morfologia da borda incisal. O canal radicular se afila Canino superior
até se tornar constrito no ápice do dente, sendo que o
Este é o dente que apresenta maior dimensão na
forame apical está localizado próximo a esse, podendo
norma vestibulolingual. A câmara pulpar e o segmento
desviar-se para vestibular ou para lingual. Do ponto
cervical da raiz são muito amplos, sendo que o canal se
de vista clínico, apesar de o canal se apresentar único
afila abruptamente quando se aproxima do segmento api-
na maioria dos casos, é importante salientar que pode
cal, continuando suavemente até o ápice. O forame apical
ocorrer uma variação anatômica e encontrarmos dois
geralmente se situa no ápice da raiz, podendo se localizar
canais (Fig. 7-9).
na vestibular, e a raiz dele pode apresentar desvios para
Devemos considerar que os incisivos superiores
mesial ou distal, sendo o mais longo dos dentes.
apresentam um cíngulo proeminente e que na margem
cervical palatina encontraremos uma projeção denti-
nária, que deverá ser removida por meio de desgaste
1o Pré-molar superior
compensatório, objetivando assim o acesso direto ao É um dente que geralmente se apresenta com
canal radicular. duas raízes bem desenvolvidas, podendo também ser
248  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

observadas duas raízes não totalmente separadas ou têm a seguinte relação: o lingual é centralizado na raiz
uma única raiz bem larga. Não é muito comum, mas lingual, o distovestibular está perto do ângulo obtuso
pode apresentar três raízes, o que constitui dificulda- e o mesiovestibular está localizado mesialmente ao
de na intervenção endodôntica. Recursos radiográficos anterior, situado dentro do ângulo agudo da câmara
devem ser utilizados para que não ocorram sobreposi- pulpar. Em seção do segmento médio das raízes são
ções das raízes, permitindo uma visualização mais de- observados o canal lingual com seção circular; o mesio-
finida dos canais radiculares. Embora ocorra variedade vestibular, oval e alongado, ou possuindo a forma de
no número de raízes, esse dente geralmente apresenta um rim; e o distovestibular, redondo ou oval.
só dois canais radiculares. Normalmente, o contorno
da câmara no segmento cervical tem a morfologia de 2o molar superior
um rim, aspecto conferido devido ao achatamento me-
siodistal. Notamos, portanto, dois canais radiculares As raízes desse dente são mais retas e tendem à
que se estreitam até chegar ao ápice do dente. fusão, embora a lingual geralmente se apresente sepa-
A presença de três raízes constitui uma dificulda- rada. A maioria dos segundos molares superiores pos-
de na intervenção endodôntica, variação essa não mui- sui três raízes e três canais radiculares, com a raiz me-
to comum. siovestibular não sendo tão complexa como a do dente
descrito anteriormente. Embora a raiz mesiovestibular
desse dente não seja muito larga, ela pode possuir dois
2o pré-molar superior canais radiculares. A câmara pulpar tem a forma retan-
Na visão vestibulolingual é um dente que ge- gular. Os forames apicais geralmente se abrem no ápi-
ralmente possui uma raiz e um canal radicular, que é ce da raiz, podendo variar para vestibular ou lingual.
muito largo. A entrada do canal mesiovestibular está mais dis-
No segmento apical do dente o canal se estreita tante dos lados vestibular e mesial da câmara. Em razão
abruptamente, afilando-se em direção ao ápice. Não de as raízes tenderem a se fusionar, as entradas dos ca-
são raras as vezes que esse dente apresenta “ilhotas” de nais radiculares se localizam mais próximas. As raízes
dentina, o que faz com que o tratemos como se tivesse lingual e distovestibular próximas ao segmento médio
dois canais. Entretanto, sempre devemos procurar dois apresentam um contorno circular ou oval, e a mesioves-
canais, uma vez que eles estão presentes em 46,3% dos tibular, retangular com ângulos arredondados, e, se essa
casos11. O forame apical frequentemente coincide com raiz possuir dois canais, seu contorno será circular.
o ápice do dente.
Esse dente possui uma raiz e, no sentido vestibu- 3o molar superior
lolingual, apresenta um canal muito longo.
É um dente que apresenta morfologia variada, de
raízes menores e mais curvas, tendo grande tendência
1o molar superior à fusão, o que faz com que se pareçam unirradiculares.
A câmara pulpar é mais ampla, por causa de sua erup-
Possui três raízes e três canais, sendo que a raiz lin-
ção acontecer mais tardiamente. Entretanto, é bom sa-
gual tem a maior dimensão, seguida da distovestibular e
lientar que essas variações dificultam muito o trabalho
da mesiovestibular. A raiz mesiovestibular é a que sofre
do endodontista.
mais variações morfológicas, em comparação com a dis-
tovestibular, sendo que a raiz lingual é a mais reta.
A raiz mesiovestibular é muito larga vestibulolin-
Incisivo central inferior
gualmente e, normalmente, possui um canal (secundá- Embora sendo o menor dente da cavidade bucal,
rio), que apresenta um diâmetro menor que os outros apresenta-se com uma cavidade pulpar muito grande
três canais do dente. O forame apical dessa raiz se loca- quando vista no sentido vestibulolingual, em um canal
liza no ápice, podendo variar para vestibular ou lingual. radicular que pode ser duplo. O canal radicular se afu-
É frequentemente curva, sendo acompanhada pelo ca- nila suavemente até chegar ao ápice, e essa constrição
nal. Tal fato não ocorre com a raiz distovestibular. pode ocorrer abruptamente até 3 ou 4mm do ápice. O
O contorno cervical tem a forma romboidal com forame apical pode se abrir no centro da raiz, para ves-
ângulos arredondados, sendo que o ângulo mesioves- tibular ou lingual.
tibular é agudo, o distovestibular é obtuso, e o lingual, No sentido mesiodistal, esse dente é bastante estrei-
reto. As entradas dos canais no assoalho da câmara to, o que se deve ao grande achatamento nesse sentido.
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  249

radiculares. O forame apical pode se abrir no ápice da


raiz, na vestibular ou na lingual. Possui geralmente
uma raiz e um canal, com possibilidade de apresentar
dois canais, que podem desviar-se para distal.

1o molar inferior
Observa-se na visão vestibulolingual uma ampla
câmara pulpar. A raiz mesial, por causa da presença de
dois canais, possui uma anatomia interna usualmente
complexa (Fig. 7-11). Esses canais podem se fusionar
em quaisquer dos segmentos da raiz para terminar em
um forame comum ou em dois, separados. A raiz dis-
tal geralmente possui um canal amplo, que se afunila
abruptamente a poucos milímetros do ápice radicular.
Quando apresentar dois canais, eles podem estar sepa-
Figura 7-10. Pré-molar apresentando dois canais. Tomografia. Odon- rados total ou parcialmente por “ilhotas” de dentina.
tometria (radiografia). Canais obturados. (Gentileza de H. P. Lopes.) O forame apical dessa raiz geralmente se abre no ápice
ou é deslocado para vestibular ou lingual. No sentido
Incisivo lateral inferior mesiodistal, a câmara possui a forma retangular, com
pequena distância oclusopulpar, tendo que se ter o
Em comparação com o dente anterior, a câmara cuidado ao manuseá-la, pois se corre o risco de lesar
pulpar e o canal são maiores em todas as dimensões. a furca.
Todas as características do incisivo central se repetem Os canais mesiais geralmente têm curvatura con-
nesse dente. siderável, e o distal é mais reto e mais curto. Por causa
do grau de curvatura radicular, os instrumentos se cru-
Canino inferior zam na região cervical do dente.
Possui forma semelhante ao do canino superior, A presença do canal cavo-interradicular deve
e é raro encontrar duplicidade de canais nesse dente, ser considerada no tratamento endodôntico desse
o que resulta do aparecimento de “ilhotas” de denti- dente, uma vez que tal canal pode se constituir em
na, devido à grande dimensão vestibulolingual e à es-
treita dimensão mesiodistal. Observa-se um certo grau
de curvatura na porção apical, preferencialmente para
vestibular. O forame apical se abre no ápice radicular,
na mesial ou distal.

1o pré-molar inferior
Parece um pequeno canino inferior, geralmen-
te com um canal. O forame apical se localiza no ápice
radicular, desviado para vestibular ou lingual. Oca-
sionalmente podemos encontrar dois ou três canais,
tornando o tratamento dificultado. O canal radicular é
localizado abaixo da abertura de acesso, que é feita no
longo eixo do dente e não perpendicularmente à face
oclusal, isso devido à grande inclinação de sua face
vestibular para lingual (Fig. 7-10).

