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1° edição
Petrolina - PE
2017
Ficha Técnica
Editor: Ricardo Freitas
Capa: Renato Chaves Souto Branco
Diagramação: Ricardo Freitas
Freitas-Dias Ricardo.
e-mail. scienceeart@gmail.com
scienceeART
Leitura final: Ricardo de Freitas Dias
Metodologia Científica - Um guia prático para profissionais da saúde. Copyright ©
2017 by Ricardo de Freitas Dias. Reservados todos os direitos de publicação, em língua
portuguesa. É proibida a duplicação, reprodução ou transmissão desta obra (e-book), no
todo ou de suas partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico,
mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros), sem permissão expressa,
por escrito, do autor, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98). Sua
comercialização também não é permitida por outros meios que não os autorizados pelo
autor.
Revisão Técnica
CAPÍTULO 1 – A CIÊNCIA
CAPÍTULO 2 - ENFOQUE DE PESQUISA E MODELOS DE INVESTIGAÇÃO
CIENTÍFICA
CAPÍTULO 3 - ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA
CAPÍTULO 4 - ESTRUTURAÇÃO E FORMATAÇÃO DO PROJETO DE
PESQUISA
CAPÍTULO 5 - TÉCNICAS PARA MELHORAR SUA PERFORMANCE DE
ESTUDO
CAPÍTULO 6 - FERRAMENTAS DE BUSCA PARA PESQUISA
CAPÍTULO 7 - ENTENDENDO A CLASSIFICAÇÃO DOS PERIÓDICOS E
UTILIZANDO FERRAMENTAS INDICADORAS DE QUALIDADE
CAPÍTULO 8 - FERRAMENTAS DE VISIBILIDADE ACADÊMICA
CAPÍTULO 1 – A CIÊNCIA
OBJETIVOS
1. Entender o que é ciência;
2. Diferenciar os tipos de pensamento;
3. Confrontar os tipos de conhecimento;
4. Destacar os principais aspectos relacionados aos tipos de conhecimento.
1.0 Introdução
As discussões quase que intermináveis e sugestivas sobre pontos distintos em
torno de diferentes temas é o primeiro passo para iniciar o aprendizado de ciência no
âmbito científico. As incertezas e as várias relações com conceitos e interpretações
estabelecidas a partir de temáticas do senso comum, são fatores que motivam o
indivíduo a tornar-se um pesquisador. Neste capítulo vamos abordar o conceito de
ciência, paradigma, as características e tipos de conhecimento, além de esclarecer os
meandros existentes na comunidade científica.
1.1 Epistemologia
Epistemologia significa ciência, conhecimento, é o estudo científico que trata dos
problemas relacionados com a crença e o conhecimento, sua natureza e limitações. A
epistemologia surgiu com Platão, onde ele se opunha à crença ou opinião ao
conhecimento. A crença é um ponto de vista subjetivo enquanto que o conhecimento é o
conjunto de todas as informações que descrevem e explicam o mundo natural e social
que nos rodeia.
Sabendo que o conhecimento científico é provisório, jamais acabado ou definitivo, a
principal meta da epistemologia consiste na reconstrução racional do conhecimento
científico, por meio do estudo da origem, da estrutura, dos métodos, da validade do
conhecimento e do grau de certeza do conhecimento científico nas suas diferentes áreas.
1.2 Ciência
A Ciência é uma palavra que deriva do termo latim "scientia" cujo significado é
conhecimento ou saber. Podemos designar ciência como todo o conhecimento adquirido
por meio do estudo ou da prática, baseado em princípios. A Ciência pode ser entendida
como uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente
correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. “A
Ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático
conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”.
A CIÊNCIA possui:
C) Objeto:
Material – algo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar de
modo geral.
Formal – é o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o
mesmo objeto material.
1.3 Paradigma
Etimologicamente, este termo tem origem no grego paradeigma que significa
modelo ou padrão, correspondendo a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser
seguido em determinada situação. Basicamente são as normas orientadoras de um grupo
que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses
limites. O paradigma é um pressuposto científico que origina o estudo de um campo
científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como
modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas.
A) Senso Comum
O senso comum é o primeiro nível de pensamento, surge espontaneamente e
constitui-se a partir da apreensão sensorial. Este tipo de pensamento não resulta de
nenhuma procura sistemática e metódica ou qualquer estudo prévio, pelo contrário ele
corresponde à nossa forma imediata de apreender o real, além disso, é imprescindível
para a nossa orientação e resolução dos problemas do quotidiano.
O senso comum está ligado ao conhecimento adquirido pelo homem a partir das
experiências, vivências e observações do mundo, ou seja, é o modo de pensar da
maioria das pessoas. Geralmente são afirmações sem embasamento científico ou sem
reflexão.
Exemplo 1: chás milagrosos, que prometem curar diversas doenças. Porém grande parte destes
chás ainda não foram testados cientificamente.
B) Senso crítico
O senso crítico é uma expressão que reúne dois termos; o sensus que vem do
latim com o sentido de significado ou percepção e Kritikos que vem do grego com
sentido de capacidade de fazer julgamentos. Portanto senso crítico é a capacidade de
questionar, pensar sobre um fato ou conceito, organizar algumas ideias e poder levantar
algumas hipóteses, analisar de forma racional e inteligente e chegar a algumas
conclusões. Quando falamos que um indivíduo tem senso crítico, isso significa que ele
antes de responder a algum questionamento, esse indivíduo pensa, analisa, observa,
reflete e julga para depois se pronunciar.
Exemplo 1:
“Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma
de educação que permitisse às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica”
(Paulo Freire).
A) Conhecimento popular
O conhecimento popular é sensitivo, está ligado ao nosso estado de ânimo,
emoções do dia a dia, as nossas experiências e as novas vivências. Este tipo de
conhecimento está ligado ao senso comum, portanto é considerado superficial e
subjetivo (Tabela 1).
Exemplos:
“Para você hipertrofiar seu músculo você tem que sentir dor – No pain, no gain”.
“Disseram-me que para emagrecer é melhor fazer sauna”.
“Eu faço este tipo de treinamento porque todo mundo disse que é ótimo”.
B) Conhecimento filosófico
O conhecimento filosófico é muito utilizado para questionar os problemas
humanos e diferenciar o certo do errado, recorrendo sempre à razão humana. É
considerado sistemático uma vez que suas hipóteses têm como objetivo a representação
coerente da realidade estudada. Porém suas hipóteses emergem da experiência
individual e não da experimentação, por este motivo não pode ser verificável,
confirmado e refutado (Tabela 1).
Exemplos:
“A máquina substituirá totalmente o homem?”
“A clonagem humana será uma prática aceita universalmente?”
C) Conhecimento religioso
O conhecimento religioso ou teológico é sustentado por doutrinas sagradas
(valorativas e dogmáticas) e pelo sobrenatural (inspiracional). Ou seja, os fenômenos
que estão além da capacidade humana de compreender são regidos por este tipo de
conhecimento. Portanto o conhecimento religioso é indiscutível e infalível (exato). É
um conhecimento sistemático de mundo explicando a sua origem, para que servem e
qual o seu destino, não sendo possível refutá-las uma vez que tratam de fé e tem como
obra de tudo um criador divino.
Atualmente existem várias religiões que constroem o seu conhecimento a partir
das suas concepções e doutrinas e em cada uma dessas religiões existem um número
expressivo de pessoas que aderem a essas religiões por um ato de fé (Tabela 1).
Exemplos:
“No início, nada existia.... Então Deus disse : Faça-se a luz, e a luz se fez.”
“O homem foi feito a imagem de Deus.”
“Moisés faz com que as águas se abram para a travessia dos judeus.”
“A Mulher Nasceu da Costela do Homem.”
Sugestão de vídeo:
Religare - Conhecimento e Religião sobre Ensino Religioso
D) Conhecimento científico
O conhecimento científico surgiu da necessidade do SER HUMANO em querer
saber como as coisas funcionavam ao invés de apenas aceitar passivamente. O
conhecimento científico representa o nível de conhecimento mais aprofundado do real,
em que o indivíduo busca o porquê das coisas, ou seja, suas causas, motivos, razões ou
circunstâncias sobre um fenômeno. Este tipo de conhecimento utiliza explicações
racionais sem o uso do senso comum e de crenças. É baseado em fatos, observações
criteriosas, hipóteses testadas, métodos bem definidos e muita leitura.
Dentre as características marcantes do conhecimento científico podemos incluir:
objetividade, exclusão às apreciações subjetivas, verificação, controle experimental e
formulação de hipóteses. Além disso, o conhecimento científico não é uma verdade
absoluta, pois com o avanço das pesquisas, o que se compreende hoje com uma verdade
científica pode não ser daqui algum tempo. Portanto, com o passar dos anos, algumas
verdades científicas serão superadas, o que implica dizer que o conhecimento científico
é transferível, verificável, sempre colocado a prova (falível), ele é estudado, re-estudado
e reescrito (Tabela 1).
