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mães que
amam
demais
Transaction: HP0101494435692 e-mail: ra.alento@hotmail.com CPF: 073.049.026-20
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Frederico Mattos
mães que
amam
demais
Com2B
Comunicação Negócios Marketing Tendências
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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução ou duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer
meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa dos autores. Direitos reservados aos autores.
“Se toda mulher gostaria de encontrar o homem perfeito agora que se tornou mãe ela vai
tentar o impossível. Para a criança isso pode custar caro demais.”
Frederico Mattos
Prefácio
9
Apresentação
11
Introdução
13
Capítulo 1 – O que é o amor de mãe
15
Capítulo 2 – Mitos sobre o amor de mãe
17
Capítulo 3 – O que é demais?
25
Capítulo 4 – Quando a mãe percebe que tem o problema
29
Capítulo 5 – Características das mães que amam demais
33
Capítulo 6 – Características dos filhos amados demais
57
Capítulo 7 – Origens dos problemas
67
Conclusão
99
Indicação de filmes
105
Indicação de livros
103
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“Mãe! Por que você me trata como se eu fosse uma criança?” – esbraveja o filho revoltado.
“Você sempre será o meu menino!” – responde a mãe desconsolada.
“Eu já tenho trinta e quatro anos mãe!” – replica indignado enquanto cutuca sua barba.
“Mas eu te amo tanto, querido!” – balbucia baixando o olhar.
“Se esse é seu jeito de amar, então não me ame!”
De agora em diante você terá acesso a uma informação de utilidade pública.
Mãe é sempre um assunto de utilidade pública.
Todas as pessoas do mundo, sem exceção, tem mãe.
A primeira relação humana que todo ser humano tem é com a mãe, portanto, essa
será a base de qualquer experiência amorosa experimentamos ao longo da vida.
Por essa razão resolvi falar um pouco sobre o amor de mãe (ou de pai) e seus exageros.
Esse livro fala de mães ou pais que por excesso de amor (ou apego, carência) aca-
bam sufocando e retardando o desenvolvimento espontâneo, saudável e criativo de seus
filhos (mesmo que não admitam isso...).
É um guia prático para que você que é mãe possa compreender até onde vai o amor
saudável e onde começa o aprisionamento emocional.
Para você que é filho, essa leitura servirá para que identifique se sua mãe é aquela
que AMA DEMAIS e com isso estabelecer uma relação mais saudável com ela.
Em essência não é um manual, mas um guia de reflexão sobre a vida e como deixá-
la mais livre de fórmulas prontas.
Seja você mãe, pai, filho, profissional da área da saúde ou da educação, enfim, você
precisa ler e recomendar essa leitura.
É por amor a todas as mães e em nome delas que escrevo.
Esse é um alerta sobre os riscos de um amor excessivo que pode se transformar
rapidamente numa relação tóxica e prejudicial para o crescimento do seu filho.
Amém!
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Medite sobre sua mãe por alguns minutos e deixe que todos os pensamentos, sen-
timentos e sensações ligados a ela tomem conta de você.
Seja honesto e deixe que as boas e más lembranças cheguem até sua mente.
Se quiser anote as imagens e sensações que lhe vieram a cabeça...
Se conseguir, faça essa meditação rápida antes de começar cada capítulo.
Em nossa cultura ocidental, especialmente a latina, a mãe é muito idealizada pelos
filhos, pelas próprias mães e pela sociedade de forma geral.
A mãe continua sendo uma imagem santificada e idolatrada em todas as épocas.
Muitos livros, poemas, canções e homenagens são realizadas paras as mães.
O dia das mães é uma das datas mais prósperas comercialmente. Todos se sentem
em dívida emocional e procuram retribuir um pouco do muito que receberam. Em
virtude de tanta idealização, muitas mulheres realmente acabam acreditando que a
maternidade as transforma em seres de grande sapiência e virtude.
Esquecem que são mulheres com medos, inseguranças, frustrações, sonhos não-
realizados e desejos comuns.
Numa certa época da história da psicologia, a mãe foi colocada no centro dos dra-
mas humanos. Qualquer conflito, trauma ou lembrança ruim da infância era atribuída
ao mau desempenho da mãe.
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Houve uma época que a Psicologia foi acusada de atribuir todos os males do mun-
do à mãe. E esse é um engano.
É verdade que a mãe é a pessoa com a qual todo ser humano cria o primeiro vín-
culo. Toda a gestação se dá no ventre da mãe e o psiquismo infantil vai se moldando
nesse contato primitivo.
Após o parto normalmente a pessoa que mantém o contato mais íntimo costuma
ser a mãe. A mente infantil vai ganhando consistência e atingindo níveis cada vez maio-
res de complexidade sob os encantos da relação com a mãe.
Os primeiros problemas no comportamento infantil costumam ser um reflexo di-
reto do temperamento, do humor, das reações externas dela. A criança capta instintiva-
mente seus medos, alegrias, tristezas e desejos.
Com o passar do tempo pouco a pouco a criança é influenciada por outros estímu-
los que interferem no seu amadurecimento.
É com ela que aprendemos a amar e odiar. Seu olhos condicionam nosso olhar, seus
desejos e sonhos inspiram os nossos. Os medos e sofrimentos mais primitivos que carre-
gamos costumam estar associados ao sentimento de aceitação ou rejeição de nossa mãe.
No entanto, os problemas de uma pessoa não estão reduzidos à influência única e
exclusiva da mãe. Seria uma ingenuidade acreditar que um problema tem uma única
causa. Portanto, melhor ter cuidado com afirmações definitivas para não correr o risco
de ser simplista e reducionista.
Pergunte para qualquer mãe diante de seus filhos qual é mais amado. A resposta
será unânime “todos do mesmo jeito”. Agora pergunte em particular com qual deles
tem mais afinidade e ela elegerá um deles.
Um filho chega a ter calafrios ao pensar que não é o predileto, mas ele também não
consegue entender a diferença entre amor e afinidade.
O amor pode ser reforçado e alimentado pela afinidade ou minguado por diferenças.
A base do amor permanece, no entanto, a intimidade é influenciada pelo convívio.
Cada filho tem um temperamento diferente, e cada gestação carrega uma história
única, que pode ser mais ou menos especial ou complicada. Ainda que a mãe não quei-
ra, muitos fatores interferem inconscientemente no afeto por cada filho.
Seriam todas iguais às mães de todo o mundo? Claro que não, se pensamos que
cada pessoa é única com seu corpo, psiquismo, contexto social e cultural.
No, entanto alguns traços biológicos, psicológicos e culturais trazem algumas se-
melhanças e coisas em comum entre elas.
O cuidado materno inclui o senso de proteção, cuidado, carinho e encaminhamen-
to (e seus exageros).
É comum que toda pessoa sinta, ainda que secreta ou inconscientemente que não
foi suficientemente atendida por sua mãe e isso cria aquele sentimento coletivo de que
todos somos irmanados pela mesma carência essencial.
Isso leva a pensar que todas as mães são iguais até porque existe uma cultura que
pressiona as mães a adotarem um certo tipo de comportamento típico e padrão.
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Se você acredita que a mulher quando se torna mãe é beatificada, então vai discor-
dar da idéia de que uma mãe possa querer e fazer o mal para seu filho.
No meu livro “Por que fazemos o mal?” tratei sobre o tema do mal e de como
podemos sem perceber sucumbir ao desejo de prejudicar uma pessoa. Normalmente a
pessoa que agride, maltrata e destrói está imbuída de uma causa ou desejo que consi-
dera nobre e justo.