2o pré-molar inferior
É um dente maior do que o já descrito, apresen-
tando, assim, proporções também maiores de canais Figura 7-11. Diafanização da raiz mesial. Complexidade anatômica.
250  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIÂMETRO


ANATÔMICO DOS CANAIS
RADICULARES
A viabilidade de alargar a porção crítica apical
dos canais radiculares com o objetivo de eliminar as
bactérias nessa região tem originado grandes discus-
sões e controvérsias na literatura. A limpeza eficiente
do segmento apical dos canais é obtida por meio da
correta determinação do comprimento de trabalho e do
alargamento dessa região53.
Durante o preparo químico-mecânico, o diâmetro
anatômico é determinado pelo primeiro instrumento
que, no comprimento de trabalho, encontrou resistên-
cia, prendendo-se às paredes dentinárias, que foi de-
nominado como instrumento apical inicial cuja sigla se
instituiu como IAI18.
A determinação correta do diâmetro anatômi-
co do canal radicular é de fundamental importância,
porque permite estabelecer, com maior segurança, o
instrumento adequado para iniciar e ampliar o pre-
Figura 7-12. Presença do canal cavo-interradicular. paro apical. Esse aspecto ganha importância ainda
maior, pois proporciona a remoção de dentina con-
taminada, o que favorece a terapêutica das lesões
uma das vias de comunicação entre a polpa e o pe-
periapicais46,53.
riodonto, podendo ocasionar problemas endoperio-
Os métodos tradicionais de determinação do diâ-
dontais49 (Fig. 7-12).
metro anatômico da porção apical têm subestimado, de
modo significativo, o real diâmetro dessa região. Tan e
2o molar inferior Messer48 sugeriram que seria mais correto determinar
As raízes desse dente são mais retas e menos di- o diâmetro de cada canal individualmente e, posterior-
vergentes do que as do primeiro molar inferior, sendo mente, o instrumento mais adequado para promover a
que a morfologia do sistema de canais se repete. limpeza e modelagem da região apical. Alguns auto-
A câmara tem forma retangular, e o canal distal é res têm pesquisado e sugerido o diâmetro anatômico
maior do que os canais mesiais quando vistos no sen- de cada dente, como Wu et al.52, que determinaram a
tido mesiodistal. O soalho da câmara pode ter duas média desses diâmetros tanto para os dentes superio-
aberturas, uma mesial e uma distal, que estão centra- res quanto para os inferiores (Quadro 7-2). Esses diâ-
das; a raiz mesial, no segmento médio, tem forma de metros foram confirmados por outros autores como
rim ou de 8, com canais separados ou confluentes, e a Pécora et al.36; Barroso et al.3, Ibelli et al.21, que avaliaram
distal tem forma oval. diferentes grupos dentários: incisivo central superior,
primeiro pré-molar superior, molar superior e incisivo
3o molar inferior lateral superior, respectivamente.
As cavidades são semelhantes às do segundo, Vários trabalhos têm relacionado melhores re-
com coroa grande, raízes menores, mais curvas, ten- sultados na determinação do real diâmetro anatômi-
dendo à fusão. co ao alargamento prévio do segmento cervical do
O número de canais radiculares é bastante variá- canal radicular, uma vez que a embocadura do canal
vel, podendo possuir até quatro canais, com o quarto representa a área onde ocorre a maior aposição de
canal se localizando na raiz distal. dentina, tornando essa porção mais estreita. A eli-
O comprimento médio e o número de raízes e minação de interferências nessa região possibilita a
de canais de elementos dentários estão expressos no determinação, com maior fidelidade, do instrumen-
Quadro 7-1. to apical inicial4,8,21,31,36,37,46,47.
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  251

Quadro 7-1 Comprimento médio, número de raízes e de canais dos dentes

Comp. Número de raízes Número de canais


Dente médio
(mm) 1 2 3 4 1 2 3 4 5

Maxila

Incisivo central 22,6 100% 100%

Incisivo lateral 22,1 100% 97% 3%

Canino 27,2 100% 100%

1o pré-molar 21,4 35,5% 61% 3,5% 8,3% 84,2% 7,5%

2o pré-molar 21,8 94,6% 5,4% 53,7% 46,3%

1o molar 21,5 100% 30% 70%

2o molar 21 100% 50% 50%

3o molar 19 97% 3% 10,5% 11,9% 57,5% 19% 1,1%

Mandíbula

Incisivo central 21 100% 73,4% 26,6%

Incisivo lateral 22,3 100% 84,6% 15,4%

Canino 25 94% 6% 88,2% 11,8%

1o pré-molar 21,6 82% 18% 66,6% 31,3% 2,1%

2o pré-molar 22,1 92% 8% 89,3% 10,7%

1o molar 21 97,5% 2,5% 8% 56% 36%

2o molar 21,7 98,5% 1,5% 16,2% 72,5% 11,3%

3o molar 19 91,3% 7,5% 1,2% 5% 63,3% 27,8% 3,9%

Segundo De Deus, 199211.

O alargamento do segmento cervical fornece âmetro do instrumento e o diâmetro anatômico do


acesso mais retilíneo do instrumento até o segmen- primeiro pré-molar superior. Na Fig. 7-13B, C, D e E
to apical, reduzindo as possibilidades de acidentes se nota que essa discrepância vai-se tornando menos
durante as manobras do preparo biomecânico, tais acentuada em função do tipo de instrumento utiliza-
como: degraus, transportes apicais, perfurações e do no pré-alargamento da região cervical.
fraturas dos instrumentos. Algumas pesquisas já citadas nos levam a uma
Essa etapa operatória auxilia, fundamentalmen- linha de raciocínio aparentemente óbvia de que de-
te, a detecção do diâmetro anatômico e consequente- vemos identificar de maneira mais precisa possível
mente a instrumentação, o que pode ser visualizado o diâmetro anatômico e, a partir dessa etapa, realizar
na Fig. 7-13A a E. Na Fig. 7-13A, por exemplo, em a ampliação apical com instrumentos de diâmetros
que o pré-alargamento não foi realizado no segmen- superiores aos rotineiramente preconizados na litera-
to cervical, nota-se a maior discrepância entre o di- tura, para garantir o sucesso da terapia endodôntica.
252  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

Quadro 7-2  Média dos diâmetros dos canais radiculares  ALTERAÇÕES NA ANATOMIA INTERNA
a 1mm e a 2mm do ápice anatômico nos sentidos
vestibulolingual e mesiodistal A polpa dental, derivada do mesênquima da pa-
pila dental, tem como função principal a formação de
Dente Vestibulolingual Mesiodistal dentina. Como polpa e dentina mantêm entre si uma
relação fisiológica e patológica nos processos infla-
Superiores 1mm 2mm 1mm 2mm matórios, a reação aos estímulos provoca alterações
na anatomia interna em decorrência da resposta à
Central 0,34 0,47 0,30 0,36
irritação. Assim, frente a determinantes como idade
Lateral 0,45 0,60 0,33 0,33 e irritantes, podem ocorrer alterações na morfologia,
principalmente pelo fato de a polpa estar contida em
Canino 0,31 0,58 0,29 0,44 uma cavidade que apresenta paredes inextensíveis.
Quatro aspectos da anatomia dentária e da cavidade
1o pré-molar
pulpar devem ser observados no exercício da terapia
Canal V 0,30 0,40 0,23 0,31 endodôntica40: a direção das raízes e dos canais radi-
culares, as cavidades pulpares, a topografia dos ca-
Canal P 0,23 0,37 0,17 0,26 nais radiculares e as variantes topográficas dos ápices
radiculares.
2o pré-molar 0,37 0,63 0,26 0,41
As variações anatômicas encontradas podem ser
Molares resumidas em: dens invaginatus, fusão, geminação, mi-
crodontia, macrodontia, taurodontia, dilaceração e ca-
Canal P 0,29 0,40 0,33 0,40 nal em forma de C.
Do ponto de vista clínico, devemos observar,
Canal MV 0,43 0,46 0,22 0,32
como fatores determinantes de tais modificações anatô-
Canal MV micas, a idade, os agentes irritantes, a presença de cal-
0,19 0,31 0,16 0,16 cificações e as reabsorções dentárias. Ocasionalmente
secundário
os dentes apresentam variações anatômicas não muito
Canal distal 0,22 0,33 0,25 comuns, que se tornam significantes ao tratamento en-
dodôntico. Com relação à idade, a formação de dentina
Inferiores 1mm 2mm 1mm 2mm
ocorre predominantemente em determinadas áreas do
Incisivos 0,37 0,52 0,25 0,25 dente. Como exemplo, nos molares, a maior formação
de dentina se localiza no teto e assoalho da câmara
Caninos 0,47 0,45 0,36 0,36 pulpar, ocasionando mudanças na morfologia interna
e dificultando encontrar a cavidade pulpar com o risco
Pré-molar 0,35 0,40 0,28 0,32
de lesar o soalho e até mesmo perfurá-lo.
Molares No que diz respeito aos agentes irritantes, qual-
quer agente que atue sobre o elemento dental irá esti-
Canal MV 0,40 0,42 0,21 0,26 mular a formação de dentina. Assim, o exame radio-
gráfico deve ser analisado cuidadosamente para iden-
Canal ML 0,38 0,44 0,28 0,24
tificação de possíveis alterações na anatomia.
Canal distal 0,46 0,50 0,35 0,34 Ao analisarmos a presença das calcificações, de-
vemos ter em mente que elas existem sob a forma de
nódulos pulpares e formas lineares de agulhas irre-
gulares.
Porém, ainda não há na literatura um parâmetro pre- Os nódulos pulpares são facilmente detectados
viamente estabelecido sobre a extensão ideal do pre- radiograficamente, uma vez que geralmente estão loca-
paro apical de forma a garantir a modelagem segura lizados na câmara pulpar, podendo atingir tamanhos
e efetiva dessa região. Portanto, tornam-se necessários consideráveis, com alteração da anatomia, dificultando
estudos que abram novas perspectivas nessa área, vi- muitas vezes a localização do orifício do canal. A pre-
sando cada vez mais ao aprimoramento do tratamen- sença de nódulos significa um sinal clínico e radiográ-
to endodôntico e à preservação da anatomia do canal. fico de que a polpa está envelhecendo.
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  253

A B

C D E

Figura 7-13. Evidenciando o travamento do instrumento apical inicial após a realização de preparos cervicais. A. Sem pré-alargamento. B.
Pré-alargamento Gates Glidden. C. Pré-alargamento com alargador cervical. D. Pré-alargamento com alargador ProTaper. E. Pré-alargamento
com alargador LA Axxess. (Gentileza de J. M. Barroso e J. D. Pécora.)

