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Boa Vista, RR
2015
1
Boa Vista, RR
2015
2
CDU – 981(811.4)
3
_______________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Senhor meu Deus, pelo sopro de vida, pelas capacidades com as quais
ele tem me abençoado e pela força que ele me concedeu ao decorrer dessa longa
caminhada.
Difícil citar todos aqueles que de forma direta ou indiretamente contribuíram para
minha formação acadêmica, porém quero agradecer aos que foram fundamentais e
estiveram diariamente me apoiando.
Aos moradores do Bairro Liberdade, a Sra. Zoete Fernandes de Souza que se
dispusera a dedicar um pouco do seu tempo a essa pesquisa e abriram tanto as
portas das suas casas bem como um pouco de suas vidas durante as entrevistas. E
ao Sr. Iris Galvão Ramalho cuja participação foi fundamental para o
desenvolvimento dessa pesquisa, meu muito obrigado.
A minha orientadora Maria das Graças Santos Dias pelo suporte no pouco tempo
que lhe coube, pelas suas correções е incentivos. Ao meu coorientador Klinger pela
amizade, confiança e orientação desde os primeiros estágios desse trabalho
monográfico, sempre disposto a me conduzir nesse processo de pesquisa.
A coordenação do curso de História, e aos professores tanto efetivos como
substitutos, que somaram e foram de fundamental importância na minha formação
acadêmica. Por acreditarem em mim e me incentivarem constantemente. Em
particular aos professores Dra. Maria das Graças Santos Dias, Dra. Carla Monteiro
Souza, Msc. Márcia D´Acampora, Dr. Jaci Guilherme e Dr. Alfredo Ferreira de
Souza, meu muito obrigado, para mim todos vocês são fontes de inspiração.
A toda a turma de 2008, aos que ficaram pelo caminho e aos que persistiram no
alvo.
Aos meus pais que foram os principais incentivadores para que eu perseguisse meu
sonho de trilhar a carreira acadêmica. Pelo amor incondicional dado a mim, pela
paciência, e pelo seu apoio diário, suprindo o que eu necessitava para que me
dedicasse plenamente aos meus estudos nos últimos anos.
Aos meus irmãos André Tavares e Gustavo Tavares, que me recebiam em casa
tarde da noite após as aulas, prontos a me incentivar e aliar o stress do cotidiano me
fazendo sorrir.
Ao meu esposo Humberto Almeida Damasceno, de todo os presentes que este
curso me proporcionou você foi o mais valioso. Obrigado por permanecer ao meu
lado, pelo carinho, pelas palavras encorajadoras, pelas sugestões e por me apoiar
nessa caminhada.
6
(René Descartes)
7
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
Figura 3: Mapa da evolução do espaço urbano de Boa Vista década de 1920 – 1980.......... 30
LISTA DE TABELAS
Tabela 2: População urbana e rural por décadas em Roraima – 1950, 1960, 1970,
1980. ........................................................................................................................................ 38
11
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
3.1 A configuração da “política urbana” de Boa Vista entre 1970 e 1990 .............. 40
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62
ANEXOS ................................................................................................................... 67
13
INTRODUÇÃO
1
DOSSE, François. A História em Migalhas: dos Annales à Nova História. São Paulo: Edusc,
2003.
2
A fim de tornar a Sociologia uma ciência autônoma, Durkheim defende que a mesma precisava
delimitar seu próprio objeto, assim ele formula a teoria do fato social. Para ele “os fatos sociais devem
ser tratados como coisas", e para defini-los ele afirma: "É um fato social toda a maneira de fazer,
fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no
conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das
suas manifestações individuais". IN: DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São
Paulo: Editora Nacional, 1985. p.21 - 13.
3
BARROS, José D’Assunção. Os Campos da História – uma introdução às especialidades da
História. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.16, p. 17-35, Dez. 2004, p. 05.
14
4
CASTRO, Hebe. História social. In: CARDOSO, C. Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Org.). Domínios
da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p.45-59.
5
Duby apud CASTRO, 1997
6
Em Microfísica do poder (1979) de Foucault, o autor vai tratar de uma rede de poderes que se
exerce na realidade cotidiana das pessoas. Essa rede de poder não parte de uma instância maior,
mas provém do cotidiano dos indivíduos, está intrínseco ao seu dia-dia ao ponto que os mesmos não
podem evitá-lo. É um poder sistemático e repetitivo que exerce controle sobre o comportamento dos
indivíduos.
7
Entendemos que todo homem participa da vida cotidiana de forma social e histórica, logo não
podemos isolar esse caráter da análise em face dos objetivos desta pesquisa, compreendemos que a
vida cotidiana é um dos fatores que transforma o espaço de forma tão heterogênea e hierárquica, e
mantém também o caráter mutável do mesmo. Porém entendemos que não será necessário o
aprofundamento epistemológico da noção de cotidiano, pois os parâmetros teóricos escolhidos aqui
já são suficientes para se alcançar o objetivo da pesquisa.
