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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

LUCAS COSTA MACHADO

OTIMIZAÇÃO ESTRUTURAL DE LONGARINAS PARA AERONAVES


SAE AERODESIGN

BELO HORIZONTE

2018
LUCAS COSTA MACHADO

OTIMIZAÇÃO ESTRUTURAL DE LONGARINAS PARA AERONAVES


SAE AERODESIGN

Monografia apresentada ao Departamento de


Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia da
Universidade Federal de Minas Gerais como
exigência para graduação em engenharia
aeroespacial
Área de concentração: Estruturas de aeronaves e
otimização estrutural
Orientador: Marcelo Greco

BELO HORIZONTE

2018
“And all this science I don't understand
It's just my job five days a week”
Elton John, Rocket Man
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e irmã, Bamberg, Graciete e Luana por todo o apoio e
amor que sempre me deram durante esta jornada. São sem dúvidas as pessoas mais
importantes na minha vida.

Agradeço aos amigos da Uai, sô, Fly!!! e do CEA, por todos os momentos e
desafios vivenciados. Fica registrado a honra que foi trabalhar ao lado de pessoas de
admirável competência e talento.

Expresso meu sincero agradecimento ao professor Marcelo Greco, por toda


ajuda e ensinamentos compartilhados ao longo desta jornada.

Agradeço aos fundadores da AERON, Guilherme Andre Santana, Antônio Rafael,


Francisco Ribeiro e Igor Machado, pela oportunidade de trabalho que me foi oferecida.
Vocês foram mais do que chefes, foram professores e amigos que eu obtive lá dentro.

Agradeço ao meu companheiro de trabalho e de Uai, sô, Fly!!! Igor Brito por
toda ajuda, amizade e momentos vividos dentro e fora da AERON.

Agradeço a todas as pessoas que de forma direta ou indireta me ajudaram de


alguma maneira nessa caminhada.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Relação entre a asa real a asa elíptica e a asa de Stender ..................... 13
Figura 2 Características geométricas de uma elipse ........................................... 13
Figura 3 Distribuição de sustentação utilizando o método de stender ................ 14
Figura 4 Sustentação proporcional a corda de Stender ....................................... 14
Figura 5 Viga sob efeito de um carregamento distribuído ................................. 15
Figura 6 Diagrama de corpo livre do segmento Δx ............................................ 16
Figura 7 Diagrama de corpo livre do segmento Δx com a força resultante R .... 16
Figura 8 Comportamento da viga sujeita a flexão pura ...................................... 18
Figura 9 Comportamento de uma área A submetida a flexão pura .................... 19
Figura 10 Esforços atuantes sobre um elemento infinitesimal longitudinal ....... 20
Figura 11 Forças de equilíbrio atuando no elemento infinitesimal Δx ............... 21
Figura 12 Fluxograma das etapas ....................................................................... 25
Figura 13 Diagrama V x n da aeronave .............................................................. 26
Figura 14 Forças atuantes na aeronave ............................................................... 27
Figura 15 Distribuição da força de sustentação .................................................. 29
Figura 16 Visão superior da mesa de compressão afilada linearmente conforme no
projeto original ............................................................................................................... 30
Figura 17 Diferentes formas da curva de Bézier ................................................ 31
Figura 18 Exemplificação da função GeradorMesa ........................................... 33
Figura 19 Desenho das mesas com valores de teste das variáveis...................... 34
Figura 20 Parte do código da função ga ............................................................. 37
Figura 21 Desenho da longarina ......................................................................... 38
Figura 22 Definição das propriedades dos materiais .......................................... 39
Figura 23 Definição do layup ............................................................................. 40
Figura 24 Definição das propriedades ................................................................ 41
Figura 25 Modelo da longarina pôs aplicação do mesh control ......................... 42
Figura 26 Modelo após a geração da malha ....................................................... 42
Figura 27 Aplicação das cargas no modelo ........................................................ 44
Figura 28 Modelo pos aplicação do elemento rígido RB3 ................................. 45
Figura 29 Aplicação das condições de contorno no modelo .............................. 45
Figura 30 Geometria da mesa de tração ............................................................. 48
Figura 31 Geometria da mesa de compressão .................................................... 50
Figura 32 Distribuição de tensão ao longo da longarina .................................... 52
Figura 33 Distribuição do critério de falha ao longo da longarina ..................... 53
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Condições de carregamento na asa ...................................................... 12


Tabela 2 Velocidades estruturais ........................................................................ 26
Tabela 3 Distribuição de cordas ......................................................................... 28
Tabela 4 Distribuição de sustentação ................................................................. 28
Tabela 5 Propriedade dos materiais .................................................................... 34
Tabela 6 Cargas para serem aplicadas na simulação .......................................... 43
LISTA DE SÍMBOLOS

𝐶𝑆 - Corda de stender

𝐶𝑔 – Corda geométrica

𝐶𝑒 - Corda elíptica

𝐿 –Força de sustentação

S- Área em planta da asa

q- Carga distribuída

V- Força cortante

𝑀 –Momento fletor

L.N.- Linha neutra

𝜌- Raio de curvatura

k– Curvatura

E- Módulo de Young

I- Momento de inercia da seção

𝜎 – Tensão normal

𝜏 – Tensão de cisalhamento

t- Espessura

𝑄𝑧 – Momento estático da área acima ou abaixo da linha de cálculo

f(.) – Função objetivo

g(.) – Restrição de desigualdade da função objetivo

h(.) – Restrição de igualdade da função objetivo


Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................. 12

2.1 Cálculo de Cargas em Asas................................................................... 12

2.1.1 Método de Stender para a Distribuição de Cargas .......................... 12

2.2 Esforços Solicitantes ............................................................................. 15

2.3 Cálculo de Tensões ............................................................................... 17

2.3.1 Tensão de flexão ................................................................................ 17

2.3.2 Tensão de cisalhamento associada a flexão ....................................... 20

2.4 Método de Elementos Finitos ............................................................... 22

2.5 Otimização ............................................................................................ 23

3. MÉTODOLOGIA ..................................................................................... 25

3.1 Cálculo de cargas .................................................................................. 25

3.2 Cálculo dos esforços solicitantes .......................................................... 27

3.2.1 Distribuição de Sustentação Utilizando o Método de Stender .......... 28

3.3 Criação do modelo geométrico da longarina ........................................ 29

3.3.1 Geração das mesas utilizando uma curva cúbica de Bezier .............. 32

3.4 Desenvolvimento do modelo para a otimização ................................... 35

3.4.1 Função GA ......................................................................................... 36

3.5 Simulação em elementos finitos ........................................................... 37

4. RESULTADOS ........................................................................................ 46

4.1 Resultados da otimização genética ....................................................... 46

4.1.1.1 Resultado da mesa de tração ........................................................ 47

4.1.1.2 Resultado da mesa de compressão ............................................... 49

4.1.1.3 Resultado da alma ........................................................................ 51

4.2 Análise da geometria através do método de elementos finitos ............. 51

5. CONCLUSÃO .......................................................................................... 54
6. Referências Bibliográficas ........................................................................ 55
1. INTRODUÇÃO
Redução de peso é um ponto chave no projeto de uma aeronave comercial e de
carga. Quanto menor o seu peso estrutural, mais carga esta aeronave poderá carregar
acarretando em um ganho financeiro para as companhias aéreas. Isto torna a aeronave
mais eficiente e competitiva no mercado. Desta forma, os engenheiros estruturais de
aeronaves trabalham para projetar uma estrutura confiável, mas que ao mesmo tempo
apresente o menor peso possível.

