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DO NOVO
TESTAMENTO
PANORAMAS DO NOVO TESTAMENTO
APRESENTAÇÃO
O objetivo desse curso é promover uma visão geral e ampla sobre a teologia, a
história, a estrutura, os temas e a geografia do Novo Testamento. Para isso, dividimos o
estudo em cinco seções que serão discutidas em nossos encontros.
Introdução
Que discute o significado e a necessidade
1ª Seção Panorama Teológico
da existência de um Novo Testamento.
Ambiente e antecedentes históricos do
2ª Seção Panorama Histórico
Novo Testamento
Qual é a estrutura literária do Novo
3ª Seção Panorama dos Livros
Testamento?
Quais os temas e assuntos abordados no
4ª Seção Panorama Temático
Novo Testamento?
Como a geografia aparece no Novo
5ª Seção Panorama Geográfico Testamento e o que ela acrescenta à nossa
teologia?
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5
CAPÍTULO I - PANORAMA TEOLÓGICO .................................................................. 7
1.1 Por que um Novo Testamento? ............................................................................... 7
1.2 Características da Antiga Aliança ........................................................................... 7
1.3 Voltando à questão .................................................................................................. 8
CAPÍTULO II - PANORAMA HISTÓRICO................................................................. 11
PARTE 1 – Introdução aos Antecedentes Históricos.................................................. 11
2.2 Antecedentes Históricos do Novo Testamento ..................................................... 11
2.2 Influências do Império Persa (555 a 331 a.C.) ...................................................... 13
2.3 Influências do Império Grego – filosofia e cultura (331 a 167 a.C.) .................... 14
2.4 Influências Religiosas dos Judeus ......................................................................... 14
2.5 Influências do Império Romano (63 a.C. ao tempo de Cristo) ............................. 16
2.6 Introdução à Vida de Jesus .................................................................................... 17
2.7 Paulo de Tarso e sua importância no cristianismo ................................................ 19
CAPÍTULO III – PANORAMA DOS LIVROS ............................................................ 20
3.1 Características e estrutura...................................................................................... 20
3.2 Um pouco dos Evangelhos .................................................................................... 21
3.2.1 Os evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos .............................................. 22
3.2.2 O Evangelho de João ...................................................................................... 24
3.3 As cartas e epístolas .............................................................................................. 25
3.3.1 Epístolas Paulinas ........................................................................................... 25
3.3.2 Cartas Paulinas ............................................................................................... 29
3.3.3 Epístolas Não-Paulinas ................................................................................... 31
3.3.4 Demais escritos joaninos ................................................................................ 33
CAPÍTULO IV – PANORAMA TEMÁTICO ............................................................... 37
4.1 Humanidade e divindade de Cristo ....................................................................... 37
4.1.1 Cristo Homem: o sacrifício perfeito ............................................................... 38
4.1.2 Cristo Deus: o soberano sofredor ................................................................... 40
4.1.3 Cristo Homem-Deus: o salvador acessível ..................................................... 41
4.2 O Reino do poderoso Deus feito pelos homens mais fracos ................................. 41
4.2.1 Revelando o sonho do Reino .......................................................................... 42
INTRODUÇÃO
https://bible.org/seriespage/2-introduction-new-testament
http://mb-soft.com/believe/txw/newtheo.htm
1
Utilizarei no decorrer desse material as aspas simples (‘...’) para enfatizar determinadas palavras e as
aspas duplas (“...”) quando estiver fazendo uma citação direta de outros autores.
2
No nosso material, usarei indistintamente as palavras testamento, aliança ou pacto, considerando apenas
aquela que me der melhor fluidez no texto e que se encaixe melhor com o que precisamos compreender.
Mas, especificamente, quando me referir ao conjunto de livros, utilizarei sempre a palavra Testamento.
Uma aliança, mesmo quando feita sob a forma de testamento, é um tratado entre
duas partes, onde cada um dos envolvidos tem que cumprir suas obrigações sob pena de
torna-la sem efeito (ver Tg 2:10). A aliança que chamamos de antiga está registrada no
livro de Êxodo. Particularmente na passagem Êx 20:3-17, estão registrados os chamados
10 Mandamentos, que funcionam como um resumo da Lei. Em Êxodo 24, Moisés leu a
Lei para o povo de Israel e eles responderam: “Faremos tudo que o Senhor ordenou”
(v.3), firmando, assim, um pacto, um contrato, com o Deus. Essa aliança tinha as
seguintes características:
1) A aliança que Deus fez com o seu povo consistia de duas partes: Deus e os israelitas
firmaram um compromisso solene com base no conteúdo do Livro da Aliança (Êx
24:7).
2) A aliança foi selada pela morte de animais que foram oferecidos a Deus. O sangue
desses animais foi aspergido sobre o altar e sobre o povo (Êx 24:8).
3) A aliança foi ratificada pelo povo que prometeu obediência a Deus (Êx 24:3 e 7).
Adaptado de KISTEMAKER, 2003, p. 357.
Jesus, na última ceia com os seus discípulos “tomou o cálice, deu graças e o
ofereceu aos discípulos, dizendo: ‘Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da
[nova] aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados’” (Mt
26:27,28; Lc 22:20), estabelecendo, portanto, uma nova aliança, firmada no seu próprio
sangue e sustentada pela sua mediação (Hb 12:24).