8
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 24ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. p, 182
15
9
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. 9ª ed. Lisboa: Livraria Clássica,1957, 2 vols; WEBER,
Max. “Conceito e Categorias de Cidade”. IN: Velho, Otávio (org.). O fenômeno urbano. Rio de
Janeiro: Zahar, 1987; BENJAMIN, Walter. “Charles Baudelaire, um Lírico no Auge do Capitalismo”.
IN: Obras escolhidas. São Paulo: Brasiliense, 1989, vol.III; MUMFORD, Lewis. A cultura das
cidades. Belo Horizonte: Itatiaia, 1969
10
SIMMEL apud RAMINIELLI, Ronald. História social. In: CARDOSO, C. Flamarion; VAINFAS,
Ronaldo (Org.). Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus,
1997, p. 225.
11
LEPETIT, Bernard. Por uma nova história urbana. Seleção de textos, revisão crítica e
apresentação de Heliana Angotti. Salgueiro. São Paulo: Edusp, 2001. p, 15.
16
12
GAUDEMAR 1977 apud VALE, 2007. p, 44.
13
LEE, 1980 apud CAETANO, 1995.
14
Idem p14.
15
LE GOFF, Jacques, 1924, História e memória / Jacques Le Goff; tradução Bernardo Leitão [et al.]
Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 1990.
16
POLLACK, Michael. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992.
17
17
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo, Vértice, 1990.
18
SILVA Apud MORISSAWA, 2001, p,132.
18
1940 no Brasil, e que em Roraima teve maior expressão a partir de 1970 e 1980,
com o incentivo à fixação dos migrantes sobre a tutela do Estado, em loteamentos
na cidade da Boa Vista.
A construção do nosso estudo está organizada em três capítulos. No primeiro
capitulo, abordamos a formação do espaço urbano da cidade de Boa Vista. Para
refletir sobre a cidade de Boa Vista, suas problemáticas, peculiaridades, e identificar
os agentes fundamentais responsáveis pelos eventos ocorridos na cidade, as
tensões sociais resultantes desses eventos, as marcas que ficaram registradas, seja
na memória das pessoas ou no espaço físico. É necessário levar em consideração a
construção desses espaços, e como eles compõem a cidade e a caracterizam.
No segundo capitulo buscamos compreender os fluxos migratórios e seu
impacto nas transformações espaciais que Boa Vista sofreu nas últimas décadas,
refletindo um grande crescimento populacional, resultado de uma migração maciça
ao centro urbano, recém-consolidado, na década de 40. Após a implementação do
Território Federal surgiram as primeiras tentativas para se promover uma efetiva
ocupação da região. Projetos de colonização foram levados adiante por
administrações locais e federais. Apesar do resultado positivo, o desenvolvimento do
território e da ocupação tinha um impedimento, o transporte, que dependia do rio
Branco que não era navegável para grandes embarcações. Tal situação pôde ser
resolvida, após 1976, com a construção da BR-174, que liga Boa Vista a Manaus,
sendo posteriormente estendida até a Venezuela.
Por consequência dessas medidas, o fluxo migratório praticamente duplicou
entre as décadas de 1960 e 1980. O incentivo à migração possuía finalidades
geopolíticas, pois era necessário ocupar as áreas vazias do território, uma vez que o
governo central queria defender as fronteiras internacionais do país, além dos
incentivos promovidos pelos poderes locais que tinham interesse em criar um
contingente eleitoral usando para isso os atrativos naturais do Estado: seu rico
subsolo e a vasta disponibilidade de terras.
No terceiro capitulo refletimos sobre a gênese do bairro Liberdade,
apontando os fatores que se tornaram determinantes para o surgimento desse lugar.
Para tal contamos com as entrevistas dos moradores pioneiros e com o
levantamento bibliográfico realizado nas bibliotecas da Universidade Federal de
Roraima - UFRR, na Universidade Estadual de Roraima - UERR e na Biblioteca do
19
(...) ela deve ser entendida como uma realização humana, uma criação
que vai se constituindo ao longo do processo histórico de sua formação;
de fazenda para povoado, de povoado para freguesia, de freguesia para
vila e sede municipal, posteriormente cidade.
A geógrafa Ana Lia do Vale22 também corrobora com tal afirmação ao propor
que:
(...) a análise histórica é indispensável à compreensão da formação do
território, onde a periodização permite compreender valor, podendo ser
19
SILVA, Paulo Rogério de Freitas. Dinâmica Territorial Urbana em Roraima -Brasil. (Tese
Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana. Universidade de São Paulo, 2007.
