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Marcos Corbari
Brasil de Fato | RS
- Nossa luta que começou há mais de 30 anos continua firme e forte -, disse Ana
Strapasson, representante das mulheres trabalhadoras rurais. “Sem luta nós não
teríamos conseguido nada”, assinalou lembrando de passagens históricas vivenciadas
ao lado de suas companheiras de movimento sindical. “Conquistamos direitos com
muito esforço, agora podemos olhar para trás e ver os resultados”, acrescentou, citando
os dados de 2018 que mostram a entrada de recurso de aposentadorias rurais na ordem
de quase R$ 5 milhões em Novo Tiradentes e mais de R$ 19 milhões em Rodeio Bonito
somente no último ano. “A gente mostra esses números para que todos saibam o que
representa para as nossas comunidades o aposentado e a aposentada do meio rural, o
quanto trazem de recursos para movimentar a economia de nossas comunidades”,
acrescentou. “Isso tudo representa uma conquista da nossa luta e que agora nós temos
a obrigação de defender, de não deixar cair, não deixar que tomem ou destruam o que
nós conquistamos e construímos”, concluiu.
- Nós nos reunimos aqui para celebrar o 8 de março, mas também para falar em
alto e bom som que todo dia é dia da mulher, e por ser assim é dia de lutar -, expressou
a jovem Viviane Chiarello, representante do MPA na mesa oficial. Para ela o
enfrentamento da violência doméstica é uma pauta prioritária, especialmente no
cotidiano da mulher camponesa, que muitas vezes suporta abusos físicos e psicológicos
muito fortes da parte daqueles que deveriam ser seus companheiros. A pauta da
previdência também mereceu atenção da jovem, que afirmou que o assunto é visto com
preocupação e indignação por parte da nova geração camponesa.
Reforma da Previdência
Um tema que tem colocado a mulher camponesa em alerta é a reforma da
previdência proposta por Bolsonaro e Guedes, que aniquila direitos históricos
conquistados depois de intensas jornadas de lutas nas décadas de 1970, 1980 e 1990.
Quem falou sobre o assunto e desmascarou as mentiras do governo foi a sindicalista
Saraí Brixner, representante do Patronato INCA no RS e da Central Única dos
Trabalhadores (CUT): “O governo não está propondo uma reforma, ele está querendo
fazer sim um grande ajuste fiscal onde quem paga a conta é apenas o trabalhador e a
trabalhadora”. Trazendo dados oficiais apresentados pela CPI realizada pela Câmara dos
deputados em 2017, demonstrou que a Previdência não está “quebrada” como alardeia
o governo, deixando claro que o único setor a ser beneficiado pelo pacote de maldades
de Bolsonaro e Guedes é o banqueiro.
- Esse debate é central para a mulher, deve ser encarado como uma pauta
prioritária, porque nós sabemos que a cada período em que o capitalismo precisa se
reconstituir para dar continuidade ao ciclo de exploração do povo, quem mais sofre com
a perda dos direitos são as mulheres e nesse momento é exatamente o que está
acontecendo”, afirmou. Pra ela as mulheres são duplamente penalizadas na proposta
de destruição da Previdência pública imposta pelo governo, pois além de aumentar a
idade mínima para que se alcance o direito ao benefício, se quer aumentas o tempo de
contribuição. “Se levarmos em conta a jornada de trabalho estendida das mulheres, o
trabalho precarizado a que normalmente são sujeitas, podemos facilmente perceber
que são elas que já contribuem mais para a manutenção do sistema. Saraí alertou ainda
para as mudanças no sistema de pensão por morte, para a possível redução do piso do
benefício para valores inferiores ao salário mínimo e – o item mais grave – a
individualização da contribuição para residentes no campo. Para a sindicalista é preciso
uma resposta imediata dos trabalhadores e trabalhadoras, com organização e luta
popular, cobrando inclusive de seus representantes junto à Câmara Federal que
assumam postura contrária à proposta do governo independente dos partidos.