Dificilmente alguém vai se admitir prejudicando alguém sem nenhuma razão.
Mas a tarefa de educar um filho põe a mulher numa linha tênue entre conduzir e
estimular o crescimento pessoal de seu filho ou sufocar seu desenvolvimento.
Seria estranho imaginar que mulheres com limitações, conflitos, desejos tempestu-
osos estariam imunes de praticar ações destrutivas contra seus filhos.
Como primeiras educadoras na vida de uma pessoa podem acreditar que são donas
da verdade absoluta. Uma pessoa possuída por essa crença pode se tornar absoluta-
mente inplacável. Uma palavra aparente de carinho se transforma facilmente numa or-
dem impositiva e castradora. Uma reprimenda física pode se tornar uma tortura física.
Pedidos podem se tornar chantagens, preocupações viram ameaças e acontecimentos
comuns revelarem-se grandes dramas.
As mães, portanto, podem fazer mal a seus filhos sem que o saibam quando acre-
ditam desejar o bem. Conscientemente nenhuma mãe irá admitir um desejo ou ação
danosa, mas o que vemos na prática é que muitos danos são causados em nome de um
amor distorcido. O fato é que seja mãe ou não, toda pessoa guarda desejos e sentimen-
tos inconfessáveis.
Como conseqüência dessa ideia de que a mãe é incapaz de fazer algum mal surge
outra de que SOMENTE ELA é capaz de amar o filho e mais ninguém.
Mas será que mais ninguém tem capacidade de nos amar além da mãe? Privar uma
pessoa de amar e confiar nos outros não seria em si mesmo um mal?
Será que a mãe tem o poder de impedir que os filhos sofram aquilo que ela sofreu?
A maior parte das mães acredita que sim.
Isso é puro delírio.
Se você acredita que o sofrimento é algo necessariamente ruim deve estar levando
um tipo de vida frágil e sem vigor. Provavelmente deve estar fazendo escolhas tão caute-
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O QUE É DEMAIS?
“O exagero é uma verdade que perdeu a calma.”
Khalil Gibran, poeta árabe
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Quando falo sobre as mães que amam demais não pense que isso constitui um qua-
dro psiquiátrico e que deve ser diagnosticado por um médico. A Mãe que Ama Demais
(MAD) é um tipo de mulher comum que perdeu a referência de si mesma e sofre com
um problema silencioso.
Mas como muitas mulheres devem estar se perguntando se amam seus filhos exa-
geradamente vou descrever e explicar algumas características das Mães que Amam De-
mais. Em contraponto falarei sobre a vivência da Mãe que ama com Amor Maduro
(MAM) para que as mães superprotetoras possam ter um outro parâmetro.
A mãe madura é aquela que se tornou uma pessoa madura. Portanto, nenhuma
dessas características descritas é definitiva, há uma infinidade de variações da mesma
questão e as idéias que se seguem são apenas sugestões.
Há outra questão importante, pois alguns podem se perguntar de que mulher esta-
mos falando. Talvez você pense que as mães que amam demais sejam aquelas do século
passado que se dedicavam inteiramente ao lar.
Na realidade estamos falando de todas as mulheres que se tornam mães. Tanto
aquelas mães tradicionais quanto as modernas, pois todas estão potencialmente vul-
neráveis a isso.
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Princípio básico
O princípio básico que está por trás do amor que ama demais é que essa mulher
estará sempre alternando em três papéis distintos: vítima, algoz e salvador.
Vítima quando se mostra carente, frágil e necessitada de atenção do filho. Quando
se lamenta da vida, dramatiza seus problemas e cria o sentimento de culpa nos outros.
Algoz quando se vê contrariada em suas necessidades e frustradas em suas expecta-
tivas. Quando sente que não está sendo reconhecida o suficiente na sua “nobre tarefa
de mãe”.
Salvadora como é própria da imagem que tem de si mesma. A mãe que ama de-
mais se acredita tomada de uma missão especial que vai exercer por toda a vida com
exclusividade.
A Mãe com Amor Maduro, ao contrário, é uma pessoa que assume a responsabili-
dade de sua própria vida e atitudes. Não faz jogos psicológicos para empurrar a culpa
para os outros e se sentir coitada. Por isso não se mostra como vilã e decepcionada com
os filhos, pois assume suas expectativas e a chance de frustrações. Também não quer
salvar ninguém, porque percebe que ninguém está correndo perigos estrondosos.
Princípio 1
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Mães que amam demais tomam decisões pelo filho.
Mães com amor maduro confiam e acolhem as decisões.
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Princípio 2
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Mães que amam demais tem o filho como exclusividade
Mães com amor maduro compartilham o cuidado
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Princípio 3
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Mães que amam demais falam no lugar do filho
Mães com amor maduro permitem que o filho fale
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A MAD precisa do filho para se sentir segura. Na medida que exerce esse poder de
decisão e cuidado básico também sente que o filho é incapaz de se comunicar com as
outras pessoas.
Ela nem se dá conta que a dificuldade do filho se relacionar e comunicar é porque
ela encobre qualquer tentativa espontânea da criança trocar palavras e carinho com os
damais.
A cada coisa que Diogo dizia, outra frase era acompanhada como “nossa, minha
mãe sempre diz isso para mim!”, “minha mãe sempre fala que eu...”, “minha mãe nunca
iria me deixar fazer algo assim” ou “já pensou se minha mãe visse isso?”
Princípio 4
__________________________________________
Mães que amam demais são hiper...
Mães com amor maduro estão na medida certa.
__________________________________ ________
A MAD é hipertudo, hiperpreocupada, hiperalerta, hipervigilante e hiperativa.
Sua preocupação exagerada com o filho se manifesta em forma de recomendações
e sugestões exaustivas. Se pudesse colocar no filho um manual de instruções, ela o
faria. Como vê a vida como uma selva cheia de perigos fatais, enche o filho com pre-
cauções.
“Sai com o guarda-chuva” (está ameaçando o filho com a chuva), “não vá se envol-
ver com estranhos” (todo mundo é estranho até ficar conhecido), “ninguém te entende
como eu” (quem teria chance?).
A pergunta que deixo é, quem realmente tem medo?
A MAM tem cuidado e precauções, mas nenhuma das suas afirmativas leva o tom
de ameaça ou chantagem. Claro que se preocupa com os perigos urbanos e faz o que
é possível para se precaver de problemas, mas ao mesmo tempo exercita a confiança e
entrega.
A MAD é hiperalerta e ansiosa, mal espera que uma necessidade surja e já está
pronta para atendê-la. Isso revela um sentimento de onipotência, como se pudessem
evitar situações que vão além do controle
A MAM sabe que há um limite entre necessidade e a prontidão em atender. O
mundo não é um berçário que atende cada um de nossos desejos e nossos mimos não
são supridos porque queremos.
A mãe madura sabe frustrar o filho com amor e o educa a ter controle sobre seus
impulsos sem compensar sua ausência com excesso de presentinhos.
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Princípio 5
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Mães que amam demais sabem o que é melhor.
Mães com amor maduro descobrem o melhor caminho.
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Princípio 6
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Mães que amam demais supervalorizam a relação de mãe.
Mães com amor maduro tem vida própria.
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Já viu aquela mulher que a cada dez palavras que fala, cinco são sobre o filho? Essa
é a Mãe que Ama Demais. Não importa o contexto, se é conveniente ou não e lá está
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Como abdica de sua vida social, quer ser amiga do filho. Cada evento social que o
filho participa é um evento da Mãe que Ama Demais.