20
Ao nos referirmos a “espaço urbano” teremos por base os escritos de Corrêa (2003), que define o
espaço urbano como “o conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si”, onde o uso do
espaço define a área: lugar de uso comercial, de serviço e gestão, áreas residenciais, “entre outras,
aquelas de reserva para futura expansão”. Dessa forma o espaço urbano se apresenta fragmentado e
articulado, “um conjunto de símbolos e lutas”. O modo como essas configurações se estabelecem,
como uma delimitação do espaço, se dá de diversas formas, no entanto, nessa pesquisa
concentramos em: embates de ordem política e na carga subjetiva da memória dos migrantes.
21
VERAS, Antonio Tolrino de Rezende. A produção do espaço urbano e Boa Vista-Roraima; São
Paulo: 2009, p. 40.
22
VALE, Ana Lia Farias. MIGRAÇÃO E TERRITORIALIZAÇÃO: As Dimensões Territoriais dos
Nordestinos em Boa Vista / RR. 1ª.ed. Presidente Prudente: UNESP, 1997, p. 92.
21
Para Paulo Rogério de Freitas Silva23 que em suas pesquisas procura analisar
a formação do espaço urbano de Boa Vista através da definição de uma escala
temporal, a gênese da cidade deve ser pensada como fruto de duas vertentes: uma
gênese espontânea e uma gênese induzida. Segundo Silva24, a gênese espontânea
de Boa Vista nasce:
23
Silva. Paulo Rogério de Freitas; ALMEIDA, Marcelo Mendes; ROCHA, Rafael Alexandre. A
Segregação como Conteúdo da Nova Morfologia Urbana de Boa Vista –RR. Revista Acta
Geográfica, Boa Vista /RR, Ano III, nº 06, jul/dez de 2009.
24
Idem, p.63.
22
Somente em 1926, a vila de Boa Vista do Rio Branco foi elevada a categoria
de cidade, passando a se chamar como Boa Vista em 1938, quando lhe foi
acrescentado dois distritos: Caracaraí e Murupu25. Durante esse período, Boa Vista
possuía apenas algumas poucas ruas e tinha apenas um pequeno aglomerado
populacional.
Esse quadro iria mudar a partir da década de 1940, quando, com o intuito de
promover a ocupação efetiva da região, no governo de Getúlio Vargas foi criado em
1943 através do decreto n° 5.812 de 13 de setembro, o Território Federal do Rio
Branco26. Dessa forma apesar de apresentar população reduzida, a função
administrativa que começa a exercer após a criação do Território, lhe proporciona o
investimento necessário para aumentar sua infraestrutura e se tornar um local
atrativo diante dos demais núcleos populacionais da região Norte. E esta é
conhecida como a primeira fase estratégica para ocupação do Território Federal do
Rio Branco promovida pelo Governo Federal.
Quanto a essa gênese induzida proposta por Silva27, o mesmo afirma:
25
SILVA, Op. cit., 2007
26
MAGALHÃES, Maria das Graças Santos Dias. Amazônia: o extrativismo vegetal no sul de
Roraima: 1943-1998. Boa Vista: EdUFRR, 2008, p. 91.
27
SILVA, Op. Cit., 2007, p.203
23
Construído assim para adquirir a forma de um leque, projeto semelhante ao que foi
realizado posteriormente no centro urbano de Goiânia ou de Brasília28.
Este traçado urbano avança rumo a oeste e norte, acompanhando dessa
forma o curso da rodovia BR-174. Além desde marco, está localizada a área de
expansão urbana, onde se encontra o bairro Liberdade, que surgiria posteriormente
na década de 1980.
28
OLIVEIRA, Reginaldo Gomes de. A herança dos descaminhos na formação do Estado de
Roraima. 405 F. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História Social da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. USP, 2003.
24
Podemos definir que Boa Vista possua três espaços urbanos distintos:
primeiro o anuamento histórico do núcleo embrionário, segundo, o
espaço intercalado entre as avenidas Terêncio Lima e Major Williams e o
Rio Branco que é o projeto urbanístico, e terceiro, a mancha urbana que
surge, após esses limites do projeto e que hoje constitui a maior parte do
espaço urbano da capital.
33
Com o regime militar, o processo de ocupação de “áreas vazias” o território
amazônico se intensificou. Com o intuito de promover a integração da região
29
SILVA, Op. Cit., 2009, p.63.
30
OLIVEIRA, Op. Cit., 2003, p. 181.
31
MAGALHÃES, Op. Cit., 2008
32
SILVA, Op. Cit., 2007,p. 153.
33
Esse discurso de é combatido por Bertha Becker quando essa afirma que tal concepção é um “mito
da imagem oficial difundida sobre a fronteira como ‘espaço vazio’, noção que estrategicamente serve
de válvula de escape a conflitos sociais em áreas densamente povoadas e de campo aberto para
investimentos. Mito porque nega a existência das populações indígenas e caboclas, e das sociedades
locais”. (BECKER, 1990, p. 10)
25
34
SANTOS, Nélvio Paulo Dutra. Políticas públicas, economia e poder: o Estado de Roraima
entre 1970 e 2000. (Tese Doutorado). Universidade Federal do Pará. Belém/PA: 2004.