A questão que nos persegue é: por que foi necessário realizar essa nova aliança?
O autor da Carta aos Hebreus, fazendo uma longa citação de Jeremias 31, nos oferece
uma explicação nos capítulos 8 e 9. Ali, ele nos ensina que “as regras para adoração e o
tabernáculo terreno” (Hb 9:1) são “uma ilustração para os nossos dias, indicando que as
ofertas e os sacrifícios oferecidos não podiam dar ao adorador uma consciência
perfeitamente limpa” (Hb 9:9).
Entendendo que antes mesmo da Lei, a vinda de Jesus e a nova aliança firmada
através do seu sangue já estava nos projetos de Deus (conforme Gn 3:15), podemos
compreender em que sentido a palavra ‘ilustração’ é utilizada nesse contexto. O autor
quer nos mostrar que a Lei, com todas as suas regras de adoração e de conduta pessoal e
social, serviu, e serve até hoje, para mostrar a incapacidade do ser humano de ser santo
pelos seus próprios esforços. Assim, ela ‘ilustra’, simultaneamente, a santidade de Deus
e a incapacidade humana de restaurar, por si mesmo, a imagem e semelhança com a
Trindade.
Assim, era necessário que um sacrifício único e definitivo fosse feito para que o
Plano de Salvação dos Filhos de Deus fosse cumprido em sua totalidade. Em Hb 9:22,
aprendemos que “quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem
derramamento de sangue não há perdão”.
13
Ora, se o sangue de bodes e touros e as cinzas de uma novilha
espalhadas sobre os que estão cerimonialmente impuros os
santificam de forma que se tornam exteriormente puros,
14
quanto mais, então, o sangue de Cristo, que pelo Espírito
eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a
nossa consciência de atos que levam à morte, de modo que
sirvamos ao Deus vivo!
15
Por essa razão, Cristo é o mediador de uma nova aliança para
que os que são chamados recebam a promessa da herança eterna,
visto que ele morreu como resgate pelas transgressões cometidas
sob a primeira aliança. (Hb 9:13-15, grifo nosso).
1) Há uma distinção clara entre aquilo que o autor chama de ‘nova aliança’ e ‘primeira
aliança’. Logo, podemos entender que as duas porções das Escrituras estão separadas
de maneira coerente com a própria Palavra de Deus;
2) A ‘nova aliança’ é realizada através um ‘Mediador’ por meio de quem ela ganha
eficácia. Assim, sendo Cristo o Mediador, é impossível se falar de uma aliança com
Deus sem a presença d’Ele;
3) A ‘nova aliança’ tem um objetivo claro, “que os que são chamados recebam a
promessa da herança eterna”. Entendemos, então, que a nova aliança está relacionada
com a primeira aliança naquilo que se remete ao seu objetivo final: a salvação dos
filhos de Deus.
Por esta razão, não podemos dizer que a antiga aliança está invalidade, mas que
ela está sendo perfeitamente cumprida em Cristo Jesus que se torna o perfeito mediador
e, ao mesmo tempo, o perfeito sacrifício. “Não pensem que vim abolir a Lei ou os
Profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mt 5:17).
Em que medida a antiga aliança continua válida? Na concepção moral do povo
de Deus, no exemplo prático de vida dos seus personagens, na doutrina profética, na
comprovação da histórica dos feitos divinos e ilustração para sempre lembrarmos que
não seremos capazes de alcançar a Deus sem a graça.
Uma distinção simples, mas importante, precisa ser feita no início desse
capítulo, trata-se do tempo de ocorrência da história e o tempo de produção da narrativa.
Nesse sentido, para fins didáticos, podemos dividir os livros do NT em dois grandes
grupos: 1) aqueles que compõem uma narrativa dos fatos relativos à vida de Jesus e o
início da Igreja, isto é, os evangelho e Atos dos Apóstolos; e, 2) as cartas e profecia.
No primeiro grupo, existe uma diferença histórica entre os fatos e a produção
narrativa, isto significa que os evangelhos e atos dos apóstolos foram escritos alguns
anos após os fatos narrados. No segundo grupo, a produção escrita é o próprio evento
histórico, ou seja, o ensino e a profecia realizada nas epístolas são a história que
queremos investigar.
Deus criou um ambiente propício para que o seu Reino se expandisse de acordo
com os seus planos. Uma grande sucessão de importantes eventos históricos preparou o
caminho do Messias.
Cada uma das situações políticas vividas pelo povo de Israel teve importantes
influências para a preparação do ambiente em que o nosso Salvador nasceria, vamos a
elas:
Cronologia do Império
2.2 Influências do Império Persa (555 a 331 a.C.) Persa em relação ao
Povo de Deus
4
Depois de serem libertos do cativeiro na Babilônia, os Israelitas nunca mais cometeram o pecado da
idolatria. Veremos a importância disso mais adiante.
5
A ‘infiltração’ de cristãos no exército romano foi tão forte e significativa para a propagação do Reino de
Deus que alguns políticos da época atribuíram ao comportamento cristão (misericórdia e respeito à vida
alheia) a responsabilidade pela queda do império romano. Fato que Santo Agostinho contesta no seu livro
A Cidade de Deus, no século IV d.C.