Todas as insatisfações, alegrias e aventuras da criança ou adolescentes devem ser
compartilhados com a mãe. Cada lance é vibrado como se fosse uma pequena novela.
Clara tem uma Mãe que ama demais e que a procura quando ela chega da facul-
dade para se atualizar dos últimos acontecimentos. É ótima conselheira, está ligada
nas coisas mais modernas como , Twitter, Facebook, MSN e se puder até vasculha um
pouco a vida íntima da filha.
Considera-se uma mãe moderna que lida com todo o tipo de conflito da atualida-
de. Se coloca disponível para conversas como sexo, drogas e rock´n roll. Clara acreditou
nisso até o dia em que contou para a mãe sobre sua primeira relação sexual.
Sua mãe a estapeou e levou até o médico ginecologista para que ele “desse uma
lavada nela”. Sua decepção foi tão profunda que não conseguiu mais olhar para a mãe
como antes.
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Princípio 8
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Mães que amam demais vivem as conquistas do filho.
Mães com amor maduro vivem as próprias conquistas.
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A satisfação de ser mãe , ver seu filho crescer à cada dia e mostrar-se capaz de reali-
zar muitas coisas boas é incrível.
Mas imagine quão catastrófico seria se uma mãe vivesse como num reality show
curtindo apenas as conquistas que o filho tem e esquecendo de si mesma.
A MAD vive sempre na expectativa de grandes acontecimentos na vida do filho.
Parece que valoriza excessivamente o desempenho dele e se vê realizada em cada con-
quista. Esse é o engano.
A MAM sabe que há um limite para a admiração pelo filho. Fica muito feliz com
cada conquista, mas não condiciona a sua felicidade às medalhas que o filho carrega
no pescoço.
Ela continua aberta para suas próprias conquistas pessoais e não se deixa abandonar
seus sonhos e desejos.
Sabe que os cursos e progressos dos filhos pertencem a eles e que ela só poderá
usufruir das próprias conquistas e não das que eles conquistaram.
Princípio 9
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Mães que amam demais boicotam o crescimento.
Esse princípio é delicado, pois está implícito nele que a mãe pode retardar o cresci-
mento do filho. E assumir que uma mãe pode atrapalhar o filho é realmente difícil.
Você já viu aquelas crianças intelectualmente brilhantes mas completamente per-
didas em relações sociais? A MAD tem a capacidade de antecipar fases posteriores da
vida do filho (como lidar com conflitos do relacionamento dos pais) e retardar outras
necessárias (impedir que aja por conta própria).
No momento que o filho começa a fazer questionamentos saudáveis em busca de
emancipação física, emocional, intelectual e social ele pode sofrer retaliações, principal-
mente no caso de fazerem escolhas que contrariem os desejos dos pais.
A forma que descrevi acima é um caso extremo, mas existem outras maneiras mais
sutis e refinadas.
De maneira geral a MAD critica sutilmente os amigos e pretendentes do filho.
É uma forma de demonstrar sua insegurança pessoal, pois acredita que está perdendo
território.
A cada nova etapa da vida do filho a MAD cria obstáculos invisíveis no caminho
do filho. Pois quanto mais problemático ele se torna, mais ela pode exercer o papel de
mãe.
Cria necessidades, hábitos e rotinas dispensáveis para o filho só para ela poder aju-
dar. “Meu filho não pode andar de transporte público, por isso dirijo para ele quando
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Princípio 10
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Mães que amam demais se deitam na cama com o filho.
Mães com amor maduro estabelecem limites.
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Núbia era uma mãe divorciada e muito jovem e para lidar com a solidão da separa-
ção deixou que seu filho deitasse na cama nas primeiras noites pós-divórcio.
Com o tempo o menino passou a dormir oficialmente com sua mãe. Na adolescên-
cia isso prosseguiu e mesmo no início de vida adulta eles dormiam juntos. Era notório
o constrangimento do filho ao relatar isso. A mãe ainda se queixava que não conseguia
arranjar outro namorado. Por que será?
Princípio 11
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Mães que amam demais mimam o filho.
Mães com amor maduro dão senso de realidade.
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A MAD vê o filho como uma eterna criança, por essa razão adota, muitas vezes,
mania de diminutivos. Mesmo quando ele já passou da fase.
Lentamente ela vai permitindo que o filho domine o território da casa e quando
percebe já não tem mais autonomia. As exigências do filho tomam todo o seu tempo.
No final, a própria mulher que “em nome do amor” fez tanto pelos filhos, acaba sendo
vítima do Frankenstein que criou.
Caíque era o terror da escola. Aos nove anos já era conhecido como o “anjinho do
inferno”. Seus olhos azuis e cabelos cacheados enganavam à primeira vista. Entre os
colegas era temido e odiado, os professores toleravam suas pirraças.
A mãe já não tinha força para conter aquela fera solta. Como sempre manteve o
pai do menino distante, ele já não respeitava ninguém. Gritava, batia e chorava cada
vez que recebia um não.
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Princípio 12
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Mães que amam demais sufocam de carinho.
Mães com amor maduro dão e recebem.
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Você já deve ter presenciado aquelas mães que parecem um polvo. Elas deixam você
na dúvida se os filhos pedem carinho ou elas que estão precisando de contato.
A MAD costuma ter uma relação narcisista com o filho, como se ele fosse parte
integrante de seu corpo. Ela tem uma séria dificuldade de perceber que já deu a luz há
alguns anos.
Confesso que as crianças são hipnoticamente graciosas e cativam você a apertar
a bochecha, fazer cócegas, dar abraços e beijos mil. Isso é realmente delicioso. Mas
existem crianças que não têm espaço para demonstrarem suas necessidades, pois estão
sempre à tira colo com a mãe.
Seu ciúme e possessividade é tão doentio que inibe as pessoas de fazerem carinhos
e agrados ao filho. Assumem a posse pelos gestos de afeto da criança em relação aos
outros, pois quer exclusividade.
Essa demonstração exagerada até faz perder o sentido do carinho. O carinho surge
de uma intenção espontânea e voluntária de dar algo de si mesmo.
Os beijos na boca também passam por esse critério. Algumas mães se perguntam
se é normal. Depende da idade, pois até os primeiros anos de vida todo corpo da crian-
ça é receptivo para dar e receber carinho. A manifestação de sexualidade sempre está
presente na vida de uma pessoa, mas por volta dos três a quatro anos ela ganha novos
significados em que sua libido ganha significados sociais.
Princípio 13
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Mães que amam demais dramatizam.
Mães com amor maduro se emocionam.
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É curioso ver até onde uma MAD pode chegar. Mas a dramaticidade é um traço
comum nessas mulheres.
É uma demonstração excêntrica de carinho. Quando quer a atenção dos filhos não
importa o que aconteça, mas eles precisam estar à disposição.
Quando o filho cresce e se vê dispensável suas chantagens começam a fervilhar.
Aline era uma frágil moça quando começou a terapia. Sua mãe sempre cuidou de
cada detalhe do seu desenvolvimento até que ela começou a namorar um rapaz que foi
considerado inadequado.
Ele era músico e tinha hábitos noturnos bem à contra-gosto da mãe. O resultado
foi desastroso.
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O Dr. José Ângelo Gaiarsa em um vídeo na Internet fala algo interessante sobre a
dramatização da mãe: “Se a mamãe olha para o filho com cara de mãe que olha para
filho ela não está olhando para ele e ele não sente que ela está olhando para ele. (...) Se
a pessoa da mamãe despida do traje de mãe olhar para a criança a criança vai adorar.
Mas se ela põe a pose da mamãe, ela está dando coação a ele, impondo uma autoridade
e dando uma ordem.”