E isto não é diferente no projeto de aeronaves para a competição SAE AeroDesign,


uma vez que nesta competição busca-se projetar aeronaves que carreguem o máximo de
carga pesando o mínimo possível. Por sua vez a competição gera restrições e desafios
muitas vezes não encontrados em projetos de aeronaves tradicionais, uma vez que o
tempo de projeto, orçamento e restrição geométrica das aeronaves são muito diferentes
dos projetos convencionais.

Um grande desafio de uma equipe que participa dessa competição é o projeto


estrutural da asa, em que se busca uma combinação de material e formato geométrico que
minimize o seu peso de forma a não penalizar a segurança. Para isto são projetadas
longarinas e caixas de torções de forma a suportar os esforços gerados com alto grau de
confiabilidade.

Diferentemente do projeto estrutural da asa de uma aeronave convencional que


apresenta um sistema fail safe, com longarinas primárias e secundárias, o projeto da asa
para esta competição apresenta um sistema safe life. Dessa forma a asa apresenta somente
uma longarina principal não possuindo sistema redundante em caso de falha deste,
tornando o projeto ainda mais desafiador.

Este trabalho tem como objetivo a otimização da longarina utilizada na aeronave


da equipe de AeroDesign da UFMG (Uai! Sô, Fly!!!) em 2015, em que se busca
minimizar ao máximo possível o seu peso mas mantendo a confiabilidade e segurança
desta estrutura. Para isto serão geradas rotinas no MATLAB de forma a se obter a melhor
combinação de geometria e material com posterior análise detalhada utilizando o método
de elementos finitos.

11
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 CÁLCULO DE CARGAS EM ASAS
Para o cálculo de cargas na asa é necessário obter-se primeiro o diagrama V x n
da aeronave. Segundo (OLIVEIRA, 2008) este diagrama consiste em uma combinação
de velocidade e fator de carga para diferentes condições de voo especificado pelos
regulamentos em suas sub-partes C.

Uma vez que o diagrama V x n da aeronave é determinado, é possível calcular as


condições de carregamento na asa utilizando como referência o CS-VLA. Posteriormente
determina-se qual das condições analisadas é a mais crítica, e a utiliza como condição de
projeto. A tabela 1 mostra as cinco condições de carregamento para a asa determinadas
pelo CS-VLA.

Tabela 1 Condições de carregamento na asa

(1) VD e nmáx
(2) VA 2/3 nmáx e deflexão máxima dos ailerons
(3) VD 2/3 nmáx e deflexão de ailerons para obter o mesmo roll-rate de (2)
(4) VD e nmin
(5) VF , nmáx e flaps com deflexão máxima

Obtida a condição crítica de projeto é necessário determinar a forma como essa


carga é distribuída sobre a asa. Segundo (OLIVEIRA, 2008) a forma que é feita essa
distribuição é uma das questões mais importantes para o cálculo de esforços sobre os
componentes estruturais, pois é esta distribuição que define a maneira como é distribuído
os esforços cortante, momento fletor e momento torçor.

2.1.1 Método de Stender para a Distribuição de Cargas


Segundo (BARROS, 2001) o método de Stender se baseia na hipótese de que a
distribuição de cargas ao longo da envergadura é proporcional as áreas de uma asa virtual
na qual suas cordas são médias geométricas das cordas reais e de uma asa elíptica de
mesma envergadura. A figura 1 mostra a relação entre a asa real, a asa elíptica e a asa de
Stender.

12
Figura 1 Relação entre a asa real a asa elíptica e a asa de Stender

Dessa forma as cordas de Stender são dadas por:

𝐶𝑆 = √𝐶𝑔 ⋅ 𝐶𝑒

Sendo que para calcular a corda da asa elíptica utiliza-se a equação da elipse.

𝑥2 𝑦2
+ =1
𝐴2 𝐵 2

Em que a figura 2 exemplifica cada variável.

Figura 2 Características geométricas de uma elipse

Em que A é a semi-envergadura.

Sabendo que a área da elipse é dado por:

13
𝑆 =𝜋⋅𝐴⋅𝐵

É possível obter-se B e posteriormente y em função de x. A distribuição de


sustentação tem comportamento semelhante à figura 3.

Figura 3 Distribuição de sustentação utilizando o método de stender

Por fim tendo a nova forma em planta equivalente de Stender, admite-se que as
sustentações são proporcionais as suas cordas, sendo as sustentações elementares dadas
por:

Δ𝑆𝑖
𝐿𝑖 = ⋅𝐿
𝑆

A figura 4 exibe graficamente a carga de sustentação proporcional as cordas de


Stender.

Figura 4 Sustentação proporcional a corda de Stender

14
Onde S é a semi-asa de Stender (que é igual a área real) e L denota a força de
sustentação em cada semi-asa.

2.2 ESFORÇOS SOLICITANTES


Uma vez obtida a carga crítica sobre a asa e a forma como ela é distribuída é
possível determinar os esforços solicitantes sobre a mesma. Para deduzir os esforços
solicitantes a partir da carga distribuída utilizou-se a metodologia sugerida por
(CRANDALL, 1978).

Para isso é necessário obter um pedaço infinitesimal de uma viga sob efeito de
uma carga distribuída, e aplicar as equações de equilíbrio sobre o diagrama de corpo livre
desse pedaço infinitesimal da viga. Esta condição de equilíbrio vai levar a equações
diferenciais relacionando a carga distribuída a força cortante, e ao momento fletor. A
figura 5 mostra uma viga sob efeito de um carregamento distribuído.

Figura 5 Viga sob efeito de um carregamento distribuído

Da viga da figura 5 analisa-se o diagrama de corpo do livre do segmento Δ𝑥, que


pode ser observado na figura 6.

15
Figura 6 Diagrama de corpo livre do segmento Δx

Considerando que o segmento Δ𝑥 é muito pequeno pode-se assumir que a variação


do carregamento q(x) ao longo desse segmento é desprezível, dessa forma é possível
substituir o carregamento q(x) nesse segmento pela força resultante equivalente (𝑅 =
𝑞(𝑥) ⋅ Δ𝑥) aplicada no centro desse elemento. A figura 7 mostra o diagrama de corpo
livre com esta substituição.

Figura 7 Diagrama de corpo livre do segmento Δx com a força resultante R

Aplicando as condições de equilíbrio a figura 7 tem-se que:

∑ 𝐹𝑦 = 𝑉 + Δ𝑉 + 𝑞 ⋅ Δ𝑥 − 𝑉 = 0

Δ𝑥 Δ𝑋
∑ 𝑀𝑜 = 𝑀𝑏 + Δ𝑀𝑏 + (𝑉 + Δ𝑉) ⋅ +𝑉⋅ − 𝑀𝑏 = 0
2 2

16
Simplificando essas equações:

Δ𝑉
+ 𝑞(𝑥) = 0
Δ𝑥

Δ𝑀𝑏 Δ𝑉
+𝑉 =−
Δ𝑥 2

Aproximando Δ𝑥 de zero, e consequentemente Δ𝑉 𝑒 Δ𝑀𝑏 de 𝑑𝑉 𝑒 𝑑𝑀𝑏


respectivamente, tem-se que:

𝑑𝑉
+𝑞 =0
𝑑𝑥

𝑑𝑀𝑏
+𝑉 =0
𝑑𝑥

Estas são as equações diferenciais básicas que relacionam a carga distribuída q(x)
com a força cortante V(x) e o momento fletor 𝑀𝑏 (𝑥) em uma viga.

