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Carta de alguém atribulado com a doutrina da reprovação (tanto de anjos maus

quanto dos homens não eleitos) e a resposta a ela

(Nota: Esta não é uma carta fictícia – ela me foi enviada em 3/03/2007 por alguém que
não quis se identificar)

Prezado Sr. João Alves dos Santos,

Navegando pela internet acabei tendo a felicidade de encontrar o site do Mackenzie e, desde então, tenho
lido e relido seu artigo, pois trata direta ou indiretamente de questões que me incomodam muito.

Decidi mandar este e-mail na esperança, quem sabe, de poder esclarecer algumas dúvidas que me
atormentam. Para não fazer muitos rodeios, tentarei ser o mais direto possível.

A idéia de que o inferno existe e é um lugar de sofrimento eterno sem possibilidade de redenção, mesmo
com arrependimento tardio, simplesmente acaba com qualquer alegria dentro do meu coração.

Sou um pecador, sei que o diabo existe e que, se puder, acabará com a minha raça, mas, ainda assim,
tenho pena dele e queria saber se Deus poderia perdoá-lo caso se arrependesse. Não me refiro apenas ao
chefe, mas a todo o terço de anjos caídos bem como a todos os seres humanos "levados" por eles. Em
nenhum momento me excluo de poder ir para o inferno devido as minhas atitudes, porém, se fosse para o
paraíso sabendo que alguém (um único só, podendo, este, ser um ser humano ou mesmo o diabo ou
apenas um dos anjos caídos) está sofrendo eternamente em outro lugar, preferiria, sinceramente, não ter
nascido. Sei que estas palavras de negação à vida são horríveis, mas também posso dizer que estão em
minha mente e este é o meu sentimento em relação a tal possibilidade.

Entendo que são questões extremamente complexas que provavelmente envolvem predestinação,
julgamento por atitudes tomadas, contraste entre sofrimento e alegria para a glória ser notada, mas, na
minha cabeça, às vezes penso que, sinceramente, se as coisas são realmente como penso (sofrimento
eterno sem possibilidade de redenção, mesmo com arrependimento tardio), teria sido melhor (que Deus
me perdoe), quem sabe, Deus não ter criado nada. Pois se Deus criou os anjos e sabia (onisciência) que
um deles mais um terço se rebelariam e, ainda por cima, levariam muitos seres humanos junto, etc, etc,
etc, não seria melhor Deus não ter criado nada? Nesse momento sei que sou apenas um vaso de barro e
não posso questionar o oleiro, mas também não posso ser falso e dizer que este pensamento não vem à
minha mente.

Não sei se estou sendo claro, mas o que me incomoda mesmo é o fato de pensar em algo de sofrimento
eterno sem possibilidade de redenção mesmo com arrependimento tardio. Digo isso tanto para o diabo
quanto para todos os anjos caídos bem como para todos os seres humanos que se perderam ao longo da
vida. Eu sei que há muitas coisas que vemos sob um prisma equivocado, pois, para o nosso mundo, por
exemplo, falamos de "tempo", mas já sabemos que isto é apenas uma relação entre velocidade e espaço.
Espiritualmente, também creio que o tempo não existe, pois Deus é (inexistência de passado, presente e
futuro).

Acho, sinceramente, que devemos receber segundo nossas atitudes, mas não acho certo dar um tempo de
vida em carne e osso para uma pessoa e dizer: "O que você fizer nesse tempo determinará a sua vida na
eternidade.", pois, pode ser que ela se arrependa lá no sofrimento da eternidade. Por outro lado um cruel e
sanguinário ditador não pode receber a mesma recompensa de outro que aplicou seu coração às coisas de
Deus. Mas, ainda assim, por outro lado, esse mesmo "sanguinário ditador" pode estar agindo (e
está) assim devido à existência de forças negativas (demônios). Deste modo, ele realmente é culpado por
suas atitudes?

