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Ricardo Freitas

Metodologia Científica - Um guia prático


para profissionais da saúde

1° edição
Petrolina - PE

2017
Ficha Técnica
Editor: Ricardo Freitas
Capa: Renato Chaves Souto Branco
Diagramação: Ricardo Freitas
Freitas-Dias Ricardo.

Metodologia Científica - Um guia prático para profissionais da saúde.


1° edição – 2017.

1. Metodologia Científica 2. Pesquisa 3. Ciência 4. Saúde


A edição em língua portuguesa desta obra é publicada e comercializada pela
Amazon.com
Ilustrador: Renato Chaves Souto Branco

e-mail. scienceeart@gmail.com
scienceeART
Leitura final: Ricardo de Freitas Dias
Metodologia Científica - Um guia prático para profissionais da saúde. Copyright ©
2017 by Ricardo de Freitas Dias. Reservados todos os direitos de publicação, em língua
portuguesa. É proibida a duplicação, reprodução ou transmissão desta obra (e-book), no
todo ou de suas partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico,
mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros), sem permissão expressa,
por escrito, do autor, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98). Sua
comercialização também não é permitida por outros meios que não os autorizados pelo
autor.
Revisão Técnica

Dr. Adauto Almeida Neto

Doutor em Biologia Celular e Estrutural – Universidade Estadual de Campinas


(Unicamp) - Campinas/SP.
Mestre em Patologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) /PE.
Graduado em biologia pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) -
Recife/PE.
Professor Adjunto da disciplina de Patologia e Fisiopatologia da Universidade de
Pernambuco - Pernambuco (UPE) – Campus Petrolina/PE.
Agradecimentos

Agradeço aos alunos do curso de Fisioterapia do 2˚ período – Turma 2016/1 da


Universidade de Pernambuco campus Petrolina/PE. Vocês não só foram fontes de
inspiração, mas sempre acreditaram, encorajaram meu trabalho como professor e
pesquisador. Quero que saibam que todos vocês de alguma forma contribuíram com
suas experiências e discussões em salas de aula e nos corredores da universidade.
Foram vários fins de semana dedicados à conclusão do meu segundo livro, mas
tenho certeza que tudo valeu a pena, pois acima de tudo acredito que o principal papel
do professor é transformar pessoas e esta obra é mais um passo realizado. Este
agradecimento se estende, também, a Universidade de Pernambuco (UPE) e a todas as
pessoas que contribuíram de forma direta e indireta e que interagiram comigo durante
esta jornada.
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 – A CIÊNCIA
CAPÍTULO 2 - ENFOQUE DE PESQUISA E MODELOS DE INVESTIGAÇÃO
CIENTÍFICA
CAPÍTULO 3 - ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA
CAPÍTULO 4 - ESTRUTURAÇÃO E FORMATAÇÃO DO PROJETO DE
PESQUISA
CAPÍTULO 5 - TÉCNICAS PARA MELHORAR SUA PERFORMANCE DE
ESTUDO
CAPÍTULO 6 - FERRAMENTAS DE BUSCA PARA PESQUISA
CAPÍTULO 7 - ENTENDENDO A CLASSIFICAÇÃO DOS PERIÓDICOS E
UTILIZANDO FERRAMENTAS INDICADORAS DE QUALIDADE
CAPÍTULO 8 - FERRAMENTAS DE VISIBILIDADE ACADÊMICA
CAPÍTULO 1 – A CIÊNCIA

OBJETIVOS
1. Entender o que é ciência;
2. Diferenciar os tipos de pensamento;
3. Confrontar os tipos de conhecimento;
4. Destacar os principais aspectos relacionados aos tipos de conhecimento.

1.0 Introdução
As discussões quase que intermináveis e sugestivas sobre pontos distintos em
torno de diferentes temas é o primeiro passo para iniciar o aprendizado de ciência no
âmbito científico. As incertezas e as várias relações com conceitos e interpretações
estabelecidas a partir de temáticas do senso comum, são fatores que motivam o
indivíduo a tornar-se um pesquisador. Neste capítulo vamos abordar o conceito de
ciência, paradigma, as características e tipos de conhecimento, além de esclarecer os
meandros existentes na comunidade científica.

1.1 Epistemologia
Epistemologia significa ciência, conhecimento, é o estudo científico que trata dos
problemas relacionados com a crença e o conhecimento, sua natureza e limitações. A
epistemologia surgiu com Platão, onde ele se opunha à crença ou opinião ao
conhecimento. A crença é um ponto de vista subjetivo enquanto que o conhecimento é o
conjunto de todas as informações que descrevem e explicam o mundo natural e social
que nos rodeia.
Sabendo que o conhecimento científico é provisório, jamais acabado ou definitivo, a
principal meta da epistemologia consiste na reconstrução racional do conhecimento
científico, por meio do estudo da origem, da estrutura, dos métodos, da validade do
conhecimento e do grau de certeza do conhecimento científico nas suas diferentes áreas.
1.2 Ciência
A Ciência é uma palavra que deriva do termo latim "scientia" cujo significado é
conhecimento ou saber. Podemos designar ciência como todo o conhecimento adquirido
por meio do estudo ou da prática, baseado em princípios. A Ciência pode ser entendida
como uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente
correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. “A
Ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático
conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”.

A CIÊNCIA possui:

A) Objetivo ou finalidade: preocupação em distinguir a característica comum ou as leis


gerais que regem determinados eventos;

B) Função: aperfeiçoamento, por meio do crescente acervo de conhecimentos da relação


do homem com o mundo;

C) Objeto:
 Material – algo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar de
modo geral.
 Formal – é o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o
mesmo objeto material.

D) Método: estratégia desenvolvida com o intuito de validar ou não o objeto.

Devido a complexidade do universo, diversidade de fenômenos e a necessidade


do homem em estudá-los para poder entendê-los e explicá-los, atualmente a Ciência é
divida em diversos ramos de estudo e ciências específicas (Figura 1).
Figura 1 – Classificação e divisão da Ciência.

1.3 Paradigma
Etimologicamente, este termo tem origem no grego paradeigma que significa
modelo ou padrão, correspondendo a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser
seguido em determinada situação. Basicamente são as normas orientadoras de um grupo
que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses
limites. O paradigma é um pressuposto científico que origina o estudo de um campo
científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como
modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas.

Mas afinal, como nasce um paradigma?

Para exemplificar o surgimento de um paradigma, um grupo de cientistas colocou


cinco macacos numa jaula, em cujo centro colocou uma escada e sobre ela, um cacho de
bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas
lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão (Figura 2).
Figura 2 – Modelo esquemático do surgimento do paradigma.

Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o enchiam de


pancada. Passado algum tempo, apesar da tentação das bananas nenhum macaco subia a
escada. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que o
novo macaco fez foi subir a escada, mas foi rapidamente retirado pelos outros, que lhe
bateram.
Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um
segundo macaco foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro macaco substituto
participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro macaco foi trocado e
repetiu-se o fato. Um quarto macaco e finalmente o último macaco dos veteranos foi
substituído.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca
tendo tomado banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a
escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por
aqui...". Neste exemplo, subir a escada é proibido, independente do porquê, logo isto
retrata muito bem como um novo paradigma passou a ser o padrão de comportamento
naquele grupo.
Esta é uma história simples, mas importante para que você de vez em quando
questione porque você faz algumas coisas sem pensar. Por fim, os paradigmas são
conceitos criados pela sociedade a fim de justificar falhas ou sucesso, acerto ou erro, no
qual podem causar sérios problemas, devido o SER HUMANO se prender aos
paradigmas e fazerem deles regras de cabeceira.

1.4 Tipos de pensamento

A) Senso Comum
O senso comum é o primeiro nível de pensamento, surge espontaneamente e
constitui-se a partir da apreensão sensorial. Este tipo de pensamento não resulta de
nenhuma procura sistemática e metódica ou qualquer estudo prévio, pelo contrário ele
corresponde à nossa forma imediata de apreender o real, além disso, é imprescindível
para a nossa orientação e resolução dos problemas do quotidiano.
O senso comum está ligado ao conhecimento adquirido pelo homem a partir das
experiências, vivências e observações do mundo, ou seja, é o modo de pensar da
maioria das pessoas. Geralmente são afirmações sem embasamento científico ou sem
reflexão.
Exemplo 1: chás milagrosos, que prometem curar diversas doenças. Porém grande parte destes
chás ainda não foram testados cientificamente.

Exemplo 2: Senso Comun

B) Senso crítico
O senso crítico é uma expressão que reúne dois termos; o sensus que vem do
latim com o sentido de significado ou percepção e Kritikos que vem do grego com
sentido de capacidade de fazer julgamentos. Portanto senso crítico é a capacidade de
questionar, pensar sobre um fato ou conceito, organizar algumas ideias e poder levantar
algumas hipóteses, analisar de forma racional e inteligente e chegar a algumas
conclusões. Quando falamos que um indivíduo tem senso crítico, isso significa que ele
antes de responder a algum questionamento, esse indivíduo pensa, analisa, observa,
reflete e julga para depois se pronunciar.

Exemplo 1:
“Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma
de educação que permitisse às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica”
(Paulo Freire).

1.5 Tipos de conhecimento


O conhecimento foi e é fundamental para a sobrevivência do SER HUMANO.
Ao longo da nossa existência nós produzimos, acumulamos e reproduzimos mais e mais
conhecimento, chegando à necessidade de categorizá-lo em:

A) Conhecimento popular
O conhecimento popular é sensitivo, está ligado ao nosso estado de ânimo,
emoções do dia a dia, as nossas experiências e as novas vivências. Este tipo de
conhecimento está ligado ao senso comum, portanto é considerado superficial e
subjetivo (Tabela 1).

Exemplos:
“Para você hipertrofiar seu músculo você tem que sentir dor – No pain, no gain”.
“Disseram-me que para emagrecer é melhor fazer sauna”.
“Eu faço este tipo de treinamento porque todo mundo disse que é ótimo”.
B) Conhecimento filosófico
O conhecimento filosófico é muito utilizado para questionar os problemas
humanos e diferenciar o certo do errado, recorrendo sempre à razão humana. É
considerado sistemático uma vez que suas hipóteses têm como objetivo a representação
coerente da realidade estudada. Porém suas hipóteses emergem da experiência
individual e não da experimentação, por este motivo não pode ser verificável,
confirmado e refutado (Tabela 1).

Exemplos:
“A máquina substituirá totalmente o homem?”
“A clonagem humana será uma prática aceita universalmente?”

C) Conhecimento religioso
O conhecimento religioso ou teológico é sustentado por doutrinas sagradas
(valorativas e dogmáticas) e pelo sobrenatural (inspiracional). Ou seja, os fenômenos
que estão além da capacidade humana de compreender são regidos por este tipo de
conhecimento. Portanto o conhecimento religioso é indiscutível e infalível (exato). É
um conhecimento sistemático de mundo explicando a sua origem, para que servem e
qual o seu destino, não sendo possível refutá-las uma vez que tratam de fé e tem como
obra de tudo um criador divino.
Atualmente existem várias religiões que constroem o seu conhecimento a partir
das suas concepções e doutrinas e em cada uma dessas religiões existem um número
expressivo de pessoas que aderem a essas religiões por um ato de fé (Tabela 1).

Exemplos:
“No início, nada existia.... Então Deus disse : Faça-se a luz, e a luz se fez.”
“O homem foi feito a imagem de Deus.”
“Moisés faz com que as águas se abram para a travessia dos judeus.”
“A Mulher Nasceu da Costela do Homem.”

Sugestão de vídeo:
Religare - Conhecimento e Religião sobre Ensino Religioso
D) Conhecimento científico
O conhecimento científico surgiu da necessidade do SER HUMANO em querer
saber como as coisas funcionavam ao invés de apenas aceitar passivamente. O
conhecimento científico representa o nível de conhecimento mais aprofundado do real,
em que o indivíduo busca o porquê das coisas, ou seja, suas causas, motivos, razões ou
circunstâncias sobre um fenômeno. Este tipo de conhecimento utiliza explicações
racionais sem o uso do senso comum e de crenças. É baseado em fatos, observações
criteriosas, hipóteses testadas, métodos bem definidos e muita leitura.
Dentre as características marcantes do conhecimento científico podemos incluir:
objetividade, exclusão às apreciações subjetivas, verificação, controle experimental e
formulação de hipóteses. Além disso, o conhecimento científico não é uma verdade
absoluta, pois com o avanço das pesquisas, o que se compreende hoje com uma verdade
científica pode não ser daqui algum tempo. Portanto, com o passar dos anos, algumas
verdades científicas serão superadas, o que implica dizer que o conhecimento científico
é transferível, verificável, sempre colocado a prova (falível), ele é estudado, re-estudado
e reescrito (Tabela 1).

Exemplos na área de fisioterapia:


Ex1: Manobras de tapotagem para a desobstrução das vias respiratórias: técnica em desuso por
falta de comprovação científica;

Ex 2: Banho de parafina: caiu em desuso por conta do acúmulo de fungos e bactérias na


parafina e também por ser uma técnica de calor superficial, que pode ser substituída por um
infravermelho ou até mesmo uma compressa morna;

Na sua área de estudo em que você está se formando ou pesquisando, o que já foi verdade e hoje não é
mais?
Tabela 1 - Características dos tipos de conhecimento:
Conhecimento popular Conhecimento científico
Espontâneo e imediato Legislador
Sensitivo Preditivo
Superficial Provisório e reversível
Subjetivo Objetivo
Assistemático e desorganizado Sistemático e organizado
Imetódico e indisciplinar Metódico específico
Dogmático e acrítico Formador de hipóteses
Conhecimento Religioso (Teológico) Conhecimento Filosófico
Valorativo Valorativo
Inspiracional Racional
Sistemático Sistemático
Não verificável Não verificável
Infalível Infalível
Exato Exato

1.6 Cientista e comunidade científica


Tenho certeza que alguém algum dia já te perguntou o que é um cientista? O que
vem a sua mente? Dr. Beakman, Dr. Emmett Brown ou Einstein e Stephen Hawking
(Figura 3).

Figura 3 – Exemplos de cientistas.


Considerando um sentido mais amplo cientista é qualquer pessoa que exerça
uma atividade sistemática, em que faz uso do método científico para investigar e/ou
pesquisar a causa ou solução de um problema ou uma dúvida, no intuito de produzir
conhecimento em qualquer área (ex: física, química, biologia, história, economia, entre
outros).
O objetivo do cientista é buscar a verdade sobre um fato, investigar um
fenômeno ou testar hipóteses. Porém para que o verdadeiro cientista alcance com
autonomia o seu objetivo e produza um novo conhecimento, ele precisa estar aberto a
novos conceitos e não preso a pré-julgamentos, pré-conceitos, valores, desejos,
tendências e crenças do senso comum. Além disso, é importante lembrar que a
utilização do conhecimento produzido pelos cientistas pode ser utilizada tanto para o
“bem” quanto para o “mal” (Figura 4).

Figura 4 – Utilização do conhecimento científico.

Comunidade científica
A comunidade científica consiste no corpo de cientistas, suas relações e
interações e nos meios necessários à manutenção destas. A comunidade científica é
normalmente dividida em "subcomunidades", cada uma trabalhando em um campo
particular da ciência.
As sociedades científicas e academias de ciência existem desde o período da
renascença, estas instituições especiais são responsáveis pela comunicação, promoção
de ideias e cooperação entre as comunidades científicas de diferentes países (Figura 5).

Figura 5 – Fotos de comunidades científicas (Royal Society e a Académie des Sciences,


National Scientific and Technical Research Council, Centre national de la recherche
scientifique, Deutsche Forschungsgemeinschaft, Academia brasileira de Ciências).

1 - Em relação ao conhecimento científico, assinale V (verdadeiro) para as alternativas


verdadeiras e (F) para as falsas e escolha a sequência correta.
( ) O conhecimento é uma forma de compreender a realidade.
( ) O conhecimento científico tem como base o conhecimento teológico.
( ) O conhecimento empírico surge das experiências em laboratório.
( ) A ciência pode ser definida como uma forma de investigação metódica e organizada.

2 – Julgue as afirmativas se verdadeiras ou falsas.


A) O conhecimento popular, também denominado de vulgar, empírico ou senso comum,
resulta do modo espontâneo e corrente de conhecer.
B) O Conhecimento popular é sistemático, já que se trata de um saber ordenado
logicamente, formando um sistema de ideias (teorias) e não conhecimentos dispersos
e desconexos.

3 - O conhecimento científico distingue-se do senso comum por ser:

4 - Dentre as alternativas abaixo, é correto afirmar que o conhecimento filosófico tem


sua concepção:
5 - O cientista utiliza um método na apreensão da realidade. Através do método
podemos descobrir como chegar a um objetivo. É uma forma de pensar para se chegar à
natureza de determinado problema. Nesse sentido, denomina-se método:

1) R: V, F, F, V.
2) R: A afirmativa (A) é verdadeira e a afirmativa (B) é falsa, pois o conhecimento
popular não é metodológico.
3) R: Legislador, preditivo, objetivo, provisório e reversível, sistemático e organizado,
metódico e formador de hipóteses.
4) R: Especulativa, porque não oferece soluções definitivas para as questões
formuladas. Ou seja, é valorativo, racional, sistemático, não verificável, infalível e
exato.
5) R: O conjunto de procedimentos através dos quais é possível conhecer determinada
realidade.

1) Citar 03 exemplos de descobertas científicas que beneficiaram a sua profissão.

2) Citar 02 exemplos práticos da sua área profissional sobre: conhecimento popular e


científico.

3) Dividir a classe em três grupos. Dois grupos irão preparar uma apresentação de 10
minutos dos argumentos utilizados nos filmes abaixo, enquanto o terceiro grupo será o
júri do debate.
JOHN LENNOX ANALISA O LIVRO DE STEPHEN HAWKING.
DEUS, UM DELÍRIO, O VÍRUS DA FÉ - Documentário

4) Citar 03 exemplos na sua área profissional de algo que um dia já foi verdade e hoje
não é mais.
Hawking, Stephen. Uma Breve História do Tempo. Editora: Intrinseca. 2014.
Hawking, Stephen. O Universo Numa Casca de Noz. Editora Intrínseca. 2016.
Richard Dawkins. Deus, Um Delírio. Editora: Companhia das Letras. 2007.
Richard Dawkins. O Gene Egoísta. Editora: Companhia das Letras. 2007.
Sagan, Carl. O mundo assombrado pelos demônios. Editora: companhia de bolso. 2006.
Tyson, Neil Degrasse. Origens - Catorze Bilhões de Anos de Evolução Cósmica.
CAPÍTULO 2 - ENFOQUE DE PESQUISA E MODELOS
DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

OBJETIVOS
1. Entender quais são os principais enfoques de uma pesquisa científica;
2. Diferenciar os principais métodos de investigação científica;
3. Aprender os tipos de investigação científica;
4. Diferenciar os tipos de investigação científica;
5. Aplicar corretamente o tipo de investigação científica de acordo com os
objetivos da pesquisa.

2.0 Introdução
Com o intuito de fortalecer o conhecimento do processo de pesquisa,
inicialmente serão descritos e discutidos de forma geral as características e diferenças
do enfoque qualitativo e quantitativo. Em seguida, serão apresentados à nomenclatura e
os conceitos dos modelos de investigação científica, mais comumente utilizados em
pesquisa em saúde, a fim de servir como guia para o entendimento, planejamento e
implementação da pesquisa de forma aplicada. Por fim, abordaremos os diferentes tipos
de revisão e discutiremos como o nível de evidência científica é aplicado na prática de
profissionais de saúde, desenvolvendo assim, de forma mais apurada o senso crítico
metodológico dos futuros pesquisadores em saúde.

2.1 Enfoque quantitativo de pesquisa


A pesquisa quantitativa centra-se na objetividade, priorizando a linguagem
matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc.
em que os resultados da pesquisa podem ser quantificados. A ideia central do enfoque
quantitativo é descrever, explicar e prever fenômenos, com o intuito de gerar
conhecimento, comprovar teorias, chegar a proposições mais precisas e fazer
recomendações específicas e aplicáveis a uma população mais ampla, que servirão para
a solução de problemas ou tomada de decisões.
O pesquisador parte do princípio que existe uma realidade a se conhecer, no qual
a ideia vai delimitando o tema até chegar ao objetivo, na pergunta da pesquisa e na
formulação do problema no qual estes devem ser específicos e pouco flexíveis. A
revisão da literatura tem papel crucial, na formulação das hipóteses, no delineamento
experimental, na identificação das variáveis e demais etapas do processo. As hipóteses
devem ser estabelecidas e testadas e dependendo do grau de certeza (probabilidade)
podem ser aceitas ou rejeitadas.
A seleção e o tamanho da amostra deve ser estatisticamente representativa, pois
a ideia central é generalizar os resultados encontrados, replicar e comparar com
pesquisas semelhantes. Para a coleta de dados, o pesquisador deve utilizar métodos
padronizados de medição e/ou documentação (ex: questionários, medições fisiológicas,
neurais, de imagem e etc) dentro dos padrões de objetividade, rigor, confiabilidade,
validade e reprodutibilidade de estudos anteriores. Outra possibilidade é a criação de
novos instrumentos baseados na revisão da literatura, porém eles devem ser testados,
ajustados e validados.
A coleta dos dados e sua posterior análise devem ser bem controladas, excluindo
a incerteza, minimizando o erro, mantendo-se neutra e imparcial e assegurando que
todos os procedimentos sejam realizados de forma rigorosa e objetiva. Após a coleta de
dados, os resultados são convertidos em valores numéricos que por sua vez são
analisados estatisticamente e apresentados sob a forma de tabelas, diagramas. Por fim, o
relatório final dos resultados deve utilizar um tom objetivo, impessoal e não emotivo.
Caso os resultados não corroborem com as hipóteses iniciais, o pesquisador deve buscar
novas explicações e novas hipóteses até que ele consiga estabelecer suas conclusões
(Figura 1).

Figura 1 - Características do enfoque quantitativo de pesquisa.


2.2 Enfoque qualitativo de pesquisa
O enfoque qualitativo fundamenta-se no conjunto de práticas interpretativas
centrada no entendimento do significado das ações do SER HUMANO, no qual é capaz
de trabalhar com paradoxos, incertezas dilemas éticos e ambiguidades. A ideia central é
descrever, explicar, compreender, prever e interpretar os fenômenos por meio de
percepções e significados produzidos pelas experiências dos voluntários, a fim de gerar
conhecimento e comprovar teorias.
O pesquisador parte do princípio que existe uma realidade a ser descoberta,
construída e interpretada. Embora a revisão da literatura indique o caminho da pesquisa,
ela desempenha papel menos importante no desenvolvimento do processo e pode ser
complementada em qualquer etapa da pesquisa. O pesquisador não se fundamenta em
estudos anteriores, ele examina o mundo social, busca entender os voluntários para
selecionar e definir as variáveis ou os conceitos chaves do estudo e como se relacionam
e a partir dos dados empíricos observados, obtidos e analisados, ele desenvolve uma
teoria coerente.
A elaboração da pergunta e a formulação do problema são abertas, livres, não
são delimitadas ou demarcadas, tudo é muito mais flexível. As perguntas e as hipóteses
ocorrem de forma mais dinâmica e podem ser construídas antes, durante e após o
trabalho de campo ou realização do estudo, o que contribui para o aprimoramento e
criação de novas perguntas e hipóteses relevantes conforme os dados são obtidos. As
perguntas são abertas apresentadas em linguagem escrita, verbal, não verbal e visual e
nem sempre são conceituadas/definidas por completo no início da pesquisa.
Antes da coleta de dados, o pesquisador deve se familiarizar com o ambiente ou
entorno e conhece os informantes (pessoas que conheçam o local da pesquisa) a fim de
verificar a factibilidade da pesquisa. Além disso, o pesquisador recorre aos seus valores,
crenças e experiências, bem como sua relação com os voluntários da pesquisa.
Geralmente o pesquisador não utiliza instrumentos pré-estabelecidos, ele desenvolve
seu próprio instrumento por meio de observações, descrições e vivências dos
voluntários, que são aprimorados conforme a pesquisa avança.
A coleta de dados não é padronizada nem pré-determinada, é baseada nas
observações e registros não estruturados que incluem: anotações, gravações, entrevistas,
questionários abertos, testes projetivos, revisão de documentos/arquivos, discussão em
grupo, experiências pessoais e observações/registros de vida. Durante esta etapa é que o
pesquisador obtém as perspectivas, pontos de vista, sensações, prioridades,
experiências, significados, descrições detalhadas de situações, eventos, interações,
condutas observadas e manifestações dos voluntários.
Os resultados não são reduzidos a números e consequentemente não são
submetidos a tratamentos estatísticos, ao contrário os resultados são apresentados na
forma de tabelas, notas extensas, narrativas, significados, diagramas, imagens, peças
audiovisuais, fotografias, modelos conceituais, documentos e objetos pessoais, mapas
ou “quadros humanos”.
Como agora a pretensão não é generalizar os resultados obtidos para populações
mais amplas e também não se pretende replicar o estudo, cabe aqui ao pesquisador
avaliar o desenvolvimento natural dos acontecimentos, analisar e extrair o significado
dos dados, para que no relatório final o pesquisador tire algumas conclusões e busque
compreender os voluntários e seus significados, experiências e contextos por meio de
descrições bem detalhadas, aprofundadas e enriquecedoras, utilizando um tom pessoal e
emotivo (Figura 2).