A MAM sabe que o ciclo de sua intimidade com os filhos tem um fechamento. Se
lamenta, precisa enfrentar seus demônios, o medo da separação e do abandono, mas
sabe que mãe (cuidadora física e emocional) tem prazo de validade.
Quando os filhos crescem sabe das muitas emoções conflitantes que percorrem suas
veias, encara cada uma delas e se dispõe a ser dia-a-dia mais dispensável até se tornar um
suporte de outro tipo para os filhos.
Sabe comunicar o que está sentindo sem acusações, melindres ou chantagens e não
culpa os outros pelos seus sentimentos, mas expressa o pesar no momento e contexto
adequado.
Princípio 14
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Mães que amam demais exigem muito do filho.
Mães com amor maduro respeitam os caminhos.
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Princípio 15
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Mães que amam demais defendem o filho quando estão errados.
Mães com amor maduro educam para a vida.
__________________________________________
Você já ter presenciado algumas mães se desculparem em nome dos filhos em casos
de briga escolar e além disso subestimar a ação danosa que o filho cometeu chegando
até a insinuar ou alegar que a culpa não foi do filho, mesmo quando foi incontestável.
Essa é uma mãe que ama demais.
Ela defende o filho mesmo quando ele está errado e tira a possibilidade de fazê-lo
aprender que toda ação tem uma conseqüência.
A MAM não subestima o caráter do filho, pois sabe que qualquer ser humano é
capaz das piores ações, nem ela ou o filho estão livres disso.
Ensina o valor do respeito aos direitos dos outros como gostaria que o seu fosse
respeitado.
É capaz de olhar bem de perto para as sombras dos filhos assim como olha para suas
sombras. No meu livro “Por que fazemos o mal?” trato muito desse assunto.
Princípio 16
__________________________________________
Mães que amam demais menosprezam o pai do filho.
Mães com amor maduro honram o pai do filho.
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No capítulo 8 falarei com mais detalhe sobre o papel do pai, mas adianto que de
maneira geral a MAD substitui o papel dele pelos filhos.
É como se internamente não confiasse na energia masculina do companheiro e
agissem como viúvas de marido vivo.
O distanciamente afetivo do marido é muito freqüente nesses casos (até sepepara-
ções), pois para o homem é quase insuportável ser colocado em décimo plano sem que
isso afete a qualidade de sua relação com a esposa.
A MAD costuma falar o “meu filho” e se esquece que ele é filho de mais alguém. É
como se não respeitasse o papel do pai ao assumir todas as responsabilidades.
A figura do pai só serve para colocar medo nos filhos e parecer que é o chato da
família. Não é de estranhar que depois de um tempo os filhos se afastem e recriminem
o pai.
Fabiano presenciou uma separação precoce, traumatizante e brusca dos pais. A mãe
foi traída pelo marido e depois agredida por este.
Os anos seguintes foram recheados de muita mágoa dessa mãe que passou a dedicar
tempo integral para seu filho. Mesmo tentando controlar suas atitudes e palavras, era
nítido seu desconforto quando o filho passava os fins-de-semana com o pai.
A MAM sabe dar o devido valor para o pai de seus filhos exatamente por que res-
peita a própria história com ele. Independente do que tenha havido entre o casal, essa
mulher madura vai preservar intacta a imagem do pai para os filhos.
Sabe que a imagem do pai não deve ser manchada pelas suas questões ligadas ao
casamento, ela sabe que uma forma de expressar amor pelos filhos é honrar a imagem
desse pai na vida da família.
A MAD é uma supermulher, ou pelo menos é o que tenta passar para os outros.
Esconde-se de suas dificuldades pessoais e dos problemas afetivos que carrega consigo
mesma.
Tenta compensar suas fragilidades mostrando-se forte, capaz e inquebrável, mesmo
que por dentro esteja cheia de cicatrizes e marcas de uma vida cheia de desamores,
perdas, desilusões e medos.
Como se refugiou no papel de mãe já não tem uma identidade própria e não sabe
por onde recomeçar quando os filhos saem de casa.
A MAM se reconhece necessitada de ajuda, percebe suas forças e fraquezas, não
superestima ou subestima nada.
Se deixou pendências procura saná-las com a ajuda de pessoas que realmente pos-
sam fazer algo por elas e não sobrecarrega os filhos com queixas e reclamações.
Procura ser transparente consigo mesma para chegar a um estado de lucidez maior,
dessa forma os problemas se tornam desafios e as cicatrizes viram aprendizados.
Princípio 18
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Mães que amam demais criam servos.
Mães com amor maduro criam seres humanos.
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Há uma frase notável que foi a vencedora em um Congresso sobre Vida Sustentável
que diz “Todo mundo “pensando em deixar um planeta melhor para nossos filhos...
Quando é que “pensarão” em deixar filhos melhores para o nosso planeta?”.
A MAD cria filhos de tal forma que o mundo os sirva como se fossem imperadores
Frederico Mattos | 51
Princípio 19
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Mães que amam demais tem problemas afetivos.
Mães com amor maduro vivem o amor.
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É muito comum (não é regra absoluta) perceber que a MAD tem sérios problemas
na sua vida afetiva.
Essa característica é quase comum a todas elas, pelo simples fato de que uma mu-
lher que tivesse a vida amorosa bem resolvida não precisaria dedicar um amor desespe-
rado e apegado ao filho.
A MAD tem uma dificuldade acentuada ao se entregar de corpo e alma numa rela-
ção afetiva genuína. Ela pode até viver um relacionamento, ser casada há anos, e mesmo
Frederico Mattos | 53
A MAD tem uma grande desconfiança das pessoas. Não se deixa entregar ao fluxo
Resumo:
Sei que muitas mulheres se identificarão com essas características relatadas ante-
riormente.
Cada uma vai se perceber num nível de exagero e intensidade já que de alguma
forma todas as mães tem um pouco de exagero e maturidade convivendo simultanea-
mente em seu coração.
E para que a maturidade chegue até você, precisará dar mais ouvidos ao bom senso
e reservar um tempo para si mesma.
A chave para o amadurecimento é estar aberta à uma vida plena, afinal uma pessoa
não se torna inteiramente livre e madura para fazer reais escolhas enquanto não se
despede dos seus pais.
Frederico Mattos | 55
Depois de falar sobre as características da Mãe que Ama Demais é preciso ressaltar
que nenhum relacionamento se sustenta apenas na mãe. O filho também participa
dessa dinâmica doentia e realimenta as dependências e carências da mãe.
O amor do filho pela mãe também atravessa etapas. No princípio ele recebe passiva-
mente todo tipo de amparo, carinho, acolhimento, alimento e calor que a mãe lhe oferece.
Quando está com a mãe, se sente em casa e esse sentimento de segurança básico é
fundamental para o seu desenvolvimento posterior. Uma criança que apresenta falhas
nessas fases iniciais pode carregar seqüelas por muito tempo.
Mas o tempo passa e a criança vai se dando conta lentamente da realidade tal como ela é, a
criança sai de seu egocentrismo e percebe que a qualidade de uma relação precisa de troca.
Nessa fase a criança quer agradar as pessoas de todo o modo, escreve recadinhos
carinhosos, oferece desenhos e mostra seus méritos.
Nesse momento experimenta o sentimento de dar algo de si mesma e isso a alegra
tanto quanto receber. A cada dia, sua independência é maior e começa a explorar as
possibilidades no mundo.
No entanto, se sua mãe o ama demais ele permanece numa fase primitiva e in-
fantil do amor.
