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Jornada de Lutas

Camponesas celebram sua luta e


reafirmam resistência em Rodeio Bonito
(RS)
Ato regional contou ainda com a presença da mulheres
de Dois Irmãos das Missões e Cerro Grande

Marcos Corbari
Brasil de Fato | RS

No norte do Rio Grande do Sul as mulheres camponesas de Rodeio Bonito, Dois


Irmãos das Missões e Cerro Grande reuniram-se em evento conjunto para debater
pautas comuns, trocar experiências e reforçar suas lutas por igualdade, contra a
violência e em contrariedade à reforma da previdência. O ato, realizado no último
sábado, 9, na comunidade de Linha Bonita, integrou as programações alusivas ao Dia
Internacional da Mulher, celebrado no dia anterior.

- Nossa luta que começou há mais de 30 anos continua firme e forte -, disse Ana
Strapasson, representante das mulheres trabalhadoras rurais. “Sem luta nós não
teríamos conseguido nada”, assinalou lembrando de passagens históricas vivenciadas
ao lado de suas companheiras de movimento sindical. “Conquistamos direitos com
muito esforço, agora podemos olhar para trás e ver os resultados”, acrescentou, citando
os dados de 2018 que mostram a entrada de recurso de aposentadorias rurais na ordem
de quase R$ 5 milhões em Novo Tiradentes e mais de R$ 19 milhões em Rodeio Bonito
somente no último ano. “A gente mostra esses números para que todos saibam o que
representa para as nossas comunidades o aposentado e a aposentada do meio rural, o
quanto trazem de recursos para movimentar a economia de nossas comunidades”,
acrescentou. “Isso tudo representa uma conquista da nossa luta e que agora nós temos
a obrigação de defender, de não deixar cair, não deixar que tomem ou destruam o que
nós conquistamos e construímos”, concluiu.
- Nós nos reunimos aqui para celebrar o 8 de março, mas também para falar em
alto e bom som que todo dia é dia da mulher, e por ser assim é dia de lutar -, expressou
a jovem Viviane Chiarello, representante do MPA na mesa oficial. Para ela o
enfrentamento da violência doméstica é uma pauta prioritária, especialmente no
cotidiano da mulher camponesa, que muitas vezes suporta abusos físicos e psicológicos
muito fortes da parte daqueles que deveriam ser seus companheiros. A pauta da
previdência também mereceu atenção da jovem, que afirmou que o assunto é visto com
preocupação e indignação por parte da nova geração camponesa.

A sindicalista Saraí Brixner, da CUT/RS e Patronato INCA enalteceu o evento e


registrou que é preciso que se fortaleça cada vez mais a presença da mulher também
nas instâncias de fala: “A gente ainda tem muita dificuldade em garantir que as mulheres
se empoderem e falem com as outras mulheres e precisamos aproveitar momentos em
encontros como esse para proporcionar isso”, explicou. “Precisamos colocar a mulher
no protagonismo de sua luta, construindo e assumindo os rumos de momentos de
formação como este, precisamos ampliar esses espaços e desafiar as mulheres – em
espacial as camponesas – a reassumir sua posição na luta popular, na defesa de seus
direitos e na conquista de suas reivindicações.

Manifestaram-se ainda no ato o presidente do Sindicato, Cleonei Vieira Borges,


prefeito de Rodeio Bonito, José Arno Ferrari , o prefeito de Dois Irmãos das Missões,
Adenilson Della Paschoa, o representante da Emater _ _ _ _ e o deputado federal Dionilso
Marcon. O ato contou ainda com celebração religiosa conduzida pelo padre Ilário
Barbieri pela manhã, feira de produtos agroecológicos dos coletivos do MPA durante
todo o dia e integração cultural na parte da tarde. Os organizadores calcularam que em
torno de 500 mulheres participaram da atividade. A programação foi organizada pelos
Sindicatos de Trabalhadores Rurais e prefeituras de Rodeio Bonito e Novo
Tiradentes, contando com a participação da EMATER e do Movimento dos Pequenos
Agricultores (MPA).

Reforma da Previdência
Um tema que tem colocado a mulher camponesa em alerta é a reforma da
previdência proposta por Bolsonaro e Guedes, que aniquila direitos históricos
conquistados depois de intensas jornadas de lutas nas décadas de 1970, 1980 e 1990.
Quem falou sobre o assunto e desmascarou as mentiras do governo foi a sindicalista
Saraí Brixner, representante do Patronato INCA no RS e da Central Única dos
Trabalhadores (CUT): “O governo não está propondo uma reforma, ele está querendo
fazer sim um grande ajuste fiscal onde quem paga a conta é apenas o trabalhador e a
trabalhadora”. Trazendo dados oficiais apresentados pela CPI realizada pela Câmara dos
deputados em 2017, demonstrou que a Previdência não está “quebrada” como alardeia
o governo, deixando claro que o único setor a ser beneficiado pelo pacote de maldades
de Bolsonaro e Guedes é o banqueiro.

- Esse debate é central para a mulher, deve ser encarado como uma pauta
prioritária, porque nós sabemos que a cada período em que o capitalismo precisa se
reconstituir para dar continuidade ao ciclo de exploração do povo, quem mais sofre com
a perda dos direitos são as mulheres e nesse momento é exatamente o que está
acontecendo”, afirmou. Pra ela as mulheres são duplamente penalizadas na proposta
de destruição da Previdência pública imposta pelo governo, pois além de aumentar a
idade mínima para que se alcance o direito ao benefício, se quer aumentas o tempo de
contribuição. “Se levarmos em conta a jornada de trabalho estendida das mulheres, o
trabalho precarizado a que normalmente são sujeitas, podemos facilmente perceber
que são elas que já contribuem mais para a manutenção do sistema. Saraí alertou ainda
para as mudanças no sistema de pensão por morte, para a possível redução do piso do
benefício para valores inferiores ao salário mínimo e – o item mais grave – a
individualização da contribuição para residentes no campo. Para a sindicalista é preciso
uma resposta imediata dos trabalhadores e trabalhadoras, com organização e luta
popular, cobrando inclusive de seus representantes junto à Câmara Federal que
assumam postura contrária à proposta do governo independente dos partidos.

Eles por Elas


O deputado estadual Edegar Pretto esteve presente no ato e fez um resgate do
movimento internacional que mobiliza homens em apoio à pauta de lutas das mulheres,
em especial no combate à violência, denominado He for She (Eles por Elas). “Essa luta
também é nossa, é preciso resistir e continuar lutando por igualdade, respeito, direitos,
contra a violência e o feminicídio, pela Previdência pública e democracia”, destacou o
parlamentar, que atua como representante do Comite Impulsor do He For She no RS.
“de dialogar diretamente com o público masculino para reforçar o movimento nacional
de sensibilização e combate ao machismo. “Se são os homens que agridem, é com eles
que precisamos conversar para que tenhamos uma nova geração que não concorde e
não aceite nenhum tipo de violência contra as mulheres”, afirmou, explicando o sentido
da ação global que é chancelada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para
Pretto, dois princípios de violência estão sendo praticados contra as mulheres e é
preciso que todos e todas se mantenham atentos para ambos: o primeiro é direto e se
estabelece pela via interpessoal, onde homens (normalmente companheiros ou ex-
companheiros de relacionamento) praticam a violência física direta e violência
psicológica; já o segundo aspecto, que acontece por via institucional, quando se impede
que a mulher exerça em condições de igualdade o exercício profissional, o alcance de
posições de representação política e, até mesmo, tem seus direitos ameaçados por
ações de instância governamental.

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