Figura 2 - Características do enfoque qualitativo de pesquisa.

2.3 Quantitativo ou Qualitativo - Qual o melhor enfoque?


No enfoque qualitativo as sequências das etapas podem variar conforme o tipo
de pesquisa, além disso, o desenho do estudo também pode ser adaptado de acordo com
a amostra e o ambiente de pesquisa. No enfoque qualitativo, o pesquisador costuma ter
mais contato, empatia e envolvimento com os voluntários. Ao contrário, no enfoque
quantitativo, as etapas da pesquisa são sequenciais e comprobatórias, em que cada etapa
precede à seguinte, respeitando rigorosamente uma ordem, ademais, o desenho do
estudo é idealizado previamente e permanece inalterado ao longo da pesquisa. No
enfoque quantitativo, o pesquisador costuma ser frio, neutro e distante dos voluntários
(Quadro 1).

Quadro 1 – Comparação das características do enfoque quantitativo e qualitativo.


Processos fundamentais do
Características quantitativas Características qualitativas
processo geral de pesquisa
 Voltada para a descrição, previsão e  Voltada para a exploração, a
explicação. descrição e o entendimento.
Formulação do problema  Específica e delimitada.  Geral e ampla.
 Voltada para dados mensuráveis ou  Voltada para as experiências dos
observáveis. participantes.
 Papel fundamental.  Papel secundário.
Revisão da literature  Justificativa para a formulação e a  Justificativa para a formulação e a
necessidade do estudo. necessidade do estudo.
 Instrumentos pré-determinados.  Os dados surgem pouco a pouco.
 Dados numéricos.  Dados em texto ou imagem.
Coleta de dados
 Número considerável de casos.  Número relativamente pequeno de
casos.
 Análise estatística.  Análise de textos e material
 Descrição das tendências, audiovisual.
comparação de grupos ou relação  Descrição, análise e
Análise dos dados
entre as variáveis. desenvolvimento de temas.
 Comparação de resultados com  Significado profundo dos resultados.
previsões e estudos anteriores.
 Padronizado e fixo.  Emergente e flexível.
Relatório de resultados  Objetivo e sem tendências.  Reflexivo e com aceitação de
tendências.

2.3.1 Opiniões dos pesquisadores:

 Pesquisadores que utilizam o enfoque qualitativo, em relação aos pesquisadores


que utilizam o enfoque quantitativo:

Ex: Pesquisador impessoal, frio, reducionista, restritivo, fechado e rígido, os


voluntários são estudadas como objeto, não levando em consideração as diferenças
individuais e culturais entre os grupos.
 Pesquisadores que utilizam o enfoque quantitativo, em relação aos
pesquisadores que utilizam o enfoque qualitativo:

Ex: pesquisa vaga, subjetiva, inválida, especulativa, sem possibilidade de réplica e


sem dados sólidos que apoiem as conclusões, sem controle das variáveis, falta o poder
de entendimento sobre as medições.

Apesar da grande discussão entre os pesquisadores e das diferentes abordagens


para o estudo de um fenômeno, ambos os enfoques são muito valiosos, contribuem para
o avanço da ciência e apresentam alguns pontos em comum:
 Observação e avaliação de fenômenos;
 Criação de suposições/ideias como consequência da observação/avaliação;
 Demonstram o quanto essas ideias têm fundamento;
 Revisão das ideias baseada em provas ou análises;
 Proposição de novas observações para esclarecer, modificar e fundamentar as
ideias;
 Geração de novas ideias/suposições.

2.4 Modelos de investigação científica


De forma geral, os modelos de investigação científica são categorizados como
analíticos e descritivos e cada categoria é subdividida em uma série de subcategorias
(Figura 3).

Figura 3 – Classificação dos modelos de investigação científica


2.4.1 Descritivos
Os modelos de investigação científica descritivos são usados para descrever,
diferenciar ou examinar associações, ao invés de procurar relações diretas entre
variáveis, grupos ou situações. Não existem tarefas aleatórias, grupos controle, ou
manipulação de variáveis. O pesquisador apenas observa o que ocorre naturalmente sem
interferir de maneira alguma. É um tipo de investigação científica indicada quando se
sabe pouco sobre um determinado fenômeno.

A) Populacional
A pesquisa populacional refere-se a toda e qualquer pesquisa com enfoque em
grupos populacionais em diferentes momentos de uma determinada região demográfica
(país, região e município).

Ex: Prevalência de dor nas costas e fatores associados em adultos do Sul do Brasil.

B) Relato de caso ou Estudo de Caso


É caracterizado por uma análise de informações detalhadas sobre um indivíduo.
Inicialmente deve-se identificar as questões de pesquisa que justifiquem a aplicação do
estudo de caso, para depois decidir aplicá-lo. Seu objetivo é determinar características
peculiares de um indivíduo ou de uma condição e fornecer subsídios fundamentais para
o melhor tratamento de pacientes em situações específicas e geralmente raras por meio
de uma fonte de informação científica.

Ex: Artrose na Terceira Idade: Um estudo de Caso.

C) Série de casos
É caracterizado por uma análise de informações detalhadas sobre indivíduos
com uma exposição conhecida a um dado tratamento similar ou análise de prontuários
com o objetivo de avaliar a relação entre exposição e o desfecho.

Ex: Discinesia ciliar primária: Considerações sobre seis casos da síndrome de Kartagener.
2.4.2 Analítico
Os modelos de investigação científica analíticos envolvem a avaliação e
comparação por meio de tratamento estatístico das informações disponíveis na tentativa
de explicar o contexto de um fenômeno.
2.4.2.1 Pré-experimental
Devido ao fato do delineamento pré-experimental ser caracterizado por controlar
poucas fontes de invalidação e os voluntários não serem distribuídos de forma aleatória,
pode-se considerar que este tipo de delineamento e suas subcategorias não são métodos
válidos para responder a questões de pesquisa, porém é oportuno nesta seção apresentá-
los como forma de auxiliar os estudantes no processo de ensino-aprendizagem para que
os mesmos não caiam nas armadilhas da pesquisa.

a.1 Tentativa única: O grupo de voluntários recebe um tratamento, seguido de um teste


para avaliá-los. Devido ao fato dos voluntários serem avaliados em apenas um
momento, o pesquisador pode apenas dizer que em algum ponto do tempo, os
voluntários tiveram certo nível de desempenho, porém este desempenho não pode ser de
modo algum atribuído ao tratamento.

a.2 Delineamento pré-teste/pós-teste: Inicialmente o grupo de voluntários é avaliado,


recebe um tratamento e ao final é reavaliado. Este delineamento é melhor que o anterior,
pois o pesquisador observa se ocorreu alguma mudança no desempenho. Porém, devido
não ter um grupo controle, o pesquisador não pode concluir que o tratamento causou
mudanças observadas na avaliação, ou seja, os resultados positivos observados podem
ter ocorrido por causa do tempo ou pela experiência adquirida com a avaliação.

a.3 Comparação de grupo estatístico: Os voluntários são distribuídos de forma não


aleatória em dois grupos (controle e tratado) e ao final do período da pesquisa, avalia-se
os voluntários e comparam ambos os grupos. A grande limitação deste delineamento é
pelo fato da distribuição não ter sido aleatória, não se pode afirmar que os grupos eram
semelhantes no início da pesquisa. Portanto, não podemos determinar se existe
diferença entre o grupo controle e o grupo tratado ou experimental.
2.4.2.2 Experimental
Os modelos de investigação científica experimentais normalmente usam
designação randomizada, manipulação de uma variável independente e controles rígidos
e examinam a causa e efeito de relações entre variáveis independentes (preditivas) e
dependentes (resultado) sob condições altamente controladas.

A) Grupos randomizados
Neste modelo, os voluntários são recrutados em uma população, constituindo
uma amostra representativa e os grupos são formados de forma aleatória, o que permite
pressupor a sua equivalência no início da pesquisa, porém os grupos não são pré-
testados. Cabe ao pesquisador controlar melhor as variáveis (ex: história passada dos
voluntários, maturação e testar as fontes de invalidação). Após o período de tratamento,
o pesquisador avalia e compara os resultados com o grupo controle e tenta concluir que
as diferenças entre os grupos foram devido ao tratamento.

B) Grupos randomizados pré-teste/pós-teste


De forma semelhante ao modelo anterior, os grupos são formados
aleatoriamente, porém todos os grupos são avaliados antes do tratamento. Em seguida, o
grupo experimental é exposto ao período de tratamento e após este período todos os
grupos são novamente avaliados. Este modelo de investigação científica permite ao
pesquisador quantificar a alteração produzida pelo tratamento, ou seja, verificar se o
grupo experimental mudou mais ou menos quando comparado com o grupo controle.

C) Estudos clínicos randomizados (ECRs)


Os ECRs são considerados padrão ouro para pesquisas biomédicas, por
apresentarem elevada validade interna e grande precisão na avaliação da eficácia e
efetividade de diversas intervenções terapêuticas e preventivas em saúde. Este modelo
utiliza desenhos longitudinais de intervenção, controlada, em que os pacientes são
distribuídos em dois ou mais grupos de forma aleatória (os grupos controle podem ser
um grupo que não recebe tratamento, que recebe um tratamento placebo ou que recebe
outro tipo de tratamento). Os ECRs são considerados as melhores fontes de evidência
para avaliar o efeito de uma determinada intervenção, isto é, se os tratamentos
fisioterapêuticos são eficazes ou não, no qual esses estudos devem sempre ser
escolhidos para auxiliar fisioterapeutas em suas tomadas de decisão clínica.
Ex: Short- and long-term effects of a six-week clinical Pilates program in addition to physical therapy on
postmenopausal women with chronic low back pain: a randomized controlled trial.

D) Cross-over
Este modelo de investigação científica também conhecido como modelo
cruzado, contrabalanceado ou de rotação. Os voluntários são designados aleatoriamente
e expostos a dois tratamentos, um grupo ao tratamento experimental e o outro grupo ao
tratamento de controle. Após um período de tempo, suficiente para permitir que
qualquer efeito do tratamento se desfaça, os tratamentos são trocados.

Ex: Controlled randomised crossover trial of the effects of physiotherapy on mobility in chronic multiple
sclerosis

2.4.2.3 Observacional
Diferente dos modelos descritivos, os modelos observacionais são caracterizados
quando o pesquisador pretende avaliar a associação entre um determinado fator e um
desfecho, estudar efeitos colaterais de diferentes terapias ou algumas contraindicações,
utilizando as informações já disponíveis, não intervindo diretamente na relação
analisada. Neste modelo não existem intervenções diretas sobre os voluntários do
estudo e nem aleatoriedade na distribuição dos voluntários, pois os mesmos, no início
da pesquisa foram classificados nos respectivos grupos.
Na prática clínica cotidiana, este modelo é uma solução mais factível
principalmente no caso dos estudos de coorte, como alternativas relevantes, a fim de
evidenciar os efeitos adversos raros ou tardios em termos do acompanhamento do
impacto de determinadas intervenções e/ou tratamentos.

A) Corte Transversal
Nos estudos do tipo transversal, todas as medições são feitas em um único
"momento", não existindo, período de seguimento dos voluntários. Fazendo uma
analogia, podemos imaginar que este tipo de estudo assemelha-se a uma fotografia
instantânea, no qual o pesquisador verifica o “agora”. O pesquisador deve analisar a
associação entre a exposição e o desfecho em apenas um instante na linha do tempo.
Neste tipo de estudo é possível avaliar a prevalência da doença e utilizar a razão
de prevalência para avaliar a força da associação entre a exposição e a doença”. A
desvantagem dos estudos transversais é a impossibilidade de estabelecer relações
causais por não provarem a existência de uma sequência temporal entre exposição ao
fator e o subsequente desenvolvimento da doença.

Ex: Funcionalidade de Membro Superior em Mulheres Submetidas ao Tratamento do Câncer de Mama.

B) Corte Longitudinal:
Estudo longitudinal visa analisar as variações das caraterísticas dos mesmos
elementos amostrais (indivíduos, empresas, organizações, etc.) ao longo de um período
de tempo, no qual os pesquisadores estão interessados na trajetória de vida dos
indivíduos incluídos na amostra, o que permite uma compreensão mais profunda sobre
as relações entre as variáveis observadas. A grande limitação deste tipo de pesquisa
inclui o alto custo e o índice elevado de desistência dos voluntários.

Ex: Alterações funcionais do sistema estomatognático em pacientes com rinite alérgica: estudo caso-
controle.

B.1 Caso controle


Este modelo também é conhecido como relato de caso ou estudo de caso, em que
envolvem uma descrição de casos com e sem uma exposição ou condição pré-existente.
É um modelo mais adequado para pessoas que estão hospitalizadas e apresentam
doenças raras. Devido este tipo de delineamento ter um número de amostra reduzido, a
observação torna-se bem limitada, não apresentando a real prevalência do desfecho da
população, logo, não é recomendado calcular a incidência e verificar o risco relativo
nesse tipo de estudo.

B.2 Coorte (Cohort)


São estudos longitudinais, no qual a observação é analisada pelo menos duas vezes,
ou seja, o pesquisador avalia/observa algo que acontece ao longo do tempo.

 Prospectivos:
Os voluntários são seguidos da “causa” para o “efeito”, ou seja, para frente
acompanhando o processo a ser pesquisado neles, ou seja, o desfecho ainda não ocorreu
(Presente *começo* → Futuro *termina*).
Ex: Estudo prospectivo de fatores prognósticos em lombalgia crônica tratados com fisioterapia: papel do
medo-evitação e dor extraespinal.

 Retrospectivos:
O pesquisador busca por fatores passados que podem ser considerados como
causas, logo já existe um efeito, deve-se agora buscar a causa. Os voluntários são
seguidos do “efeito” para a “causa”, ou seja, para trás, o processo a ser pesquisado já
ocorreu (Presente *começo* → Passado *observa o que aconteceu no passado*).
Como exemplo de um estudo retrospectivo, imagine uma população que foi
exposta a uma substância nociva há 20 anos e que atualmente essa população apresenta
um efeito colateral tardio (alguma doença). Diante do exposto, cabe o pesquisador
analisar e verificar o impacto causado por esta substância. Outro exemplo é quando o
pesquisador resgata a ficha de pacientes e verifica acontecimentos do passado que
possam ter influenciado na doença, ou seja, o pesquisador estuda os pacientes a partir de
um desfecho.

Ex: Fisioterapia na paralisia facial periférica: estudo retrospectivo.

Pelo fato de ser retrospectivo, este tipo de delineamento pode apresentar viéses
como: a) tendenciosidade b) informação, c) confusão. Ex: voluntários que se lembram
de fatos mais recentes, mas se esquecem de fatos mais antigos que podem ser
importantes no estudo ou até mesmo o voluntário pode exagerar nos relatos.

2.5 Tipos de revisão


A revisão da literatura é o processo no qual o pesquisador busca, analisa e
descreve sobre um tema relevante, utilizando o conhecimento contido em um material
(livros, artigos de periódicos, artigos de jornais, registros históricos, relatórios
governamentais, teses e dissertações e outros tipos) já publicado. No entanto, a
diversidade da terminologia utilizada no meio científico, proporcionou a classificação
de aproximadamente 14 tipos de revisão. Nesta seção, iremos abordar e fornecer uma
visão descritiva sobre os tipos mais comuns de revisões, com exemplos ilustrativos de
informação da área de saúde (Figura 4).
Figura 4 – Tipos de revisão.

2.5.1 Revisão crítica


É uma revisão tipicamente narrativa, conceitual ou cronológica, no qual o autor
faz uma investigação extensiva da literatura, identificando a maioria dos artigos
científicos significativos no campo de pesquisa. Cabe ao autor ir além da mera
descrição, ele deve identificar a contribuição conceitual do conteúdo existente e incluir
um grau de análise e avaliação crítica. O componente 'crítico' é o ponto forte deste tipo
de revisão, pois o resultado final pode produzir inovação conceitual ou nova teoria e
ainda discutir com escolas de pensamento concorrentes. Por outro lado, a revisão crítica
normalmente não demonstra sistematicidade, pois não existe nenhuma exigência formal
da qualidade dos artigos utilizados, da apresentação explícita dos métodos de pesquisa,
síntese e análise dos resultados.

Ex: A critical review of physiotherapy as a clinical service in occupational health departments.

2.5.2 Revisão de literatura


É uma revisão tipicamente narrativa e mais genérica, fornece uma análise da
literatura mais recente ou atual, sobre uma ampla gama de assuntos. A análise do tema
pode ser feita de forma cronológica, conceitual ou temática e em vários níveis de
qualidade e abrangência. Para a revisão de literatura, o pesquisador utiliza o
conhecimento já consolidado e identifica as lacunas existentes na literatura.
Da mesma forma que na revisão crítica, as revisões de literatura carecem da
intenção explícita em avaliar a qualidade dos artigos utilizados. Portanto as conclusões
podem conter um grande viés por omitir, os resultados de artigos significativos da
literatura, ou pior ainda, os autores podem apenas selecionar a literatura que apoia a sua
visão, propiciando credibilidade indevida a uma hipótese preferida pelo mesmo.

Ex: Qualidade de vida de cuidadores de adolescentes com transtorno do espectro


autista: uma revisão da literatura

2.5.3 Revisão sistemática


As revisões sistemáticas são delineadas para serem metódicas, explícitas e
passíveis de reprodução, integrando as informações de um conjunto de estudos
realizados separadamente sobre determinada terapêutica/intervenção, que podem
apresentar resultados conflitantes e/ou coincidentes. Esse tipo de estudo serve para
nortear o desenvolvimento de projetos, orientando novos temas para investigações
futuras e identificando quais métodos de pesquisa foram utilizados em uma determinada
área.
Para a realização de uma revisão sistemática é necessário: (I) pergunta clara,
especificando população e intervenção de interesse; (II) definição da estratégia de
busca, utilizando as bases de dados; (III) estabelecimento de critérios de inclusão e
exclusão dos artigos; (IV) análise criteriosa da qualidade da literatura selecionada e
justificar possíveis exclusões; (V) análise crítica e avaliação de todos os estudos
incluídos na revisão; (VI) escrita do resumo crítico, sintetizando as informações
disponibilizadas pelos artigos que foram incluídos na revisão e (VII) apresentação da
conclusão, informando a evidência sobre os efeitos da intervenção.

Ex: Eletroestimulação em doentes críticos: uma revisão sistemática

2.5.4 Revisão sistemática com meta-análise


É um tipo de revisão que tem como objetivo proporcionar resultados mais
precisos e resumido de todas as evidências publicadas. Na meta-análise, o pesquisador
responde a uma pergunta claramente formulada, utilizando métodos sistemáticos e
explícitos para identificar, selecionar e avaliar criticamente pesquisas relevantes, assim
ele reúne os resultados de vários estudos quantitativos, combina-os e sintetiza-os
utilizando procedimentos estatísticos com uma estruturação específica, a fim de evitar
viés e tendenciosidade da pesquisa.
Para a realização de uma revisão sistemática com meta-análise é necessário: (I)
definir claramente a questão a ser formulada; (II) definição da estratégia de busca,
utilizando as bases de dados; (III) estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão
dos artigos; (IV) análise criteriosa da qualidade da literatura selecionada e justificar
possíveis exclusões; (V) análise crítica de todos os estudos incluídos na revisão; (VI)
avaliar a heterogeneidade entre os estudos; (VI) cálculo dos resultados, estimando o
desempenho diagnóstico por meio de sensibilidades e especificidades, razões de
verossimilhança positiva e negativa, diagnóstico odds ratio, escores de efetividade e
curvas ROC comuns ou sumarizadas; (VII) avaliação do efeito da variação da validade
de cada estudo nas estimativas de desempenho diagnóstico; (VIII) interpretação dos
resultados avaliando o quanto se pode generalizar da meta-análise, conforme as
características dos voluntários; (IX) escrita do resumo crítico e (VII) apresentação da
conclusão, informando a evidência sobre os efeitos da intervenção.

Ex: The effects of resistance training on muscle strength, quality of life and aerobic capacity in patients
with chronic heart failure - A meta-analysis.

2.5.5 Síntese de evidência qualitativa


É um tipo de revisão tipicamente narrativo e qualitativo, em que o autor integra
ou compara os resultados de estudos qualitativos, empregando uma amostragem seletiva
ou intencional, tendo como resultado deste processo a ampliação da compreensão de um
determinado fenômeno ou o desenvolvimento de uma nova teoria. O ponto positivo
deste tipo de revisão é a obrigatoriedade da avaliação da qualidade dos artigos
utilizados.

Ex: Duarte A.L.C et. al. Esquemas desadaptativos: revisão sistemática qualitativa. 2008.

2.5.6 Guidelines
A diretriz de prática clínica (Guidelines) é um conjunto de recomendações para a
prática clínica (prevenção, diagnóstico e tratamento). Cada uma das recomendações
deve estar embasada pela melhor evidência científica disponível, representando
orientações para a prática baseada em evidências. As diretrizes devem tornar mais fáceis
as decisões na prática diária, devem ser concretas, precisas, aplicáveis em todo o
território nacional, devem alertar para os riscos, limitações, possíveis prejuízos e
benefícios de sua aplicação. Podem ser consideradas como um caminho que auxilia o
profissional a separar as práticas desnecessárias das necessárias.

Ex: Kottke T. et. al. Healthy lifestyles. Practice guideline, 2016.

2.5.7 Competências necessárias para escrever uma revisão:

A) Saber onde e como buscar as informações:


 Onde? → buscar nas bases de dados (PubMed, Pedro, Lilacs, Cochrane, Bireme,
Scielo, etc.);
 Como? → definir uma estratégia de busca adequada para identificar a
informação relevante sobre o tema.

B) Leitura crítica da informação científica:


 O pesquisador deve avaliar a coerência entre objetivos e desenvolvimento do
estudo; definição e operacionalização das variáveis do estudo; instrumentação
utilizada e consistência dos procedimentos; pertinência das análises realizadas e
se as conclusões são válidas e adequadas.

C) Conhecimento da estrutura da pesquisa:


 O pesquisador deve conhecer sobre o tema e estruturação da pesquisa
desenvolvida.

D) Conhecimento sobre normatização bibliográfica:


 O pesquisador deve saber como citar referências no texto e na lista de
referências, utilizando diferentes normas (ex: ABNT, vancouver, etc) ou ter
conhecimento de softwares específicos para formatação de referências
bibliográficas.
2.6 Nível de evidência científica
Ao longo das últimas décadas, profissionais da área da saúde utilizavam apenas
livros textos, cuja característica marcante eram as "receitas de bolo", que dispensavam a
necessidade de pensar para a tomada de decisões. Felizmente, isso vem mudando, visto
que a atuação prática destes profissionais é alicerçada em resultados de pesquisa
científica. Atualmente, o profissional pode recorrer a pirâmide dos níveis de evidência
proposta por Atallah AN e colaboradores 2004, no qual classifica a qualidade dos
estudos realizados na área da saúde (Figura 5).

Figura 5 - Pirâmide dos níveis de evidência em estudos na área da saúde. ECR – estudo
clínico randomizado; Megatrial: ensaio clínico com mais de mil casos. Fonte: Atallah
AN, Peccin MS, Cohen M, Soares B G O. Revisões sistemáticas e metanálises em
ortopedia. São Paulo: Lopso; 2004.

Cabe ressaltar que o pesquisador não deve desvalorizar nenhum tipo de


evidência científica, pois para cada pergunta existe um delineamento mais adequado,
por isso, o pesquisador deve identificar as vantagens e desvantagens de cada tipo de
estudo, bem como avaliar a disponibilidade dos meios e instrumentos necessários para a
realização da pesquisa.
1. Quais são os objetivos de uma pesquisa?

2. Toda pesquisa requer que o pesquisador faça a revisão de literatura. Qual é a


finalidade da Revisão de Literatura?

3. Um antropólogo americano pesquisou por 1 (um) ano uma tribo indígena no interior
da Amazônia, os Kawahiva, uma das últimas tribos que ainda vivem isoladas da
civilização. Nesse período observou aspectos do cotidiano e das práticas culturais dos
Kawahiva. O antropólogo fez uso de qual procedimento de pesquisa:

4. Quais são os principais métodos de investigação científica?

5. O que se define como uma revisão de literatura?

1) R. Resolver alguma questão (problema), onde se procura cientificamente a solução


adequada; Estudar e compreender fatos ou fenômenos da realidade, para encontrar
respostas novas nas questões formuladas; Demonstrar e desenvolver um raciocínio
lógico para a construção do conhecimento; Desenvolver e ampliar o espírito científico e
crítico do pesquisador, por meio da observação dos fenômenos espontâneos ou da coleta
de dados e registro de variáveis analisadas; Tentar conhecer e explicar os fenômenos
que ocorrem no mundo existencial.

