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O Prévia – curso pré-vestibular do Instituto de Artes - é uma iniciativa de um grupo de estudantes do curso
de Licenciatura e Bacharelado em Artes Visuais da UNESP que atua desde 2008.
organizar suas aulas em temas em torno dos quais é possível tecer relações diversas, sensíveis às mais variadas
manifestações estéticas existentes e aos contextos que as cercam.
A elaboração desse material foi pensada como forma de apoio a essa opção pela ausência de cronologia e
linearidade nas aulas. No entanto, a escolha por esse formato de folhas e imagens avulsas ainda se deve a essa
tentativa de olhar a história como uma construção e uma seleção. Construção essa que poderá ser (re)feita por você
e por nós; seleção que ainda se restringe àquela contada pelos livros e esperada pelo vestibular.
Mas como foi dito, é uma tentativa. Vamos tentar juntos. : )
Manoel de Barros
Aqui vamos falar de algumas formas de usar o material. De que maneira posso usufruir do meu material para melhor
aproveitamento? É bem simples e divertido:
A Apostila
Este material é dividido em fichas que estão organizadas e numeradas em ordem cronológica. Porém as fichas são
móveis, para que você possa organizá-las da forma que achar mais coerente ou incoerente. Assim, se você se
interessar por uma ordem cronológica, você pode organizar assim; se você quiser ordenar temas relacionados, você
também pode. Como as fichas são móveis, você também pode pegar uma delas (aquela ficha especial que você
tanto gosta), dobrá-la e levá-la consigo para onde for.
Cada ficha abordará um assunto da apostila. Dentre os assuntos abordados temos movimentos artísticos, alguns
conceitos sobre arte, informações a respeito da arte no Brasil e algumas considerações sobre desenho. Além da
numeração das fichas, temos algumas palavras que categorizarão esses assuntos, para quando você olhar a ficha, já
saber do que ela se trata. As palavras são: Movimento, Conceito, Brasil e Desenho. Essas palavras ficarão no canto
superior direito de cada ficha ou folha.
Folha de Índice
Para facilitar a localização da ficha que você quer estudar, existe a FOLHA DE ÍNDICE. Lá você encontrará a lista de
todos os temas abordados nessa apostila, organizados em ordem numérica e em sequência cronológica. Por
exemplo: se você quer consultar a ficha de Pop Art, você irá ver no índice “27-Pop Art”, e a partir daí irá procurar nas
ficha a de número 27. Fácil né?
O Conteúdo
A ficha é composta de dois lados: frente e verso. Na frente há o texto sobre o assunto abordado. Na parte superior
você irá encontrar o título da ficha e uma etiqueta com o tipo de assunto que ela trata (Movimento, Conceito, Brasil
ou Desenho), além da sua numeração. Em toda a lateral direita, há vários quadradinhos com informações que dão
ênfase ao texto (alguma citação de um artista, ou uma informação muito importante e/ou peculiar). Embaixo, no
rodapé, colocamos algumas palavras-chave a respeito do assunto da ficha.
No verso da folha, estão algumas imagens relacionadas ao assunto. Algumas têm imagens com uma borda cinza:
isto quer dizer que elas não se relacionam diretamente com o assunto, mas influenciaram ou foram influenciadas
pelo assunto discutido. No canto direito do verso da folha há uma linha do tempo, em que você está livre para
acrescentar informações que achar importante, ir ligando às outras linhas do tempo de outras fichas e montar um
imenso dominó.
Figurinhas
Para finalizar, temos duas folhas com imagens coloridas. A ideia é que elas sejam consideradas como figurinhas. É só
recortar e colar na ficha que você achar mais apropriada, no espacinho mais legal que você encontrar!
Bora lá! : )
COMO USAR
Especificações
sobre as
imagens.
Nomes em destaque
Palavras-chave para do Tema da Ficha. Palavras-chave para
recordar da ficha. recordar da ficha.
01
Principais Nomes:
Joachim Lebreton (1760-1819), Jean-Baptiste Debret (1768-1848), Nicolas
Taunay (1755-1830), Auguste Marie Taunay (1769-1824), Grandjean de
Montigny (1776-1850), Charles-Simon Pradier (1786-1847)
ligações: queda de napoleão, portugal, academia, ínicio do século XIX, neoclassicismo, frança, rio de janeiro
MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA linha do tempo
1800 A população mundial atinge
um bilhão de pessoas.
03
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1826 Inauguração da Escola Academia
Imperial.
05
01. Debret, Jean-Baptiste. Retrato de D. João VI, 1817 - óleo sobre tela, 60 x 42 cm. 02. Debret,
Jean-Baptiste. Caboclo, 1820-1830 - aquarela sobre papel, 22 x 27,2 cm. 03. Montigny, Grandjean de.
Frontispício da Academia Imperial, 1891 - Reprodução fotográfica. 04. Ferrez, Marc. Busto de D. Pedro I,
1826 - gesso. 05. Taunay, Nicolas-Antoine. Moisés salvo das águas, 1827 - óleo sobre tela 65 x 81,5 cm.
ligações: queda de napoleão, portugal, academia, ínicio do século XIX, neoclassicismo, frança, rio de janeiro.
Conceito
FICHA
02
ligações: industrialização, rompimento com o clássico, vanguardas, reprodutibilidade técnica, neocolonialismo, primitivo, burguesia
ARTE MODERNA linha do tempo
01
ligações: industrialização, rompimento com o clássico, vanguardas, reprodutibilidade técnica, neocolonialismo, primitivo, burguesia
Movimento
FICHA
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William Morris, designer e filósofo, liderou este movimento cujas bases — William Morris
ideológicas eram de cunho socialista e reformista, inspiradas em Walter
Crane e John Ruskin, entre outros. Revoltado com a desumanização do
trabalho, Morris acreditava que a produção deveria ser feita "para pessoas e
por pessoas, e ser uma fonte de prazer para o produtor e o usuário".
Para objetos produzidos pela Arts & Crafts - em sua maioria peças para casas
e mobiliário - não era estipulada uma estética, mas alguns princípios
determinavam uma semelhança global entre eles. As formas deveriam ser as
mais simples possíveis, contrariando a complexidade gratuita e pesada
criada pela indústria. O formato deveria respeitar e ser verdadeiro com o
material, de preferência regional, cujas qualidades específicas deveriam ser
contempladas e valorizadas. As superfícies, normalmente lisas, eram
decoradas com padrões e motivos inspirados na natureza porém sem
intenção realística.
Principais Nomes
William Morris (1834-86), John Ruskin (1819-1900), Walter Crane
(1845–1915)
02
01
04
04
IMPRESSIONISMO
França, entre as décadas de 1860 e 1880
“Em relação ao trabalho com as
cores pela técnica da mistura ótica
O movimento surge na ascensão do sistema capitalista e da
- cores que se formam na retina do
industrialização, que trazia uma nova concepção materialista do mundo e
observador e não pela mistura de
inaugurava o que chamamos de Arte Moderna. Muitas ideias revolucionárias
pigmentos - , cabe observar o
se desenvolvem nesse período e a ciência conhece um grande avanço com
diálogo que estabelecem com as
as pesquisas no campo da ótica, física e química, que estabelecem um
de Chevreul, Helmholtz e Rood.”
diálogo com as ideias impressionistas.
(itaucultural.org.br)
Foi principalmente a fotografia que instigou os impressionistas a
redefinirem sua essência e finalidade e a separarem-se radicalmente das
tradições. A fotografia abalou a imagem e função do pintor: este não era mais
o responsável pela captação da imagem em seus mínimos detalhes, com O termo Impressionismo tem
extrema perfeição. A partir daí iniciou-se a busca de outras possibilidades origem no comentário pejorativo
para a pintura. Com o advento da tinta em tubo, os pintores começaram a feito pelo crítico de arte Louis Leroy
sair de seus ateliês e buscar paisagens externas. Desse modo, procuravam com relação à tela “Impressão, Sol
captar a impressão cromática que a luz causava aos olhos e como ela poderia Nascente”, pintada em 1872 por
ser representada em uma tela de forma rápida e sincera. Consequentemente Claude Monet. Assim escreve no
começou um movimento de questionamento do que poderia ser, enfim, a “Charivari”: “Impressão, Nascer do
realidade. Sol – eu bem o sabia! Pensava eu,
se estou impressionado é porque lá
Com figuras que pareciam inacabadas, os artistas criavam um há uma impressão. E que liber-
movimento mais orgânico e natural. Também na escultura encontramos dade, que suavidade de pincel! Um
nomes importantes do impressionismo, como Degas (1834-1917) e Renoir papel de parede é mais elaborado
(1841-1919), que foram os únicos pintores que também esculpiram, e ainda que esta cena marinha”. Continua
Rodin (1840-1917) e Rosso (1858-1928), que foram exclusivamente Leroy: “Selvagens obstinados, não
escultores. querem por preguiça ou incapaci-
dade terminar seus quadros.
Trabalhos de outros artistas também influenciaram este movimento, Contentam-se com uns borrões
como o de Manet (1832-1883), que pode ser considerado o precursor do que representam suas impressões.
grupo, embora nunca tenha se considerado um impressionista; e as Que farsantes! Impressionistas!”
estamparias japonesas, que não seguiam a perspectiva e as normas de (abstracaocoletiva.com.br)
composição da academia ocidental.
01
1867 Publicação da principal obra do
filósofo alemão Karl Marx, O Capital:
Crítica da Economia e da Política.
04 05
01.Monet, Claude. Impressão, sol nascente, 1872 - óleo sobre tela, 48x63cm. 02. Manet, Édouard. Almoço 1876 Alexander Graham Bell patenteia
sobre a relva, 1862–1863 - óleo sobre tela, 208x264cm (REFERÊNCIA). 03. Degas, Edgar. A primeira uma invenção que ele chama de
bailarina,1878 - pastel sobre papel, 58x42cm. 04. Monet, Claude. A Canoa Sobre o Epte, 1890 - óleo sobre telefone.
tela, 133x145cm. 05. Rodin,Auguste. O beijo, 1882–1889 - mármore, 1,82 m x 1,12 m x 1,17 m.
05
SIMBOLISMO
França, década de 1880 e 1890
O Simbolismo pode ser entendido
com uma reação ao desenvolvi-
É uma corrente artística de timbre espiritualista.
mento da sociedade industrial e
Apresentou forte ligação entre modalidades de arte: música, literatura e
do cientificismo, pois ele não
pintura. Todas as artes queriam expressar a vida interior, a “alma das coisas”
busca a técnica, o estudo nem a
numa linguagem poética.
representação naturalista dos
impressionistas. O que ele almeja
Em 1886 torna-se um movimento consciente com o Manifesto
é a pura expressão poética e lírica.
Simbolista do poeta Jean Moréas. Nos termos de Moréas, a arte deve ser
Nessa época o pensamento
pensada como fusão de elementos sensoriais e espirituais. Trata-se, diz ele,
realista e parnasiano entrava em
de “revestir a ideia com formas sensíveis”.
decadência na Europa e ali
chegavam influêcias orientais
O simbolismo pretendia superar a pura visualidade defendida pelo
impressionismo. Enquanto os artistas impressionistas fundamentam a
pintura sobre leis científicas da visão, os simbolistas seguem uma trilha
espiritualista e anticientífica: a arte não representa a realidade mas revela,
através de símbolos, uma realidade que escapa à consciência. Se o
impressionismo fornece sensações visuais, o simbolismo almeja apreender O simbolismo é disseminado na
valores transcendentes - o Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado. França com a ajuda de uma série
de revistas, como por exemplo Le
A arte visa a retomar a paixão, o sonho, a fantasia e o mistério, Simbolisme (1886), La plume
explorando um universo situado além das aparências sensíveis. Mobiliza um (1889), La Revue Blanche (1891) e
imaginário povoado de símbolos religiosos, de imagens tiradas da natureza, Le Mercure de France (1889),
de fantasias oníricas, de figuras femininas (tanto a ninfa quanto a "mulher considerado órgão oficial do
fatal"), dos temas da doença e da morte. Os artistas trabalham esse repertório movimento.
comum a partir de estilos diferentes.
03 04
06
PÓS-IMPRESSINISMO
França, entre os anos 1885 e 1905
“Não se sentiam obrigados a
O pós-impressionismo não é considerado uma vanguarda com respeitar a natureza tal como a
manifesto ou um movimento artístico com período, estilo e ideologia viam. Seus quadros [de Cézanne]
definidos. são, antes, arranjos de formas que
aprenderam com o estudo da
O termo pós-impressionismo, criado pelo teórico Roger Fry antiguidade clássica.” (Gombrich)
(1866-1934), é usado para designar uma arte que se desenvolve a partir do
impressionismo (ficha 04) ou reage a ele. Consideravam a ideia de análise da
realidade dos impressionistas restritiva, superficial e ilusionista. Usando como ponto de partida o
método impressionista de pintura,
Cada artista pós-impressionista tinha um estilo e pesquisas próprias. Seurat estudou a teoria científica
Essas pesquisas possibilitaram aos artistas posteriores uma infinidade de da visão cromática e decidiu
novas práticas, fazendo com que surgissem novas linhagens nas artes e construir seus quadros por meio
começando a era das vanguardas. Para trazer renovação na arte ocidental, os de pequenas e regulares pincel-
artistas pós-impressionistas buscavam inspiração em culturas diferentes das adas de cor ininterrupta como um
que estavam inseridos. Podemos destacar a relação de Toulouse Lautrec mosaico. Esperava que as cores se
(1864-1901) com a arte japonesa e de Gauguin (1848-1903) com a cultura das misturassem no olho sem que
ilhas do pacífico. perdessem sua consistência e
luminosidade. Essa técnica se
Paul Cézanne (1839-1906), um dos mais importantes artistas tornou conhecida como pontil-
pós-impressionistas, influenciou vanguardas marcantes da história da arte, hismo, ou neoimpressionismo.
como o Fauvismo (ficha 10) e o Cubismo (ficha 11), por causa de seu método
de estruturação geométrica das formas naturais e apreciação direta dos
efeitos de luz e cor. Ele é considerado o progenitor do abstracionismo.
Principais Nomes
Paul Cézanne (1839-1906), Vincent van Gogh (1853-1890), Paul Gauguin
(1848-1903), Henry de Toulouse-Lautrec (1864-1901), Maurice Brazil
Prendergast (1858-1924), Stuart Davis( 1892-1964). No Brasil se destacam
Eliseu Visconti (1866-1944), Milton Dacosta (1915-1988), Anita Malfatti
(1889-1964).
