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BELO HORIZONTE
2018
A violência é vista basicamente por dois pontos de vista, o do direito natural e o
do positivo:
Segundo Walter Benjamin, pela ótica do direito natural - a violência - produto da
natureza semelhante a uma matéria prima, é perfeitamente justificável, desde
que empregada visando a fins considerados justos. Sendo assim, o direito
natural serviria como um idealizador da violência do estado como algo natural
pois estaria teoricamente buscando um fim justo.
Em contraposição, o direito positivo, segundo Benjamim, parte do ideal de que
cada indivíduo da sociedade, sendo portador de uma personalidade jurídica
própria e individual abriu mão em favor do estado. Segundo o autor, a teoria do
direito positivo do estado avalia qualquer direito nascente apenas pela critica aos
seus meios (que constituem violência) a fim de garantir a justiça pela justificação
do meio. Os fins do direito positivo não entram em questionamento quando
atende o interesse do estado, detentor do monopólio da violência, que não
pretende defender o direito em si, mas sim garantir o seu próprio direito.
Por outro lado, o estado também não existiria se fosse instaurado em uma
sociedade que se permite que fins naturais fossem perseguidos de maneira
violenta pois acarretaria em problemas sociais as quais o estado não conseguiria
manter o controle. Monopolizar a violência se tornou uma grande artimanha do
estado pois garante seu domínio sobre a sociedade em geral e ao mesmo tempo
garante seu direito.
A violência pode ser tão ameaçadora para o estado que o mesmo chega a
ceder “direitos a violência”. Walter Benjamim cita em seu texto a greve de
trabalhadores como um grande exemplo desse fato. O mesmo regulamenta a
greve como uma forma de “subtrair a greve uma violência exercida de maneira
indireta pelo patrão”. O direito de greve configura no direito de empregar a
violência para alcançar determinados fins.
Entretanto, a greve geral é vista pelo governo como abuso e é quando o mesmo
toma as rédeas da situação violenta para si novamente, invocando suas medidas
de controle pois na greve geral o que o estado teme é fique em evidencia que a
violência é capaz de modificar as relações de direito.
Segundo Benjamin, toda violência “como meio é ou instauradora ou
mantenedora do direito”. O estado teme essa violência pura e simplesmente por
seu caráter instauração do direito, mas ao mesmo tempo é obrigado a
reconhece-la como instauradora do direito quando concede o direito de guerra e
a greve.