Em determinadas situações podemos detectar ra-


diograficamente a obliteração total da cavidade pulpar,
e o paciente, nesses casos, normalmente relatará histó-
ria de algum tipo de traumatismo, sem que tal acidente
tenha apresentado um mínimo dano na ocasião de sua
ocorrência (Fig. 7-14).
Devemos considerar a presença das reabsorções,
alterações inflamatórias que podem modificar a anato-
mia dental. Na maioria das vezes, as reabsorções são
pequenas e não detectáveis radiograficamente. Quan-
do visíveis, geralmente são extensas, dificultando a te-
rapia endodôntica, criando dificuldades no preparo e
obturação do canal radicular (Fig. 7-15A a C).
Ocasionalmente, os dentes apresentam variações
significantes na morfologia pulpar e radicular, e tais
anormalidades são mais comuns nos incisivos laterais
superiores, pré-molares inferiores e molares superio-
res. O dens invaginatus ocorre por erro na morfodife-
renciação, resultando em uma comunicação precoce da
polpa com a cavidade bucal, requerendo tratamento
endodôntico (Fig. 7-16).
A fusão e a geminação são anomalias do desen- Figura 7-14. Calcificação da cavidade pulpar por traumatismo
volvimento dos tecidos duros do dente, as quais ra- dental.
254  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

A B A B C

Figura 7-17. Fusão dentária.

como uma raiz ampla, com um espaço pulpar comum


e presença de estrutura dentinária confluente entre os
elementos fusionados.
O tratamento endodôntico, quando indicado,
deve ser realizado acompanhando a anatomia interna
do sistema de canais radiculares, pois se trata de den-
C tes com canais amplos e irregulares (Fig. 7-17A a C).
A geminação é um distúrbio do desenvolvimen-
Figura 7-15. Reabsorções radiculares. A. Apical. B. Externa. C. Inter- to que ocorre durante a organogênese na tentativa de
na. (Gentileza de M. B. T. Faria.) fazer um órgão extra. Provavelmente é um problema
decorrente da segmentação da lâmina dentária.
Outras variações, como número de canais, de
raízes ou dentes com configurações radiculares não co-
muns, como canal em forma de C, podem influenciar
o resultado final no tratamento endodôntico. Assim, o
conhecimento de tais variações se faz necessário, uma
vez que o processo da terapia endodôntica depende
do conhecimento das inúmeras modificações anatô-
micas. De acordo com Leonardo e Leal29, realizar um
tratamento sem o estudo da anatomia interna e com-
pletado com a radiografia para diagnóstico é o mesmo
que trabalhar no “escuro” e colaborar para as elevadas
porcentagens de fracassos endodônticos.

Canal em forma de C (C-shaped)


O molar em forma de C (C-shaped) é uma varia-
ção anatômica merecedora de destaque devido às suas
características peculiares, ensejando meticulosa aten-
ção operatória quando da instituição do tratamento
endodôntico. Esse tipo de anatomia pode induzir ao
Figura 7-16. Dens invaginatus. erro ou ao insucesso da terapêutica endodôntica desde
sua abertura e acesso à câmara pulpar até a localização,
ramente exigem tratamento endodôntico. A fusão é debridamento, instrumentação e obturação de seus ca-
definida como a união entre a dentina e/ou esmalte nais radiculares.
de dois ou mais dentes em desenvolvimento. Depen- Segundo Jafarzadeb e Wu22, a etiologia desses
dendo do período da odontogênese em que o distúr- canais é a falha durante a formação das raízes pela
bio se processa, ela pode ser completa ou incompleta. bainha epitelial de Hertwig, causando fusão radicular
A fusão verdadeira pode ser vista radiograficamente e formação dos canais em forma de C. O diagnóstico
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  255

A B C

Figura 7-18. Aspectos clínico e radiográfico do C-shaped. (Gentileza de M. V. B. Vieira.)

radiográfico do C-shaped é difícil, sendo seu reconhe-  CAVIDADE DE ACESSO E LOCALIZAÇÃO


cimento clínico estabelecido definitivamente por meio DOS CANAIS
da confecção do acesso à câmara pulpar (Fig. 7-18).
No entanto, as radiografias pré-operatórias mostram Princípios da abertura da cavidade de
características em comum, como fusão e proximidade acesso:
radicular, canal distal largo, canal mesial estreito, com a) remoção de todo o teto da câmara pulpar para a re-
uma imagem borrada de um terceiro canal entre eles, tirada dos remanescentes pulpares e exposição dos
podendo, dessa forma, ajudar a identificar a anatomia orifícios de entrada dos canais;
dos canais em forma de C. b) preservação do assoalho da câmara pulpar, evitan-
A complexidade anatômica do C-shaped promo- do perfurá-lo e facilitando a localização da entrada
ve maior dificuldade com relação ao debridamento e dos canais, pois a sua integridade tende a guiar o
obturação dos canais radiculares. Essa dificuldade se instrumento;
impõe pela ausência de um padrão anatômico em re- c) conservação da estrutura dentária, prevenindo a
lação ao número de canais radiculares. Podemos en- fratura e o enfraquecimento do esmalte e dentina
contrar um único canal em forma de C, desde a câmara remanescentes;
pulpar até o segmento apical, ou mesmo dois, três ou d) prover formas de resistência para permanência total
quatro canais que se interligam por um mesmo istmo. do selamento provisório da cavidade de acesso até a
Quando único, apresenta-se em forma de fenda ou fita colocação da restauração final;
contínua, conectando os canais mesiolingual, mesio- e) obtenção de acesso reto e livre até a primeira curva-
vestibular e distal, em molares inferiores, principal- tura do canal.
mente o segundo molar inferior, formando um arco de
180º. A existência do canal em forma de C, como sendo
uma fenda contínua unindo alguns ou todos os canais,
Preparos prévios
foi primeiramente descrita por Cooke e Cox9 em 1979. Antes de iniciar qualquer abertura coronária, o
Quando seccionada horizontalmente, essa fenda apre- profissional deve analisar o dente clínica e radiografi-
senta a forma de C. camente para avaliar qualquer problema em potencial.
O canal em forma de C tem sido diagnosticado A maioria dos dentes que necessitam de tratamento en-
e estudado pelo uso da tomografia computadorizada23 dodôntico foi afetada por cáries, restaurações, fraturas,
ou mesmo a tomografia microcomputadorizada6,13,15. atrição e outros. Frequentemente esses irritantes pro-
Cheung, Yang e Fan6, ao estudarem as caracterís- movem deposição de dentina, modificando a anatomia
ticas anatômicas apicais de segundos molares inferio- interna. O operador deve estar apto a reconhecer essas
res, com canais em forma de C, com auxílio do este- variações e planejar o acesso adequadamente, mesmo
reomicroscópio e tomografia microcomputadorizada, que deva ser alterado para adaptá-lo a elas.
concluíram que ela é extremamente complexa e com A angulação dentária, a posição de cúspides e a
muitas variações anatômicas. anatomia externa, tais como as cristas marginais, de-
256  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