35
OLIVEIRA, Op. Cit., 2003.
36
MAGALHÃES, Maria das Graças Santos Dias. Amazônia Brasileira: processo histórico do
extrativismo vegetal na mesorregião sul de Roraima. (Tese Doutorado). Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre/RS. 2006, p. 138.
26
37
A construção das BR 174 e 210, em Roraima, ficou a cargo do 6° Batalhão de Engenharia
e da empresa Paranapanema.
38
SANTOS, Op. Cit. , 2004.
39
SILVA, Op. Cit., 2007, p.154.
40
OLIVEIRA, Op. Cit., 2003, p. 194.
27
Dessa forma Boa Vista foi se tornando “um polo militar, com uma infraestrutura de
órgãos ligados ao governo federal” 41.
Apesar das transformações na capital até 1970, a área ocupada ainda era
pequena, tendo segundo Silva42 uma subdivisão em nove Bairros em 1966. Estes
seriam: “Centro, Nazaré, Mecejana, São Francisco, São Pedro, Mirandinha, Olaria, e
Redenção que foram se redefinindo e formando novos Bairros.”. Alguns bairros
posteriormente foram sendo implantados em forma de loteamentos, forma essa de
absorver o contingente migrante que crescia a cada ano, de acordo com Silva43 a
partir de 1981 isso proporciona o surgimento dos Bairros:
41
SILVA, Op. Cit, 2007, p.66.
42
Idem
43
SILVA, Op. Cit., 2007, p. 67.
28
Através desse discurso, Ottomar de Souza Pinto deixou claro seu apoio aos
migrantes, na verdade esse apoio se deu na intenção de construir sua base de
sustentação eleitoral. Buscando favorecimento através dessa dinâmica intraurbana
em 1980, Ottomar criou uma Comissão de Apoio a Prefeitura Municipal de Boa
Vista, que estava vinculada a Coordenação da Secretária de Planejamento do
Governo de Roraima, a fim de auxiliara a prefeitura nos trabalhos de urbanização,
bem como verificar e conhecer os problemas urbanos enfrentados pela população
com intuito de engajá-los em suas metas governamentais. O resultado desse
levantamento indicou uma concentração populacional de aproximadamente 85% no
44
O pernambucano Ottomar de Souza Pinto fez parte, também, do grupo dos governadores
militares indicados para o Território Federal de Roraima pela Aeronáutica no período de 1964 até
1985. (k) Com as mudanças políticas no cenário brasileiro decorrente das eleições de 1982, a
abertura política acelerando o fim do governo militar, o movimento “Diretas Já”, apontaram Roraima
como o novo campo político propulsor ao federalismo. Nesse sentido, ex-governadores do ex-
Território Federal, retornaram para Roraima e estabeleceram alianças com as elites locais, instituíram
“currais” eleitorais, estratégias para usufruto da “máquina pública” na política local e no controle da
bancada federal, entre outros mecanismos da política de troca de favores propícios aos interesses
pessoais e à estruturação de poder da nova base política roraimense, favorecida pela
redemocratização brasileira. In: OLIVEIRA, Reginaldo Gomes de. A herança dos descaminhos na
formação do Estado de Roraima. (Tese de Doutorado). São Paulo: Programa de Pós-Graduação
em História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. USP, 2003.
45
SILVA, Op. Cit., 2007.
46
FREITAS, Aimberê. A história política e administrativa de Roraima: 1943-1985. Manaus:
Calderaro,1993, p. 196.
29
47
VERAS, Op. Cit., p. 2009.
48
SILVA, Op. Cit., p. 2007.
49
Idem.
30
Figura 3: Mapa da evolução do espaço urbano de Boa Vista década de 1920 – 1980
Esse maciço fluxo populacional em direção à cidade de Boa Vista, forma novas
áreas de ocupação modificando assim os limites da cidade, modificações essas que
ocorreram sem nenhum planejamento, causando problemas na área de
infraestrutura urbana básica. A expansão urbana rumou em direção ao setor Oeste
da cidade, enquanto que os serviços privados e públicos permaneciam na área
central da cidade, o que dificultava o acesso a estes serviços por parte da população
que residia além dos limites da BR-174, em razão da distância entre centro e as
áreas periféricas.
31
50
SOUZA, Carla Monteiro de.; SILVA, Raimunda Gomes da. Migrantes e migrações em Boa Vista:
os bairros Senador Hélio Campos, Raiar do sol e Cuamé. (Org‟s) Carla Monteiro de Souza e
Raimunda Gomes da Silva. Boa Vista/RR: EDUFRR, 2006.
