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ESCOLA DE ENGENHARIA
BELO HORIZONTE
2018
LUCAS COSTA MACHADO
BELO HORIZONTE
2018
“And all this science I don't understand
It's just my job five days a week”
Elton John, Rocket Man
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais e irmã, Bamberg, Graciete e Luana por todo o apoio e
amor que sempre me deram durante esta jornada. São sem dúvidas as pessoas mais
importantes na minha vida.
Agradeço aos amigos da Uai, sô, Fly!!! e do CEA, por todos os momentos e
desafios vivenciados. Fica registrado a honra que foi trabalhar ao lado de pessoas de
admirável competência e talento.
Agradeço ao meu companheiro de trabalho e de Uai, sô, Fly!!! Igor Brito por
toda ajuda, amizade e momentos vividos dentro e fora da AERON.
Figura 1 Relação entre a asa real a asa elíptica e a asa de Stender ..................... 13
Figura 2 Características geométricas de uma elipse ........................................... 13
Figura 3 Distribuição de sustentação utilizando o método de stender ................ 14
Figura 4 Sustentação proporcional a corda de Stender ....................................... 14
Figura 5 Viga sob efeito de um carregamento distribuído ................................. 15
Figura 6 Diagrama de corpo livre do segmento Δx ............................................ 16
Figura 7 Diagrama de corpo livre do segmento Δx com a força resultante R .... 16
Figura 8 Comportamento da viga sujeita a flexão pura ...................................... 18
Figura 9 Comportamento de uma área A submetida a flexão pura .................... 19
Figura 10 Esforços atuantes sobre um elemento infinitesimal longitudinal ....... 20
Figura 11 Forças de equilíbrio atuando no elemento infinitesimal Δx ............... 21
Figura 12 Fluxograma das etapas ....................................................................... 25
Figura 13 Diagrama V x n da aeronave .............................................................. 26
Figura 14 Forças atuantes na aeronave ............................................................... 27
Figura 15 Distribuição da força de sustentação .................................................. 29
Figura 16 Visão superior da mesa de compressão afilada linearmente conforme no
projeto original ............................................................................................................... 30
Figura 17 Diferentes formas da curva de Bézier ................................................ 31
Figura 18 Exemplificação da função GeradorMesa ........................................... 33
Figura 19 Desenho das mesas com valores de teste das variáveis...................... 34
Figura 20 Parte do código da função ga ............................................................. 37
Figura 21 Desenho da longarina ......................................................................... 38
Figura 22 Definição das propriedades dos materiais .......................................... 39
Figura 23 Definição do layup ............................................................................. 40
Figura 24 Definição das propriedades ................................................................ 41
Figura 25 Modelo da longarina pôs aplicação do mesh control ......................... 42
Figura 26 Modelo após a geração da malha ....................................................... 42
Figura 27 Aplicação das cargas no modelo ........................................................ 44
Figura 28 Modelo pos aplicação do elemento rígido RB3 ................................. 45
Figura 29 Aplicação das condições de contorno no modelo .............................. 45
Figura 30 Geometria da mesa de tração ............................................................. 48
Figura 31 Geometria da mesa de compressão .................................................... 50
Figura 32 Distribuição de tensão ao longo da longarina .................................... 52
Figura 33 Distribuição do critério de falha ao longo da longarina ..................... 53
LISTA DE TABELAS
𝐶𝑆 - Corda de stender
𝐶𝑔 – Corda geométrica
𝐶𝑒 - Corda elíptica
𝐿 –Força de sustentação
q- Carga distribuída
V- Força cortante
𝑀 –Momento fletor
𝜌- Raio de curvatura
k– Curvatura
E- Módulo de Young
𝜎 – Tensão normal
𝜏 – Tensão de cisalhamento
t- Espessura
3. MÉTODOLOGIA ..................................................................................... 25
3.3.1 Geração das mesas utilizando uma curva cúbica de Bezier .............. 32
4. RESULTADOS ........................................................................................ 46
5. CONCLUSÃO .......................................................................................... 54
6. Referências Bibliográficas ........................................................................ 55
1. INTRODUÇÃO
Redução de peso é um ponto chave no projeto de uma aeronave comercial e de
carga. Quanto menor o seu peso estrutural, mais carga esta aeronave poderá carregar
acarretando em um ganho financeiro para as companhias aéreas. Isto torna a aeronave
mais eficiente e competitiva no mercado. Desta forma, os engenheiros estruturais de
aeronaves trabalham para projetar uma estrutura confiável, mas que ao mesmo tempo
apresente o menor peso possível.
11
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 CÁLCULO DE CARGAS EM ASAS
Para o cálculo de cargas na asa é necessário obter-se primeiro o diagrama V x n
da aeronave. Segundo (OLIVEIRA, 2008) este diagrama consiste em uma combinação
de velocidade e fator de carga para diferentes condições de voo especificado pelos
regulamentos em suas sub-partes C.
(1) VD e nmáx
(2) VA 2/3 nmáx e deflexão máxima dos ailerons
(3) VD 2/3 nmáx e deflexão de ailerons para obter o mesmo roll-rate de (2)
(4) VD e nmin
(5) VF , nmáx e flaps com deflexão máxima
12
Figura 1 Relação entre a asa real a asa elíptica e a asa de Stender
𝐶𝑆 = √𝐶𝑔 ⋅ 𝐶𝑒
Sendo que para calcular a corda da asa elíptica utiliza-se a equação da elipse.
𝑥2 𝑦2
+ =1
𝐴2 𝐵 2
Em que A é a semi-envergadura.
13
𝑆 =𝜋⋅𝐴⋅𝐵
Por fim tendo a nova forma em planta equivalente de Stender, admite-se que as
sustentações são proporcionais as suas cordas, sendo as sustentações elementares dadas
por:
Δ𝑆𝑖
𝐿𝑖 = ⋅𝐿
𝑆
14
Onde S é a semi-asa de Stender (que é igual a área real) e L denota a força de
sustentação em cada semi-asa.
Para isso é necessário obter um pedaço infinitesimal de uma viga sob efeito de
uma carga distribuída, e aplicar as equações de equilíbrio sobre o diagrama de corpo livre
desse pedaço infinitesimal da viga. Esta condição de equilíbrio vai levar a equações
diferenciais relacionando a carga distribuída a força cortante, e ao momento fletor. A
figura 5 mostra uma viga sob efeito de um carregamento distribuído.
15
Figura 6 Diagrama de corpo livre do segmento Δx
∑ 𝐹𝑦 = 𝑉 + Δ𝑉 + 𝑞 ⋅ Δ𝑥 − 𝑉 = 0
Δ𝑥 Δ𝑋
∑ 𝑀𝑜 = 𝑀𝑏 + Δ𝑀𝑏 + (𝑉 + Δ𝑉) ⋅ +𝑉⋅ − 𝑀𝑏 = 0
2 2
16
Simplificando essas equações:
Δ𝑉
+ 𝑞(𝑥) = 0
Δ𝑥
Δ𝑀𝑏 Δ𝑉
+𝑉 =−
Δ𝑥 2
𝑑𝑉
+𝑞 =0
𝑑𝑥
𝑑𝑀𝑏
+𝑉 =0
𝑑𝑥
Estas são as equações diferenciais básicas que relacionam a carga distribuída q(x)
com a força cortante V(x) e o momento fletor 𝑀𝑏 (𝑥) em uma viga.
17
Figura 8 Comportamento da viga sujeita a flexão pura
Dessa figura temos que “o” representa o centro de curvatura da seção ds, que 𝜌
representa o raio de curvatura dessa seção, e que L.N. é a linha neutra da seção, que é
definida como a linha na qual as fibras da viga não mudam de comprimento.
𝑑𝑥 𝑑𝑥𝐴𝐵 𝜌−𝑦
= → 𝑑𝑥𝐴𝐵 = ⋅ 𝑑𝑥
𝜌 𝜌−𝑦 𝜌
𝜌−𝑦
𝑑𝑥𝐴𝐵 − 𝑑𝑥 𝜌 ⋅ 𝑑𝑥 − 𝑑𝑥 𝑦
𝜖𝑥 𝐴𝐵 = = → 𝜖𝑥 𝐴𝐵 = − = −𝑘 ⋅ 𝑦
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝜌
Assim como dito por (GRECO e MACIEL, 2016) observa-se que para flexão pura,
a distribuição de deformação normal varia linearmente, indo de zero na linha neutra para
o seu valor máximo nas extremidades da seção transversal da viga.
𝜎𝑥 = 𝐸 ⋅ 𝜖𝑥 = −𝐸 ⋅ 𝑘 ⋅ 𝑦
Dessa forma observa-se que uma área A submetida a flexão pura apresenta uma
distribuição de tensão normal conforme exibido na figura 9
18
Figura 9 Comportamento de uma área A submetida a flexão pura
𝑑𝑀 = (−𝜎𝑥 ⋅ 𝑑𝐴) ⋅ 𝑦
𝑀 = ∫ 𝑑𝑀 = − ∫ 𝜎𝑥 ⋅ 𝑦𝑑𝐴
𝐴 𝐴
𝑀 = − ∫ (−𝐸 ⋅ 𝑘 ⋅ 𝑦) ⋅ 𝑦𝑑𝐴
𝐴
𝑀 = 𝑘 ⋅ 𝐸 ∫ 𝑦 2 𝑑𝐴
𝐴
𝑀 =𝑘⋅𝐸⋅𝐼
Por fim obtém-se a relação entre o momento fletor e a tensão normal gerada por
ele:
𝑀
𝜎𝑥 = −𝑘 ⋅ 𝐸 ⋅ 𝑦 = −𝐸 ⋅ ( )⋅𝑦
𝐸⋅𝐼
𝑀
𝜎𝑥 = − ⋅𝑦
𝐼
19
2.3.2 Tensão de cisalhamento associada a flexão
O objetivo dessa seção é mostrar o desenvolvimento da equação de cisalhamento,
que é a equação que relaciona a força cortante com a tensão de cisalhamento gerada por
ela. Assim como na demonstração da fórmula de flexão, para a dedução dessa fórmula é
necessário assumir algumas hipóteses. As hipóteses utilizadas por (GRECO e MACIEL,
2016) para essa demonstração são que a viga deve estar sujeita somente a flexão simples,
que o material apresente comportamento elástico linear, e que a viga sofra pequenas
deformações.
20
Figura 11 Forças de equilíbrio atuando no elemento infinitesimal Δx
𝑀 ⋅ (−𝑦)
𝜎𝐸𝑠𝑞 = −
𝐼𝑧0
(𝑀 + 𝑑𝑀) ⋅ (−𝑦)
𝜎𝐷𝑖𝑟 = −
𝐼𝑧0
As forças a direita e a esquerda geradas pelas tensões normais são dadas por :
𝑀 ⋅ (−𝑦)
𝐹𝐸𝑠𝑞 = ∫ 𝜎𝐸𝑠𝑞 𝑑𝐴 = ∫ − 𝑑𝐴
𝐼𝑧0
𝐴 𝐴
(𝑀 + 𝑑𝑀) ⋅ (−𝑦)
𝐹𝐷𝑖𝑟 = ∫ 𝜎𝐷𝑖𝑟 𝑑𝐴 = ∫ − 𝑑𝐴
𝐼𝑧0
𝐴 𝐴
Σ𝐹𝑥 = 0
21
𝐹𝐷𝑖𝑟 − 𝐹𝐸𝑠𝑞 − 𝜏 ⋅ 𝑡𝑑𝑥 = 0
𝑑𝑀
𝜏 ⋅ 𝑡𝑑𝑥 = ∫ 𝑦𝑑𝐴
𝐼𝑧0
𝐴
𝑑𝑀 𝑦
𝜏 = ∫ ( )( ) 𝑑𝐴
𝑑𝑥 𝑡 ⋅ 𝐼𝑧0
𝐴
𝑉 ⋅ 𝑄𝑧
𝜏=
𝑡 ⋅ 𝐼𝑧0
22
Na indústria aeronáutica lida-se constantemente com estruturas esbeltas,
estruturas que sofrem grandes deslocamentos e que são construídas com materiais
compostos, tornando assim o uso do método de elementos finitos uma ferramenta
essencial para se obter resultados confiáveis e que condizem com a realidade.