6
Conhecido como Calendário Gregoriano, foi imediatamente adotado pela Espanha, Itália, Portugal,
Polónia e, posteriormente, por todos os países ocidentais. É o calendário que utilizamos até hoje.
7
Maiores detalhes em: HEDRIKSEN (2003, p. 15-97).
Início do Ministério
de Jesus
28 d.C.
Batismo (Mt 3:13-17)
Tentação (Mt 4)
31 d.C. Crucificação
Fim do
34 d.C. governo de
Filipe
Fim do governo
36 d.C.
de Pilatos
Fim do governo
39 d.C.
de Antipas
Paulo é o maior dos autores do Novo Testamento, a ele são atribuídas as escritas
de 13 cartas/epístolas que são fundamentais para a compreensão da mensagem de Cristo
e para a sua aplicação na vida cotidiana.
Nascido na cidade de Tarso, Paulo filho de judeus e se apresenta assim:
“circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim,
verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo; perseguidor da igreja; quanto à
justiça, que há na lei, irrepreensível” (Fl 3:5). Atos 13:9
Em resumo
8
Essa visão sobre a ideia geral de um livro pode variar de autor para autor.
9
Embora haja divergências entre teólogos e historiadores, o Evangelho, as três cartas e Apocalipse são
atribuídos ao mesmo autor;
10
É quase unânime a teoria de que se trata, realmente, do irmão de Jesus.
11
Ver detalhes sobre a autoria dessa epístola nos comentários finais da seção 3.3.3.
da sua própria forma, as boas novas que receberam de Deus para deixar para todos nós.
O evangelho de João segue uma estrutura diferente, por isso costuma ser estudado à
parte. João, talvez por ter sido o apóstolo mais próximo de Cristo, é o evangelho que
apresenta o maior conteúdo exclusivo, isto é, no evangelho de João encontramos o
maior volume de ensinos e histórias que não estão presentes nos outros três evangelhos.
Ênfase: Jesus é o Filho de Deus, Rei (messiânico) dos judeus; Jesus é Deus presente
conosco (Emanuel) em poder milagroso; Jesus é o Senhor da igreja; o ensino de Jesus
tem importância contínua para o povo de Deus; o evangelho do reino é para todos os
povos – judeus e gentios igualmente.
Adaptado de: FEE, G. & STUART, D. (2013, p. 318).
Ênfase: O Messias de Deus veio até seu povo, Israel, com a prometida inclusão dos
gentios; Jesus veio para salvar os perdidos, incluindo todos os tipos de pessoas
marginalizadas que para a religião tradicional estariam fora dos limites; o ministério de
Jesus é executado sob o poder do Espírito Santo; a necessidade de morte e ressurreição
de Jesus (que cumpriram promessas do AT) para o perdão dos pecados.
Adaptado de: FEE, G. & STUART, D. (2013, p. 338).
Autor: as evidências internas apontam para João, o discípulo amado, aquele “que
escreveu essas coisas” (21:24; cf 13:23; 19:25-27; 20:2; 21:7).
Data: provavelmente entre 90-95 d.C.
Receptores: parece-nos ter sido enviada a uma comunidade cristã bastante conhecida
do apóstolo, provavelmente a mesma a quem se dirige em I João.
Ênfase: Jesus é o Messias, o filho de Deus; em sua encarnação ele tanto revelou o
amor de Deus como redimiu a humanidade; discipulado significa “permanecer na
videira” (que é Jesus) e dar fruto (amar como ele amou); o Espírito Santo será
concedido ao seu povo para continuar sua obra.
É comum, mas não pacífico, entre os estudiosos aceitar que cartas são aquelas
correspondências que são enviadas a uma pessoa específica sem a intensão de que deva
ser mostrada à comunidade. Enquanto epístolas seriam justamente o contrário, aquelas
correspondências que se destinam a uma comunidade, sem direcionamento pessoal.
As cartas e epístolas são um subconjunto precioso no NT, são nove epístolas e
quatro cartas atribuídas a Paulo; mais Hebreus, Tiago, I e II Pedro e I e II João que são
epístolas e III João que é uma carta endereçada a Gaio. Vamos dividi-las da seguinte
maneira:
Nas epístolas Paulo se dirigiu com ênfase à Igreja de Cristo em sua coletividade,
ele nos ensinou a ser Igreja. Sua mensagem permeou temas importantes como, por
exemplo, os dons do Espírito (I Co 12-14 e Ef 4) como forma permanente da ação da
Trindade na evangelização dos povos (cf. At 1:8); a necessidade da pregação aos
gentios (Gl 1:16; 2:7-9) de um evangelho exclusivamente vindo de Deus (Gl 1:6-9; 2:2;
Cl 1:5-6). Seu ensino sempre teve como fundamento e alvo o Cristo crucificado e
igrejas locais, Paulo dá conselhos sobre vida, caráter e doutrina que devem ser
absorvidos por todos os líderes das igrejas cristãs.