01 02
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NABIS
Paris, 1888 a 1900 “Nenhum outro artista pode mos-
trar melhor do que Bonnard a
Grupo de pintores franceses atuantes em Paris de 1888 a 1900. enorme influência do pensamento
Grandemente influenciados pelo uso expressivo da cor e dos padrões filosófico de Henri Bergson sobre
rítmicos da obra de Paul Gauguin (1848 – 1903), dedicaram-se a perseguir toda a cultura e a arte francesa das
este padrão estético. primeiras décadas do século XX,
empenhado em explicar os proces-
Paul Sérusier (1864-1927) ao retornar a Paris de Pont-Aven no outono sos da vida interior, o sentido
de 1888, apresenta a seus colegas estudantes da Académie Julian um novo profundo do tempo, da memória,
modo de usar cor e design dentro do Sintetismo. Esse modo é exemplificado da imaginação e da matéria; isto
numa paisagem corajosamente simplificada pintada em uma tampa de caixa explica por que, na história da
de charutos sob orientação de Gauguin, que mais tarde ficou conhecida pintura, cabe a Pierre Bonnard um
como “O Talismã” (foto 01). papel sob muitos aspectos
próximo ao de Marcel Proust na
Já partilhando interesse comum pela filosofia idealista e pelos história da literatura”. (ARGAN,
recentes desenvolvimentos do simbolismo na literatura, o grupo se uniu e 2006, p.142)
adotou o nome esotérico de Nabis, do hebraico “profetas”, por sugestão do ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna
poeta Henri Cazalis, o que revela o entusiasmo do grupo frente aos Do Iluminismo aos movimentos
revolucionários ensinamentos de Gauguin e seu desejo anti-academicista. contemporâneos, Denise Bott-
mann e Federico Carotti (trad.), São
Embora não possa ser identificado um verdadeiro estilo do grupo, Paulo: Companhia das Letras, 2006
houve uma exploração comum de certos recursos estilísticos decorativos,
tais como o desenho simplificado, as manchas de cor planas e os contornos,
inspirados na obra de Gauguin e Emile Bernard, assim como arabescos e
“A pintura é essencialmente
outros dispositivos de padronização inspirados por gravuras japonesas. Estas
uma superfície plana coberta de
características podem ser observadas na foto 02.
cores organizadas segundo
uma certa ordem”
O grupo frequentemente pintava em suportes não convencionais,
como papelão ou mesmo veludo, e explorou um amplo espectro de
Maurice Denis, Definição do
trabalhos decorativos, que vão desde cartazes, telas, papel de parede e
Neotradicionalismo (artigo
luminárias à pintura de cenários ou figurinos para o teatro simbolista.
publicado na revista Art et
Critique em 1890)
A falta de um programa estético claro, objetivo e unificado deixou o
caminho aberto para que os membros do grupo perseguirem seus próprios
caminhos independentes, embora estreitas colaborações em exibições e
outros projetos terem continuado até 1900. Os Nabis se dividiram entre os “De um modo geral a pintura nabi
que mantiveram seu papel no século 20 como disseminadores da estética se subdividia em duas correntes
Nabis e aqueles que se afastaram radicalmente, como Bonnard e Vuillard, principais: uma que remetia
embora mantivessem algo da ênfase original dos Nabis, no propósito plano Sérusier,Denis, Verkade, Roussel e
de pintura decorativa. O grupo teve curta duração, mas deixou à Art Nouveau Ranson para a idade média e para
(ficha 08) seu legado de exploração de linhas sinuosas e de planos de cor Gauguin; a outra remetia a
delimitados por contornos. Bonnard, Vuillard, Vallotton e
outros pintores intimistas ou
Principais Nomes protofauvistas para os japoneses e
Paul Sérusier (1864–1927), Maurice Denis (1870-1943), Pierre Bonnard para Degas...” Sypher; 1960.
(1867-1947), Jéan-Édoaurd Vuillard (1868-1940), Paul Ranson (1864-1909),
Henri-Gabriel Ibels (1867-1936).
ligações: experimentalismo com cores, exploração das formas, Gauguin, cores chapadas.
NABIS linha do tempo
02
01 esqueça de numeras as imagens.
Não
03
04
01. Paul Sérusier, O Talismã (1888) Óleo sobre madeira. 27 x 21.5 cm. 02. Maurice Denis (1870 -1943) Mme
Ranson with a Cat (1892) Óleo sobre tela, 89 x 45 cm. 03. Jéan-Édoaurd Vuillard, The Green Interior or
Figure in front of a Window with Drawn Curtains (1891). Óleo sobre cartão montado em madeira, 31.1 x 21
cm. 04.Pierre Bonnard , Nu a contre jour (1908) 124,5 x 109 cm.
ligações: experimentalismo com cores, exploração das formas, Gauguin, cores chapadas.
Movimento
FICHA
08
ART NOVEAU
Europa e Estados Unidos, 1890
O art nouveau é um estilo
eminentemente internacional,
Desenvolve-se entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918),
com denominações variadas nos
na Europa e nos Estados Unidos. Estabeleceu-se num período em que se
diferentes países. Na Alemanha, é
iniciava a Segunda Revolução Industrial (1850-1870), o que possibilitava a
chamado jugendstil, em
produção de novos artefatos como móveis, que até então não eram
referência à revista Die Jugend,
produzidos em maior escala e cartazes, que passaram a ser linguagens mais
1896; na Itália, stile liberty; na
exploradas com a invenção da litogravura colorida.
Espanha, modernista; na Áustria,
sezessionstil. (Itaú cultural)
A Art Noveau rompeu com a arte acadêmica e naturalismo, pois
buscava a essência da natureza e não sua superfície. Foi influenciado pelos
impressionistas no que diz respeito a seu apreço por temas naturais e a busca
pelo orgânico.
Enquanto o Impressionismo (ver ficha 4) buscava impressões Em fins do século XIX, na
efêmeras e sensações luminosas, a Art Nouveau baseava-se nas formas, Inglaterra em particular, críticos e
curvas e arabescos, complementados por tons frios. A fonte de inspiração artistas lamentavam o declínio
primeira dos artistas é a natureza e as linhas sinuosas e assimétricas das flores geral do artesanato causado pela
e animais. Victor Horta (1861-1947), um dos seus principais expoentes, revolução industrial e
aprendera com a arte japonesa a descartar a simetria e explorar o efeito das detestavam a própria visão
curvas sinuosas, transpondo-as para estruturas de ferro que harmonizavam dessas imitações baratas e
perfeitamente com os requisitos modernos. pretensiosas, produzidas por
máquinas. (GOMBRICH, Ernst
Apesar de grandes nomes da Art Nouveau serem conhecidos por suas Hans Josef,2000).
pinturas, o movimento exerceu – e exerce até hoje – grande influência na
produção de objetos de decoração e está ligado à origem do design.
Na arquitetura os artistas passaram a pensar em todas as partes, A divulgação de tais críticas não
dando valor aos menores detalhes de um edifício. Buscava a valorização das tinha menor possibilidade de
artes aplicadas: arquitetura, artes decorativas, design, artes gráficas, abolir a produção industrial em
mobiliário, joalheria, etc. Assim colocava-se a “arte nova” ao alcance de todos, massa, embora ajudasse as
pela articulação estreita entre arte e indústria. O foco era atenuar as pessoas abrir os olhos para os
fronteiras entre belas-artes e artesanato pela valorização dos ofícios e problemas que se haviam criado e
trabalhos manuais e pela recuperação do ideal de produção coletiva, como a disseminar o gosto pelo autên-
no movimento social e estético inglês Arts and Crafts (ver ficha 3), liderado tico e o genuíno, o simples e o
por William Morris (1834-1896). “caseiro”. (GOMBRICH, Ernst Hans
Josef,2000).
Principais Nomes
Antonio Gaudí (1852 - 1926), Gustav Klimt (1862 - 1918), Alfons Mucha (1860
-1939), Henri de Toulouse-Lautrec, Victor Horta (1861 - 1947), Emile Gallé
(1846- 1904); August Endell (1871 - 1925), Louis Comfort Tiffany (1848 - 1933), Se a tradição ocidental estava
Jan Toorop (1858 - 1928), Hector Guimard (1867 - 1942), Henry van de Velde excessivamente vinculada aos
(1863 - 1957), Joseph Olbrich (1867 - 1908), Josef Hoffmann (1870 - 1956), velhos métodos de construção,
Ferdinand Hodler (1853 - 1918). poderia o oriente fornecer um
novo conjunto de padrões e novas
ideias? (GOMBRICH, Ernst Hans
Josef,2000).
ligações: jugendstil, arte nova; modern style; liberty; stilo floreale; organicidade; busca pelo artesanal; influência oriental
ART NOVEAU linha do tempo
1891 Promulgada a primeira
constituição republicana no Brasil,
abolindo o voto censitário.
02 03
1896 O físico e inventor italiano
Guglielmo Marconi faz a primeira
transmissão de rádio da história.
04
01 . Gustav Klimt, O Beijo, 1907-1908- Óleo e folha de ouro sobre tela, 180 cm × 180 cm.. 02. Antoni Gaudí,
Casa Batlló, 1875-1877- Construção. 03. Victor Horta,A escadaria da Casa Solvay, 1900, reprofução
fotográfica. 04. Louis Comfort Tiffany, Blue Wisteria, 1900–1910- Vidro chumbado e bronze..
ligações: jugendstil, arte nova; modern style; liberty; stilo floreale; organicidade; busca pelo artesanal; influência oriental
Movimento
FICHA
09
DIE BRÜCKE
Dresden, Alemanha, 1905 Em 1906 é publicado o Manifesto
Die Brücke, em xilogravura,
No dia 7 de Junho de 1905 quatro estudantes de arquitetura - Ernst proclamando uma nova geração
Ludwig Kirchner (1880-1938), Fritz Bleyl (1880-1966), Erich Heckel “que deseja liberdade no trabalho
(1883-1970) e Karl Schmidt-Rottluff (1884-1976) – exibiram suas telas numa e na vida, independente das
fábrica de lâmpadas na Berlinstrasse, em Dresden, com uma nova e ousada velhas forças estabelecidas”.
forma de pintura expressionista.
01 03
1911 Formação do Der Blaue Reiter.
01.Bleyl, Fritz. Cartaz para a primeira exibição do Die Brüche, 1906 - cartaz, 71,5x24,5cm 02.Nolde, Emil.
Dancer , 1913 - litografia, 60x76cm. 03.Rottluff, Karl Schmidt. Mãe, 1916 - xilogravura, 37,3x31,0cm .
04.Heckel, Erich. Portrait of a Man, 1919 - xilogravura, 61,6x50,8cm. 05.Kirchner, Ernst Ludwig. Street, 1913
- óleo sobre tela, 120,6x91,1cm.
10
FAUVISMO
França - século XX
01
03
1907 Período em que se inicia a
descoberta da arte africana em
Paris.
- Picasso pinta Les Demoiselles
d’Avignon.
02
04
05
01.Le bonheur de vivre (1905-6) Henri Matisse (França, 1869-1954) Oil on canvas; 174 x 238 02. La femme
au chapeau, outono 1905. Henri Matisse (França, 1869–1954) Oil on canvas; 79.4 x 59.7 03.Fishing Boats,
Collioure, 1905. André Derain (French, 1880–1954) Oil on canvas. 04. Promenade among the Olive Trees,
1905–6. Henri Matisse (French, 1869–1954) Oil on canvas. 05. Bathers, 1880. Paul Cézanne (França, 1839-
1906) Oil on canvas; 57.4 x 61.6 cm.
11
CUBISMO
Paris , 1907 a 1914
Principais Nomes
Pablo Picasso (1881-1973), Georges Braque (1882-1963), Fernand Léger
(1881-1955), Robert e Sonia Delaunay (1885-1941/1979), Juan Gris
(1877-1927).
05
03
02
01. Georges Braque Viaduct at L'Estaque (1907) Óleo sobre tela, 72.5 x 59 cm. 02. Pablo Picasso, Les Demoi-
selles d'Avignon (1907) Óleo sobre tela, 243.9 x 233.7 cm. 03. Still Life with a Bottle of Rum, 1911. Pablo
Picasso (1881–1973) Óleo sobre tela, 61.3 x 50.5 cm. 04. The guitar, 1913, Pablo Picasso (1881–1973)
Papiers collés, 66.4 x 49.6 cm 05.Guitar, 1912, Pablo Picasso (1881–1973) Colagem com papelão, 77.5 x 35
cm
12
FUTURISMO
Itália, 1909
Movimento essencialmente italiano, literário em origem, cresceu para As pinturas usavam cores vivas e
se tornar um movimento internacional ao qual seus participantes contrastantes, sobreposições de
adicionaram manifestos para outras formas de arte, da pintura à moda. imagens, traços e pequenas
Foi lançado pela publicação em 1909 do manifesto “Le Futurisme”, deformações para passar a ideia
escrito por Felippo Marinetti no jornal parisiense “Le Figaro”. A intenção de de movimento e dinamismo.
Marinetti era rejeitar o passado, revolucionar a cultura e torná-la mais
moderna. A ideologia do Futurismo se lança com violento entusiasmo contra
o peso da herança artística amarrada à tradição cultural italiana e exalta a
ideia de uma estética gerada pelo mito moderno da máquina e da Exaltavam a guerra e a violên-
velocidade. O Manifesto também exalta a violência, incentivando o repúdio à cia, desvalorizavam a tradição e
cultura e valores políticos tradicionais e a destruição de instituições como o moralismo; valorizavam o
museus e bibliotecas. desenvolvimento industrial e
Os pintores futuristas assinaram seu primeiro manifesto em 1910. A tecnológico; usavam a propa-
pintura futurista olhou primeiramente para a cor e os experimentos ópticos ganda como principal forma de
do fim do século XIX, mas em 1911, Marinetti e os pintores futuristas comunicação.
visitaram o Salão de Outono em Paris e entraram em contato com o Cubismo
(ficha 11), que teve impacto imediato, o que se observa na obra “Materia” de
Boccioni (foto 01). Os futuristas se interessaram particularmente pelo “ Afirmamos que a magnificên-
trabalho do fotógrafo Étienne-Jules Marey, cujos estudos chronofotográficos cia do mundo enriqueceu-se de
retratavam os mecanismos do movimento animal e humano (foto 05). Por uma beleza nova: a beleza da
exemplo, a pintura de Giacomo Balla (foto 02) nos apresenta os pés do velocidade. Um automóvel de
cachorro (e de seu dono) como movimentos contínuos através do espaço ao corrida com o seu capot ornado
longo do tempo. com grossos tubos semelhantes
Uma vez introduzida a ideia de dinamicidade, os Futuristas buscavam a serpentes de sopro explosivo...
representar as sensações, ritmos e movimentos dos objetos em suas um automóvel que ruge e
imagens, poemas e manifestos. Tais características são perfeitamente parece correr sobre a metralha é
ilustradas na obra mais icônica de Boccioni, Formas Únicas de Continuidade mais belo do que a Vitória de
no Espaço (foto 03). A escolha do bronze empresta uma qualidade Samotrácia." (Manifesto Futur-
mecanizada à sua escultura, que representa a combinação futurista ideal ista de 1909, redigido por
entre homem e máquina. Felippo Tommaso Marinetti)
O Futurismo foi um dos movimentos artísticos mais politizados do
século XX. Fundiu agendas artísticas e políticas com a intenção de propagar
uma mudança na Itália e Europa. Os eventos futuristas apresentavam lado a As ideias futuristas serviram de
lado discussões políticas e exposições de arte. Eles acreditavam que a inspiração, em menor ou maior
agitação e a destruição acabariam com o status quo e abririam espaço para a escala, a grupos como o Racio-
regeneração de uma Itália mais forte. Essa posição levou os futuristas a nismo, Dadá e Der Blaue Reiter.
apoiarem a Primeira Guerra Mundial e a maioria de seus membros a se alistar No Brasil, os modernistas da
no exército. Depois da guerra, o intenso nacionalismo do movimento levou a Semana de 22 receberam a
uma aliança com Benito Mussolini e seu Partido Nacional Fascista. alcunha de futuristas paulistas,
O Futurismo teve seu irônico fim com a morte de Sant’Elia no campo devido a seu caráter renovador.
de batalha e de Boccioni por cair de um cavalo. A posterior prisão de O espírito do movimento refletiu
Marinetti acelerou mais ainda o processo de encerramento. -se também na tipografia
moderna, no design gráfico, e
Principais Nomes na maneira veloz de comunicar
Antonio Sant’Elia (1888-1916), Umberto Boccioni (1882-1916), Carlo Carrà a ideia de velocidade na publici-
(1881-1966), Luigi Russolo (1885-1947), Gino Severini (1883-1966), Giacomo dade e histórias em quadrinhos.
Balla (1871-1958) e Felippo Tommaso Marinetti (1876-1944).
ligações: 1ª guerra mundial, manifestos, cubismo, chronofotografias, política, fascismo, velocidade, indústria, modernidade
FUTURISMO linha do tempo
01
1912 Oswald de Andrade e Anita
Malfatti tiveram contato com o Manifesto
Futurista e com Marinetti em viagens à
Europa.
04
02
01. Umberto Boccioni, Materia, 1912, óleo sobre tela, 226 x 150 cm (Mattioli Collection empretado para
Peggy Guggenheim Collection,Veneza). 02. Giacomo Balla, Dynamism of a Dog on a Leash, 1912, oleo
sobre tela, 91 x 110 cm, Albright-Knox Art Gallery, Buffalo, NY, USA. 03. Umberto Boccioni, Formas Únicas
de Continuidade no Espaço, 1913, Bronze; 116 x 85 x 38 cm, MAC-USP (São Paulo).. 04. Artista grego
desconhecido, Vitória de Samotrácia, 200 a.c, 244 cm, Louvre, Paris.05. Étienne-Jules Marey, Fotografia de
um pelicano tirada por volta de 1882.
ligações: 1ª guerra mundial, manifestos, cubismo, chronofotografias, política, fascismo, velocidade, indústria, modernidade
Movimento
FICHA
13
04
05
01. Kandinsky, Wassily. Composição VII, 1923 - óleo sobre tela. 02. Kandinsky, Wassily. Improvisação 26,
1912 - óleo sobre tela. 03. Klee, Paul. Senecio, 1922 - óleo sobre tela. 04. Marc, Franz. Large Blue Horses,
1911 - óleo sobre tela. 05. Macke, August. Mulher com casaco verde,1913 - óleo sobre tela.
14
SUPREMATISMO
Rússia, 1915
Principais Nomes
Kazimir Malevich (1878-1935), El Lissitzky (1890-1941), Lyubov Popova
(1889-1924), Ivan Puni (1894-1956) e Aleksandr Rodchenko (1891-1956).
ligações: vanguarda russa, abstração geométrica, Revolução Russa, forma elementar, grau zero
SUPREMATISMO linha do tempo
03
ligações: vanguarda russa, abstração geométrica, Revolução Russa, forma elementar, grau zero
Movimento
FICHA
15
DADÁ
Zurique, Suiça , 1916 O termo dadá apontado por
Por quanto tempo um cavalo pode dirigir um peixe que está acaso numa consulta a um
morrendo? A vanguarda dadaísta estendeu-se por várias metrópoles do dicionário francês, significa
mundo, como Nova York, Paris, Berlim, Hanover e Colônia. O movimento "Cavalo de brinquedo", o que não
iniciou-se como uma reação à Primeira Guerra Mundial por jovens artistas possui relação direta com o
indignados perante a falência e hipocrisia de valores estabelecidos pela movimento, porém sinaliza uma
sociedade. Foi um movimento de ruptura e desalinhamento, que propunha a escolha aleatória (princípio
seguinte pergunta, válida até os dias atuais: “Há limite para a arte?”. central da criação para os
Segundo Duchamp, o grande representante dessa vanguarda, mais dadaístas), contrariando qualquer
do que um movimento, o dadaísmo era antes um estado de espírito. sentido de eleição racional.
Para as convenções da época, esses artistas beiravam a loucura.
Usavam o primitivo e o irracional para questionar toda a razão e lógica até
então formada. Tinha, ao contrário de outras correntes artísticas, um cunho "Eu redijo um manifesto e não
crítico muito mais amplo, utilizando dos mais variados meios (revistas, quero nada, eu digo, portanto,
manifestos, exposições) para contestar valores passados e atuais, com gosto certas coisas e sou por princípios
pelo escândalo, pelo radical e, principalmente, pelo non-sense. contra manifestos (...). Eu redijo este
Antecipou questões e práticas básicas do pós-modernismo, como por manifesto para mostrar que é
exemplo a body art, a anstalação (ficha 21), a performance (ficha 32), a arte possível fazer as ações opostas
feminista, o happening (ficha 30) e a relação arte/vida. simultaneamente, numa única
Um marco na história do dadaísmo, a conhecida “Roda de Bicicleta” fresca respiração; sou contra a ação
(foto 02), nasceu para não ser obra. O próprio Duchamp disse em seu livro pela contínua contradição, pela
“Engenheiro do Tempo Perdido” que não sabe por que fez aquilo: fez por que afirmação também, eu não sou
tinha vontade e só. nem para nem contra e não explico
Este artista foi profundamente inconoclasta. Em “Nu Descendo uma por que odeio o bom-senso."
Escada nº2” (foto 01), (trabalho que foi rejeitado até mesmo pelos salões de (Tristan Tzara, trecho do Manifesto
arte vanguardistas) o corpo foi reduzido a um esquema elementar, se Dadaísta,1916 )
diferenciando portanto das vistas diferenciadas e descontínuas do cubismo.
O primeiro ready-made, de 1912, é uma roda de bicicleta montada “A obra de arte não deve ser a
sobre um banquinho (”Roda de Bicicleta”, foto 02) e o fundamento de seu beleza em si mesma, porque a
trabalho foi, daí por diante, “produzir” coisas não estéticas, que não se beleza está morta.”
prestassem à contemplação e, portanto, que não fossem obras de arte (Tristan Tzara)
segundo nenhum dos possíveis padrões da época. Ao transformar um objeto
qualquer escolhido por acaso em obra de arte, Duchamp realizou uma crítica
radical ao sistema artístico. “Cada coisa tem a sua palavra;
Embora o dadaísmo termine em 1922, teve fortes ressonâncias nos pois a palavra própria
movimentos e tendências subsequentes. Vários dos artistas dadaístas transformou-se em coisa. Porque é
tomaram as rédeas do surrealismo. que a árvore não há-de chamar-se
plupluch e pluplubach depois da
Principais nomes chuva? E porque é que raio há-de
Marcel Duchamp (1882-1968), Jean (Hans) Arp (1886-1966), Kurt Schwitters chamar-se seja o que for?
(1887-1948), Tristan Tzara (1896-1963), Hugo Ball (1886-1927), Man Ray Havemos de pendurar a boca
(1890-1976), Fraçois Picabia (1879-1953), Max Ernst (1891-1976). nisso? A palavra, a palavra, a dor
precisamente aí, a palavra, meus
senhores, é uma questão pública
de suprema importância.”
(Hugo Ball, trecho do Manifesto
Dadaísta, 1916)
01 02
1929 Semana de Arte Moderna no Brasil
03
04
01. Nu descendo uma escada,147 x 89.2cm, 1912 - Marcel Duchamp 02. Roda de Bicicleta, altura
126cm,1912- Marcel Duchamp 03. Le violon d’Ingres, 31 x 24,7 cm, 1924 - Man Ray 04. In Absentia M.D,
1000 x 2000cm, 1983 - Regina Silveira (REFERÊNCIA)
16
DE STIJL
Países Baixos (Holanda, Bélgica, Luxemburgo), 1917 a 1928
“O neoplasticismo é uma lição de
De Stijl (”O Estilo” em neerlandês) também chamado de probidade, de pureza, de
Neoplasticismo, foi um movimento artístico surgido na Holanda que sabedoria. Ele disciplina a
envolveu artes plásticas, arquitetura e design. É também o nome da revista natureza sob as rédeas voluntari-
onde o grupo encabeçado por Piet Mondrian, Theo van Doesburg e Gerrit osas e tensas do espírito humano,
Rietveld publicava ideias, manifestos e pesquisas. senhor das forças cósmicas.
A ordem de Mondrian é
De Stijl tinha como objetivo criar uma nova arte internacional e um arquitetônica, sintética, espiritual
vocabulário visual de objetivos práticos. Por isso a influência do design e das e geométrica, lançando para os
artes aplicadas no pensamento neoplasticista, que queria comunicar através homens desarvorados de nosso
de seus objetos uma "sociedade melhor", onde a arte e a vida se integrassem tempo as bases de uma natureza
em hamornia. Nesse aspecto, o Neoplasticismo lembra muito a Bauhaus recriada e de uma vida que, de
(ficha 17), contemporânea que também contemplava a arte como retorno simples, vai de novo
instrumento para a construção de uma nova sociedade. encontrar unidas a razão e a
poesia.”
De acordo com Van Doesburg , o grupo se orientava pela necessidade (PEDROSA, Mário)
de "clareza, certeza e ordem" e buscava uma nova forma de expressão
plástica que não carregasse resíduos representativos e que se pautasse nos
elementos mínimos da composição, purificando a cor em cores primárias Ver Kandinsky em Der Balue Reiter.
(além de preto, branco e cinza), reduzindo a forma a linhas verticais e Para ele “o quadro não é uma
horizontais e rejeitando a modelagem, as texturas e a linha curva. transmissão de formas, mas uma
transmissão de forças: é a existên-
O De Stijl buscava uma arte clara e disciplinada e valorizava a cia do artista que se liga à dos
estrutura formal e o equilíbrio assimétrico. Mondrian trouxe do seu contato outros.”
pessoal com a teosofia o ideal de harmonia universal (expresso em (ARGAN, G.C.)
composições balanceadas) e a contemplação da estrutura matemática e
ordenada do universo (expressa no uso de formas geométricas). Para
Mondrian, o artista não deve influenciar emotiva ou sentimentalmente o
espectador - daí a redução do seu estilo a formas elementares, que tentam A vanguarda holandesa “(...)
evitar provocar reações individuais. Os neoplasticistas, inclusive, não nasce da revolta moral contra a
valorizavam a tradição lírica e sentimental da história da arte. violência irracional da guerra que
assolava a Europa. Dela se deriva
Ao pensar no Neoplasticismo, as pinturas mais famosas de Mondrian um juízo negativo sobre a história;
nos parecem a síntese perfeita do movimento. Mas seus primeiros quadros não a violência, e sim a razão é
estavam longe disso: eram pinturas impresionistas, neoimpressionistas e que deve determinar as transfor-
fauvistas. Apesar disso, Mondrian inventa seu caminho, carregando a mações da vida da humanidade, e
imagem de árvores em seus quadros durante um processo de simplificação as transformações devem se dar
que continou por anos até que ele não estivesse mais pintando uma árvore, nos diversos campos da atividade
e sim linhas e quadrados com cores primárias. As pinceladas fortes e cores humana através de uma revisão
vivas e emotivas sofreram metamorfose até se tornarem traços radical das premissase e das
perfeitamente retos e cores chapadas em uma camada lisa. finalidades. De Stijl não é uma
revolução contra uma cultura
Principais Nomes envelhecida a fim de imunizá-la
Piet Mondrian (1872-1944), Theo van Doesburg (1883-1931), Gerrit Rietveld contra os perigos de qualquer
(1888-1965) corrupção ou impureza possível.”
No Brasil são influenciados: Milton Dacosta (1915-1988) e Lygia Pape (1927- (ARGAN, C.G.)
2004), no Livro da Arquitetura e no desenho Mondrian de 1907.
02
1916 Marco do Dadá.
01. MONDRIAN, Piet. Composition with Red, Yellow and Blue, 1921; Óleo sobre tela, 39 x 35 cm. 02.
MONDRIAN, Piet. The Red Tree, 1908; Óleo sobre tela, 31 x 42 1/2 in.03. MONDRIAN, Piet. The Gray Tree,
1911; Óleo sobre tela, 77.9 x 109.1 cm. 04. MONDRIAN, Piet. Flowering Appletree, 1912; Óleo sobre tela, 78,5
x 107,5 cm.05. MONDRIAN, Piet. Composition No. II; Composition in Line and Color, 1913; Óleo sobre tela,
88 x 115 cm.06. LAURENT, Yves Saint. Vestido Mondrian, 1965. 07. DOESBURG, Theo van. Contra-
Construction. Project, 1923.
17
BAUHAUS
Alemanha, 1919
Com o fim da escola, muitos
A Bauhaus (”casa da construção” em Alemão) foi uma escola de ofícios
professores emigraram da
manuais e arquitetura criada na Alemanha em 1919 por Walter Adolf Gropius
Alemanha difundindo a ideia da
(1883-1969) e concentrava sua ideologia na tentativa de alia forma e função
Bauhaus pelo mundo. Isso
dentro de um mesmo projeto, ou seja, os artistas-criadores deveriam trazer
resultou na Nova Bauhaus, em
suas bagagens estéticas a fim de aplicá-las em algum objeto que tivesse
Chicago; o Architectes's
funcionalidade dentro da vida cotidiana das pessoas. Esse pensamento traz
Collaborative (TAC), escritório de
em si os moldes da sociedade pós-Segunda Revolução Industrial.
arquitetura criado por Gropius
A proposta de Gropius para a Bauhaus unia em um único projeto as
em 1945; uma Bauhaus na
dimensões estética, social e política. Ele tentava trazer novos ares ao estilo
Cidade Branca de Tel Aviv, em
arquitetônico, refletindo a esperança de um novo período na história do
Israel; a Escola de Design de Ulm
mundo Pós-Primeira Guerra Mundial. Tratava-se de formar novas gerações de
(HFG) na Alemanha, (fundada
arquitetos, escultores e pintores de acordo com um ideal de sociedade
por ex-estudantes da Bauhaus) e
civilizada e democrática em que não há hierarquia, somente funções
a Black Mountain College, na
complementares.
Carolina do Norte.