vem ser avaliadas e usadas como referência para o iní- função da deposição de dentina reacional, mascaran-
cio do acesso. do a forma da abertura convencional e confundindo
Mudança na anatomia externa ocasionada por res- o operador.
taurações, especialmente coroas totais, pode também A remoção total da restauração permanente, seja
alterar a relação do longo eixo coroa-raiz. Variações um amálgama oclusal pequeno ou uma coroa total, é
nas tomadas radiográficas e a palpação da gengiva in- indicada para aumentar a visibilidade e simplificar a
serida e mucosa vestibular para ver a proeminência al- busca dos canais.
veolar da raiz ajudarão na determinação de sua correta Entretanto, em alguns casos, a total remoção não se
angulação. O sulco gengival e a área de furca também justifica, como, por exemplo, a parede interproximal de
podem ajudar nessa análise, feita antes da colocação do uma restauração classe II, que se estende subgengival-
lençol de borracha. mente; ela deve ser mantida para auxiliar o isolamento,
Quando os dentes são portadores de restaurações se não houver o risco de se soltar entre as sessões. Caso
extensas, coroas, calcificações pulpares ou os canais sua remoção seja necessária, por estar deficiente, e esse
não se mostram visíveis na radiografia e, ainda, apre- fato permitir a penetração de saliva na câmara pulpar
sentam dificuldades na orientação, o lençol de borra- ou a de soluções irrigadoras na cavidade bucal, faz-se
cha pode ser colocado após a localização da câmara ou premente o aumento de coroa clínica ou a confecção de
canais para permitir melhor direção da broca ao longo uma restauração provisória.
do eixo da raiz, principalmente quando o operador é Em casos de coroas totais, podemos optar por
um principiante. Deve-se notar também a inclinação deixá-las e depois repará-las, desde que não apresen-
da raiz relacionada com a coroa ou o dente adjacente, tem infiltrações e que a sua preservação não atrapalhe
lembrando que o canal se localiza aproximadamente o acesso.
no centro dela, necessitando muitas vezes do auxílio Os mesmos princípios básicos aplicados às res-
de uma radiografia ortorradial e outra mesializada ou taurações permanentes devem ser empregados nas
distalizada. restaurações provisórias, isto é, somente devem ser re-
Ajustes apropriados são feitos para direcionar a movidas inteiramente quando se fizer necessário.
broca ou o instrumento corretamente antes da coloca- Com relação às coroas provisórias, devem ser re-
ção do isolamento absoluto. É recomendável, no en- movidas antes do isolamento, permitindo o acesso ao
tanto, proteger a glote do paciente com a colocação de preparo do canal e facilitando a obturação, além do
gaze posicionada sobre a língua. fato de que elas são frequentemente perdidas ou deslo-
Radiografias periapicais pré-operatórias pela téc- cadas pelo grampo ou outras razões, mantendo pobre
nica do paralelismo bem processadas são indispensá- selamento durante o tratamento e entre as sessões.
veis na visualização e localização da câmara pulpar, Qualquer parte do material restaurador oclusal
dos canais e angulação radicular. Radiografias bite- ou estrutura dentária que possa interferir com o aces-
wing mostram a imagem da anatomia coronária da for- so direto deve ser removida antes de atingir a câmara.
ma mais acurada possível. Radiografias distalizadas Essa remoção, mormente em dentes inferiores, previne
ou mesializadas são recomendadas para mostrar clara- que resíduos de materiais, principalmente metálicos,
mente raízes extranuméricas, onde canais extras podem se precipitem e bloqueiem ou fiquem retidos na região
ser localizados. Em casos de elementos dentários com apical por serem de difícil remoção. Por essa razão, nos
tratamentos endodônticos iniciados por outros ope- dentes inferiores, deve-se estender um pouco mais a
radores, deve-se analisar também a situação do canal abertura, como medida de segurança.
para ver se há possíveis erros anteriores (perfurações, Nos casos de cúspides sem suporte, elas devem
desvios, instrumentos fraturados) e alertar o paciente, ser reduzidas 2 a 3mm antes da odontometria para
assim como também para nossa proteção. proporcionar um ponto de referência plano, prevenir
O acesso coronário começa com a remoção de fraturas durante e após o tratamento e as interferências
toda lesão cariosa, estrutura dentária sem suporte e oclusais.
restaurações defeituosas. Em suma, na Endodontia, necessitamos da re-
Recomenda-se a remoção de toda lesão cariosa moção do esmalte e da dentina, necessários ao acesso
antes do isolamento absoluto e da penetração na câ- direto aos canais radiculares, com eliminação de todo
mara pulpar, evitando a contaminação dos canais e teto da câmara pulpar, além de ampliar a cavidade em
do campo operatório. Não se deve esquecer, no entan- áreas estratégicas para facilitar o trabalho dos instru-
to, que a anatomia interna pode estar modificada em mentos e o máximo de visibilidade e de iluminação.
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  257

Dessa forma, a ampliação deve ser feita às expen- taurações metálicas de grande porte, deve-se utilizar
sas das paredes mesiais e vestibulares na maioria dos broca transmetal (1557 ou 1558 da S.S. White/Duflex).
grupos dentais, como veremos. No caso de penetração em coroas de jaqueta de porce-
A abertura inadequada da superfície oclusal ou lana, é indicada ponta diamantada no 114.
do teto da cavidade impossibilitará a iluminação da É feita, ainda em alta rotação, a remoção de parte
câmara pulpar, dificultando a visualização, podendo da espessura dentinária, até as imediações da câmara
induzir comprometimento do assoalho. A supressão pulpar, para facilitar o trabalho e economizar tempo.
de todo o teto é particularmente importante em den- Gostaríamos de enfatizar que se a forma de con-
tes posteriores, com grande variação de posição e nú- torno inicial for feita logo após o ponto de eleição, des-
mero dos canais, como nos molares, para a localização de que não exagerada, em alta rotação, há uma agili-
dos orifícios de entrada desses canais, mesmo os mais zação dessa etapa operatória sem o risco de acidentes,
centralizados. Já os canais mesiovestibulares, tanto dos facilitando o trabalho subsequente em baixa rotação.
molares superiores quanto dos inferiores, apresentam Se existirem dúvidas quanto à localização da câmara
dificuldades de localização, porque usualmente se en- pulpar e orifícios de entrada dos canais radiculares,
contram bem mesializados e sob as cúspides do mes- deve ser feita uma forma de contorno conservadora até
mo nome. Outra dificuldade é a de que o instrumento que haja a remoção do teto cameral.
deve ter inclinação de distal para mesial, para poder A adição de fibra óptica à caneta de alta rotação
penetrar ao longo desses canais, o que muitas vezes é melhora a visibilidade durante a exploração do fundo
impedido pela pequena abertura da boca do paciente da cavidade até o alcance da câmara pulpar.
e pela tensão do lençol de borracha. No entanto, deve- O próximo passo é realizado com brocas esféricas,
mos lembrar que a remoção da estrutura dentária em em baixa rotação, compatíveis com o tamanho do den-
excesso e não necessária debilita o dente e aumenta a te (nos 2, 4 e 6, Carbide) e direcionadas para a parte mais
possibilidade de fratura ou perfuração. volumosa da câmara pulpar (direção de trepanação),
para que não haja riscos de avaliação da profundidade
é feita colocando-se a peça de mão com broca sobre a
 TÉCNICAS DE ACESSO radiografia pré-operatória. Atingida a câmara pulpar,
Em princípio, o preparo de acesso básico para devemos imprimir à broca movimentos de tração, isto
cada grupo dental se aplica a todas as situações. No é, do interior para a superfície do dente, até que todo
entanto, caso ocorram variações, as adequações neces- teto cameral tenha sido removido (Fig. 7-19).
sárias devem ser feitas como exposto. Indicamos o uso de brocas em baixa rotação prin-
Para facilitar o aprendizado, descreveremos as cipalmente para os iniciantes, porque com elas se tem
manobras operatórias de forma sequencial e didática, mais facilmente a sensação da broca “caindo no vazio”,
alertando que estão intimamente relacionadas: mormente nos casos de câmaras de contorno nítido ou

a) acesso à câmara pulpar:


• ponto ou área de eleição;
• forma de contorno inicial;
• direção de trepanação.
b) preparo da câmara pulpar;
c) configuração final da cavidade intracoronária (for-
ma de conveniência).

O início da abertura coronária para todos os den-


tes deve ser feito em alta rotação, com brocas esféricas
diamantadas (nos 1011, 1013 e 1015) para o esmalte e de
aço inoxidável para a dentina (Carbide nos 2, 4 e 6) ou
troncocônicas (701L – Carbide), de fissura, através do
esmalte ou material restaurador, dando a conformação
apropriada à cavidade de acordo com a anatomia in-
terna do dente; portanto, seguindo a “forma de conve- Figura 7-19. Utilização de brocas esféricas comuns na abertura de
niência” referente ao grupo dental. Na remoção de res- molares (maior segurança que as de haste longa).
258  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

nas que são volumosas. Devemos lembrar que o tama- pesquisando o tecido duro. A anatomia natural dita a
nho da câmara pulpar rege o da abertura; consequen- localização usual da entrada desses orifícios, mas res-
temente, nos jovens, a abertura se apresentará bastante taurações, deposições dentinárias e calcificações distró-
ampla, enquanto nos dentes adultos terá dimensões ficas podem alterá-la. Enquanto explora o assoalho da
menores em função do processo de calcificação. Em ca- câmara pulpar, a sonda muitas vezes penetra ou des-
sos de câmaras pulpares de tamanho reduzido ou que loca depósitos calcificados que bloqueiam o orifício. É
sofreram retração por algum fator externo, devem ser preferível sua utilização à das brocas para localizar a
utilizadas brocas esféricas de haste longa (comprimen- entrada dos canais, e sua dupla extremidade oferece
to cirúrgico de 28mm) como a broca LN – Carbide, ref. dois ângulos de abordagem. O posicionamento do ins-
0205 (Dentsply/Maillefer) de tamanhos compatíveis trumento nos orifícios de entrada dos canais permite
ao dente (nos 006, 008, 010, 012, 014 ou 016). a determinação de angulação e a sua direção. A ponta
Posteriormente, são utilizadas brocas troncocôni- em ângulo reto da sonda clínica no 5, ref. 11511 (S.S.
cas de ponta embotada (alargador de Batt, de aço carbo- White/Duflex), é utilizada para verificar a presença de
no e 28mm, de numeração 012, 014 e 016) para acertar as tetos não removidos (Fig. 7-21).
paredes cavitárias. Quando estamos intervindo em den- Finalizando, podemos utilizar pontas diamanta-
tes com polpa viva e/ou de difícil visibilidade, devemos das em alta rotação (nos 3193, 3195, 3203, 3205, 3207 e
optar pela utilização desses alargadores após a remoção 1200, 2082, sem corte na ponta da KG Sorensen) para
do teto, porque não corremos riscos de lacerar o assoa- ampliar o preparo em locais estratégicos, promovendo
lho ou desgastar exageradamente em profundidade. acesso direto aos canais radiculares, maior visibilidade
Alguns profissionais preferem o uso do alargador e iluminação, além de alisar as paredes cavitárias.
Endo Zekrya – Endo Z, ref. 0152 – Tungstênio/Carbide Não podemos nos esquecer de desgastar em lo-
(Dentsply/Maillefer), também sem corte na extremi- cais opostos à curvatura da raiz para impor desgaste
dade. São apresentados no comércio para alta e baixa compensatório com acesso reto ao segmento médio
rotação; entretanto, devem ser utilizados com parcimô- e apical do canal. As pontas diamantadas exigem, no
nia por induzir desgaste acentuado nos preparos, em entanto, domínio de técnica, podendo ser usadas em
decorrência de sua rapidez e eficiência de corte. baixa rotação com auxílio de luvas especiais. As pontas
Após a remoção completa de todo o teto cavitário, diamantadas também são complementadas com alar-
os orifícios de entrada dos canais radiculares devem gadores Largo, ou vice-versa.
ser localizados. Para isso podemos utilizar as sondas A broca para a alta rotação Endo Access, ref.
clínicas de ponta reta ou mesmo as pontas de Rhein ou, A0164 (Dentsply/Maillefer), para a abertura coronária,
ainda, as sondas exploradoras próprias para Endodon-
tia, como as de no 23, ref. 43 (Dentsply/Maillefer), e a
de no 47 (S.S. White/Duflex) (Fig. 7-20).
Esse instrumento é a extensão dos dedos do clí-
nico, sondando, avaliando, sentindo e muitas vezes

