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“Sexo e temperamento”, porém, que nunca foi atacado, vai mais longe na
discussão sobre os papéis respectivos da biologia e da cultura na definição do
comportamento em sociedade. Nele, Mead estuda três tribos da Nova Guiné, outra
ilha do Pacífico, bem maior que Samoa e que na época estava dividida entre a Grã-
Bretanha e os Países-Baixos e hoje está dividida entre o país independente da
Papua-Nova Guiné (a parte ex-britânica) e a Indonésia (a parte ex-holandesa).
Comparando com a sociedade ocidental, patriarcado em que os homens são mais
agressivos e as mulheres mais carinhosas, diferenciação que é atribuída à biologia
de cada sexo, Mead constatou na Nova Guiné que “o ideal Arapesh é o homem dócil
e suscetível, casado com uma mulher dócil e suscetível; o ideal Mundugumor é o
homem violento e agressivo, casado com uma mulher também violenta e
agressiva”, enquanto, entre os Tchambuli, é “a mulher o parceiro dirigente,
dominador e impessoal, e o homem a pessoa menos responsável e emocionalmente
dependente”.
A antropóloga escreve, notadamente, como conclusão: “Se aquelas atitudes
temperamentais que tradicionalmente reputamos femininas – tais como
passividade, suscetibilidade e disposição de acalentar crianças – podem tão
facilmente ser erigidas como padrão masculino numa tribo, e na outra ser
prescritas para a maioria das mulheres, assim como para a maioria dos homens,
não nos resta mais a menor base para considerar tais aspectos de comportamento
como ligados ao sexo. E esta conclusão torna-se ainda mais forte quando
observamos a verdadeira inversão entre os Tchambuli, da posição de dominância
dos dois sexos, a despeito da existência de instituições patrilineares formais”.