Frederico mattos | 57
Sensíveis
Nesse caso o filho ou a filha ficam hipersensíveis. O princípio masculino (no in-
consciente coletivo) que representa a lei, a ordem, o pensamento, o trabalho, as aven-
turas e a busca da consciência profunda fica reprimido.
A repressão dessa energia provoca uma espécie de identificação com a mãe e as
características negativas da energia feminina.
Henrique era um menino excelente, prestativo, carinhoso e querido por todos. Pelo
seu jeito meigo e delicado sempre tinha alguém por perto.
No entanto, era um rapaz que se via incapaz de estabelecer relacionamentos dura-
douros. Algumas pessoas até desconfiavam de sua orientação sexual e diziam (segundo
uma conversa que ouviu de alguns amigos): “ele fala como uma menina, tem gostos de
uma menina, está sempre rodeado de meninas, mas nunca namora nenhuma delas”.
O problema é que ele era tão criterioso com todas as mulheres que nenhuma pas-
sava no crivo de comparação com a mãe.
Socialmente são:
- Pouco amigáveis, tímidos, pouco competitivos e ambiciosos (a dose necessária) e
alcançam seus objetivos com dificuldade, se é que os têm.
- São melindrosos e temperamentais, mas reagem às contrariedades de maneira
passiva. Ficam emburrados, se fecham e deixam os outros culpados.
- Geralmente tem opiniões muito duras sobre o comportamento masculino e cri-
ticam os homens baseados em esteriótipos. Colocam-se como grandes defensores das
mulheres e da mãe.
- Tem dificuldades amorosas, pois no caso dos meninos tentam não parecer com os
homens machões e acabam sempre sendo vistos pelas meninas como o bom menino.
Sempre acabam se tornando amigos das pretendentes que dizem: “ele é ótimo, mas
apenas como amigo” ou “falta algo nele, uma coisa mais masculina!”.
Com as mulheres têm essa dificuldade pois assumem o papel de companheiro in-
separável da mãe. E como não pode deixar a mãe por muito tempo, acaba sempre
cedendo às opiniões dela contra as pretendentes.
Machistas
No outro pólo temos os machistas que na versão masculina são os cafajestes típicos
e no caso das mulheres são aquelas que querem ser autossuficientes em exagero, a ponto
de ficarem isoladas e endurecidas.
- São mimados e voluntariosos.
- Imaginam que a vida é uma aventura que deve ser regada de muitas mulheres,
diversão, dinheiro e pouco esforço.
- Podem ser até interesseiros, folgados e preguiçosos, buscando atingir seus objeti-
vos por meio de barganhas e até corrupção.
- Enxergam o mundo como a mãe mostrou a eles, um grande banquete no qual
podem se deleitar à vontade.
Frederico Mattos | 59
Bebia em todas as festas que ia, com o detalhe de que sempre arrumava uma nova
festa ou balada por dia. Sua mãe aflita não sabia mais o que fazer para “endireitar” a
cabeça do filho.
A opinião de Paulo é que sua mãe era um anjo em sua vida e que sem ela ele estaria
perdido. Sabia que aprontava um pouco e dava alguns desgostos para a mãe, mas que
estava determinado em mudar.
Já dizia isso desde os treze anos...
Frederico Mattos | 61
Michele era uma menina muito carinhosa, calada e de hábitos conservadores. Era
uma excelente companhia para a mãe onde quer que ela estivesse. O casamento da mãe
parecia já não existir há muitos anos. Os pais dormiam em quartos diferentes e para
que “a filha não ficasse sozinha” resolveu trazê-la para dormir na cama uma vez. Nunca
mais saiu de lá.
O problema surgiu quando a filha se envolveu com um rapaz que era surfista e
tatuador. Na cabeça da mãe isso resumia um cara que não queria saber de nada da vida
e era envolvido com drogas pesadas.
A mãe passou a atribuir ao rapaz os ataques de nervos da filha. Num desses ataques,
ela quebrou todos os objetos do quarto da mãe, em outro ameaçou jogar-se do prédio
em que moravam e até mesmo matar a mãe.
Procuraram um psiquiatra e medicaram a menina que ficou alguns meses dopada
em casa até que o rapaz pudesse se afastar dela.
Infelizmente acharam que o problema estava resolvido, pois agora que o rapaz
estava longe o problema tinha sido resolvido.
Lembro-me de uma moça que veio para atendimento que tinha limitações visu-
ais graves. Enxergava apenas alguns vultos e tinha um comprometimento de 95% da
visão.
Sua mãe mostrou-se inicialmente colaboradora da terapia da filha e certa de que o
tratamento iria ajudá-la a ser mais “calma”.
Se queixava que a filha estava tendo comportamentos “estranhos na escola”. Estava
no primeiro colegial e se queixava da mãe tentando conduzi-la até à sala de aula, “onde
Esses casos em que o filho tem uma limitação ou dificuldade real retratam com
fidelidade o Amor que Ama Demais. E se são alertadas sobre isso, elas se voltam contra
você com acusações terríveis. “Você não tem filhos nessas condições para falar o que eu
tenho que fazer”, “faz anos que cuido dele e sei muito bem do que ele precisa”. A limi-
tação do filho é agravada pelos cuidados excessivos da mãe superprotetora e este passa a
ter limitações sociais que não teria se não fossem os cuidados excessivos da mãe.
A limitação do filho é um excelente álibi para que essa mãe justifique sua vocação
de mãe superprotetora.
Essas mães na medida em que vão envelhecendo e se deparando com a idéia da
morte entram em pânico, porque percebem que todos os esforços de uma vida inteira
não vão evitar que um dia seu filho tenha que ser mais independente.
A idéia de que o filho fique internado em alguma instituição, seja abandonado na
rua ou maltratado por outras pessoas congela sua alma de mãe.
Em alguma escala, toda MAD se sente do mesmo jeito com seus filhos, com ou
sem limitações.
A questão central é: se seu filho está se mostrando problemático pode ser que o
problema tenha a ver com você e ele, e não só com ele.
Seria muito mais fácil culpar o seu filho de rebelde, ingrato, problemático e tratá-lo
como bode expiatório. Mas com todas as informações que você tem agora já pode en-
tender que ele está exercitando, de uma maneira radical, o processo de independência
com relação a uma mãe que ama demais.
Frederico Mattos | 63
É muito difícil deixar de ser um filho amado demais para ter uma relação madura
com a sua mãe, pois as vantagens de permanecer como um grande bebê são enormes.
Você tem uma casa que inclui serviço de cozinha, lavagem de roupa, enfermagem,
locomoção com motorista, massagista e banco 24h.
De sua parte depende uma etapa importante nessa jornada: você precisa deixar de
lado o paraíso que acredita estar vivendo.
Mas se o paraíso é bom porque deixá-lo?
Porque mais hora menos hora você será afetado gravemente pelo tempo que deixou
para trás acreditando que o mundo se resumia ao universo confortável que sua mãe
criou para você.
Já adianto que será um caminho trabalhoso, afinal voar com as próprias asas não é
um caminho simples. Você ficará tentado a voltar a se comportar como antigamente e
ceder às facilidades que sua mãe lhe proporciona.
Bert Hellinger faz um pensamento belíssimo que diz:“Quando um filho se torna
adulto, diz aos pais: “Recebi muito, e isso basta. Eu o levo comigo em minha vida”
Então ele se sente rico e satisfeito. E acrescenta: “O resto eu mesmo faço”. (...) Ela
nos torna independentes. A seguir, o filho diz ainda aos pais: “E agora eu os deixo em
paz”. Então se solta deles. Não obstante, ele os conserva como pais, e eles também o
conservam como filho.”
Se você já se percebe um filho amado demais o que fazer?
Passo 1 - Observe como acontece sua relação com sua mãe e seu pai.
Passo 2 – Faça anotações sobre suas percepções.
Passo 3 – Analise o comportamento isolado deles e escreva.
Passo 4 – Analise quais são suas reações a esses comportamentos.
Passo 5 – Escreva quais são as limitações que essa relação tem provocado em sua
vida.
Frederico Mattos | 65
ORIGENS DO PROBLEMA
“Tudo no domínio dessa primeira ligação com a mãe parece-me difícil de
ser compreendido analiticamente, ou ser tão cinzento de velho, tão cheio
de sombras, por tão dificilmente poder ser vivenciado de novo, como se
tivesse sido submetido a um recalque particularmente inexorável.”
Sigmund Freud, Criador da Psicanálise
O amor superprotetor tem origens remotas que antecedem o nascimento dos fi-
lhos. É preciso não confundir origem com causa, pois em suas origens encontramos
muitas das causas, mas as causas são multifacetadas.
O problema da mãe que ama demais se inicia na relação com os próprios pais.
Essa mulher pode ter sido filha de uma mãe que ama demais ou de menos. (Veja
o capítulo 10).
Se sua mãe a amou demais ela terá na sua memória emocional um tipo de relação
simbiótica e sufocante como padrão de amor. Inconscientemente, essa mulher se vê
compulsivamente presa a uma relação de doação completa, incondicional e devotada
com os filhos.
Percebo que é muito comum uma mãe que teve amor insuficiente de sua mãe de-
senvolver o amor exagerado com os filhos. É como se quisesse compensar o pouco amor
que recebeu da sua mãe idealizando o cuidado com seus filhos.
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Seu maior desejo é ser mãe e não tem muita clareza do porquê, mas sabe que nasceu
com esse instinto.
Existem casos mais raros em que a mulher recusava abertamente a ideia de ser mãe
oferecendo mil argumentações sobre as vantagens de ser solteira ou de ficar bem casada
e sem filhos. Alega o desejo de independência, falta de habilidade com crianças ou prio-
ridade na carreira profissional. No entanto, quando engravida é engolida pelo mesmo
encanto das outras mulheres. Sua recusa se transforma no amor exagerado como uma
tentativa inconsciente de reverter toda a repulsa anterior.
A escolha do pai
Ela cresce e escolhe um parceiro que lhe oferece os melhores genes para ter um filho
saudável ou escolhe um homem que é candidato a fugir quando descobrir a gravidez.
De preferência um homem que não seja apegado enquanto pai.
A concepção
A família
Grazia era uma mulher que tinha um grave problema com sua mãe superprotetora.
Nada lhe era permitido na altura de seus trinta anos. Sua concepção foi envolvida num
drama entre as famílias da mãe e do pai que eram muito severos.
Descobriram a gravidez com dois meses e para tentar dissimular casaram o quanto
antes. Mas para maquiar a gestação retardaram em 20 dias o nascimento de Grazia para
que ela nascesse “precoce de oito meses”. Nasceu com quase dez meses de gestação.
Depois de um ano de nascida todos souberam da história real e se penitenciaram.
A escolha do nome
Frederico Mattos | 69
Todas as fantasias infantis à respeito do que é felicidade, amor e cuidado vão ga-
nhando novo corpo junto com a gestação. Todas os sentimentos não vividos, as ideias
não materializadas e os sonhos não concretizados já tem o seu herdeiro natural.
Os problemas de gestação podem causar uma aflição extra e uma preocupação
precoce. Crianças que tiveram uma gestação problemática tendem a ser filhos “amados
demais”.
Os abortos anteriores à gestação bem sucedida propiciam o amor exagerado. Os
abortos espontâneos provocam na mulher um sentimento de incapacidade e impotên-
cia que criam um clima para que a mulher descarregue todo o sentimento de fracasso
sobre o filho. “Demorou tanto que agora não vou deixar que nada falte para esta crian-
ça!”
Abortos provocados criam um clima pior, pois a culpa incide sobre a nova criança
como uma flecha. Normalmente recebem o mesmo nome que a criança que teria vindo
à luz.
O nascimento
Quando a criança nasce, finalmente aquela mulher (que muitas vezes já não tinha
muito sentido na vida) ganha feições de heroína.
Toda a sabedoria e amor tomam os braços e a consciência daquela mulher humana
que agora se tornou divina.
Mas aquela “mulher-divina” passa a acreditar na própria fábula “eu sei o que é
melhor para meu filho”. Começa a saga de ilusões em cima de ilusões.
A mãe se vê refletida no filho, “é a minha cara!”.
A simbiose inicial é necessária para que a criança alcance suas próprias feições à
partir do molde psíquico da mãe. O problema é quando essa simbiose se estende para
além do primeiro ano, o segundo e o terceiro, sem parada.
É notório que aquela criança frágil e sem expressão está se escondendo sob os olhos
da “mãe coruja”.
Alguns problemas do parto criam um susto extra.
Nessa fase inicial o pai se vê excluído da relação com o filho e com a esposa pela
mãe que ama demais. Aquela mulher que estava um pouco desencantada com um casa-
mento cheio de rotina, um marido desinteressado e desinteressante, volta todas as suas
energias no dever “sagrado” de encaminhar e educar aquele bebê.
Ela agora encontrando uma fuga do casamento que seja socialmente aceita e não
condenada. Essa traição inconsciente pode se perpetuar por muitos anos à frente. Na
medida que a criança se desenvolve esse sentimento de que precisa salvá-la de todo o
mal e desgosto assume um ar messiânico.
É uma tarefa que essa mulher se impõe e dificilmente irá abrir mão, pois acredita
que é a única forma de salvar a si mesma.
Exercício
Passo 1 – Como foi o relacionamento com sua mãe?
Passo 2 – Você costumava brincar de bonecas e ser a supermãe de suas filhinhas de
pano ou irmãos e amigos?
Passo 3 – Você tem consciência dos motivos que a fizeram escolher seu parceiro e
pai dos seus filhos ?
Passo 4 – As circunstâncias da concepção foram dolorosas?
Passo 5 – Houve pressão da família?
Passo 6 – Qual foi o motivo da escolha do nome de seus filhos?
Passo 7 – Como foi a gestação? Quais eram as fantasias de felicidade para o seu
filho?
Passo 8 – Teve abortos ou pensou-desejou fazer?
Passo 9 – Como foi o parto e nascimento da criança?
Passo 10 – Teve problemas com o parceiro?
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Até agora dei mais ênfase na relação mãe e filho(a), no entanto, o pai pode amar tão
EXAGERADAMENTE quanto a mãe.
As estratégias são diferentes daquelas utilizadas pela mãe.
O amor de pai diferente do amor de mãe é condicional. Você precisa merecê-lo e,
portanto, fazer algo para que tenha alguma recompensa dele.
É um amor ativo como o próprio princípio masculino.
Esse princípio permite com que a criança perceba as condições pelas quais o mun-
do funciona. O mundo não é incondicional, não é um berçário onde você é pronta-
mente atendido a cada dor e desespero.
O amor e a consideração do mundo precisam ser conquistados e mantidos a cada
novo dia como uma flor que precisa ser regada.
A influência do pai na vida da criança surge na emancipação do universo natural e
caloroso criado pela mãe.
O pai apresenta e introduz o filho no mundo social.