Mas, no bilhetinho que Paulo escreve a Filemon, hospedeiro e, provavelmente
líder, da igreja na cidade de Colossos, contem um pedido que só pode ser feito a quem
possui Cristo no coração e na consciência. Paulo pede que Filemon receba de volta um
escravo que fugiu da sua casa, que o trate com a mesma dignidade que trataria o próprio
Paulo (v. 17) e que lhe perdoe os prejuízos causados (v. 18, provavelmente roubo). É o
bilhete do perdão radical. Uma linda lição de cristianismo.
Vou chamar de epístolas não-paulinas aquelas escritas por Pedro, Tiago e Judas,
bem como a epístola aos Hebreus. Excluo, também, as epístolas de João, pois serão
tratadas separadamente. Não é uma nomenclatura a que se deva nenhuma explicação,
mas apenas uma forma de separar os livros do Novo Testamento.
Esse conjunto de epístolas é especialmente diverso, dificilmente caberia dentro
de qualquer outra classificação que tentassem lhe atribuir. O que podemos encontrar em
comum entre elas? Muito pouco, mas, nessas epístolas, de maneira geral, o Senhor nos
comunica a profunda mudança da relação entre Deus e a sua criação, ocorrida por
ocasião do sacrifício de Cristo. Os temas centrais dessas epístolas estão ligados ao
abandono da visão imperfeita da religião judaica e a aproximação com a plenitude de
Deus em Cristo.
Vamos conhecê-las melhor?
Nesses dois trechos, vemos que o propósito de João, tanto no evangelho quanto
nas cartas é o mesmo: comunicar que todo aquele que crê já tem a vida eterna. Esse
propósito não é distinto em Apocalipse, pois nele João anuncia aquilo que “em breve há
de acontecer” (Ap 1:1). E que razão haveria para uma profecia sobre o fim dos tempos,
se não para nos proteger do mal e nos guiar para a eternidade?
RESUMO DO CAPÍTULO
Os evangelhos escritos por Mateus e Lucas iniciam a narrativa das boas novas de
Cristo a partir do seu nascimento virginal, dando certa ênfase à genealogia de Cristo. A
narrativa apresentada por Marcos ignora a infância do Senhor Jesus e já começa com o
ensinamento moral do seu evangelho, convocando a todos, na voz de João Batista, para
o arrependimento dos pecados. O quarto evangelho, narrado por João, surpreende por
uma narrativa inteiramente voltada para o reconhecimento da natureza divina de Jesus e
da espiritualidade da Sua obra, mas, considera fundamental a informação de que Cristo
foi homem. Vejamos, então, quais os aspectos da humanidade de Cristo.
Jesus Cristo, como já mencionado, está nas listas das genealogias humanas (Mt
1:1-16; Lc 3:23-38). Excetuando-se a concepção divina, seu nascimento foi totalmente
humano (Mt 1:25; Lc 2:7; Gl 4:4). Ele cresceu e se desenvolveu como qualquer pessoa
(Lc 2:40-52; Hb 5:8). Ele apresentou as mesmas limitações que qualquer um de nós:
cansaço (Jo 4:6); fome (Mt 21:18), sede (Mt 11:19). O sofrimento o afligiu como a
qualquer outro ser humano (Mc 14:33-36; Lc 22:63; 23:33). Emocionou-se como
qualquer um, demonstrando: tristeza (Mt 26:37); supresa (Lc 7:9); alegria (Lc 10:21),
compaixão (Mt 9:36) e até ira (Mc 3:5). E a última prova de sua vida plenamente
humana é o fato dele ter padecido por meio de armas e torturas humanas (Lc 22:44; Jo
19:33).
d) Suas tentações
Apesar de jamais haver pecado, Cristo foi tentado em todas as coisas, assim
como qualquer um de nós (Hb 4:15).
Mas, em tudo, é preciso ressaltar, Jesus jamais pecou, apesar de ser plenamente
humano. Ele foi o substituto perfeito de Adão, o primeiro homem, que introdução o
pecado no mundo (Rm 5). Ele nunca sucumbiu a depravação moral oriunda da Queda
(Hb 4:15; 7:26; II Co 5:21).
Por isso, Ele foi o sacrifício perfeito, o único que poderia tirar o pecado do
mundo (Jo 1:29), levar sobre si as nossas culpas (Is 53), trazendo-nos a paz que era
impossível por meio da nossa fragilidade humana (Ef 2).
a) Os milagres de Cristo
Severa (2010, p. 231-232), também, nos lembra que: Jesus Cristo exerce
atribuições que só cabem à divindade. Ele tem autoridade para perdoar pecados (Mc
2:10), tem autoridade sobre o sábado (Mc 2:28); sobre a vida dos homens (Mt 16:24-
26), e tem poder para salvar os homens dos seus pecados (Mt 1:21; Jo 8:34-36).
Estas são algumas das demonstrações de que, segundo a Bíblia, Jesus realmente
é Deus. Mesmo dotado de tamanho poder, Ele “embora sendo Deus, não considerou que
o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a
ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana,
humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!” (Fl 2:6-8).
A expressão grega basileia tou~ Qeou~ (basileia tou Theo) diz respeito ao
governo, ou domínio, absoluto de Deus sobre todas as coisas. Um reino que se estende
por todo o céu e por toda a terra. Quando ouvimos falar de algo assim, pensamos sobre
a forma como o Senhor vai comandar tudo isso e que grande exército Ele vai convocar.