Os projetos da Bauhaus que deviam abarcar baixo custo, produção
em larga escala, utilidade e beleza estética, direcionando sua produção de
acordo com as necessidades de uma faixa mais ampla da população, e não de No Brasil, a influência da
uma camada social e economicamente privilegiada (GROPIUS, Walter). Bauhaus pode ser vista no
Durante sua existência teve em seu corpo docente pessoas como Instituto de Arte contemporânea
Wassily Kandinsky (1866-1914) e Paul Klee (1879-1940), e seu programa de (IAC), na Escola Superior de
ensino focava habilidades de criação manual dos estudantes com oficinas de Desenho Industrial (ESDI) e no
madeira, pedra, argila, metal, desenho básico de arquitetura e de geometria. movimento concretista (ver ficha
Não se ensinava, porém, história dentro da instituição até o terceiro 26).
ano de curso, pois se acreditava que tudo deveria ser criado por princípios
racionais em vez de ser influenciado por padrões herdados do passado. Foi "Criemos uma nova guilda de
uma das primeiras escolas que aliava design, artes plásticas e arquitetura de artesãos, sem as distinções de
vanguarda. Suas produções tinham severa geometrização e utilizavam novos classe que erguem uma barreira
materiais. de arrogância entre o artista e o
Em 1933 a escola encerra suas atividades por conta da perseguição artesão” (GROPIUS, Walter).
nazista que considerava a escola uma disseminadora de pensamentos
comunistas com seu ideal de produtos de baixo custo, trabalho coletivo e de
cunho social.
A economia nas linhas e nos
A Bauhaus ainda é tida como um marco dentro do pensamento
ornamentos confronta-se com
arquitetônico e exerce grande influência para o design mundial com seu
outros estilos artísticos
pensamento simplificador e direto, que visa atingir o essencial dentro da
arquitetônicos, como por exem-
criação de objetos de consumo e de cartazes. Em 2007, foi reformada e
plo, a Art Nouveau (ver ficha 8).
reaberta, mantendo seu projeto arquitetônico original, com destaque para a
sala de Walter Gropius, que foi mantida inalterada.
Um dos movimentos que influen-
Principais nomes
ciou o pensamento da Bauhaus
Walter Gropius (1883-1969), Johannes Itten (1888-1967), Marcel Breuer
foi o Construtivismo Russo (ver
(1902-1981), Theo van Doesburg (1883-1931), Wassily Kandinsky
ficha 18), a função do artista
(1866-1914), Paul Klee (1879-1940), László Moholy-Nagy (1894-1946),
deveria servir às necessidades do
Hannes Meyer (1889-1954)
povo e seus objetos artísticos
deveria se inserir no cotidiano das
pessoas.
ligações: design, arquitetura, construtivismo russo, Wassily Kandinsky, Paul Klee, minimalismo.
BAUHAUS linha do tempo
1870 Segunda Revolução Industrial.
01
03
02
04
1939 Começo da Segunda Guerra
01.Joost Schmidt, cartaz da exposição de Weimar, 1923 02. Walter Gropius, Maquete da Bauhaus de Mundial.
Dessau, 1999 - madeira e acrílico, 136 x 135 x 32 cm 03. Ludwig Mies van der Rohe, Cantilever Chair, 1927-
couro com tubular cilíndrica de aço. 04. Walter Gropius, diagrama dos cursos da Bauhaus, 1922
ligações: design, arquitetura, construtivismo russo, Wassily Kandinsky, Paul Klee, minimalismo.
Movimento
FICHA
18
CONSTRUTIVISMO RUSSO
Rússia, 1919
“A pintura e a escultura devem ser
A Rússia passava por um período de construção do socialismo, onde a vistas aqui como construções e
consciência de luta pretendia transformar uma economia rural em um não representações, pois não há
organismo industrial moderno. A realidade apresentava uma industria de mais valores institucionalizados
construção primitiva e atrasada. para representar. Agora a arte
deve ser informativa.”
Anteriormente, como vimos no Suprematismo (ficha 14), Kasimir ARGAN, Giulio Carlo. L’art
Malevich (1839-1935) produzia uma arte russa com formas puras para ser Moderna. 1988. Editora Schwarcz
fruida pela da população analfabeta (a maior parcela até então). Agora a
Rússia vivia outro momento, onde era claro o comprometimento da
revolução com a alfabetização do povo soviético, principalmente após a
assinatura do decreto Sobre a Mobilização (1918), que instituía que todos os
cidadãos deveriam aprender a ler e a escrever.
"Torre Eifel Proletária: gigantesca
Necessitava-se de artistas para consolidar o sonho do socialismo. espiral inclinada, assimétrica de
Tornou-se necessário vincular a arte à propaganda. Acreditava-se que a triliça metálica, que gira sobre si
revolução política estaria diretamente ligada a uma revolução cultural. Os mesma e funciona como uma
cartazes, aliados à propaganda do governo, supriam a ausência de outros antena emissora de notícias e
meios de comunicação em massa. Os temas giravam em torno do trabalho e sinais luminosos.”
do serviço militar. ARGAN, Giulio Carlo. L’art
Moderna. 1988. Editora Schwarcz
Alexander Rodchenko (1891-1956) foi um dos mais versáteis artistas
que surgiram na Rússia depois da Revolução de 1917. Foi expoente da sobre o Monumento à III
fotografia, pintura e colagem e do desenho publicitário. Rodchenko Internacional(1920) (foto 2)
produziu o Cartaz para o departamento estatal da imprensa de Leningrado
(foto 3), e muitos outros cartazes propagandistas. Suas fotos de objetos
retirados do contexto tradicional, eliminando detalhes e enfatizando as
composições diagonais e dinâmicas também são muito conhecidas, como a
foto “Escadarias” (foto 4). “Ao lado de Tátlin, Naum
Gabo(1890-1977), também
Vladmir Tátlin (1885-1953) é considerado o maior expoente do impulsionou o movimento
Construtivismo Russo. Com ideais próximos a Malevich, sua arte está a construtivista através da
serviço da revolução. Considerava que qualquer distinção entre as artes deve escultura, criando uma arte
ser eliminada como resíduo de uma hierarquia de classes. Sua arte tinha abstrata com ênfase na forma e
intenção funcional e visual, ligando propaganda política e uma nova estética. na textura de materiais usados.
Visava também pela sua aplicabilidade na indústria, utilizando materiais Gabo optou por construir, em
arquitetônicos, como o Monumento à III Internacional (foto 2) vez de entalhar ou fundir suas
esculturas geométricas, usando
Principais nomes: materiais artificias para reforçar
Vladmir Tátlin (1885-1953), Alexander Rodchenko (1891-1956), Naum Gabo a modernidade das obras.”
(1890-1977), Varvara Stepanova (1894-1958), Anton Pevsner (1886-1962), - FARTHING, Stephen. 501 Great
Olga Rosanova (1886-1918), Gustav Klutsis (1895-1938). Artists. 2008. Quintessence
Editions, p. 366
01 02
04
01. Gabo, Naum. Head of a Woman.,1917-20 - celulose e metal. 02. Tátlin, Vladmir. Monumento à III
Internacional,1920 - triliça metálica 03. Rodchenko, Alexander .Cartaz para o departamento estatal da
imprensa de Leningrado, 1924 - colagem 04. Rodchenko, Alexander. Escadarias, 1930 - fotografia
19
SURREALISMO
Paris, França, década de 1920 “A mente que mergulha no surre-
alismo revive, com exaltação, a
O movimento surrealista foi lançado em 1924 por André Breton (1896-1966) melhor parte de sua infância.”
através do Manifesto Surrealista, em Paris. Nos termos de Breton, trata-se de André Breton, Manifesto Surre-
"resolver a contradição até agora vigente entre sonho e realidade pela alista.
criação de uma realidade absoluta, uma suprarrealidade".
O A palavra surrealismo supõe-se
A importância do mundo onírico, do irracional e do inconsciente anunciada ter sido criada em 1917 pelo poeta
no texto se relaciona diretamente ao uso livre que os artistas fazem da obra Guillaume Apollinaire (1886-
de Sigmund Freud (1856-1939) e da psicanálise, permitindo-lhes explorar 1918), jovem artista ligado ao
nas artes o imaginário e os impulsos ocultos da mente. O caráter Cubismo, e autor da peça teatral
antirracionalista do surrealismo coloca-o em posição oposta às tendências “As Mamas de Tirésias” (1917),
construtivas e formalistas na arte que florescem na Europa após a Primeira considerada uma obra precursora
Guerra Mundial (1914-1918), e das tendências ligadas ao chamado retorno à do movimento.
ordem (influências das ideologias nacionalistas).
ligaçoes: Paris, dadaismo, manifesto, Freud, inconsciente, subconsciente, automatismo, entre guerras.
SURREALISMO linha do tempo
01.Dalí, Salvador. A Tentação de Santo Antônio, 1946 - óleo sobre tela, 90x119,5cm 02.Magritte, René.
Perspectiva I, Madame Récamier de David, 1950-1951 - óleo sobre tela, 60x80cm. 03.Bellmer,Hans. Doll,
1936 - alumínio pintado, 48.5 x 26.9 x 37.6 cm.
ligaçoes: Paris, dadaismo, manifesto, Freud, inconsciente, subconsciente, automatismo, entre guerras.
Brasil
FICHA
20
MODERNISMO BRASILEIRO
Brasil, 1922
“Só me interessa o que não é
O Modernismo Brasileiro surgiu em 1922 em meio a um período de
meu. Lei do homem. Lei do
transição e contradição em que o Brasil se encontrava. Ao mesmo tempo em
antropófago.” (ANDRADE,
que começava a se caracterizar como uma nação independente, o país
Oswald de. O manifesto
continuava preso às estruturas tradicionais, mantendo, portanto, uma
antropófago, 1928)
mentalidade colonial ainda no início do século XX. Os ideais de progresso,
industrialização e modernidade coexistiam com a tradição e o
conservadorismo das oligarquias rurais. Este período que sucedeu a Primeira
Guerra Mundial favoreceu a elite paulista cafeeira, resultando numa
mudança radical nas estruturas políticas e econômicas do país. Todas as
movimentações das ideias modernistas que predominavam na Europa "A poesia existe nos fatos. Os
começaram a chegar ao Brasil, contaminando jovens intelectuais através da casebres de açafrão e de ocre nos
pintura de Anita Malfatti e da escultura de Victor Brecheret (foto 3). verdes da Favela, sob o azul
Considera-se que a primeira manifestação pública coletiva da cabralino, são fatos estéticos."
necessidade de renovação estética foi a Semana de Arte Moderna, que (ANDRADE, Oswald de. Manifesto
ocorreu entre os dias 8 e 13 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São da Poesia Pau-Brasil, 1924)
Paulo. Este evento foi uma etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo
e ficou conhecido como uma ruptura com o tradicionalismo cultural
associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o
simbolismo (ficha 5) e a arte acadêmica, até então em voga. Voltando-se para
dentro, explorando temáticas de ordem social e colocando em evidência o
homem “vulgar” do interior do país, diferenciava-se das vanguardas
europeias (ficha 2), que procuravam voltar-se para outras culturas, afim de
buscar novas fontes de inspiração. Em sua primeira fase, foi apenas
Segundo Mário de Andrade (1893-1945), um dos principais um movimento de “burgueses
pensadores da Semana de 22, há controvérsias a respeito da autenticidade e querendo chocar burgueses”,
do “espírito revolucionário” do movimento modernista brasileiro. De acordo preocupando-se com a liberdade
com ele, o movimento foi apenas algo importado da Europa, não trazendo estética, no qual estava ausente
nada efetivamente novo para a arte, se comparado ao que já havia sido feito qualquer tipo de preocupação
fora, apesar de considerar “o direito permanente à pesquisa estética; a política. Na segunda fase, devido
atualização da inteligência artística brasileira; e a estabilidade de uma ao contexto de crise, enfrentada
consciência criadora nacional” (ANDRADE, Mário de. O Movimento pelo mundo na década de 30, os
Modernista, 1942). artistas assumem uma postura
O anseio por um nacionalismo primitivo e ingênuo, que recusa mais critica diante da realidade,
qualquer tipo de arte importada, encontrou no caboclo e na mestiçagem trazendo amadurecimento para a
(outrora considerados entraves para o crescimento nacional) fontes arte moderna brasileira, principal-
integradoras da cultura brasileira. Num primeiro momento, o modernismo mente a literatura.
brasileiro volta-se para o interior de seu país, buscando formas de expressão
que não tivessem sido domesticadas pela cultura burguesa, procurando uma
identidade nacional verdadeira e mestiça. Logo após essa "descoberta" do
Brasil pelos modernistas vieram o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de 1924, e
o Manifesto Antropófago/Antropofágico, de 1928, ambos de Oswald de
Andrade (1890-1954.
Principais Nomes:
Anita Malfatti (1889-1964), Di Cavalcanti (1897-1976), Victor Brecheret
(1894-1955), Tarsila do Amaral (1886-1973), Ismael Nery (1900-1934),
Cândido Portinari (1903-1962).
ligações: vanguardas europeias, antropofagia, pau-brasil, semana de 22, identidade nacional, nacionalismo, primitivo, modernização
MODERNISMO BRASILEIRO linha do tempo
1917 Exposição de Anita Malfatti.
01
05
04
01. Malfatti , Anita. A Boba, 1915 - óleo sobre tela, 61 x 50,6 cm. 02. Cavalcanti, Di. Cartaz da exposição da
Semana de Arte Moderna, 1922. 03. Brecheret, Victor. Carregadora de Perfume, 1923 - escultura em
bronze. 04. Amaral, Tarsila do. Os operários, 1933 – óleo sobre tela, 150 x 205 cm. 05. Portinari, Candido.
Lavrador de café, 1934 - óleo sobre tela, 100 x 81 cm.
ligações: vanguardas europeias, antropofagia, pau-brasil, semana de 22, identidade nacional, nacionalismo, primitivo, modernização
Conceito
FICHA
21
INSTALAÇÃO
EUA e outros, década de 1960
Por ser uma prática experimental, a instalação permite uma gama variada Segundo Miwon Kwon (2002) “o
de suportes, materiais e possibilidades, posicionando-se de forma confor- surgimento de uma arte acordada
tável dentro do circuito artístico contemporâneo, já que a própria Arte à realidade do site trouxe implícitas
Contemporânea (ficha 31) tem como característica, dentre outras, o quest- as seguintes questões: a vontade
ionamento do espaço e do tempo; as combinações com várias linguagens de superação dos meios tradicion-
como vídeos, filmes, esculturas, performances, projeções e o universo ais (pintura e escultura), incluindo-
virtual fazem com que o público participe de maneira cada vez mais ativa. se o papel da instituição; a substi-
tuição do ‘objeto-arte’ pela
Na produção brasileira, pode-se destacar nomes como Lygia Pape, com contingência contextual; o deslo-
“Divisor” e “Ovo”; Hélio Oiticica, com “Penetráveis”, “Ninhos” e “Cosmococa”; camento do sujeito-cartesiano
Tunga, com “True Rouge”; e Cildo Meirelles , com “Desvio para o Vermelho” para o fenomenal; e, finalmente, a
e “Através”. resistência ao mercado capitalista
que reduz a obra a bens mercado-
Principais nomes: lógicos.”