2.3 CÁLCULO DE TENSÕES


Uma vez determinada a distribuição de força cortante V(x) e momento fletor M(x)
é possível determinar a distribuição de tensões devido a estes esforços. Nesta seção serão
demonstradas as fórmulas para cálculos de tensão utilizadas para dimensionar a longarina
da asa.

2.3.1 Tensão de flexão


Nessa seção será analisado o comportamento de uma viga sujeita a flexão pura
atuando no eixo normal ao seu plano. Nesta análise será considerado a cinemática de
Bernoulli-Euler que segundo (GRECO e MACIEL, 2016) representa bem o
comportamento físico da viga quando esta apresenta relação das dimensões da seção
transversal por comprimento menores que 10%.

Conforme dito por (GRECO e MACIEL, 2016) para o desenvolvimento das


relações entre a flexão pura e tensões normais na viga é importante assumir algumas
hipóteses, sendo elas que a viga é inicialmente reta, que ela é homogênia com
comportamento elástico linear.

A figura 8 mostra o comportamento dessa viga quando sujeita a flexão pura


atuando no eixo normal ao seu plano.

17
Figura 8 Comportamento da viga sujeita a flexão pura

Dessa figura temos que “o” representa o centro de curvatura da seção ds, que 𝜌
representa o raio de curvatura dessa seção, e que L.N. é a linha neutra da seção, que é
definida como a linha na qual as fibras da viga não mudam de comprimento.

Considerando a que ds ≅ dx e aplicando semelhança de triângulos tem-se que:

𝑑𝑥 𝑑𝑥𝐴𝐵 𝜌−𝑦
= → 𝑑𝑥𝐴𝐵 = ⋅ 𝑑𝑥
𝜌 𝜌−𝑦 𝜌

Como próximos passo aplica-se a definição de deformação para calcular a


deformação normal na fibra (AB), obtendo-se então

𝜌−𝑦
𝑑𝑥𝐴𝐵 − 𝑑𝑥 𝜌 ⋅ 𝑑𝑥 − 𝑑𝑥 𝑦
𝜖𝑥 𝐴𝐵 = = → 𝜖𝑥 𝐴𝐵 = − = −𝑘 ⋅ 𝑦
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝜌

Assim como dito por (GRECO e MACIEL, 2016) observa-se que para flexão pura,
a distribuição de deformação normal varia linearmente, indo de zero na linha neutra para
o seu valor máximo nas extremidades da seção transversal da viga.

Considerando que o material apresenta comportamento elástico linear (lei de


Hooke) tem-se que:

𝜎𝑥 = 𝐸 ⋅ 𝜖𝑥 = −𝐸 ⋅ 𝑘 ⋅ 𝑦

Dessa forma observa-se que uma área A submetida a flexão pura apresenta uma
distribuição de tensão normal conforme exibido na figura 9

18
Figura 9 Comportamento de uma área A submetida a flexão pura

Para cada elemento de área da figura 9 tem-se:

𝑑𝑀 = (−𝜎𝑥 ⋅ 𝑑𝐴) ⋅ 𝑦

Considerando toda a seção transversal e que tensão normal de compressão tem


sinal negativo e de tração sinal positivo, tem-se que:

𝑀 = ∫ 𝑑𝑀 = − ∫ 𝜎𝑥 ⋅ 𝑦𝑑𝐴
𝐴 𝐴

𝑀 = − ∫ (−𝐸 ⋅ 𝑘 ⋅ 𝑦) ⋅ 𝑦𝑑𝐴
𝐴

𝑀 = 𝑘 ⋅ 𝐸 ∫ 𝑦 2 𝑑𝐴
𝐴

𝑀 =𝑘⋅𝐸⋅𝐼

Em que I é o momento de inercia da seção em relação ao eixo “z”.

Por fim obtém-se a relação entre o momento fletor e a tensão normal gerada por
ele:

𝑀
𝜎𝑥 = −𝑘 ⋅ 𝐸 ⋅ 𝑦 = −𝐸 ⋅ ( )⋅𝑦
𝐸⋅𝐼

𝑀
𝜎𝑥 = − ⋅𝑦
𝐼

19
2.3.2 Tensão de cisalhamento associada a flexão
O objetivo dessa seção é mostrar o desenvolvimento da equação de cisalhamento,
que é a equação que relaciona a força cortante com a tensão de cisalhamento gerada por
ela. Assim como na demonstração da fórmula de flexão, para a dedução dessa fórmula é
necessário assumir algumas hipóteses. As hipóteses utilizadas por (GRECO e MACIEL,
2016) para essa demonstração são que a viga deve estar sujeita somente a flexão simples,
que o material apresente comportamento elástico linear, e que a viga sofra pequenas
deformações.

Como primeiro passo pode-se aplicar o equilíbrio de forças em um elemento


infinitesimal na direção longitudinal de uma viga. A figura 10 mostra os esforços atuantes
sobre este elemento.

Figura 10 Esforços atuantes sobre um elemento infinitesimal longitudinal

Conforme dito por (GRECO e MACIEL, 2016) o equilíbrio de forças longitudinal


no elemento infinitesimal Δ𝑥 é realizado considerando as forças causadas pela tensões
normal e de cisalhamento a esquerda, e a tensão normal a direita do corte analisado,
conforme ilustrado pela figura 11.

20
Figura 11 Forças de equilíbrio atuando no elemento infinitesimal Δx

As tensões a esquerda e a direita do corte considerado de acordo com a fórmula


da flexão são respectivamente:

𝑀 ⋅ (−𝑦)
𝜎𝐸𝑠𝑞 = −
𝐼𝑧0

(𝑀 + 𝑑𝑀) ⋅ (−𝑦)
𝜎𝐷𝑖𝑟 = −
𝐼𝑧0

As forças a direita e a esquerda geradas pelas tensões normais são dadas por :

𝑀 ⋅ (−𝑦)
𝐹𝐸𝑠𝑞 = ∫ 𝜎𝐸𝑠𝑞 𝑑𝐴 = ∫ − 𝑑𝐴
𝐼𝑧0
𝐴 𝐴

(𝑀 + 𝑑𝑀) ⋅ (−𝑦)
𝐹𝐷𝑖𝑟 = ∫ 𝜎𝐷𝑖𝑟 𝑑𝐴 = ∫ − 𝑑𝐴
𝐼𝑧0
𝐴 𝐴

Considerando o equilíbrio de forças longitudinais:

Σ𝐹𝑥 = 0

21
𝐹𝐷𝑖𝑟 − 𝐹𝐸𝑠𝑞 − 𝜏 ⋅ 𝑡𝑑𝑥 = 0

𝑑𝑀
𝜏 ⋅ 𝑡𝑑𝑥 = ∫ 𝑦𝑑𝐴
𝐼𝑧0
𝐴

𝑑𝑀 𝑦
𝜏 = ∫ ( )( ) 𝑑𝐴
𝑑𝑥 𝑡 ⋅ 𝐼𝑧0
𝐴

𝑉 ⋅ 𝑄𝑧
𝜏=
𝑡 ⋅ 𝐼𝑧0

Chega-se então a fórmula de cisalhamento utilizada para calcular a tensão de


cisalhamento na longarina devido a força cortante atuante na mesma. É importante
observar que esta tensão varia de acordo com a altura da seção analisada em relação a
linha neutra, sendo o seu valor máximo na própria linha neutra, em que o valor do
momento estático da área acima ou abaixo é máximo.