Figura 7-20. Sonda reta. Exploração do assoalho e localização da Figura 7-21. Sonda clínica no 5, utilizada na verificação do teto da
entrada dos canais radiculares. cavidade pulpar.
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  259

por ser uma ponta diamantada troncocônica cuja extre- • instrumentos (no 3 LASS) grandes 45/.06 – ref. 815-
midade apresenta conformação esférica, surgiu como 1403 (2 estrias – anéis brancos em haste metálica
tentativa de abranger todos os passos do acesso coro- dourada, com ponta parabólica para evitar forma-
nário. Pode ser usada na trepanação, na remoção do ção de degraus ou perfurações).
teto e no desgaste compensatório, dando expulsivida- – indicadas para criar acesso direto e dilatar o orifí-
de sem as inconvenientes trocas sucessivas de brocas, cio de entrada do canal radicular.
agilizando portanto essa etapa operatória. Em nossa • 2 instrumentos (FD) – diamantados em forma de
opinião, ela deve estar indicada para profissionais que bola – ref. 815-1419 (1 estria – anel preto em haste
dominam a abertura coronária, uma vez que é utiliza- metálica incolor).
da em alta rotação. – indicadas para acabamento.
O Kit LA-Axxess (SybronEndo – Glendona, CA,
EUA), ref. 815-1400, é um conjunto de instrumentos Recentemente foi lançado um jogo com somente
(brocas e alargadores cervicais), planejados por Ste- os instrumentos no 1 LASS, no 2 LASS e no 3 LASS.
phen Buchanan (Leonardo30) para serem usados na Além dos alargadores Gates-Glidden, Largo, LA-
abertura coronária, desgaste compensatório e desgaste Axxess, atualmente são indicados também instrumen-
anticurvatura (segmento cervical do canal). Possuem tos de níquel-titânio para preparo do segmento cer-
elevada capacidade de corte e permitem a realização vical dos canais radiculares (desgaste anticurvatura)
de um acesso direto aos canais radiculares sem forma- denominados de alargadores cervicais ou ampliadores
ção de degraus, reduzindo muito o tempo para a rea- de orifício (orifice opener) que apresentam desenho, di-
lização da abertura coronária. O conjunto LA-Axxess, âmetro e conicidade de acordo com o sistema de ins-
linha-ângulo Axxess, é constituído por: trumentos endodônticos de níquel-titânio movidos a
motor a que pertencem (Fig. 7-22).
• 2 brocas (no 2 RD) esféricas diamantadas no 2 – ref.
815-1418 (1 estria – anel verde em haste metálica in-  PREPARO DE ACESSO EM INCISIVOS
color). SUPERIORES E INFERIORES
– indicadas para corte de resina e porcelana.
• 2 brocas (XCC) cilíndricas carbides – ref. 815-1417 Ponto ou área de eleição
(haste metálica dourada). Parte mais central da face lingual.
– indicadas para corte de coroas e restaurações me-
tálicas. Forma de contorno inicial
• 2 brocas (no 2 RC) esféricas carbides no 2 – ref. 815- Forma triangular, com base voltada para a borda
1412 (haste metálica longa incolor). incisal. Nos incisivos superiores se estende de 2 a 3mm
• 2 brocas (no 4 RC) esféricas carbides no 4 – ref. 815-
1414 (haste metálica longa incolor).
– indicadas para corte de dentina e esmalte ou res-
taurações não metálicas.
• 2 brocas (no 6 RC) esféricas carbides no 6 – ref. 815-
1416 (haste longa incolor).
– indicadas para remoção de dentina cariada.
• 2 brocas (LTD) cônicas diamantadas longas – ref. 815-
1420 (estria – anel verde em haste metálica incolor).
• 2 brocas (XLTD) cônicas diamantadas extralongas –
ref. 815-1421 (estria – anel verde em haste metálica
longa incolor).
– indicadas para refinamento de abertura coronária
(desgaste compensatório).
• instrumentos (no 1 LASS) pequenos 20/.06 – ref. 815-
1401 (2 estrias – anéis amarelos em haste metálica
dourada). Figura 7-22. Instrumentos empregados no preparo cervical de
• instrumentos (no 2 LASS) médios 35/.06 – ref. 815-1402 canais radiculares. Alargadores: Gates Glidden, Largo, ProFile, LA
(2 estrias – anéis azuis em haste metálica dourada). Axxess. (Gentileza de H. P. Lopes.)
260  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

da borda incisal, aproximadamente 2mm do tubérculo


lingual. Nos incisivos inferiores se estende desde apro-
ximadamente 2mm da borda incisal até 1 a 2mm do
tubérculo lingual11 (Fig. 7-23).
Nos incisivos inferiores, embora a forma de aber-
tura seja muito semelhante à dos superiores, é mais es-
tendida lingual e incisalmente, além de ser bem estreita
no sentido mesiodistal, em função da anatomia inter-
na desses dentes, que por apresentarem raiz achatada
no sentido mesiodistal podem possuir dois canais, e a
não extensão linguoincisal impede a localização e ins-
trumentação do canal lingual. Por serem dentes de ta-
manhos diminutos, devemos alertar os iniciantes para
que utilizem brocas de diâmetros reduzidos para não
os destruírem em demasia, principalmente no sentido
proximal.
Essa etapa, assim como a que a antecedeu, é feita
com pontas diamantadas esféricas ou cônicas, compa-
tíveis com o tamanho do dente.
Tanto para o aluno quanto para o profissional Figura 7-24. Sentido de trepanação da broca esférica inicialmente
perpendicular e posteriormente paralela ao eixo do dente para atin-
recém-formado não é indicada a colocação do dique
gir e remover o teto da câmara. Os alargadores Batt são utilizados na
de borracha até esse ponto, para que existam a perfeita finalização do preparo.
observação da inclinação do dente no arco e a relação
de profundidade da cavidade confeccionada com a
polpa.
Preparo da câmara pulpar
Após a penetração inicial descrita, modifica-se o
sentido da broca esférica, já agora em baixa rotação e Após a penetração da broca esférica compatível
no ponto central da face lingual, operando-se em senti- na cavidade pulpar, vamos imprimir a ela movimentos
do paralelo ao eixo do dente, até penetrar na cavidade de tração, do interior para a superfície do dente, até
pulpar (Fig. 7-24). que todo o teto tenha sido removido. Com os movi-
mentos de tração, prevenimos a remoção desnecessária
da estrutura dentária.