Marcel Duchamp (1887-1978), Claes Oldenburg (1929-), Tunga (1952-),
Cildo Meirelles (1948-), Hélio Oiticica (1937-1980), Lygia Pape (1927-2004),
Lygia Clark (1920-1988), Louise Bourgeois (1911-2010), Richard Smithson
(1938-1973), George Segal (1924-2000), Barbara Kruger (1945), Anish
Kapoor (1964-)
06
05
01. Bourgeois, Louise. Maman, 1999 - aço inoxidável, bronze, mármore. 02. Oiticica, Hélio. Ninhos, 1970 -
madeira e tecido. 03. Oiticica, Hélio. Penetráveis, 1969 - materiais diversos. 04. Kruger, Barbara. Sem título,
22
REALISMO SOCIALISTA
Rússia, 1930
01. Vladimirski, Boris. Rosas para Staline,1949 - óleo sobre tela 02. Pimenov, Yuri. New Moscow,1937 - óleo
sobre tela 03. Deineka, Alexander. The Model, 1936 - óleo sobre tela.
23
Não possuiam nenhum compromisso conceitual coletivo, porém, Eram todos de origem humilde e,
demonstravam em comum o interesse pela representação da realidade para sobreviver, exerciam ativi-
concreta - pintando paisagens cujos focos eram as vistas dos subúrbios e dades artesanais e proletárias.
arredores da cidade, as praias, a paisagem urbana - além de transitarem entre Rebolo, Volpi e Zanini eram
as experimentações formais da vanguarda dos anos 1920 e o academicismo decoradores-pintores de paredes;
ainda presente na arte paulista, se preocupando portanto com o apuro Clóvis Graciano era ferroviário;
técnico e a volta à tradição do fazer pictórico, caracterizando assim um Fulvio Penacchi era dono de
“modernismo moderado”. açougue; Aldo Bonadei era
figurinista e bordador; Rizzotti era
Identifica-se em uma preferência por tons rebaixados, de fatura fosca, dando mecânico e torneiro; Manuel
uma tonalidade acinzentada aos quadros. Outros gêneros como a Martins era ourives; Rebolo
natureza-morta, o retrato e o autorretrato, também foram trabalhados pelos também era jogador de futebol; e
participantes. Com a dissolução natural do grupo, os artistas começaram a Humberto Rosa e Pennacchi eram
desenvolver suas carreiras individuais. Alfredo Volpi foi quem mais se professores de desenho. A pintura
destacou. era praticada nos fins de semana
ou nos momentos de folga.
Principais Nomes
Francisco Rebolo (1902-1980), Humberto Rosa (1908-1948), Vittorio Gobbis
(1894-1968), Manoel Martins (1911-1979), Rossi Osir (1890-1959), Clóvis
Graciano (1907-1988), Mário Zanini (1907-1971), Aldo Bonadeli (1906-1974),
Fulvio Pennacchi (1905-1992), Alfredo Volpi (1896-1988), Alfredo Rizzotti
(1909-1972).
01. Volpi, Alfredo. Bandeirinhas, 1896 - têmpera s/ tela 02. Rebolo, Francisco . Futebol, 1936 - óleo sobre tela
03. Zanini, Mário. Paisagem,1996 óleo sobre tela
24
EXPRESSIONISMO ABSTRATO "Outro importante antecedente (à
EUA - Período pós-Segunda Guerra Mundial reelaboração da crítica dos
conceituais) é o Desenho de De
Foi o primeiro grande movimento artístico de repercurssão Kooning Apagado, apresentado
internacional que aconteceu nos Estados Unidos, país que naquele por Robert Rauschenberg em
momento emergia como novo o pólo artístico. A abertura do Museu de Arte 1953. Como o próprio título enun-
Moderna em 1929 e a vinda de vários artistas europeus para NY, propiciaram cia, em um desenho de Willem de
contato com o conteúdo inovador das vanguardas europeias. Nesse Kooning, artista ligado à
contexto, começa a se delinear uma arte “americana” que, embora recebesse abstração gestual surgida nos
todas as influências das vanguardas europeias, não se sentia devedora a ela e Estados Unidos no pós-guerra,
não tinha nenhum compromisso com as tradições artísticas. Rauschenberg, com a permissão
do colega, apaga e desfaz o seu
O Expressionismo Abstrato está numa zona de intersecção entre a abstração gesto. A obra final, um papel vazio
do Der Blaue Reiter, a intensidade emocional do expressionismo alemão e quase em branco, levanta a
heranças surrealistas (o inconsciente e o automatismo), fazendo com que as questão sobre os limites e as possi-
pinturas se voltassem mais para dentro, trazendo à tona um resultado bilidades de superação da noção
plástico que se baseava em formas não-figurativas. Alguns críticos sublinham moderna de arte."
as afinidades da Action Painting com o Jazz, música que se faz tocando, ao (Enciclopédia Itaú Artes Visuais,
sabor do improviso e da falta de projeto preliminar. Traz ainda um embrião Arte Conceitual)
do que mais tarde viria a ser a Performance .
Rauschenberg fala sobre De
Um dos seus principais expoentes, Jackson Pollock, criava suas obras através Kooning Apagado:
de respingos de tinta que deixava cair sobre grandes panos no chão, http://bit.ly/OXYlai
formando texturas únicas. A pintura deveria ceder a impulsos espontâneos, a
ação era ágil e não deveria ser premeditada.
“(...) a herança da arte moderna é
reacondicionada e oferecida de
A pintura sem planejamento e improvisada se relaciona com o automatismo
outra forma por Lichetenstein.
surrealista, no qual o artista permitia que sua mão se movesse
Uma série de “Pinceladas” de 1965,
'aleatoreamente' sobre o papel, evitando o controle consciente do desenho
cuidadosa e precisamente
e abrindo espaço para manifestações do inconsciente. Influenciados pelas
executadas, apresentava o Expres-
teorias de Jung e Sartre, muitos dos primeiros expressionistas abstratos
sionismo Abstrato como estilo,
buscam a expressão humana global e atemporal. Rothko, Pollock,
tornando óbvio o fato de que a
Motherwell, Gottlieb, Newman, e Baziotes: todos se voltaram para a arte
expressividade associada a ele
arcaica e o mito primitivo como fonte de inspiração.
não é um registro transparente e
absoluto de um estado emocional,
Pretendia-se criar uma arte mais livre e espontânea, nada convencional. O
mas um conjunto de símbolos
Expressionismo Abstrato trazia em si uma carga muito grande de tudo o que
culturalmente específicos por
fora deixado pela Segunda Guerra. Era, portanto, uma arte forte e violenta,
meio do qual se sente que aquele
que incorporava o emprego de uma palheta agressiva, conjugando traços
estado é mais bem representado.”
geométricos e aleatórios da "pintura automática" a um empaste pesado e
grosseiro de pigmentos sobrepostos. A busca do primitivo, assim como a
(ARCHER, Michel. Arte Contem-
recusa às técnicas tradicionais e a espontaneidade não-censurada
porânea – uma historia concisa.
correspondem a uma rejeição ao racionalismo tecnológico e a modernidade
p. 12)
civilizada.
Principais Nomes
Jackson Pollock (1912-56), Arshile Gorky (1904-48), Mark Rothko (1903-70),
Adolph Gottlieb (1903-74), Willem de Kooning (1904-97), Isamu Noguchi
(1904-88). No Brasil: Manabu Mabe (1924-97), Tomie Othake (1913).
ligações: expressão, abstração, automatismo, inconsciente, gesto, espontaneidade, performance, eua pós-guerra
EXPRESSIONISMO ABSTRATO linha do tempo
1945 Fim
1950 da Segunda
Uruguai Guerra
é bicampeão mundial
Mundial.
de futebol.
1945 Fim
1951 da Segunda
I Bienal Guerra
Internacional de Arte
Mundial.
de São Paulo.
01 02
1945 Fim
1952 da Segunda
O termo Guerra
“Expressionismo
Mundial.
Abstrato” foi usado pela primeira vez
pelo crítico H. Rosernberg para designar
o movimento.
03 04
05
01. Jackson Pollock pintando. 02. KOONING, Willem de. Mulher, 1949-50. 03. ROTHKO, Mark. White Center
(Yellow, Pink and Lavender on Rose), 1950. 04.GOTTLIEB, Adolph. Rolando, 1961. 05. POLLOCK, Jackson.
Número 1, 1949.
ligações: expressão, abstração, automatismo, inconsciente, gesto, espontaneidade, performance, eua pós-guerra
Movimento
FICHA
25
MINIMALISMO
Estados Unidos, meados dos anos 1960
"Uma forma, um volume, uma
cor, uma superfície é algo em si.
O termo minimalismo evoluiu ao longo dos tempos para incluir um
Isso não deve ser escondido como
enorme número de obras de arte. Seus precedentes na história das artes
parte de um todo diferente."
visuais podem ser encontrados nas pinturas de Mondrian (1872-1944),
(JUDD, Donald. The New York
Reinhardt (1913-1967) e Malevich (1879-1935). No entanto, pode-se dizer
Times, 1964)
que ele teve início como um movimento no ambiente de efervescência
cultural estadunidense em meados dos anos 1960.
“A minha pintura se baseia no
O Construtivismo Russo (Ficha 18) e os readymades de Duchamp
fato de que só o que pode ser
(Ficha 15) foram importantes influências ao minimalistas. Isso pode ser
visto na tela é que está realmente
observado no diálogo da aproximação entre pintura e escultura e o uso de
lá. [...] Tudo o que eu quero que as
produtos industriais e na ideia de que a escultura pode fazer uso de materiais
pessoas extraiam dos meus
pré-fabricados ou lembrar a aparência de objetos manufaturados. Como
quadros, e tudo que eu extraio
uma reação ao Expressionismo Abstrato (Ficha 24) e sua paixão e
deles, é o fato de que você
expressividade, o minimalismo procurou distanciar-se de temas como o
consegue apreender a ideia em
simbolismo, a transcendência espiritual e as associações metafóricas. Em
seu todo sem confusão... O que
busca de apagar as distinções entre pintura e escultura, os minimalistas
você vê é o que você vê.” (STELLA,
procuraram criar o que Donald Judd (1928-1994) chamava de "objetos
Frank. Escritos de Artistas: Anos
específicos".
60/70, 2006)
Uma das maneiras encontradas pelos minimalistas de distanciar-se
do que era estabelecido como objeto artístico, foi a de retirar da obra
quaisquer vestígios de processos manuais ou decisões estéticas durante a “Veja, o grande problema é que
sua fabricação (uso de formas geométricas simples). Mais do que partes da qualquer coisa que não seja
obra sendo milimetricamente e cuidadosamente ordenadas e balanceadas, absolutamente simples começa,
para Judd o processo de criação deveria se tratar de "apenas uma coisa de algum modo, a ter partes. O
depois a outra". Outra característica comum aos artistas ligados ao chamado importante é ser capaz de traba-
Minimalismo, é a redução de objetos a sua estrutura primária. Sendo assim, lhar e fazer coisas diferentes e,
torna-se um movimento mais formal que ideológico, em que conceito e mesmo assim, não quebrar a
expressão eram muitas vezes descartados em função da essência estrutural inteireza que uma peça tem.”
do objeto, percepção pura e direta, sem mediar valores externos. (JUDD, Donald. Escritos de Arti-
stas: Anos 60/70, 2006
Principais Nomes:
Donald Judd, Sol LeWitt (1928-2007), John McCracken (1934-2011), Agnes
Martin (1912-2004), Dan Flavin (1933-1996), Robert Morris (1931-), Anne
Truitt (1921-2004), Carl Andre (1935-), Frank Stella (1936-). “A metade, ou mais, dos melhores
novos trabalhos que se têm
produzido nos últimos anos, não
tem sido nem pintura nem escul-
tura. Frequentemente, eles têm se
relacionado, de maneira próxima
ou distante, a uma ou a outra.”
(JUDD, Donald. Objetos específi-
cos, 1963)
ligações: estruturas primárias, bauhaus, john cage, concretismo, espaço, forma, design
MINIMALISMO linha do tempo
1945 Com o fim da 2ª Guerra Mundial,
cria-se um movimento de
artistas da Europa para os
Estados Unidos.
01
05
01. LeWitt , Sol. Incomplete Open Cube, 1974 - esmalte em alumínio. 02. Judd, Donald. Sem título, 1970 -
concreto. 03. Flavin, Dan. Monument, 1969 - lâmpadas fluorescentes e luminárias de metal. 04. Andre,
Carl. 144 Quadrados de magnésio, 1969 - magnésio. 05. Stella, Frank. Pintura Negra, 1967 - esmalte sobre
tela, 230,5 x 337,2 cm.
ligações: estruturas primárias, bauhaus, john cage, concretismo, espaço, forma, design
Brasil
FICHA
26
CONCRETISMO
São Paulo/Rio de Janeiro, 1950
O Concretismo, também chamado de Arte Concreta, é um O movimento concretista acontece
movimento que tomou bastante força entre artistas de São Paulo e do Rio de quando o modernismo declinava
Janeiro a partir da década de 1950, e vem de uma linhagem claramente como força artística no país, muito
embora Portinari, já consagrado nas
abstracionista moderna, cujas principais raízes estão localizadas nas
décadas anteriores, ainda fosse
experiências do grupo De Stijl (ficha 16), do qual faziam parte Piet Mondrian considerado o maior artista brasileiro
e Theo Van Doesburg, além de outros artistas ligados à Bauhaus (ficha 17) da época.
como Wassily Kandinsky e Max Bill.
O Concretismo tem como principal premissa a autonomia da arte em O concretismo na arte é a promessa
relação à natureza. Ele não busca representar o real muito menos da construção do novo. Prega uma
interpretá-lo, portanto rejeita qualquer conotação mais lírica do trabalho. arte democrática, acessível a todos
Para esses artistas, não há nada mais concreto do que a linha, as cores e os em sua simplicidade e objetividade.
planos, e eles são auto-suficientes, não há significados por trás do que Propaga uma linguagem universal,
vemos. livre de contextos específicos e livre
Nesse período, os artistas concretistas adotavam uma postura mais de um excesso de subjetividade e
racionalista, desejando superar a condição de país subdesenvolvido. Tais emotividade.
anseios refletiam o plano político e econômico do Brasil, que a partir dos
anos 1950 alinhava-se mais intensamente aos moldes do capitalismo “Pintura concreta e não abstrata,
internacional, experimentando um grande crescimento econômico e certo pois nada é mais concreto, mais real
que uma linha, uma cor, uma
otimismo com relação à modernização.
superfície... Uma mulher, uma
No Brasil, o artista estrangeiro mais influente para a formação desse
árvore, uma vaca, são concretos no
ideário foi Max Bill, ganhador do principal prêmio da 1º Bienal Internacional estado natural, mas no estado de
de São Paulo, ocorrido no ano de 1951, com sua obra “Unidade pintura são abstratos, ilusórios,
Tripartida”(foto 6). Outro importante premiado nessa Bienal foi Ivan Serpa vagos, especulativos, ao passo que
com a obra “Formas”(foto 1). um plano é um plano, uma linha é
O artista carioca Ivan Serpa criou em 1954 o Grupo Frente, do qual uma linha, nem mais nem menos.” -
faziam parte os críticos Ferreira Gullar e Mario Pedrosa e artistas como Lygia Van Doesburg, 1930
Pape, Hélio Oiticica, Lygia Clark e Franz Weissman. Em São Paulo surgiu outro
importante núcleo de artistas concretistas, o Grupo Ruptura, que teve seu A poesia concreta nasceu oficialmente
início marcado por uma exposição ocorrida em 1952 no Museu de Arte no Brasil na década de 1950, com a
Moderna de São Paulo, e tinha como integrantes Waldemar Cordeiro, Lothar obra dos poetas Augusto de Campos
Charoux, Luiz Sacilotto, Geraldo de Barros (que mais tarde integraria o grupo (1931-), Haroldo de Campos (1929-
2003) e Décio Pignatari (1927- 2012).