2.4 MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS


Segundo Logan (2007) o Método de Elementos Finitos (MEF) é um método
numérico de resolver problemas de engenharia, física e matemática. Este método é
geralmente aplicado em problemas de análise estrutural entre outros fenômenos de
engenharia que são controlados por equações diferenciais que apresentam geometria,
carregamento e propriedades do material variadas ao longo do corpo em estudo. Dessa
forma, a equação diferencial passa a não ter solução analítica válida por todo o domínio
do corpo.

O que o método de elementos finitos faz é modelar o corpo como um conjunto de


pequenos elementos conectados entre si que representam o corpo real, através de
aproximações para os campos de deslocamentos. Com base nestas aproximações são
também aproximados os campos de deformação e tensão. Dessa forma, o problema passa
a ser linear no interior de cada elemento, e o desafio de resolver uma única equação
diferencial muda para o problema de resolver um sistema de equações lineares.

Tipicamente em problemas estruturais a variável que se obtém ao resolver o


conjunto de equações lineares é o deslocamento de cada nó, com isto é possível
determinar a deformação em cada nó e consequentemente a tensão em cada elemento.

22
Na indústria aeronáutica lida-se constantemente com estruturas esbeltas,
estruturas que sofrem grandes deslocamentos e que são construídas com materiais
compostos, tornando assim o uso do método de elementos finitos uma ferramenta
essencial para se obter resultados confiáveis e que condizem com a realidade.

2.5 OTIMIZAÇÃO
Segundo (CAMPELO, 2012) otimização é um conjunto de técnicas capazes de
determinar as melhores configurações possíveis para a construção e funcionamento de
sistemas de interesses.
Problemas de otimização podem ter contextos distintos, como por exemplo, obter
o menor peso possível para uma longarina. Determinar a melhor política de compras e
vendas de cabeça de um rebanho de gado, obter o melhor portfólio de investimentos
financeiros, como melhorar o desempenho de uma rede de computadores, entre outros
exemplos de diferentes áreas. Por sua vez, segundo (CAMPELO, 2012) apesar dos
diferentes contextos, uma vez determinado o modelo matemático do problema, todos
esses problemas a princípio distintos, possuem praticamente a mesma estrutura, sendo a
solução obtida pelo mesmo conjunto de técnicas.
Dessa forma conforme descrito por (CAMPELO, 2012) o primeiro passo de um
problema de otimização é definir o problema matematicamente. Todos os problemas de
otimização podem ser descritos da seguinte forma:

𝑥 ∗ = arg min 𝑓(𝑥)


x

𝑔𝑖 (𝑥) ≤ 0, 𝑖 = 1, … , 𝑝
𝑠𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎 ∶ {
ℎ𝑗 (𝑥) = 0, 𝑗 = 1, … , 𝑞

Em que x é o vetor de variáveis de otimização, que representa o conjunto de


variáveis cujos valores deseja-se especificar através do processo de otimização.
Por sua vez f(x) representa a função objetivo. Que representa o índice de
desempenho do sistema e cujo valor, por convenção, queremos minimizar afim de obter
o sistema com desempenho ótimo.

23
Por fim, 𝑔𝑖 𝑒 ℎ𝑖 representam as funções de restrição a qual o sistema está
submetido. As funções 𝑔𝑖 estabelecem limites aos quais o sistema está restrito, enquanto
ℎ𝑖 estabelece uma região ao qual a solução deve estar.

2.5.1 Otimização Evolutiva

Segundo (SIMON, 2013) dependendo das características apresentadas pela função


objetivo existem diferentes tipos de estratégias mais efetivas para a sua otimização.
Algumas características que são importantes de se analisar são:

1) Modalidade, se a função é unimodal ou multimodal


2) Diferenciabilidade, se a função é diferenciável ou não.
3) Convexidade, se a função é convexa, quase-convexa, ou não-convexa
4) Linearidade, se a função é linear ou não.

Por exemplo, se a função objetivo for unimodal e diferenciável, é possível


encontrar o seu máximo global através de uma técnica numérica para encontrar o valor
do seu gradiente.

Por sua vez, problemas multimodais e não-diferenciáveis não podem ser


resolvidos com técnicas baseada em informação local de decrescimento e crescimento da
função objetivo, sendo necessária uma abordagem diferente para este tipo de problema.
Segundo (CAMPELO, 2012) os evolutivos são uma das soluções para este tipo de
problema. Nesta família de algoritmos uma população de solução-candidato é utilizada
para amostrar iterativamente o espaço de busca, de forma a determinar o seu ótimo global.

Existem várias famílias de algoritmos que utilizam o método de populações para


superar o desafio de encontrar um ótimo global para uma função não diferenciável e com
vários mínimos locais. Neste trabalho será utilizado a família dos algoritmos genéticos
evolutivos, que segundo (SIMON, 2013) é um dos métodos mais populares para este tipo
de problema, que são baseados na dinâmica que controla a evolução dos seres vivos.
Neste tipo de algoritmo a população de soluções candidatas evoluem de forma a convergir
gradualmente para o ótimo global do problema. Isto acontece devido a pressão seletiva
exercida em função da aptidão de cada indivíduo.

24
3. METODOLOGIA
Na figura 12 é apresentado o fluxograma da metodologia adotada para realizar a
otimização estrutural da longarina da asa utilizada pela equipe de AeroDesign da UFMG
(Uai! Sô, Fly!!!) em 2015. Na sequência tem-se a explicação resumida de cada uma das
etapas do trabalho.

Figura 12 Fluxograma das etapas

3.1 CÁLCULO DE CARGAS


A primeira etapa para o cálculo de cargas é a determinação do diagrama V x n da
aeronave. Para isto, utilizou-se os dados oriundos da aerodinâmica e desempenho,
juntamente com o regulamento CS-VLA, para a determinação do diagrama. A figura 13
mostra o diagrama, enquanto a tabela 2 exibe as velocidades estruturais e os fatores de
carga.

25
Figura 13 Diagrama V x n da aeronave

Para o cálculo desse diagrama considerou-se que as velocidades de rajadas


propostas pelo regulamento não são compatíveis com as condições meteorológicas a que
uma aeronave AeroDesign é submetida. Desta forma, as velocidades de rajadas foram
consideradas de 5,5 m/s para velocidade de cruzeiro, e 3 m/s para velocidade de mergulho.
Caso as condições meteorológicas fossem mais severas, seria optado por não voar a
aeronave.

Tabela 2 Velocidades estruturais

26
3.2 CÁLCULO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES
Como o foco do trabalho é a otimização estrutural não o cálculo de cargas, nesta
etapa será detalhado o procedimento de cálculo somente para a condição mais crítica, que
corresponde à condição 1 da tabela 1, na seção 2.1. O cálculo completo de cargas da
aeronave se encontra em (GUEDES, MARIO, et al., 2015)

A condição 1 corresponde à situação de voo com velocidade de mergulho e fator


de carga máximo, e para o cálculo de carga nessa condição considerou-se o equilíbrio
dinâmico da aeronave, que segundo (OLIVEIRA, 2008) é descrito por:

𝐿𝑤 + 𝐿𝑇 = 𝑛𝑊

A figura 14 mostra as atuações dessas forças.