Bem Sr. João, a minha mente está, como poderia dizer, "enlaçada". O que acaba com toda minha
estrutura é pensar que Deus não perdoará ninguém depois de um certo tempo, mesmo havendo
arrependimento, e os deixará sofrer eternamente pois para mim Deus é amor e perdão. Ainda que eu
esteja no paraíso, não estaria feliz sabendo que um só ficou do outro lado e, ainda por cima, eternamente.
Se um só ficasse do outro lado, mas convicto de que aquilo é certo, daí sim, o sofrimento estaria (na
minha concepção) correto, pois não haveria, nesta hipótese, arrependimento pelas atitudes contrárias à
natureza Divina.
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Não sei se apenas confundi ainda mais o senhor, mas, se pudesse me ajudar realmente gostaria de receber
sua ajuda, pois sinto que estou me perdendo.
No anonimato me despeço do senhor e peço a Deus que o abençoe em nome do nosso Salvador, Jesus
Cristo, e que também continue usando sua vida para auxiliar outras na tentativa de elucidação do
infindável mistério da própria Palavra.

Cordialmente,

“Querendo entender”

Prezado senhor,

Compreendo seus questionamentos. São também os meus quando eu tento usar a minha
razão para compreender a Deus. Acontece que nossa razão não é suficiente nem capaz
de compreender a razão divina. Deus mesmo disse que os seus pensamentos não são os
nossos, nem os nossos caminhos os dele: “Porque os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR”
(Isaías 55.8). Paulo diz que o “homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente” (1Coríntios2.14). Por homem natural ele está se referindo ao não
regenerado quando quer usar o seu raciocínio lógico para compreender a Deus e a sua
maneira de agir. Por isso, ele diz que “as armas da nossa milícia não são carnais, e sim
poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que
se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à
obediência de Cristo” (2 Coríntios 10.4-5). Levar cativo o pensamento à obediência de
Cristo é desistir do nosso raciocínio lógico para entender a Deus, mas crer e confiar
nele, pura e simplesmente, como faz um criança quando aceita a palavra do seu pai
como sendo verdadeira e final, porque o conhece.

Uma criança não precisa entender a razão das coisas (aliás, ela nem procura fazer isso).
Ela só precisa saber quem foi que falou. É por isso também que Jesus disse que nós
devemos aceitar o reino de Deus como crianças (fazermo-nos crianças para entrar no
reino): “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como
crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus” Mateus 18.3). De acordo com a
versão de Marcos, Jesus diz “Em verdade vos digo que qualquer que não receber o
Reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele” (Marcos 10.15).
Lucas diz a mesma coisa (Lucas 18.17).

Nas coisas de Deus somos todos crianças. Não devemos ter a pretensão de entender a
mente do Pai, como também crianças não pretendem (e nem podem) entender a mente
de seus pais. Basta a autoridade de quem fala. Essa é uma boa definição de fé. Mas para
isso, precisamos crer em Deus como uma criança crê na palavra do seu pai. E para crer,
é preciso conhecer, não racionalmente, mas relacionalmente; isto é, através da fé que o
próprio Deus nos dá e que vem pela sua palavra (Romanos 10.17).

A revelação de Deus deve ser suficiente para aquelas coisas que não podemos entender
pelo nosso raciocínio lógico. É uma questão de fé (um salto de fé), mas não irracional. É
que se trata de algo acima da nossa capacidade de compreensão. Se Deus fosse passível
de compreensão pela mente humana, ele seria, no máximo, do nosso tamanho.
Precisaríamos ser Deus ou ter a mente de Deus para poder compreendê-lo. Na
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continuação daquele texto citado acima, sobre o homem natural, Paulo diz: “Mas o que
é espiritual (referindo-se àquele que crê em Deus e aceita a sua palavra) discerne bem
tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para
que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1Corinthians 2.15-16). A
mente de Cristo é a revelação que ele nos dá, junto com a fé para crer nela.

Pode ser que, neste texto, Paulo estivesse se referindo apenas a ele e aos demais que
escreveram a revelação do Novo Testamento, e não a nós, mas isso não faria diferença,
pois ainda assim, o que temos na Bíblia, revelado por eles, é a “mente de Cristo”.

Com isso, quero dizer que não tenho a pretensão de esclarecer as suas dúvidas ou
responder satisfatoriamente aos seus questionamentos. Como disse, seriam os meus
também, se eu confiasse no meu raciocínio lógico. É aí que entra o texto que você
mesmo citou: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura, a coisa
formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder
sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder,
suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para perdição, para que
também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para
glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre
os judeus, mas também dentre os gentios?” (Romanos 9.20-24).

A razão humana também não é suficiente para esclarecer questões que podem ser
levantadas do outro lado, tais como: se você não aceita que todas as coisas fazem parte
de um plano divino, inclusive as que chamamos de más ou negativas (como a perdição
dos não regenerados), por que elas acontecem? Da mesma forma como estamos vendo,
a todo momento, coisas horríveis acontecerem no nosso mundo terreno, como podemos
estar certos de que coisas “horríveis” (do ponto de vista humano) também não estão
acontecendo no mundo espiritual, como a perdição dos não regenerados, por exemplo?
Se Deus é bom, por que permite (pelo menos) que coisas más aconteçam? Não estaria
em seu poder evitá-las? Se ele não pode evitá-las, como pode ser todo-poderoso? Se
pode, por que não o faz? Se o plano de Deus é salvar a todos, por que não os salva? O
homem pode frustrar os planos e intenções de Deus? Se alguém quiser usar o raciocínio
humano para essas questões, terminará sem Deus para crer, pelo menos um Deus que
seja soberano e todo-poderoso. E um Deus que não seja soberano e todo-poderoso não é
Deus.

O ponto é que estas coisas não podem ser entendidas pela razão humana, pois estão
muito acima dela. Você mesmo admite que elas são complexas e, por isso, está nesse
dilema. Mas mesmo admitindo que elas são complexas, você ainda tenta conciliar a
sabedoria de Deus com a nossa mísera sabedoria humana. Este é o problema. É preciso
primeiro crer para depois ver e não ver para crer (João 3.3). E mesmo esse "ver" não é
entender completamente, mas é descansar na sabedoria, na bondade e na justiça divinas,
mesmo não entendendo tudo. Foi o que fez Paulo quando, escrevendo sobre os mistérios
de Deus, exclamou: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do
conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os
seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu
conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque
dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente.
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Amém!” (Romanos 11.33 - 36). É o que todos que desejam conhecer a Deus devem
fazer.

Mas, mesmo não pretendendo dar respostas satisfatórias a todas as suas indagações,
gostaria de destacar os seguintes pontos:

Você diz:

1. “A idéia de que o inferno existe e é um lugar de sofrimento eterno sem possibilidade


de redenção mesmo com arrependimento tardio, simplesmente acaba com qualquer
alegria dentro do meu coração”.

Respondo:
a) Primeiro, é preciso observar que não haverá arrependimento tardio. O
arrependimento, assim como a fé, são dádivas de Deus e não algo produzido pelo
próprio homem (Atos 5.31; 11.18; Romanos 2.4; 2Coríntios 7.9-10; 2Timóteo 2.25)..
Não haverá arrependimento verdadeiro depois da morte. Deus chama ao arrependimento
e dá a graça de se arrepender, àqueles que ele quer que sejam salvos, enquanto estão
vivos.

b) O inferno, de fato, é algo terrível e, na linha do que disse anteriormente, nossa mente
não é capaz de entender como um Deus bom pode lançar alguém no inferno, para
sempre. Isto mostra que nós não temos consciência do que é o caráter de Deus e da sua
santidade. Nada menos do que um sofrimento eterno é capaz de vindicar a justiça de um
Deus eterno, por causa do pecado, que também é eterno (Mc 3.29). E nada menos do
que um sofrimento equivalente ao do inferno, que foi o que Cristo (o próprio Deus)
experimentou (Mateus 27.46), como substituto dos que são salvos, foi suficiente para
livrar desse lugar aqueles a quem Deus quis demonstrar o seu favor. Se o inferno não
fosse algo terrível Deus não teria usado um expediente também tão terrível para nos
livrar dele, como o sofrimento do seu próprio Filho amado. Veja que nessa passagem de
Mateus 27.46 Jesus, que sempre chamava a Deus de Pai, agora o chama de “Deus meu”,
porque ali ele estava perante o tribunal de Deus, como um réu, em lugar daqueles por
quem morria. A morte de Jesus não foi uma morte comum. Isso explica a sua agonia no
Jardim, quando antecipava esse sofrimento (Lucas 22.44). Não temos a menor idéia do
que custou a morte de Cristo para a expiação da nossa culpa. O desamparo de Deus que
ele sentiu mostra um pouco do que foi esse sofrimento.

c) É por isso que o evangelho não faz sentido ao raciocínio humano: É o que Paulo diz:
“Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que
somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e
aniquilarei a inteligência dos instruídos. Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o
inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?
Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria,
aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque tanto os judeus pedem
sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado,
escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados,
tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.
Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais
forte do que os homens” (1Coríntios 1.18-25) . Em outro lugar ele diz: “Ninguém se
engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto
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para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus;
porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles. E outra vez: O
Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são pensamentos vãos” (1Coríntios
3.18-20). E olhe que Paulo era um dos homens mais sábios e cultos da sua época, que
podia disputar com os filósofos em pé de igualdade. Mas ele não confiava na sua
sabedoria e na sua lógica humana. Preferia chamar isso de loucura para ficar com a
sabedoria de Deus.

2. Sou um pecador, sei que o diabo existe e que, se puder, acabará com a minha raça,
mas, ainda assim, tenho pena dele e queria saber se Deus poderia perdoá-lo caso se
arrependesse. Não me refiro apenas ao chefe, mas a todo o terço de anjos caídos bem
como a todos os seres humanos "levados" por eles. Em nenhum momento me excluo de
poder ir para o inferno devido às minhas atitudes, porém, se fosse para o paraíso
sabendo que alguém (um único só, podendo, este, ser um ser humano ou mesmo o diabo
ou apenas um dos anjos caídos) está sofrendo eternamente em outro lugar, preferiria,
sinceramente, não ter nascido. Sei que essas palavras de negação à vida são horríveis,
mas também posso dizer que estão em minha mente e é o meu sentimento em relação a
tal possibilidade.

Respondo:
a) Não há qualquer possibilidade do diabo ou de seus anjos se arrependerem. A Bíblia
diz que o fogo eterno está preparado para eles (Mateus 25.41). Eles jamais vão se
arrepender, nem mesmo querer se arrepender. Até a vontade para alguém querer se
arrepender é Deus quem dá. É ele quem opera tanto o querer como efetuar, segundo o
seu beneplácito (ou boa vontade), conforme diz Filipenses 2.13. Deus não vai lhes dar
essa oportunidade, pois não há provisão divina para a redenção de anjos caídos,
conforme Judas 6; apenas para homens caídos.

b) Não devemos pretender ser mais bondosos do que Deus. Isto é uma ofensa a ele, à
sua justiça e ao seu caráter. Nosso sentimento de bondade não é necessariamente
compatível com o da bondade de Deus. Ele é aquele que ao culpado não tem por
inocente (Êxodo 34.7; Número 14.18). Nada menos do que a morte de Cristo, em lugar
daqueles a quem quis salvar, com tudo que essa morte implicou, foi suficiente para que
Deus pudesse mostrar tanto a sua misericórdia quanto a sua justiça. Como diz Paulo,
Deus mostra a sua misericórdia em alguns, que ele chama de vasos de misericórdia, e a
sua justiça em outros, que ele chama de vasos de ira (Romanos 9. 22-23).