Configuração final da cavidade intracoronária


Utilização do alargador de Batt para o preparo das
paredes cavitárias dando uma conformação triangular
expulsiva à cavidade com remoção dos divertículos – e
ângulos mesial e distal do vértice da câmara pulpar, as-
sim como extensão vestibular e lingual da câmara, com
remoção do ombro palatino ou lingual que, de acordo
com Pucci e Reig40, faz parte da retificação da parede
palatina (Fig. 7-25).
A eliminação do ombro palatino ou lingual, qual
seja o dente superior ou inferior, constitui a realização
do desgaste compensatório nesses dentes; caso contrá-
rio, os instrumentos endodônticos ficariam mal orien-
tados. Da mesma forma, deve-se remover o esmalte na
base do triângulo que fica para incisal, proporcionando
um acesso reto e liberando o instrumento para traba-
Figura 7-23. Sequência da abertura coronária em dentes anterio- lhar de forma correta em todas as paredes do canal ra-
res, de acordo com o texto. dicular. Esses desgastes podem ser feitos, ainda, com
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  261

A B A B

Figura 7-25. Forma de abertura coronária em incisivos superiores


(A) e inferiores (B) de acordo com a anatomia e sua extensão para Figura 7-27. Abertura coronária em caninos superiores (A) e infe-
acesso ao canal (forma de conveniência). riores (B) de acordo com o texto.

alargadores Endo Z ou pontas diamantadas cilindro- conformação ligeiramente ovalada, em função do seu
cônicas longas. achatamento mesiodistal, extensão cérvico-incisal e o
Em dentes inferiores, como já abordado, é mui- divertículo incisal mediano (Fig. 7-27).
to importante esse desgaste compensatório no sentido
cérvico-incisal, para facilitar a localização e o preparo Pré-molares superiores
dos canais vestibular e lingual em casos de bifurcação
(Fig. 7-26). Ponto ou área de eleição
Área central da face oclusal.
Caninos superiores e inferiores
A abertura coronária é feita de forma semelhante Forma de contorno inicial
à dos incisivos, diferindo na forma de conveniência que Forma elíptica para o primeiro pré-molar supe-
possui a base terminando em ponta de lança, podendo rior, por apresentar dois canais, ou ovoide, com maior
ser também classificada como losangular, devido ao dimensão no sentido vestibulopalatino, de acordo com
divertículo central correspondente à cúspide perfuran- a anatomia interna da cavidade pulpar.
te desses dentes que, principalmente nos jovens e em Uso de pontas diamantadas compatíveis em alta
dentes superiores, apresenta-se bastante pronunciada. rotação troncocônicas ou esféricas da mesma forma
Já os caninos inferiores apresentam muitas vezes uma que para os dentes anteriores.

Direção de trepanação
Penetração inicial com a ponta diamantada em
alta rotação, posicionada paralelamente ao longo eixo
do dente até as imediações da cavidade pulpar. Com o
dente isolado, já em baixa rotação e broca esférica com
tendência a direcioná-la para o canal palatino (porção
mais volumosa da cavidade pulpar), progride-se até
chegar à cavidade pulpar.

Preparo da câmara pulpar


Com a mesma broca e movimentos de tração
é feita a remoção de todo o teto. Complementa-se a
forma ovoide da cavidade com o alargador de Batt,
Figura 7-26. Desgaste compensatório dos incisivos inferiores. Aces- removendo-se todo o teto restante e dando-lhe expul-
so livre dos instrumentos e localização do canal lingual. sividade.
262  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

Preparo da câmara pulpar


Com a mesma broca esférica, em movimentos
de tração, ampliamos de acordo com a exigência da
anatomia pulpar e complementamos com o alargador
de Batt.
A

Forma de conveniência
A cavidade final tem conformação circular ou
ovoide, localizada na metade mesial da face oclusal,
B
geralmente incluindo a cúspide vestibular na abertu-
ra em função da acentuada inclinação para lingual que
esses dentes apresentam. Os desgastes compensatórios
podem ser efetuados com alargadores de Batt, Endo Z,
Largo ou pontas diamantadas (Fig. 7-29).
Figura 7-28. Abertura coronária e desgaste compensatório em 1os
(A) e 2os (B) pré-molares superiores.
Molares superiores

Forma de conveniência Área de eleição


Na superfície oclusal, no centro da fossa mesial.
Ao término da etapa anterior já temos a cavidade
praticamente pronta, só faltando, agora, uma sonda-
gem dos orifícios de entrada dos canais para observação Forma de contorno inicial
de suas direções e análise da necessidade de desgaste A abertura deverá ser estendida do centro da fos-
maior, a fim de facilitar a visão, iluminação e acesso di- sa mesial (próxima à cúspide mesiovestibular) em di-
reto das limas endodônticas em todas as paredes dos ca- reção distal, até ultrapassar o sulco oclusovestibular,
nais. Os alargadores de Batt, compatíveis, também são seguindo paralelamente à face do dente. Desse ponto
introduzidos no orifício de entrada dos canais com o in- distal, segue-se em direção lingual, atravessando a fos-
tuito de ampliá-los até o segmento cervical, facilitando a sa central, para daí se unir ao ponto inicial, dando uma
instrumentação do segmento médio e apical (Fig. 7-28). conformação triangular de base vestibular à cavidade.
Podem ser utilizados também alargadores Endo
Z, pontas diamantadas cilindrocônicas ou alargadores Direção de trepanação
Largo. A penetração inicial e os passos anteriores podem
ser realizados com pontas diamantadas esféricas ou
Pré-molares inferiores troncocônicas em alta rotação; direção vertical, parale-
la ao longo eixo do dente até as imediações da câmara
Área de eleição
pulpar.
Faceta mesial da face oclusal.

Forma de contorno inicial


Dependendo da anatomia interna, pode apresen-
tar a forma de conveniência desde circular até ovoide
(quando apresenta dois canais radiculares).

Direção de trepanação
Penetração inicial com a ponta diamantada (esfé-
rica ou troncocônica), em alta rotação, posicionada pa-
ralelamente ao longo eixo do dente até as imediações
da câmara pulpar.
A partir daí, em baixa rotação, com broca esférica
paralela ao longo eixo do dente, penetramos na cavi-
dade pulpar. Figura 7-29. Abertura coronária em pré-molares inferiores.
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  263

Após a penetração inicial, utilizamos broca esféri-


ca em baixa rotação, de tamanho compatível, orientada
para o canal palatino, de maior diâmetro, prevenindo-
se para que não se atinja o assoalho.
Na abertura dos molares superiores não devemos
utilizar as brocas de haste longa, para evitar deforma-
ção do assoalho da câmara pulpar, e sim as comuns,
pois, quando as bordas do contra-ângulo encostarem
na face oclusal dos dentes, a parte ativa dessas brocas
não terá contato com o assoalho, oferecendo maior
margem de segurança29. A B

Após trepanação da câmara pulpar, aplicam-se


Figura 7-30. De acordo com a descrição do texto, abertura coroná-
movimentos de tração para a remoção do teto cavitário.
ria do 1o (A) e 2o (B) molares superiores.

Preparo da câmara pulpar


Os molares superiores podem apresentar, na raiz
Remoção complementar de todo o teto e preparo mesiovestibular, dois canais: o canal mesiovestibular,
das paredes laterais, utilizando-se para isso do alarga- também chamado MV1, e um segundo canal, o mesio-
dor de Batt compatível ou Endo Z. palatino, também chamado MV2. A parede mesial de
cavidade pulpar desses dentes apresenta convexidade
Configuração final da cavidade (forma de bastante acentuada, formando um colar de dentina que
conveniência) tende a cobrir os orifícios de entrada do canal mesio-
A forma de conveniência é triangular em base vestibular e principalmente do canal mesiopalatino
voltada para vestibular. No entanto, com relação ao (Figs. 7-31 e 7-32).
1o, 2o ou 3o molares, apresenta modificações quanto ao
tamanho e à localização da abertura, em decorrência
da anatomia interna e da disposição das raízes desses
dentes.
O 1o molar superior se apresenta com raízes se-
paradas em 100% dos casos e, por ser um dente mais
volumoso, exibe forma triangular mais ampla do que
as dos 2os e 3os molares, principalmente no sentido me-
siodistal40. A câmara pulpar se situa bem mesializada,
preservando, na maioria das vezes, a ponte de esmalte
(que liga a cúspide distovestibular à mesiopalatina). O
2o molar superior apresenta suas raízes separadas em Figura 7-31. Forma de conveniência triangular, do 1o molar superior,
53% dos casos40, os restantes têm diferentes formas de ao microscópio operatório (MO) com a base voltada para vestibular.
Canal mesiovestibular abaixo da ponte da cúspide de mesmo nome,
fusionamento. Em função dessa disposição radicular e
canal distal para distal e o canal palatino entre a cúspide mesiopalati-
decorrente da anatomia apresentada por esse dente, a na e a fossa central. O canal mesiopalatino (MV2) entre o canal mesio-
abertura se torna menor e mais centralizada do que a vestibular e o palatino. (Gentileza de V. B. C. Ferrari.)
do 1o molar (Fig. 7-30A e B).
O orifício de entrada do canal mesiovestibular se
encontra abaixo da cúspide correspondente, e o disto-
vestibular a 2 ou 3mm, aproximadamente, para distal,
e a 1mm para palatino, em relação ao mesiovestibu-
lar29. O orifício de entrada do canal palatino se encontra
entre a cúspide mesiopalatina e a fossa central. Nota-
se, portanto, que o triângulo está mais para mesial e
que sua base está voltada para vestibular e deslocada
para o ângulo mesial, em virtude de a entrada do canal
mesiovestibular estar mais para vestibular que disto- Figura 7-32. Localização do canal mesiopalatino (MV2) em 1o mo-
vestibular. lar superior com o auxílio do MO. (Gentileza de V. B. C. Ferrari.)
264  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