Mas, estranhamente, o Senhor tem convocado um exército bastante diferente do que se
imaginava.
caminhou até um lugar tranquilo e, antes que o resto do mundo abrisse os olhos, teve
uma conversa com seu Pai celestial. Afastou distrações da sua mente, pediu direções e
entendeu de forma renovada a visão daquilo que havia sido enviado para fazer. Quando
Simão e os outros o encontraram, ele soube qual deveria ser seu passo seguinte. Sua
decisão dissipou a cortina de fuma do sucesso.
A única defesa da sociedade contra a lepra era a quarentena. Pela lei, o leproso
deveria viver sozinho ou com outros leprosos fora do acampamento. Ele não poderia ter
nenhum contato humano normal. Intocável, o leproso não podia ser empregado e érea
obrigado a se submeter à mendicância, embora pudesse esperar sofrer nove anos antes
de morrer. Josefo17 relata que os leprosos eram tratados como se fossem homens
mortos.
Os efeitos psicológicos eram os piores aspectos do sofrimento do leproso. Uma
sensação de culpa e de rejeição por Deus muitas vezes acompanhava a doença, mesmo
que o leproso não fosse, pessoalmente, responsável por contraí-la. Ninguém precisava
ser tocado mais do que o leproso excluído. Jesus sabia disso.
Ao se prostrar diante de Cristo, esse leproso sentiu algo que talvez não sentisse
havia muito tempo. A mão de Jesus abaixou-se para tocar sua carne doente. “Quero.
Seja purificado!”, disse Jesus (Lc 5:13). Os horrores daquela terrível doença se foram
com uma palavra e um toque. Depois disso, Jesus deu duas ordens ao leproso curado:
17
Historiador judeu, contemporâneo de Jesus.
Não sabemos se o homem foi até o sacerdote, mas o fato é que ele desobedeceu
à primeira ordem e, por isso, o número de pessoas para ver Jesus aumentou
consideravelmente. O Reino de Jesus foi se constituindo assim, da maneira mais
improvável, Ele mostrava o seu poder, com os seguidores menos influentes da
sociedade, Ele fez com que a sua mensagem se espalhasse.
“São estes que vim curar”, respondeu Jesus. Ele não defendeu o estilo de vida
deles. Ele os chamou à mudança (Lc 5:32). Jesus estava interessado nos excluídos
sociais de sua época. Ele passou tempo com eles. Amou-os. Eles ouviram, e muitos se
tornaram discípulos.
Em contrapartida, os fariseus acreditavam que seu dever religioso era
permanecer o mais distante possível dos infiéis a ponto de nem ensinarem a lei. Comer
com essas pessoas era pior do que conversar com elas, assim pensavam os fariseus,
porque repartir um prato de comida significava reconhecer e acolher os pecadores.
Para Jesus, ser política ou religiosamente correto era inútil. Era para apresentar
pessoas errantes à graça de Deus que ele viva.
corpo, somos todos importantes e por isso precisamos uns dos outros, temos todos o
mesmo valor para Cristo e por isso Ele nos quer unidos.
Essa importante temática sobre o sentido de Corpo está largamente presente na
doutrina do Novo Testamento. Além da evangelização, que veremos no tópico a seguir,
a comunhão dos Santos é o principal eixo de manutenção da Igreja de Cristo.
participantes do mesmo Reino, membros da mesma família. Mas, o que isso significa na
prática?
Infelizmente, a história da Igreja vem, de fato, nos mostrando que essa visão de
Stedman não é apenas um arrogo negativista, mas uma realidade triste se consumando
sob a forma de individualismo extremado dentro da casa de Deus. O fato é que
precisamos retomar o caminho através das Escrituras.
O apóstolo João nos ensina que a koinonia é, necessariamente, realizada em duas
vias, ou duas dimensões: precisamos estar ligados a Deus para que possamos estar
ligados aos irmãos.
Conviver em pequenos grupos pode ser uma boa solução para a unidade da
Igreja, considerando, principalmente, a união com Cristo. Mas, esses pequenos grupos
devem ser sempre regidos pelos ensinos bíblicos. Aqui, separamos os chamados
mandamentos recíprocos, aqueles que nos são dados com a expressão “uns aos outros”.
Esse enunciado nos remete a ideia de existem mandamentos bíblicos que mostram a
preocupação de Cristo com a unidade do Seu Corpo.
a) Ama uns aos outros – esse mandamento engloba todos os outros, é, sem
dúvida, o principal mandamento de Cristo para a relação entre os irmãos.
O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu Jesus Jo 15:12
os amei.
Este é o meu mandamento: amem-se uns aos outros. Jesus Jo 15:17
Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos Paulo Rm 13:8
outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei.