Figura 14 Forças atuantes na aeronave

Isolando-se a carga de interesse que é a carga na asa, tem-se que:

𝐿𝑤 = 𝑛𝑊 − 𝐿𝑇

Para esta condição tem-se que

𝑛=2

𝑊 = 18,5 ⋅ 9,81 𝑁

𝐿𝑡 = −10 𝑁

Em que 18,5 é o peso máximo de decolagem da aeronave em kgf, e 9,81 é a


aceleração da gravidade em 𝑚/𝑠 2 , ambos a nível do mar.

Sendo assim, tem-se que:

27
𝐿𝑤 = 373 𝑁

3.2.1 Distribuição de Sustentação Utilizando o Método de Stender


Utilizando as equações desenvolvidas na seção 2.1.1 chega-se aos resultados
apresentados na tabela 3.

Tabela 3 Distribuição de cordas

Estação Semi-envergadura [mm] CordaGeometrica [mm] CordaEliptica [mm] CordaStender [mm]


1 0 300 340 319
2 100 300 339 318
3 200 300 336 317
4 300 300 333 316
5 400 300 327 313
6 500 300 320 310
7 600 300 311 305
8 700 300 300 300
9 800 300 287 293
10 900 283 272 277
11 1000 261 253 257
12 1100 239 231 235
13 1200 217 204 210
14 1300 194 169 181
15 1400 172 122 145
16 1500 150 0 0

Considerando que a sustentação de cada seção é proporcional à sua área de


Stender, tem-se a distribuição de sustentação exibida na tabela 4 e na figura 15.

Tabela 4 Distribuição de sustentação

Estação Envergadura [mm] Li [N/m]


1 0 25,65
2 100 25,59
3 200 25,48
4 300 25,30
5 400 25,06
6 500 24,75
7 600 24,35
8 700 23,87
9 800 22,96
10 900 21,49
11 1000 19,78
12 1100 17,89
13 1200 15,74
14 1300 13,12

28
15 1400 5,83
16 1500 0

Figura 15 Distribuição da força de sustentação

DistribuicaoSustentacao
30

25
Força Distribuida [N/m]

20

15

10

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500
Envergadura [mm]

3.3 CRIAÇÃO DO MODELO GEOMÉTRICO DA LONGARINA


Dada a distribuição de esforços a próxima etapa é determinar qual a geometria
ótima da longarina. A geometria ótima será definida como aquela que suporte todos os
esforços, com a margem de segurança estabelecida, pesando o mínimo possível.

O primeiro desafio encontrado neste modelo foi definir como seria o formato
geométrico da longarina. Como ponto de partida decidiu-se utilizar a mesma geometria
do projeto original, que é uma longarina tipo viga em “C”, com as mesas fabricadas com
rovings de fibra de carbono em resina epóxi e alma de tecido bidirecional de carbono.

Contundo, a fim de explorar novas possibilidades decidiu-se por parametrizar as


mesas de tração e compressão não como retas afiladas, conforme no projeto original
(figura 16), mas por curvas de Bezier.

29
Figura 16 Visão superior da mesa de compressão afilada linearmente conforme no projeto
original

Segundo (NOWELL, 2014) curvas de Bézier são curvas polinomiais muito


utilizadas para modelar curvas suaves, sendo bastante utilizadas em computação gráfica.
O nome dessa curva tem origem no engenheiro Pierre Bézier, que foi o primeiro a utilizá-
la amplamente nos projetos de corpos suaves da Renault.

Segundo (BIEZUNER e RODRIGUES DE JESUS, 2014) curvas de Bézier são


curvas polinomiais paramétricas, sendo que para um polígono de controle com n+1
vértices 𝑃0 , … , 𝑃𝑛 a curva de Bézier é uma curva paramétrica polinomial de grau n da
forma
𝑛

𝐵(𝑡) = ∑ 𝑃𝐾 𝐵𝑘,𝑛 (𝑡)


𝑘=0

Que pode ser reescrita da seguinte forma:


𝑛
𝑛
𝐵(𝑡) = ∑ ( ) (1 − 𝑡)𝑛−𝑖 ⋅ 𝑡 𝑖 ⋅ 𝐵𝑖
𝑖
𝑘=0

Em que t é a variável de parametrização, que varia de 0 a 1, n+1 é o número de


pontos de controle, e 𝐵𝑖 corresponde ao ponto de controle

Segundo (BIEZUNER e RODRIGUES DE JESUS, 2014) curvas de Bézier podem


assumir formas diversas dependendo do seu grau e dos pontos de controle escolhidos. A
figura 17 mostra diferentes formas que estas curvas podem assumir.

30
Figura 17 Diferentes formas da curva de Bézier

É importante notar uma propriedade relevante de todas essas curvas, em que todas
elas devem estar limitadas pelos seus pontos de controle.

Segundo (NOWELL, 2014) a forma mais comum da curva de Bézier é a cúbica,


pois esta apresenta uma geometrica bastante suave com relativamente poucas variáveis.
E este será o modelo de curva adotada neste trabalho para representar a geometria das
mesas.

31
Na sua forma cúbica os pontos da curva de Bezier podem ser representados por:

𝑋
𝐵(𝑡) = [ ]
𝑌

𝑋 𝐵 𝐵 𝐵 𝐵
[ ] = (1 − 𝑡)3 ⋅ [ 0𝑋 ] + 3 ⋅ 𝑡 ⋅ (1 − 𝑡)2 ⋅ [ 1𝑋 ] + 3 ⋅ 𝑡 2 ⋅ (1 − 𝑡) ⋅ [ 2𝑋 ] + 𝑡 3 [ 3𝑋 ]
𝑌 𝐵0𝑌 𝐵1𝑌 𝐵2𝑌 𝐵3𝑌

3.3.1 Geração das mesas utilizando uma curva cúbica de Bezier


Uma vez definida o formato geral da curva a ser utilizada nas mesas o próximo
passo é definir uma função que vai utilizar um conjunto de variáveis de entrada para obter
como saída a geometria da mesa

O desafio de gerar a geometria das mesas foi dividido em duas etapas. A primeira
seria a geração da sua forma em planta, e a segunda etapa seria a determinação da sua
distribuição de espessura.

Para a primeira etapa utilizou-se seis variáveis para a parametrização de uma


mesa, ou seja, doze variáveis para a geração das duas mesas. Essas variáveis são
relacionadas aos quatro pontos de controle para a determinação da curva de Bézier.
Considerando somente uma das mesas esses pontos seriam:

P1 = [x1,y1] P2 = [x2,y2] P3 = [x3,y3] P3 = [x4,y4]

Analisando esses pontos verifica-se que seriam oito variáveis, porém x1 e x4 são
valores conhecidos, pois x1=0 e x4=1500 mm, uma vez que o primeiro ponto tem que
estar na raiz e o último na ponta da asa. Dessa forma os pontos a serem determinados
passam a ser:

P1 = [0,y1] P2 = [x2,y2] P3 = [x3,y3] P3 = [1500,y4]

A figura 18 ilustra como é o processo com as novas variáveis.