A incidência do canal mesiopalatino da raiz me- espelho sem magnificação. Dessa forma, encontraram
siovestibular dos 1os e 2os molares superiores (também o MV2 em 51% dos casos. Com o auxílio do MO encon-
chamado MV2) tem sofrido variação de acordo com os traram o quarto canal em 82% de todos os casos.
autores. Pineda e Kuttler38 encontraram quatro canais De acordo com Ruddle42, para a localização do
em 1o e 2o molares superiores combinados em 51,5% canal MV2, o clínico deve estender a cavidade de aces-
dos casos. Kulild e Peters26, que realizaram estudo no so paramesial às expensas da crista marginal mesial
qual seccionavam a raiz mesiovestibular em cortes de em vez de procurá-lo fazendo uma canaleta a partir
1mm, observaram a presença de dois canais no seg- do orifício do MV1. Segundo ele, todos os orifícios se
mento coronário em 95,2% dos casos, onde 71,1% apre- originam do assoalho da câmara pulpar, enfatizando a
sentavam dois canais patentes até o ápice. Para esses importância da remoção de todo o teto cameral. Após
últimos autores, o orifício de entrada do canal mesio- a remoção do teto deve ser feito um desgaste na crista
palatino está a 1,82mm do orifício de entrada do canal marginal mesial eliminando a projeção de dentina que
mesiovestibular, em uma linha traçada em direção ao recobre o canal MV2. Posteriormente um explorador
canal palatino. Pode ser localizado com a ajuda de fi- deve ser usado firmemente no sulco de desenvolvi-
bra óptica ou microscópio óptico, traçando-se uma li- mento que une o canal MV1 ao palatino para trepanar
nha do orifício de entrada do canal mesiovestibular ao a fina camada de dentina que cobre o canal MV2. Tam-
palatino. bém considera o MO um elemento essencial para iden-
Numa análise através da microscopia eletrônica tificar o orifício de entrada desse canal.
de varredura em molares superiores, Gilles e Reader17 Para a localização do MV2 indicamos a utilização
encontraram canais linguais nas raízes mesiovestibula- da sonda exploradora para liberação de depósitos de
res de molares superiores em 70 a 90%. Weller e Har- dentina que porventura o estiverem encobrindo, facili-
twell51 afirmaram que há um aumento de probabili- tando o direcionamento do instrumento no 10, que deve
dade de encontrar esse canal se o acesso inicial é alte- ser o primeiro a ser usado em seu cateterismo. Para a
rado da forma triangular clássica para uma forma mais remoção da projeção de dentina indicamos brocas dia-
romboidal, com desgaste na parede mesial. Também mantadas em alta rotação com ponta ativa (3203, 3205
aconselharam explorar o sulco de desenvolvimento en- ou 3207, KG Sorensen) com o cuidado de não interferir
tre o canal mesiovestibular e o canal palatino, aprofun- no assoalho. Podem ser usadas também as pontas de
dando-o, para localizar o 4o canal. ultrassom.
Fogel et al.14 avaliaram o uso de lupas de cabeça Quanto aos desgastes compensatórios, eles são
com fibra ótica com aumento de 2,5X para localizar o efetuados nos molares superiores simultaneamente
canal mesiolingual em 1os molares superiores in vivo. aos preparos da embocadura do segmento cervical e
Após o preparo de acesso, um sulco, aproximadamen- médio dos canais radiculares. Utilizam-se para isso
te de 1mm de profundidade, era feito no assoalho da alargadores Gates Glidden, Largo, pontas diamanta-
câmara pulpar por lingual do orifício do canal mesio- das cilindrocônicas longas, sem corte na extremidade,
vestibular, seguindo o sulco de desenvolvimento entre pontas ultrassônicas complementadas com instrumen-
o canal mesiovestibular e o canal palatino. Encontra- tos manuais. É que muitas vezes, em função do peque-
ram em 71,2% dos casos, dois canais acessíveis na raiz no diâmetro dos canais, principalmente o MV1 e MV2,
mesiovestibular. os alargadores só podem ser utilizados no preparo do
Baldassari-Cruz et al.2 concluíram que o micros- seu orifício deslocando-o para a zona de segurança da
cópio operatório (MO) aumentou em 31% a chance raiz (movimento anticurvatura), após a ampliação do
de detecção do orifício do canal mesiolingual na raiz segmento cervical com instrumentos manuais, como
mesiovestibular (MV2) dos 1os e 2os molares superiores. os instrumentos tipo K. Principalmente no canal MV2
Inicialmente fizeram o acesso tradicional usando uma antes de qualquer instrumento movido a motor, deve-
broca de fissura em alta rotação, no 557, sonda explora- mos usar instrumento tipo K no 10 (que é mais rígido)
dora afiada, espelho e irrigação com hipoclorito de só- no cateterismo do segmento cervical e médio e, na pro-
dio a 2,5%, sem o uso de magnificação ou lupas. Quan- gressão em sentido apical, o de no 8 (Fig. 7-33).
do o canal MV2 não era localizado, colocavam uma Com o desgaste compensatório obtemos acesso
broca 700L, 2 a 3mm, no orifício do canal MV1, e um direto aos canais, reduzindo a curvatura e facilitan-
sulco era preparado nessa profundidade em sentido do a instrumentação do segmento apical. Isso posto,
lingual e ligeiramente para mesial através da projeção a configuração da cavidade tende a apresentar sulcos
de dentina. Novamente exploravam com explorador e voltados para a área do desgaste, maior no caso da
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  265

Figura 7-33. Cavidade pulpar de molar superior, indicado para retratamento, vista ao MO antes e após o preparo dos canais radiculares,
mostrando a presença do MV2. (Gentileza de Cristina Musso.)

cúspide mesiovestibular. Nas técnicas progressivas de


instrumentação, o acesso direto aos canais é feito antes
da instrumentação apical, o que faz ocorrerem menos
erros operatórios.

Molares inferiores
Área de eleição
Superfície oclusal.

Forma de contorno inicial


Forma trapezoidal com base maior para mesial,
porque apresenta, na maioria dos casos, dois canais
mesiais e um distal achatado no sentido mesiodistal.
Quando esse dente apresenta quatro canais, a abertura Figura 7-35. 2o molar inferior com quatro canais. Nota-se que, em
toma forma retangular ou quadrada de acordo com seu função do pequeno diâmetro mesiodistal desse dente e por possuir
diâmetro mesiodistal (Figs. 7-34 e 7-35). quatro canais, sua forma de conveniência tem a conformação qua-
drada. (Gentileza de Cristina Musso.)

Direção de trepanação
a) paralela ao longo eixo do dente, com pontas esféri-
cas troncocônicas, em alta rotação, como nos passos
anteriores;
b) próxima à câmara pulpar, com uso de broca esférica
compatível, em baixa rotação, na direção do canal
distal mais volumoso. Atingida a cavidade pulpar,
impõem-se movimentos de tração à broca.

Preparo da câmara pulpar


Figura 7-34. Abertura coronária do 1o e 2o molares inferiores, de Remoção do teto restante, após sondagem das en-
acordo com a descrição do texto. tradas dos canais, com alargadores de Batt, trazendo o
266  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

preparo ao encontro dos canais mesiais: mesiovestibu- conseguir acessá-lo é necessário a remoção da parede
lar, que fica localizado abaixo da cúspide homônima, e mesial da câmara pulpar. Outras vezes pode ser iden-
mesiolingual, entre o sulco central e a cúspide corres- tificado durante o preparo dos canais principais pela
pondente. presença de um ponto de sangramento (Fig. 7-36).
Fabra-Campos12 efetuou um estudo com 760 pri-
Configuração final da cavidade intracoronária meiros molares inferiores onde encontrou 20 dentes
(forma de conveniência) com um terceiro canal na raiz mesial, dando uma in-
O desgaste compensatório, como nos molares cidência de 2,6%. Nesses 20 dentes, 13 canais interme-
superiores, deve ser feito principalmente na parede diários (65%) uniam-se com o canal mesiovestibular
mesial, no sentido do canal mesiovestibular e mesio- no segmento apical e em 6 (30%) com o mesiolingual.
lingual. Em somente uma raiz o canal intermediário manteve
Usualmente a raiz mesial dos molares inferiores sua individualidade, terminando em um forame apical
possui dois canais situados nos extremos vestibular e separadamente. Esse autor notou que o canal interme-
lingual. Entre os dois canais existe uma rede de ductos diário não tem um curso claramente definido na radio-
contendo tecido pulpar. No entanto, deve-se avaliar bem grafia e oscila entre os canais mesiovestibulares e me-
o assoalho da câmara pulpar para detectar a presença de siolinguais. No entanto, pode ter um orifício definido
um canal adicional, o que é feito pela observação da li- na câmara pulpar e preparado individualmente.
nha que une os dois canais mesiais após a secagem do Kimura e Matsumoto25 abordando estudos an-
assoalho pulpar, explorando-o com uma fina sonda. teriores de molares inferiores com três canais distais
Muitas vezes uma depressão pode ser sentida permitin- relataram um caso de 1o molar inferior com uma raiz
do a introdução de um instrumento tipo K nos 8 e 10. mesial e duas distais perfazendo o total de cinco canais
Esse terceiro canal na raiz mesial é chamado de radiculares (dois canais mesiais e três distais). Esse ele-
intermediário ou intermédio. Algumas vezes para se mento dentário se apresentava com tratamento endo-

Figura 7-36. Primeiro molar


inferior com insucesso do tra-
tamento endodôntico, apre-
sentando três canais na raiz
mesial. Nota-se ao MO a pre-
sença do orifício do canal
intermediário. (Gentileza de
Cristina Musso.)
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  267

dôntico com insucesso e presença de lesão periapical


crônica e, de acordo com esses autores, demonstra a
importância da detecção e do saneamento de todos os
canais radiculares para a obtenção do sucesso do trata-
mento endodôntico.