2) R. Ela possibilita avaliar a viabilidade do tema, do ponto de vista teórico. Por ela se
pode efetuar um levantamento - dentro de uma linha histórica, desde o passado até
atualidade – do conhecimento já estabelecido e existente sobre o assunto/tema da
pesquisa. Ela também fundamenta o estabelecimento de hipóteses por parte do
pesquisador, e finalmente, fornece credibilidade à pesquisa (desde que sejam usadas
fontes e bases de dados científicas).
3) R: Estudo de caso.

4) R. Descritivos (populacional, relato de caso/estudo de caso e série de casos) e


analíticos (pré-experimental, experimental e observacional).

5) R. A revisão de literatura é o processo no qual o pesquisador busca, analisa e


descreve sobre um tema relevante, utilizando o conhecimento contido em um material
(livros, artigos de periódicos, artigos de jornais, registros históricos, relatórios
governamentais, teses e dissertações e outros tipos) já publicado.

Atallah AN, Peccin MS, Cohen M, Soares B G O. Revisões sistemáticas e metanálises


em ortopedia. São Paulo: Lopso; 2004.
Lakatos, E. M.; Marconi, M. A. Técnicas de pesquisa. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Pope, C.; Mays, N. Pesquisa qualitativa na atenção à saúde. 3.ed. Porto Alegre: Artmed,
2009.
Volpato, G. Ciência: da filosofia à publicação. 2. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica,
2013.
CAPÍTULO 3 - ELABORAÇÃO DO PROJETO DE
PESQUISA

Objetivos
1. Entender como se constrói um projeto de pesquisa;
2. Enumerar as principais dicas de construção de um bom projeto de
pesquisa;
3. Aprender a avaliar os benefícios e malefícios na elaboração de um projeto;
4. Descrever as etapas que consistem numa elaboração de um projeto de
pesquisa;
5. Diferenciar o tema do título da pesquisa científica.

3.0 Introdução
O projeto de pesquisa é o primeiro passo de toda pesquisa científica. No entanto,
elaborar um projeto antes de iniciar uma atividade não é exclusividade da Ciência.
Antes de construir uma casa, iniciar uma empresa, realizar uma viagem ao exterior ou
criar uma campanha de marketing, também é necessário realizar um planejamento que
minimize os riscos e aumente a probabilidade de sucesso.
Antes de começar a construir uma casa, você procura se informar sobre os
materiais de construção que terá de adquirir, sobre a mão-de-obra que precisará
contratar e, principalmente, sobre o dinheiro que terá que desembolsar, tendo em mente
qual é a aparência, o resultado final, da obra que você quer realizar. Em um projeto de
pesquisa, o raciocínio é exatamente o mesmo: desenvolver o planejamento detalhado de
uma pesquisa que se pretende realizar. Portanto, inicialmente neste capítulo, serão
conceituados o que é um projeto de pesquisa e discutido as fases e etapas da elaboração
do projeto de pesquisa.
Em seguida, serão abordados quais os requisitos necessários para obter sucesso
no projeto de pesquisa e os itens como referenciais teóricos, metodológicos e elementos
complementares que devem ser incluídos no projeto. Por fim, serão abordados os
principais problemas que podem surgir durante esse processo e como avaliar a
viabilidade do projeto de pesquisa.
3.1 Projeto de Pesquisa
Iniciando pelo próprio sentido da palavra “projeto”, fica fácil entender que o
projeto de pesquisa consiste numa importante etapa da produção científica e se
caracteriza como uma ação a ser desenvolvida, antevendo tudo que será construído
mediante o conjunto de ações a serem executadas para a realização da pesquisa.
É no projeto de pesquisa que o pesquisador esboça, delimita, explica e descreve
de forma clara e objetiva, suas principais intenções, reais interesses e o tipo de
abordagem que o norteará sobre tema ao qual discorrerá. O pesquisador ressalta acerca
dos questionamentos que o instigaram a proceder desta ou daquela forma, exprimindo a
intencionalidade e a finalidade da monografia, TCC, dissertação ou tese que o
sucederão, ou seja, o projeto de pesquisa representa o “cartão de visita” do pesquisador.
O projeto de pesquisa origina-se de um problema ou da curiosidade do
pesquisador, no qual o mesmo cria propostas (perguntas, hipóteses, objetivos e material
e métodos), utilizando procedimentos racionais e sistemáticos para encontrar a solução
do problema (resultados e respostas) (Figura 1).

Figura 1 – Origem do projeto de pesquisa.

É no projeto de pesquisa que o pesquisador analisa todas as possibilidades, os


prós e os contras, os pontos positivos e negativos da realização propriamente dita da
pesquisa. Caso contrário, corre-se o risco de iniciada a pesquisa, o pesquisador esbarrar
em empecilhos que dificultam ou descaracterizam sua pesquisa, resultando em um fluxo
enorme de dados inúteis e de difícil análise, sem objetividade e exaustão dos
pesquisadores, o que culmina na desistência da pesquisa e gasto do dinheiro público.
3.2 Requisitos necessários para obter sucesso no projeto de pesquisa
Antes de discutirmos sobre todos os tópicos que você encontra nos livros-textos
tradicionais sobre metodologia científica, quero convidar você a pensar de forma
diferente. Para se obter sucesso no projeto de pesquisa, você deve pensar “fora da
caixa”; você deve identificar as necessidades do mercado e baseado nelas, você deve
criar ideias para resolver um problema que contribua de alguma forma para a sociedade,
ou seja, além de fazer ciência, a sua pesquisa deve gerar um impacto social.
Outros requisitos importantes para obter sucesso, é a sua capacidade de
organizar e sistematizar o tempo, utilizar softwares (formatação de projetos) e sua
habilidade de relatar, executar e disseminar os resultados da pesquisa.

3.3 Fases do projeto de pesquisa


De forma didática, o projeto de pesquisa pode ser divido em duas fases: 1˚ Fase -
Elaboração criativa e informal e 2˚ Fase - Formatação normativa e formal. Neste
capítulo, será abordado somente a primeira etapa enquanto que a segunda etapa será
discutida no próximo capítulo. Para a elaboração do projeto de pesquisa competitivo, o
pesquisador envolve-se com uma ideia até a sua formatação final, no qual ele deve
responder uma sequência de questões referentes ao que ele irá pesquisar (Figura 2).

Figura 2 – Questionamentos para a elaboração do projeto de pesquisa competitivo.


3.4 Etapas da elaboração do projeto de pesquisa

Etapa 1 – Surgimento da ideia


A primeira etapa inicia-se pelo surgimento da ideia, do problema, da pergunta ou
da necessidade da pesquisa (Figura 3). As pesquisas surgem das ideias, não importando
o tipo de paradigma que fundamenta o estudo nem o enfoque a ser seguido. As ideias
são o primeiro contato com a realidade objetiva (quantitativa), subjetiva (qualitativa) e
intersubjetiva (mista) que será pesquisada ou com os fenômenos, eventos e ambientes
que serão estudados.
É muito comum, jovens pesquisadores não terem ideia alguma do que pesquisar,
não saber o que fazer, onde procurar, não conhecer nenhuma demanda e até mesmo não
ver a necessidade de nada. Para ter uma ideia criativa, inovadora ou identificar no
mercado uma demanda ou necessidade, é necessário tempo e experiência. Vamos aqui
discutir algumas técnicas que podem ajudá-lo.

Figura 3 – Etapas da elaboração projeto de pesquisa

Inicialmente, sugiro que sua prática de leitura diária aumente consideravelmente.


Comece lendo jornais e livros, à medida que for aumentando o seu gosto pela leitura,
tente identificar os temas que mais lhe motivam e leia monografias, dissertações, teses e
artigos científicos recentes e interessantes nas revistas consideradas de bom nível em
sua área. Outra forma de aprimorar sua criatividade é observando os fatos e crenças ao
seu redor e até mesmo conversas informais (restaurantes, hospitais, bancos, indústrias e
universidades) sobre um determinado tema, utilize todas estas fontes de informação
como geradores de ideias para sua pesquisa.
Após ter a ideia, é necessário analisá-la, verificar se ela é realmente relevante,
atraente, intrigante, estimulante, motivante e excitante a ponto do pesquisador envolver-
se cada vez mais com a pesquisa. As boas ideias não são necessariamente novas, mas
originais, no qual a ideia deve ser capaz de atualizar, adaptar formulações, elaborar,
integrar ou comprovar teorias, solucionar problemas e gerar novas perguntas e
questionamentos.
O pesquisador deve familiarizar-se com o campo de conhecimento, consultar o
máximo de informações e dados necessários para estruturar sua ideia formalmente. É
recomendado apresentar sua ideia para um expert na temática para que sua ideia torne-
se mais precisa, estruturada e específica, para que você consiga esboçar o que pretende
pesquisar com maior clareza e formalidade.
Nesta etapa, é importante o pesquisador ter afinidade com o tema e
principalmente tempo disponível para vencer os obstáculos que surgirem ao longo do
caminho, realizando assim sua pesquisa com o objetivo de produzir um novo
conhecimento, desenvolver e/ou melhorar uma nova tecnologia, um novo método,
processo ou produto.
Antes de discutirmos a segunda etapa da elaboração do projeto de pesquisa,
vamos entender a diferença entre tema e título. O primeiro ponto a ser salientado é que
tais conceitos (tema e título) não correspondem à mesma coisa. Ao contrário, o tema da
pesquisa e o título da pesquisa são elementos absolutamente contíguos e que devem ser
selecionados criteriosamente, para que possam alçar total correspondência.
O tema faz menção direta ao assunto a ser explorado, ao universo ante o qual o
pesquisador vislumbra possibilidades para a realização da pesquisa. É a partir do tema
que o pesquisador identificará o objeto de estudo ou a intenção da pesquisa, para que o
mesmo elabore ideias, diretrizes, hipóteses e teorias para que sejam defendidas por meio
de sua pesquisa. O tema, representa, portanto, o cerne do que será efetivamente
explorado e, acima de tudo, proporciona ao pesquisador consagrar sua contribuição em
sua área de atuação.
O título é uma forma textual clara que expressa em poucas palavras aquilo que
será realizado a partir do tema, ou seja, o título é uma chamada para o assunto e o
posicionamento do texto abordado. Ao entregar o projeto de pesquisa é necessário que
tenha um título, mas com frequência ele será provisório. Não se preocupe, pois o título
final será determinado, de fato, somente depois da redação completa do estudo.
Lembre-se: a escolha do tema interfere na criação do título, no qual ambos os
aspectos, refletem na composição de um trabalho acadêmico rico, qualitativo e apto à
aprovação.

Ex: Assim, se o pesquisador elege como tema "Fisioterapia geriátrica", deve idealizar um título
como "Benefícios da prática de atividades aquáticas na melhoria da qualidade de vida em idosos
portadores de osteoartrose".

Dicas para ter sucesso quando escolher seu tema:


 Conheça o que foi feito a respeito de um tema;
 Evite pesquisar sobre algum tema que já foi estudado profundamente;
 Aborde um tema pouco conhecido ou não estudado;
 Traga uma visão diferente ou inovadora sobre determinado tema;
 Elabore uma boa pergunta referente ao tema escolhido.

Etapa 2 – Pesquisando na base de dados


Na segunda etapa, o pesquisador deve pesquisar tudo que existe de relevante
sobre o tema consultando na base de dados (CINAHL; Cochrane; EMBASE;
MEDLINE; PsycINFO; Scielo; PeDro; PubMed; Lilacs; Scopus e Periódico Capes),
bancos digitais de teses e dissertações e bibliotecas digitais. Esta é uma etapa bastante
trabalhosa e que demanda um tempo considerável de busca e leitura de livros,
monografias, dissertações, teses, artigos, entre outros materiais informativos. Por isso, é
necessário saber encontrar rápido o que interessa e o que é importante e relevante, caso
contrário pode-se perder a motivação para a realização da pesquisa (Figura 3).
Para otimizar esta etapa, inicialmente escolha uma base de dados e três
descritores (palavras-chave) do seu tema; em seguida selecione os artigos pelos títulos
de preferência, títulos que estão mais próximos do tema a ser pesquisado. O próximo
passo é ler o resumo e as conclusões e caso o artigo seja útil, faça um download e
arquive o artigo em uma pasta para posteriormente ser lido na íntegra (Figura 4). Caso
sua pesquisa acarrete no desenvolvimento de uma patente, é necessário fazer uma
pesquisa na base de dados do INPI a existência de patentes relacionadas ao tema (Figura
3).
Após a busca, identificação e classificação dos artigos científicos, o pesquisador
deve fazer a leitura na íntegra dos artigos, selecionando as publicações que sustentem os
seus argumentos sobre a necessidade e importância do projeto de pesquisa.

Figura 4 – Fluxograma para otimizar a busca de artigos científicos.

3.5 Itens do projeto de pesquisa


Agora que você definiu os referenciais teóricos (tema, problema, hipótese,
objetivo geral, objetivos específicos e justificativa) da pesquisa, cabe ao pesquisador
incluir no projeto os referenciais metodológicos (cenário ambiente de estudo,
amostragem, formas de coleta dos dados e informações, organização e análise dos
dados) e elementos complementares (equipe, produtos, cronograma, orçamento e
bibliografia) da pesquisa. Os detalhes de estruturação e formatação do projeto de
pesquisa serão descritos no próximo capítulo.

3.6 Avaliando a viabilidade do projeto de pesquisa


Antes de enviar o seu projeto de pesquisa às agências de fomento ou empresas
patrocinadoras, é importante você avaliar a viabilidade e considerar o poder competitivo
do projeto de pesquisa. Para isso, basta avaliar se o problema no qual se insere a
pesquisa é relevante. O objetivo da pesquisa é uma proposta que merece investimento?
O objetivo será alcançado com a metodologia proposta? O que seu projeto de pesquisa
muda na Ciência? Por que as pessoas se interessariam em ler o seu projeto de pesquisa?
É importante para o meio acadêmico? Vai gerar um novo conhecimento? Vai agregar
algo novo àquilo já existente? É importante para o meio empresarial? É uma inovação?
É um diferencial competitivo? Caso você consiga responder algumas destas perguntas,
formate o projeto e envie para ser avaliada. Caso contrário retorne ao início (Figura 5).

Figura 5 – Viabilidade do projeto de pesquisa

3.7 Problemas que podem surgir durante o processo de pesquisa


Diversos são os fatores que podem resultar em problemas durante o processo de
pesquisa. Desde erro de formulação do objetivo, erros nos critérios de elegibilidade,
padronização de procedimentos experimentais (coleta de dados), falta de cegamento dos
voluntários e avaliador, erros de tratamento estatístico, atrasos dos voluntários ou
pesquisadores, perda amostral, problemas técnicos dos equipamentos, equipamentos
descalibrados, erros de testagem, falta de check list, falta de conhecimento aprofundado
do projeto de pesquisa, desempenho dos colaboradores, atraso dos recursos ou serviços
de terceiros entre outros.
Porém, o intuito aqui não é descrever todos os fatores intervenientes durante o
processo de pesquisa, mas em categorizar os problemas em previstos e imprevistos e
que os mesmos são influenciados por fatores internos ou externos. A princípio, na fase
de elaboração do projeto de pesquisa cabe ao pesquisador responsável descrever tudo
que será realizado durante a pesquisa, com o máximo de detalhamento e clareza, a fim
de controlar ambos os fatores internos e externos, reduzindo a chance de ocorrência dos
problemas e imprevistos, ou seja, o pesquisador deve inseri-los na fase teórica da
pesquisa. Os imprevistos irão ocorrer durante a fase seguinte, na execução da pesquisa
em que os fatores internos e externos influenciarão de forma a prejudicar a boa
execução da pesquisa (Figura 6).

Figura 6 – Possíveis problemas durante o processo de pesquisa.

1. O que significa um projeto de pesquisa?

2. Quais são as principais dicas para se ter sucesso na escolha do tema?

3. Quais são as principais bases de dados que o pesquisador pode utilizar para
fundamentar sua pesquisa?

4. A escolha do tema da pesquisa é o momento em que o pesquisador deve cuidar para:


I. Definir com clareza o que será estudado
II. Escolher o tema após pesquisar a bibliografia sobre o assunto
III. Solicitar ao professor que escolha o tema da pesquisa
IV. Escolher um tema inédito e atrativo que ainda não possua bibliografia considerável
A) As afirmativas I e II estão corretas
B) As afirmativas III e IV estão corretas
C) Todas as afirmativas estão corretas
D) As afirmativas I e III estão corretas

5. Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e


operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver,
limitando o seu campo e apresentando suas características. O problema, antes de ser
considerado apropriado, deve ser analisado sob os seguintes aspectos:

A) Exequibilidade, operacionalidade, relevância, custo financeiro e novidade.


B) Viabilidade, relevância, novidade, exequibilidade e oportunidade
C) Viabilidade, operacionalidade, relevância, oportunidade e novidade.
D) Oportunidade, exequibilidade, novidade, custo financeiro e viabilidade.
E) Relevância, custo financeiro, oportunidade, novidade e viabilidade.

1 R. O projeto de pesquisa consiste numa importante etapa da produção científica e se


caracteriza como uma ação a ser desenvolvida, antevendo tudo que será construído
mediante o conjunto de ações a serem executadas para a realização da pesquisa.

2 R. Conheça o que foi feito a respeito de um tema; Evite pesquisar sobre algum tema
que já foi estudado profundamente; Aborde um tema pouco conhecido ou não estudado;
Traga uma visão diferente ou inovadora sobre determinado tema; Elabore uma boa
pergunta referente ao tema escolhido.

3 R. CINAHL; Cochrane; EMBASE; MEDLINE; PsycINFO; Scielo; PeDro; PubMed;


Lilacs; Scopus e Periódico Capes.

4. R. Letra A
5. R. Letra B

VOLPATO, GILSON. Ciência: da filosofia à publicação. 2. ed. São Paulo: Cultura


Acadêmica, 2013.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Técnicas de pesquisa. 7.ed. São Paulo: Atlas,
2008.
POPE, C.; MAYS, N. Pesquisa qualitativa na atenção à saúde. 3.ed. Porto Alegre:
Artmed, 2009.
ALON, URI. How To Choose a Good Scientific Problem. Molecular Cell, 35, 726-728,
2009.
CAPÍTULO 4 - ESTRUTURAÇÃO E FORMATAÇÃO DO
PROJETO DE PESQUISA

OBJETIVOS
1. Entender a importância de uma elaboração de um bom projeto científico;
2. Descrever componentes básicos de um projeto científico;
3. Aprender a construir um projeto científico;
4. Diferenciar as ações concernentes aos objetivos da pesquisa;

4.0 Introdução
A elaboração do projeto de pesquisa, monografias, dissertações, teses e artigos
científicos requerem uma padronização e uma normatização. Normatizar um artigo, uma
tese ou um projeto de pesquisa, por exemplo, é considerada por grande parte dos
estudantes como a pior parte do projeto científico, porque, de fato, requer paciência,
tempo e muitas vezes, a contratação de uma empresa ou pessoa especializada no assunto
para formatar todo o trabalho. Portanto, este capítulo tem como objetivo auxiliar os
jovens pesquisadores no desenvolvimento, estruturação e formatação do projeto de
pesquisa, bem como padrões de redação, procedimentos para pesquisas bibliográficas,
seleção, organização e leitura das obras, bem como a construção de citações diretas e
indiretas. Serão, também, abordados todos os tópicos estruturais e de formatação do
projeto de pesquisa.

4.1 Estruturação e Formatação do Projeto de Pesquisa


De forma geral, a estruturação e formatação do projeto de pesquisa são
compostas por itens categorizados em referenciais teóricos, metodológicos e elementos
complementares (Figura 1).
Figura 1 – Estruturação e formatação do projeto de pesquisa.

4.2 Título
Como descrito no capítulo anterior, título é uma forma textual clara que expressa
em poucas palavras aquilo que será realizado a partir do tema, ou seja, o título é uma a
chamada para o assunto e o posicionamento do texto abordado.

Como criar bons títulos?

A primeira regra que você deve saber é que seu título é a primeira conexão com
os leitores e seu trabalho e que pelo título é que começa a seleção dos artigos. Portanto
se você falhar, tudo estará perdido. Você deve pensar bastante e com muito critério
antes de definir o título do seu artigo.
Para criar um título matador, o autor deve tentar transmitir o conteúdo do artigo
ou da pesquisa, de modo mais sucinto, compreensível e fiel ao conteúdo possível. O
título precisa conter elementos necessários que despertem a atenção, interesse e desejo
dos leitores. Geralmente, um bom título é constituído por uma frase impactante e
desafiadora contendo a problemática, objetivo, essência inovadora e até mesmo da
conclusão do trabalho acadêmico em questão.
Apesar de alguns autores afirmarem que existe uma tendência de encurtar os
títulos, recentemente após uma análise de mais de 10 mil dissertações de sete áreas do
campo da educação não comprovou essa tendência.

Exemplos:

Ex 1: “Preparação profissional”
- Exageradamente sintetizado;
- Não é particularmente útil.
- Não inclui o campo nem os aspectos da preparação profissional estudada.

Ex 2: “Doze minutos de nado como teste de resistência aeróbia na natação”


- Exatamente qual é o ASSUNTO do trabalho;
- Define o PROPÓSITO específico – Validação de 12 minutos de nado;
- DELIMITA o campo do estudo – Avaliação da resistência aeróbia de
nadadores.

O autor sempre deve focar no seu público, principalmente com a terminologia


adotada nos títulos de suas pesquisas. O autor deve pressupor que os leitores muitas
vezes não têm o mínimo de familiarização, principalmente com termos muito
específicos (nomes científicos - ex: espécies) de uma área de pesquisa, caso o autor não
tenha este cuidado, pode surgir o não interesse pela leitura e até mesmo problemas de
entendimento (Figura 2).

Figura 2 – Exemplos de títulos inadequados.


4.3 Introdução
Na introdução da monografia, dissertação, tese ou artigo científico, o autor deve
fornecer informações sobre o tema, a fim de despertar o interesse pela pesquisa e
convencer os leitores da importância do problema. É na introdução que o autor
apresenta e contextualiza a problemática, destacando as áreas que precisam de pesquisa
e mostrando porque é interessante, importante e necessária a pesquisa.
É neste momento, que o autor deve apresentar e justificar os objetivos propostos
e as razões que tornam sua hipótese extremamente provável. Contudo, as inclusões de
definições de alguns termos são importantes, mesmo para leitores bem-informados, uma
vez que estas informações extras são necessárias para que os leitores entendam a
natureza do problema e tenham interesse suficiente e apreciem o raciocínio que você
desenvolveu para solucionar a questão. Por outro lado, não fale demais, vá direto ao
ponto, o leitor deve entender de onde veio e qual é a relevância da sua pergunta
científica.
Para redigir uma introdução fluente, unificada, razoavelmente breve e bem-
escrita, é necessária uma habilidade literária e uma fundamentação sólida do autor. O
texto deve ter uma sequência lógica, contendo informações básicas e concisas, que
expliquem o raciocínio do autor e conduzam o leitor à pergunta, ao objetivo e a hipótese
da pesquisa.

4.4 Revisão teórica ou da literatura


A revisão teórica ou da literatura é realizada por meio de um levantamento
bibliográfico e documental utilizando periódicos científicos, anais e livros localizados
em bibliotecas e bases de dados on-line. Neste tópico, o pesquisador deve demonstrar as
contribuições científicas existentes e compartilhar com o leitor os resultados de outras
pesquisas relacionadas diretamente ao tema do projeto.
A estrutura da escrita deve ser lógica, coerente entre as partes elaboradas
anteriormente (introdução, problema de pesquisa, objetivo da pesquisa, justificativa
teórica e prática) e fundamentada nas teorias existentes sobre o tema, para que o leitor
entenda claramente quais as variáveis compõem o problema de pesquisa, ou seja, a
revisão teórica tem como objetivo informar ao leitor o que realmente ele precisa saber
para entender a pesquisa.
4.5 Objetivo
O objetivo esclarece o que é pretendido com a pesquisa, ou seja, o que você quer
descobrir. O autor também apresenta quais perguntas pretende responder, qual problema
pretende resolver ao final da investigação. Do ponto de vista científico, o resultado de
uma pesquisa é medido pelo cumprimento do objetivo. Apesar da vanguarda científica
discordar, normalmente o objetivo é subdividido em: objetivo geral e objetivos
específicos.

4.5.1 Objetivo Geral


O objetivo geral, possui uma dimensão mais ampla da pesquisa, em que deve
delimitar e expressar a finalidade principal da pesquisa. O objetivo geral pode
apresentar diferentes proposições no qual podemos incluir: descrever algo interessante
ou que precisa ser descrito; avaliar novos indicadores de processos relevantes ou novos
mecanismos para efeitos já conhecidos; testar novos fatores interferentes em processos
relevantes; alicerçar novas interpretações/significados para histórias antigas ou ainda
apresentar produtos que substituam os existentes.

4.5.2 Objetivos específicos ou estratégias de pesquisa


Os objetivos específicos podem ser elaborados a partir do objetivo geral,
definem as metas e estratégias metodológicas específicas da pesquisa que
sucessivamente complementam e viabilizam o alcance do objetivo geral e a execução da
pesquisa (Quadro 1).

Quadro 1 – Descritores utilizados para descrever os objetivos específicos.