Na sua área de estudo em que você está se formando ou pesquisando, o que já foi verdade e hoje não é
mais?
Tabela 1 - Características dos tipos de conhecimento:
Conhecimento popular Conhecimento científico
Espontâneo e imediato Legislador
Sensitivo Preditivo
Superficial Provisório e reversível
Subjetivo Objetivo
Assistemático e desorganizado Sistemático e organizado
Imetódico e indisciplinar Metódico específico
Dogmático e acrítico Formador de hipóteses
Conhecimento Religioso (Teológico) Conhecimento Filosófico
Valorativo Valorativo
Inspiracional Racional
Sistemático Sistemático
Não verificável Não verificável
Infalível Infalível
Exato Exato
Comunidade científica
A comunidade científica consiste no corpo de cientistas, suas relações e
interações e nos meios necessários à manutenção destas. A comunidade científica é
normalmente dividida em "subcomunidades", cada uma trabalhando em um campo
particular da ciência.
As sociedades científicas e academias de ciência existem desde o período da
renascença, estas instituições especiais são responsáveis pela comunicação, promoção
de ideias e cooperação entre as comunidades científicas de diferentes países (Figura 5).
1) R: V, F, F, V.
2) R: A afirmativa (A) é verdadeira e a afirmativa (B) é falsa, pois o conhecimento
popular não é metodológico.
3) R: Legislador, preditivo, objetivo, provisório e reversível, sistemático e organizado,
metódico e formador de hipóteses.
4) R: Especulativa, porque não oferece soluções definitivas para as questões
formuladas. Ou seja, é valorativo, racional, sistemático, não verificável, infalível e
exato.
5) R: O conjunto de procedimentos através dos quais é possível conhecer determinada
realidade.
3) Dividir a classe em três grupos. Dois grupos irão preparar uma apresentação de 10
minutos dos argumentos utilizados nos filmes abaixo, enquanto o terceiro grupo será o
júri do debate.
JOHN LENNOX ANALISA O LIVRO DE STEPHEN HAWKING.
DEUS, UM DELÍRIO, O VÍRUS DA FÉ - Documentário
4) Citar 03 exemplos na sua área profissional de algo que um dia já foi verdade e hoje
não é mais.
Hawking, Stephen. Uma Breve História do Tempo. Editora: Intrinseca. 2014.
Hawking, Stephen. O Universo Numa Casca de Noz. Editora Intrínseca. 2016.
Richard Dawkins. Deus, Um Delírio. Editora: Companhia das Letras. 2007.
Richard Dawkins. O Gene Egoísta. Editora: Companhia das Letras. 2007.
Sagan, Carl. O mundo assombrado pelos demônios. Editora: companhia de bolso. 2006.
Tyson, Neil Degrasse. Origens - Catorze Bilhões de Anos de Evolução Cósmica.
CAPÍTULO 2 - ENFOQUE DE PESQUISA E MODELOS
DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
OBJETIVOS
1. Entender quais são os principais enfoques de uma pesquisa científica;
2. Diferenciar os principais métodos de investigação científica;
3. Aprender os tipos de investigação científica;
4. Diferenciar os tipos de investigação científica;
5. Aplicar corretamente o tipo de investigação científica de acordo com os
objetivos da pesquisa.
2.0 Introdução
Com o intuito de fortalecer o conhecimento do processo de pesquisa,
inicialmente serão descritos e discutidos de forma geral as características e diferenças
do enfoque qualitativo e quantitativo. Em seguida, serão apresentados à nomenclatura e
os conceitos dos modelos de investigação científica, mais comumente utilizados em
pesquisa em saúde, a fim de servir como guia para o entendimento, planejamento e
implementação da pesquisa de forma aplicada. Por fim, abordaremos os diferentes tipos
de revisão e discutiremos como o nível de evidência científica é aplicado na prática de
profissionais de saúde, desenvolvendo assim, de forma mais apurada o senso crítico
metodológico dos futuros pesquisadores em saúde.
A) Populacional
A pesquisa populacional refere-se a toda e qualquer pesquisa com enfoque em
grupos populacionais em diferentes momentos de uma determinada região demográfica
(país, região e município).
Ex: Prevalência de dor nas costas e fatores associados em adultos do Sul do Brasil.
C) Série de casos
É caracterizado por uma análise de informações detalhadas sobre indivíduos
com uma exposição conhecida a um dado tratamento similar ou análise de prontuários
com o objetivo de avaliar a relação entre exposição e o desfecho.
Ex: Discinesia ciliar primária: Considerações sobre seis casos da síndrome de Kartagener.
2.4.2 Analítico
Os modelos de investigação científica analíticos envolvem a avaliação e
comparação por meio de tratamento estatístico das informações disponíveis na tentativa
de explicar o contexto de um fenômeno.
2.4.2.1 Pré-experimental
Devido ao fato do delineamento pré-experimental ser caracterizado por controlar
poucas fontes de invalidação e os voluntários não serem distribuídos de forma aleatória,
pode-se considerar que este tipo de delineamento e suas subcategorias não são métodos
válidos para responder a questões de pesquisa, porém é oportuno nesta seção apresentá-
los como forma de auxiliar os estudantes no processo de ensino-aprendizagem para que
os mesmos não caiam nas armadilhas da pesquisa.
A) Grupos randomizados
Neste modelo, os voluntários são recrutados em uma população, constituindo
uma amostra representativa e os grupos são formados de forma aleatória, o que permite
pressupor a sua equivalência no início da pesquisa, porém os grupos não são pré-
testados. Cabe ao pesquisador controlar melhor as variáveis (ex: história passada dos
voluntários, maturação e testar as fontes de invalidação). Após o período de tratamento,
o pesquisador avalia e compara os resultados com o grupo controle e tenta concluir que
as diferenças entre os grupos foram devido ao tratamento.
D) Cross-over
Este modelo de investigação científica também conhecido como modelo
cruzado, contrabalanceado ou de rotação. Os voluntários são designados aleatoriamente
e expostos a dois tratamentos, um grupo ao tratamento experimental e o outro grupo ao
tratamento de controle. Após um período de tempo, suficiente para permitir que
qualquer efeito do tratamento se desfaça, os tratamentos são trocados.
Ex: Controlled randomised crossover trial of the effects of physiotherapy on mobility in chronic multiple
sclerosis
2.4.2.3 Observacional
Diferente dos modelos descritivos, os modelos observacionais são caracterizados
quando o pesquisador pretende avaliar a associação entre um determinado fator e um
desfecho, estudar efeitos colaterais de diferentes terapias ou algumas contraindicações,
utilizando as informações já disponíveis, não intervindo diretamente na relação
analisada. Neste modelo não existem intervenções diretas sobre os voluntários do
estudo e nem aleatoriedade na distribuição dos voluntários, pois os mesmos, no início
da pesquisa foram classificados nos respectivos grupos.
Na prática clínica cotidiana, este modelo é uma solução mais factível
principalmente no caso dos estudos de coorte, como alternativas relevantes, a fim de
evidenciar os efeitos adversos raros ou tardios em termos do acompanhamento do
impacto de determinadas intervenções e/ou tratamentos.
A) Corte Transversal
Nos estudos do tipo transversal, todas as medições são feitas em um único
"momento", não existindo, período de seguimento dos voluntários. Fazendo uma
analogia, podemos imaginar que este tipo de estudo assemelha-se a uma fotografia
instantânea, no qual o pesquisador verifica o “agora”. O pesquisador deve analisar a
associação entre a exposição e o desfecho em apenas um instante na linha do tempo.
Neste tipo de estudo é possível avaliar a prevalência da doença e utilizar a razão
de prevalência para avaliar a força da associação entre a exposição e a doença”. A
desvantagem dos estudos transversais é a impossibilidade de estabelecer relações
causais por não provarem a existência de uma sequência temporal entre exposição ao
fator e o subsequente desenvolvimento da doença.
B) Corte Longitudinal:
Estudo longitudinal visa analisar as variações das caraterísticas dos mesmos
elementos amostrais (indivíduos, empresas, organizações, etc.) ao longo de um período
de tempo, no qual os pesquisadores estão interessados na trajetória de vida dos
indivíduos incluídos na amostra, o que permite uma compreensão mais profunda sobre
as relações entre as variáveis observadas. A grande limitação deste tipo de pesquisa
inclui o alto custo e o índice elevado de desistência dos voluntários.
Ex: Alterações funcionais do sistema estomatognático em pacientes com rinite alérgica: estudo caso-
controle.