32
Figura 18 Exemplificação da função GeradorMesa

Após o desenvolvimento de uma função que desenha a mesa dado os valores


dessas seis variáveis, foram efetuados alguns experimentos para testar a função. A figura
19 ilustra um exemplo de mesa testada em que os valores das suas variáveis são

𝑦1 = 17,87

𝑥2 = 3,97

𝑦2 = 1040,86

𝑥3 = 0,30

𝑦3 = 25,21

𝑦4 = 3,16

33
Figura 19 Desenho das mesas com valores de teste das variáveis

Com a primeira etapa, geração da geometria plana das mesas, desenvolvida e


funcionando corretamente começou-se a trabalhar na determinação das espessuras ótimas
de cada região.

A primeira parte no desafio de determinar a espessura ótima foi determinar o


material a ser utilizado. Como o projeto original foi realizado com fibras de carbono
unidirecional para as mesas, e tecido bidirecional na alma, adotaram-se os mesmos
materiais nesse trabalho. É importar destacar que todas as fibras foram laminadas
utilizando a resina epóxi Araldite® LY 5052 / Aradur® 5052, com proporção de
fibra/resina próxima de 50%/50% em massa.

Para a determinação das propriedades foi utilizado (GUEDES, MARIO, et al.,


2015), sendo os valores descritos na tabela 5.

Tabela 5 Propriedade dos materiais

34
É importante destacar que com o uso do material composto pode-se obter somente
valores discretos de espessuras, sendo a espessura um múltiplo da espessura de uma
lâmina. Os laminados utilizados nesse trabalho, laminados de carbono unidirecional e
bidirecional, com resina epóxi com proporção de fibra/resina de 50%/50%, são de 0,28
mm e 0,36 mm respectivamente.

O desafio de determinar as espessuras foi feito de duas maneiras. Na primeira


determinou-se uma variável, número de camadas, para cada uma das estações utilizadas
para o cálculo de cargas. Como foram utilizadas 16 estações para o cálculo de cargas o
problema passou a contar com mais 48 variáveis, sendo 16 relacionadas as espessuras das
estações na mesa de tração, 16 relacionado as espessuras de cada estação na mesa de
compressão e mais de 16 relacionadas a espessuras de cada estação da alma. Sendo assim,
o problema passou a contar com 48+12 = 60 variáveis para a determinação da longarina.

Na segunda metodologia diminui-se o número de estações de 16 para 5, dessa


forma passou-se a contar com regiões com larguras maiores (300mm cada contra 100 mm
com 16 estações) e com menos variáveis no problema, de 48 para a determinação de todas
as espessuras para 15, diminuído o total de variáveis do problema de 60 para 27.

3.4 DESENVOLVIMENTO DO MODELO PARA A OTIMIZAÇÃO


Para a realização da otimização foram desenvolvidas quatro funções, que serão
utilizadas dentro da função “ga” do próprio MATLAB. Segue abaixo a lista das funções
desenvolvidas:

1) GeradorMesas
2) CalculoPeso
3) CálculoTensões
4) MargemDeSegurança

A primeira função GeradorMesas já foi descrita na subseção anterior. A função


CalculoPeso utiliza os valores geométricos oriundos da função GeradorMesas, calcula o
volume de cada uma das partes da longarina (mesa de tração, mesa de compressão, alma)
e então utilizando a densidade do material calcula o peso total dessa estrutura.

A terceira função CálculoTensões também utiliza os valores geométricos da


função GeradorMesas, mas dessa vez para calcular as propriedades geométricas, como a

35
posição do centroide de cada seção, bem como o seu momento de inercia. Assim utilizam-
se esses dados geométricos juntamente com as cargas calculadas na seção 3.2 para
calcular as tensões de tração, compressão e cisalhamento conforme descrito na seção 2.3.

A última função MargemDeSegurança utiliza as tensões calculadas com a função


CálculoTensões, bem como o fator de segurança de 1,5 e o fator de qualidade do material
de 1,15 conforme determinado pelo CS-VLA, para calcular a margem de segurança da
longarina gerada na função GeradorMesas.

Todo esse processo leva a formulação matemática do problema de otimização.

𝑓(𝑥) = 𝐶á𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜𝑃𝑒𝑠𝑜 (𝑥)

𝑥𝑜𝑡𝑖𝑚𝑜 = arg min 𝑓(𝑥)

Sujeito a:

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚𝐷𝑒𝑆𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 (𝑥) > 0

3.4.1 Função GA
A função “ga” é uma função já contida dentro do Matlab que calcula o mínimo de
uma função utilizando um algoritmo genético. Para isso, esta função precisa de receber
como entrada um conjunto de variáveis e funções.

Neste trabalho utilizou-se a função “ga” em que duas entradas eram funções, a
função objetivo (função CalculaPeso), e a função de restrição (função
MargemDeSeguranca), e quatro variáveis. As quatro variáveis, e seus respectivos valores
foram:

1) O número de variáveis utilizadas na função objetivo - 27


2) Limite inferior das variáveis – Para todas as variáveis que representavam
valores geométricos o limite inferior foi 3mm por razões construtivas
3) Limite superior das variáveis – Para todas as variáveis que representavam
valores geométricos o limite superior foi 20mm para não comprometer muito
o formato aerodinâmico da asa
4) Um índice que representa todas as variáveis que tem valores discretos – Foram
especificadas todas as variáveis correspondentes aos números de camadas dos
laminados

36
A figura 20 exibe parte do código desenvolvido que utiliza a função ga.

Figura 20 Parte do código da função “ga”

3.5 SIMULAÇÃO EM ELEMENTOS FINITOS


O próximo passo após a determinação da geometria ótima é a simulação desse
modelo em um programa de elementos finitos, a fim de verificar se a estrutura gerada é
capaz de suportar as cargas as quais ela será submetida de forma confiável.

Para poder simular esta estrutura, o primeiro passo é realizar o desenho dela, para
isto utilizou-se os dados geométricos da longarina otimizada para desenhá-la no programa
de CAD SolidWorks. É importante destacar que o desenho foi feito com todos os
componentes da longarina sendo desenhados como elemento de superfície, uma vez que,
este é o tipo de elemento aceito pelo software Femap/NX-Nastran para modelar elementos
do tipo laminado.

Após o desenho foi feita a modelagem dessa estrutura no software Femap /NX-
Nastran. Neste capítulo será detalhado o passo a passo do que foi feito para realizar essa
simulação com o objetivo de gerar a rastreabilidade dos resultados obtidos. Os resultados
obtidos serão apresentados no capítulo 4.

O procedimento utilizado para realizar a simulação foi dividido em oito etapas


sendo elas:

37
a) Importação da geometria

Nesta etapa foi importada a geometria do SolidWorks para o Femap/ NX-Nastran,


para isto a geometria criada no SolidWorks foi salva no formato parasolid, por este ser o
formato recomendado pelo Femap/NX-Nastran. Para realizar a importação foi utilizado a
sequência File,→ Import→ Geometry, sendo utilizado um fator de escala de 1000, uma
vez que todas as dimensões e propriedades consideradas estão em milímetros. Na figura
21 é possível ver o desenho da longarina importada.

Figura 21 Desenho da longarina

b) Definição dos materiais

Conforme já mencionando os materiais utilizados são, os laminados de carbono


com resina epóxi unidirecional e bidirecional. Estes materiais foram definidos como
ortotrópicos 2D, uma vez que esta configuração representa de forma realística o

38
comportamento de uma lâmina. Os valores das propriedades foram preenchidos conforme
os valores contidos na tabela 5. Na figura 22 é possível observar a janela de comando na
qual são preenchidas as propriedades do material.

Figura 22 Definição das propriedades dos materiais

c) Definição dos layups

Uma vez definido o material o próximo passo é definir os layups, que são os
conjuntos de laminas que vão formar o laminado. Nesta etapa define-se as espessuras de
cada lamina, e quantas laminas vão formar o laminado final. A figura 23 exibe a janela
na qual é preenchido as propriedades para definir um layup.

39
Figura 23 Definição do layup

Nesta etapa é possível verificar as orientações das laminas dentro do laminado


bem como obter a sua matriz de rigidez.

d) Definição dos elementos

A próxima etapa depois de determinar os layups é definir as propriedades dos


elementos que irão ser atribuídos aos componentes da longarina. Como os componentes
da longarina serão laminados, foi escolhido a propriedade laminate do software. Para
definir esta propriedade tem-se que atribuir o layup de cada elemento, a força de ligação
interlaminar e o critério de falha.

40
Dessa forma criou-se três elementos, um para cada componente da asa (alma,
mesa de tração e mesa de compressão) com os respectivos layups. A força de ligação
interlaminar foi obtido com dados do fabricante da resina, e o critério de falha escolhido
foi o de máxima deformação.

Foi escolhido o critério de falha de máxima deformação por este não necessitar de
variáveis adicionais que precisam de ser obtidas através de ensaios (critério de Tsai-wu),
e por ser um critério bem consolidado dentro da indústria.

Figura 24 Definição das propriedades

e) Malha

Após a definição das propriedades de cada um dos componentes da asa o próximo


passo é definir a malha do modelo. O primeiro passo realizado para isto foi utilizar uma
ferramenta disponível pelo software chamada mesh control. Com esta ferramenta é
possível pré-configurar o número de nós que se quer obter em cada região. Definiu-se um
número de 10 nós ao longo da largura das mesas, 30 ao longo da altura da alma e 1000
elementos ao longo do comprimento, tanto das mesas como da alma. Na figura 25 é
possível observar o modelo pos utilização do mesh control.

41
Figura 25 Modelo da longarina pós aplicação do mesh control

A longarina com as quantidades de nós assim determinados ao longo dos seus


componentes gera uma geometria que representa bem a realidade e que ao mesmo tempo
não gera um modelo que demore muito tempo para processar a simulação.

Após a utilização do mesh control foi gerada a malha do modelo, atribuindo a cada
um dos componentes a sua respectiva propriedade. Para isto utilizou-se elementos de
geometria quadrilateral, por esta geometria apresentar maior estabilidade numérica. O
resultado do modelo após a geração da malha pode ser observado na figura 26.

Figura 26 Modelo após a geração da malha

O modelo final contou com 54368 elementos constituídos por 55802 nós.

f) Orientação

42
Como se está trabalhando com materiais compostos que são anisotrópicos, em que
as propriedades dependem de uma orientação de referência, que no caso é a orientação da
fibra, é necessário definir a orientação principal dos materiais dentro do modelo.

Para determinar a orientação dos elementos é preciso ir em Modify,→ Update


Elements→ Material Orientation. Para o modelo em questão utilizou-se como referência
coordenadas retangulares e determinou-se a direção de referência como sendo o eixo
global X.

g) Cargas

O próximo passo realizado foi aplicar as cargas. As cargas já haviam sido


calculadas conforme a metodologia exemplificada na seção 3.2, com os resultados
demonstrados na tabela 4.

Aplicar as cargas em 14 seções conforme feito na seção 3.2, demandaria um


esforço manual muito grande dentro software. Dessa forma optou-se por diminuir o
número de seções de 14 para 5, assim diminui-se consideravelmente o trabalho manual
sem comprometer a qualidade da simulação. A tabela 6 mostra o resultado do cálculo de
cargas para apenas 5 seções.

Tabela 6 Cargas para serem aplicadas na simulação

Estação [mm] Cargas [N]


100 76,73
400 75,11
800 71,19
1100 59,16
1300 34,69

Uma vez obtidas as cargas, o próximo passo é aplica-las dentro do software de


forma a tentar representar a realidade. Esta etapa pode ser quebrada em duas etapas.

A primeira foi a aplicação das cargas, em cada uma das seções, em nós criados na
região correspondente a 1 cm para frente do ¼ da corda. Esta região foi escolhida por
estar relativamente próxima da região para onde as cargas foram calculadas (¼ da corda),
mas que ao mesmo tempo não seja um nó da longarina, pois neste caso ocorreria uma
concentração de tensão. As cargas nesses nós foram aplicadas como forças na direção

43
correspondente ao eixo global Z com os valores especificados pela tabela 6. Na figura 27
é possível observar o modelo após esta etapa.

Figura 27 Aplicação das cargas no modelo

A segunda etapa foi distribuir as cargas aplicadas para a longarina. Para isto
utilizou-se elementos de ligação do tipo RB3. Segundo o manual do software, elemento
rígido é uma junção entre nós, havendo o nó de referência, e os nós dependentes desse nó
de referência. Os movimentos dos nós dependentes, são governados pelos graus de
liberdade atribuídos aos nós de referência. Dessa forma, atribuiu-se como nós de
referência aqueles onde as cargas foram aplicadas, e estes nós foram ligados aos nós da
sua vizinhança, para assim distribuir os esforços.

Foi escolhido o elemento rígido RBE3, porque este elemento interpola o valor da
força aplicada a vários nós sem inserir nenhuma rigidez na estrutura. A figura 28 mostra
o resultado do modelo após a aplicação do elemento rígido RB3 para distribuir as cargas.

44
Figura 28 Modelo pos aplicação do elemento de ligação RB3

h) Condição de contorno

A uma última parte da criação do modelo foi a determinação da condição de


contorno. Para isto considerou-se a aproximação que a longarina é engastada na sua raiz
aplicando esta condição a todos os nós dessa região.

Outra condição de contorno determinada foi a simetria da estrutura. Como


somente metade da longarina foi desenhada, para assim diminuir o esforço
computacional, é essencial que a outra metade seja representada no modelo. A Figura 29
mostra o modelo com a aplicação das condições de contorno.

Figura 29 Aplicação das condições de contorno no modelo

Após a definição de todas as características do modelo realizou-se uma simulação


estática, com o campo dos deslocamentos interpolados por uma função de forma bilinear,
como um modelo linear para o material.

45
4. RESULTADOS
Nesta seção serão apresentados os resultados que levaram à determinação da
geometria ótima da longarina, bem como a análise dessa geometria através do método de
elementos finitos

4.1 RESULTADOS DA OTIMIZAÇÃO GENÉTICA


Foi estabelecido como critério de parada da otimização genética uma variação do
valor da função objetivo menor ou igual a 0,1%. Dessa forma o modelo demorou 153.73
segundos para obter o resultado ótimo, em um computador com processador Intel(R)
Core(TM) i7-5500U CPU @2.40GHz com 16 GB de memória. O resultado final das 27
variáveis otimizadas pode ser observado no vetor X dado abaixo:

𝑋 = [ 10,0

3,0

383,7

0,6

247,7

2,3

15,2

3,0

1163,4

0,1

281,2

46
1

1]

Estas variáveis geraram uma geometria que tem o peso de 63,5g. A geometria
original que foi utilizada pela equipe na competição de 2015 tinha um peso de 72,7g,
Dessa forma a nova geometria representa uma redução de 12,6% do peso da geometria
original.

É importante analisar este resultado de forma a tornar mais claro o significado de


cada variável. Dessa forma será feito um recorte dos diferentes subcomponentes da
longarina (mesa de tração, mesa de compressão e alma).