Considerações Finais
O tratamento endodôntico, que tem como finali-
dade precípua a perfeita obliteração do sistema de ca-
nais radiculares, começa pela abertura coronária e en-
volve diferentes fases, sendo todas de igual importân-
cia e dependentes do bom êxito das que as antecedem. Figura 7-37. Desgaste compensatório da cavidade pulpar e dos
Vários autores7,10,19,40 têm demonstrado que a ima- canais radiculares (desgaste anticurvatura) dos molares inferiores.
gem da anatomia radicular como tendo um canal cilin- Nota-se o desgaste das paredes proximais preservando a região de
drocônico, com uma abertura apical, é menos real do furca (zonas de perigo da raiz).
que a que mostra a presença de canais cilíndricos com
curvaturas, embolsamentos, intercomunicações, canais
acessórios e múltiplas foraminas. Portanto, ao intervir, A ampliação do segmento cervical antes da com-
o clínico deve considerar essas variações como anato- pleta instrumentação apical deve ser realizada para
mia normal, pela persistência de sua ocorrência. prevenir acidentes operatórios. Com a introdução do
O objetivo principal do acesso coronário e radicu- alargador Gates-Glidden no preparo dos canais radicu-
lar é obter uma linha reta da superfície oclusal ao seg- lares feita por Schilder43, em 1974, ficaram mais fáceis a
mento apical do canal para que os instrumentos endo- ampliação e a limpeza do segmento cervical, auxilian-
dônticos passem através da câmara e da parte reta do do consequentemente a instrumentação do segmento
canal sem sofrer deformação elástica ou plástica. Isso apical. Ainda como medida de prevenção de acidentes,
não é sempre possível por causa da relação coroa-raiz, Abou-Rass et al.1, em 1980, introduziram uma mano-
mas o acesso reto à primeira curvatura do canal deve bra de instrumentação anticurvatura, realizada pelo
ser tentado tanto quanto possível para que o operador alargador Largo, que se mostrou excelente auxiliar do
tenha maior controle e percepção tátil dos instrumen- preparo, ampliação e retificação do segmento cervical
tos manuais na região mais crítica do canal, o segmento (Fig. 7-37).
apical. A instrumentação dos molares, tanto superiores
quanto inferiores, é muitas vezes frustrante, por apre-  UTILIZAÇÃO DO MICROSCÓPIO
sentar canais curvos, atresiados e com pequena conici- OPERATÓRIO E PONTAS DE ULTRASSOM
dade, dificultando o tratamento endodôntico.
NA ABERTURA CORONÁRIA E
Interferências coronárias na embocadura dos ca-
LOCALIZAÇÃO DOS CANAIS
nais mesiais restringem o movimento dos instrumentos
endodônticos e interferem no controle e percepção tátil
RADICULARES
delas no segmento apical24,27,28,32,40. É que o estímulo da Em 1977, Baumann, médico otorrinolaringologis-
ação de contato e atrito dentário durante a mastigação ta e cirurgião-dentista, publicou na literatura mundial
produz processo de deposição progressiva de dentina o primeiro relato sobre as possibilidades de utilização
nas paredes laterais da câmara pulpar, especialmente clínica do Microscópio Cirúrgico (MC), também cha-
contra as faces proximais, dificultando a abordagem mado Microscópio Operatório (MO), na Odontologia35.
de canais em dentes bi ou multirradiculares, induzindo Na Endodontia foi introduzido por Carr5, em 1992,
Pucci e Reig40 a enfatizarem o valor do desgaste com- sendo indicado para o reconhecimento da forma da ca-
pensatório já em 1945. Kuttler27, em 1960, indicava a vidade pulpar, localização dos orifícios de entrada dos
extensão do acesso coronário em sentido inverso ao da canais radiculares, identificação de calcificações pulpa-
curvatura do canal para a obtenção de maior retifica- res, observação de bifurcações radiculares, septos ou
ção do mesmo e prevenção do alargamento imperfeito istmos e canais laterais.
do seu eixo terminal, desviando-o e impossibilitando Esse aparelho possui magnificações variadas de
sua correta obturação. acordo com os diferentes modelos e marcas do merca-
268  Capítulo 7   Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais

do, com intensa iluminação35 oferecida por uma lâmpa- tos microcirúrgicos como os insertos ultrassônicos. A
da halógena de pelo menos 150W, com intensidade re- utilização do binômio microscópio-insertos, ou pontas
gulável e controlada por meio de um reostato. Essa luz de ultrassom, tem-se mostrado eficaz sob magnifica-
é coaxial, isto é, paralela à linha de visão, permitindo ção53 em virtude de não interferir na iluminação e vi-
ao operador observar o campo operatório sem sombras sibilidade, o que ocorre com as brocas devido à cabeça
e manter os olhos em repouso, como se observasse o de alta rotação e ou da peça de mão. O desgaste ul-
infinito, o que permite intervenções prolongadas sem trassônico, no entanto, deve ser realizado sem irriga-
fadiga ocular41. ção para não impedir a visão do operador e em curtos
Com relação à magnificação, o aumento mínimo períodos para que o aumento de temperatura advindo
será de 2,5× a 8× e servirá para observar um campo desse uso não promova alterações nas estruturas de
operatório amplo. O aumento médio irá de 8× a 16× e suporte do dente41. Esses insertos ultrassônicos, ainda,
será utilizado para um trabalho de precisão. O maior proporcionam maior segurança garantindo menor ris-
aumento irá desde 16× até o máximo de 32× a 40× e co de perfurações. São necessários também espelhos de
está indicado para a observação de detalhes mais re- superfície plana para uma visão mais acurada.
finados, perdendo, porém, em profundidade de cam- Existem no comércio pontas ativadas pelo ultras-
po41. Ao nível de procedimentos clínicos, geralmente som de diferentes marcas usadas na Endodontia. Para
trabalhamos nos aumentos intermediários usando os abordagem de calcificações, Puente e Saavedra41 indi-
maiores para verificação dos trabalhos, pois as referên- cam: Satelec ET40, ET-40D e Pro-Ultra Endo 3, 4 e 5 e as
cias anatômicas são facilmente perdidas em aumentos desenvolvidas por Gary Carr: Slim-Jim SJ-4, UT-4, Pon-
muito grandes. ta Troughing, Ponta Enac Ball Diamond, CT-4 e a CT-4D,
O microscópio operatório tem proporcionado ao as quais são de alta resistência ao desgaste e fratura.
operador condições para visualização do campo ope- A localização do canal mesiovestibular pode ser
ratório (cavidade pulpar), facilitando a localização da feita com pontas ultrassônicas, como a CPR-2C (Spar-
embocadura dos canais radiculares (Fig. 7-38). tan, Inc., Fenton) sob magnificação 12X53, ou a Enac Ball
Os canais atresiados são mais facilmente localiza- Diamond ou CKT 2 – D Carr Diamond Killer Tip, dentre
dos com o emprego do MO, pontas ativadas com ul- outras.
trassom e soluções irrigadoras como o hipoclorito de Encontramos, no comércio brasileiro com facili-
sódio. Sob a luz coaxial do MO, verifica-se o diferencial dade, as pontas ultrassônicas Dental Trinks, que são de
de cor, entre a dentina original e a calcificada, como baixo custo e universais e necessitam de adaptadores
também o efeito de efervescência (bolhas de champag- para as diferentes marcas de aparelhos de ultrassom.
ne), “teste da bolha”, em função da ação da solução de Para uso em câmaras pulpares apresentam-se como:
hipoclorito de sódio dissolvendo os tecidos orgânicos TU 15 C (haste policurva – 27mm) e TU 16 C (haste
presentes nos canais adicionais41. policurva – 32mm) para remoção de interferências na
Para a manipulação desses canais com o uso do entrada do canal; TU 24 (alisamento), indicada para ali-
microscópio operatório precisamos lançar mão de ins- samento e remoção de interferências e TU 27 (esférica)
trumentos adequados. Assim, para a manipulação mi- indicada para canais atresiados e localização do quarto
crocirúrgica, têm sido introduzidos vários instrumen- canal em molares superiores (canal MV2).

Figura 7-38. Abertura de molar in-


ferior. MO antes e após seu término,
mostrando três canais na raiz me-
sial. (Gentileza de Cristina Musso.)
Anatomia Interna, Cavidade de Acesso e Localização dos Canais  269

O MO além de oferecer magnificação (ampliação) 17. Gilles J, Reader A. An SEM investigation of the mesiolingual
e iluminação, permite a documentação clínica, por- canal in human maxillary first and second molars. Oral Surg
Oral Med Oral Pathol, 1990; 70: 638-43.
que facilita a obtenção e armazenamento de imagens 18. Grossman LI, Oliet S, Del Rio CE. Endodontic Pratice, 11th ed.,
conseguidas durante os procedimentos. As câmaras Philadelphia: Lea & Febiger, 1988.
digitais de fotografia possuem saídas para vídeo que 19. Hess W. The anatomy of the root canals of the teeth of the
permanent dentition. New York, Williams Wood Co., 1925,
permitem sua conexão aos monitores e observação nos 200p. Apud De Deus QD. Endodontia. 5a ed. Rio de Janeiro:
mesmos da imagem focalizada pelo MO. A focalização Medsi, 1992. Cap. 2.
da imagem através do monitor para fotografia oferece 20. Hess W, Zurcher E. The anatomy of the root canals of the teeth
of the permanent and deciduous dentitions. New York: William
maior precisão em função de seu tamanho e permite
Wood Co., 1925.
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