Prospectivos:
Os voluntários são seguidos da “causa” para o “efeito”, ou seja, para frente
acompanhando o processo a ser pesquisado neles, ou seja, o desfecho ainda não ocorreu
(Presente *começo* → Futuro *termina*).
Ex: Estudo prospectivo de fatores prognósticos em lombalgia crônica tratados com fisioterapia: papel do
medo-evitação e dor extraespinal.
Retrospectivos:
O pesquisador busca por fatores passados que podem ser considerados como
causas, logo já existe um efeito, deve-se agora buscar a causa. Os voluntários são
seguidos do “efeito” para a “causa”, ou seja, para trás, o processo a ser pesquisado já
ocorreu (Presente *começo* → Passado *observa o que aconteceu no passado*).
Como exemplo de um estudo retrospectivo, imagine uma população que foi
exposta a uma substância nociva há 20 anos e que atualmente essa população apresenta
um efeito colateral tardio (alguma doença). Diante do exposto, cabe o pesquisador
analisar e verificar o impacto causado por esta substância. Outro exemplo é quando o
pesquisador resgata a ficha de pacientes e verifica acontecimentos do passado que
possam ter influenciado na doença, ou seja, o pesquisador estuda os pacientes a partir de
um desfecho.
Pelo fato de ser retrospectivo, este tipo de delineamento pode apresentar viéses
como: a) tendenciosidade b) informação, c) confusão. Ex: voluntários que se lembram
de fatos mais recentes, mas se esquecem de fatos mais antigos que podem ser
importantes no estudo ou até mesmo o voluntário pode exagerar nos relatos.
Ex: The effects of resistance training on muscle strength, quality of life and aerobic capacity in patients
with chronic heart failure - A meta-analysis.
Ex: Duarte A.L.C et. al. Esquemas desadaptativos: revisão sistemática qualitativa. 2008.
2.5.6 Guidelines
A diretriz de prática clínica (Guidelines) é um conjunto de recomendações para a
prática clínica (prevenção, diagnóstico e tratamento). Cada uma das recomendações
deve estar embasada pela melhor evidência científica disponível, representando
orientações para a prática baseada em evidências. As diretrizes devem tornar mais fáceis
as decisões na prática diária, devem ser concretas, precisas, aplicáveis em todo o
território nacional, devem alertar para os riscos, limitações, possíveis prejuízos e
benefícios de sua aplicação. Podem ser consideradas como um caminho que auxilia o
profissional a separar as práticas desnecessárias das necessárias.
Figura 5 - Pirâmide dos níveis de evidência em estudos na área da saúde. ECR – estudo
clínico randomizado; Megatrial: ensaio clínico com mais de mil casos. Fonte: Atallah
AN, Peccin MS, Cohen M, Soares B G O. Revisões sistemáticas e metanálises em
ortopedia. São Paulo: Lopso; 2004.
3. Um antropólogo americano pesquisou por 1 (um) ano uma tribo indígena no interior
da Amazônia, os Kawahiva, uma das últimas tribos que ainda vivem isoladas da
civilização. Nesse período observou aspectos do cotidiano e das práticas culturais dos
Kawahiva. O antropólogo fez uso de qual procedimento de pesquisa:
2) R. Ela possibilita avaliar a viabilidade do tema, do ponto de vista teórico. Por ela se
pode efetuar um levantamento - dentro de uma linha histórica, desde o passado até
atualidade – do conhecimento já estabelecido e existente sobre o assunto/tema da
pesquisa. Ela também fundamenta o estabelecimento de hipóteses por parte do
pesquisador, e finalmente, fornece credibilidade à pesquisa (desde que sejam usadas
fontes e bases de dados científicas).
3) R: Estudo de caso.
Objetivos
1. Entender como se constrói um projeto de pesquisa;
2. Enumerar as principais dicas de construção de um bom projeto de
pesquisa;
3. Aprender a avaliar os benefícios e malefícios na elaboração de um projeto;
4. Descrever as etapas que consistem numa elaboração de um projeto de
pesquisa;
5. Diferenciar o tema do título da pesquisa científica.
3.0 Introdução
O projeto de pesquisa é o primeiro passo de toda pesquisa científica. No entanto,
elaborar um projeto antes de iniciar uma atividade não é exclusividade da Ciência.
Antes de construir uma casa, iniciar uma empresa, realizar uma viagem ao exterior ou
criar uma campanha de marketing, também é necessário realizar um planejamento que
minimize os riscos e aumente a probabilidade de sucesso.
Antes de começar a construir uma casa, você procura se informar sobre os
materiais de construção que terá de adquirir, sobre a mão-de-obra que precisará
contratar e, principalmente, sobre o dinheiro que terá que desembolsar, tendo em mente
qual é a aparência, o resultado final, da obra que você quer realizar. Em um projeto de
pesquisa, o raciocínio é exatamente o mesmo: desenvolver o planejamento detalhado de
uma pesquisa que se pretende realizar. Portanto, inicialmente neste capítulo, serão
conceituados o que é um projeto de pesquisa e discutido as fases e etapas da elaboração
do projeto de pesquisa.
Em seguida, serão abordados quais os requisitos necessários para obter sucesso
no projeto de pesquisa e os itens como referenciais teóricos, metodológicos e elementos
complementares que devem ser incluídos no projeto. Por fim, serão abordados os
principais problemas que podem surgir durante esse processo e como avaliar a
viabilidade do projeto de pesquisa.
3.1 Projeto de Pesquisa
Iniciando pelo próprio sentido da palavra “projeto”, fica fácil entender que o
projeto de pesquisa consiste numa importante etapa da produção científica e se
caracteriza como uma ação a ser desenvolvida, antevendo tudo que será construído
mediante o conjunto de ações a serem executadas para a realização da pesquisa.
É no projeto de pesquisa que o pesquisador esboça, delimita, explica e descreve
de forma clara e objetiva, suas principais intenções, reais interesses e o tipo de
abordagem que o norteará sobre tema ao qual discorrerá. O pesquisador ressalta acerca
dos questionamentos que o instigaram a proceder desta ou daquela forma, exprimindo a
intencionalidade e a finalidade da monografia, TCC, dissertação ou tese que o
sucederão, ou seja, o projeto de pesquisa representa o “cartão de visita” do pesquisador.
O projeto de pesquisa origina-se de um problema ou da curiosidade do
pesquisador, no qual o mesmo cria propostas (perguntas, hipóteses, objetivos e material
e métodos), utilizando procedimentos racionais e sistemáticos para encontrar a solução
do problema (resultados e respostas) (Figura 1).
Ex: Assim, se o pesquisador elege como tema "Fisioterapia geriátrica", deve idealizar um título
como "Benefícios da prática de atividades aquáticas na melhoria da qualidade de vida em idosos
portadores de osteoartrose".
3. Quais são as principais bases de dados que o pesquisador pode utilizar para
fundamentar sua pesquisa?
2 R. Conheça o que foi feito a respeito de um tema; Evite pesquisar sobre algum tema
que já foi estudado profundamente; Aborde um tema pouco conhecido ou não estudado;
Traga uma visão diferente ou inovadora sobre determinado tema; Elabore uma boa
pergunta referente ao tema escolhido.
4. R. Letra A
5. R. Letra B
OBJETIVOS
1. Entender a importância de uma elaboração de um bom projeto científico;
2. Descrever componentes básicos de um projeto científico;
3. Aprender a construir um projeto científico;
4. Diferenciar as ações concernentes aos objetivos da pesquisa;
4.0 Introdução
A elaboração do projeto de pesquisa, monografias, dissertações, teses e artigos
científicos requerem uma padronização e uma normatização. Normatizar um artigo, uma
tese ou um projeto de pesquisa, por exemplo, é considerada por grande parte dos
estudantes como a pior parte do projeto científico, porque, de fato, requer paciência,
tempo e muitas vezes, a contratação de uma empresa ou pessoa especializada no assunto
para formatar todo o trabalho. Portanto, este capítulo tem como objetivo auxiliar os
jovens pesquisadores no desenvolvimento, estruturação e formatação do projeto de
pesquisa, bem como padrões de redação, procedimentos para pesquisas bibliográficas,
seleção, organização e leitura das obras, bem como a construção de citações diretas e
indiretas. Serão, também, abordados todos os tópicos estruturais e de formatação do
projeto de pesquisa.
4.2 Título
Como descrito no capítulo anterior, título é uma forma textual clara que expressa
em poucas palavras aquilo que será realizado a partir do tema, ou seja, o título é uma a
chamada para o assunto e o posicionamento do texto abordado.
