4 - Poluição e Escassez das Águas

• Qualidade
• Quantidade

• Principais problemas:
– Poluição por Matéria Orgânica
– Eutrofização
– Assoreamento
– Patogênicos
– Poluentes emergentes
TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 1
Quantidade
Distribuição espacial:
irregular
Brasil:
20% água doce superficial
80% Amazônia

Distribuição temporal:
irregular

•Estiagem
•Chuva

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 2

Distribuição temporal da vazão

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 3

 Qualidade da Água

Incorpora
diversas
substâncias
Propriedades de solvente
Conceito
de H2O
qualidade
da água Capacidade de
transportar partículas
Quantidade
destas
substâncias
definem a
qualidade

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 4

 O que é tóxico?
 Depende do uso da água
Água com presença de patogênicos não é potável e não serve para uso
recreacional ou irrigação de hortaliças ou frutas, porém pode ser usada para
piscicultura, ecologia aquática em geral
Presença de certas substâncias pode agredir canalizações ou equipamentos,
embora potável.
 Depende da concentração
Podem ser úteis, inócuos ou nocivos, dependendo da concentração que são
encontradas na água. Exemplo: cloreto de sódio, sulfato de cobre, flúor.
 Bioacumulação
Mesmo sendo ingeridas em concentrações não-nocivas, pela sua capacidade de
acumular no organismo, pode atingir quantidades tóxicas e, às vezes, letais.
Exemplo: Mercúrio
 Efeitos sinergéticos ou antagônicos
Uma substância pode ter sua ação nociva aumentada ou reduzida, pela
associação com outras substâncias ou fatores físicos. Exemplo: amônia em água
com alto pH.
TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 5
 Ciclo hidrológico e Fontes de poluição
Fontes pontuais Condições naturais x interferência antrópica Fontes difusas

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 6

Fontes difusas de poluição

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 7


Efluentes – características quantitativas
Fontes de despejos
Esgoto doméstico
Abatedouro bovino
Abatedouro avícola
Fabricação de cerveja
Fabricação de refrigerante
Fabricação de álcool
Fabricação de lacticínios/queijo
Fabricação de lacticínios/leite
Fabricação de couros
Fabricação de papel
Fonte: Philippi, Jr. et al. (2004)
8
Vazão específica
120 a 160 L/hab/dia
1.500 a 2.000 L/boi
17 a 20 L/ave
8L/L cerveja
2 a 4 L/ L refrigerante
15 L restilo/L álcool
20 L/kg queijo
1 L/L leite
800 a 1.000 L/couro
50 a 100 L/kg papel
TH048 - Saneamento Básico e Ambiental

Efluentes – características qualitativas
Fontes de despejos
Abatedouro bovino
Abatedouro avícola
Fabricação de cerveja
Fabricação de álcool
Fabricação de lacticínios/queijo
Fabricação de lacticínios/leite
Fabricação de couros
Fabricação de papel
9
Equivalente populacional de
carga orgânica
55 hab/boi
200 hab/1.000 aves
175 hab/m3 cerveja
7 hab/ L álcool sem restilo
2 hab/kg queijo
20 hab/1.000 L leite
40 hab/pele bovina
460 hab/t papel
TH048 - Saneamento Básico e Ambiental
 Ecossistema
EFEITO Saúde pública
Usos múltiplos

Variável Efeito Fonte

DBO – Diminuição de OD Efluentes domésticos, efluentes de indústrias

Demanda na água, vital para alimentícias
bioquímica de os organismos
oxigênio aquáticos aeróbios

Cádmio Danos nos rins Corrosão de canalizações galvanizadas,

(cumulativo) erosão de depósitos naturais, efluentes de
refinarias de metais, escoamento superficial
dos lixões (Cd proveniente das baterias)

Nitrato Hemoglobinemia Fertilizantes, tanques sépticos, efluentes.

em bebês abaixo
de 6 meses
Giardia lmblia Giardíase, doenças Efluente doméstico e resíduos fecais de
intestinais animais

10
TH048 - Saneamento Básico e Ambiental
 Controle da qualidade da água
• Estações de tratamento de esgoto
• Limites de lançamento
• Padrões de qualidade da água – enquadramento dos corpos
de água
• Gestão dos recursos hídricos:
– considerando aspectos regionais físicos, bióticos, sociais, dentre
outros
– articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores
usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional
– articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo
– Outorgas de direito de uso e Cobrança

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 11

 Padrões & Limites

• Legislações:
– Padrões de qualidade para corpos de Resolução
água CONAMA 357/05

– Limite de lançamento de efluentes Resolução

CONAMA 430/11
– Padrões de potabilidade Ministério da Saúde:
– Padrões de balneabilidade portaria nº 2.914, de
12/12/2011
Resolução CONAMA 274/2000
• Exigências
– Equipamento
– Processo

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 12

 Outras considerações
• Filme x foto
– Indicadores biológicos Descarga

Equilíbrio Desorganização Reorganização

Diversidade ↑ ↓
Nº. de sp ↑ ↓ Sobrevivem as espécies bem
Nº. de indivíduos/sp ↓ ↑ (em det sp) adaptadas às novas
condições, proliferando.
As demais não resistem,

• Integridade do corpo hídrico podendo vir a sucumbir.