O homem normalmente é menos passional e dramático nas demonstrações de
amor exagerado. Isso não quer dizer que não possa ser tão bombástico e destrutivo
quanto a mãe.
Frederico mattos | 73
Com a filha:
O pai com a “filha mulher” tem uma relação especial que envolve um compo-
nente erótico. Isso pode chocar à primeira vista, pois a palavra erótico traz uma idéia
de perversidade ou desejo sexual. Não é isso que quero dizer, erótico quer dizer Eros,
homem-mulher.
Da mesma forma que o menino aprende a amar as mulheres na relação com a mãe,
a menina aprende a amar os homens na relação com o pai.
Quando a filha nasce, o homem a vê como sua princesinha, a mulher ideal, aquela
a quem ele vai educar e instruir da maneira mais correta possível.
Entre os homens se diz que existe aquela mulher para casar e outra para aprontar.
Aquela que ele escolhe para casar deve ser uma mulher respeitosa, frágil, fiel, confiável e
uma futura boa mãe para seus filhos. A mulher para aprontar deve ser forte, sexy, livre
e pronta para o sexo.
Quando o homem se torna pai de uma menina ele será confrontado com essa visão
sombria e limitada das mulheres.
Como poderá um homem que vê as mulheres como produto de consumo criar
uma mulher? Sabe que as mulheres que ele considera vulgar também são filhas de al-
gum pai. Esse homem se torturará por muitos anos na criação da filha.
Esse pai tentará de todas as formas proteger a filha de todos os homens, pois sabe
que os outros homens podem ver a sua filha como ele mesmo vê as outras mulheres.
O pai de Beatriz sofreu imensamente esse conflito. Seu casamento já estava desgas-
tado com a mãe dela. Quase não conversavam, portanto, Beatriz passou a ser a confi-
dente do pai e seus problemas na empresa. Toda a insatisfação que ele tinha falava para
Ela era uma filha precoce e muito inteligente. O pai chegava a dizer “você é a esposa
que eu nunca vou ter”. A filha tinha arrepios quando ouvia esse tipo de comentário.
O pai entrará num conflito que nem ele compreende e começará a transbordar
de seu coração. Como não sabe lidar com a idéia da menina que virou mulher ele vai
adotar comportamentos como:
– Não vai permitir que a filha viaje com o namorado ou fique até tarde com ele
na rua (como se as pessoas só tivessem relações sexuais em viagens de fim-de-semana
ou à noite.)
– De tempos em tempos, esse pai vai ter um surto de carência e vai pedir um
abraço, as vezes com lágrimas nos olhos e vai alegar que no fundo só quer ver o bem da
filha. Vai querer passar uma época perto dela com mais freqüência, como se ela fosse
uma pequena esposa.
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Com o filho:
O resultado disso pode ser desastroso, pois ao invés do filho se aproximar do pai
como um exemplo saudável é mais provável que ele busque o oposto.
O filho irá passar muito mais tempo na rua do que o normal. Poderá adotar um
comportamento destrutivo (rebelde todos serão) e amigos ará os amigos como único
modelo de autoafirmação. Poderá ter comportamentos autodestrutivos como forma de
provar que tem força e sabe lidar com problemas (como uso de álcool e drogas, dirigir
arriscadamente, abandono dos estudos, recusa a trabalhar).
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Quando Diogo Junior conseguiu dizer para seu pai advogado que queria sair da
faculdade de direito para fazer arquitetura a relação deles passou por uma fase intensa
de brigas. Mas quando o Diogo Pai percebeu que a decisão do filho era real, sólida e
cheia de vida, acabou cedendo. Agora o Guinho poderia ser só Diogo, não advogado
frustrado, mas o arquiteto de sucesso.
É um grande desafio para o pai deixar de ser o único rei leão da casa e compartilhar
o espaço com o leão mais jovem.
Mas só isso trará uma vida saudável para a relação de pai e filho.
O PAPEL DO MARIDO
“...é que a mulher somente pode ser mãe em verdade amorosa se puder amar; se
for capaz de amar seu marido, outras crianças, estranhos, todos os seres humanos.”
Erich Fromm, Psicanalista alemão
As prioridades da mãe que ama demais são em primeiro lugar o filho, em segundo
lugar o filho, em terceiro lugar o filho, em quarto lugar o filho, em quinto lugar o filho,
em sexto lugar a casa (para o filho), em sétimo lugar ela mesma (para estar bem para o
filho) e se houver algum tempinho em oitavo lugar o marido (para deixar ela em paz e
para que trate bem o filho).
É comum perceber que o marido da mãe que ama demais é colocado em décimo
plano.
O pior é que esse marido nem percebeu que entrou na vida daquela mulher apenas
como um grande fecundador do seu futuro filho. Os homens não percebem o golpe
inconsciente daquela mulher, pois nem ela sabe que está aplicando.
Há dois perfis de mulher que tem esse comportamento.
O primeiro perfil é a mulher que ama demais o seu homem. Vive desesperada atrás
dele, enciumada, possessiva e que fica doente atrás de cada passo que ele dá. Como
normalmente ela se frustra nessa relação doentia, acaba transferindo para o filho todo o
sentido da sua vida que antes pertencia ao marido, “você não me valorizou e agora fica
cobrando que eu não largo do pé do meu filho!”. Essa acaba sendo uma forma de fazer
ciúme para o marido que era sua paixão inicial.
O segundo é daquela mulher que já é relativamente fria com o marido desde a épo-
ca do namoro. De tempos em tempos se mostra sexualmente ativa e anima no homem
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Toda moeda tem dois lados e a realidade também pode ser vista em pólos. No meu
livro “Por que fazemos o mal?” falei que em vários aspectos da vida podemos caminhar
por extremos sombrios.
Na maternidade acontece o mesmo. O amor exagerado é um extremo, o amor
escasso é o outro.
Muitos filhos que receberam pouco amor, atenção e cuidados aprendem que o
amor é um sentimento frio, distante e pouco expressivo.
Enquanto criança foi pouco abraçada, beijada, acariciada e elogiada. Sua auto-
estima sobreviveu pobremente e aprendeu a amar à partir de migalhas emocionais e
com isso desenvolveu uma recusa fundamental em repassar a alguém o amor que não
recebeu.
“Se eu não tive por que vou passar para os outros?”.
Isadora é uma mãe apática. É separada e tem duas filhas com treze e onze anos. O
casamento com o pai das crianças foi problemático e cheio de crises. A primeira filha
nasceu sem planejamento enquanto eles ainda namoravam. Mesmo não sendo forçada
ela resolveu se casar.
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O que irei falar agora não é gostoso e nem fácil falar, e imagino que não será tão
prazeroso de se ler. Mas imagino que muitas pessoas sofram desse problema completa-
mente inconscientes do que lhes passa.
Freud no livro “Luto e a Melancolia” revela algo curioso: será que precisamos che-
gar no “fundo do poço” para nos dar conta do pior de nós?
No meu livro “Por que fazemos o mal?” trato da natureza sombria de nossa perso-
nalidade. A sombra é aquela parte obscura, secreta, proibida, vergonhosa, traumática e
que consideramos antimoral da personalidade.
Normalmente temos acesso às nossas sombras de maneira indireta quando olhamos
aquilo que nos afeta, incomoda e perturba na personalidade do outro.
Herman Hesse, escritor alemão, explica bem isso quando diz que: “Se você odeia
alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte de você. O que não faz parte
de nós não nos perturba.”
Portanto, qual seria a maior sombra da maternidade?