A primeira regra que você deve saber é que seu título é a primeira conexão com
os leitores e seu trabalho e que pelo título é que começa a seleção dos artigos. Portanto
se você falhar, tudo estará perdido. Você deve pensar bastante e com muito critério
antes de definir o título do seu artigo.
Para criar um título matador, o autor deve tentar transmitir o conteúdo do artigo
ou da pesquisa, de modo mais sucinto, compreensível e fiel ao conteúdo possível. O
título precisa conter elementos necessários que despertem a atenção, interesse e desejo
dos leitores. Geralmente, um bom título é constituído por uma frase impactante e
desafiadora contendo a problemática, objetivo, essência inovadora e até mesmo da
conclusão do trabalho acadêmico em questão.
Apesar de alguns autores afirmarem que existe uma tendência de encurtar os
títulos, recentemente após uma análise de mais de 10 mil dissertações de sete áreas do
campo da educação não comprovou essa tendência.
Exemplos:
Ex 1: “Preparação profissional”
- Exageradamente sintetizado;
- Não é particularmente útil.
- Não inclui o campo nem os aspectos da preparação profissional estudada.
4.6 Justificativa
Do ponto de vista prático, a justificativa acaba tendo, de fato, certa sobreposição
com os tópicos da introdução e dos resultados esperados. Portanto, tente reduzir essa
redundância, dentro do possível. A justificativa é um texto curto em formato
dissertativo, com aproximadamente 100 a 200 palavras, no qual o pesquisador
argumenta o porquê escolheu aquele recorte específico dentro do universo de interesse e
como ele irá responder as perguntas e expectativas de sua pesquisa.
Na justificativa do projeto, o pesquisador deve destacar a importância, a
relevância intelectual e prática e o porquê tal pesquisa deve ser realizada. Agora é o
momento de “vender o projeto”, ou seja, nesta seção o pesquisador deve deixar claro e
de forma convincente as razões de ordem teórica e prática, explicando os motivos, as
reais contribuições e os avanços acadêmicos que justificam o projeto de pesquisa.
É na justificativa que o pesquisador apresenta argumentos sólidos de forma
lógica e direta que explique porque a realização da sua pesquisa pode contribuir de
algum modo para a compreensão, intervenção, solução do problema ou o
aperfeiçoamento de um método/técnica. Evite argumentos vagos, como: “falta de
estudos”, “o projeto tem grande relevância para a conservação”. Esses fundamentos não
são suficientes para justificar uma pesquisa.
Seja criativo e convincente; destaque a novidade da sua pesquisa, a necessidade
de pesquisar, a forma de descrição, a importância de uma condição diferenciada, a
utilização de uma técnica inovadora, explique a importância de avaliar a associação de
variáveis e de estudar fatores que afetam outras variáveis. Lembre-se essa seção é muito
importante e deve ser escrita com cuidado, pois você deve convencer o financiador, o
assessor e o gerente responsável porque vale a pena investir na sua ideia e não outra, ou
seja, o seu projeto deve destacar-se na multidão.
Por fim, para testar sua justificativa, peça a opinião dos seus colegas, peça para
que os mesmo a leiam sem incluir o resto do projeto. Lembre-se: sua justificativa
precisa ser convincente. Se seu colega ficar interessado em financiar sua pesquisa com
base só na justificativa, ótimo, caso contrário reescreva sua justificativa.
Exemplo: A amostra foi composta de 45 militares do sexo masculino, com idades entre
18 e 21 anos, e média (±DP) de 18,7 (±0,7) anos. Todos estavam aptos à prática de
exercícios físicos e não apresentavam fatores de risco para desenvolvimento de doenças
cardiovasculares. (https://revista.eefd.ufrj.br/EEFD/article/view/335/pdf_6).
4.8 Orçamento
As agências financiadoras exigem que os projetos de pesquisa sejam
acompanhados de um planejamento orçamentário. O orçamento do projeto de pesquisa
deve conter a descrição dos recursos financeiros necessários para desenvolver e
executar as atividades da pesquisa. As informações devem ser bem claras,
possibilitando ao pesquisador ter uma previsão de quanto dinheiro é necessário, com o
que, quanto e quando serão gastos os recursos e quais as fontes (agências financiadores)
ele poderá solicitar para colocar em prática a pesquisa.
O orçamento, deve ser um item conciso, prático e esclarecedor para qualquer
leitor/financiador. Geralmente não há muita redação, ele é organizado em forma de
tabela e subdivido em várias categorias ou grupos de despesas: materiais permanentes,
de consumo, serviço de terceiros e despesa com pessoal (Figura 4). Caso julgue
interessante e necessário o pesquisador pode fazer alguns comentários sobre itens
específicos.
De posse de todos os recursos necessários para realização das atividades da
pesquisa, cabe ao pesquisador identificar possíveis fontes de financiamento (ex:
CAPES, CNPQ, FACEPE, órgão governamental, ONG, sociedade científica ou empresa
privada). Mesmo que o projeto seja autofinanciado, é obrigatório apresentar o
orçamento e expor que a pesquisa será custeada pelos próprios pesquisadores.
Figura 4 – Modelo de orçamento.
4.9 Cronograma
O cronograma do projeto é um quadro complementar ao quadro dos objetivos,
ações e resultados, que nos permite saber quando cada ação será realizada. Neste tópico
o pesquisador insere as atividades que serão desenvolvidas ao longo do tempo. O
cronograma deve ser elaborado com critério, pois constitui um instrumento essencial de
gestão para ser consultado e obedecido.
O cronograma apresenta-se em formato de quadro, em que o pesquisador divide
o trabalho todo em etapas e inserem-se as principais atividades do projeto indicando os
prazos de realização de cada uma, distribuindo-as mês a mês (Figura 5). Este modelo
permite que o pesquisador se organize bem melhor, proporcionando motivação para o
trabalho a cada etapa concluída, além de fornecer uma rápida visualização da
progressão e da sequência das às atividades que devem acontecer. Devido ao fato das
coisas nem sempre saírem como planejado é recomendável colocar o dobro do tempo
estimado para cada etapa do projeto.
4.10 Referências
No ultimo tópico do projeto de pesquisa, o pesquisador deve relacionar todas as
bibliografias utilizadas para as citações realizadas no projeto. É importante citar
somente referências cuja informação seja realmente importante para seu projeto e claro
utilizar uma literatura de alto nível. Evite citar vários trabalhos para uma mesma ideia,
cite apenas quem propôs cada ideia originalmente ou quem atualizou de maneira mais
convincente.
É fortemente recomendado seguir o formato padrão especificado pela agência
financiadora ou patrocinador. Devido à grande quantidade de bases de dados,
publicações disponíveis e centenas de normas (ex: NBR 6023 da ABNT; Vancouver;
APA e etc), recomendo para a construção e elaboração de uma revisão bibliográfica
confiável, fácil, rápida, atualizada e padronizada a utilização de softwares de gestão
bibliográfica que permitem recolher, gerir e citar fontes bibliográficas.
4.11 Apêndice
Os apêndices são textos ou documentos elaborados pelo autor da pesquisa. É
utilizado somente quando for necessário para criar uma entrevista, um relatório, ou
qualquer documento com o escopo de complementar a argumentação.
Exemplos:
Termo de Confidencialidade;
Carta de Anuência;
Planilha de treinamento;
Ficha cadastral do voluntário.
4.12 Anexo
Os anexos são textos ou documentos não elaborados pelo autor da pesquisa, que
servem de fundamentação, comprovação ou ilustração.
Exemplos:
Termo de Confidencialidade;
Mapas;
Leis;
Estatutos.
Ambos apêndices e anexos são materiais complementares ao texto que só devem ser
incluídos quando forem imprescindíveis à compreensão deste.
1. Por que deve-se estruturar um projeto científico?
1 R. Em função de que todo o projeto que se destina a fazer ciência deve apresentar uma
padronização e uma normatização, de acordo com os rigores impostos pela própria
metodologia de escrita de um trabalho científico.
VOLPATO, GILSON. Guia Prático para Redação Científica. 1. Edição. São Paulo:
Best Writing, 2015.
CAPÍTULO 5 - TÉCNICAS PARA MELHORAR SUA
PERFORMANCE DE ESTUDO
OBJETIVOS
1. Aprender as principais técnicas de administração do tempo de estudo;
2. Aprender as principais técnicas de estudo;
3. Diferenciar as principais técnicas de estudo;
4. Exemplificar as principais técnicas de estudo.
5.0 Introdução
Às vezes estudar parece ser uma tarefa muito difícil e árdua, principalmente em
função das obrigações e as tarefas do nosso cotidiano que crescem exponencialmente.
Diante disso, o tempo passa a ser exíguo, induzindo a ilusória necessidade de
ampliarmos nosso dia em mais de 24 horas.
Na verdade, isto tudo é culpa da falta de gerenciamento do tempo e da maneira
de estudar, pois estes são os dois fatores que mais influenciam no processo de
aprendizagem. Neste capítulo serão abordadas algumas técnicas para você gerenciar
melhor o seu tempo, apreender mais rápido um conteúdo e obter mais sucesso em seus
objetivos sem ficar exausto de tanto estudar.
Gestão e a administração do tempo são temas que interessam cada vez mais as
pessoas, pois o tempo está em um nível muito acima do dinheiro. Atualmente, o tempo
é muito mais do que isso. É algo extremamente precioso. Uma vez perdido, nunca mais
retorna. Como o tempo é um recurso limitado, devemos preocupar na verdade em
gerenciá-lo. A ideia, então, é ter maior produtividade, ou seja, administrar melhor o
tempo, evitar desperdiçá-lo e aumentar nossa capacidade de realizar trabalho.
Seja na vida pessoal e profissional, por mais que façamos uma boa
administração do tempo, nunca o dia vai ter mais que 24 horas. Somado a isso, sabemos
que todos nós enfrentamos oscilações de estado de espírito, às vezes estamos motivados
e o trabalho flui facilmente, mas também temos momentos que estamos desanimados e
responder um simples e-mail parece um trabalho colossal.
Para evitar o desperdício de tempo e o envolvimento com dezenas de tarefas
desnecessárias ao longo do dia, o estudante deve aprender e utilizar técnicas para
aumentar o seu foco, gerenciar melhor o seu tempo, aumentar a sua performance na
universidade e organizar sua vida.
a) Qual é a única coisa que posso fazer de modo que, ao fazê-la, o restante se torne mais
fácil ou desnecessário?
______________________________________________________________________
b) Qual a sua visão?
______________________________________________________________________
c) Qual a sua missão?
______________________________________________________________________
d) Qual a sua meta?
______________________________________________________________________
e) Qual o seu objetivo?
______________________________________________________________________
f) Como avaliar se você está no caminho certo?
______________________________________________________________________
Após responder as questões supracitadas, crie a lista categorizando as tarefas em
importantes e não importantes, urgentes e não urgentes (aqui é importante lembrar que
urgência está atrelada ao tempo e a complexidade de realizá-las). Separe as tarefas por
semelhanças e itens de prioridade. Se possível, coloque as coisas mais difíceis e
urgentes no topo da lista, assim, no fim do dia, quando estiver cansado, fará as tarefas
que você tem mais habilidade para realizar.
Dimensione o tempo a ser dispendido para cada tarefa de forma correta para
completar cada item, inclua no tempo gasto de cada tarefa o tempo de imprevistos e
interrupções que possam acontecer, inclua as pendências não resolvidas no mesmo dia.
Estabeleça prazos finais para todas as tarefas e elimine os itens da lista (sinalize-os)
quando tiver terminado cada um deles. Não prorrogue prazos de tarefas importantes,
pois elas não serão menos árduas por isso. Ao fim do dia verifique o que deu certo, o
que deu errado e quais objetivos ainda precisam ser conquistados.
Sugiro selecionar cinco amigos com os quais você terá contato direto, pessoas
que você confia e que são pessoalmente e profissionalmente melhores que você, pois
você será a média deste grupo. Quando você observar que é o melhor membro do grupo
é hora de você trocar de amigos. Sei que isto soa um tanto egoísta, mas o objetivo aqui é
você focar no seu crescimento profissional/pessoal.
Fuja de pessoas intransigentes e “enroladas”, não tenha em seu círculo de
amizade pessoas com visões limitadas, sem argumentações e ideias confusas.
Aproxime-se de pessoas visionárias, de alto astral e que te impulsione.
5.1.10 Backup
Tenho certeza que a grande maioria já passou por isso, eu mesmo tive esta
desagradável experiência, de perder vários arquivos de aulas e artigos que estavam em
meu notebook. Para que você não passe pelos mesmos problemas que passei, faça
sempre seu backup. Com a tecnologia de hoje é possível fazer seu backup na nuvem
utilizando o Google drive ou Dropbox, além é claro de salvar os documentos mais
importantes no e-mail, pendrive, DVDs e HD externo.
5.2.1 Grifar
Devido a sua facilidade talvez esta seja uma das técnicas mais utilizadas já que é
apenas passar o marca texto no conteúdo que o leitor julgue mais importante. É uma
técnica pouco efetiva, pois ao grifar uma sentença, o seu cérebro não organiza, cria ou
conecta conhecimentos. Logo é recomendável utilizar esta técnica combinada com
outras técnicas.
5.2.2 Releitura
É uma técnica mais eficiente que grifar, mas para otimizar esta técnica é
necessário que a releitura seja feita imediatamente após a primeira leitura do conteúdo.
Caso contrário, isto reduzirá seu desempenho.
5.2.5 Fichamentos/Resumos
Devido à quantidade enorme de conteúdos estudados é muito comum que depois
de algum tempo, as diferentes ideias, informações e análises sobre um determinado
assunto que você estudou fiquem desorganizadas na sua cabeça, tornando difícil extraí-
las do seu cérebro. Para auxiliar neste processo de organização do conhecimento, sugiro
que você organize e estruture os diferentes conteúdos que foram estudados em
fichamentos com tópicos lógicos e simples, com citações diretas e indiretas,
transcrevendo os dados com o máximo de exatidão e cuidado. Recomendo que este seja
feito, de preferência, manualmente e com suas próprias palavras, anotando os pontos
mais importantes do texto/artigo e as principais ideias de modo que, no momento em
que o resumo for revisto, seja possível lembrar-se de forma rápida grande parte do
conteúdo.
O fichamento é uma das técnicas preferidas e intuitivas de aprendizagem dos
estudantes. Esta técnica contribui para a aquisição de novos conhecimentos a partir de
diferentes levantamentos (bibliográfico, de conteúdo ou temático, de citações, de
opinião, de comentários ou analítico). Possibilita ao estudante guardar a informação,
aprofundar no conteúdo, consultar a qualquer momento e melhorar o desempenho em
provas discursivas.
Para o estudante de graduação ou pós-graduação, o fichamento é uma ferramenta
de excelência imprescindível, pois facilita o desenvolvimento das atividades
acadêmicas, no qual pode ser utilizado para: identificar obras; organizar diferentes
conhecimentos; selecionar documentos; conhecer conteúdos; fazer citações; analisar o
material; elaborar críticas; auxiliar e embasar a produção de textos científicos (TCC,
dissertação, tese e artigo científico).
Por ser uma técnica de estudos individual, cada estudante pode desenvolver as suas
estratégias de estudos, porém, recomendo três passos fundamentais para a construção do
fichamento (Figura 1 A e B).
1) Tenha o contato com o texto/artigo – faça uma leitura dinâmica para identificar de
forma geral o conteúdo do texto/artigo;
Exemplo:
Utilize o “Por quê?” em vez de O quê?
5.2.10 Auto-explicação
Sabe aquele ditado que diz que a melhor maneira de aprender é ensinar ou ainda
segundo Albert Einstein:
“Se você não consegue explicar algo de modo simples é porque não entendeu
bem”.
5.2.14 Personalização
Algumas técnicas (organização, revisões periódicas da matéria e etc) funcionam
para todos os estudantes, entretanto outras funcionam apenas para alguns. Existem
estudantes que tem uma melhor performance fazendo fichamentos, ouvindo um áudio
(podcast) ou gravando e assistindo vídeos, outros obtém melhores resultados estudando
em silêncio ou ouvindo música clássica e ainda tem aqueles que preferem estudar pela
manhã, tarde ou noite, por isso, a personalização é a melhor técnica de todas
Esta técnica consiste em testar todos horários, tipos de ambiente e todas as
técnicas de estudo. A ideia agora é não seguir as técnicas dos outros, o estudante deve
testar, avaliar e descobrir realmente o que funciona para ele. O estudante deve criar o
seu conjunto de técnicas de estudo para que ele consiga a excelência.
5.2.15 Calendário de estudos
Agora que o estudante criou o seu arsenal de técnicas de estudo e desenvolveu a
sua melhor forma de estudo, ele não pode deixar de planejar e organizar o seu
calendário de estudos, priorizando os conteúdos/disciplinas. O estudante deve ter em
mente que o mais importante não é a velocidade com que ele faz as coisas e sim é seguir
na direção correta e claro preste atenção nas aulas e nas dicas dos seus professores.
1. R. Crie uma lista de prioridades e estabeleça metas, mantenha uma agenda atualizada,
organize seu ambiente de estudo/trabalho, destrua as distrações, mantenha-se focado,
crie intervalos de descanso, aprenda a dizer não, participe de reuniões só em casos
extremos, selecione seus amigos, faça Backup dos seus estudos e aprenda a utilizar a
informática a seu favor.
OBJETIVOS
1. Entender como se faz uma busca eficiente de artigos científicos;
2. Conhecer as principais bases de dados científicos disponíveis na web;
3. Aprender os passos para otimizar a pesquisa científica;
4. Desenvolver estratégias eficientes para se elaborar uma pesquisa de artigos
científicos.
6.0 Introdução
Buscar informações em sites na internet de maneira eficiente nem sempre é uma
tarefa fácil para estudantes, principalmente devido ao crescimento exponencial na
velocidade e no volume de informações causado pelo avanço tecnológico. Para isso, é
necessário à utilização de técnicas eficientes e eficazes para a melhoria na busca de
materiais disponíveis na internet.
Para o levantamento de um determinado tema de pesquisa, é recomendado
recorrer a sites especializados em localizar outros sites, conhecidos como ferramentas
de busca, especificamente bases de dados e portais. Tanto em bases de dados e portais
nacionais e internacionais, o pesquisador encontrará artigos de revistas, livros, teses e
documentos. Atualmente, as bases mais utilizadas na área da saúde são: Lilacs, Medline,
EMBASE; Web of Science e Scopus. Portanto, o objetivo deste capítulo é detalhar o
funcionamento das bases de dados e portais e discutir algumas estratégias e ferramentas
que facilitem a busca, a criação de lista com referências, seleção, processamento e
armazenamento do material necessário para a escrita de monografia, dissertação, tese e
artigo científico.
- 2˚ Etapa:
Selecione o material pelos títulos dos artigos aqueles mais próximos do tema de
interesse, ou utilize outros filtros como: nome do autor, prefácio, resumo, palavras-
chaves, ano, classificação da revista. Nesta etapa é muito importante selecionar fontes
confiáveis, reconhecidas e aceitas cientificamente.
- 3˚ Etapa:
Leia o resumo e a conclusão, caso o material seja útil, faça o download e
armazenamento dos materiais selecionados em uma pasta de fácil acesso.
- 4˚ Etapa:
Leia, analise e interprete o material selecionado na íntegra e faça o fichamento
do material lido. Esta etapa é importante, principalmente, para posteriormente, facilitar
a consulta e citação da referência. Após a realização de todas as etapas, o pesquisador
estará apto para iniciar o processo de redação da revisão de literatura.
- Operadores de busca ( )
Ordena a pesquisa, quando utilizado mais de 1 operador de busca.
- Operadores de truncamento ( $ )
Deve ser usado após o prefixo de uma palavra ou termo para recuperar palavras
derivadas. Serve para substituir o sufixo de uma palavra, utiliza-se o símbolo de cifrão
($). Esta técnica de busca é útil para buscar por radicais de palavras, mas funciona
somente após um radical - prefixo de uma palavra e não antes.
A mesma opção também pode ser localizada no menu lateral à esquerda em que
permite visualizar outros tipos de pesquisa disponíveis como a possibilidade de localizar
a base por título, área e subárea do conhecimento ou busca avançada (Figura 4).
Figura 4 – Procedimentos para busca por base utilizando o menu lateral.
6.4.2 BIREME
A Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) http://bvsalud.org/ desenvolvida sob a
coordenação da BIREME (Centro Latino Americano de Informação em Ciências da
Saúde) foi estabelecida como modelo, estratégia e plataforma operacional de
cooperação técnica da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para gestão da
informação e conhecimento em saúde.
A BVS é uma Rede constituída coletivamente pela BVS de países pertencentes à
América Latina e Caribe e coordenada pela BIREME. O objetivo do portal é integrar
uma rede de fontes de informação que distribui conhecimento científico e técnico em
saúde e promover a democratização e ampliação do acesso à informação científica e
técnica na América Latina e Caribe (AL&C).
A coleção de fontes de informação do portal está composta por várias bases de
dados bibliográficas produzidas pela Rede BVS, como IBECS, SCIELO, biblioteca
COCHRANE, MEDLINE, LILACS entre outras. Dentre os documentos indexados,
incluem: artigos de revistas, livros, capítulo de livros, dissertações e teses, folhetos,
anais de congressos e conferências, relatórios técnico-científicos, publicações
governamentais.
Ao acessar o Portal de pesquisa da BVS http://bvsalud.org/ o pesquisador tem a
opção de fazer a pesquisa em uma área de pesquisa integrada, no qual busca em todas as
fontes de informação simultaneamente ou acessar diretamente subportais, as fontes de
informações disponíveis para pesquisas no portal e outros links relacionados. Para
iniciar a pesquisa digite palavras significativas e/ou termos (descritores de assunto) na
caixa de busca (Figura 11).
Passo 1:
- Crie um cadastro e o alerta no PUBMED conforme item 6.4.3;
Passo 2:
- A grande estratégia é na criação do alerta, para isso, você deve criar 2 a 5 alertas com
os descritores relacionados ao seu tema de estudo e mais 2 a 5 alertas com os principais
autores (pesquisadores) no seu campo de pesquisa.
Passo 3:
- Solicite para receber o seu alerta aos sábados, ou seja, todos os sábados você irá
receber em média 20 a 40 resumos dos artigos relacionados aos descritores do seu tema
e artigos publicados pelos autores referências do seu tema.
Passo 4:
- Reserve um período (40 a 60 minutos) de imersão no sábado para ler os 20 a 40
resumos dos artigos recebidos;
- Após ler os 20 a 40 resumos dos artigos, selecione 5 a 7 artigos mais importantes e
relevantes e faça uma programação de leitura semanal para cada artigo.
- Inicialmente, recomendo que leia um artigo por dia e que seja a primeira tarefa do dia
a ser realizada.
Com esta estratégia tenho certeza que seu rendimento científico será otimizado,
facilitando sua escrita de monografia, dissertação, tese e artigos científicos.
1. R. Para fazer uma busca por artigos científicos, podemos dividir as ações em 4
passos: 1) escolha dos descritores (palavras-chaves), 2) seleção dos assuntos mais
pertinentes ao tema investigado, 3) ler o resumo e a conclusão e 4) elaborar um
fichamento referente àquele artigo de importância.
Costa Santos CM1, Mattos Pimenta CA and Nobre MR. The PICO strategy for the
research question construction and evidence search. Rev Lat Am Enfermagem. 2007
May-Jun;15(3):508-11.
OBJETIVOS
1. Conhecer os conceitos básicos relacionados à classificação dos periódicos;
2. Entender como se utilizar as ferramentas indicadoras de qualidade científica;
3. Aprender a reconhecer os elementos básicos que identificam os periódicos de
qualidade científica;
4. Comparar os artigos científicos através dos principais indicadores de qualidade;
5. Categorizar os artigos científicos corretamente através dos indicadores de
qualidade científica.
7.0 Introdução
A medida que a publicação contribui para o avanço do conhecimento científico
em certa área da pesquisa e é posteriormente difundida para a comunidade, cresce
também à necessidade de validá-la e qualificá-la. Para isso, torna-se necessário um
controle sistemático de avaliação da produção científica, que deve ser constantemente
atualizado e discutido por membros da própria comunidade científica. Logo, este
processo merece destaque principalmente quando consideramos que a avaliação da
qualidade da produção científica também é um processo integrante da construção do
conhecimento científico.
Portanto é oportuno, neste capítulo discutirmos conceitos como ISNN, ISBN,
indexação de periódicos e revisão por pares. A fim de entender os critérios de avaliação
e indicar os veículos de maior relevância para cada área do conhecimento, também será
discutido a classificação do Qualis Periódicos e compará-los com alguns indicadores de
qualidade científica (base de dados, fator de impacto) e outras ferramentas que também
são recomendados para avaliar a qualidade dos estudos.
7.1 Conceitos iniciais
- ISNN e ISBN
O International Standard Serial Number (ISSN) é um número de identificação
única de uma publicação em série (ex: jornais, revistas, anuários, etc.) aceito
internacionalmente. O ISSN possibilita ordenação, catalogação e precisão na
identificação e controle de publicação seriada. Para mais informações consulte o Centro
Brasileiro do ISSN, disponível em: http://www.ibict.br/
O International Standard Book Number (ISBN) é um sistema de registro
internacional padronizado que identifica numericamente os livros. Uma vez fixada à
identificação, ela só se aplica àquela obra e edição, não se repetindo jamais em outra, o
que facilita a interconexão de arquivos, atualização bibliográfica, recuperação e
transmissão de dados. Para mais informações consulte a Agência Brasileira do ISBN,
disponível em: http://www.isbn.bn.br/
- Indexação de periódicos
Os periódicos têm como objetivo fundamental disseminar o conhecimento,
conferir a propriedade intelectual ao autor além de tornar público o debate e o avanço da
ciência, com a quebra de antigos paradigmas e o estabelecimento de novos, em um ciclo
de renovação que é uma das bases do processo científico. Devido ao crescimento
exponencial da produção científica, é necessária que a informação se torne visível à
comunidade científica de forma rápida e sistemática, além de assegurar a recuperação
de qualquer documento ou informação no momento em que um usuário busca um
assunto. Para isso, tem-se exigido a indexação dos periódicos em bases de dados (ex:
Scopus, Web of science, Scielo, CINAHL, Medline e etc).