51
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo Razão e Emoção. São Paulo:
EDUSP,2001, p. 262.
32
52
NOGUEIRA, Francisco Marcos Mendes. O lugar e a utopia: história e memórias de migrantes
nordestinos em Roraima (1980 a 1991). 75f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
História). Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, 2011. p. 65.
53
VALE, Op. Cit., 1997.
54
Idem, p.68
33
55
Essa expansão das novas fronteiras pode ser tratada como “o processo de ocupação de um
espaço reputado vazio. O vazio pode ser tanto demográfico como econômico ou jurídico, e o espaço
se encontra tanto na floresta amazônica, como nos cerrados ou em qualquer lugar do Brasil”
(FERREIRA, 1988, p.38)
56
SILVEIRA; GATTI, 1988; SOUZA, 1986; MAGALHÃES, 1986.
57
OLIVEIRA, Adélia E. Ocupação humana. In: SAALATI, Eneas et al. Amazônia: desenvolvimento,
integração e ecologia. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 239.
58
NOGUEIRA, Op. Cit., 2011.
34
Assim era apresentado Roraima, esses atributos que faziam parte do discurso
de atração foi um dos responsáveis pelo deslocamento de inúmeros migrantes que
buscavam no extremo Norte novas possibilidades, oportunidades estas que não
vislumbravam em seu local de origem.
Entre 1970 e 1980 a expansão da cidade de Boa Vista se deve a priori aos
dois períodos do Governador Ottomar de Souza Pinto 1979 e 1983 e entre 1991 e
1995 intercalado pelo governo de Romero Jucá, entre 1987 e 1989, ambos
migrantes nordestinos e pernambucanos, sendo o primeiro originário de Recife e o
segundo de Petrolina. Estes “estimularam o surgimento de novos bairros com uma
política de incentivo migratório. Os resultados não foram somente o movimento para
o interior em busca de lotes rurais, mas também de lotes urbanos e das vantagens
de uma vida urbana proporcionada pela capital” 61.
Diante desse quadro de incentivo a migração e politicas de assentamento,
Pinho62 afirma que “o estado passa a ser a unidade federada mais atrativa, tendo
como estímulo, a grande vontade política local de formar base de sustentação
59
Idem, p.30
60
SOUZA, Carla Monteiro de. Gaúchos em Roraima. Porto Alegre. Coleção História
42. EDIPUCRS, 2001, p. 96
61
SILVA, Op. Cit., 2007, p.214.
62
PINHO, Zilene Duarte de Lucena. A fronteira e o urbano – a evolução urbana de Boa Vista –
Roraima. (Monografia de Especialização). UFRR, CCSG, Boa Vista, 2001, p. 44.
35
63
VERAS, Op. Cit., 2009.
64
O projeto de colonização era dirigido pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) que promoveu uma intensa propaganda para atrair colonos para essa região amazônica,
distribuindo terras para as famílias que desejavam povoar essa região. (OLIVEIRA, 2003)
65
SILVA, Op. Cit., 2007.
66
DINIZ, Alexandre M.A; SANTOS, Reinaldo Onofre. Fluxos migratórios e formação da rede
urbana de Roraima. Disponível:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf/ABEP2006_345.pdf Acessado em
01/06/2015.
67
Idem, p. 02.
36
68
SILVA, Op. Cit., 2007, p. 155.
69
OLIVEIRA, Op. Cit., 2003.
70
Idem, p. 137.
71
MAGALHÃES, Op. Cit., 2006.
37
72
SOUZA, Op. Cit., 2009, p.02.
73
Idem
74
SOUZA, Op. Cit., 2001, p.83.
75
SILVA, Op. Cit., 2007.
38
Tabela 2: População urbana e rural por décadas em Roraima – 1950, 1960, 1970,
1980.
76
Idem, 2007.
77
DINIZ; SANTOS, Op. Cit., 2006, p.5.
39
78
SOUZA, Op. Cit., 2001.
79
SANTOS, Op. Cit., 2009.
40
80
SILVA; Edilson Aires. Migração e (re)estruturação urbana de Boa Vista na década de 1980.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História) - Universidade Federal de Roraima. Boa
Vista. 2011.
41
responsável pela construção das rodovias, e que reservou para seu uso uma
extensão do bairro Mecejana.
81
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Atlas de Roraima. Rio de
Janeiro: IBGE, 1981.
82
VALE, Op. Cit., 2007.
42
83
VERAS, Op. Cit., 2009.
84
VALE, Op. Cit., 2007.
85
Idem, p. 119.
86
SILVA, Op. Cit. 2011.
43
Até o inicio de 1980 a cidade concentrava sua população nos limites da BR-
174, também conhecida como Avenida Venezuela, com exceção do bairro Liberdade
que começava a se formar após esse limite induzido/espontâneo. Entre 1980 e
1989, ocorre uma aceleração da ocupação em direção à zona oeste87, o que
posteriormente formalizaria parte do tecido urbano atual88.
Conforme Santos89 um dos fatores primordiais para a expansão de Boa Vista,
são os dois primeiros governos de Ottomar de Souza Pinto (1979-1983; 1991-1995).
Quanto a isso, Silva90 afirma que “no governo de Ottomar, criou-se uma rede
político-social que ligada de uma forma ou de outra à sua figura, quer via
administração pública, através de cargos administrativos centralizadores ou por
meios clientelísticos”, acabavam por intermediar a entrega de lotes nos bairros
criados a partir da Avenida Venezuela. O que influenciou e determinou a criação da
área hoje conhecida como bairro Liberdade.
Quanto ao baixo índice de regularização dos lotes em área urbana, segundo a
SEPLAN\RR, foi criado em 1979 o Conselho Imobiliário Territorial, que tinha como
objetivo principal regularizar os lotes urbanos, através da emissão de títulos
definitivos de propriedade91.
Destacamos ainda, que entre cinco de Outubro de 1988 a 31 de Dezembro de
1990 é considerado um período de transição do Território Federal para o Estado.
Com a criação do Estado de Roraima em 1988, Boa Vista passa a ter autonomia em
suas politicas-administrativas. Os prefeitos começam a ser eleitos pelo povo e não
indicados pelo governador. Logo os planos de desenvolvimento urbano já não
sofrem a interferência do Governo Central, e passam a ser condicionadas a
planejamentos estratégicos92.
Enfatizamos também que em 1989, ano em que Barac Bento assume a
prefeitura, a cidade encontrava-se sem nenhum plano voltado ao desenvolvimento
urbano, nessa dinâmica espacial, o traçado urbano de Boa Vista ia tomando novas
87
Os motivos foram discutidos no capitulo dois. Entre eles estão: novas áreas de loteamento que
foram incorporadas de forma descontrolada e desorganizada, respondendo especialmente a
interesses políticos de assentamento de migrantes, e também em decorrência do deslocamento
populacional aos centros urbanos por falta de politicas de desenvolvimento nos assentamentos rurais,
bem como a descoberta de novos garimpos.
88
SILVA, Op. Cit., 2009.
89
SANTOS, Op. Cit., 2004.
90
SILVA, Op. Cit., 2011, p.53.
91
SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO. Perfil da cidade de Boa Vista. Governo
do Estado de Roraima. Dezembro. 1980, p. 76.
92
VERAS, Op. Cit., 2007.
44
93
SILVA, Op. Cit., 2007, p. 163.
94
VERAS, Op. Cit., 2007.
95
Relativo a Memória. IN: FERREIRA. Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o
dicionário da língua portuguesa. 3. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
45
A análise dos dados obtidos foi feita através das técnicas da abordagem
qualitativa20, entre elas a interpretativa. Essa forma de análise busca dar um sentido
mais amplo aos dados analisados, e nessa pesquisa, se dará mediante a
comparação com outras fontes, como a documental. Essa forma de pesquisa
proporciona a construção de um texto expositivo e dedutivo, para o entendimento do
objeto analisado, como o bairro Liberdade se constituiu uma parte avançada em
direção a oeste da cidade de Boa Vista.
Para este fim, contamos com a colaboração de quatro moradores de Boa
Vista, sendo três delas moradoras do bairro Liberdade e o outro atuante vereador da
época, que se dispuseram a compartilhar as suas experiências sobre o passado e o
presente do bairro Liberdade. As entrevistas ocorreram nos dias 08 de Março e 01
de Maio de 2012, 07 de Maio e 09 de Maio de 2015. Essas grandes contribuições
foram dadas por Zoete Fernandes de Souza, Deusamar Fernandes dos Santos,
Elisa Pandiani e Iris Galvão Ramalho, que concederam suas entrevistas em suas
casas. Todos os colaboradores assinaram documento de autorização do uso de
suas narrativas e a citação de seus nomes.
Como exposto anteriormente, o desenvolvimento urbano de Boa Vista ocorre
de forma desorganizada, correspondendo aos diversos interesses políticos em
diversos governos, logo as áreas da cidade se expandem sem nenhuma
infraestrutura, sem água, sem energia, sem transporte e sem outros suportes a
população. Conforme o depoimento do senhor Iris, natural de Boa Vista desde 1930:
20
A expressão "pesquisa qualitativa" assume diferentes significados no campo das ciências sociais.
Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar
os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o
sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado,
entre teoria e dados, entre contexto e ação. (MAANEN apud NEVES, 1996. p. 1)
46
das facilidades em se conseguir um bom emprego. A mesma migrou pra Boa Vista
em 1974, após uma das visitas de sua tia ao Maranhão durante as férias.
Quanto a Sra. Zoete, migrou junto com a família em 1977, após seu pai
vender todas as posses em Joselândia, no Maranhão, e vir se encontrar com seu tio
que já havia migrado para Boa Vista no ano anterior. Relata que sua família se
estabeleceu no bairro Liberdade, “Nós ficamos aqui na Liberdade, bom... em parte
da Liberdade, era só até ali onde agora fica o Supermercado Gabrielle”, segundo a
mesma “até ali era organizado, só não era asfaltado era chão batido”. A escolha da
localidade se deu em razão de dona Zoete já ter uma irmã estabelecida na área
desde 1974, a Sra. Deusamar. Em 1977 só algumas poucas casas tinham água
encanada e energia, e depois de 1980 é que foi expandida a rede elétrica e o
sistema de água.
Em relação as primeiras ocupações do bairro Liberdade seu Iris Ramalho
recorda:
Aquilo ali era um lavrado, não tinha casa por ali não tinha nada. E o
pessoal foi chegando de fora, com a migração, daí foram invadindo e o
Júlio Martins viu, Júlio Martins que era o prefeito, viu que o bairro estava
ficando tipo uma favela sem rua, sem quadra, sem nada... daí ele abriu
as ruas, várias ruas... até a rua José Queiroz.
O período que o senhor Iris retrata é o período entre 1974 e 1978 durante o
mandato de Júlio Augusto Magalhães Martins como prefeito. Como citado
anteriormente, Júlio Martins foi responsável pela Lei Nº42\76, sancionada em 03 de
setembro de 1976, que regulamenta a ocupação e o uso do solo urbano. A abertura
das ruas teve como objetivo demarcar os loteamentos da área.
informações verificamos que a ocupação dessa área urbana era perceptível no início
da década de 1970.
No entanto a nomeação do Bairro só ocorreria na década de 1980, em
indicação feita em 09 de outubro de 1980, o senhor Iris Ramalho registra:
96
JORNAL BOA VISTA, 1º Ano de Realizações – Alcides dos Santos .Boa Vista. Ano VIII, n. 318,
Dez. 1981, p.03
48
alteram de acordo com cada contexto social, politico e econômico. Em Boa Vista o
processo de urbanização programada pelo governo, com a doação de lotes de forma
desenfreada e desorganizada aliada ao intenso crescimento populacional, ampliou
grandemente as áreas ocupadas com habitações. Dessa forma, muitos bairros como
o bairro Liberdade surgiram sem os recursos necessários, pois as habitações eram
construídas em áreas inadequadas e geralmente de improviso.
Enfatizamos aqui uma das problemáticas que surgiram durante a pesquisa,
referente ao controle de doação de lotes. De acordo com uma das Indicações
formuladas pelo senhor Iris Ramalho, em 27 de abril de 1978, alguns lotes possuíam
até mais de dois requerentes, resultado da falta de organização e controle do Setor
de aforamento21 de lotes de terras urbanas.
21
O mesmo que enfiteuse; contrato pelo qual o proprietário de imóvel transfere seu domínio útil e
perpétuo, mediante o pagamento de um foro anual, valor certo e invariável.
49
97
JORNAL BOA VISTA. Governo entrega mais de 500 títulos de propriedade. Boa Vista. Ano VIII,
n. 311, Dez. 1981, p.09
98
JORNAL BOA VISTA. Marluce uma mulher de fibra. Boa Vista. Ano VIII, n. 305, Set. 1981, p.03.
50
99
IBGE, Op. Cit., 1981.
52
melhorias na segurança do bairro. Para ela uma das coisas que mais a tocaram
eram as histórias dos garimpeiros que vindos do Maranhão deixavam suas mulheres
sozinhas no bairro por meses ao irem para os garimpos, “quando chegava com um
pouco de ouro, se alguém ali tinha... havia muitas mortes, matavam ele. Quantas
vezes eu fui chamada pro enterro, pra benzer o corpo, porque sabiam que ele tinha
o ouro pra roubar”, as missionárias que moravam ali prestavam assistência a essas
viúvas e aos filhos dos garimpeiros mortos. A mesma relata que quando os crimes
ocorriam no meio da noite não havia a quem recorrer, quando ligavam para
delegacia ninguém atendia as chamadas, as Irmãs Missionárias da Consolata
procuravam então prestar o socorro sempre que necessário “se a policia não pegava
no flagra não pegava mais... quanta gente esfaqueada, quanta pessoas que
levávamos no hospital”.
Para Souza (2006) “as narrativas coletadas são como uma trama muito bem
tecida, cujo mote é o presente vivido (...)” (p.32). Dessa forma é possível
compreender a realidade sócio histórica através da memória de seus narradores,
pois uma das finalidades da memória é fazer uma ponte entre o passado e presente.
Logo percebemos que existe uma unanimidade nas narrativas dos entrevistados,
todos contam sobre as dificuldades em se viver num local sem a infraestrutura
básica como transporte, ruas asfaltadas, saneamento básico, luz elétrica, falta de
água, serviços de saúde e segurança.
100
A igreja aqui é vista como um espaço voltado à socialização dos moradores do bairro, ou seja, a
interação dos indivíduos que a constroem socialmente.
54
1984. Segundo a Sra. Deusamar “elas quando vieram construíram uma casinha de
madeira igual a nossa (...) foi construída igual a da população, por que aqui (...)
todas as casas eram de madeira até os comércios era em casa de madeira”. Para a
Irmã Elisa, migrante italiana que chegou à Roraima em 1985 e que foi uma das
responsáveis pela construção da igreja, era a primeira vez que as missionárias da
Consolata viviam suas vidas consagradas em inserção, ou seja, no meio do povo e
vivendo como povo. A mesma relata: “A minha experiência de vida, a minha
experiência de missão nós vivemos ali naquela casinha da Liberdade, não sei se
você chegou a ver, de madeira só com o telhado sem o forro, faltava água e faltava
a luz a noite com muita facilidade”.
Em sua entrevista um dos pontos que a Irmã Elisa mencionou foi o numero
de jovens e crianças que residiam no bairro, ela relata que “a coisa mais bonita da
Liberdade é que sempre foi um povo jovem, muita juventude e nós irmã pensamos...
‘como vamos atrair essa juventude? ’, deixamos então que vinham a brincar de
bola”, com o apoio e incentivos das Irmãs os jovens usavam uma parte do terreno da
igreja para um campinho de futebol improvisado, onde jogavam todos os dias depois
da escola de manhã ou pela tarde. Dessa forma as missionárias conheciam a
realidade e cotidiano daqueles jovens e crianças, que encontravam naquele espaço
um local de lazer.
A igreja também desenvolvia diversos cursos para a comunidade como corte
e costura, de datilografia, primeiros socorros e confecção de flores de papel.
Posteriormente desenvolveram cursos de catequese e cursos de liderança, que
eram fundamentais, pois de acordo com a Irmã Elisa “pra construir a igreja no
sentido que a igreja não é feita somente de material, é feita de pessoas”.
Através desse contato e influência das Missionárias da Consolata no
cotidiano das famílias que residiam no bairro Liberdade, é que foi se construindo um
senso de comunidade entre os moradores, ainda nas apalavras da Irmã Elisa
“existia aquele achego, se conhecia todo mundo pelo nome (...) tinha aquele achego,
aquela conversa, também nossa casa era sempre aberta... Não sabia onde ia?! ‘Lá
moram as irmãs vamos lá pedir pra elas.’ Era um ponto de referência a nossa casa”.
Assim nos momentos de necessidade os moradores do bairro encontravam entre as
irmãs uma forma de superar as dificuldades, e encontravam nelas o apoio que lhe
era negado pelo Estado e seus governantes.
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VALLE, Edênio. Conversão: da noção teórica ao instrumento de pesquisa. Revista Eletrônica de
Estudos da Religião – REVER. Disponível no site: http://www.puc.br/rever/rv2_2002/t_valle.html
Acesso em 12 de Maio de 2015
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CORRÊA, Roberto. Lobato. O Espaço Urbano. 4. ed. São Paulo: Ática, 2003.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 24ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal,
1979.
63
LEPETIT, Bernard. Por uma nova história urbana. Seleção de textos, revisão
crítica e apresentação de Heliana Angotti. Salgueiro. São Paulo: Edusp, 2001.
MORISSAWA, Mitsue. A história da luta pela terra e o MST. São Paulo: Expressão
Popular, 2001.
SILVA, José Gomes da. A reforma agrária brasileira na virada do milênio. São
Paulo: Expressão Popular, 2001. p.114-123.
Vista –RR. Revista Acta Geográfica, Boa Vista /RR, Ano III, nº 06, jul/dez de 2009,
p. 47-53
ACERVOS E FONTES
I. Fontes Orais
RAMALHO, Iris Galvão. Natural de Boa Vista, Roraima. Entrevista concedida à
pesquisadora. Boa Vista, RR. Março de 2012. Uso de gravador portátil digital.
JORNAL BOA VISTA. Marluce uma mulher de fibra. Boa Vista. Ano VIII, n. 305,
Set. 1981, p.03.
JORNAL BOA VISTA. Governo entrega mais de 500 títulos de propriedade. Boa
Vista. Ano VIII, n. 311, Dez. 1981, p.09
JORNAL BOA VISTA, 1º Ano de Realizações – Alcides dos Santos .Boa Vista.
Ano VIII, n. 318, Dez. 1981, p.03
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ANEXOS
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