Rex [ficha 35]). Diferentemente dos contemporâneos cariocas, os paulistanos Caracteriza-se pelo abandono do verso,
focaram suas pesquisas na pura visualidade das formas, enquanto os da importância do tema e da expressão
integrantes do Grupo Frente se dedicavam às articulações entre arte e vida de emoções íntimas. A exploração do
“através” das formas. Alguns dos integrantes do Grupo Frente como Hélio som,e a disposição das letras no papel,
Oiticica e Lygia Clark darão origem ao neoconcretismo (ficha 29). que busca mum efeito gráfico,
eliminam a direção tradicional de
leitura. Na composição do texto, podem
Principais Nomes ser usados vários tipos de letra e
Grupo Frente: Da primeira exposição do grupo participaram: Aluísio Carvão tamanhos. Eventualmente a cor pode
(1920-2001), Carlos Val (1937), Ivan Serpa (1923-1973), Décio Vieira vir a ser um elemento fundamental na
(1922-1988), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927-2004). Já na segunda semântica do poema. Entre os precu-
rsores da poesia concreta estão os
exposição, em 1955 no MAM/RJ, aderiram ao grupo Franz poetas franceses Guillaume Apollinaire
Weissmann(1911-2005), Hélio Oiticica (1937 - 1980), Rubem Ludolf (1932 - (1880-1918), Stéphane Mallarmé
2010), Abraham Palatinik (1928). Grupo Ruptura: Waldemar Cordeiro (1925- (1842-1898), o norte-americano Ezra
1973), Lothar Charoux (1912 - 1987), Luiz Sacilotto (1924 - 2003), Geraldo de Pound (1885-1972), os futuristas e os
Barros (1923 - 1998). dadaístas
ligações: construtivismo, neoplasticismo, bienal, industrialização, modernização, abstração geométrica, matemática, racionalismo.
CONCRETISMO linha do tempo
1949 - Exposições: “19 Pintores”,
Galeria prestes Maia, SP ;
- “Do Figurativismo ao Abstra-
cionismo” MAM/SP;
-“Calder” – MASP/SP.
06
01- Formas , 97 x 130,2 cm, óleo sobre tela - Ivan Serpa, 1951. 02- Movimento , têmpera sobre tela , 90,1 x
95,3 cm – Waldemar Cordeiro, 1951. 03- Planos em superfície modulada nº 5,Tinta industrial s/ madeira,
80,0 x 70,0 cm - Lygia Clark,1957. 04- Concreção 8074, têmpera sobre tela, 80x 80 cm - Luiz Sacilotto1974.
05- Profilograma 4 (Waldemar Cordeiro) - Augusto de Campos (Poema póstumo em homenagem a
Waldemar Cordeiro), 1993. 06- Unidade Tripartida- Max Bill,1948/49 REFERÊNCIA.
ligações: construtivismo, neoplasticismo, bienal, industrialização, modernização, abstração geométrica, matemática, racionalismo.
Movimento
FICHA
27
POP ART
Inglaterra e EUA, 1950
A origem do termo é
desconhecida, mas é comumente
O movimento surgiu em meio ao boom consumista e otimista.
creditada ao crítico de arte
Os artistas defendiam uma arte popular que se comunicasse diretamente
Lawrence Alloway (1926 - 1990),
com o público por meio de signos e símbolos retirados do imaginário que
apesar de que, no livro em que
cercava a cultura de massa e vida cotidiana. Como um dos maiores
esse termo aparece, ele tenha
movimentos artísticos do século XX, foi caracterizado por temas e técnicas
usado a expressão “cultura de
inspiradas na televisão, filmes, publicidade, quadrinhos e mídia em geral. Foi
massa popular” e não “art pop”.
largamente interpretado como reverso ou até mesmo a reação ao
Expressionismo Abstrato (ver ficha 24). Opôs-se ao elitismo cultural que
dominava o cenário artístico.
Andy Warhol (1928-1987) foi a figura mais conhecida e mais “No futuro todos serão famosos
controversa da pop art, mostrando sua concepção da produção mecânica da durante quinze minutos”
imagem em substituição ao trabalho manual. Suas obras remetiam à (Andy Warhol)
“impessoalidade dos objetos”, trazendo à tona seus aspectos vazios, sejam
eles latas de sopa, garrafas de Coca-Cola, automóveis ou figuras públicas
como Marilyn Monroe (foto 01) e Elvis Presley (foto 03).
Principais nomes
Andy Warhol (1928 - 1987), Peter Blake (1932), Wayne Thiebaud (1920), Roy
Lichtenstein (1923 - 1997), Jasper Johns (1930).
ligações: consumo, EUA, vídeo, publicidade, identidade, cultura de massa, reprodutibilidade, guerra fria, american way of life
POP ART linha do tempo
1945 Fim da Segunda Guerra
Mundial e início da Guerra Fria
(1945-1991).
05
01. Andy Warhol, Marilyn Monroe(hot pink), 1967 - Serigrafia, 91.5 x 91.5 cm. 02. Roy Lichtenstein, Crying
girl, 1964- Litografia , 116.8 x 116.8 cm. 03. Andy Warhol, Elvis I & II, 1963- Serigrafia,208.3 x 208.3 cm. 04.
Jasper Johns, Three Flags, 1958- Encáustica, 78.4 × 115.6 × 12.7 cm. 05. Richard Hamilton, Just what is it
that makes today's homes so different, so appealing?, 1956- collage, 26 cm × 24.8 cm.
ligações: consumo, EUA, vídeo, publicidade, identidade, cultura de massa, reprodutibilidade, guerra fria, american way of life
Movimento
FICHA
28
OP ART
Estados Unidos, Ddécada de 1960
ligações: pesquisa visual, olho-máquina, gestalt, movimento, arte cinética, ilusão óptica
OP ART linha do tempo
01
03
04 05
01. Vasarely, Victor. Zebras, 1938 ( ). 02. Riley, Bridget. Movement in Square, 1961 ( ). 03. Vasarely, Victor.
Vega 200, 1968 ( ). 04. Albers, Josef. Homenagem ao Quadrado, 1949-1976(série) ( ). 05. Parc, Julio Le.
Composição 523 nº13-5, 1970.
ligações: pesquisa visual, olho-máquina, gestalt, movimento, arte cinética, ilusão óptica
Brasil
FICHA
29
NEOCONCRETISMO
Rio de Janeiro, 1959
Na conclusão do texto do mani-
A expressão “neoconcreto” relaciona-se, primeiramente, ao festo neoconcreto, os signatários
movimento concreto no Brasil da década de 1950, e às diferenças entre os esclarecem que "não constituem
ideais do Grupo Frente, no Rio de Janeiro, e do Grupo Ruptura, em São Paulo. um grupo, não os ligam princípios
A arte concreta (ficha 26) no Brasil remonta ao contexto dogmáticos. A afinidade evidente
desenvolvimentista e progressista que a indústria fomentava na época. O das pesquisas que realizam em
programa concreto parte da aproximação entre produção artística e vários campos os aproximou e os
industrial, afastando-se de qualquer conotação lírica ou simbólica. reuniu".
Em 1959, é realizada a 1ª Exposição de Arte Neoconcreta no Museu de
Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, onde foi lançado o “Manifesto
Neoconcreto”, assinado por Amilcar de Castro (1920 - 2002), Ferreira Gullar
(1930 - ), Franz Weissemann (1911 - 2005), Lygia Clark (1920 - 1988), Lygia
Pape (1927 - 2004), Reynaldo Jardim (1926 - 2011) e Theon Spanudis (1915 - “Foi dado o nome de Bichos aos
1986). O manifesto defende a liberdade de experimentação e o resgate da meus últimos trabalhos pelo
subjetividade, incorporando o observador como parte da obra, a fim de caráter essencialmente orgânico
tentar eliminar a sombra do caráter racionalista e técnico-científico do que eles possuem. Além disso, a
concretismo. É importante ressaltar que na conclusão do texto do manifesto, maneira que achei para unir os
os signatários esclarecem que “não constituem um grupo, não os ligam planos, uma dobradiça, lembrou-
princípios dogmáticos. A afinidade evidente das pesquisas que realizam em me uma espinha dorsal.”
vários campos os aproximou e os reuniu”.
As esculturas de Amilcar de Castro, com suas dobras e cortes, em um Lygia Clark sobre a série “Bichos”,
material rígido como o ferro, realçam ainda mais o trabalho escultórico. Sua em 1960.
produção celebra a conquista do espaço tridimensional, concentrando seu
significado nas precisas relações estabelecidas pelo escultor, razão se
autojustifica e a razão de ser da forma é a própria forma. As séries de Hélio
Oiticica “Bilaterais” e “Relevos Espaciais”, de 1959, e “Trepantes”, de Lygia Clark, “Com o engajamento cada vez
de 1960, conquistam o espaço de maneira decisiva para, em seguida, tornar mais intenso em propostas radi-
a obra de arte ainda mais interativa, como os “Bichos” de Lygia Clark e os cais, esses artistas [Oiticica, Clark
“Livros” de Lygia Pape. O corpo e a expressão tornam-se indispensáveis para e Pape] - aparentemente
a construção das obras “Ballet Neoconcreto”, de Lygia Pape e Reynaldo desestabilizados demais para o
Jardim e “Penetráveis”, “Bólides” e “Parangolés”, de Hélio Oiticica, em 1960. circuito artístico brasileiro da
No campo literário, as mudanças também foram taxativas. Na poesia época - em determinado instante
concreta, a página se reduz a um espaço gráfico e a palavra a um elemento da trajetória do grupo pareciam
desse espaço. Ferreira Gullar passa a entender a poesia concreta como uma querer fundar não apenas uma
“tentativa de construir a poesia sem discurso”. Ao contrário do concretismo arte brasileira própria e nova,
racionalista, que toma a palavra como objeto e a transforma em mero sinal baseada na participação do
ótico, a poesia neoconcreta devolve-a a sua condição de “verbo”, isto é, de público, mas, inclusive, uma
ferramenta humana de representação do real. nova sociedade, pautada no
coletivo, na comunhão entre o
Principais nomes: artista e o público, entre arte e
Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissemann, Lygia Clark, Lygia Pape, política.”
Reynaldo Jardim, Theon Spanudis, Reynaldo Jardim, Aluisio Carvão, Hélio
Oiticica, Willys de Castro, Cláudio Melo e Sousa e Fortes de Almeida. (Tadeu Chiarelli. Arte Internacional
Brasileira, 2002.)
01. Pape, Lygia. Ballet Neoconcreto 02.Oiticica, Hélio. Caetano Veloso vestindo Parangolé 03. de Castro,
Amilcar. Sem Título 04. Clark, Lygia. Bichos.
30
HAPPENING
Estados Unidos, 1952
O termo happening (”acontecimento” em inglês) é criado no fim dos
Para John Dewey, um indivíduo
anos 1950 pelo americano Allan Kaprow (1927-2006) para designar uma
somente passa a ser um conceito
forma de arte que combina artes visuais e cênicas. Nos espetáculos, distintos
significante quando considerado
materiais e elementos são orquestrados de forma a aproximar o espectador,
uma parte inerente de sua socie-
fazendo-o participar da cena proposta pelo artista. O happening ocorre em
dade. Esta, por sua vez, nenhum
tempo real, assim como o teatro e a ópera, mas recusa as convenções
significado teria, sem a participa-
artísticas destes. Os eventos apresentam estrutura flexível, sem começo,
ção dos seus membros individuais.
meio ou fim. As improvisações conduzem a cena - ritmada pelas ideias de
acaso e espontaneidade, elementos que nunca se repetem da mesma
maneira a cada nova apresentação. O trabalho experimental do músico
estadunidense John Cage (1912 -1992), o zen-budismo, a filosofia de John
Dewey (1859-1952), filósofo e pedagogo norte-americano, sobretudo suas
reflexões sobre arte e experiência, assim como a action painting do pintor Os happenings também estão
americano Jackson Pollock (1912-1956) são matrizes fundamentais para a associados ao termo Flash Mob,
concepção de happening. Apesar de ser definido por alguns historiadores que são aglomerações
como um sinônimo de performance (ficha 32), o happening se difere pela instantâneas de pessoas em
imprevisibilidade e na participação direta ou indireta do público espectador. determinado local para a
Para o compositor John Cage, os happenings eram "eventos teatrais realização de determinada ação,
espontâneos e sem trama". inusitada aos espectadores mas
Cage é o responsável pelo “Theater Piece # 1”, ou simplesmente "o previamente combinada entre os
evento", realizado no Black Mountain College (instituição estadunidense de participantes, que se dispersa tão
ensino superior focada sobretudo no ensino das artes, tendo sido rápido como quanto se iniciou.
influenciado também pelas propostas pedagógicas de John Dewey, onde
artistas que participaram da Bauhaus, como Josef Albers, também
estiveram), na Carolina do Norte, Estados Unidos, em 1952, considerado o
primeiro happening da história da arte.
No Brasil, o Grupo Rex (ficha 35) também realiza uma série de
happenings, como o concebido por Wesley Duke Lee, O Grande espetáculo
das Artes, em 1963, no João Sebastião Bar. O chamado neorrealismo carioca
Em 1966, Allan Kaprow lança o
- Antonio Dias (1944), Rubens Gerchman (1942-2008), Carlos Vergara (1941),
disco “How To Make A
Pedro Escosteguy (1916-1989) e Roberto Magalhães (1940) - envolveu-se
Happening”, em que explica de
com o espetáculo e exposição coletiva PARE, em 1966. O evento é
forma detalhada aquilo que
considerado por certos comentaristas como o primeiro happening no Brasil.
devemos fazer, e não fazer, para
“Nesse happening eu chegava de carro e descia com uma pasta de
elaborar um “happening”:
executivo. Eu havia preparado uma parede no fundo da galeria e, por trás
dela, tinha deixado uma frase pronta e um recorte fotográfico de dois olhos
Transcrição do áudio:
muito severos olhando para a frente. Eu abria a pasta e tirava uma máquina
http://primaryinformation.org/fil
de furar. Desenhava um ponto a 80cm do chão e escrevia ‘Olhe aqui’. As
es/allan-kaprow-how-to-make-a-
pessoas se abaixavam e olhavam pelo buraco. Lá dentro estava escrito: ‘O
happening.pdf
que é que você está fazendo nessa posição ridícula, olhando por um
buraquinho, incapaz de olhar à sua volta, alheio a tudo o que está
Links do áudio:
acontecendo?” - Carlos Vegara descreve o considerado primeiro happening
https://soundcloud.com/primaryi
brasileiro, evento de inauguração da Galeria G4(RJ) 1966 – coletiva PARE.
nformation/allan
https://soundcloud.com/primaryi
Principais nomes:
nformation/allan-kaprow-how-t
Jim Dine (1935), Claes Oldenburg (1929), Rauschenberg (1925-2008), Roy
o-make-a-1
Lichtenstein (1923-1997), Georges Maciunas (1931-1978)
05
04
01. KUSAMA, Yayoi. Anti-war naked Happening, 1968 - New York 02. KAPROW, Allan The Courtyard, 1962 -
New York 03. Movimento Provos Happening na Spui,1964, Amsterdam,. Link do vídeo:
http://youtu.be/omb23Qm_RG8 04. Murakami, Saburo “At One Moment Opening Six Holes” na “1st Gutai
Art Exhibition” , 1955, Tokyo. (REFERÊNCIA) 05- OLDENBURG, Claes .Circus: Ironworks/Fotodeath na
Reuben Gallery, 1961.
31
ARTE CONTEMPORÂNEA
Mundo todo, 1960 até os dias de hoje “Tornou-se manifesto que tudo o
Na década de 1960, a Pop Art (ver ficha 27) revolucionou a história da que diz respeito à arte deixou de
arte, transformando o modo de se fazer e principalmente de se ver a arte. ser evidente, tanto em si mesmo
Continuando o legado do Dadaísmo e seus ready-mades, a Pop Art estreitou como na sua relação ao todo.”
ainda mais a relação que viria a ser uma das premissas básicas desse nosso (Adorno - Teoria Estética, 1970)
período contemporâneo: a relação entre a vida cotidiana e a arte.
Uma característica importante da arte contemporânea é a
“teríamos uma arte melhor se as
divergência marcante de estilos e práticas. A narrativa modernista, baseada
pessoas não necessitassem gostar
em vanguardas e manifestos, é desafiada por artistas que não mais querem
de arte para, então, gostar de
descobrir a verdade definitiva sobre uma arte pura, mas pretendem criar
arte”
uma multiplicidade de atitudes e abordagens em uma história da arte
(Twitter, @hirstdamien, 2012)
não-linear, sem a ideia de progresso. A pluralidade de estilos e de linguagens
convivendo, contraditória e independentemente, é uma característica da
contemporaneidade. Não existem mais estilos ou movimentos de vanguarda “Durante os anos 90, a democra-
como se dava na modernidade, não há mais lugar para afirmações e tização da informática e o surgi-
verdades absolutas. mento do sampleaento criaram
Um fator importante para a leitura de uma obra de arte uma nova paisagem cultural,
contemporânea é o contexto em que ela está inserida. Algumas vezes esse cujas figuras emblemáticas são os
contexto (social, político, cultural, científico) toma tanta importância na obra DJs e os programadores. [...] A
que ela chega a ser confundida com uma pesquisa antropológica, uma supremacia das culturas da
reportagem ou uma experiência científica. A hibridização dos campos de apropriação e do novo trata-
conhecimentos são questões comuns não somente à arte, mas a toda a mento dado às formas gera uma
contemporaneidade. moral: as obras pertencem a
Alguns temas bastante caros à arte contemporânea são a política e as todos.”
identidades culturais em uma sociedade globalizada, em que as relações das (Bourriaud - Pós-Produção, 2004)
pessoas com o espaço e tempo são radicalmente alteradas pelos meios de
comunicação e transporte. Em meio a esse processo de globalização era “A América Latina tem cinco
impossível ignorar a existência e importância da produção artística de países séculos, de história de ser uma
do terceiro mundo (culturalmente dominados). A participação da mulher na colônia, sem nenhuma pausa
história da arte foi reavaliada, assim como passou-se a considerar a para assumir a si mesma. A tarefa
importância de toda a cultura marginal para o desenvolvimento da arte. De permanece - contruir a sua
uma maneira genérica, podemos dizer que dentro do conceito de arte própria cultura, achar uma identi-
contemporânea encontram-se experiências culturais muito díspares – tanto dade cultural”.
no sentido de englobar artistas de origens diversas, que incorporam atores (Luis Camnitzer - Arte contem-
sociais diversos (como as “minorias”), quanto no sentido do uso de novas porânea colonial, 1970)
mídias, tecnologias e suportes diversos. As obras muitas vezes articulam
diferentes linguagens – performance, música, pintura, escultura, instalação,
body art – , desafiando as classificações e a própria definição de arte, bem “[...] tendo descoberto a intermí-
como o mercado e as instituições. dia, agora o problema central não
A liberdade de práticas artísticas da contemporaneidade é mais apenas o formal, de apren-
proporcionou aos artistas a possibilidade de ter como suporte e material de der a usá-los, mas o problema
trabalho o lixo, o corpo, as palavras, os conceitos, o vídeo, as novas novo e mais social de para que
tecnologias, os espaços, a mídia e até mesmo a tela e a tinta. Todas as práticas usá-los? Tendo descoberto as
e técnicas podem ter uma abordagem contemporânea. ferramentas com um impacto
imediato, para que vamos usá-
Principais movimentos e práticas da arte contemporânea las?”
Pop Art, Minimalismo, Arte Conceitual, Land Art, Performance, Body Art, (Dick Higgins - Declarações sobe
Instalação, Videoarte, Arte Povera, Op Arte, Arte Cinética, entre outros. intermídia, 1966)
ligações: hibridismo, poética, processo, polêmica,experimentação, suportes, conceito, interatividade, proposições, autoria, reprodução
ARTE CONTEMPORÂNEA linha do tempo
1981 - Primeira Transmissão da Musical
Television Video- MTV, o canal de TV a
cabo norte-americano de música;
- Entra em operação o Sistema Brasileiro
de Televisão- SBT, com a transmissão do
discurso de seu proprietário, o apresenta-
dor e empresário Silvio Santos;
Escolha a imagem que mais merece um destaque. - Hosni Mubarak torna-se presidente do
Egito;
- Casamento da princesa Diana com o
01 Príncipe Carlos.
ligações: hibridismo, poética, processo, polêmica,experimentação, suportes, conceito, interatividade, proposições, autoria, reprodução
Conceito
FICHA
32
PERFORMANCE
Estados Unidos, Década de 1960
Teve seus primórdios com artistas e poetas como Tristan Tzara (1896-1963),
Richard Huelsenbeck (1892-1974) e Hugo Ball (1886-1927) que se juntavam “O jovem de hoje não precisa mais
no Antológico Cabaret Voltaire para declamar e interpretar poesias de forma dizer ‘ sou um pintor’ ou ‘um
pouco convencional. O início de termo "performance art" criou autonomia poeta’, ou ‘um dançarino’. Ele é
nas décadas de 1960 e 1970. O objetivo do performer é explorar as relações simpesmente um artista”
espaço-temporais entre seu corpo e o corpo coletivo: a audiência. Combina (Allan Kaprow)
elementos do teatro, das artes visuais e da música tentando dirigir a criação
artística às coisas do mundo, à natureza e à realidade urbana, colocando em
questão a própria definição de arte.
ligações: corpo, movimento, interação, registro, efêmero, improviso, experiência, hibridização de linguagens, tempo-espaço, plurissensorial
PERFORMANCE linha do tempo
02
01
1960 Parangolés de Hélio Oiticica.
03
04
05 06
01. Oiticica, Hélio. Caetano Veloso usando Parangolé de Hélio Oiticica (?). 02. Schneemann, Carolee. Meat
Joy, 1964 . 03. Carvalho, Flávio de. Experiência nº 2 , 1931 . 04. Beuys, Joseph. Coyote. I like America and
America likes me, 1974 . 05. Beuys, Joseph. Como explicar desenhos a uma lebre morta, 1965 . 06. Klein,
Yves. Salto no Vazio, 1960 .v
ligações: corpo, movimento, interação, registro, efêmero, improviso, experiência, hibridização de linguagens, tempo-espaço, plurissensorial
Movimento
FICHA
33
LAND ART
Nova York, final da década de 1960
Os earthworks empregam muito
da linguagem minimalista.
O conceito surgiu nas exposição da Dwan Galery (Nova York, 1968) e
na exposição Earth Art, promovida pela Universidade de Cornell, em 1969.
Alguns aspectos da Land Art remetem ao Site Specifc, termo que faz
menção a obras pensadas para um espaço pré-determinado, onde
elementos do local de alguma forma dialogam diretamente com a obra e
vice-versa, incorporando-se.
Principais Nomes:
Michael Heizer (1944), Robert Smithson (1938-1976), Walter De Maria
(1935-2013), Sol LeWitt (1928-2007), Robert Morris (1931-), Carl Andre
(1935-).
02
1970 Spiral Jetty de Robert Smithson.
03
04
01. Smithson , Robert. Amarillo Ramp, 1973 - registro fotográfico. 02. Heizer, Michael. Double Negative,
1969 - registro fotográfico. 03. Maria, Walter de. The Lightning Field, 1977 - registro fotográfico. 04. Smith-
son, Robert. Spiral Jetty, 1970 - registro fotográfico.
34
VIDEOARTE
Estados Unidos, anos 1960 e 1970
Em 1884, um estudante alemão chamado Paul Gottlieb Nipkow fez a “Talvez, em alguma salinha escura de
primeira televisão. Durante as décadas seguintes o mecanismo primitivo foi vídeo em algum lugar, exista um
historiador de arte incansável
desenvolvido e aprimorado por cientistas de diversas nacionalidades, até preparado para uma maratona de 24
que, em 1928, acontece a primeira verdadeira transmissão de TV. O uso da anos de análise de vídeos necessários
televisão aumentou enormemente depois da Segunda Guerra Mundial para finalmente vir a tona com um
devido aos avanços tecnológicos surgidos com as necessidades da guerra e a panorama definitivo da Videoarte”
renda adicional disponível (televisores na década de 1930 custavam o (Mick Hartney)
equivalente a 7000 dólares atuais e havia pouca programação disponível).
“A década de 1960 tornou-se a era dos
A videoarte surgiu um pouco mais tarde, entre 1960 e 1970, à medida
protestos e o trabalho de Paik represen-
que artistas começavam a usar vídeos em seus trabalhos, muitas vezes tou a primeira batalha contra a hegemo-
utilizando a própria programação das transmissoras como base, dada a nia da mídia mainstream, controlada
dificuldade de se gerar imagens. Os artistas se limitavam a modificar o pela oligarquia comercial, política e
material bruto, ora visualmente, como no caso do uso de ímãs para distorcer militares. Paik e seus contemporâneos
acreditavam que eles poderiam
imagens do cubo catódico que Nam June Paik (um dos pioneiros da
aproveitar as ferramentas da mídia de
videoarte) fazia, ora simplesmente colocando-as em contextos inesperados. massa para despertar uma nova
consciência política e social. A Videoarte
A chegada da fita de vídeo e a acessibilidade da gravação coincidiram nasceu em um tempo de grande esper-
com o desenvolvimento da arte pop, da arte conceitual e da minimalista, ança política e pessoal. Artistas e
ativistas juntos acreditavam que suas
possibilitando o enriquecimento da videoarte. A imagem em movimento foi
ações poderiam fazer a diferença na
incorporada em instalações, happenings e performances, e as qualidades sociedade.” (Catherine Elwes, Video Art: A
próprias do vídeo como meio de expressão passam a ser exploradas. Guided Tour, 2005)
Vito Acconci (1940), Ira Schneider (1939), Nam June Paik (1932 - 2006), Bruce “No futuro, todo mundo terá 15 minutos
Nauman (1941), Bill Viola (1951). de fama.” (Andy Warhol, 1968)
03
04
01. LETH, Jorgen. 66 Scenes from America, 1981 . 02. Bill Viola, Union, 2000, color video diptych on two
plasma display flat-panel monitors, 102.8 x 127 x 17.8 cm. 03. PAIK, Nam June. Electronic Superhighway:
Continental U.S., 1995, 49-channel closed circuit video installation, neon, steel and electronic components,
approx. 15 x 40 x 4 ft. 04. CYRIAK, "something", 2010. Video no youtube.
35
GRUPO REX
São Paulo, 1966
ligações: reação ao mercado, arte política, happening, dadaísmo, pop art, ditadura, experimentação, diversão, polêmica
GRUPO REX linha do tempo
01
1967 - Encerramento das atividades
do Grupo Rex com a Exposição Não-
Exposição, na qual foi anunciado que
obras de Nelson Leirner poderiam ser
levadas da mostra. Em poucos minutos a
sala estava vazia
- Beatles lança o álbum St. Pepper’s
Lonely Hearts Club Band.
03
02
04
01. Lee, Wesley Duke . O Guardião, a guardiã, as circunstâncias(tríptico), 1966 02. Lee, Wesley Duke. Hoje é
sempre ontem, 1972 03. Resende, José. Sem título, 1991 - parafina nylon e chumbo. 04. Leiner, Nelson.
Porco Empalhado, 1966- porco empalhado em caixote de madeira.
ligações: reação ao mercado, arte política, happening, dadaísmo, pop art, ditadura, experimentação, diversão, polêmica
Movimento
FICHA
36
ARTE CONCEITUAL
Começa em 1965 e se estende pelos anos 70 - EUA, Inglaterra e outros
Principais Nomes
Sol Le Witt (1928-2007), Joseph Kosuth (1945), Yoko Ono (1933), Lawrence
Weiner (1942), Hans Haacke (1936), John Baldessari (1931), On Kawara (1933).
01
04 05
06
01. KOSUTH, Joseph. Uma e três cadeiras, 1965.02. 02. MEIRELES, Cildo - Inserções em circuitos ideológicos:
Projeto Coca-Cola, 1970 - Garrafas de Coca-Cola com instrições decalcadas em silk-screen, 24,5 x 6,1
cm.03. WEINER, Lawrence. Dust & Water put somewhere/between the sky & the earth, 2000. 04.HAACKE,
Hans. Blue Sail, 1965. Tecido suspenso sobre ventilador.05. ONO, Yoko. Tunafish Sandwich Piece, 1965. 06.
ONO, Yoko. Sun Piece, 1962.