A indexação de uma revista nas bases de dados significa a garantia de um
reconhecimento de qualidade de seus artigos, o que garante maior visibilidade e
acessibilidade. Para uma revista ser indexada, ela deve apresentar algumas
características como: possuir corpo editorial, revisores especializados, mérito científico
(validade, importância, originalidade, contribuição para o campo), critérios claros e
rigorosos de aceitação de artigos dessas revistas (revisão por pares e adoção de
princípios éticos bem esclarecidos), periodicidade, distribuição, formato de publicação e
versão eletrônica de alto padrão.
É importante ressaltar que o ISSN de um periódico, não confere o caráter de
periódico indexado. Como exemplo, a revista de entretenimento Caras que tem ISSN:
0104-396X, porém apresenta os critérios obrigatórios para sua indexação em uma base
de dados. Neste caso, o ISNN é apenas representa um número de identificação da
revista.
Figura 2 - Distribuição das modalidades de peer review adotados pelos periódicos registrados na coleção
SciELO Brasil. Fonte: ScholarOne de gestão de manuscritos em 27 de fevereiro de 2015.
7.3 Qualis
O Qualis Periódicos é uma das ferramentas utilizadas para produção coletiva dos
programas de pós-graduação no Brasil, auxiliando os comitês de avaliação no processo
de análise e de qualificação da produção bibliográfica dos docentes e discentes dos
programas de pós-graduação credenciados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes).
O Qualis categoriza os veículos de divulgação da produção científica (periódicos
e outros tipos - ex: anais de eventos), a partir da análise da aderência de área,
combinado com um sistema de peer review (revisão por pares) garantindo de certo
modo, a qualidade da produção científica. A classificação Qualis é avaliada e atualizada
anualmente por áreas específicas e é constituída por sete estratos (A1; A2; B1; B2; B3;
B4 e B5). Há ainda um estrato C, destinado a publicações que não constituem
periódicos científicos ou não atendem aos critérios mínimos estabelecidos em cada área
para ser classificado.
Com o intuito de atribuir valor para cada área, o processo de avaliação também
possui critérios classificatórios específicos por área, ou seja, um mesmo periódico pode
ter classificações bastante distintas em cada uma das áreas de avaliação. Essas
discrepâncias podem ocorrer devido os diferentes pontos de corte adotados para a
classificação (indicadores de impacto), julgamentos da relevância do periódico para
determinada área do conhecimento e às concepções disciplinares. Para consultar a
classificação dos periódicos e anais baseado no Qualis das áreas, o pesquisador deve
acessar o WebQualis e seguir os passos subsequentes:
Passo 1: A plataforma Sucupira é uma ferramenta criada pela CAPES, para coletar
informações, realizar análises e avaliações e ser à base de referência do Sistema
Nacional de Pós-Graduação (SNPG). Esta plataforma disponibiliza em tempo real e
com muito mais transparência as informações, processos e procedimentos que a CAPES
realiza no SNPG para toda a comunidade acadêmica. Inicialmente, o pesquisador deve
acessar a plataforma Sucupira https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/ e clicar em
“consultas” (Figura 3).
- Bases de dados
- Fator de impacto
O fator de impacto (FI) é um score utilizado para avaliar o impacto e a
importância do periódico na comunidade científica e especificamente em sua área,
sendo que aqueles com um maior FI são considerados mais importantes do que aqueles
com um menor FI. O FI de um periódico é obtido pela base Journal Citation Reports
(JCR) responsável por avaliar periódicos indexados na base de dados Web of Science,
publicada pelo Institute for Scientific Information (ISI) e editada pela Thomson Reuters.
O FI é uma medida que reflete o número médio de citações de artigos científicos
publicados em determinado periódico.
Do ponto de vista prático quanto maior o FI do periódico, maiores as chances do
artigo ser lido e citado. Logo, o FI é uma ferramenta importante para auxiliar os
pesquisadores na seleção dos periódicos utilizados em suas pesquisas e principalmente
no momento de publicar seus trabalhos.
Após a inclusão do estudo na base de dados PEDro, este é avaliado quanto à sua
qualidade metodológica e descrição estatística por meio da escala PEDro.
Critério 9 - Uma análise de intenção de tratamento significa que quando os sujeitos não
receberam tratamento (ou a condição de controle) conforme o grupo atribuído, e quando
se encontram disponíveis medidas de resultados, a análise foi efetuada como se os
sujeitos tivessem recebido o tratamento (ou a condição de controle) que lhes foi
atribuído inicialmente. Este critério é satisfeito, mesmo que não seja referida a análise
por intenção de tratamento, se o relatório referir explicitamente que todos os sujeitos
receberam o tratamento ou condição de controle, conforme a alocação por grupos.
ARNS, M. Open access is tiring out peer reviewers. Nature. 2014, vol. 515, nº 467, pp.
467. DOI: http://dx.doi.org/10.1038/515467a
HIRSCH J. E. "Does the h-index have predictive power?". PNAS. 104 (49): 19193–
19198. arXiv:0708.0646Freely accessible. Bibcode: 2007 PNAS..10419193H.
MULLIGAN, A., HALL, L., and RAPHAEL, E. Peer Review in a changing world: an
international study measuring the attitudes of researchers. J. Am. Soc. Inf. Sci. Technol.
2013, vol. 64, nº 1, pp. 132-161. DOI: http://dx.doi.org/10.1002/asi.22798
OBJETIVOS
1. Conhecer as principais ferramentas de visibilidade e de produtividade
acadêmica disponíveis;
2. Diferenciar as principais ferramentas de visibilidade acadêmica;
3. Entender como são obtidos os principais resultados de produtividade e impacto
das publicações científicas;
4. Descrever os principais passos para se cadastrar nos sites de visibilidade e
produtividade acadêmica;
5. Aprender a usar a ferramenta adequada de visibilidade acadêmica.
8.0 Introdução
Devido ao sucesso das redes de relacionamentos e das redes sociais (Facebook,
Instagram, Twitter e Snapchat), diversos empreendedores utilizaram ferramentas
semelhantes destas redes sociais para desenvolverem plataformas (ex: Academic
Search, Linked In, Google Scholar, Academia edu, ResearchGate e Plataforma Lattes)
que gerenciam perfis acadêmicos. Com esse sistema, a forma como a pesquisa científica
é distribuída e validada, vêm ganhando mais popularidade, reputação e seguidores a
cada ano.
Estas plataformas vêm trabalhando em conjunto com o objetivo de estimular o
jovem pesquisador a pensar em ciência e a desenvolver novas pesquisas. Estas metas
são estimuladas e aceleraradas pelo acesso de dados e insights de outros pesquisadores e
disponibilidade gratuita de centenas de milhares de artigos científicos a todo o público
(Tabela 1).
Tabela 1 - Ferramentas de visibilidade acadêmica.
B) Linked In
Com mais de 347 milhões de usuários registrados, o Linked In, fundado em
2002, é uma rede social gratuita de negócios, principalmente utilizada por profissionais
com o intuito de conectar profissionais do mundo todo, tornando-os mais produtivos e
bem-sucedidos. Ao se cadastrar no LinkedIn, o usuário mantém o seu contato e suas
habilidades atualizadas e visíveis para outros profissionais e empresas. Além disso, o
usuário também tem acesso a outros profissionais qualificados, vagas, notícias,
atualizações e insights que lhe ajudaram a encontrar oportunidades de trabalho e ou
buscar por candidatos potenciais para sua empresa.
C) Google Scholar
O Google Scholar ou Google Acadêmico, fundado em 2004, é uma ferramenta
de pesquisa na Web livremente acessível, que indexa livros, resumos, relatórios
técnicos, conferências, dissertações, teses e periódicos acadêmicos e outras publicações
acadêmicas. Ao criar um perfil público no Google Acadêmico, o usuário poderá inserir
e compartilhar os artigos de sua autoria, além de salvar em sua biblioteca virtual ou
importar para seu dispositivo (ex: desktop, notebook, tablet ou smartfone) os artigos
resultantes de sua pesquisa. Uma ferramenta do Google Scholar que vem ganhando
destaque é o Citations que permite aos usuários pesquisarem os dados bibliométricos de
cada autor, ou seja, essa é uma métrica utilizada para a avaliação qualidade da
publicação científica e para a aferição do prestígio e referência dos pesquisadores.
