Sie sind auf Seite 1von 2

11

ANATOMIA E CIRURGIA
Prof. Dr.Ikurou Fujimura

A Anatomia é, possivelmente, a mais antiga ciência que pode ser


relacionada à Medicina, com a qual, aliás, confunde-se no período mais remoto. A
Cirurgia é a mais primitiva das atividades reconhecíveis como médicas, por ter
como substrato a manipulação do corpo humano: supõe-se que, de inicio,
orientada para tratar entorses e ferimentos, ela tenha evoluído para ressecções
higiênicas, drenagens ou mesmo restaurações. Talvez até servisse, ainda, para
funções místicas ou religiosas nas eras mais antigas.

Atividade diferente é a Clínica, o ramo médico que, a seguir, desenvolve-se


em meio a medidas necessárias para identificação, avaliação de doenças e
planejamento terapêutico. Observação, avaliação e raciocínio passam a permitir a
prevenção de riscos.

E tanto os primórdios de Cirurgia quanto da Clínica não prescindem do


reconhecimento anatômico: “nulla medicina sine anatomia”. A máxima latina
continua atual, conhecimentos anatômicos são básicos para os dois tipos de
atividade médica, tanto a Cirurgia como a Clínica – não há Medicina sem
Anatomia.

Em conseqüência, na medida em que se expandem os conhecimentos


anatômicos, as duas vertentes experimentam progressos notáveis.

Na Clínica – que é fundamental para a Cirurgia, em particular no momento


de diagnosticar a doença e planejar o tratamento – investigações anatômicas
fundamentam o reconhecimento da normalidade e ressaltam as características
patológicas. Sem a referência do normal não se pode identificar os desvios.

Percepção mais concreta pode ser obtida por meio de alguns exemplos.
Uma dor no braço pode ter sua causa em afecção de outro local, tal como
acontece em algumas isquemias de miocárdio: é a dor referida explicável pelo
entendimento da metameria. Em outro exemplo, a alteração da voz pode ser
provocada por patologia do mediastino superior e isso só tem sentido como
hipótese clínica se for conhecido o caprichoso curso recorrente que tem o nervo
laríngeo inferior.
12

O médico não pode dispensar conhecimentos anatômicos bastante


abrangentes no momento do raciocínio clínico. São conhecimentos que devem
estar previamente presentes, deles depende a interpretação dos achados
semiológicos. É inviável procurá-los no momento da elaboração do diagnóstico.

Na Cirurgia, é fácil de entender que o operador tem de basear suas decisões


no conhecimento mais particularizado possível do órgão e da região abordados.
Embora sem dispensar a base anatômica prévia, muito sólida, ele pode, a qualquer
dúvida, rever minúcias úteis, antes de executar sua intervenção e, desse modo,
aperfeiçoar as soluções terapêuticas.

Em resumo, ao clínico cabe ter visão holística da anatomia, enquanto ao cirurgião


compete ser dono, além disso, de uma visão minuciosa do órgão e sua topografia,
de modo tão detalhado que deveria incluir, às vezes, a revisão de seus
conhecimentos antes de agir.

O avanço da terapêutica cirúrgica valoriza conhecimentos que tinham antes


escassa aplicação. É o caso da anatomia do feto, após a introdução da cirurgia
fetal intra-uterina. Ou da crescente importância de novos métodos diagnósticos
que se baseiam em perspectivas inusitadas de visão anatômica. O que era mero
detalhamento morfológico passa a ser chave do sucesso em determinadas
situações.

Para o iniciante, é natural que não perceba a importância da anatomia em


sua plenitude, porém em sucessivas fases de sua evolução ele irá sentir que é
imperativa a renovação da própria cultura morfológica, conforme o direcionamento
de sua atividade médica.

A quem ensina, resta o dever de apontar o real significado do valor da


aquisição desses conhecimentos.

Das könnte Ihnen auch gefallen