Que o Senhor faça crescer e transbordar o amor que vocês têm Paulo I Ts 3:12
uns para com os outros e para com todos, a exemplo do nosso
amor por vocês.
b) Servir uns aos outros – esse é um mandamento que Cristo nos ensinou como
ninguém, tanto em palavras, como em atitudes. Lavando os pés dos seus discípulos (Jo
13), assumindo o papel de servo, mesmo sendo o grande Rei (Mc 10:45 e Fl 2),
morrendo em nosso lugar. Dessa forma, a Bíblia nos ensina:
A ideia de servir uns aos outros parece ser um grande problema para os cristãos
modernos. Mas, esse é um mandamento que continua vivo nas sagradas Escrituras. John
Stott (1969, p. 87) já ensinava o seguinte: “certamente sem algum serviço ou
mobilização de ordem prática, a comunhão de qualquer grupo cristão está mutilada”.
O Dr. Stott está certo! Não podemos falar em comunhão no corpo, em unidade
no corpo, se não tivermos a capacidade de servir uns aos outros de forma totalmente
voluntária e despretensiosa.
c) Levar o fardo uns dos outros – a vida, desde a queda no Éden, é repleta de
desequilíbrios, algumas pessoas com muito, outras com pouco. As diferenças de
oportunidades são latentes. Assim, o Senhor nos faz perceber a partir de sua palavra que
é necessário ajudar uns aos outros a superar as dificuldades e intemperes.
Na sua carta aos Gálatas, Paulo ensina: “Levem os fardos pesados uns dos
outros e, assim, cumpram a lei de Cristo” (Gl 6:2). Essa é, e sempre será, uma das
marcas registradas da verdadeira Igreja de Cristo, a disponibilidade para ajudar o
próximo, sem nenhuma intensão de retorno.
alma. Um cristão que não perdoa, não pode ser perdoado por Deus (Mt 6:15). Por isso,
esse mandamento está tão presente no Novo Testamento, inclusive na oração que o
próprio Cristo nos ensinou, quando Ele diz: “perdoa as nossas dívidas, assim como
perdoamos os nossos devedores” (Mt 6:13).
Veja, no quadro a seguir, algumas das principais passagens do Novo Testamento
que nos ordenam o perdão genuíno em favor de todos aqueles que nos ofenderam:
Esses versículos nos ensinam que, mesmo que a Igreja tenha um alto grau de
comunhão verdadeira, sempre haverá irmãos e irmãs imperfeitos, como nós, para serem
perdoados. E que nós mesmos sempre cometeremos erros que precisarão do perdão de
outras pessoas. Assim, é necessário que no Corpo de Cristo haja, também, reciprocidade
na disposição para perdoar.
Cristo trará de volta todos os que nele dormem. Então, faz uma recomendação a todos:
“consolem-se uns aos outros com essas palavras” (I Ts 4:18).
Aqui, encontramos o conhecimento da sã doutrina sendo utilizado para confortar
os corações aflitos que choravam a morte dos seus entes queridos. Os dois últimos
mandamentos recíprocos estão em ação, mostrando a sua utilidade no Reino de Deus.
A Igreja não existe para a satisfação de seus membros. Estamos no mundo para
prestar testemunho da graça de Deus em Cristo. Somos a [...] “geração eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pe 2:9).
O equívoco mais comum que os cristãos cometem nesse ponto é admitir a
importância da Grande Comissão, porém atribuí-la apenas ao trabalho dos que são
especificamente preparados para ela: os missionários. Alguns são chamados à obra
18
Adaptado de BOICE, J. M. Fundamentos da fé cristã. Um manual de teologia ao alcance de todos. Rio
de Janeiro: Ed. Central, 2011.
missionária como uma vocação especial, mas testemunhar de Cristo não cabe só a estes:
é dever de todo cristão.
A aceitação dessa responsabilidade foi um fator decisivo na expansão
impressionante da Igreja primitiva. Não foram apenas Paulo e outros líderes que
levaram o evangelho aos confins mais longínquos do mundo romano. Pelo contrário,
pessoas anônimas, como você e eu, participaram efetivamente desse crescimento.
Mas, não era apenas a Igreja primitiva que precisava do cumprimento dessa
ordem. A Igreja, nos dias atuais, ainda, depende largamente dos esforços de cada cristão
para a propagação da Palavra de Deus e do vívido testemunho de Cristo.
Jesus Cristo desafia diariamente cada cristão da terra a deixar o seu conforto,
arriscar a sua vida, para levar o evangelho a todas as pessoas, inclusive aquelas que nos
ridicularizam, que nos causam repulsa, ou que nos amedrontam. Evangelizar é o grande
mandamento divino. Toda a vida cristã é uma preparação para a pregação do Evangelho
a toda criatura.
Esse mandamento, conhecido como a Grande Comissão, é encontrado cinco
vezes no Novo Testamento: uma vez em cada um dos evangelhos e outra em Atos dos
Apóstolos. Não é possível minimizar a importância de um mandamento mencionado
tantas vezes e de maneiras tão claras.
Em cada inserção, a ênfase da Comissão da igreja é um pouco diferente, o que
nos convida a estuda-la e refletir sobre ela sob diferentes ângulos. Em Marcos, a ênfase
é no Juízo Final.
5.1 Introdução
governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante, em tempos antigos" (Mi
5:2).
Belém-Efrata era uma cidade muito pequena, localizada na província da Judeia.