D) Academia edu
Fundada em 2008, a Academia.edu é uma rede social gratuita, que atualmente
existem mais 18 milhões de usuários registrados. É uma plataforma em que acadêmicos,
compartilham artigos, monitoram seus acessos e acompanham pesquisas em campos
particulares do conhecimento.
E) ResearchGate
O ResearchGate é uma rede social, profissional e gratuita, fundada em 2008,
com mais de 11 milhões de usuários voltada especificamente para cientistas e
especialistas de todas as áreas. Atualmente a maioria dos membros são provenientes da
Europa e América do Norte, envolvidos na área de medicina e biologia, embora também
tenha participantes de engenharia, ciência da computação, ciências agrícolas, psicologia,
entre outras áreas. É uma plataforma que indexa informações auto-publicadas dos perfis
de usuários, permitindo assim que os membros se conectem, interajam e colaborarem
com colegas de trabalho de interesses semelhantes do mundo inteiro.
- Métricas
O ResearchGate utiliza uma medição: o "RG Score", uma ferramenta que detalha
estatisticamente quem está lendo seus trabalhos, possibilitando o acompanhamento
simultâneo das citações dos seus trabalhos. Apesar de ser correlacionada com as
medidas de impacto de citações existentes, este score têm sido criticado, tendo
confiabilidade questionável, não revisada por pares e metodologia de cálculo
desconhecida, sendo considerada pela comunidade científica como um score que não
representa uma medida de impacto de citação.
- Recursos
Os membros do ResearchGate podem aumentar a visibilidade e citações do seu
trabalho fazendo o upload e compartilhando os resultados em qualquer estágio do ciclo
de sua pesquisa, além de poder incluir artigos, dados, capítulos, resultados negativos,
patentes, propostas de pesquisa, métodos, apresentações e software. Os usuários
também podem encontrar, conectar-se, acompanhar as atividades de outros
pesquisadores e colaborar com pesquisadores de todo o mundo em todas as disciplinas
científicas.
Os membros também podem participar de discussões abertas em um
determinado tema de interesse de pesquisa, para isto, basta apenas publicar uma
pergunta, que ela será automaticamente distribuída para outros usuários especialistas na
área. Além disso, existem salas de bate-papo privadas onde os usuários podem
compartilhar dados, editar documentos compartilhados ou discutir tópicos
confidenciais. Existe também o blog em que os usuários podem escrever revisões curtas
de artigos revisados por pares.
Entretanto, um recurso vem atraindo cada vez mais a aderência de jovens
talentosos e especializados, pois esta plataforma fomenta uma fonte de candidatos
perfeitos e altamente qualificados para diversas vagas de pós-doutorado e empregos em
universidades e empresas do mundo inteiro. Ou seja, os candidatos podem ser filtrados e
avaliados, identificados e contratados com facilidade por meio de estatísticas
detalhadas.
F) Plataforma Lattes
A Plataforma Lattes é uma base de dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e
de Instituições. Especificamente, o Currículo Lattes é um padrão nacional de
informações e registro da vida pregressa e atual dos estudantes e pesquisadores do país.
Atualmente é indispensável e adotado pela maioria dos estudantes, pesquisadores,
gestores, profissionais, instituições de fomento, universidades e institutos de Ciência,
Tecnologia e Inovação do País.
As informações contidas no Currículo Lattes são utilizadas para a avaliação da
competência de candidatos à obtenção de bolsas e auxílios; na seleção de consultores,
de membros de comitês e de grupos assessores e para o subsídio à avaliação da pesquisa
e da pós-graduação brasileira. Portanto, o Currículo Lattes é obrigatório para bolsistas
de pesquisa (iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado), orientadores
credenciados, membros do Conselho e professores de instituições de ensino superior.
Para cadastrar seu currículo, primeiramente acesse a plataforma lattes e clicar em
“cadastrar novo currículo” (Figura 6).
Após clicar em “cadastrar novo currículo”, abrirá uma nova janela para iniciar o
cadastro do novo currículo. Selecione a opção BRASILEIRA, digite o seu e-mail e a
senha que você usará para acesso ao cadastro. Em seguida digite os caracteres da
imagem, clique em “próxima” (Figura 7).
Ao abrir a página inicial do currículo lattes, observe nas abas superiores que
existe a possibilidade do pesquisador preencher todas as informações relacionadas às
atividades acadêmicas, científicas, profissionais e culturais complementares da sua
carreira profissional. Além disso, existe um resumo que pode ser construído pelo
próprio site ou editado pelo autor, para isso, basta clicar em “Editar Resumo” (Figura
13).
Na aba “Dados gerais” o pesquisador deve preencher dados referentes:
identificação, endereço, idiomas, prêmios e títulos (ex: prêmios de trabalhos científicos,
de apresentações de congressos e as homenagens prestadas pelos alunos, colegas ou da
Instituição), texto inicial do currículo lates e outras informações relevantes. Na aba
"Formação" o pesquisador deve preencher dados específicos (ex: local da formação,
data de início e término) e referentes: a formação acadêmica/titulação, pós-
doutorado/livre-docência e formação complementar (ex: curso de curta duração,
extensão universitária, MBA e outros).
Altmetria - é o estudo e uso de medidas de impacto com base nas atividades acadêmicas
e em ferramentas e ambientes online.
Essas ferramentas são utilizadas para medir a influência ou impacto que uma
atividade ou produção científica desempenha tanto dentro quanto fora do meio
acadêmico. Elas medem, armazenam, avaliam quantitativamente e registram a
visibilidade e o interesse dos leitores pelas atividades científicas e acadêmicas, por meio
de um sistema de informação web e da análise dos links de sites que são utilizados
como estratégia de citação para outras fontes de informações disponíveis na rede. Além
disso, essas ferramentas também estimulam a conexão entre comunidades de
pesquisadores e o público em geral.
Pilares do impacto:
Agora que você entendeu o conceito das métricas, você deve ter em mente que
uma das coisas mais importantes na ciência é ser citado pelos seus pares, por outros
grupos independentes do seu ou por outros cientistas que pesquisam o que você
pesquisa. Caso ninguém cita os seus trabalhos, podemos levantar duas hipóteses: a)
ninguém pesquisa o que você pesquisa logo provavelmente ninguém mais se importa
com o seu tema ou b) porque seus trabalhos não são originais e relevantes.
No entanto, independente do número de citações, o leitor sempre deve levar em
consideração os pilares do impacto, principalmente porque hoje no Brasil existem
“seitas científicas” que utilizam da má utilização das ferramentas métricas para
ludibriarem leigos, estudantes, profissionais, professores e até pesquisadores.
8.2.1 Índice H
O índice h, ou h-index, foi criado em 2005, é uma ferramenta métrica baseada na
citação de artigos científicos utilizada para estimar a produtividade, o impacto e a
qualidade relativa de um cientista, de um grupo de cientistas, um departamento, um país
e assim por diante. O índice h é calculado pelo Web of Science, no qual relaciona o
número de artigos científicos publicados e indexados por um pesquisador e o número de
citações que cada artigo recebe.
Ex: um pesquisador que publicou 2 artigos, sendo um deles numa revista obscura que lhe
rendeu apenas 1 citação e o outro como primeiro autor na revista Nature recebendo 238 citações. O
índice deste pesquisador será de h = 1 pois ele não tem 2 artigos com pelo menos 2 citações.
Considerações finais
Até o momento todos os indicadores métricos desenvolvidos, para medir os
padrões da comunicação científica, apresentam limitações na capacidade de avaliar,
principalmente em considerar as diferenças e a aplicabilidade existentes entre as várias
sub-áreas e em diferentes contextos (países, instituições, departamentos, áreas, PPGs,
etc). Por fim, o grande desafio em termos de indicadores é o desenvolvimento de
ferramentas que valorizem os periódicos de qualidade e que tratem de forma especial os
problemas regionais e indicadores econômicos/sociais que não estão contemplados por
nenhuma dessas métricas.
1. Quais são as principais ferramentas de visibilidade acadêmica disponíveis?
2. O que são os indicadores de produtividade e impacto?
3. Quais são os principais e indicadores de produtividade e impacto utilizados no mundo
acadêmico?
4. O que representa o índice H?
5. Qual a diferença entre o Academic Search e o Linked In?
Diane Rasmussen Neal (6 August 2012). Social Media for Academics: A Practical
Guide. Elsevier Science. p. 28. ISBN 978-1-78063-319-0.
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Santos, R.N.M. Produção científica: por que medir? O que medir? Revista Digital de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, v.1, n.1, p.22-38, 2003.
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