Universidade estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Curso de Nutrição 1º Ano
Disciplina de Psicologia Aplicada à Nutrição Acadêmicas: Elizabeth Fortecki e Fernanda Perusso
Padrões de Beleza, Gordofobia e o Controle dos corpos femininos
Alta e magra. Cintura fina. Seios e nádegas avantajadas ou não. Rosto
deslumbrantemente maquiado. Cabelo bem penteado. Roupas em perfeita sintonia com o corpo. Já dizia Erasmo Carlos em sua canção que dizer que mulher é sexo frágil é uma mentira absurda. Sim, ele está certo! Se paramos para analisar os padrões de beleza feminino impostos pelas sociedades por exemplo, percebemos que desde o início das civilizações existem paradigmas de que as mulheres precisam possuir um modelo “x” de estereotipo padrão para serem consideradas belas/bonitas. A cada época da história humana houve um estereótipo padrão diferente criado e imposto pelas sociedades. Os quais muitas mulheres faziam de tudo para conquistar tal corpo. Na Pré-História (Mulher de Willendorf ou Vênus) representou uma idealização da mulher com seios, barriga e vulva extremamente volumosos, os quais eram símbolo de fertilidade, saúde, fartura e maternidade. Em Atenas (século V a.C.), o corpo belo era aquele em que possuía harmonia e proporção entre as partes. Afrodite, com seios fartos e quadris largos, formas arredondadas e harmônicas, proporcionais e simétricas em relação ao restante do corpo era o símbolo da beleza feminina. Na Idade Média, o rosto angelical, lábios pequenos e rosados e cabelo cor de ouro eram o triunfo das mulheres medievais. A beleza era vista como uma consequência da vida devota e denotava uma alma pura e casta como a Virgem Maria. Já no Renascimento ideal de beleza feminino estava estreitamente relacionado à riqueza e à vida ociosa dos ricos. Somente as mais abastadas tinham acesso a uma boa alimentação, e as mulheres gordas eram as mais admiradas. No século XVII o corpo feminino toma formas mais delicadas com a cintura fina (maior objeto de desejo), as roupas, a maquiagem e os cabelos eram chamativos e mais elaborados. No século XIX, o corpo desejado era o que tinha forma de ampulheta. A partir dos anos 50 e 60, já no século XX, o corpo da mulher passou a ser mais erotizado curvilíneo e exposto. Em 1970 a magreza toma espaço e os corpos mais magros eram os mais bem admirados pela sociedade. Em 1980 são os corpos atléticos, magros porém cheios de curvas, pernas torneadas, seios e quadris largos. Em 1990 magreza excessiva, palidez, olheiras, cabelo liso e sem volume. Nos anos 2000 a busca de um corpo sarado (malhado), que ainda vigora nos dias atuais. Com o passar dos anos, as mulheres alcançaram muitas conquistas (direito ao voto e cargos políticos e profissionais que antes eram exercidos apenas por homens, porém a estética e padrões de beleza ainda é algo que não foi superado pelas mulheres e se torna cada vez mais uma forma de controle velado feito pela sociedade, uma forma de ocupar as mulheres, controlando seus corpos, para que não tenham tempo para se preocupar com o que realmente importa. A sociedade manipula de tal forma a nossa forma de entender o que é um corpo bonito, o que devemos fazer ou não para sermos consideradas dentro dos padrões de beleza que fazemos disso quase que uma filosofia de vida que norteia nossas decisões e nosso comportamento no dia a dia. Citamos aqui o caso de uma mulher, professora, que confessa que não consegue sair de casa sem se maquiar, que se sente totalmente deslocada pelo fato de pensar em frequentar qualquer local sem estar maquiada. Desta forma, levanta todos os dias com horas de antecedência, se privando de algumas horas de sono para satisfazer uma exigência que ela internalizou como dever e não como prazer. Quando falamos então de gordofobia se torna mais evidente o discurso da padronização de beleza como forma de controle dos corpos femininos. Todas as pessoas gordas sofrem preconceito pelo fato de estarem aquém dos padrões estéticos considerados perfeitos, a vida cotidiana de uma pessoa obesa passa a depender e ser controlada pelo que a sociedade entende como normal. Ser gordo não é normal e portanto essas pessoas não tem o “direito” de serem como são, precisam se encaixar, se negando a todo momento por não serem aceitas e quando pensamos em mulheres gordas o peso ainda recaí com mais força sobre seus ombros, pois o que se espera de uma mulher considerada bonita e bem sucedida na atualidade não é que ela seja acima do peso. Quantas vezes ouvimos frases do tipo: “Nossa, você é tão inteligente, por que não emagrece?” ou “Você tem o rosto tão bonito pena que é gorda!” ou ainda “Cuidado, se você continuar assim, seu marido vai arranjar outra!!!” Ou seja, o que somos como pessoa é medido por nosso IMC, não importa que sejamos boas em várias coisas, ser gorda para uma mulher faz todo o resto desaparecer. Mas enfim, o que é mais importante? Ceder aos padrões ou se permitir a aceitação? O padrão estético imposto por uma sociedade preconceituosa e machista precisa ser descontruído e isso passa pelo empoderamento feminino. A sociedade utiliza esses padrões para ter controle sobre tudo que fazemos e quebrar esses tabus sobre os corpos femininos é lutar para que cada vez mais mulheres possam se aceitar e não tenham que conduzir suas escolhas pelo que os “outros” acham correto.