Por isso, a profecias surpreende, ninguém esperava que o Rei de Israel viesse de uma
terra tão insignificante do ponto de vista político. Mas, Jesus não viveu em Belém, Ele
cumpriu a profecia do seu nascimento e, conforme visto no Panorama Histórico, seus
pais tiveram que fugir para o Egito a fim de evitar que Ele fosse assassinado na matança
promovida por Herodes, o Grande (ver Mt 2).
De acordo com o evangelho de Lucas, o governador da Síria, Quirino convocou
um recenseamento, ordenando que cada cidadão deveria ir à sua cidade natal para se
apresentar e fazer uma espécie de registro. Desta forma, José levou Maria para a sua
cidade, Belém. Ali, Jesus nasceu (Lc 2:1-7).
Já no evangelho segundo Mateus, magos vindos do oriente, guiados por uma
estrela, visitaram o rei Herodes a fim de saber onde estava o menino que seria rei dos
judeus. Ao ouvir as palavras dos magos, Herodes procurou, sem sucesso, saber onde
estava Jesus, não conseguindo a informação, ordenou a morte de todas as crianças com
menos de dois anos que vivessem em Belém e nas proximidades.
Avisados dos planos de Herodes por um anjo, José e Maria fugiram para o Egito
(Mt 2:1-18). O retorno só aconteceu quando Herodes morreu. Eles voltaram a viver em
Nazaré, pois a Galileia, ao contrário da Judeia, estava sendo governada com jugo suave.
Fonte: Dowley(2010)
Mas, uma distância muito maior foi percorrida na fuga para o Egito. Descrita,
rapidamente, em Mt 2:13-14, não podemos saber quanto tempo, exatamente, Jesus
permaneceu naquele país. Mas, sabemos que foi uma longa e exaustiva viagem.
partisse; 2) nessa época, Jesus não gostava de ser seguido pelas multidões (ver Mc
7:24), é um período de maior introspecção, em que, além do ensino aos mais próximos,
Ele planeja e ganha coragem para realizar os acontecimentos que Ele sabia que iriam
suceder em breve.
Há certa discussão sobre que caminho Jesus teria tomado na parte da viagem em
que teria que desviar a Samaria. No Mapa 1, nós podemos observar que o trajeto normal
era desviar a Samaria, mas Mc 10:1 nos dá a ideia de que Jesus teria adentrado o
território samaritano. Alguns acreditam que Jesus, de fato, foi pela Pereia, outros
apontam para a ideia de Jesus teria adentrado a Samaria e os seus discípulos foram pela
Pereia.
Nessa parte da caminhada, Jesus apresenta a ideia de que a sua vida seria dada
em RESGATE DE MUITOS (Mc 10:42-45). Esse é outro ponto crucial da doutrina
cristã que é apresentado na caminhada para Jerusalém.
Acontecimento Passagens
A Entrada Triunfal Mt 21:1-11; Mc 11:1-11; Lc 19:28-40; Jo 12:12-19
A traição Mt 26:14-16; Mc 14:10,11; Lc 22:1-6; Jo 13:18-30
A Última Ceia Mt 26:17-30; Mc 14:12-26; Lc 22:7-23; Jo 13:18-30
Jardim do Getsêmani Mt 26:36-46; Mc 14:32-42; Lc 22:39-46
Aprisionamento Mt 26:47-56; Mc 14:43-52; Lc 22:47-53; Jo 18:1-11
Julgamento de Jesus Mt 26:57-67; Mc 14:53-65; Lc 22:66-71; Jo 18:12-14; 19-
24; 28-40.
A Crucificação Mt 27:32-44; Mc 15:21-32; Lc 23:26-43; Jo 19:16-27
A descida ao Hades I Pe 3:18-20
A Ressurreição Mt 28:1-10; Mc 16:1-8; Lc 24:1-12; Jo 20:1-9
Naquele trecho das Sagradas Escrituras está a narrativa de um fato poderoso da Igreja
Primitiva, não apenas pela manifestação do Espírito com o fenômeno da glossolalia,
mas pelo ensino prático do sacerdócio universal de todo cristão.
Após a ressurreição, Jesus disse aos seus discípulos para não saírem de
Jerusalém a fim de esperar a promessa de Deus (At 1:4). Jesus certamente se referia a
profecia de Joel 2:28-32 que se cumpriria mais adiante, no dia de Pentecostes.
Mas, tudo aquilo tinha um sentido muito forte, Jesus estava comissionando todos
os cristãos para que levassem o seu nome por toda a terra. “Mas receberão poder quando
o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda
a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1:8).
O que Jesus tinha em mente era o comissionamento de um povo que
testemunhasse do seu poder e do seu amor para todo o mundo. Ele já havia falado sobre
na Grande Comissão, mas agora tudo está prestes a acontecer, o Espírito Santo estava
assumindo o protagonismo do ministério junto à Igreja e instrumentando o povo para
que o Nome jamais fosse esquecido.
Quando ele fala do Espírito sobre todas as nações, soma-se à noção de ‘os
confins da terra’ em 1:8 e com o sacerdócio universal de I Pe 2:9-10. A expressão
‘profetizar’ nada mais significa do que pregar, ou anunciar. Não tem, necessariamente,
relação com anunciar coisas do futuro, mas toda pregação do evangelho, se vier de Deus
é uma profecia.
