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dos refo rmistas e co nse rvadores A política do desenvolvimento exclus ão dos refer idos in teresses

para o per íodo . Sob re os par ti· na era de Vargas da mesma. Veja mos como isso se
dos apóia-se em dado s dos cen- deu em cada caso.
sos eleito ra is e sua an á lise ·ofe-
rece uma ampla visão das mu- Por John D. Wirth. Rio de Ja-
1 . O comércio internacional na
danças do cená rio político-parti- neiro, Fundação Getul io Va rgas,
década de 30
dário b rasilei ro no período 45-64. 1973.
O auto r em prega uma a nálise O comérc io inte rnacio na l caracte-
de correlação de vari áveis saci o- riza a década de 30, poi s a eco-
econômicas com as variáveis po- nom ia nacio na l es tá vo ltada es-
líticas ten do como unidades de sencialmen te para o exte ri o r . A
estudo do is grupos de . estado, pa rt ir de 1934, o Brasil viu-se
de um lado, o grupo de estados col ocado en t re d ua s potênc ias,
desenvolvidos e, de out ro, o s sub- cada uma com um si stema eco-
desenvolvidos, fazendo com para- nômico, político e ideológico in-
ções entre e les . O objetivo cen- co mpatíveis, em luta, para afir-
tral des te tipo de análise é apre- ma r aqui sua hegemonia . Os Es-
sentar uma descrição do im pacto tados Unidos , nação democ rá t ica
das diferenças socioeconôm icas a favor do Iivre comé rci o, e a
deõ".iguai s sobre vár ios aspectos Alema n ha desfraldando a ba ndei-
da política brasilei ra . Segundo o ra da economia d irig ida . Esse
autor, estes dois grupos de esta- conf lito tam bém se manifesta in-
dos são : de um lado, os. desen- ternamente . Temos os grupos do
volvidos representados por · São café t rad ic io nalmente ligados aos
Paulo, Pa raná, Sa nta Catar ina, Rio EUA, mai o r importado r do Bra-
Grande do Sul; de outro, os es- sil; po r out ro lado os grupos do
tados restantes , considerado:; o John D. Wirth p ropõe-se a anali- algodão e outros grupo s agrários
grupo subdesenvolvido . O estudo sar o processo de e laboração das depe ndentes do comé rcio com a
aprese n ta os pontos mais impor- diretrizes políticas básicas toma- Alemanha, o qual crescia em im-
tantes e elucidativds das diferen· das com vista ac- de senvolvim ento portância.
.ças socioeconôr;nicas e ntre os gru- econômico em áreas estratégicas Ao nível da máquina governa-
pos mencionados . Esses pontos durante a e ra de Va rgas . Desen- mental en co ntramo s a mesma di-
são entre m uitos : diferenças re- volve sua análise at ravés do es tu- visão. O Emb ai xador em ·Washing-
gi onais per capita; níveis de in- do de três casos p a rt iculares : o ton, depois Minist ro d as Rela-
dus tria Iização; grau de u rbaniza- comércio internacional , a side r ur- çõe~ Exte r io res, ( 1937-44 ), Os-
ção; índice de alfabetização, quan· gia e o petróleo, af irm ando a in- waldo Aranha, é favorável ao t ra-
tidade de matrículas uníversitá te r !igação dos t rês caso s e a con- dici ona l alinhamento político co m
ri as; e as diferen ças da concen- tinuidade de atitudes e institui- os EUA . O Ministro das Rel ações
tração das propriedades agríco- ções na era de Vargas . Exte r iores João Ca rios Macedo
las . Toda a análise é confecc iona- Dentre os elementos q ue in- Soa res (identificado com inte res-
da por dados quantificados, ofe- fluenciam o processo decisório ses Iigados ao algodão em São
recendo-nos uma idéia global da temos a ênfase. nos grupos de in- Pau lo) é favorável ao comé rci o
relação ent re o desenvol vi mento teresses econômicos privados na- com a Alemanh a, assim como
econômico e social e o quadro cionais, a re lação pela qual se li- também outras autoridades do
político brasil~iro no período. gam fo rmal ou informalmente ao governo .
Particul armente é a parte mais gove rno e seus vínculos ao estran- Outro '"lemento importante na
impor tante do li vro, pois demons- geiro . Por esse lado, res salta a formulação da política pelo Esta-
t ra as conseqüências que o de- dependência econômica e pol ítica do eram o:o representantes oficio-
senvolvimento econômico desigÚal em relação ao e:<terior . No caso sos que defendendo inte resses 137
acarreta para o desenvolvimento da siderurgia e do pet ró leo, o pessoais serviam como mediado-
e a partj c ipação do povo no pro- exército com sua ideo logia na- res entre os grupos internos e os
cesso político. O cional desenvolvimentis ta, tem um inte resses es tré\ngei ros; por exem-
papel importante na elaboração plo Valentim Bouças, importador
da política . No caso do pet ró leo, e inte rmedi á rio simpático aos
Ronaldo Bianchi
outro fala r relevante é a mani- EUA, Olavo Egydio de Souza Ara-
festação da classe média at ravés nha (paulista com interesses no
do nac ionalismo pol ítico .. cultivo de algodão, café e na ex-
Vargas vai seguir uma política portação de minér io de ferro )
eminentemente conciliatória, pois ativo promotor dos interesses ale-
sendo favorável tanlo a interesses mães.
e!;t rangeiros como aos inte resses Robe rto Simonsen, p res idente
privados nac iona is re luta e m da Fede ração das Indústrias do
aceita r uma solução estatal com Estado de São Paul o, não co nse-