4.5.3 Hipóteses
As hipóteses são possíveis respostas ou afirmações provisórias para as perguntas
definidas com o problema da pesquisa e que ainda não foram testadas. A ideia central
das hipóteses é tentar explicar um fenômeno de interesse com a intenção de,
posteriormente à realização da pesquisa científica, ser declarada falsa ou verdadeira,
aceita ou rejeitada. Uma boa hipótese deve ser escrita em linguagem simples, de
maneira a expressar exatamente a ideia que será testada por meio da pesquisa científica.
Geralmente, para se construir uma hipótese, deve-se estabelecer uma relação de causa e
efeito na frase. Ex: Se existirem restos de alimentos na lixeira aberta, então haverá
proliferação de moscas, baratas e ratos.

4.6 Justificativa
Do ponto de vista prático, a justificativa acaba tendo, de fato, certa sobreposição
com os tópicos da introdução e dos resultados esperados. Portanto, tente reduzir essa
redundância, dentro do possível. A justificativa é um texto curto em formato
dissertativo, com aproximadamente 100 a 200 palavras, no qual o pesquisador
argumenta o porquê escolheu aquele recorte específico dentro do universo de interesse e
como ele irá responder as perguntas e expectativas de sua pesquisa.
Na justificativa do projeto, o pesquisador deve destacar a importância, a
relevância intelectual e prática e o porquê tal pesquisa deve ser realizada. Agora é o
momento de “vender o projeto”, ou seja, nesta seção o pesquisador deve deixar claro e
de forma convincente as razões de ordem teórica e prática, explicando os motivos, as
reais contribuições e os avanços acadêmicos que justificam o projeto de pesquisa.
É na justificativa que o pesquisador apresenta argumentos sólidos de forma
lógica e direta que explique porque a realização da sua pesquisa pode contribuir de
algum modo para a compreensão, intervenção, solução do problema ou o
aperfeiçoamento de um método/técnica. Evite argumentos vagos, como: “falta de
estudos”, “o projeto tem grande relevância para a conservação”. Esses fundamentos não
são suficientes para justificar uma pesquisa.
Seja criativo e convincente; destaque a novidade da sua pesquisa, a necessidade
de pesquisar, a forma de descrição, a importância de uma condição diferenciada, a
utilização de uma técnica inovadora, explique a importância de avaliar a associação de
variáveis e de estudar fatores que afetam outras variáveis. Lembre-se essa seção é muito
importante e deve ser escrita com cuidado, pois você deve convencer o financiador, o
assessor e o gerente responsável porque vale a pena investir na sua ideia e não outra, ou
seja, o seu projeto deve destacar-se na multidão.
Por fim, para testar sua justificativa, peça a opinião dos seus colegas, peça para
que os mesmo a leiam sem incluir o resto do projeto. Lembre-se: sua justificativa
precisa ser convincente. Se seu colega ficar interessado em financiar sua pesquisa com
base só na justificativa, ótimo, caso contrário reescreva sua justificativa.

4.7 Material e Métodos


O tópico Material e Métodos consiste no conjunto de estratégias, técnicas e
procedimentos que tem por finalidade viabilizar a execução do projeto, obtendo-se
como resultado um novo conhecimento, processo ou produto. Aqui é o momento em
que o pesquisador deve descrever como se pretende chegar ao resultado da pesquisa, ou
seja, o leitor deve entender como os métodos escolhidos testarão adequadamente as
hipóteses da pesquisa.
Esta seção deve ser descrita de forma detalhada (etapa por etapa), evitando
informações desnecessárias e não esquecendo as informações importantes. É
fundamental escrever uma boa seção de métodos, deixando bem claro como você
conduziu o estudo de forma que outros pesquisadores consigam reproduzir e replicar
todos os resultados dos seus experimentos. A seção Material e Métodos devem ser
estruturados didaticamente, apresentando e destacando os seguintes tópicos: descrição
da amostra, comitê de ética, estratégia de investigação (delineamento), detalhes técnicos
da coleta e análise dos dados (tratamento estatístico).

4.7.1 Descrição da amostra ou sujeitos da pesquisa:


Inicie descrevendo sua amostra, detalhando quem são os participantes, faixa
etária (crianças, jovens, adultos ou idosos), o gênero (masculino, feminino ou ambos),
condição inicial (ex: treinado ou não treinado, experiente ou iniciante); características
antropométricas (peso, % de gordura), características socioeconômicas (classe A, B, C e
D), se pratica uma modalidade esportiva (judocas, ciclistas, corredores e etc) e etc.
Após a descrição detalhada da amostra, o próximo passo é descrever como foi
realizado o cálculo amostral, o planejamento da amostra: probabilística (aleatória
simples, sistemática, estratificada ou por conglomerados) ou não probabilística (por
conveniência, por julgamento, por cotas ou estudo de caso) e o recrutamento da amostra
(Ex: anúncios impressos, em rádios e jornais locais, redes sociais, telefonemas e etc).
Neste tópico também deve especificar os critérios de elegibilidade (critérios de
inclusão e exclusão) ex: utilização de medicamentos; problemas cardiovasculares,
metabólicos, limitações articulares, contraindicação à prática de exercício físico e etc.

Exemplo: A amostra foi composta de 45 militares do sexo masculino, com idades entre
18 e 21 anos, e média (±DP) de 18,7 (±0,7) anos. Todos estavam aptos à prática de
exercícios físicos e não apresentavam fatores de risco para desenvolvimento de doenças
cardiovasculares. (https://revista.eefd.ufrj.br/EEFD/article/view/335/pdf_6).

4.7.2 Descrição do comitê de ética:


Todo projeto de pesquisa, financiado ou não por instituições de fomento, que
envolver estudo com seres humanos deverá ser submetido à aprovação por um Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP), com o objetivo de cumprir o disposto na Resolução nº
196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Portanto antes de iniciar a pesquisa, a mesma
obrigatoriamente deve ser aprovada pelo comitê de ética.
Após a aprovação pelo CEP, todos os voluntários devem ler e assinar um termo
de consentimento livre e esclarecido (TCLE), no qual esclarece que a escolha feita pelo
mesmo é livre de coerção do pesquisador, de outros profissionais, de seus familiares,
amigos ou da própria sociedade.
Este termo de consentimento deve conter informações sobre a instituição,
endereços e telefones para contato do pesquisador responsável, título da pesquisa; o que
é a pesquisa, objetivos, duração do envolvimento, todos os tipos de procedimentos
destacando quais são experimentais, forma de obtenção da amostra, uso de placebo,
direito a acessibilidade, garantia de confidencialidade, descrição dos benefícios, riscos,
desconfortos e constrangimentos do participante, despesas, compensações e formas de
ressarcimento caso ocorrerem danos, contato de emergência, voluntariedade na
aceitação e possibilidade de abandono a qualquer momento sem restrições ou
consequências e não pagamento ao voluntário pela participação da pesquisa.
No final do TCLE deve conter um campo de identificação do pesquisador
responsável e do voluntário da pesquisa ou seu representante legal, caso o voluntário da
seja menor de 18 anos. Por fim, o TCLE deverá ser assinado em duas vias pelo
pesquisador responsável e pelo voluntário no qual o mesmo concorda e fornece o
consentimento ao pesquisador.
Para que o projeto de pesquisa seja aprovado pelo CEP, o mesmo deve
apresentar a seguinte estrutura:

1) Folha de rosto para pesquisa envolvendo seres humanos


- Será gerada automaticamente ao pesquisador, quando o mesmo finalizar o processo de
registro de sua pesquisa na plataforma Brasil.

2) Ofício de encaminhamento do pesquisador responsável.

3) Projeto de pesquisa (deverá ser registrado e enviado eletronicamente via Plataforma


Brasil).

4) Modelo de Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE):


5) Modelo de carta de anuência

Figura 3 – Modelo de carta de anuência.


Para mais informações sobre o papel dos comitês de ética em pesquisa acesse o
artigo: http://www.scielo.br/pdf/rbcp/v27n1/25.pdf

4.7.3 Descrição da estratégia de investigação (delineamento)


O delineamento da pesquisa compreende o planejamento, ou seja, é aqui que o
pesquisador escolhe uma estratégia de pesquisa que seja coerente com problema e
objetivos da mesma. O pesquisador deve levar em consideração fatores como: tempo
disponível, acesso às informações, financiamento, entre outros.
Neste tópico o pesquisador deve descrever os principais elementos: a) tipo de
estudo (ex: longitudinal, transversal, estudo de caso, estudo de caso clínico
randomizado, coorte retrospectivo ou prospectivo e etc), b) amostragem (número de
voluntários em cada grupo e se os voluntários foram distribuídos de forma secreta e
aleatória), c) informar se os voluntários, terapeutas e avaliadores participaram de forma
cega no estudo, d) caracterização das variáveis dependente e independente, e)
instrumentos utilizados na coleta de dados, f) procedimentos utilizados na coleta dos
dados e a estrutura da situação de teste, g) instruções dadas aos participantes, h)
descrição dos tratamentos, i) comparações e procedimentos para análise aplicados aos
diferentes grupos de participantes e j) interpretação dos dados.
Além de todos os elementos supracitados, é fortemente recomendada a
apresentação esquemática dos procedimentos metodológicos, de forma a facilitar o
entendimento da execução da pesquisa.

4.7.4 Descrição dos detalhes técnicos da coleta


O pesquisador deve informar qual a técnica utilizada, como os dados foram
obtidos, por quem os testes foram aplicados e se os avaliadores foram treinados ou não.
Caso seja utilizado um questionário, o pesquisador deve incluir as questões de
validação, pré-teste e etc. Por outro lado, se os dados forem coletados por meio de
entrevistas, o pesquisador deve indicar o tipo utilizado e porque este tipo é melhor ou
mais coerente com o tipo de fenômeno que se pretende investigar.
4.7.5 Tratamento estatístico
Neste tópico, o pesquisador deve prever e apresentar como os dados serão
analisados (ex: os dados serão analisados por meio da estatística descritiva, inferencial
ou os dados serão analisados por meio de análise de conteúdo temática, entre outras
técnicas de análise).

4.8 Orçamento
As agências financiadoras exigem que os projetos de pesquisa sejam
acompanhados de um planejamento orçamentário. O orçamento do projeto de pesquisa
deve conter a descrição dos recursos financeiros necessários para desenvolver e
executar as atividades da pesquisa. As informações devem ser bem claras,
possibilitando ao pesquisador ter uma previsão de quanto dinheiro é necessário, com o
que, quanto e quando serão gastos os recursos e quais as fontes (agências financiadores)
ele poderá solicitar para colocar em prática a pesquisa.
O orçamento, deve ser um item conciso, prático e esclarecedor para qualquer
leitor/financiador. Geralmente não há muita redação, ele é organizado em forma de
tabela e subdivido em várias categorias ou grupos de despesas: materiais permanentes,
de consumo, serviço de terceiros e despesa com pessoal (Figura 4). Caso julgue
interessante e necessário o pesquisador pode fazer alguns comentários sobre itens
específicos.
De posse de todos os recursos necessários para realização das atividades da
pesquisa, cabe ao pesquisador identificar possíveis fontes de financiamento (ex:
CAPES, CNPQ, FACEPE, órgão governamental, ONG, sociedade científica ou empresa
privada). Mesmo que o projeto seja autofinanciado, é obrigatório apresentar o
orçamento e expor que a pesquisa será custeada pelos próprios pesquisadores.
Figura 4 – Modelo de orçamento.
4.9 Cronograma
O cronograma do projeto é um quadro complementar ao quadro dos objetivos,
ações e resultados, que nos permite saber quando cada ação será realizada. Neste tópico
o pesquisador insere as atividades que serão desenvolvidas ao longo do tempo. O
cronograma deve ser elaborado com critério, pois constitui um instrumento essencial de
gestão para ser consultado e obedecido.
O cronograma apresenta-se em formato de quadro, em que o pesquisador divide
o trabalho todo em etapas e inserem-se as principais atividades do projeto indicando os
prazos de realização de cada uma, distribuindo-as mês a mês (Figura 5). Este modelo
permite que o pesquisador se organize bem melhor, proporcionando motivação para o
trabalho a cada etapa concluída, além de fornecer uma rápida visualização da
progressão e da sequência das às atividades que devem acontecer. Devido ao fato das
coisas nem sempre saírem como planejado é recomendável colocar o dobro do tempo
estimado para cada etapa do projeto.

Figura 5 – Modelo de cronograma.

4.10 Referências
No ultimo tópico do projeto de pesquisa, o pesquisador deve relacionar todas as
bibliografias utilizadas para as citações realizadas no projeto. É importante citar
somente referências cuja informação seja realmente importante para seu projeto e claro
utilizar uma literatura de alto nível. Evite citar vários trabalhos para uma mesma ideia,
cite apenas quem propôs cada ideia originalmente ou quem atualizou de maneira mais
convincente.
É fortemente recomendado seguir o formato padrão especificado pela agência
financiadora ou patrocinador. Devido à grande quantidade de bases de dados,
publicações disponíveis e centenas de normas (ex: NBR 6023 da ABNT; Vancouver;
APA e etc), recomendo para a construção e elaboração de uma revisão bibliográfica
confiável, fácil, rápida, atualizada e padronizada a utilização de softwares de gestão
bibliográfica que permitem recolher, gerir e citar fontes bibliográficas.

Exemplos de softwares de gestão bibliográfica:


 Citation Machinhe - http://citationmachine.net/
 Mendeley - http://www.mendeley.com/
 EndNote - www.myendnoteweb.com/
 Zotero - http://www.zotero.org/
 JabRef - http://jabref.sourceforge.net/

4.11 Apêndice
Os apêndices são textos ou documentos elaborados pelo autor da pesquisa. É
utilizado somente quando for necessário para criar uma entrevista, um relatório, ou
qualquer documento com o escopo de complementar a argumentação.

Exemplos:
 Termo de Confidencialidade;
 Carta de Anuência;
 Planilha de treinamento;
 Ficha cadastral do voluntário.

4.12 Anexo
Os anexos são textos ou documentos não elaborados pelo autor da pesquisa, que
servem de fundamentação, comprovação ou ilustração.

Exemplos:
 Termo de Confidencialidade;
 Mapas;
 Leis;
 Estatutos.
Ambos apêndices e anexos são materiais complementares ao texto que só devem ser
incluídos quando forem imprescindíveis à compreensão deste.
1. Por que deve-se estruturar um projeto científico?

2. Quais são os principais componentes de uma formatação de um projeto científico?

3. Quais são os principais descritores utilizados no tópico Objetivos Específicos?

4. Quais os componentes básicos de uma metodologia?

1 R. Em função de que todo o projeto que se destina a fazer ciência deve apresentar uma
padronização e uma normatização, de acordo com os rigores impostos pela própria
metodologia de escrita de um trabalho científico.

2. R. Título, introdução, revisão teórica ou revisão de literatura, objetivos (gerais e


específicos), justificativa, materiais e métodos, orçamento, cronograma, referências
bibliográfica, apêndice e anexos.

3. R. Conhecer (apontar, citar, classificar, definir), compreender (concluir, deduzir,


discutir), aplicar (desenvolver, empregar, selecionar), analisar (comparar, investigar,
medir, quantificar), sintetizar (compor, construir, esquematizar).

4. R. Descrição da amostra ou dos sujeitos envolvidos na pesquisa e dos critérios de


elegibilidade (inclusão e exclusão), descrição do comitê de ética (quando necessário),
descrição da estratégia de investigação (delineamento das técnicas e dos tipos de
pesquisas envolvidos), descrição dos detalhes técnicos da coleta e o tratamento
estatístico necessário.
CERVO, A. L.; SILVA, R.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo:
Prentice Hall do Brasil, 2006. 176p.

STOLTENBERG, C. H.; WARE, K. D.; MARTY, R. J.; WRAY, R. D.; WELLONS, J.


D. Planning research for resource decisions. Ames: Yowa State University Press, 1970.
184p.

VAN WAGENERN, K. Writing a thesis: substance and style. Englewood Cliffs:


Prentice Hall, 1991. 192p.

VOLPATO, GILSON. Ciência: da filosofia à publicação. 2. ed. São Paulo: Cultura


Acadêmica, 2013.

VOLPATO, GILSON. Guia Prático para Redação Científica. 1. Edição. São Paulo:
Best Writing, 2015.
CAPÍTULO 5 - TÉCNICAS PARA MELHORAR SUA
PERFORMANCE DE ESTUDO

OBJETIVOS
1. Aprender as principais técnicas de administração do tempo de estudo;
2. Aprender as principais técnicas de estudo;
3. Diferenciar as principais técnicas de estudo;
4. Exemplificar as principais técnicas de estudo.

5.0 Introdução
Às vezes estudar parece ser uma tarefa muito difícil e árdua, principalmente em
função das obrigações e as tarefas do nosso cotidiano que crescem exponencialmente.
Diante disso, o tempo passa a ser exíguo, induzindo a ilusória necessidade de
ampliarmos nosso dia em mais de 24 horas.
Na verdade, isto tudo é culpa da falta de gerenciamento do tempo e da maneira
de estudar, pois estes são os dois fatores que mais influenciam no processo de
aprendizagem. Neste capítulo serão abordadas algumas técnicas para você gerenciar
melhor o seu tempo, apreender mais rápido um conteúdo e obter mais sucesso em seus
objetivos sem ficar exausto de tanto estudar.

5.1 Administre melhor o seu tempo de estudo


Antes de iniciar este tópico, tenho certeza que você já ouviu as famosas frases:

“A vida já é curta e nós a encurtamos ainda mais desperdiçando o tempo”-


Victor Hugo.
“Tempo é dinheiro”

Gestão e a administração do tempo são temas que interessam cada vez mais as
pessoas, pois o tempo está em um nível muito acima do dinheiro. Atualmente, o tempo
é muito mais do que isso. É algo extremamente precioso. Uma vez perdido, nunca mais
retorna. Como o tempo é um recurso limitado, devemos preocupar na verdade em
gerenciá-lo. A ideia, então, é ter maior produtividade, ou seja, administrar melhor o
tempo, evitar desperdiçá-lo e aumentar nossa capacidade de realizar trabalho.
Seja na vida pessoal e profissional, por mais que façamos uma boa
administração do tempo, nunca o dia vai ter mais que 24 horas. Somado a isso, sabemos
que todos nós enfrentamos oscilações de estado de espírito, às vezes estamos motivados
e o trabalho flui facilmente, mas também temos momentos que estamos desanimados e
responder um simples e-mail parece um trabalho colossal.
Para evitar o desperdício de tempo e o envolvimento com dezenas de tarefas
desnecessárias ao longo do dia, o estudante deve aprender e utilizar técnicas para
aumentar o seu foco, gerenciar melhor o seu tempo, aumentar a sua performance na
universidade e organizar sua vida.

5.1.1 Crie uma lista de prioridades e estabeleça metas


É muito comum que todas as pessoas tenham mil coisas para fazer ao longo do
dia. Portanto a primeira coisa é criar uma lista de prioridades e estabelecer metas para
cada tarefa. Para criar uma lista de prioridades responda as questões abaixo:

a) Qual é a única coisa que posso fazer de modo que, ao fazê-la, o restante se torne mais
fácil ou desnecessário?
______________________________________________________________________
b) Qual a sua visão?
______________________________________________________________________
c) Qual a sua missão?
______________________________________________________________________
d) Qual a sua meta?
______________________________________________________________________
e) Qual o seu objetivo?
______________________________________________________________________
f) Como avaliar se você está no caminho certo?
______________________________________________________________________
Após responder as questões supracitadas, crie a lista categorizando as tarefas em
importantes e não importantes, urgentes e não urgentes (aqui é importante lembrar que
urgência está atrelada ao tempo e a complexidade de realizá-las). Separe as tarefas por
semelhanças e itens de prioridade. Se possível, coloque as coisas mais difíceis e
urgentes no topo da lista, assim, no fim do dia, quando estiver cansado, fará as tarefas
que você tem mais habilidade para realizar.
Dimensione o tempo a ser dispendido para cada tarefa de forma correta para
completar cada item, inclua no tempo gasto de cada tarefa o tempo de imprevistos e
interrupções que possam acontecer, inclua as pendências não resolvidas no mesmo dia.
Estabeleça prazos finais para todas as tarefas e elimine os itens da lista (sinalize-os)
quando tiver terminado cada um deles. Não prorrogue prazos de tarefas importantes,
pois elas não serão menos árduas por isso. Ao fim do dia verifique o que deu certo, o
que deu errado e quais objetivos ainda precisam ser conquistados.

5.1.2 Agenda atualizada


Após criar e categorizar a lista de prioridades, anote na agenda. A agenda é uma
ótima ferramenta para organizar tarefas e compromissos pessoais/profissionais com data
e hora marcadas e prazos específicos. É recomendado anotar todas as tarefas de rotina
(ler e responder e-mails, enviar fax, conversar com a equipe, atualizar relatórios,
participar de eventos, fazer ligações, pagar contas, participar de reuniões e etc.).
Da boa e velha agenda de papel à aplicativos para smartphones, o ideal é
escolher apenas um recurso e centralizar a sua vida nele. Eu pessoalmente recomento a
utilização de uma agenda online (ex: Google Agenda), pois com este sistema o risco de
perder sua agenda é menor e, além disso, sua agenda pode ser integrada ao smartphone,
tablet e notebook. Por fim, é importante lembrar que quanto mais organizada sua vida
pessoal e profissional, mais fácil será administrar o tempo restante.

5.1.3 Organize seu ambiente de estudo/trabalho


Outra recomendação para você economizar tempo é organizar o ambiente de
trabalho. Limpe sua mesa, separe previamente os materiais (livros, artigos, documentos,
relatórios e etc) necessários para sua rotina de estudo. O mesmo vale para os
documentos no computador (pastas, subpastas e arquivos) sempre nomeie de uma
maneira óbvia e lógica que fique fácil achá-los. Invista um tempo para se organizar,
assim você evitará a perda de tempo.
5.1.4 Destrua as distrações
Administrar o tempo exige dedicação, resiliência. É quase uma obsessão, é como
a “vida de um atleta”. Disciplina é importante, sobretudo, na hora de encarar as
surpresas do cotidiano. Estabeleça horários em que você não seja perturbado, a não ser
em caso de verdadeiras emergências.
Os pequenos momentos de distração são os grandes vilões no gerenciamento do
tempo, pois ao longo do dia eles acabam tomando muito tempo e impede seu “estado de
foco”, o que resulta em acúmulo de várias tarefas inacabadas. Evite perder tanto tempo
com as redes sociais (facebook, instagram, snapchat), telefonemas e aplicativos (whats
app, telegram e etc), além disso, não use o tempo de uma atividade para realizar outra
atividade. Lembre-se: siga sempre sua lista de prioridades.

5.1.5 Mantenha-se focado


Muitas pessoas se acham extremamente produtivas por conseguirem fazer mil
coisas ao mesmo tempo. Porém, a realização de multitarefas reduz o foco, o que resulta
em desperdício de tempo e redução do rendimento. Na verdade, quem diz que realiza
multitarefas é apenas um alternador de tarefas. Em outras palavras, a pessoa não faz mil
tarefas ao mesmo tempo, ela apenas está trocando mil vezes de tarefa em um
determinado período de tempo. Por outro lado, para tornar-se uma pessoa mais
produtiva, você deve mirar toda a sua energia e atenção para uma única tarefa. Essa é a
maneira mais rápida e eficiente para melhorar a produtividade e avançar nos seus
objetivos de vida.
Já é comprovado cientificamente que o resultado de uma tarefa é melhor e mais
rápido quando uma pessoa trabalha 01hora focado quando comparado com três horas
desfocado ou distraído. Para você entender melhor, foco é a capacidade de nos
concentrarmos única e exclusivamente em uma tarefa, dizendo não para todas as outras
demandas e distrações que aparecem na nossa frente.
Como todas as capacidades, o foco também pode ser treinado e desenvolvido, da
mesma forma que você aprende a jogar um jogo qualquer, a dirigir um carro ou a
utilizar um aplicativo. Mas para você aprender a ter mais foco, você deve criar
momentos diários de isolamento total (desligue seu celular, bloqueie suas redes sociais,
não check seu e-mail e etc) e definir períodos (ciclos) de trabalho duro e alta
produtividade (imersão) para alcançar determinado resultado em algumas áreas,
enquanto faz-se o mínimo necessário para manter suas habilidades ou evitar grandes
perdas em outras áreas.
Após o término do período definido para o ciclo você poderá então mudar o seu
direcionamento, passando a colocar o seu foco (iniciar um novo ciclo de imersão)
naqueles projetos e áreas que estavam no “modo manutenção” e colocando em “modo
manutenção” os projetos e áreas nos quais você estava imerso anteriormente. A ideia
geral é mantenha-se focado, não seja interrompido, seja capaz de iniciar algo e concluí-
lo.

5.1.6 Crie intervalos de descanso


Caso você esteja focado naquele projeto, mesmo com o prazo de entrega
estourando e o trabalho não estiver rendendo, pare por alguns minutos. Planeje
pequenos intervalos para você relaxar/descansar a sua mente, recarregar as energias e
dar sequência ao trabalho.
Crie intervalos de descanso principalmente no período do dia que você sinta
menos produtivo e utilize este tempo para o seu lazer. Procure praticar exercícios
físicos, alimentar-se saudavelmente e dormir bem para ter uma recuperação plena.
Lembre-se não adianta planejar todas suas tarefas e não estar disposto a realizá-las, mas
muito cuidado com aqueles “cafezinhos” que podem roubar muito tempo.

5.1.7 Aprenda a dizer NÃO.


É fundamental você aprender a dizer “NÃO” para alguns pedidos de amigos,
colegas e parentes. Por não sabermos dizer “NÃO”, não respeitamos a nós mesmos e
ainda acumulamos mais compromissos do que deveríamos. Inicialmente, pergunte a
você mesmo: eu sou a pessoa certa para essa tarefa?
Aprenda a priorizar o que é importante, filtre melhor as solicitações de terceiros,
pois nem tudo que chega até você é extremamente importante. Uma dica, quando você
disser “NÃO” evite ser grosseiro ou egoísta, peça desculpas e diga que você não pode se
envolver naquele momento.

5.1.8 Reuniões só em casos extremos


Eu sei muito bem que você tem que participar de trabalhos em grupo e que
também é importante se reunir com os colegas da universidade. Crie reuniões
produtivas, trace metas e tempo para iniciar e finalizar, evitando assim reuniões
improdutivas.

5.1.9 Selecione os amigos


Parece estranho esta dica, mas ela é tão verdadeira quanto o ditado:

“Diga com quem andas, que eu te direi quem és”.

Sugiro selecionar cinco amigos com os quais você terá contato direto, pessoas
que você confia e que são pessoalmente e profissionalmente melhores que você, pois
você será a média deste grupo. Quando você observar que é o melhor membro do grupo
é hora de você trocar de amigos. Sei que isto soa um tanto egoísta, mas o objetivo aqui é
você focar no seu crescimento profissional/pessoal.
Fuja de pessoas intransigentes e “enroladas”, não tenha em seu círculo de
amizade pessoas com visões limitadas, sem argumentações e ideias confusas.
Aproxime-se de pessoas visionárias, de alto astral e que te impulsione.

5.1.10 Backup
Tenho certeza que a grande maioria já passou por isso, eu mesmo tive esta
desagradável experiência, de perder vários arquivos de aulas e artigos que estavam em
meu notebook. Para que você não passe pelos mesmos problemas que passei, faça
sempre seu backup. Com a tecnologia de hoje é possível fazer seu backup na nuvem
utilizando o Google drive ou Dropbox, além é claro de salvar os documentos mais
importantes no e-mail, pendrive, DVDs e HD externo.

5.1.11 Utilize a informática a seu favor


Estamos em pleno século 21 e a informática avança em passos largos, cabe
agora você dominar o máximo de ferramentas a seu favor para cada vez mais você
poupar o seu precioso tempo. Quanto mais tarefas você puder resolver pela internet ou
telefone, melhor, pois assim você evitará ir aos locais, pegar filas e perder um tempo em
que poderia focar em outras tarefas. Por fim, aproveite os inúmeros softwares e
aplicativos que nos auxiliam na busca de artigos, na organização de referências, na
administração do tempo, na criação de mapas mentais, nos tratamentos estatísticos,
entre outros.
5.2 Técnicas de estudo

5.2.1 Grifar
Devido a sua facilidade talvez esta seja uma das técnicas mais utilizadas já que é
apenas passar o marca texto no conteúdo que o leitor julgue mais importante. É uma
técnica pouco efetiva, pois ao grifar uma sentença, o seu cérebro não organiza, cria ou
conecta conhecimentos. Logo é recomendável utilizar esta técnica combinada com
outras técnicas.

5.2.2 Releitura
É uma técnica mais eficiente que grifar, mas para otimizar esta técnica é
necessário que a releitura seja feita imediatamente após a primeira leitura do conteúdo.
Caso contrário, isto reduzirá seu desempenho.

5.2.3 Revisão constante


Um dos maiores erros cometidos pelos estudantes é simplesmente o fato de não
revisar frequentemente os conteúdos. Quando você não revisa, o cérebro perde o acesso
ao que já foi estudado. Em outras palavras, o cérebro não esquece, mas, sim, perde a
possibilidade de trazer à mente as informações necessárias naquele momento. Por isso,
estudar pela segunda vez é muito mais fácil que a primeira. Para esta técnica ser mais
eficiente é recomendado uma revisão programada e constante, de preferência
semanalmente de modo que seja possível sempre relembrar todo o conteúdo.

5.2.4 Associações por imagens


Essa é uma técnica eficiente desde que feita de forma adequada, no qual o
estudante cria mapas mentais, tabelas, figuras, infográficos e etc. Quando o estudante
utiliza a técnica de associações por imagens aos conteúdos ele consegue fazer a conexão
de ideias e conceitos de forma muito rápida, simples e natural.

5.2.5 Fichamentos/Resumos
Devido à quantidade enorme de conteúdos estudados é muito comum que depois
de algum tempo, as diferentes ideias, informações e análises sobre um determinado
assunto que você estudou fiquem desorganizadas na sua cabeça, tornando difícil extraí-
las do seu cérebro. Para auxiliar neste processo de organização do conhecimento, sugiro
que você organize e estruture os diferentes conteúdos que foram estudados em
fichamentos com tópicos lógicos e simples, com citações diretas e indiretas,
transcrevendo os dados com o máximo de exatidão e cuidado. Recomendo que este seja
feito, de preferência, manualmente e com suas próprias palavras, anotando os pontos
mais importantes do texto/artigo e as principais ideias de modo que, no momento em
que o resumo for revisto, seja possível lembrar-se de forma rápida grande parte do
conteúdo.
O fichamento é uma das técnicas preferidas e intuitivas de aprendizagem dos
estudantes. Esta técnica contribui para a aquisição de novos conhecimentos a partir de
diferentes levantamentos (bibliográfico, de conteúdo ou temático, de citações, de
opinião, de comentários ou analítico). Possibilita ao estudante guardar a informação,
aprofundar no conteúdo, consultar a qualquer momento e melhorar o desempenho em
provas discursivas.
Para o estudante de graduação ou pós-graduação, o fichamento é uma ferramenta
de excelência imprescindível, pois facilita o desenvolvimento das atividades
acadêmicas, no qual pode ser utilizado para: identificar obras; organizar diferentes
conhecimentos; selecionar documentos; conhecer conteúdos; fazer citações; analisar o
material; elaborar críticas; auxiliar e embasar a produção de textos científicos (TCC,
dissertação, tese e artigo científico).

Classificação dos fichamentos:

 Fichamento de opinião – descreve comentários;

 Fichamento textual – é a “radiografia” do texto; pois capta a estrutura do texto,


destacando as ideias principais e secundárias, argumentos, justificativas,
exemplos, fatos etc. É estruturado em forma visualizável de itens esquemas,
diagramas ou quadro;

 Fichamento temático - reúne elementos relevantes (conceitos, fatos, ideias,


informações) de um conteúdo. Consiste na transcrição literal de trechos do texto,
ou no registro de ideias, segundo a visão do leitor;
 Fichamento bibliográfico - consiste no comentário da ideia central do
texto/artigo.

Por ser uma técnica de estudos individual, cada estudante pode desenvolver as suas
estratégias de estudos, porém, recomendo três passos fundamentais para a construção do
fichamento (Figura 1 A e B).

1) Tenha o contato com o texto/artigo – faça uma leitura dinâmica para identificar de
forma geral o conteúdo do texto/artigo;

2) Destaque os pontos mais importantes do texto/artigo e “converse” com eles (interaja


com o texto, discuta os principais argumentos do texto/artigo);

3) Escreva o que você realmente quer demonstrar ou apresentar. Selecione as


informações que você destacou, fazendo citações diretas ou escrevendo com suas
próprias palavras as ideias dos diferentes autores.
Figura 6 – Modelo de fichamento. A - Elementos estruturais de uma ficha e B – Modelo
de fichamento.

5.2.6 Flash Cards


É uma técnica que combina recursos visuais com texto com o objetivo de
desenvolver a memória fotográfica. O estudante cria baralhos/decks, em que cada carta
do baralho corresponde a uma pergunta e no seu verso a resposta resumida referente à
pergunta. A ideia central do flash cards é a de um jogo, em que o jogador deve acertar a
pergunta sorteada, caso o jogador erre a pergunta, ele irá refazer esta pergunta na
próxima revisão (dia ou semana).

Ex:, versões digitais e on-line de flash cards


GoConqr
Anki

5.2.7 Blocos de estudos (intercalar as disciplinas)


Sabemos que devido à fadiga o cérebro não consegue manter-se focado em um
único conteúdo por mais do que uma hora, o que acaba resultando em menor
rendimento de aprendizagem (memorização e entendimento). Portanto, para otimizar a
sua rotina de estudos, crie blocos temáticos com diferentes conteúdos (3 ou 4
disciplinas) e distribua o estudo em pequenos períodos ao longo do dia, intercalando
com intervalos regulares de descanso.
Durante o período de estudo (20 a 60 minutos), faça uma imersão e foque
exclusivamente nesta tarefa. Caso surja algum imprevisto, simplesmente anote no papel
e siga adiante. Após este período, descanse entre 10 a 20 minutos e recomece um novo
período de estudo. Na prática, a ideia dos blocos de estudo associado com as pausas é
manter você por mais tempo imerso em um conteúdo. Inicialmente, eu recomendo que
você utilize 2 x 25 min. com 5 min. de intervalo durante um período da manhã, após o
almoço e outro à noite.

5.2.8 Distribuir a prática


Talvez o maior erro dos estudantes seja deixar para estudar todo o conteúdo na
véspera da prova. Portanto, é recomendado distribuir o conteúdo durante os dias da
semana, além do estudante precisar estudar apenas 10% a 20% do tempo do ele
precisaria se ele tivesse estudado alguns dias antes da prova.

5.2.9 Interrogação elaborativa


É muito comum durante as provas discursivas dar aquele famoso “branco na
cabeça”, pois a grande parte dos estudantes para se livrarem mais rápido de suas
obrigações, aprendem no estilo “decoreba”, um processo de memorização de curto
prazo. Para evitar isto, a melhor forma é utilizar a técnica baseada na memorização de
longo prazo durante as horas de estudo. Esta técnica exige maior esforço e concentração
do seu cérebro para compreender as causas de determinado fato e guardar as
informações mais importantes. O estudante deve entender o conteúdo lido e questionar
sobre o assunto, ele deve criar explicações e investigar suas origens causas e efeitos que
justifiquem por que determinados fatos apresentados no texto são verdadeiros.

Exemplo:
Utilize o “Por quê?” em vez de O quê?

5.2.10 Auto-explicação
Sabe aquele ditado que diz que a melhor maneira de aprender é ensinar ou ainda
segundo Albert Einstein:

“Se você não consegue explicar algo de modo simples é porque não entendeu
bem”.

Essa técnica consiste em explicar o conteúdo para si mesmo, ou em outras


palavras, agora você é o seu próprio professor. A auto explicação ajuda a analisar se o
estudante compreendeu realmente o conteúdo como um todo, principalmente para os
conteúdos mais abstratos, além disso, esta técnica serve como um treino efetivo para
uma posterior apresentação. Para praticar esta técnica, é recomendado o estudante
diante de um espelho ler em voz alta e/ou explicar de forma lógica os conteúdos
apreendidos com suas próprias palavras para ele mesmo, lembrando-se de usar a
entonação para indicar os conteúdos mais relevantes.

5.2.11 Estudo em grupo


Esta técnica trata-se de uma solução interessante para estudantes com
dificuldades de concentração, porém exige do grupo muita disciplina. Sua principal
vantagem é estimular a discussão sobre os temas estudados, pois o debate com outras
pessoas melhora o foco e facilita a memorização e o entendimento.
Para que esta técnica seja eficiente, é recomendado que o estudante associe-se a
outros estudantes de mesmo nível semelhante, em que os membros do grupo
compartilhem seus diferentes conhecimentos e experiências pessoais, para que sirva de
inspiração para todos os membros do grupo, a ideia do grupo é fortalecer as fraquezas
de cada membro.
O grupo deve ser pequeno (3 a 5 membros), as reuniões devem ser regulares,
com horários e tópicos pré-determinados da matéria a ser estudada. O local não deve ter
distrações e “bate-papo” e exige-se a participação ativa de todos os membros. Essas
reuniões também são uma ótima oportunidade para os membros compartilharem livros,
apostilas e outros materiais.

5.2.12 Crie o seu próprio vídeo


A criação de vídeos é um ótimo exercício de síntese e memorização e ao fazer o
seu vídeo, você ainda registra todo o conteúdo da disciplina e poderá assistir onde
quiser e a qualquer hora do dia. Para gravar um vídeo, o estudante pode utilizar um
smartfone, câmera digital ou a webcan do computador. Não se preocupe erros de
gravação, nervosismo, timidez dentre outros constrangimentos na hora da gravação são
normais. Com o tempo os erros irão reduzir e ficará bem mais fácil, lembre-se tudo é
questão de prática.

5.2.13 Praticar testes – “Jogo coletivo”


Essa técnica é duas vezes mais eficiente do que outras técnicas e consiste em
resolver questões de provas ou testes práticos do conteúdo estudado. É muito importante
o estudante familiarizar-se de forma prática com os tipos de questões que podem ser
pedidas no dia da prova/exame. Com esta técnica o estudante descobre quais as
disciplinas exigirão mais ou menos aprofundamento, além de garantir maior habilidade
na hora da prova.

5.2.14 Personalização
Algumas técnicas (organização, revisões periódicas da matéria e etc) funcionam
para todos os estudantes, entretanto outras funcionam apenas para alguns. Existem
estudantes que tem uma melhor performance fazendo fichamentos, ouvindo um áudio
(podcast) ou gravando e assistindo vídeos, outros obtém melhores resultados estudando
em silêncio ou ouvindo música clássica e ainda tem aqueles que preferem estudar pela
manhã, tarde ou noite, por isso, a personalização é a melhor técnica de todas
Esta técnica consiste em testar todos horários, tipos de ambiente e todas as
técnicas de estudo. A ideia agora é não seguir as técnicas dos outros, o estudante deve
testar, avaliar e descobrir realmente o que funciona para ele. O estudante deve criar o
seu conjunto de técnicas de estudo para que ele consiga a excelência.
5.2.15 Calendário de estudos
Agora que o estudante criou o seu arsenal de técnicas de estudo e desenvolveu a
sua melhor forma de estudo, ele não pode deixar de planejar e organizar o seu
calendário de estudos, priorizando os conteúdos/disciplinas. O estudante deve ter em
mente que o mais importante não é a velocidade com que ele faz as coisas e sim é seguir
na direção correta e claro preste atenção nas aulas e nas dicas dos seus professores.

1. Quais são as principais técnicas para melhor se administrar o tempo?


2. Quais são as principais técnicas de estudo?
3. O que é um fichamento e quais os tipos básicos para se otimizar um aprendizado?

1. R. Crie uma lista de prioridades e estabeleça metas, mantenha uma agenda atualizada,
organize seu ambiente de estudo/trabalho, destrua as distrações, mantenha-se focado,
crie intervalos de descanso, aprenda a dizer não, participe de reuniões só em casos
extremos, selecione seus amigos, faça Backup dos seus estudos e aprenda a utilizar a
informática a seu favor.

2. R. Grifar as informações mais importantes do texto, realizar uma releitura do


conteúdo estudado, revisar constantemente, elaborar associações por imagens, construir
fichamentos/resumos, usar a técnica do Flash Card, construir blocos de estudos
(intercalar as disciplinas, distribuir a prática e evitar o estudo de véspera, construir a
interrogação elaborativa, estimular a auto-explicação, promover estudos em grupo, criar
seu próprio vídeo, praticar testes – “Jogo coletivo”, personalizar e estabelecer um
calendário de estudos.

3. R. Consiste no processo de organização do conhecimento estudado em resumos ou


fichas identificadas e estruturadas, com tópicos lógicos e simples, com citações diretas e
indiretas, transcrevendo os dados com o máximo de exatidão e cuidado, a fim de
organizar de forma sucinta e objetiva o conteúdo aprendido. Os fichamentos podem ser
de opinião, textual, temático e bibliográfico.

Charles Duhigg. O Poder do Hábito. Editora: Objetiva; 2012.


Gary Keller e Jay Papasan. A Única Coisa. O Foco Pode Trazer Resultados
Extraordinários Para Sua Vida; 2014.
Paulo Vieira. O Poder da Ação. Editora: Gente; 2015.
CAPÍTULO 6 - FERRAMENTAS DE BUSCA PARA
PESQUISA

OBJETIVOS
1. Entender como se faz uma busca eficiente de artigos científicos;
2. Conhecer as principais bases de dados científicos disponíveis na web;
3. Aprender os passos para otimizar a pesquisa científica;
4. Desenvolver estratégias eficientes para se elaborar uma pesquisa de artigos
científicos.

6.0 Introdução
Buscar informações em sites na internet de maneira eficiente nem sempre é uma
tarefa fácil para estudantes, principalmente devido ao crescimento exponencial na
velocidade e no volume de informações causado pelo avanço tecnológico. Para isso, é
necessário à utilização de técnicas eficientes e eficazes para a melhoria na busca de
materiais disponíveis na internet.
Para o levantamento de um determinado tema de pesquisa, é recomendado
recorrer a sites especializados em localizar outros sites, conhecidos como ferramentas
de busca, especificamente bases de dados e portais. Tanto em bases de dados e portais
nacionais e internacionais, o pesquisador encontrará artigos de revistas, livros, teses e
documentos. Atualmente, as bases mais utilizadas na área da saúde são: Lilacs, Medline,
EMBASE; Web of Science e Scopus. Portanto, o objetivo deste capítulo é detalhar o
funcionamento das bases de dados e portais e discutir algumas estratégias e ferramentas
que facilitem a busca, a criação de lista com referências, seleção, processamento e
armazenamento do material necessário para a escrita de monografia, dissertação, tese e
artigo científico.

6.1 Busca de artigos científicos


A primeira fase da pesquisa científica é o levantamento da bibliografia
(documentos) referente ao tema de pesquisa escolhido. Nesta fase, o pesquisador deve
ser capaz de identificar, selecionar, compilar e fichar os documentos bibliográficos de
interesse para a revisão de literatura.
- 1˚ Etapa:
Escolher as palavras-chaves (descritores) e os locais de busca (websites,
bibliotecas, livrarias e etc) para iniciar a busca dos materiais (livros, monografias,
dissertações, teses, artigos científicos e etc) de interesse.

- 2˚ Etapa:
Selecione o material pelos títulos dos artigos aqueles mais próximos do tema de
interesse, ou utilize outros filtros como: nome do autor, prefácio, resumo, palavras-
chaves, ano, classificação da revista. Nesta etapa é muito importante selecionar fontes
confiáveis, reconhecidas e aceitas cientificamente.

- 3˚ Etapa:
Leia o resumo e a conclusão, caso o material seja útil, faça o download e
armazenamento dos materiais selecionados em uma pasta de fácil acesso.

- 4˚ Etapa:
Leia, analise e interprete o material selecionado na íntegra e faça o fichamento
do material lido. Esta etapa é importante, principalmente, para posteriormente, facilitar
a consulta e citação da referência. Após a realização de todas as etapas, o pesquisador
estará apto para iniciar o processo de redação da revisão de literatura.

6.2 Descritores versus palavras-chaves


Os descritores são termos padronizados e organizados em estruturas
hierárquicas, definidos por especialistas, que servem para facilitar a busca de
informações para pesquisa, delimitação do campo da ciência, recuperar informações e
encontrar resposta apropriada a uma dúvida surgida durante o atendimento ao paciente.
Já as palavras-chaves são termos simples ou expressões compostas do próprio autor e
não obedecem a nenhuma estrutura. São aleatórias e retiradas de textos de linguagem
livre. Para uma palavra-chave tornar-se um descritor, ela tem que passar por um rígido
controle de sinônimos, significados e importância de um determinado assunto.
- Busca de descritores:
Para fazer a busca dos descritores em ciências da saúde (DeCS), o pesquisador
deve acessar o site http://decs.bvs.br e clicar em “Consulta ao DeCS” (Figura 1A). Na
tela seguinte, o pesquisador digita o termo a ser pesquisado no quadro com o título
“Consulta por palavra”. Selecionar o “Idioma dos Descritores” e no item “Consulta por
Índice”, o ideal é escolher “Alfabético”. Ao digitar a palavra, caso ela esteja indexada,
irá aparecer o descritor em português, espanhol e inglês, além dos qualificadores (Figura
1B).

Figura 1 – Busca de descritores no DeCS.

Para fazer a busca no Medical Subject Headings (MeSH), o pesquisador deve


acessar o site https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed e clicar em “MeSH Database”. Na
tela seguinte, o pesquisador digita o termo em inglês no espaço em branco e depois em
search para fazer a busca (Figura 2A). Na janela seguinte vai aparecer o resultado dos
descritores e suas definições (Figura 2B).
Figura 2 – Busca de descritores no MeSH.

Para cada site de busca ou recurso informacional é obrigatório utilizar o termo


(descritor ou palavra-chave) correto, caso este procedimento não ocorra sua pesquisa
poderá ser comprometida (Tabela1).
Tabela 1- Recursos informacionais que usam descritores e palavras-chaves.
Sistema Sistema
BDENF DeCS The Cochrane L. Uso de palavras-chaves
CINAHL Termo CINAHL Scopus Uso de palavras-chaves
Embase Emtree Thesaurus Web of Science Uso de palavras-chaves
ERIC Descritor Próprio
Index Psi Terminologia Psicologia
LILACS DeCs
MEDCARIBE DeCS
Medline MeSH
Psycinfo APA Thesaurus
WHOLIS DeCS
Legenda: DeCS - Descritores em Ciências da Saúde; MeSH - Medical Subject
Headings; CINAHL – Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature; APA
- American Psychological Association e Emtree – Vocabulário biomédico do Embase.

6.3 Operadores de busca


Os operadores de busca relacionam palavras ou grupo de palavras no processo
de elaboração da busca bibliográfica. Os operadores booleanos determinam a relação
entre dois ou mais elementos em uma busca (ex: AND, OR ou NOT).

- Operadores de busca AND


É a intersecção entre as palavras ou termos, ou seja, recuperam somente os
registros que contém ambos os termos. Não é necessário ser digitado, pois será
considerado automaticamente. A ordem dos termos não altera o resultado da pesquisa.

Ex: EXERCÍCIO AND IDOSO


- Operadores de busca OR
É a união entre palavras ou termos, ou seja, recupera tanto o primeiro assunto
quanto o segundo. É necessário ser digitado entre cada palavra ou termo. A ordem dos
termos não altera o resultado da pesquisa. Para termos compostos deve utilizar aspas
duplas ( “ ” ).

Ex: MUSCULAÇÃO OR “EXERCICIO RESISTIDO”

- Operadores de busca ( )
Ordena a pesquisa, quando utilizado mais de 1 operador de busca.

Ex: Bronquite AND (neonato OR lactente OR criança)

- Operadores de busca NOT


Recupera os registros que contenha o primeiro termo excluindo o segundo
termo.

Ex: EXERCÍCIO NOT DIETA


- Operadores de mascaramento ( ? )
Para substituir as variações de um caractere no meio de uma palavra, utiliza-se o
símbolo de interrogação - ?

- Operadores de truncamento ( $ )
Deve ser usado após o prefixo de uma palavra ou termo para recuperar palavras
derivadas. Serve para substituir o sufixo de uma palavra, utiliza-se o símbolo de cifrão
($). Esta técnica de busca é útil para buscar por radicais de palavras, mas funciona
somente após um radical - prefixo de uma palavra e não antes.

6.4 Busca de artigos científicos

6.4.1 Periódico Capes


O portal Periódico Capes http://www.periodicos.capes.gov.br/ é a maior
biblioteca virtual de informação cientificado mundo, com mais de 37.000 títulos de
revistas acadêmicas (periódicos) disponíveis para consulta, 126 bases de dados de
referências e resumos para levantamento bibliográfico. O portal dispõe de ferramentas
de busca que permitem identificar artigos e documentos que tratam sobre assuntos de
interesse do usuário, localizar periódicos, livros e bases de dados de interesse.

- Busca por base


A busca por base permite identificar as bases disponíveis no Portal por: palavras
do título ou ordem alfabética, tipo de conteúdo abrangido, editor/fornecedor e
área/subárea com opções de exibição de todo o conteúdo do portal ou apenas bases de
livre acesso ou nacionais. Na página inicial é possível localizar uma base de dados pelo
nome, letra inicial do nome, verificar a lista completa de bases disponíveis ou acessar a
busca avançada (Figura 3).
Figura 3 – Procedimentos para busca por base.

A mesma opção também pode ser localizada no menu lateral à esquerda em que
permite visualizar outros tipos de pesquisa disponíveis como a possibilidade de localizar
a base por título, área e subárea do conhecimento ou busca avançada (Figura 4).
Figura 4 – Procedimentos para busca por base utilizando o menu lateral.

Na busca avançada é possível combinar campos para pesquisa como: título,


editora responsável, tipo de documento que a base oferece áreas do conhecimento,
buscar em nacionais ou internacionais e de acesso gratuito ou pago (Figura 5).

Figura 5 - Procedimentos para busca por base utilizando a busca avançada.


O resultado da pesquisa apresentará o número de bases localizadas, o nome da
base, o tipo de publicação que oferece. Para verificar as informações sobre a base clique
no ícone em azul enquanto para realizar uma pesquisa na base desejada, basta clicar no
nome da base (Figura 6).

Figura 6 – Resultado da pesquisa de busca por base.

- Busca por periódicos


A busca por periódicos permite identificar os periódicos disponíveis no Portal
pelo nome, letra inicial do nome, verificar a lista completa dos periódicos disponíveis
ou acessar a busca avançada (Figura 7).

Figura 7 – Procedimentos para busca por periódico.


A busca avançada permite localizar um periódico por nome, número de ISSN,
editor e área do conhecimento. Para localizar periódicos nacionais selecione no campo
Editor/Fornecedor essa opção (Figura 8).

Figura 8 – Procedimento para busca avançada por periódico.

Para verificar os títulos de periódicos por área do conhecimento, selecione a


opção „Buscar por área do conhecimento‟. Para exemplificar foi utilizado como área do
conhecimento “Ciências da Saúde” e subárea “Ciências da Saúde geral” (Figura 9).
Figura 9 - Procedimento para busca avançada por área do conhecimento.

A opção „Buscar referências‟ permite localizar periódicos ou artigos a partir de


itens de uma citação bibliográfica conhecida. Caso o conteúdo esteja disponível no
Portal, ele será apresentado em uma nova janela (Figura 10).
Figura 10 - Procedimento para busca avançada por referência.

6.4.2 BIREME
A Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) http://bvsalud.org/ desenvolvida sob a
coordenação da BIREME (Centro Latino Americano de Informação em Ciências da
Saúde) foi estabelecida como modelo, estratégia e plataforma operacional de
cooperação técnica da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para gestão da
informação e conhecimento em saúde.
A BVS é uma Rede constituída coletivamente pela BVS de países pertencentes à
América Latina e Caribe e coordenada pela BIREME. O objetivo do portal é integrar
uma rede de fontes de informação que distribui conhecimento científico e técnico em
saúde e promover a democratização e ampliação do acesso à informação científica e
técnica na América Latina e Caribe (AL&C).
A coleção de fontes de informação do portal está composta por várias bases de
dados bibliográficas produzidas pela Rede BVS, como IBECS, SCIELO, biblioteca
COCHRANE, MEDLINE, LILACS entre outras. Dentre os documentos indexados,
incluem: artigos de revistas, livros, capítulo de livros, dissertações e teses, folhetos,
anais de congressos e conferências, relatórios técnico-científicos, publicações
governamentais.
Ao acessar o Portal de pesquisa da BVS http://bvsalud.org/ o pesquisador tem a
opção de fazer a pesquisa em uma área de pesquisa integrada, no qual busca em todas as
fontes de informação simultaneamente ou acessar diretamente subportais, as fontes de
informações disponíveis para pesquisas no portal e outros links relacionados. Para
iniciar a pesquisa digite palavras significativas e/ou termos (descritores de assunto) na
caixa de busca (Figura 11).

Figura 11 - Acesso ao Portal de pesquisa da BVS e opções para busca integrada ou


subportais.

O resultado total da busca aparecerá no campo superior do website, logo abaixo


a caixa em que foi digitado os descritores. Na pesquisa integrada, o pesquisador acessa
mais de 60 bases de dados e ainda tem a possibilidade de acompanhar a entrada de
novos conteúdos por meio de RSS e XML e disponíveis para exportação de dados entre
sistemas e ou utilizar alguns serviços para envio do resultado (impressão, e-mail,
gerador de referências, redes sociais, etc).
Outra possibilidade é o refinamento dos resultados da busca. Para refinar a
pesquisa, utilize a ferramenta "Filtro" localizada no campo direito do website, logo o
pesquisador seleciona as diferentes opções: coleções, base de dados, assunto principal,
tipo de estudo, aspecto clínico, população estudada, país/região, idioma, revista, assunto
da revista, ano da publicação, tipo de documento e país de afiliação dos autores e clica
em “Filtro” (Figura 12).

Figura 12 – Resultado da busca integrada e serviços disponíveis pela BVS.

Ao localizar o documento no resultado de busca, o pesquisador pode verificar


onde ou como chegar ao texto completo e outros formatos de apresentação disponíveis.
A ordem de apresentação do resultado pode ser alterada de relevância para ano de
publicação (crescente e decrescente). Os resultados podem ser apresentados no formato
curto (título, autor, revista, volume, número, página, ano de publicação, idioma e ID) ou
detalhado no qual além dos anteriores inclui resumo e descritores de assunto. Para ter
acesso ao texto completo, basta clicar em “Texto completo” para fazer o download do
texto na íntegra (Figura 13).
Figura 13 – Resultado da busca integrada pela BVS.

Caso não apareça esta opção diretamente na referência do documento, o


pesquisador pode utilizar o serviço COMUT a fim de obter cópias de documentos
disponíveis nas bibliotecas que cooperam com o COMUT disponível no site:
http://comut.ibict.br/comut/do/index?op=filtroForm
A busca avançada permite pesquisar por outros campos de busca disponíveis e
facilita o uso dos diferentes operadores booleanos. Nesta opção os termos ou palavras
significativas são combinados mediante o preenchimento do formulário de busca
(Figura 14).

Figura 14 – Procedimentos de busca avançada pela BSV.


6.4.3 PUBMED
Para fazer a busca no PUBMED, o pesquisador deve acessar o site
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed e digitar o descritor (em inglês) referente ao
tema de interesse no espaço em branco e depois clicar em “Search” para fazer a busca,
na janela seguinte aparecerá o resultado da pesquisa (Figura 5).

Figura 6 – Busca no PUBMED.

Caso o pesquisador opte por utilizar a busca avançada no PUBMED, o


pesquisador deve clicar em “Advanced”. Na janela seguinte, para construir a busca, o
pesquisador deve-se selecionar (AND, OR ou NOT) e o campo (All Fields - autor, livro,
data, ISBN, editor, revista, título, volume e etc). Após a construção da busca, digitar
o(s) descritor(es) (em inglês) referente ao tema de interesse no espaço em branco e
clicar em “Search” para fazer a busca (Figura 7). Observe que na margem inferior
encontra-se o histórico da pesquisa, para caso o pesquisador queria construir uma nova
busca e cruzar aquela busca com outra, isto seja possível.

Figura 7 – Busca avançada no PUBMED.

Uma ferramenta importante para facilitar o dia a dia do pesquisador é a criação


do “alerta de artigos” no PUBMED. Para isso, o pesquisador deve cadastrar no
PUBMED, clicando em “Sign in to NCBI”. Na janela seguinte, o pesquisador deve
clicar em “Register for an NCBI account” para registrar a conta no NCBI (Figura 8).
Figura 8 – Registro do pesquisador no NCBI

O próximo passo do cadastramento é criar um login, senha e uma questão e


resposta para que em caso de perda da conta o pesquisador possa recuperá-la. Ao
preencher todos os dados, clicar em “Create account” para finalizar e criar a conta no
NCBI (Figura 9). Após este procedimento, o pesquisador receberá um e-mail de
confirmação do registro do PUBMED, no qual o pesquisador deve confirmar para
receber os resultados de suas buscas (pesquisas) e recuperação de senha para sua conta
NCBI no seu e-mail.
Figura 9 – Procedimentos necessários para o registro no NCBI.

Após a realização do cadastro, o pesquisador poderá verificar seu login no canto


superior direito do website do PUBMED e iniciar a busca digitando o descritor (em
inglês) referente ao tema de interesse no espaço em branco e em seguida clicar em
“Search” para fazer a busca (Figura 10).

Figura 10 – Busca do descritor utilizando o registro do pesquisador.


Com o resultado da pesquisa, para criar o alerta, o pesquisador deve clicar em
“Create alert”. Na próxima janela, pode-se visualizar no campo superior o nome salvo
da pesquisa, lembrando que ela pode ser editada e os termos utilizados para a pesquisa.
Para que o pesquisador receba o resultado de novas buscas, deve-se clicar em “Yes,
please” e configurar a programação (Ex: frequência – mensal, semanal ou diária; qual o
dia da semana gostaria de receber o alerta; formato – Abstract ou Summary e número de
itens – 1 a 200). Ao finalizar a construção do “alerta” clicar em Save. (Figura 11).

Figura 11 – Procedimentos para a criação do alerta no NCBI.


Caso o pesquisador não queria criar um alerta, mas apenas enviar para o e-mail
os artigos selecionados na busca isto também é possível. Para enviar os artigos, o
pesquisador deve selecionar os artigos e clicar em “Send to”. Em seguida aparecerá uma
aba, na qual o pesquisador clica em “E-mail” e preenche o formulário selecionando o
formato (Summary, Abstract e etc) e o tipo (mais recente, mais relevante, autor e etc),
por fim, insere-se o e-mail para o recebimento dos artigos e clica em E-mail (Figura 11).

Figura 12 – Procedimentos para enviar para o e-mail os artigos selecionados.

6.5 Estratégias para busca eficiente


Inicialmente, o pesquisador deve construir a pergunta da pesquisa, no qual pode
ser baseada no seu universo de atuação, em uma demanda ou um problema em que o
pesquisador teve e/ou ficou em dúvida de como pesquisar na literatura científica. Após
estabelecer a pergunta, o pesquisador deverá definir em quais as bases de dados (geral
ou específica) deseja abranger a busca e verificar se a base de dados possui descritores
ou palavras-chaves que identifiquem o tema de interesse.
Para simplificar a construção da pergunta norteadora da pesquisa e facilitar o
processo de pesquisa na área da saúde, recomenda-se utilizar o modelo do PICO. No
modelo PICO a pergunta aplicada a uma situação prática deve ser estruturada em 4
elementos:
P – Problema ou Paciente / Grupo de Pacientes / População
QUAL é o problema? Sobre QUEM é o problema? Descrever o problema e o paciente
ou o grupo de pacientes semelhantes, incluindo suas características (gênero, faixa etária,
raça, histórico da doença ou do problema etc.)
I – Intervenção
Qual é a intervenção pretendida para o paciente ou grupo de pacientes? Por exemplo,
exercício físico, prescrição de um tratamento medicamentoso, indicação de cirurgia,
psicoterapia, programa educativo, aconselhamento etc.
C – Comparação, Controle
Qual seria o procedimento caso não fosse realizada a intervenção proposta? Nada seria
feito ou seria adotada uma intervenção padrão? A comparação ou controle pode ser uma
intervenção padrão ou alternativa que comparamos com a intervenção proposta. Com
este item buscamos a evidência de que a intervenção proposta produz melhor ou pior
resultado do que a não intervenção, a intervenção padrão ou alternativa.
O – Outcomes - resultados
Quais são os efeitos/resultados esperados da intervenção proposta, ou não fazer nada.
Queremos saber quais efeitos a intervenção proposta produz em relação à comparação.

6.6 Estratégias para manter-se atualizado


Para manter-se atualizado e com um conhecimento geral em vários temas, sugiro
uma estratégia muito eficiente que é a “Criação do Alerta”, no qual consiste de 3 passos:

Passo 1:
- Crie um cadastro e o alerta no PUBMED conforme item 6.4.3;
Passo 2:
- A grande estratégia é na criação do alerta, para isso, você deve criar 2 a 5 alertas com
os descritores relacionados ao seu tema de estudo e mais 2 a 5 alertas com os principais
autores (pesquisadores) no seu campo de pesquisa.
Passo 3:
- Solicite para receber o seu alerta aos sábados, ou seja, todos os sábados você irá
receber em média 20 a 40 resumos dos artigos relacionados aos descritores do seu tema
e artigos publicados pelos autores referências do seu tema.
Passo 4:
- Reserve um período (40 a 60 minutos) de imersão no sábado para ler os 20 a 40
resumos dos artigos recebidos;
- Após ler os 20 a 40 resumos dos artigos, selecione 5 a 7 artigos mais importantes e
relevantes e faça uma programação de leitura semanal para cada artigo.
- Inicialmente, recomendo que leia um artigo por dia e que seja a primeira tarefa do dia
a ser realizada.
Com esta estratégia tenho certeza que seu rendimento científico será otimizado,
facilitando sua escrita de monografia, dissertação, tese e artigos científicos.

1. Como se faz uma busca de artigos científicos eficiente?


2. O que são os operadores de busca?
3. Quais são as principais bases de dados disponíveis para uma busca eficiente de
artigos científicos?
4. O que representa o modelo PICO de estratégia eficiente de busca científica?

1. R. Para fazer uma busca por artigos científicos, podemos dividir as ações em 4
passos: 1) escolha dos descritores (palavras-chaves), 2) seleção dos assuntos mais
pertinentes ao tema investigado, 3) ler o resumo e a conclusão e 4) elaborar um
fichamento referente àquele artigo de importância.

2. R. Os operadores de busca relacionam palavras ou grupo de palavras no processo de


elaboração da busca bibliográfica. Os operadores booleanos determinam a relação entre
dois ou mais elementos em uma busca (ex: AND, OR ou NOT).

3. R. O Periódico Capes, o Bireme e o PubMed.


4. R. P – Problema ou Paciente / Grupo de Pacientes / População; I – Intervenção; C –
Comparação, Controle; O – Outcomes – resultados.

Costa Santos CM1, Mattos Pimenta CA and Nobre MR. The PICO strategy for the
research question construction and evidence search. Rev Lat Am Enfermagem. 2007
May-Jun;15(3):508-11.

Lu Z. "PubMed and beyond: A survey of web tools for searching biomedical


literature". Database. 2011: baq036–baq036. doi:10.1093/database/baq036. PMC
3025693Freely accessible. PMID 21245076.
CAPÍTULO 7 - ENTENDENDO A CLASSIFICAÇÃO DOS
PERIÓDICOS E UTILIZANDO FERRAMENTAS
INDICADORAS DE QUALIDADE

OBJETIVOS
1. Conhecer os conceitos básicos relacionados à classificação dos periódicos;
2. Entender como se utilizar as ferramentas indicadoras de qualidade científica;
3. Aprender a reconhecer os elementos básicos que identificam os periódicos de
qualidade científica;
4. Comparar os artigos científicos através dos principais indicadores de qualidade;
5. Categorizar os artigos científicos corretamente através dos indicadores de
qualidade científica.

7.0 Introdução
A medida que a publicação contribui para o avanço do conhecimento científico
em certa área da pesquisa e é posteriormente difundida para a comunidade, cresce
também à necessidade de validá-la e qualificá-la. Para isso, torna-se necessário um
controle sistemático de avaliação da produção científica, que deve ser constantemente
atualizado e discutido por membros da própria comunidade científica. Logo, este
processo merece destaque principalmente quando consideramos que a avaliação da
qualidade da produção científica também é um processo integrante da construção do
conhecimento científico.
Portanto é oportuno, neste capítulo discutirmos conceitos como ISNN, ISBN,
indexação de periódicos e revisão por pares. A fim de entender os critérios de avaliação
e indicar os veículos de maior relevância para cada área do conhecimento, também será
discutido a classificação do Qualis Periódicos e compará-los com alguns indicadores de
qualidade científica (base de dados, fator de impacto) e outras ferramentas que também
são recomendados para avaliar a qualidade dos estudos.
7.1 Conceitos iniciais

- ISNN e ISBN
O International Standard Serial Number (ISSN) é um número de identificação
única de uma publicação em série (ex: jornais, revistas, anuários, etc.) aceito
internacionalmente. O ISSN possibilita ordenação, catalogação e precisão na
identificação e controle de publicação seriada. Para mais informações consulte o Centro
Brasileiro do ISSN, disponível em: http://www.ibict.br/
O International Standard Book Number (ISBN) é um sistema de registro
internacional padronizado que identifica numericamente os livros. Uma vez fixada à
identificação, ela só se aplica àquela obra e edição, não se repetindo jamais em outra, o
que facilita a interconexão de arquivos, atualização bibliográfica, recuperação e
transmissão de dados. Para mais informações consulte a Agência Brasileira do ISBN,
disponível em: http://www.isbn.bn.br/

- Indexação de periódicos
Os periódicos têm como objetivo fundamental disseminar o conhecimento,
conferir a propriedade intelectual ao autor além de tornar público o debate e o avanço da
ciência, com a quebra de antigos paradigmas e o estabelecimento de novos, em um ciclo
de renovação que é uma das bases do processo científico. Devido ao crescimento
exponencial da produção científica, é necessária que a informação se torne visível à
comunidade científica de forma rápida e sistemática, além de assegurar a recuperação
de qualquer documento ou informação no momento em que um usuário busca um
assunto. Para isso, tem-se exigido a indexação dos periódicos em bases de dados (ex:
Scopus, Web of science, Scielo, CINAHL, Medline e etc).
A indexação de uma revista nas bases de dados significa a garantia de um
reconhecimento de qualidade de seus artigos, o que garante maior visibilidade e
acessibilidade. Para uma revista ser indexada, ela deve apresentar algumas
características como: possuir corpo editorial, revisores especializados, mérito científico
(validade, importância, originalidade, contribuição para o campo), critérios claros e
rigorosos de aceitação de artigos dessas revistas (revisão por pares e adoção de
princípios éticos bem esclarecidos), periodicidade, distribuição, formato de publicação e
versão eletrônica de alto padrão.
É importante ressaltar que o ISSN de um periódico, não confere o caráter de
periódico indexado. Como exemplo, a revista de entretenimento Caras que tem ISSN:
0104-396X, porém apresenta os critérios obrigatórios para sua indexação em uma base
de dados. Neste caso, o ISNN é apenas representa um número de identificação da
revista.

- Peer review (Revisão por pares)


No meio acadêmico, a revisão por pares ou peer review é tida como um dos
pilares mais importantes e que norteia a comunicação científica, garantindo de forma
mais efetiva e eficaz a qualidade, confiabilidade, integridade e consistência da pesquisa
científica e da literatura acadêmica. Este processo é empregado na avaliação dos
resultados de pesquisa para a publicação de artigos ou propostas de projetos de pesquisa
para a concessão de recursos financeiros.
Este processo consiste em submeter o manuscrito ou projeto de pesquisa a uma
avaliação minuciosa incluindo aspectos qualitativos e quantitativos, a fim de contribuir
para a qualidade do trabalho a ser publicado, principalmente para jovens pesquisadores
em início de carreira, pois permite que, na qualidade de pareceristas, desenvolvam
habilidades metodológicas e de escrita, poder de síntese e julgamento crítico, resultando
em um círculo virtuoso que forma melhores autores/pesquisadores.
Geralmente é feita por dois ou mais especialistas que são responsáveis por
avaliar à competência, originalidade, significância e importância da pesquisa, além de
detectar e coibir práticas antiéticas e de plágio. Ao final da apreciação do manuscrito, os
pareceristas fazem suas recomendações, comentários ou sugerem revisões e reportam ao
editor do periódico se o artigo deve ser aceito como está, revisado antes da publicação
ou rejeitando.

- Modalidades de peer review

A) Revisão por pares simples-cego


Nesta modalidade apenas a identidade dos revisores é mantida em segredo,
inclusive após a publicação do artigo. O ponto negativo são os preconceitos nos
julgamentos de trabalhos submetidos por pesquisadores oriundos de países em
desenvolvimento e que atuam em instituições menos prestigiosas.
B) Revisão por pares duplo-cego
Nesta modalidade, o nome e a afiliação dos autores permanecem confidenciais
durante todo o processo de revisão dos artigos submetidos. Isto elimina o julgamento
subjetivo e vieses de autoria e afiliação, impedindo que instituições menos renomadas e
autores de países cujo idioma nativo não é o inglês tenham as mesmas oportunidades de
publicar seus artigos. Além disso, encoraja opiniões sinceras e permite ao revisor
concentrar-se na qualidade do manuscrito. O inverso também é válido, ou seja, no
processo duplo-cego um pesquisador proeminente ou pertencente a uma instituição de
renome não tem seus artigos aprovados apenas em função desse fato.

C) Revisão por pares triplo-cego


Nesta modalidade, a identidade e afiliação dos autores e revisores e editores
associados permanecem confidenciais, apenas o editor-chefe tem acesso a todas as
informações.

D) Revisão totalmente aberta ou revisão pós-publicação


Esta modalidade vem ganhando destaque como uma das formas alternativas da
evolução do processo original de peer review. A revisão totalmente aberta consiste no
processo em que a identidade dos autores e revisores é conhecida por ambos e após a
publicação do manuscrito, abre-se um espaço para discussões entre os revisores e
autores, proporcionando de forma mais frutífera um avanço para a ciência.
Se por um lado, alguns pesquisadores relatam que esta modalidade assegura
comentários menos corrosivos, mais honestos e atenciosos quando comparado com a
revisão simples ou duplo-cego, existe também uma corrente de pesquisadores que
acredita que esta modalidade dá ao autor a oportunidade de influenciar o revisor, além
de encorajar que os revisores sejam menos críticos.
Em um estudo com 4.037 pesquisadores de diversos lugares do mundo, foi
verificado que a revisão por pares é essencial para qualidade de seus próprios
manuscritos e melhora da comunicação científica. Dentre as modalidades de peer
review, destaca-se a duplo cego como a mais efetiva das modalidades (Figura 1).
Figura 1 – Modalidades de peer review e efetividade. Fonte: MULLIGAN, A., HALL, L., and
RAPHAEL, E. Peer Review in a changing world: an international study measuring the attitudes of
researchers. J. Am. Soc. Inf. Sci. Technol. 2013, vol. 64, nº 1, pp. 132-161. DOI: 10.1002/asi.22798

Em uma pesquisa realizada com 79 periódicos registrados na coleção SciELO


Brasil, foi verificado que a maioria utiliza a modalidade de peer review duplo-cego
(Figura 2).

Figura 2 - Distribuição das modalidades de peer review adotados pelos periódicos registrados na coleção
SciELO Brasil. Fonte: ScholarOne de gestão de manuscritos em 27 de fevereiro de 2015.

É fortemente recomendado que o peer review seja conduzido de modo eficiente


e transparente, respeitando a confiança mútua entre editores, autores e pareceristas, este
processo não é livre de vieses. Existem diversos escândalos públicos de fraude
resultante de tentativas inapropriadas de manipular os processos de revisão por pares de
vários periódicos em diferentes editoras por meio de comportamentos antiéticos (ex:
plagiarismo, não transparência do processo, baixa qualidade da avalição e resultados
fabricados), a fim de aumentar o número de publicações de artigos em determinado
periódico. Apesar dos vieses supracitados, a exclusão do peer review leva ao descrédito
da publicação e dos autores que nela publicam, pelo menos na comunidade científica.

7.2 Onde publicar?


Para que um artigo seja mais vezes lido e mais vezes citado, o pesquisador deve
escolher uma revista de melhor qualidade para publicar ou disseminar os resultados do
seu manuscrito científico. Portanto, o pesquisador não pode confundir este conceito e
utilizar como referência o Qualis do periódico como indicador de qualidade, pois esta
ferramenta é utilizada apenas para categorizar e avaliar os programas de pós-graduação
do Brasil. Dente os indicadores que podem indiretamente avaliar um periódico,
destacam-se: o fator de impacto, avaliação por pares, base de dados em que o periódico
esta indexado e a utilização de ferramentas de avaliação. Além dos indicadores de
qualidade, o pesquisador deve levar em consideração o público-alvo do próprio artigo, a
relevância em sua área de atuação, o escopo da revista, a visibilidade, o prestígio, a
credibilidade, a periodicidade, a rapidez no processo de julgamento e de publicação e a
competitividade expressa pela taxa de rejeição.

7.3 Qualis
O Qualis Periódicos é uma das ferramentas utilizadas para produção coletiva dos
programas de pós-graduação no Brasil, auxiliando os comitês de avaliação no processo
de análise e de qualificação da produção bibliográfica dos docentes e discentes dos
programas de pós-graduação credenciados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes).
O Qualis categoriza os veículos de divulgação da produção científica (periódicos
e outros tipos - ex: anais de eventos), a partir da análise da aderência de área,
combinado com um sistema de peer review (revisão por pares) garantindo de certo
modo, a qualidade da produção científica. A classificação Qualis é avaliada e atualizada
anualmente por áreas específicas e é constituída por sete estratos (A1; A2; B1; B2; B3;
B4 e B5). Há ainda um estrato C, destinado a publicações que não constituem
periódicos científicos ou não atendem aos critérios mínimos estabelecidos em cada área
para ser classificado.
Com o intuito de atribuir valor para cada área, o processo de avaliação também
possui critérios classificatórios específicos por área, ou seja, um mesmo periódico pode
ter classificações bastante distintas em cada uma das áreas de avaliação. Essas
discrepâncias podem ocorrer devido os diferentes pontos de corte adotados para a
classificação (indicadores de impacto), julgamentos da relevância do periódico para
determinada área do conhecimento e às concepções disciplinares. Para consultar a
classificação dos periódicos e anais baseado no Qualis das áreas, o pesquisador deve
acessar o WebQualis e seguir os passos subsequentes:

Passo 1: A plataforma Sucupira é uma ferramenta criada pela CAPES, para coletar
informações, realizar análises e avaliações e ser à base de referência do Sistema
Nacional de Pós-Graduação (SNPG). Esta plataforma disponibiliza em tempo real e
com muito mais transparência as informações, processos e procedimentos que a CAPES
realiza no SNPG para toda a comunidade acadêmica. Inicialmente, o pesquisador deve
acessar a plataforma Sucupira https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/ e clicar em
“consultas” (Figura 3).

Figura 3 – Procedimento para iniciar a consulta de periódico na plataforma Sucupira.


Passo 2 – Na página seguinte, em informações gerais clicar em “Periódico Qualis”, na
próxima página, preencher o evento de classificação (ano de avaliação) e os dados
relativos à área de avaliação, ISSN, título do periódico e estrato ou classificação do
periódico para a filtragem da consulta e clicar em “consultar” (Figura 4).

Figura 4 – Procedimento para consulta da classificação do periódico.

Apesar da publicação em periódico indexado e categorizado como A1 e A2 isso


não necessariamente reflete na qualidade dos artigos publicados. Portanto, o Qualis não
deve ser considerado como uma fonte adequada de classificação da qualidade dos
periódicos científicos, servindo assim para a avaliação dos programas de pós-graduação.
Nos últimos anos, foi verificado um crescimento exponencial no número de
artigos científicos associado a uma qualidade metodológica bastante heterogênea,
resultando em sua maioria em estudos de baixa qualidade metodológica e validade
científica, fato que compromete as conclusões e a tomada de decisão clínica. Diante
deste cenário, a solução disponível para o pesquisador é utilizar alguns indicadores de
qualidade metodológica descritos anteriormente para ranquear as revistas e os artigos
científicos.

7.4 Indicadores de qualidade científica

- Bases de dados

A) PubMed/Medline – é uma base de busca de livre acesso à base de dados MEDLINE


disponibilizado pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, que inclui
cerca 4.800 revistas na área de biomedicina e ciências da vida.

B) SciVerse Scopus - é um banco de dados de propriedade da Elsevier, que inclui cerca


de 19,5 mil títulos de mais de 5.000 editoras internacionais, com uma cobertura de
16.500 revistas peer-reviewed nos campos científico, técnico, e de ciências médicas e
sociais (incluindo as artes e humanidades).

C) LILACS - é uma base de dados Latino-Americana e do Caribe em Ciências da


Saúde. Em termos gerais, abrange toda a literatura relativa às ciências da saúde,
produzida por autores latino-americanos e publicada nos países da região. São
analisados e processados documentos, tais como: teses, capítulos de teses, livros,
capítulos de livros, anais de congressos ou conferências, relatórios técnico-científicos,
publicações governamentais e artigos extraídos da análise corrente de aproximadamente
400 títulos de periódicos na área.

D) SciELO – a SciELO ou Scientific Electronic Library Online é uma base de dados


que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros.

- Fator de impacto
O fator de impacto (FI) é um score utilizado para avaliar o impacto e a
importância do periódico na comunidade científica e especificamente em sua área,
sendo que aqueles com um maior FI são considerados mais importantes do que aqueles
com um menor FI. O FI de um periódico é obtido pela base Journal Citation Reports
(JCR) responsável por avaliar periódicos indexados na base de dados Web of Science,
publicada pelo Institute for Scientific Information (ISI) e editada pela Thomson Reuters.
O FI é uma medida que reflete o número médio de citações de artigos científicos
publicados em determinado periódico.
Do ponto de vista prático quanto maior o FI do periódico, maiores as chances do
artigo ser lido e citado. Logo, o FI é uma ferramenta importante para auxiliar os
pesquisadores na seleção dos periódicos utilizados em suas pesquisas e principalmente
no momento de publicar seus trabalhos.

 Calculando o fator de impacto:


O FI é calculado como o número médio de citações dos artigos que foram
publicados durante o biênio anterior.

A = o número de vezes em que os artigos publicados em 2015 e 2016 foram citados


por periódicos indexados durante 2017

B = o número total de itens publicados em 2015 e 2016 ("itens citáveis": artigos


originais e revisões; “itens não computados”: resumos de congressos, notas e cartas
ao editor).
FI de 2017 = A/B
Exemplo: Periódico Physiotherapy em 2017:
No periódico Physiotherapy foram publicados 320 artigos científicos no
biênio 2015-2016 e no ano seguinte estes receberam 580 citações, seu FI em 2017
será 580/320 = 1,81.

Um viés em relação ao uso do FI está relacionado com a sua própria validade,


principalmente por sua possível manipulação e uso inadequado, quando os periódicos
fazem trabalhos com a autocitação. Outros fatores como o número de periódicos por
área de conhecimento, variação do número de referências por artigo em cada área, ou o
regionalismo de algumas áreas e periódicos devem ser levados em consideração.
- Ferramentas de avaliação
Outra alternativa para a avaliar a qualidade metodológica dos estudos é a
utilização de ferramentas disponíveis e apropriadas para avaliar criticamente os artigos.
Cabe destacar que essas ferramentas são diferentes dos guias de orientação para redação
científica (Tabela 1).
Tabela 1 – Instrumentos de avaliação e guias de orientação para redação científica.

Instrumento Tipo de estudo Endereço


http://handbook.cochrane.org/chapter_8/8_
Cochrane risk of bias Ensaio clínico randomizado
assessing_risk_of_bias_in_included_studies.htm
PEDro scale Ensaio clínico randomizado http://ptjournal.apta.org/content/ptjournal/88/9/1068.full.pdf
TESTEX scale Estudos que envolvem exercício físico https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25734864
NEWCASTLE Coorte e caso-controle http://www.ohri.ca/programs/clinical_epidemiology/oxford.asp
Jadad scale Ensaio clínico randomizado http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8721797
AMSTAR Revisão sistemática http://www.biomedcentral.com/1471-2288/7/10
QUADAS Estudos de acurácia diagnóstica http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22007046
Ensaio clínico randomizado, Coorte e caso-controle, http://www.sign.ac.uk/methodology/checklists.html
SIGN 50
Estudos de acurácia diagnóstica, Revisão sistemática
Loney 1998 Transversal http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10029513
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2852520/pdf/11136_2010_Artic
COSMIN Ensaio clínico randomizado
le_9606.pdf
Guias de redação Tipo de estudo Endereço
PRISMA Revisão sistemática http://www.scielo.br/pdf/ress/v24n2/2237-9622-ress-24-02-00335.pdf
STARD Estudos de diagnóstico http://fampra.oxfordjournals.org/content/21/1/4.full.pdf+html
QUOROM Meta-análises de ensaios clínicos randomizados http://www.thelancet.com/pdfs/journals/lancet/PIIS0140-6736(99)04149-5.pdf
Downs and Black scale Estudos randomizados e não randomizados https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1756728/pdf/v052p00377.pdf
CONSORT 2010 Ensaio clínico http://www.journal-surgery.net/article/S1743-9191(11)00562-0/pdf
STROBE Estudos observacionais http://www.journal-surgery.net/article/S1743-9191(14)00212-X/pdf
SPIRIT 2013 Ensaio clínico http://www.bmj.com/content/bmj/346/bmj.e7586.full.pdf
TIDieR Ensaio clínico http://www.bmj.com/content/bmj/348/bmj.g1687.full.pdf
Metaanalises de estudos observacionais em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10789670
MOOSE
epidemiologia
Fonte: Adaptado de Pereira, M. G. e Galvão T. F. Extração, avaliação da qualidade e síntese dos dados para revisão sistemática. Epidemiol. Serv. Saúde,
Brasília, 23(3):577-578, jul-set 2014.
- Escala PEDro
A base de dados PEDro indexa somente estudos de caso clínico randomizados
(ECAs), revisões sistemáticas e diretrizes de prática clínica, que investigam a eficácia
de intervenções em fisioterapia. O objetivo desta base é facilitar a aplicação prática da
melhor evidência existente a fim de maximizar a eficácia dos serviços de fisioterapia.
Para isso, a ideia central é utilizar a escala PEDro para avaliar a qualidade metodológica
(validade interna) dos estudos. Porém, uma falha desta escala é que ela não avalia a
relevância clínica do estudo (validade externa, generalização dos resultados e magnitude
do efeito de tratamento).

 Critérios para um ECA ser inserido na base de dados PEDro


1) O estudo deve comparar no mínimo duas intervenções terapêuticas;
2) Pelo menos uma das intervenções que estão sendo testadas pelo estudo deve
fazer parte do arsenal terapêutico dos fisioterapeutas;
3) As intervenções dos estudos devem ser aplicadas em seres humanos que
representem a população de pacientes que frequentemente utilizam serviços de
fisioterapia;
4) A distribuição dos sujeitos nos grupos de tratamento e controle deve ser
realizada de forma aleatória ou com “intenção de ser aleatória”;
5) O estudo deve estar publicado em formato integral em revista revisada por
pares.

Após a inclusão do estudo na base de dados PEDro, este é avaliado quanto à sua
qualidade metodológica e descrição estatística por meio da escala PEDro.

- Procedimento de utilização da escala PEDro:


Inicialmente, cada ECA é avaliado obrigatoriamente por dois avaliadores
independentes, em que eles devem analisar somente o que está reportado no manuscrito
(Tabela 2). Quando há dúvida por parte do avaliador na hora de pontuar o critério, ele o
classifica como “não”, obedecendo à recomendação de escala de qualidade
metodológica denominada: “culpado até que se prove a inocência”.
Exemplo: Suponha que um estudo reporte que é “duplo cego”, mas não explica
quem foi cego. Este artigo receberá a classificação de “não” para todos os critérios
relacionados ao cegamento de pacientes, terapeutas e avaliadores.

No caso de discordância de avaliação de qualquer item em questão, entre os dois


avaliadores, um terceiro avaliador faz uma arbitragem final. A pontuação final da escala
PEDro pode variar entre 0 e 10 pontos e é dada pelo somatório do número de critérios 2
ao 11 que foram classificados como satisfatórios ou não. O critério 1 não é considerado
para a pontuação final, por tratar-se de um item que avalia a validade externa do estudo.

Tabela 2 - Escala de qualidade PEDro


Critérios de avaliação SIM NÃO
1. Os critérios de elegibilidade foram especificados.
2. Os sujeitos foram aleatoriamente distribuídos por grupos (em um estudo
cruzado, os sujeitos foram colocados em grupos, de forma aleatória, de acordo ( ) ( )
com o tratamento recebido).
3. A alocação dos sujeitos foi secreta. ( ) ( )
4. Inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos indicadores
( ) ( )
de prognóstico mais importantes.
5. Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudo. ( ) ( )
6. Todos os terapeutas que administraram a terapia fizeram-no de forma cega. ( ) ( )
7. Todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave fizeram-no
( ) ( )
de forma cega.
8. Mensurações de pelo menos um resultado-chave foram obtidas em mais de
( ) ( )
85% dos sujeitos inicialmente distribuídos pelos grupos.
9. Todos os sujeitos a partir dos quais se apresentaram mensurações de resultados
receberam o tratamento ou a condição de controle conforme a alocação ou, quando não
( ) ( )
foi esse o caso, fez-se a análise dos dados para pelo menos um dos resultados-chave
por “intenção de tratamento”.
10. Os resultados das comparações estatísticas intergrupos foram descritos para
( ) ( )
pelo menos um resultado-chave.
11. O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade
( ) ( )
para pelo menos um resultado-chave.

Fonte: disponível em http://www.pedro.org.au/portuguese/downloads/pedro-scale/


- Indicações para a administração da escala PEDro:
A pontuação só será atribuída quando um critério for claramente satisfeito. Se
numa leitura literal do relatório do ensaio existir a possibilidade de um critério não ter
sido satisfeito, esse critério não deve receber pontuação.

Critério 1 - Este critério pode considerar-se satisfeito quando o relatório descreve a


origem dos sujeitos e a lista de requisitos utilizados para determinar quais os sujeitos
eram elegíveis para participar no estudo.

Critério 2 - Considera-se que num determinado estudo houve alocação aleatória, se o


relatório referir que a alocação dos sujeitos foi aleatória. O método de aleatoriedade não
precisa ser explícito. Procedimentos tais como lançamento de dados ou moeda ao ar
podem ser considerados como alocação aleatória. Procedimentos de alocação quase-
aleatórios, tais como os que se efetuam a partir do número de registo hospitalar, da data
de nascimento, ou de alternância, não satisfazem este critério.

Critério 3 - Alocação secreta significa que a pessoa que determinou a elegibilidade do


sujeito para participar no ensaio desconhecia, quando a decisão foi tomada, o grupo a
que o sujeito iria pertencer. Deve atribuir-se um ponto a este critério, mesmo que não se
diga que a alocação foi secreta, quando o relatório refere que a alocação foi feita a partir
de envelopes opacos fechados ou que a alocação implicou o contato com o responsável
pela alocação dos sujeitos por grupos, e este último não participou do ensaio.

Critério 4 - No mínimo, nos estudos de intervenções terapêuticas, o relatório deve


descrever pelo menos uma medida da gravidade da condição a ser tratada e pelo menos
uma (diferente) medida de resultado-chave que caracterize a linha de base. O
examinador deve assegurar-se de que, com base nas condições de prognóstico de início,
não seja possível prever diferenças clinicamente significativas dos resultados, para os
diversos grupos. Este critério é atingido mesmo que somente sejam apresentados os
dados iniciais do estudo.

Critérios 4, 7 a 11 - Resultados-chave são resultados que fornecem o indicador


primário da eficácia (ou falta de eficácia) da terapia. Na maioria dos estudos, utilizam
mais do que uma variável como medida de resultados.
Critérios 5 a 7 - Ser cego para o estudo significa que a pessoa em questão (sujeito,
terapeuta ou avaliador) não conhece qual o grupo em que o sujeito pertence. Mais ainda,
sujeitos e terapeutas só são considerados “cegos” se for possível esperar-se que os
mesmos sejam incapazes de distinguir entre os tratamentos aplicados aos diferentes
grupos. Nos ensaios em que os resultados-chave são relatados pelo próprio (por
exemplo, escala visual análoga, registo diário da dor), o avaliador é considerado “cego”
se o sujeito foi “cego”.

Critério 8 - Este critério só se considera satisfeito se o relatório referir explicitamente


tanto o número de sujeitos inicialmente alocados nos grupos como o número de sujeitos
a partir dos quais se obtiveram medidas de resultados-chave. Nos ensaios em que os
resultados são medidos em diferentes momentos no tempo, um resultado-chave tem de
ter sido medido em mais de 85% dos sujeitos em algum destes momentos.

Critério 9 - Uma análise de intenção de tratamento significa que quando os sujeitos não
receberam tratamento (ou a condição de controle) conforme o grupo atribuído, e quando
se encontram disponíveis medidas de resultados, a análise foi efetuada como se os
sujeitos tivessem recebido o tratamento (ou a condição de controle) que lhes foi
atribuído inicialmente. Este critério é satisfeito, mesmo que não seja referida a análise
por intenção de tratamento, se o relatório referir explicitamente que todos os sujeitos
receberam o tratamento ou condição de controle, conforme a alocação por grupos.

Critério 10 - Uma comparação estatística intergrupos implica uma comparação


estatística de um grupo com outro. Conforme o desenho do estudo, isto pode implicar
uma comparação de dois ou mais tratamentos, ou a comparação do tratamento com a
condição de controle. A análise pode ser uma simples comparação dos resultados
medidos após a administração do tratamento, ou a comparação das alterações num
grupo em relação às alterações no outro (quando se usou uma análise de variância para
analisar os dados, esta última é frequentemente descrita como interação grupo versus
tempo). A comparação pode apresentar-se sob a forma de hipóteses (através de um valor
de p, descrevendo a probabilidade dos grupos diferirem apenas por acaso) ou assumir a
forma de uma estimativa (por exemplo, a diferença média ou a diferença mediana, ou
uma diferença nas proporções, ou um número necessário para tratar, ou um risco
relativo ou uma razão de risco) e respectivo intervalo de confiança.

Critério 11 - Uma medida de precisão é uma medida da dimensão do efeito do


tratamento. O efeito do tratamento pode ser descrito como uma diferença nos resultados
do grupo, ou como o resultado em todos os (ou em cada um dos) grupos. Medidas de
variabilidade incluem desvios-padrão (DP‟s), erros-padrão (EP‟s), intervalos de
confiança, amplitudes interquartis (ou outras amplitudes de quantis), e amplitudes de
variação. As medidas de precisão e/ou as medidas de variabilidade podem ser
apresentadas graficamente (por exemplo, os DP‟s podem ser apresentados como barras
de erro numa figura) desde que aquilo que é representado seja inequivocamente
identificável (por exemplo, desde que fique claro se as barras de erro representam DP‟s
ou EP‟s). Quando os resultados são relativos a variáveis categóricas, considera-se que
este critério foi cumprido se o número de sujeitos em cada categoria é apresentado para
cada grupo.
Após utilizar a escala PEDro, o pesquisador pode comparar sua avaliação com a
avaliação dos parecistas responsáveis da base de dados. Para realizar este procedimento,
o pesquisador deve clicar em “Simple search” ou “Advanced search”, na janela seguinte
inserir o título do artigo e clicar em “search” (Figura 5), disponível em:
http://www.pedro.org.au/
Figura 5 – Procedimentos para busca de artigos na base de dados PEDro.

Outra opção de estratégia de busca é a utilização dos descritores, em que os


resultados dos estudos são ranqueados em ordem de importância metodológica e
apresentados à metodologia utilizada e o score obtido. O ponto positivo desta estratégia
é o acesso rápido à evidência mais válida possível. Para realizar este procedimento, o
pesquisador deve clicar novamente em “Simple search” ou “Advanced search”, na
janela seguinte inserir o descritor de busca e clicar em “search” (Figura 6).
Figura 6 – Procedimentos para busca de artigos na base de dados PEDro utilizando
descritores.
1. O que significam as siglas ISNN e ISBN?
2. O que significa a Peer review (Revisão por pares) e quais são suas principais
modalidades?
3. O que é o Qualis Periódicos?
4. Quais são os principais indicadores que indicam qualidade científica?

1. R. International Standard Serial Number (ISSN) é um número de identificação única


de uma publicação em série (ex. jornais, revistas, anuários, etc.) aceito
internacionalmente. O ISSN possibilita ordenação, catalogação e precisão na
identificação e controle de publicação seriada. International Standard Book Number
(ISBN) é um sistema de registro internacional padronizado que identifica
numericamente os livros. Uma vez fixada à identificação, ela só se aplica àquela obra e
edição, não se repetindo jamais em outra, o que facilita a interconexão de arquivos,
atualização bibliográfica, recuperação e transmissão de dados.

2. R. Consiste em submeter o manuscrito ou projeto de pesquisa a uma avaliação


minuciosa incluindo aspectos qualitativos e quantitativos, a fim de contribuir para a
qualidade do trabalho a ser publicado, principalmente para jovens pesquisadores em
início de carreira, pois permite que, na qualidade de pareceristas, desenvolvam
habilidades metodológicas e de escrita, poder de síntese e julgamento crítico, resultando
em um círculo virtuoso que forma melhores autores/pesquisadores. Geralmente é feita
por dois ou mais especialistas que são responsáveis por avaliar à competência,
originalidade, significância e importância da pesquisa, além de detectar e coibir práticas
antiéticas e de plágio. As principais modalidades são: Revisão por pares simples-cego,
Revisão por pares duplo-cego, Revisão por pares triplo-cego e Revisão totalmente
aberta ou revisão pós-publicação.
3. R. O Qualis Periódicos é uma das ferramentas utilizadas para produção coletiva dos
programas de pós-graduação no Brasil, auxiliando os comitês de avaliação no processo
de análise e de qualificação da produção bibliográfica dos docentes e discentes dos
programas de pós-graduação credenciados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes). Categoriza os veículos de divulgação da produção
científica (periódicos e outros tipos - ex: anais de eventos), a partir da análise da
aderência de área, combinado com um sistema de peer review (revisão por pares)
garantindo de certo modo, a qualidade da produção científica. A classificação Qualis é
avaliada e atualizada anualmente por áreas específicas e é constituída por sete estratos
(A1; A2; B1; B2; B3; B4 e B5). Há ainda um estrato C, destinado a publicações que não
constituem periódicos científicos ou não atendem aos critérios mínimos estabelecidos
em cada área para ser classificado.

4. R. As bases de dados científicos (PubMed/Medlinel, SciVerse Scopus, LILACS,


SciELO), o fator de impacto (relação entre o número de citações dos artigos publicados
e a quantidade de itens publicados num determinado período), as ferramentas de
avaliação e a escala PEDro (base de dados que indexa somente estudos de caso clínico
randomizados (ECAs), revisões sistemáticas e diretrizes de prática clínica, que
investigam a eficácia de intervenções em fisioterapia.

ARNS, M. Open access is tiring out peer reviewers. Nature. 2014, vol. 515, nº 467, pp.
467. DOI: http://dx.doi.org/10.1038/515467a

COSTA, P. O. L. PEDro, a Base de Dados de Evidência em Fisioterapia Fisioter.


Pesqui. vol.17 no.3 São Paulo July/Sept. 2010 http://dx.doi.org/10.1590/S1809-
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HIRSCH J. E. "Does the h-index have predictive power?". PNAS. 104 (49): 19193–
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MULLIGAN, A., HALL, L., and RAPHAEL, E. Peer Review in a changing world: an
international study measuring the attitudes of researchers. J. Am. Soc. Inf. Sci. Technol.
2013, vol. 64, nº 1, pp. 132-161. DOI: http://dx.doi.org/10.1002/asi.22798

PARK, I.-U., PEACEY, M. W., and MUNAFÒ, M. R. Modelling the effects of


subjective and objective decision making in scientific peer review. Nature. 2014. vol.
506, nº 7486, pp. 93–6. DOI: http://dx.doi.org/10.1038/nature12786

REGO, S. Índice H, Autoria e Integridade na Produção Científica. REVISTA


BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA 34 (2) : 189–190; 2010.
CAPÍTULO 8 - FERRAMENTAS DE VISIBILIDADE
ACADÊMICA

OBJETIVOS
1. Conhecer as principais ferramentas de visibilidade e de produtividade
acadêmica disponíveis;
2. Diferenciar as principais ferramentas de visibilidade acadêmica;
3. Entender como são obtidos os principais resultados de produtividade e impacto
das publicações científicas;
4. Descrever os principais passos para se cadastrar nos sites de visibilidade e
produtividade acadêmica;
5. Aprender a usar a ferramenta adequada de visibilidade acadêmica.

8.0 Introdução
Devido ao sucesso das redes de relacionamentos e das redes sociais (Facebook,
Instagram, Twitter e Snapchat), diversos empreendedores utilizaram ferramentas
semelhantes destas redes sociais para desenvolverem plataformas (ex: Academic
Search, Linked In, Google Scholar, Academia edu, ResearchGate e Plataforma Lattes)
que gerenciam perfis acadêmicos. Com esse sistema, a forma como a pesquisa científica
é distribuída e validada, vêm ganhando mais popularidade, reputação e seguidores a
cada ano.
Estas plataformas vêm trabalhando em conjunto com o objetivo de estimular o
jovem pesquisador a pensar em ciência e a desenvolver novas pesquisas. Estas metas
são estimuladas e aceleraradas pelo acesso de dados e insights de outros pesquisadores e
disponibilidade gratuita de centenas de milhares de artigos científicos a todo o público
(Tabela 1).
Tabela 1 - Ferramentas de visibilidade acadêmica.

8.1 Ferramentas de visibilidade acadêmica


A) Academic Search
Semelhante ao Google Scholar, o Academic Search, fundado em 1997, é
destinado a profissionais que procuram o próximo passo para sua carreira acadêmica,
abrangendo principalmente as áreas de ciências sociais, educação e psicologia. Esta
plataforma indexa mais de 8.500 periódicos, que disponibiliza na íntegra monografias,
relatórios, conferências, resumos, artigos, entre outros.

B) Linked In
Com mais de 347 milhões de usuários registrados, o Linked In, fundado em
2002, é uma rede social gratuita de negócios, principalmente utilizada por profissionais
com o intuito de conectar profissionais do mundo todo, tornando-os mais produtivos e
bem-sucedidos. Ao se cadastrar no LinkedIn, o usuário mantém o seu contato e suas
habilidades atualizadas e visíveis para outros profissionais e empresas. Além disso, o
usuário também tem acesso a outros profissionais qualificados, vagas, notícias,
atualizações e insights que lhe ajudaram a encontrar oportunidades de trabalho e ou
buscar por candidatos potenciais para sua empresa.

C) Google Scholar
O Google Scholar ou Google Acadêmico, fundado em 2004, é uma ferramenta
de pesquisa na Web livremente acessível, que indexa livros, resumos, relatórios
técnicos, conferências, dissertações, teses e periódicos acadêmicos e outras publicações
acadêmicas. Ao criar um perfil público no Google Acadêmico, o usuário poderá inserir
e compartilhar os artigos de sua autoria, além de salvar em sua biblioteca virtual ou
importar para seu dispositivo (ex: desktop, notebook, tablet ou smartfone) os artigos
resultantes de sua pesquisa. Uma ferramenta do Google Scholar que vem ganhando
destaque é o Citations que permite aos usuários pesquisarem os dados bibliométricos de
cada autor, ou seja, essa é uma métrica utilizada para a avaliação qualidade da
publicação científica e para a aferição do prestígio e referência dos pesquisadores.

D) Academia edu
Fundada em 2008, a Academia.edu é uma rede social gratuita, que atualmente
existem mais 18 milhões de usuários registrados. É uma plataforma em que acadêmicos,
compartilham artigos, monitoram seus acessos e acompanham pesquisas em campos
particulares do conhecimento.

E) ResearchGate
O ResearchGate é uma rede social, profissional e gratuita, fundada em 2008,
com mais de 11 milhões de usuários voltada especificamente para cientistas e
especialistas de todas as áreas. Atualmente a maioria dos membros são provenientes da
Europa e América do Norte, envolvidos na área de medicina e biologia, embora também
tenha participantes de engenharia, ciência da computação, ciências agrícolas, psicologia,
entre outras áreas. É uma plataforma que indexa informações auto-publicadas dos perfis
de usuários, permitindo assim que os membros se conectem, interajam e colaborarem
com colegas de trabalho de interesses semelhantes do mundo inteiro.

- Métricas
O ResearchGate utiliza uma medição: o "RG Score", uma ferramenta que detalha
estatisticamente quem está lendo seus trabalhos, possibilitando o acompanhamento
simultâneo das citações dos seus trabalhos. Apesar de ser correlacionada com as
medidas de impacto de citações existentes, este score têm sido criticado, tendo
confiabilidade questionável, não revisada por pares e metodologia de cálculo
desconhecida, sendo considerada pela comunidade científica como um score que não
representa uma medida de impacto de citação.
- Recursos
Os membros do ResearchGate podem aumentar a visibilidade e citações do seu
trabalho fazendo o upload e compartilhando os resultados em qualquer estágio do ciclo
de sua pesquisa, além de poder incluir artigos, dados, capítulos, resultados negativos,
patentes, propostas de pesquisa, métodos, apresentações e software. Os usuários
também podem encontrar, conectar-se, acompanhar as atividades de outros
pesquisadores e colaborar com pesquisadores de todo o mundo em todas as disciplinas
científicas.
Os membros também podem participar de discussões abertas em um
determinado tema de interesse de pesquisa, para isto, basta apenas publicar uma
pergunta, que ela será automaticamente distribuída para outros usuários especialistas na
área. Além disso, existem salas de bate-papo privadas onde os usuários podem
compartilhar dados, editar documentos compartilhados ou discutir tópicos
confidenciais. Existe também o blog em que os usuários podem escrever revisões curtas
de artigos revisados por pares.
Entretanto, um recurso vem atraindo cada vez mais a aderência de jovens
talentosos e especializados, pois esta plataforma fomenta uma fonte de candidatos
perfeitos e altamente qualificados para diversas vagas de pós-doutorado e empregos em
universidades e empresas do mundo inteiro. Ou seja, os candidatos podem ser filtrados e
avaliados, identificados e contratados com facilidade por meio de estatísticas
detalhadas.

- Criando uma conta


Para se inscrever e ter uma conta no ResearchGate é necessário que o usuário
tenha um endereço de e-mail em uma instituição reconhecida ou ser confirmado como
pesquisador. Inicialmente o usuário deve entrar no site do ResearchGate clicando no
link: https://www.researchgate.net/ e clicar em “Join for free”, em seguida selecionar o
perfil, no qual pode ser de pesquisador acadêmico (usuário que está vinculado a uma
universidade, instituto ou é considerado um pesquisador independente), pesquisador
corporativo (usuário é considerado um desenvolvedor de tecnologia ou produto),
médico (usuários profissionais da área médica e pesquisadores clínicos) e não
pesquisador (jornalistas, ou qualquer pessoa interessada em ler e descobrir pesquisas)
(Figura 2).
Figura 2 – Cadastro no ResearchGate.

No campo superior esquerdo, ao clicar em "PROJECTS", o usuário terá acesso a


seus projetos, projetos que ele acompanha e projetos que podem lhe interessar; em
"QUESTIONS", o pesquisador poderá fazer perguntas e obter respostas para suas
pesquisas, além de compartilhar sua experiência com outros pesquisadores. Em "JOBS",
uma área em que o usuário poderá encontrar empregos de seu interesse e de acordo com
o seu perfil (Figura 3).
No campo superior central, encontra-se a janela "Search", um local para o
usuário buscar outros pesquisadores para seguir ou até mesmo fazer novas colaborações.
Enquanto que no campo superior direito, pode-se verificar três símbolos: 1) “sino”, no
qual o usuário recebe notificações de atualizações; 2) "envelope" que acusa o
recebimento de mensagens e 3) "conversa" que acusa o recebimento de artigos
solicitados. Por fim, no campo inferior, o usuário pode adicionar um novo trabalho
clicando em "Add a new" e seleciona o tipo de trabalho (artigo, livro, método, achado
de experimento, projeto, conferência e etc) (Figura 3).
Figura 3 – Ferramentas do ResearchGate.

Após cadastrar-se na plataforma, o pesquisador deve preencher os dados


conforme o exemplo do pesquisador Brad J. Schoenfeld, no qual podemos observar na
página inicial da plataforma especificamente no overview é composta por cinco campos
que destacam os itens de pesquisa, lidos, citações, as principais pesquisas, as
habilidades e especialidades do pesquisador e os co-autores que mais colaboram (Figura
4).

Figura 4 – Perfil do pesquisador Brad J. Schoenfeld no ResearchGate.

No perfil do pesquisador, ao clicar em “Contributions” o usuário terá acesso a


todas as publicações do pesquisador. Caso o artigo esteja disponível, basta clicar em
“Download” para baixar o artigo, por outro lado, se o artigo não estiver disponível, o
usuário pode solicitar o artigo ao pesquisador clicando em “Request full-text” (Figura
5).

Figura 5 – Procedimentos para fazer o download e solicitar um artigo ao pesquisador.

F) Plataforma Lattes
A Plataforma Lattes é uma base de dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e
de Instituições. Especificamente, o Currículo Lattes é um padrão nacional de
informações e registro da vida pregressa e atual dos estudantes e pesquisadores do país.
Atualmente é indispensável e adotado pela maioria dos estudantes, pesquisadores,
gestores, profissionais, instituições de fomento, universidades e institutos de Ciência,
Tecnologia e Inovação do País.
As informações contidas no Currículo Lattes são utilizadas para a avaliação da
competência de candidatos à obtenção de bolsas e auxílios; na seleção de consultores,
de membros de comitês e de grupos assessores e para o subsídio à avaliação da pesquisa
e da pós-graduação brasileira. Portanto, o Currículo Lattes é obrigatório para bolsistas
de pesquisa (iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado), orientadores
credenciados, membros do Conselho e professores de instituições de ensino superior.
Para cadastrar seu currículo, primeiramente acesse a plataforma lattes e clicar em
“cadastrar novo currículo” (Figura 6).

Figura 6 – Procedimento para cadastrar novo currículo.

Após clicar em “cadastrar novo currículo”, abrirá uma nova janela para iniciar o
cadastro do novo currículo. Selecione a opção BRASILEIRA, digite o seu e-mail e a
senha que você usará para acesso ao cadastro. Em seguida digite os caracteres da
imagem, clique em “próxima” (Figura 7).

Figura 7 – Procedimentos para o preenchimento do novo cadastro.


Na página seguinte, você deve preencher o cadastro das suas informações
pessoais. Para inserir sua foto, clique na imagem representativa da foto e insira a foto
que será disponibilizada no seu currículo. Os dados de passaporte, data de validade, data
de emissão e país emissor não são obrigatórias. É importante lembrar que todas as
informações deverão ser digitadas exatamente iguais às dos documentos, pois todos os
dados são cruzados com a receita federal. Após o preenchimento, clique em “Próxima”
(Figura 8).

Figura 8 - Procedimentos para o preenchimento das informações pessoais.

Na próxima página, o pesquisador pode optar por informar dados do endereço


residencial ou profissional, para receber as correspondências enviadas pelo CNPq e
telefone e celular para contato. Em seguida deve preencher os dados da Instituição a que
está vinculado e clicar em “Próxima” (Figura 9).
Figura 9 - Procedimentos para o preenchimento dos dados de endereço e contato.

Na página seguinte, o pesquisador deve informar os dados da formação


acadêmica, iniciando pela maior titulação concluída. Para inserir a Instituição, o
pesquisador deve clicar na lupa e procurar o nome da instituição ou inserir uma nova
instituição. Caso o pesquisador tenha uma formação em andamento, inserir os dados da
instituição e o ano de início e clicar em “Próxima” (Figura 10).

Figura 10 - Procedimentos para o preenchimento da formação acadêmico.


Na página seguinte, o pesquisador irá cadastrar sua atuação profissional. Se você
estiver em alguma atuação profissional, clique “Sim” para preencher os dados da
Instituição/Universidade, tipo de vínculo (Servidor público, celetista, professor
visitante, colaborador, bolsista ou outro - especifique), Cargo referente ao contrato e ano
de início (Figura 11).

Figura 11 - Procedimentos para o preenchimento da atuação profissional.

Após preencher a atuação profissional, o pesquisador deve informar área de


atuação clicando na “LUPA”, no qual aparecerão as opções para serem selecionadas
conforme a grande área e sub área. Ex: Após clicar em “Ciências da Saúde”, aparecerá
as opções de sub-áreas (Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia
Ocupacional, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Saúde Coletiva). Em
seguida, o pesquisador deve preencher as habilidades linguísticas, informando os
idiomas e o nível de compreensão, leitura, fala e escrita de cada idioma selecionado. Por
fim, para salvar todas as informações preenchidas e concluir o seu cadastro, clique em
“Próxima” (Figura 12). Caso algum dado do seu cadastro não estiver em consonância
com os dados da receita federal, você receberá uma mensagem informando o problema
e será necessário entrar em contato para resolver este problema.
Figura 12 - Procedimentos para o preenchimento da área de atuação.

Ao abrir a página inicial do currículo lattes, observe nas abas superiores que
existe a possibilidade do pesquisador preencher todas as informações relacionadas às
atividades acadêmicas, científicas, profissionais e culturais complementares da sua
carreira profissional. Além disso, existe um resumo que pode ser construído pelo
próprio site ou editado pelo autor, para isso, basta clicar em “Editar Resumo” (Figura
13).
Na aba “Dados gerais” o pesquisador deve preencher dados referentes:
identificação, endereço, idiomas, prêmios e títulos (ex: prêmios de trabalhos científicos,
de apresentações de congressos e as homenagens prestadas pelos alunos, colegas ou da
Instituição), texto inicial do currículo lates e outras informações relevantes. Na aba
"Formação" o pesquisador deve preencher dados específicos (ex: local da formação,
data de início e término) e referentes: a formação acadêmica/titulação, pós-
doutorado/livre-docência e formação complementar (ex: curso de curta duração,
extensão universitária, MBA e outros).

Figura 13 - Procedimentos para o preenchimento de informações relacionadas às


atividades acadêmicas, científicas, profissionais e culturais complementares da sua
carreira profissional.

Na aba “Atuação” o pesquisador deve preencher dados referentes: Atuação


profissional, linhas de pesquisa, membro de corpo editorial membro de comitê de
assessoramento, revisor de periódico revisor de projeto de agência de fomento e áreas
de atuação. É importante lembrar que para inserir uma linha de pesquisa é obrigatório
inserir a atuação profissional e colocar pesquisa e desenvolvimento. Por fim, em área de
atuação utilize as opções, de grande área e digite a área.
Na aba "Projetos" o pesquisador deve preencher dados referentes: projeto de
pesquisa, projetos de desenvolvimento tecnológico, projeto de extensão e outros tipos
de projeto. Todos os projetos devem estar vinculados às instituições, no qual o
pesquisador deve informar: nome do projeto, descrição, se está em andamento ou
concluído, membros da equipe (professores e alunos envolvidos), as produções e
orientações.
Na aba "Produções" o pesquisador deve preencher as seguintes informações:
produções bibliográficas (ex: artigos completos publicados, artigos aceitos para
publicação em periódicos, livros e capítulos, textos em jornal ou revista, apresentação
de trabalhos e palestra, inclusive participações em simpósios, aulas ministradas em
outros cursos e entrevistas na radio e televisão, partitura musical, prefácio, posfácio e
outros tipos de produção bibliográfica).

Relativo à produção técnica, incluem: assessoria e consultoria, extensão


tecnológica, programa de computador sem registro, produtos, processos ou técnicas,
trabalhos técnicos, cartas, mapas ou similares, cursos de curta duração ministrado (até
30 hs), desenvolvimento de material didático ou instrucional, editoração, manutenção de
obra artística, maquete, entrevistas, mesas redondas programas e comentários na mídia,
relatório de pesquisa, redes sociais, websites e blogs e outra produção técnica. Por fim,
no tópico relativo à “outra produção artística/cultural” incluem: artes cênicas, música,
artes visuais e outras produções artísticas e culturais.
Na aba "Patentes e registro" o pesquisador deve preencher as seguintes
informações: patente, programa de computador registrado, cultivar protegida, cultivar
registrada, desenho industrial registrado, marca registrada e topografia de circuito
integrado registrada.
Na aba "Eventos", o pesquisador pode preencher como participante (ex:
convidado, participante e ouvinte) ou organizador de eventos, congressos, exposições,
feiras e olimpíadas. A aba "Orientação" é dedicada para professores orientadores, no
qual a mesma deve ser preenchida de forma separada em orientações e supervisões
concluídas e em andamento. Para o preenchimento é necessário escolher entre as
opções: iniciação científica, TCC (graduação), Monografia de Conclusão de curso
(Aperfeiçoamento/especialização), Dissertação (mestrado), Tese (doutorado),
supervisão de pós-doutorado e orientações de Outra natureza.
Na aba "Banca" o pesquisador deve preencher suas participações em bancas de
trabalho de conclusão e bancas de comissões julgadoras. Por fim, na aba "Citações"
serão incluídas as citações do ISI, SciELO, SCOPUS e em outras bases bibliográficas.
Após o preenchimento de todas as informações, para salvar e publicar on-line o
currículo lattes, o pesquisador deve clicar em “Enviar” localizado na parte superior do
site.
OBS: Sempre que existirem dúvidas sobre o preenchimento do currículo lates, o
pesquisador pode clicar no ícone de ajuda.

8.2 Indicadores de produtividade e impacto


Nos últimos anos, observamos uma nova relação entre ciência e sociedade,
principalmente devido ao aumento exponencial da produção científica, expansão da
tecnologia, novas ferramentas de busca na internet, publicação de acesso aberto e ao
crescente uso das mídias sociais. Nesta nova relação, a ciência tornou-se pública e mais
democrática, estimulando a mudança na forma da comunicação científica e no
desenvolvimento de métodos que compreendam e avaliem o impacto científico e social.
Nesse tocante, essa mudança vem gerando um grande problema, para o público
em geral e principalmente para as agências de fomentos e governos que apoiam
financeiramente as pesquisas, pois estes necessitam de indicadores que mensurem a
qualidade, originalidade e relevância da produção científica, para decidirem em quais
projetos investir os recursos financeiros.
Em plena era digital, com um espaço para a comunicação científica
completamente aberto, a análise do impacto científico não pode ser mais avaliado
exclusivamente por citações. Com o surgimento e ascensão de novas mídias (ex:
Internet e a Web) e novas ferramentas métricas online, é necessário uma nova forma de
análise mais ampla e detalhada que permita diversificar, avaliar, certificar e medir o
impacto das publicações e a influência que as atividades acadêmicas alcançam em
diferentes plataformas quando comparado com as métricas tradicionais.
Nessa perspectiva, dentre as ferramentas métricas que integra os dados online,
destacam-se a Bibliometria, Cientometria e a Webometria um subconjunto da Altmetria.

Bibliometria - é o estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da


informação registrada.

Cientometria – é o estudo da mensuração e quantificação do da ciência e da produção


científica baseada em indicadores bibliométricos. Tem sido amplamente empregada na
avaliação da qualidade de periódicos, instituições e cientistas.

Webometria - é o estudo que mede o grau de atratividade e influência desses novos


recursos de informação na Web.

Altmetria - é o estudo e uso de medidas de impacto com base nas atividades acadêmicas
e em ferramentas e ambientes online.

Essas ferramentas são utilizadas para medir a influência ou impacto que uma
atividade ou produção científica desempenha tanto dentro quanto fora do meio
acadêmico. Elas medem, armazenam, avaliam quantitativamente e registram a
visibilidade e o interesse dos leitores pelas atividades científicas e acadêmicas, por meio
de um sistema de informação web e da análise dos links de sites que são utilizados
como estratégia de citação para outras fontes de informações disponíveis na rede. Além
disso, essas ferramentas também estimulam a conexão entre comunidades de
pesquisadores e o público em geral.

Ex: ferramentas de monitoramento dos dados altmétricos:


Altmetric.com
Plum Analytics
Science Card
Citedin
Impact Story
Os resultados das ferramentas métricas refletem de forma “indireta” a qualidade
dos trabalhos científicos, mas também apresentam limitações. Portanto, além de utilizar
essas métricas, cabe ao leitor analisar os pilares do impacto, a fim de avaliar melhor a
“qualidade” da produção científica.

Pilares do impacto:

A) Repercussão social (citações online – citações em blogs e compartilhamentos nas


redes sociais);

B) Repercussão das publicações científicas (acesso, visualizações e downloads);

C) Peer review (opinião de especialistas);

D) Citações (citações diretas em outras publicações científicas);

E) Altmetrias (armazenamento, links, bookmarks e compartilhamento).

Agora que você entendeu o conceito das métricas, você deve ter em mente que
uma das coisas mais importantes na ciência é ser citado pelos seus pares, por outros
grupos independentes do seu ou por outros cientistas que pesquisam o que você
pesquisa. Caso ninguém cita os seus trabalhos, podemos levantar duas hipóteses: a)
ninguém pesquisa o que você pesquisa logo provavelmente ninguém mais se importa
com o seu tema ou b) porque seus trabalhos não são originais e relevantes.
No entanto, independente do número de citações, o leitor sempre deve levar em
consideração os pilares do impacto, principalmente porque hoje no Brasil existem
“seitas científicas” que utilizam da má utilização das ferramentas métricas para
ludibriarem leigos, estudantes, profissionais, professores e até pesquisadores.

Ex1: Um artigo publicado em 2013 por um grupo de pesquisadores brasileiros,


analisado pela ferramenta métrica do google scholar, apresentou 39 citações. Este
número de citações, considerando o ano de publicação, é excelente. Porém, quando
analisado no site da revista, verifica-se a métrica de 16 citações e não de 39 citações.
O viés do google scholar é que esta ferramenta contabiliza citações não
científicas. Analisando detalhadamente, observa-se que das 39 citações, 13 são de um
blog colaborador dos próprios autores do artigo. Quando se analisou as 16 citações do
site da revista, 8 citações são autocitação. Ou seja, metade das citações são do autor
citando a si próprio e não de outros grupos citando esse artigo.
Ao final da análise, das 08 citações que sobraram, 05 citações são artigos de
amigos e colegas muito próximos que trabalham com o grupo de pesquisadores; 01
citação de um grupo independente, 01 citação de carta-ao-editor e 01 artigo de opinião
escrito por um treinador, não um cientista, ou seja, de todas as citações, quase
nenhuma é realmente relevante.
Ex2: Vejamos o exemplo de outro artigo publicado em 2015, no qual é citado 11
vezes. Quando analisamos, verificamos apenas 01 autocitação, enquanto que as outras
10 citações são de outros grupos de pesquisa independentes e espalhados pelo mundo.

Portanto cabe as perguntas:


Será que os artigos que você lê são realmente originais, relevantes e apresentam
uma citação sólida? Será que os demais pesquisadores leem e citam os seus trabalhos?

8.2.1 Índice H
O índice h, ou h-index, foi criado em 2005, é uma ferramenta métrica baseada na
citação de artigos científicos utilizada para estimar a produtividade, o impacto e a
qualidade relativa de um cientista, de um grupo de cientistas, um departamento, um país
e assim por diante. O índice h é calculado pelo Web of Science, no qual relaciona o
número de artigos científicos publicados e indexados por um pesquisador e o número de
citações que cada artigo recebe.

Ex1: O pesquisador Freitas tem 5 publicações A, B, C, D e E com 10, 8, 5, 4 e 3 citações,


respectivamente. O índice h é igual a 4 porque a 4ª publicação tem 4 citações, enquanto que a quinta
publicação tem apenas 3.
F (A) = 10, f (B) = 8, f (C) = 5, f (D) = 4, f (E) = 3 → índice H = 4

Ex2: O pesquisador Dias tem 5 publicações A, B, C, D e E com 25, 8, 5, 3 e 3, então o índice é 3


porque a quarto publicação tem apenas 3 citações.
F (A) = 25, f (B) = 8, f (C) = 5, f (D) = 3, f (E) = 3 → índice H = 3
Ex3: Um departamento com h = 45 tem 45 artigos com 45 ou mais citações e assim por diante.

Ex4: Stephen Hawking, autor de "Uma Breve História do Tempo".


Seu h é 74, ou seja, ele já publicou 74 trabalhos que receberam pelo menos 74 citações.

Apesar de existirem várias ressalvas e críticas a respeito do índice h, estas não


invalidam sua aplicabilidade em muitas áreas. Pois assim, como várias outras
ferramentas métricas tradicionais, o índice H, na tentativa simplista de categorizar ou
classificar a produção de um pesquisador, está longe de ser perfeito e também enfrenta
várias críticas, principalmente quando compara pesquisadores de diferenças áreas e
tempo de carreira. Um exemplo, é a avaliação da produção de cientistas nas ciências
sociais, visto que o número de citações nesta área geralmente é muito inferior ao de
outras áreas ou a comparação de pesquisadores em início de carreira e com baixa
produção.

Ex: um pesquisador que publicou 2 artigos, sendo um deles numa revista obscura que lhe
rendeu apenas 1 citação e o outro como primeiro autor na revista Nature recebendo 238 citações. O
índice deste pesquisador será de h = 1 pois ele não tem 2 artigos com pelo menos 2 citações.

A fim de relativizar e comparar investigadores com diferentes tempos de carreira


recomenda-se utilizar o parâmetro m, no qual é obtido dividindo o índice h pelo número
de anos a partir da publicação do primeiro artigo.

Ex: um pesquisador com índice H de 20 ao fim de 20 anos de carreira tem o parâmetro m = 1.


Parâmetros superiores a m = 3 são alcançados por pesquisadores fenomenais.

Considerações finais
Até o momento todos os indicadores métricos desenvolvidos, para medir os
padrões da comunicação científica, apresentam limitações na capacidade de avaliar,
principalmente em considerar as diferenças e a aplicabilidade existentes entre as várias
sub-áreas e em diferentes contextos (países, instituições, departamentos, áreas, PPGs,
etc). Por fim, o grande desafio em termos de indicadores é o desenvolvimento de
ferramentas que valorizem os periódicos de qualidade e que tratem de forma especial os
problemas regionais e indicadores econômicos/sociais que não estão contemplados por
nenhuma dessas métricas.
1. Quais são as principais ferramentas de visibilidade acadêmica disponíveis?
2. O que são os indicadores de produtividade e impacto?
3. Quais são os principais e indicadores de produtividade e impacto utilizados no mundo
acadêmico?
4. O que representa o índice H?
5. Qual a diferença entre o Academic Search e o Linked In?

1. R. Academic Search, Linked In, Google Scholar, Academia edu, ResearchGate e a


Plataforma Lattes.

2. R. São elementos métricos, quantitativos, que avaliam de forma ampla e atualizada a


importância científica de uma pesquisa. Eles medem, armazenam, avaliam
quantitativamente e registram a visibilidade e o interesse dos leitores pelas atividades
científicas e acadêmicas, por meio de um sistema de informação web e da análise dos
links de sites que são utilizados como estratégia de citação para outras fontes de
informações disponíveis na rede. Além disso, essas ferramentas também estimulam a
conexão entre comunidades de pesquisadores e o público em geral.

3. R. A repercussão social (citações online – citações em blogs e compartilhamentos nas


redes sociais); a repercussão das publicações científicas (acesso, visualizações e
downloads); o peer review (opinião de especialistas); as citações (citações diretas em
outras publicações científicas); e as altmetrias (armazenamento, links, bookmarks e
compartilhamento).

4. R. O índice h, ou h-index, foi criado em 2005 e é uma ferramenta métrica baseada na


citação de artigos científicos utilizada para estimar a produtividade, o impacto e a
qualidade relativa de um cientista, de um grupo de cientistas, um departamento, um país
e assim por diante.
5. R. O Academic Search é destinado a profissionais que procuram o próximo passo
para sua carreira acadêmica, abrangendo principalmente as áreas de ciências sociais,
educação e psicologia. Já o Linked In é uma rede social gratuita de negócios,
principalmente utilizada por profissionais com o intuito de conectar profissionais do
mundo todo, tornando-os mais produtivos e bem-sucedidos.

Bollen, J. et al. A principal component analysis of 39 scientific impact measures. PLoS


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inovação. Salvador, Ponto de Acesso, v.5, n.3, p.5-31, 2011.
PARABÉNS

Primeiramente quero agradecê-lo pela confiança em meu trabalho e parabeniza-


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