Assim, o sentido de Atos 2 é que todos deveriam proclamar o evangelho nos
lugares onde vivem. O Mapa 4, abaixo, representa a passagem 2:9-11.
Marshall (1999) chama a atenção para o fato de que o evangelho ainda não
havia alcançado os gentios e que na narrativa de Atos 2 não há gentios, mas sim judeus
de todas essas localidades que viram o fenômeno e ouviram o discurso de Pedro (2:14-
36) e muito deles se converteram (ver 2: 41).
Veja que algumas das cidades presentes no Mapa 4, isto é, em At 2:9-11, são
posteriormente visitadas por Paulo nas suas viagens missionárias. Inclusive Roma,
igreja para quem Paulo escreve uma grande e importante carta.
O que podemos aprender desse aspecto geográfico? Que muitas pessoas, cujos
nomes não estão escritos na Bíblia, nem em qualquer livro de história, que não
receberam qualquer honra nessa terra, creram e pregaram o nome do Senhor Jesus ao
ponto de dar continuidade à obra do próprio Cristo.
O poder que recebemos do Senhor Jesus nos é dado, mediante a conversão,
para que possamos ser como aqueles anônimos de Atos dos Apóstolos, testemunhas
vivas das maravilhas, profetas das palavras e imitadores do nosso Senhor Jesus.
7 Os percursos Paulinos
Não resta dúvidas de que Paulo foi o maior missionário da Igreja de Cristo em
todos os tempos. Ele foi desbravador e teve a ousadia de assumir todos os riscos
necessários para proclamar a mais maravilhosas história de amor da humanidade. Além
de ser responsável pela explanação mais ampla e profunda do evangelho, Paulo
assumiu, também, a postura prática de ir até os confins da terra e pregar o evangelho.
Os textos abaixo, sobre as três viagens missionárias de Paulo são extraídos do
volume do coleção O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo de Russell
Norman Champlin, Ph. D. Apresentado em nossa bibliografia.
Foi a época do ministério em torno do Mar Egeu (ver Atos 18:23-20:38). Sob
diversos aspectos, esse foi o período mais importante da vida de Paulo. A província da
Ásia foi evangelizada, e postos avançados do cristianismo foram lançados na Grécia.
Durante esses anos, Paulo escreveu I e II Coríntios, Romanos, e talvez (ainda que não
todas) algumas das chamadas epístolas da prisão – I e II Timóteo e Tito. De Antioquia
Paulo partiu para Éfeso. Ali passou cerca de três anos, tendo estabelecido um dos
centros mais importantes do cristianismo, a despeito da feroz oposição, movida tanto
pelos judeus como pelos aderentes da adoração à deusa Artemisa (Diana). Desse ponto,
provavelmente Paulo visitou diversas outras áreas ao redor, mas seu trabalho principal
se concentrou em Éfeso. Também tornou a visitar as congregações cristãs ao redor do
mar Egeu, que haviam sido anteriormente fundadas. Atravessando Trôade, Paulo
chegou à Macedônia, onde escreveu a epístola chamada II Coríntios, e dali partiu para
Corinto. Nessa cidade ele passou o inverno e escreveu a epístola aos Romanos, antes de
continuar viagem até Mileto, um porto próximo de Éfeso.
Por essa altura, Paulo desejou subir a Jerusalém, a fim de levar auxílio aos
crentes pobres dali (empobrecidos pela perseguição e pela fome), enviados pelos crentes
gentílicos. A princípio ele queria ir à Síria por via marítima, mas, devido a uma
armadilha que lhe fizeram para tirar-lhe a vida, preferiu viajar por terra, tendo
atravessado a Macedônia. Dali, ele e seus companheiros de viagem tomaram um navio e
velejaram ao longo das costas ocidentais da Ásia Menor. Breves paradas foram
efetuadas em diversos lugares, incluindo Mileto, cidade portuária de Éfeso, o que
forneceu a Paulo a oportunidade de despedir-se, finalmente, dos crentes que ali
dessa maneira se criou o motivo de sua viagem a Roma. Antes de partir para Roma,
Paulo falou perante o rei Agripa II e sua irmã, Berenice. Esse Herodes era o bisneto de
Herodes, o Grande. Nessa oportunidade, Paulo repetiu a história de sua conversão, e é
óbvio que impressionou favoravelmente os que o ouviram.
Dali, viajando pelo mar, Paulo partiu para Roma, juntamente com muitos
outros prisioneiro. Fez diversas paradas ao longo do caminho, incluindo uma
permanência de três meses em Malta. Paulo chegou a Roma em 59 d.C., não como
homem livre, mas, não obstante, como poderosa testemunha do cristianismo. Chegando
a Roma, Paulo não foi tratado como prisioneiro no sentido ordinário, e nem como
criminoso. Ali ele desfrutou do que se denominava ‘libera custodia’, isto é, podia viver
em sua própria casa, desfrutando de muitos privilégios de liberdade e ação, mas sempre
acompanhado de um guarda. Paulo pregava àqueles que o visitava, explicando-lhes as
razões de seu aprisionamento; e tamb[em enviava epístolas a lugares distantes. Foi
nesse período que, provavelmente, foram escritas as epístolas aos Colossenses, a
Filemom, aos Filipenses (e, provavelmente, aos Efésios).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS