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A Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e cultural. Sendo cada uma destas
dimensões por si só muito ampla, o conhecimento antropológico geralmente é organizado em áreas que
indicam uma escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados como a “Antropologia Física ou
Biológica” (aspectos genéticos e biológicos do homem), “Antropologia Social” (organização social e
política, parentesco, instituições sociais), “Antropologia Cultural” (sistemas simbólicos, religião,
comportamento) e “Arqueologia” (condições de existência dos grupos humanos desaparecidos). Além
disso podemos utilizar termos como Antropologia, Etnologia e Etnografia para distinguir diferentes níveis
de análise ou tradições acadêmicas.
Para o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1970:377) a etnografia corresponde “aos primeiros estágios da
pesquisa: observação e descrição, trabalho de campo”. A etnologia, com relação à etnografia, seria “um
primeiro passo em direção à síntese” e a antropologia “uma segunda e última etapa da síntese, tomando
por base as conclusões da etnografia e da etnologia”.
Qualquer que seja a definição adotada é possível entender a antropologia como uma forma de
conhecimento sobre a diversidade cultural, isto é, a busca de respostas para entendermos o que somos a
partir do espelho fornecido pelo “Outro”; uma maneira de se situar na fronteira de vários mundos sociais e
culturais, abrindo janelas entre eles, através das quais podemos alargar nossas possibilidades de sentir,
agir e refletir sobre o que, afinal de contas, nos torna seres singulares, humanos.
Algumas informações básicas sobre os principais paradigmas e escolas de pensamento antropológico:
Evolucionismo Social
O Evolucionismo Social foi a escola do século XIX responsável pela sistematização do conhecimento
acerca dos “povos primitivos”, o qual foi organizado em trabalhos de gabinete, sem a observação "in locu".
De modo geral, argumentavam em favor do evolucionismo nas sociedades humanas, donde evoluiriam
das “primitivas” para as “civilizadas”. Seus principais representantes foram: Herbert Spencer (“Princípios
de Biologia” - 1864) e Tylor (“A Cultura Primitiva” - 1871).
Funcionalismo
O Funcionalismo surge no início do Século XX e estabelece um modelo de etnografia com seus trabalhos
de trabalho de campo (Observação participante). O principal representante foi Bronislaw Malinowski
(“Argonautas do Pacífico Ocidental” -1922).
Escola/Paradigma Funcionalismo
Período Século XX - anos 20
Modelo de etnografia clássica (Monografia).Ênfase no trabalho de campo
Características (Observação participante).Sistematização do conhecimento acumulado sobre uma
cultura.
Temas e Cultura como totalidade.Interesse pelas Instituições e suas Funções para a
Conceitos manutenção da totalidade cultural.Ênfase na Sincronia x Diacronia.
Bronislaw Malinowski (“Argonautas do Pacífico Ocidental” -1922).
Radcliffe Brown (“Estrutura e função na sociedade primitiva” - 1952-; e “Sistemas
Políticos Africanos de Parentesco e Casamento”, org. c/ Daryll Forde - 1950).
Alguns Evans-Pritchard (“Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande” - 1937; “Os Nuer” -
Representantes 1940).
e obras de Raymond Firth (“Nós, os Tikopia” - 1936; “Elementos de organização social - 1951).
referência Max Glukman (“Ordem e rebelião na África tribal”- 1963).
Victor Turner (“Ruptura e continuidade em uma sociedade africana”-1957; “O
processo ritual”- 1969).
Edmund Leach - (“Sistemas políticos da Alta Birmânia” - 1954).
Culturalismo Norte-Americano
O Culturalismo Norte-americano surge na década de 1930 e estabeleceu o método comparativo e a
formação de padrões culturais, a partir dos quais é possível apreender as leis no desenvolvimento das
culturas. O principal representante foi Franz Boas (“Os objetivos da etnologia” - 1888; “Raça, Língua e
Cultura” - 1940).
Escola/Paradigma Culturalismo Norte-Americano
Período Séc. XX - anos 30
Método comparativo. Busca de leis no desenvolvimento das culturas. Relação entre
Características
cultura e personalidade.
Temas e Ênfase na construção e identificação de padrões culturais (“patterns of culture”) ou
Conceitos estilos de cultura (“ethos”).
Alguns
Franz Boas (“Os objetivos da etnologia” - 1888; “Raça, Língua e Cultura” - 1940).
Representantes
Margaret Mead (“Sexo e temperamento em três sociedades primitivas” - 1935).
e obras de
Ruth Benedict (“Padrões de cultura” - 1934; “O Crisântemo e a espada” - 1946).
referência
Estruturalismo
O Estruturalismo irá florescer nos anos de 1940, ao buscar as regras estruturantes das culturas
presentes na mente humana. Teve como grande representante, Claude Lévi-Strauss (“Pensamento
selvagem” - 1962).
Escola/Paradigma Estruturalismo
Período Século XX - anos 40
Busca das regras estruturantes das culturas presentes na mente humana. Teoria do
Características
parentesco/Lógica do mito/Classificação primitiva. Distinção Natureza x Cultura.
Temas e Princípios de organização da mente humana: pares de oposição e códigos
Conceitos binários.Reciprocidade
Claude Lévi-Strauss:“As estruturas elementares do parentesco” - 1949.
“Tristes Trópicos”- 1955.
Alguns
“Pensamento selvagem” - 1962.
Representantes
“Antropologia estrutural” - 1958
e obras de
“Antropologia estrutural dois” - 1973
referência
“O cru e o cozido” - 1964
“O homem nu” - 1971
Antropologia Interpretativa
A Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa dos anos 60 irá estabelecer a cultura como uma
hierarquia de significados, a partir da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura. Seu maior
representante é Clifford Geertz (“A interpretação das culturas” - 1973).
Escola/Paradigma Antropologia Interpretativa
Período Século XX - anos 60
Cultura como hierarquia de significados
Busca da “descrição densa”.
Características
Interpretação x Leis.
Inspiração Hermenêutica.
Temas e Interpretação antropológica: Leitura da leitura que os “nativos” fazem de sua própria
Conceitos cultura.
Alguns
Clifford Geertz:
Representantes
“A interpretação das culturas” - 1973.
e obras de
“Saber local” - 1983.
referência
Antropologia Pós-Moderna
A Antropologia Pós-Moderna ou Crítica surge nos anos de 1980 e está preocupada com a
reinterpretação textual das etnografias clássicas e contemporâneas. James Clifford (“Writing culture - The
poetics and politics of ethnography” - 1986) é um dos mais proeminentes escritores desta escola.