37
GERAÇÃO 80
Brasil, Década de 1980
Principais Nomes
Leonilson (1957-1993), Beatriz Milhazes (1960), Sergio Romagnolo (1957),
Leda Catunda (1961), Daniel Senise (1955), Ana Maria Tavares (1958), Luiz
Zerbini (1959), Jorge Guinle (1947-1987). “Nesta descontração criativa, onde
todos os alunos e professores se
envolviam, os curadores da
exposição Paulo Roberto Leal,
Marcus Lontra e Sandra Mager
consideraram que devido à
integração das obras e a ocupação
de todo o espaço da escola, à
própria exposição era uma obra de
arte.”
(macvirtual.usp.br)
ligações: pintura, experimental, indivíduo, democracia, pluralidade, subjetividade, hibridização de linguagens, abertura política
GERAÇÃO 80 linha do tempo
01
05
04
1985 Tancredo Neves, do PMDB,
vence o candidato da situação
do regime militar, Paulo Maluf (PDS,
atual Partido Progressista), nas
eleições indiretas e é eleito presi-
dente da República, pondo fim ao
Regime Militar no Brasil.
07
06
01. Zerbini, Luiz. Tela 7 , 1995 . 02. Tavares, Ana Maria. Cabine , 1996 . 03. Senise, Daniel. Casamento , 1994
. 04. Milhares, Beatriz. Macho y Fémea , 1995 . 05. Romagnolo, Sérgio. Carro Abandonado , 1987 . 06.
Guinle, Jorge. Nos Confins da Cidade Muda (Homenagem a Man Ray) , 1984 . 07. Leonilson. Cada Delícia
Tem Seu Preço , 1988 .
ligações: pintura, experimental, indivíduo, democracia, pluralidade, subjetividade, hibridização de linguagens, abertura política
Movimento
FICHA
38
HIPER-REALISMO
Estados Unidos, década de 1960
"Não acredito que a fotografia dê
Representou a retomada do realismo na arte contemporânea, sobretudo no a última palavra sobre a realidade."
final da década de 1960, contrariando as direções abertas pelo minimalismo Mesmo assim, afirma, "O foto-
e pelas pesquisas da arte abstrata. realismo não poderia existir sem a
fotografia".
O final da década de 60 foi marcado pela efervescência cultural e (Richard Estes, 1932)
desenvolvimento tecnológico industrial nos Estados unidos, pós Segunda
Guerra Mundial. Em diálogo com a produção norte-americana, os artistas
ingleses aderem à nova linguagem pictórica.
Outra novidade foi o uso do aerógrafo (airbrush), que nunca toca a tela e que,
portanto, não deixa impressas as marcas do gesto e do pincel. A pintura é lisa,
sem texturas, e sua superfície espelhada - painéis com espelhos, vidros e
metal reluzente: deslocamento, distorção e reflexo. Na escultura, utiliza-se
silicone e fibra de vidro.
Principais Nomes
Chuck Close (1940), Ron Mueck (1958), Duane Hanson (1925-1996), Robert
Cottingham (1935), Audrey Flack (1931), Richard Thorpe McLean (1934),
Ralph Ladell Goings (1928), Don Eddy (1944), Robert Bechtle (1932), Tom
Blackwell (1938), John De Andrea (1941), John Salt (1937), Malcolm Morley
(1931), David Hockney (1937).
01
02 03
39
O SEU
DE DESENHAR Desenhe qualquer coisa que se
Com a segurança adquirida de seu traço, é possível que você caia em encontre a sua frente. Prefira
algo chamado zona de conforto. É quando nossos desenhos ficam parecidos primeiro pequenos objetos
entre si e - não raro - justificamos o ocorrido com a palavra estilo. De fato, comuns: garfo, vasos de flores,
estilo é o reconhecimento da repetição de alguns elementos, da criação de livros, etc.
um padrão. Mas isso ocorre naturalmente. Ao tentar forçar um estilo próprio
você acaba se privando de experimentar. Você pode sentir-se acomodado e
Pense primeiro na categoria.
passar a desenhar sempre a mesma coisa, achando que aprendeu e essa é a “Ferramentas”, “utensílios de
maneira correta de se desenhar. Mas se você acha que pregos são o melhor cozinha”, “chapéus”, “vermelho”
suporte para se pendurar um relógio na parede, quando você não tiver ...Com a categoria em mente,
pregos, como é que pendurará o relógio? É sempre bom procurar criar solu- poderá identificar alguns objetos
ções novas em sua vida e em seus desenhos. Não se preocupe em fugir do familiares. Por exemplo: a ideia de
seu estilo, pois isso pode te deixar engessado em uma forma de desenhar “pesado” leva você a pensar em
conformada. ”tijolo, âncora, bigorna”. O
“vermelho” o conduz a “tomate,
Exemplo: experimente desenhar aquela veeeeelha casinha com chaminé rosas, nariz de rena”. “Encaracola-
do” leva-o para “pretzel, trepadei-
sobre uma montanha com cerquinhas e árvores frutíferas e um sol sorriden-
ras, estradas rurais”.
te. Que soluções novas você dará a essa representação?
SEGURANÇA 40
41
O DESENHO
O que é um bom desenho?
Quando desenhar, mantenha um
Se fizessem essa pergunta para você, o que você responderia? ritmo razoável. Não fique agonia-
Escreva aqui: do com a sua obra, nem tente
........................................................................................................................................................ fazê-la de uma vez. Nenhum
........................................................................................................................................................ desses extremos possui virtudes
........................................................................................................................................................ especiais.
........................................................................................................................................
Você acha o seu desenho um bom desenho?
.................................................................................................................................................... Estima-se que a população mun-
dial logo atingirá 8 bilhões de
pessoas. É muito difícil fazer com
que um grupo tão numeroso
concorde plenamente em muitas
questões. Portanto, a reação do
mundo perante sua arte será inevi-
tavelmente variada.
42
SUA
INTENÇÃO CONTRA
Quantas vezes você tentou desenhar algo que estava aí na sua
cabeça e, de repente, quando colocou no papel aquela folha A4 bem bran- A principal regra que determina
por onde deve começar seus
quinha no início, você se sentiu frustrado e por consequência até amaçou ou
desenhos é... variável. Em termos
rasgou a folha?
gerais, comece pela parte que
Escreva quantas: imagina ser a mais difícil. Assim,
caso você saia do rumo, isso irá
Você já parou para pensar que você não sabia o que estava desenhando? acontecer no início. se tudo sair
bem, você terá decolado.
Onde fica a parte mais difícil?
Se a intenção era desenhar um círculo bem circular, daqueles redon- Geralmente a parte mais difícil está
dinhos, e saiu um círculo mais ou menos circular, é porque você não estudou na “ideia essencial”, no núcleo do
seu objeto. desenho, alguma coisa sobre a
É preciso conhecer o que estamos desenhando; daquilo que vamos qual habitualmente deseja refletir
antes de pôr em movimento o lápis
falar, seja com palavras, linhas, borrões ou o que for. A prática tende a aproxi-
ou hidrocor.
mar a intenção do resultado. Não há atalhos: tem que estudar mesmo, dana-
dinho!
Vamos começar! Imagine que você está bebendo o que você mais
gosta de beber. Como é o recipiente em se encontra essa bebida dos
deuses? Quantos lados diferentes possui? Quando trabalhar com base em
um modelo real - alguma coisa na
frente de seus olhos - existe o
aqui as quatro vistas/quatro ângulos diferentes do seu recipiente: problema do excesso de informa-
ção: você está vendo muito mais
do que consegue colocar na folha.
Capturar tudo isso com lápis e
papel é algo como tratar de carre-
gar uma cachoeira em uma xícara.
Você é invadido por certa desespe-
rança.
Não se desespere. Os desenhos
melhoram com o tempo. Posterior-
mente, quando o objeto real não
estiver mais na sua frente, o
desenho, repentinamente, irá
florescer. Você ficará deslumbrado
ao ver quanta água de uma cacho-
eira cabe em uma xícara.
43
DA PERSPECTIVA
Há uma verdade diante de nossos olhos que muitas vezes não enxer-
gamos. E praticar essa verdade a partir de agora resolverá seu problema com
o bicho chamado perspectiva. É o que chamamos de truque de artista. Assim
você passará na prova de aptidão com mérito (se o mérito lhe for muito
importante).
Mas, basicamente, é o seguinte: o que está longe é menor do que o É relevante alertar que o uso de
que está perto. régua neste caso dá um traçado
Imagine ou desenhe uma fila de pessoas em profundidade. Indepen- mais preciso. As linhas provavel-
mente se encontrarão no momen-
dente de seu tamanho exclusivo, a primeira pessoa será sempre maior do
to certo.
que a última. Imagine ou desenhe uma fila de pessoas subindo uma monta-
nha. A primeira pessoa a chegar ao pico aparecerá por completo, enquanto
que a última desaparecerá atrás do morro.
Assim, tudo que está muito longe é praticamente invisível, Assim como acontece com as
resumindo-se num ponto. Chamado ponto de fuga. demais “regras” associadas ao
desenho, não a aplicamos de
Cada objeto tridimensional possui no mínimo um ponto de fuga, um
maneira rígida. Damo-nos por
lugar onde todas as linhas que partem dele se encontram e desaparecem. satisfeitos se você compreender
Num desenho que apresente perspectiva correta, haverá sempre o ponto de que o ponto e fuga existe. Em
fuga. qualquer um de seus desenhos
Experimente. Siga o exemplo e construa novos objetos no ambiente. poderá ignorá-la deliberada e
alegremente, ou comprimentá-la
ao passar, você terá nossa total
aprovação.
44
LUZ E SOMBRA
Esse era o golpe que faltava para você aplicar na sua provinha de apti-
dão. Aquela cartinha na manga. As sombras tem o poder de acen-
É sempre bom lembrar que você é livre para fazer suas escolhas. tuar o que estamos querendo
dizer. Elas conferem maior drama
Pode-se muito bem viver uma longa vida artística repleta de satisfações sem
ao desenho. Assim, as figuras
ter aplicado jamais uma sombra ou um matiz em seus desenhos. Ou pode-se podem ganhar mais peso, realis-
adicionar sombras em tudo o que fizer. Tudo dependerá de seu desenho, de mo, mistério, altura...
seus olhos e de como você se sente em determinado momento.
Quando decidir adicionar sombras, você deverá formular a pergunta
a seguir: de onde vem a luz que ilumina seu objeto? De cima? De baixo? Da
esquerda? Da direita? A luz chega de todas as partes, mas geralmente há Há diversos modos de se represen-
uma fonte principal, e isso é o que desejamos que você tenha em mente. tar uma sombra. Usualmente
Faça um teste. Observe essa singela exemplificação e construa outras. costuma-se esfregar com o dedo
Coloque alternativas para a luz emergir. Se alguma dúvida aparecer, tenha a ou utilizando um esfuminho. Mas
certeza de que, além de sua mãe, nós também teremos o imenso prazer de as hachuras podem lhe parecer
soluciná-la com você! bem interessantes. São sequên-
cias de traços finos, um ao lado do
outro, que vão se sobrepondo em
diferentes posições.
45
EXERCÍCIOS
(VUNESP - 2012) Faça um PROJETO para uma obra de arte que utilize um martelo, um chapéu e uma bicicleta.
Podem ser utilizadas as imagens desses elementos e os próprios objetos na obra, ou seja, a obra poderá ser um
desenho, uma pintura, uma fotografia, um vídeo, uma escultura, uma instalação, uma performance ou outras
modalidades de arte.
Para apresentar o PROJETO, utilize a linguagem visual (desenhos, plantas e esquemas) e a verbal (palavras,
textos) de maneira que qualquer pessoa possa entender como será a obra. Serão avaliadas criatividade,
organização e clareza.
Material: lápis preto e/ou caneta esferográfica preta.
(MACKENZIE - 2005) Amasse livremente a folha A4 fornecida e coloque-a sobre a mesa. Faça, em seguida, um
desenho da folha amassada, considerando, nesse desenho, fundamentos como luz, sombra, volume,
proporção, textura e perspectiva.
NÃO CORTE, NÃO RASGUE, NÃO FURE E NÃO PICOTE A FOLHA.
(VUNESP - 2011) Faça um desenho representando (VUNESP - 2011) Recorte e cole na folha de papel
um sonho. Avaliação: criatividade, composição, canson. Faça uma intevenção criativa a partir da
habilidade gráfica e temática. imagem.
Material: Lápis HB, 3B, 6B e lápis de cor.
• Rever
• Suave
• Corpo
(FUVEST - 2009) Nas coleções de arte, particulares ou públicas, são conservados croquis, esboços, estudos,
anotações, escritas, projetos associados às obras de arte, sejam elas realizadas em desenho ou qualquer dos
outros meios das artes visuais. A relação entre os estudos e as obras é sempre instigante para analisarmos
aspectos ligados ao pensamento visual.
O que propomos para essa prova é que se utilize uma das duas folhas recebidas para anotar, fazer estudos,
projetar, esboçar elementos relacionados ao desenho que será realizado na segunda folha de papel. A escolha
dos materiais e as maneiras de proceder, assim como os temas a serem desenvolvidos, são de livre escolha de
cada candidato.
EXERCÍCIOS
(FUVEST - 2008) Muitas pessoas têm ou já tiveram um diário, onde a memória é retida mais comumente por
meio de palavras. Considere a folha de papel recebida um lugar para desenhar algo memorável, ocorrido nos
últimos dias. Inclua nesse ou nesses desenhos elementos que possam ser observados agora, no lugar onde você
está. O verso da folha poderá ser utilizado para estudos, esboços, anotações prévias, que serão levadas em
consideração na sua avaliação.
A utilização dos lápis de cor, que você recebeu, é opcional.
(UNICAMP - 2009) 1. Com o objeto fornecido (catavento), desenvolva um desenho de observação enfatizando
a linha.
Finalidade: Avaliar a capacidade de compreender e representar graficamente as estruturas e dimensões.
Tempo: 25 minutos.
2. Escolha um formato adequado da folha de papel canson e desenhe novamente seu objeto considerando
uma das relações de contraste abaixo apresentadas.
Finalidade: Avaliar a capacidade de realizar uma composição criativa a partir dos efeitos sugeridos pelos
binômios ou contrastes apresentados.
Tempo: 50 minutos
3. Com base nos resultados obtidos nas duas questões anteriores, construir uma terceira imagem relacionando
cor e forma, por meio de desenho, colagem ou outro procedimento que considerar mais adequado. Utilize
qualquer material indicado no Manual do Candidato.
Finalidade: Avaliar a capacidade de expressão e reflexão na construção da imagem.
Tempo: 50 minutos.
(UNICAMP - 2011) “Uma superfície bidimensional sem nenhuma articulação constitui uma experiência morta.
A base de todo processo vital é a contradição interna. A qualidade vital de uma imagem é gerada pela tensão
entre as forças espaciais, isto é, pela luta interna entre a atração e a repulsão dos campos de forças.”
(Gyorgy Kepes, Language of vision. Chicago: Paul Theobald, 1944, p.59.)