O ideal da maternidade é feito por amor incondicional, a doadora de vida, santida-
de, sacrifício, dedicação, carinho, entrega, renúncia, perdão, desprendimento e de um
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Eu jamais poderia me tornar um pregador da boa qualidade de amor que uma mãe
pode desenvolver por um filho, nunca serei mãe. E cada experiência é única.
Winnicott diz que: “A mãe que é verdadeiramente, pode ser excelente professora
para todos os psicólogos.”
A cura da “doença” está na própria mãe e certamente nenhum psicólogo pode fazer
as vezes da mãe, pois ela tem dentro dela as sementes do amor que cura.
Winnicott percebeu que uma mãe suficiente boa é aquela que é capaz de possi-
bilitar ao filho pequeno a ilusão de que o mundo é sua criação, o que possibilitaria a
experiência de onipotência primária que, segundo ele, é a base da criatividade.
E na medida que essa criança vai se desenvolvendo a mãe percebe seus avanços graduais
e passo-a-passo permite que lide com as pequenas frustrações próprias da vida infantil.
Essa sensibilidade da mãe seria atribuída a um amadurecimento de suas capacida-
des como ser humano de suportar as frustrações e insucessos da vida.
A falecida médica tanatologista (Tanatologia é a parte da medicina legal que se
ocupa da morte e dos problemas médico-legais com ela relacionados.) Elizabeth Ku-
bler-Ross, famosa mundialmente por tratar de pacientes terminais ao oferecer espaço
para falar sobre a morte e o morrer, fala de cinco fases que o paciente pode enfrentar
diante da morte. A negação, a raiva, a barganha, a tristeza e a aceitação.
De alguma forma esse livro é um manual de ressurreição materna. Morre uma mãe
dentro de você para dar lugar a uma outra mais feliz e plena.
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O maior sacrifício que uma mãe precisa fazer, nesse sentido, é saber o momento de
aparecer e desaparecer. É oferecer estrutura e depois retirá-la pouco a pouco.
Mas não confunda espiritual com impossível, pois o espiritual nada mais é que uma
dimensão humana em sintonia com a grandeza da vida que se manifesta.
A vida é uma experiência que traz uma inesgotável dose de aprendizado, surpresa,
mistério e plenitude.
A vida é uma experiência em aberto que está sendo construída a todo instante e que
só pode ser saboreada e mergulhada aqui-e-agora.
A vida é simples e tudo aquilo que queremos ser já somos, pelo menos em potência,
e no momento que nos permitimos apenas Ser, já somos, sem máscaras.
A vida as vezes se mostra como uma parede que nos separa, um espelho que nos
reflete ou um ímã que nos conecta.
A vida é o presente que é sempre eterno no hoje, sem amanhã e sem ontem, sempre agora.
A vida é uma clareza sobre a aceitação incondicional da vida como ela é, que dife-
rente do conformismo que diz tudo está bem é vigorosa na arte de mudar a realidade
no momento que aceita o que é como é.
A vida é sempre verdade na medida que é real naquilo que acontece em si, e por isso
sempre relativa por que vemos limitadamente pelos nossos olhos.
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Visualização
Agora tome um tempo para você, feche os olhos e se visualize nessas imagens.
Procure uma respiração confortável para o seu corpo. Deixe o ar – que deu o pri-
meiro sinal de vida ao lado de sua mãe – entre e saia tranqüilamente.
Agora se transporte para um lugar que você considere seguro e confortável. Pode
ser um lugar que você já tenha ido ou imaginário.
Agora, imagine sua mãe à sua frente.
Olhe e se deixe olhar por ela e permaneça algum tempo experimentando essa sensação.
Talvez você sinta vontade de interromper, ou os julgamentos invadam sua cabeça,
ou lembranças dolorosas lhe perturbem. Mas mesmo assim deixe que o olhar dela caia
docemente sobre os seus. Ela é sua mãe, lhe deu a vida...
Nessa dimensão espiritual você se deixa sintonizar com ela e todas as mulheres que
fizeram parte de sua ancestralidade.
Quantas mulheres nasceram, viveram e morreram para você estivesse aqui hoje.
Quanta dignidade, força e ao mesmo tempo leveza e brilho foram necessárias para
que você chegasse aonde chegou.
Nem tudo foi fácil, você enfrentou desafios, e elas também. Isso conecta você a
todas elas, pela dor e pelo amor que viveram.
Agora você se conecta da mesma forma ao seu pai e a todos os homens da sua
ancestralidade.
Segunda parte
Agora imagine seu filho(as) diante de você e imagine seus pais e ancestrais às suas costas.
Olhe para o lado e perceba a presença do pai de seu filho. Vocês estão conectados
por meio da maternidade. Seu filho se materializou pelo amor que vocês tiveram, mes-
mo que por um minuto.
Talvez os julgamentos, lembranças embaraçosas e sentimentos difíceis venham até
você. Respeite eles, deixe que eles tenham um lugar no seu coração, mas busque no pai de
seu filho o profundo respeito e reverência pela oportunidade que ele lhe deu de ser mãe.
Agora que está conectada com o pai de seu filho olhe para ele e permita que ele seja
acolhido por essa dimensão transcendente que falamos.
Deixe que o destino o acolha com confiança, o respeito e a leveza de ser.
Sinta a força que nasce desse movimento interno.
Permaneça por alguns minutos com essa sensação e não comente com outros para
que ela ao perca a energia que você experimentou.
Em sintonia com esse amor transcendente você perceberá algo diferente nascer
interiormente.
Agora você poderá se relacionar com seu filho como ele é, sem sobrecargas do
passado familiar.
Existem casos mais complexos que não dispensam ajuda profissional e psicológica,
mas esse é um bom começo.
Esse tipo de amor contempla uma dose de desgosto, fracasso e impotência na relação.
Permita que seu filho lhe contrarie e seja diferente de você e observe que aprendiza-
dos que ele tem para lhe apresentar. Não tente superar possíveis frustrações, deixe que
elas cheguem, se expressem e sigam o seu curso natural.
Com essa perspectiva mais saudável você dá algo de si e se permite sentir os efeitos
positivos da doação e por isso recebe.
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Você se sentirá forte e fraca ao mesmo tempo, terá lucidez e sabedoria para agir e
ao mesmo tempo verá que sempre é uma aprendiz.
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Terapia do amor
Titulo original: (Prime)
Lançamento: 2005 (EUA)
Direção: Ben Younger
Atores: Uma Thurman, Meryl Streep, Bryan Greenberg , Jon Abrahams , Zak
Orth
Duração: 105 min
Gênero: Comédia Romântica
Uma psicanalista muito competente se vê paralisada quando descobre que sua pa-
ciente de trinta e poucos anos está namorando seu jovem filho.
É uma comédia que mostra um drama comum de uma mãe superprotetora que se
justifica num preconceito de idade para boicotar o novo relacionamento do filho.
Sogra
Título original: (Monster-in-Law)
Lançamento: 2005 (EUA)
Direção: Robert Luketic
Atores: Jennifer Lopez, Jane Fonda, Michael Vartan, Wanda Sykes , Adam Scott
Duração: 95 min
Gênero: Comédia
Esse filme é um clássico que mostra dois escritores frustrados, um frustrado com
sua mãe e outro com sua ex-esposa, ambas dominadoras. Encontram uma maneira
engenhosa de se livrarem delas, trocando os crimes entre si.
Nessa comédia uma mãe que criou suas filhas com sucesso tenta escolher o novo
pretendente. Esta situação cria um grande conflito entre as duas e revela os conflitos
que até então estavam debaixo do tapete.
Vídeo Gaiarsa
http://www.youtube.com/watch?v=WlE-IA38cYM&feature=related