– Desvio com relação ao natural

• Bom estado ecológico
– União Européia

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 13

 4.1 - Poluição por Matéria orgânica
Mistura heterogênea de diversos compostos orgânicos.
Principais componentes: proteínas, carboidratos e lipídeos.
• Impactos:
– Redução de OD e possível mortandade de peixes
– Relacionado com esgoto doméstico, logo potencial
presença de patogênicos
Bactérias
C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O

• Parâmetros indicadores:
– DBO
– OD
– DQO
– COT
TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 14
 Matéria Orgânica: Fontes, Impactos, Parâmetros

• Fontes:

Gênero Tipo Unidade de Carga específica

produção (kg/unid)
Alimentícia Doces 1 ton 2-8
Matadouro 1 boi/2,5 porcos 4-10
Laticínio com queijaria 1000 l de leite 5-40
Produção de levedura 1 ton 1100
Bebidas Destilação de álcool 1 ton 220
Vinho 1 m3 0,25
Couro e Curtume 1 ton pele 20-150
Curtume Sapatos 1000 pares 15
TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 15
 DQO e COT
DQO
• Teste indireto do consumo de OD – uso de um oxidante químico forte.
• Abrange matéria orgânica biodedradável ou não.
• Duração do teste: de 2 a 3 h

COT
• Estima a quantidade de carbono orgânico, sem
distinguir se a matéria é biodegradável ou não.
• Tempo de duração do teste: cerca de 2 minutos
• Um dos métodos consiste em queimar a matéria
orgânica a 900ºC, com oxigênio puro, e detectar o
CO2 gerado por espectrofotometria de
infravermelho

COT

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 16

 DBO x DQO

A Demanda Bioquímica de A Demanda Química de

Oxigênio (DBO) mede a Oxigênio (DQO) mede a
quantidade de Oxigênio quantidade de Oxigênio
Dissolvido (OD), em mg/l de Dissolvido consumida
O2, consumida pelos quimicamente (sem
organismos heterotróficos intervenção de
ao degradarem a matéria microrganismos) para oxidar
orgânica presente, numa a matéria orgânica presente.
temperatura de incubação
específica (20ºC).

MO biodegradável MO biodegradável
+
MO não biodegradável

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 17

Mudanças no ecossistema após descarga orgânica

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 18

 Zonas de autodepuração

Zonas
1 – Águas limpas
2 – Degradação
3 – Decomposição ativa
4 – Recuperação
5 – Águas limpas

1 2 3 4 5

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 19

 Autodepuração

• Restabelecimento do equilíbrio por mecanismos

naturais após alterações induzidas por dejetos.
• Compostos orgânicos são convertidos em compostos
inertes e não prejudiciais do ponto de vista
ecológico.
• Processo de decomposição da MO por bactérias
decompositoras, as quais utilizam OD para sua
respiração.

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 20

Importância do conhecimento: Autodepuração

Impedir lançamento de despejos

acima da capacidade de assimilação
do corpo de água.

Explorar essa capacidade no sentido

de complementação do tratamento de
efluentes.
(exigidos critérios técnicos seguros e
bem definidos)

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 21

 Modelos – Ferramenta de gestão

Concentração
ETA ETE crítica

Cidade

Concentração admissível (Ca)

Bacia Sim
Rio
Hidrográfica Modelo C<Ca

Não
Controle

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 22

Modelos matemáticos de simulação
Modelo = Representação do sistema (parte da realidade)
Simulação = “Imitação” do sistema modelado

Descrevem os processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem no

ecossistema aquático através de formulações matemáticas.

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 23

 Discretização espacial
Zero-dimensional

Unidimensional
Longitudinal
Vertical

Bidimensional
Longitudinal e Transversal
Longitudinal e Vertical

Tridimensional

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 24

Exemplo: concentração

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 25

Fonte: Jirka et al., 1996; Gudrun Hillebrand, 2003

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 26

Modelo Streeter-Phelps

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 27

 Mistura completa no ponto de lançamento

Real
QrCr

QeCe

Considera no ponto de lançamento:C = QeCe + QrCr

Qe+Qr

QrCr C

Simplificação
QeCe

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 28

 Considerações - DBO
Sistema unidimensional

L : DBO dL
0   U  k1L  k s L
dx

Sedimentação da MO em suspensão

Decaimento da MO - reação de 1ª. ordem

Predomínio do transporte advectivo

Condição permanente (dL/dt=0)