4.1.1.1 Resultado da mesa de tração


As variáveis que determinam a forma em planta da mesa de tração são as seis
primeiras, assim listadas:

𝑋(1: 6) = [10

383,7

0,6

247,7

47
2,3]

em que X(1) e X(2), que são 10 e 3 mm respectivamente, representam a largura na raiz e


na ponta da mesa de tração.

Por sua vez, X(3) X(4) representam as coordenadas x e y do ponto 3 da curva de


Bezier, enquanto X(5) e X(6) representam as coordenadas do ponto 4. E assim como
explicado na seção 3.3, estes pontos que determinam a forma da curva da longarina. A
figura 30 mostra o desenho da forma em planta da mesa de tração, bem como a posição
de todos os pontos que formam a geometria.

Figura 30 Geometria da mesa de tração

As variáveis correspondentes de X(13) a X(17) representam o número de camadas


na mesa de tração.

𝑋(13: 17) = [1

1]

48
Observa-se que o resultado obtido foi como sendo uma estrutura com uma camada
em todas as estações.

Analisando os resultados para a mesa de tração chega-se a duas conclusões


principais em relação a este problema:

1) É mais vantajoso aumentar a largura na raiz da mesa, do que aumentar o


número de camadas, tendo em vista minimização do peso.
2) A largura da mesa decaiu rapidamente ao longo da envergadura, visto que,
com a diminuição da carga, uma largura de aproximadamente 3mm a partir de
500 mm ao longo da envergadura, é suficiente para resistir ás tensões com a
margem de segurança estabelecida.

4.1.1.2 Resultado da mesa de compressão


As variáveis que determinam a forma em planta da mesa de compressão são as
correspondentes de X(7) a X(12), sendo elas:

𝑋(7: 12) = [15.2

3.0

1163.4

0.1

281.2

3.0]

em que X(7) e X(8), que são 15.2 e 3mm respectivamente, representam a largura na raiz
e na ponta da mesa de compressão.

As variáveis X(9) X(10) representam as coordenadas x e y do ponto 3 da curva de


Bezier, enquanto X(11) e X(12) representam as coordenadas do ponto 4. A figura 31
mostra o desenho da forma em planta da mesa de compressão, bem como a posição de
todos os pontos que formam a geometria.

49
Figura 31 Geometria da mesa de compressão

As variáveis correspondentes de X(18) a X(22) representam o número de camadas


na mesa de compressão.

𝑋(18: 22) = [1

1]

Observa-se que o resultado obtido foi uma estrutura com uma camada em todas
as estações.

Analisando os resultados para a mesa de compressão chega-se a praticamente as


mesmas conclusões em relação a análise feita para a mesa de tração. Pois, mesmo com o
material tendo uma resistência a compressão menor do que a sua resistência a tração, o
otimizador percebeu que é preferível aumentar a espessura na raiz do que aumentar o
número de camadas.

Há duas importantes diferenças entre os resultados obtidos para a mesa de tração


e compressão. A primeira é que a taxa de decaimento da largura para a mesa de

50
compressão é menor do que para a mesa de tração, o que já era esperado visto a menor
resistência do material para esta condição. A segunda é que o ponto em que a largura se
estabiliza em 3 mm é de aproximadamente 800 mm em comparação com os 500 mm da
mesa de tração.

4.1.1.3 Resultado da alma


Como a altura da alma já é determinada em função da corda da asa, e das
espessuras das mesas, as únicas variáveis a serem otimizadas da alma são as espessuras
de cada uma das suas estações. Os resultados da otimização dessa espessuras são dados
pelas variáveis correspondentes de X(23) a X(27), sendo elas:

𝑋(23: 27) = [1

1]

Estes resultados indicam que somente uma camada é suficiente para resistir as
tensões de cisalhamento a qual a alma é submetida.

4.2 ANÁLISE DA GEOMETRIA ATRAVÉS DO MÉTODO DE ELEMENTOS


FINITOS
A figura 32 exibe a distribuição de tensão ao longo da região da asa com maior
tensão. Para isso foi utilizada a tensão equivalente de Von Mises, sendo importante
destacar que neste caso perde-se o sinal das tensões, em que para determinar se o elemento
está sofrendo tração ou compressão é necessário observar as tensões principais

.Assim como esperado esta região corresponde a raiz da mesa de tração.

51
Figura 32 Distribuição de tensão ao longo da longarina

A figura mostra que a tensão máxima atuante é de 1237 Mpa, e que as tensões
estão abaixo do limite do material, e abaixo do calculado analiticamente pelo programa.
A hipótese para esta diferença está nas aproximações e simplificações para realizar este
cálculo analiticamente.

Por sua vez na figura 33 é possível observar o índice de falha de máxima


deformação ao longo da região mais crítica da longarina, que é a região correspondente a
mesa de compressão. Apesar dessa região estar sujeita a uma tensão menor a da mesa de
tração, o fato da resistência do material a compressão ser menor, torna essa região mais
crítica.

52
Figura 33 Distribuição do critério de falha ao longo da longarina

Para não ocorra a falha da estrutura este o índice de falha deve estar abaixo de 1,0
e como a região mais crítica tem um índice de falha de 0,94 observa-se que a estrutura
atende os requisitos de segurança.

53
5. CONCLUSÃO
Minimização de peso é um ponto chave no projeto de aeronaves, e este trabalho
apresentou os procedimentos para realizar a otimização estrutural de uma longarina afim
de minimizar o seu peso.

Mais especificamente, este trabalho determinou uma geometria otimizada para a


longarina utilizada na aeronave da equipe de AeroDesign da UFMG (Uai! Sô, Fly!!!) em
2015. A geometria obtida apresentou uma redução de peso de 12,6% em relação a
geometria original, atendendo aos requisitos de segurança especificados pelo regulamento
CS-VLA.

Um diferencial abordado no trabalho foi a utilização de curvas de Bezier para


determinar a geometria plana das mesas da longarina. Essa abordagem permitiu obter uma
geometria suave, que ao mesmo tempo prioriza o aumento da largura somente em regiões
críticas, decaindo a largura rapidamente para regiões em que uma largura maior é
desnecessária.

Os procedimentos utilizados neste trabalho, tanto na parte da modelagem da


geometria, como na otimização e análise, não se restringem apenas a projetos de
aeronaves aerodesign, podendo ser aplicados em outros projetos de aeronaves leves.

Um ponto de atenção que é importante ressaltar, é que o trabalhou não avaliou a


estabilidade da estrutura, uma vez que este ponto fugia do escopo. Mas uma análise de
estabilidade atrelada a este procedimento é uma sugestão de trabalho futuro. Outros
trabalhos futuros que seriam interessantes seria a posterior construção e ensaio da
estrutura.

54
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, C. P. D. Introdução ao Projeto de Aeronaves Leves. [S.l.]: [s.n.],
2001.

BIEZUNER, R. J.; RODRIGUES DE JESUS, B. F. Curvas de Bézier. [S.l.]:


[s.n.], 2014.

CAMPELO, F. Notas de aula de otimização. [S.l.]: [s.n.], 2012.

CRANDALL, S. H. An Introduction to the Mechanics of Solids. [S.l.]: [s.n.],


1978.

DANIEL, I. M.; ISHAI, O. Engineering Mechanics of Composite Materials.


[S.l.]: [s.n.].

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