Resen ha bibliogr áfica


guiu impor um plano de cunho blema siderúrgico, opondo-se des- capital misto, satisfazer os inte-
nacionalista ao comércio interna- de logo várias correntes naciona- resses nacionais privados e os mi-
cional, pois os industriais não ti- listas. Na década de 30, Farquhar litares por ser uma. solução na-
nham alcançado ainda um peso continua lutando, mas falha por cional e por possibilitar e auto-
político efetivo. dificuldades financeiras. V á r i os suficiência em matéria de aço.
Pressionado pelas duas potên- grupos privados nacionais tam-
cias estrangeiras e pelos grupos bém se propõem a construir uma 3. O petróleo e o segundo
agranos internos, Vargas pro- usina siderúrgica, que por exi- governo de Vargas
curou manter um equilíbrio se- gir vultosos financiamentos do
guindo assim uma política eclé- Estado continua inviável do pon- A exigência popular militar quan-
tica, tentando obter vantagens to de vista econômico. Com a im- to a necessidade de uma solução
e c o n ô m i c a s imediatas evi- plantação do Estado Novo o Exér- estritamente estatal para a ques-
tando um alinhamento político cito chega à conclusão de que a tão do petróleo é que vai deter-
explícito. Para coordenar os in- solução deve ser de âmbito na· minar a fundação da Petrobrás
teresses dos grupos internos e, cional sob o controle estatal. em 1953. E apesar do fortaleci-
ademais, para fortalecer o seu No final da década de 30 sur- mento do Estado, vai·se eviden-
poder criou o Conselho Federal gem interesses, tanto da Alema- ciar a superação da política con-
do Comércio Exterior. Esse mes- nha como dos EUA, para investir ciliatória de Vargas.
mo mostrou-se mais eficaz como no Brasil. Grupos privados, Va-· A questão do petróleo divide-se
"caixa de ressonância e órgão le- lentim Bouças, o Ministro das Re- em três frases. A primeira desen-
gitimador" dos diversos grupos lações Exteriores Oswaldo Aranha volve-se durante o Estado Novo
agro-exportadores do que como e o próprio Vargas são a favor e se caracteriza pela legislação
formulador da política comercial. dos EUA. O Exército e os nacio- nacionalista precoce feita pelo
Assim a política comercial de Var- nalistas apoiados pelo Ministro .Exército através do General Hor-
gas limitou-se à diversificação e dos Transportes, General Men- ta Barbosa, presidente do Conse-
ampliação de mercados. donça Lima, tendo em vista umà lho Nacional do Petróleo. Tal le-
solução esta ta I mostraram-se gislação foi possível devido à
2 . A siderurgia e o Estado Novo mais inclinados pela Alemanha. falta de interesse por parte das
Por fim, Vargas entrega o pro- empresas petrolíferas estrangeiras
O ponto de vista de que uma si- blema siderúrgico ao Conselho em investir no Brasil e à fraque-
derurgia só 'poderia ser estabe- Técnico de Economia e Finanças, za econômica dos grupos nacio-
lecida com a ajuda do capital es- ligado à iniciativa privada e aos nais privados. Em 1958, a indús·
trangeiro e o de que não deveria EUA; e depois do Conselho Fede- tria do petróleo é colocada dire-
depender deste capital são os dois ral de Comércio Exterior, "biom- tamente sob o controle do CNP,
pólos de referência da política si- bo" administrativo para o Exér· que limitou a participação do ca-
derúrgica. No processo decisório cito. No entanto, nenhum desses pital estrangeiro e instaurou um
o Exército desempenhou papel órgãos apresenta propostas viá- controle maior sobre os interes-
importante e ativo, orientado pe- veis. ses regionais e privados.
lo nacionalismo econômico. O Devido à rivalidade crescente Horta Barbosa enfrenta a opo-
projeto da Usina Siderúrgica de entre os EUA e a Alemanha o po- sição da maioria dos ministros,
Volta Redonda, em 1940, repre- der de Barganha do Brasil aumen: de grupos nacionais e estrangei-
sentou um compromisso entre ta. Com a pressão de Vargas a ros, do Departamento Administra-
os dois pontos de vista. United States Steel Corporation tivo do Serviço Público. Lenta-
A inviabilidade econômica in- parece disposta a investir no mente perde a iniciativa política
terna era um dos principais em- Brasil, apresentando um plano restando-lhe o poder de veto que
pecilhos para a construção de economicamente viável, que rece- utiliza contra ernpre~as estran-
uma usina siderúrgica, pois ape· be o apoio de Vargas a despeito geiras.
sar da abundância de minério de da oposição dos nacionalistas, Horta renuncia em 1943 e é
138 ferro o carvão nacional era ruim, mas a United States Steel Corpo- substituído pelo Coronel João
o sistema ferroviário precário e ration desiste. Enquanto isso, os Carlos Barreto, favorável à ini-
.as possibilidades de financiamen- elementos necessários para a via- ciativa privada e ao capital es-
to interno insuficientes. Ademais, bilidade econômica interna ha- trangeiro. Vários projetos priva-
os interesses financeiros dos paí- viam surgido. Vargas exigindo dos com ajuda do capital estran-
ses desenvolvidos ligados ao aço uma decisão dos EUA consegue geiro são apresentados e alguns
não estavam empenhados em in- um financiamento que .vai permi- até se realizam sem que, no en-
vestir nos países subdesenvolvi- tir a construção de uma usina de tanto, cheguem a formular uma
dos entre 1910 e 1937. aço es.atal de maiores dimensões. alternativa para uma empresa go-
Em 1920, apresenta-se o único Desenvolve-se então o projeto vernamental. Em outubro de 1947
projeto viável idealizado pelo da usina siderúrgica de Volta Re- é apresentado o ·Estatuto do Pe-
americano Percival Farquhar: o donda, símbolo da política con- tróleo, que por sua vez não satis-
contrato de ltabira. Em torno ciliatória e modernizadora de faz, nem as empresas estrangei-
desse· contrato vai girar toda a Vargas. O projeto conseguiu, com ras, nem os nacionalistas. Em
questão política referente ao pro- a formação de uma empresa de torno do Estatuto vai-se desenca-