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 29

 L : DBO 0  U
dL
 krL
dx
kr=k1+ ks
L – DBO
U – velocidade média do curso de água
kr – coeficiente de remoção
k1 – coeficiente da taxa de decomposição da
MO
ks – coeficiente da taxa de sedimentação
(vs/h)
vs – velocidade de sedimentação
h – profundidade do curso de água
 ( k 1  k s ).t t = tempo de percurso
Solução analítica
L  L 0 .e t = x/U

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 30

 Oxigênio dissolvido
QUAL2E

Fotossíntese Streeter-Phelps
QUAL2E
QUAL2E
Respiração algal Reaeração
QUAL2E
Streeter-Phelps
Nitrificação QUAL2E

OD Decomposição da MO

Denitrificação
QUAL2E
Redução de sulfato
Demanda pelo
sedimento

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 31

 D : Déficit de OD dD
0  U  k 1L  k 2 D
dx

OD = ODsat - D
D – Déficit de oxigênio
k2 – coeficiente de Reaeração

Solução analítica:

 k1.Lo  ( k 1  k s ).t  k 2 .t  k 2 .t 

OD t  ODsat   .(e e )  (ODsat - OD 0 ).e 
 k 2  ( k1  k s ) 

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 32

• Tempo crítico de ocorrência:
1  k 2  D0 k 2  k r  
tc  ln 1  
k2  kr  kr  k1 L0 
• Déficit crítico:
kr

kL k2  D0 k 2  k r   k2 kr
Dc  1 0  1  
k2  kr  k1 L0 

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 33

 34

Coeficiente da taxa de decomposição da MO

Valores de k1 (dia-1) na base “e”, a 20°C

Origem K1 (dia-1)

Água residuária concentrada 0,35 – 0,45

Água residuária de baixa concentração 0,30 – 0,40

Efluente primário 0,30 – 0,40

Efluente secundário 0,12 – 0,24

Rios com águas limpas 0,09 – 0,21

Água para abastecimento público <0,12

FONTE: VON SPERLING (1996)

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental

 Constante k1
• depende:
tipo de matéria orgânica
temperatura
hidrogeometria

• correção para outra temperatura:k

T  k201,047
( T 20()T 20)

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 35

Constante k1 (cont.)

• valores típicos de k1 (20°C):

esgoto não tratado: 0,35 d-1
tratamento primário: 0,20 d-1
tratamento secundário: 0,075 d-1

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 36

 Coeficiente de reaeração (k2) a 20°C (dia-1)

Autores Equações Faixa de aplicação

O’Connor e Dobbins
(1958)
Churchill et al. (1962)
Owens et al. (1964)
0,6m < H < 4,0m
3,95. U0,5/H1,5
0,05m/s < U < 0,8m/s
0,6m < H < 4,0m
5,03. U0,969/H1,673
0,8m/s < U < 1,5m/s
5,34. U0,67/H1,85 0,1m < H < 0,6m
0,05m/s < U < 1,5m/s

FONTE: ADAPTADO DE BROWN & BARNWELL (1987)

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 37

 OD – concentração de saturação

OD saturação = f(temperatura, pressão, salinidade)

Para águas com salinidade=0:

ODsat = (14,62 – 0,3898 x T + 0,006969 x T2 –
0,00005897 x T3) x (1 – 0,0000228675 x L)5,167

Onde:
T: Temperatura (°C)
L: altitude em relação ao nível do mar (m)

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 38

 Exercício 1 – Modelo Streeter-Phelps

Um rio tem uma concentração de OD de 7,3 mg/l, antes do ponto de

lançamento de uma carga poluidora (orgânica) de DBO=500mg/l,
T=28°C e vazão de 200 L/s. A temperatura do rio antes do lançamento
do efluente é de 20°C, a vazão de 5m³/s e DBO igual a 2 mg/l.
Obs.: velocidade média do rio=0,22 m/s
Profundidade média=1,5m
Kr=0,5d-1 e K1=0,3d-1
Considere que a temperatura após a mistura se mantém constante no
trecho simulado.
Traçar as curvas de redução de DBO e de OD.
Calcular o déficit crítico e o tempo crítico de OD.
O rio, estando enquadrado na classe 2, tem seu nível de OD satisfeito?

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 39

 Exercício 2 - DBO

Indique no gráfico:

L =DBO
remanescente

L0 =DBO última

OD consumido
pelas bactérias

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 40

 Exercício 3 - Reaeração num curso d‘água

Indique no gráfico:

Curva de OD
com
reaeração
Curva de OD
sem
reaeração
Saturação
Déficit
OD
consumido
pelas
bactérias

Ganho de OD
pela
reaeração

TH048 - Saneamento Básico e Ambiental 41