3. Entendo que são questões extremamente complexas que provavelmente envolvem


predestinação, julgamento por atitudes tomadas, contraste entre sofrimento e alegria
para a glória ser notada, mas, na minha cabeça, às vezes penso que, sinceramente, se
as coisas são realmente como penso (sofrimento eterno sem possibilidade de redenção
mesmo com arrependimento tardio), teria sido melhor (que Deus me perdoe), quem
sabe, Deus não ter criado nada. Pois se Deus criou os anjos e sabia (onisciência) que
um deles e mais um terço se rebelariam e, ainda por cima, levariam muitos seres
humanos junto, etc, etc, etc, não seria melhor Deus não ter criado nada? Nesse
momento sei que sou apenas um vaso de barro e não posso questionar o oleiro, mas
também não posso ser falso e dizer que este pensamento não vem a minha mente.
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Respondo:
a) Estes são pontos que não podemos entender. Não nos foi revelada a razão por que
Deus quis criar seres que iriam cair, não só sabendo que eles iriam cair, mas mesmo
tendo decretado essa queda, que iria resultar em sofrimento e morte eterna. Só sabemos
que tudo que ele quer e faz está dentro do seu propósito final e é para a glória do seu
nome, conforme Atos 2.23; Romanos 11.36; Efésios 1.11; Hebreus 2.10 e Apocalipse
4.11. Você mesmo deu a resposta: Somos vasos de barro e não podemos questionar o
oleiro.

b) Não podemos evitar que esses pensamentos venham à mente, como você diz, mas
podemos evitar que eles nos perturbem e nos dominem, se a nossa confiança estiver
posta no Senhor e não no nosso raciocínio limitado e falaz. Estas coisas estão na
categoria das encobertas, que pertencem exclusivamente ao Senhor (Deuteronômio
29.29).

c) Você está raciocinando como Jó, desejando que Deus não tivesse criado nada ou que
você nem tivesse nascido. (Jó 3.1-3). E olhe que a situação de Jó, naquele caso
específico, era bem difícil de compreender mesmo. Ele nem estava sofrendo por erros
que ele mesmo tivesse cometido. Mas veja como Deus o convenceu de ignorância. Leia
os capítulos 38.1-40.1. É um texto longo para citar aqui. Deus se deu ao trabalho de
“discutir” com Jó para convencê-lo de que ele estava errado. Deus é tão bom que gasta
tempo com a nossa ignorância. E veja qual foi a resposta de Jó : “Sou indigno; que te
responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás,
duas vezes, porém não prosseguirei” (Jó 40.4-5). O melhor que fazemos, quando
queremos discutir com Deus, é pôr a mão na boca. Deus é paciente com os nossos
questionamentos, quando são sinceros. Mas também nos faz calar a boca. A questão é
que, muitas vezes, mesmo reconhecendo que a questão é complexa, ainda queremos
entendê-la para poder aceitar.

Seus outros questionamentos giram na mesma direção da aparente injustiça de Deus em


deixar alguém perecer no inferno para sempre, mesmo havendo arrependimento tardio.
A Bíblia não fala em arrependimento tardio, nem em uma segunda chance de
arrependimento, mas que a morte sela o destino eterno das pessoas (Hebreus 9.27).
Deus não condenará ninguém que não mereça o inferno, pois se condenasse a todos
ainda estaria fazendo justiça, pois todos são pecadores (Romanos 3.23; 2Coríntios 5.2) e
o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23). Devemos, isto sim, louvar a Deus pelo
que ele é e pelo modo como ele trata as suas criaturas, de acordo com a sua santa, justa
e boa vontade, ainda que não entendamos totalmente essa vontade. Seja Deus
verdadeiro e todo homem mentiroso, era a máxima do apóstolo Paulo (Romanos 3.4). A
revelação de Deus não é dada para ser compreendida, mas para ser conhecida e crida. É
com essa atitude que somos bem-aventurados, como está em Apocalipse 1.3.

Rogo a Deus que lhe dê a humildade e a fé para crer na sua revelação, ainda que não a
possa entender totalmente.

Atenciosamente,

João Alves dos Santos

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