Revista de Administração de Empresas


dear um debate público genera- to, o projeto já não era o que Lista das publicações
lizado e de âmbito nacional. Em Vargas idealizara. recebidas até 22 de junho
abril de 1948 é fundado o Cen- Em suma, a ênfase da análise
tro de Estudos e Defesa do Pe- de Wirth recai sobre a tentativa
de 1974
tróleo como órgão dos naciona- de mostrar a participação e po-
listas em favor do monopólio es- der relativo dos vários elemen-
tatal do petróleo, com o apoio tos no processo decisório, a sa-
das classes médias. Assim, em fins ber: grupos de interesses nacio-
de 1948, o Estatuto está politica- nais e estrangeiros, personalida-
mente morto. No desejo de se des, ministros e conselhos admi-
fortalecer o Departamento de nistrativos, o Exército, a classe
Administração do Serviço Públi- média, o poder presidencial. Res-
co propõe um projeto mais pró- salta igualmente a influência da
ximo da solução estatal. Os gru- ideologia no processo decisório,
pos privados agem por iniciativa assim como o nacionalismo eco-
própria, Dutra contemporiza, o nômico e popular. Ao mesmo
que vai redundar apenas em so- tempo, mostra que as possibili-
luções parciais. dades de se chegar aos objetivos
Em 1951, torna-se necessário alcançados dependem da viabili-
uma ação do governo. Após dade destes e da dependência po-
várias tentativas infrutíferas de lítica ao exterior. O principal ob-
atrair o capital estrangeiro Var- jetivo de Wirth é mostrar atra-
gas decide-se pela solução estatal. vés destes três exemplos o cres-
Encomenda um projeto altamente cente fortalecimento do Estado e LIVROS:
tecnocrático, visando sua tra- "o crescente controle interno do
dicional p o I í t i c a conciliatória, processo da elaboração da pol íti-
abrindo uma brecha ao capital ca do governo". O Fernandes, Florestan. Comunidade
estrangeiro e permitindo um e sodedade. São Paulo, Compa-
acesso à diretoria por parte dos nhia Editora Nacional, 1973.
grupos privados. O projeto, no Rudolf Caio Petersen
entanto, recebe oposição de todos George, Pierre. Panorama do. mun-
os setores não sendo mais aceita
do atual. São Paulo, Difusão Eu-
a indefinição de Vargas. Os prin-
cipais focos de oposição são os rcpéia do Livro, 1974.
jornais, os nacionalistas da Câ-
mara, o Clube Militar, do Centro Goldmann, Lucian. Ciências hu-
de Estudos e Defesa do Petróleo. manas e filosofia: que é a socio-
O governo com maioria no Con- logia? São Paulo, Difusão Euro-
gresso ainda permanece tranqüi- péia do Livro, 1974.
lo. Com a apresentação de um
projeto alternativo pelo PTB e a
discussão do projeto de Vargas Grau, Eros Roberto. Regiões me-
durante a campanha eleitoral pa- tropolitanas. São Paulo, José Bu-
ra a presidência do Clube Militar, chatsky ed., 1974.
a política de Vargas cai ainda
mais em descrédito. Em oposição Janes, Manley Howe. Tomada de
a Vargas, e também por oportu- decisões pelo executivo. São Pau-
nismo, a UDN propõe um tercei- lo, Editora Atlas. 139
ro projeto, favorecendo o mono-
pólio estatal total. Após uma sé-
rie de emendas (exclusão do ca- Lacerda, Carlos et alii. Reporta-
pital 'estrangeiro e dos interesses gens que abalaram o Brasil. Rio
privados da diretoria), mantendo- de Janeiro, Bloch Editores.
se no entanto seu orçamento fi-
nanceiro, Vargas consegue o apoio Lacoste, Yves. Os países subde-
dos grupos nacionalistas. Somen- senvolvidos. São Paulo, Difusão
te a UDN e o Centro de Estudos Européia do Livro.
de Defesa do Petróleo permane-
ceram na oposição. O Senado,
representante dos ·interesses pri- Motta, Fernando C. Prestes. Teo-
vados, tentou em vão fazer emen- ria geral da administração. São
das. A Petrobrás foi aprovada em Paulo, Livraria Pioneira Editora,
3 de outubro de 1953. No entan- 1974.

Resenha bibliográfica

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