2.5 OTIMIZAÇÃO
Segundo (CAMPELO, 2012) otimização é um conjunto de técnicas capazes de
determinar as melhores configurações possíveis para a construção e funcionamento de
sistemas de interesses.
Problemas de otimização podem ter contextos distintos, como por exemplo, obter
o menor peso possível para uma longarina. Determinar a melhor política de compras e
vendas de cabeça de um rebanho de gado, obter o melhor portfólio de investimentos
financeiros, como melhorar o desempenho de uma rede de computadores, entre outros
exemplos de diferentes áreas. Por sua vez, segundo (CAMPELO, 2012) apesar dos
diferentes contextos, uma vez determinado o modelo matemático do problema, todos
esses problemas a princípio distintos, possuem praticamente a mesma estrutura, sendo a
solução obtida pelo mesmo conjunto de técnicas.
Dessa forma conforme descrito por (CAMPELO, 2012) o primeiro passo de um
problema de otimização é definir o problema matematicamente. Todos os problemas de
otimização podem ser descritos da seguinte forma:
𝑔𝑖 (𝑥) ≤ 0, 𝑖 = 1, … , 𝑝
𝑠𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎 ∶ {
ℎ𝑗 (𝑥) = 0, 𝑗 = 1, … , 𝑞
23
Por fim, 𝑔𝑖 𝑒 ℎ𝑖 representam as funções de restrição a qual o sistema está
submetido. As funções 𝑔𝑖 estabelecem limites aos quais o sistema está restrito, enquanto
ℎ𝑖 estabelece uma região ao qual a solução deve estar.
24
3. METODOLOGIA
Na figura 12 é apresentado o fluxograma da metodologia adotada para realizar a
otimização estrutural da longarina da asa utilizada pela equipe de AeroDesign da UFMG
(Uai! Sô, Fly!!!) em 2015. Na sequência tem-se a explicação resumida de cada uma das
etapas do trabalho.
25
Figura 13 Diagrama V x n da aeronave
26
3.2 CÁLCULO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES
Como o foco do trabalho é a otimização estrutural não o cálculo de cargas, nesta
etapa será detalhado o procedimento de cálculo somente para a condição mais crítica, que
corresponde à condição 1 da tabela 1, na seção 2.1. O cálculo completo de cargas da
aeronave se encontra em (GUEDES, MARIO, et al., 2015)
𝐿𝑤 + 𝐿𝑇 = 𝑛𝑊
𝐿𝑤 = 𝑛𝑊 − 𝐿𝑇
𝑛=2
𝑊 = 18,5 ⋅ 9,81 𝑁
𝐿𝑡 = −10 𝑁
27
𝐿𝑤 = 373 𝑁
28
15 1400 5,83
16 1500 0
DistribuicaoSustentacao
30
25
Força Distribuida [N/m]
20
15
10
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500
Envergadura [mm]
O primeiro desafio encontrado neste modelo foi definir como seria o formato
geométrico da longarina. Como ponto de partida decidiu-se utilizar a mesma geometria
do projeto original, que é uma longarina tipo viga em “C”, com as mesas fabricadas com
rovings de fibra de carbono em resina epóxi e alma de tecido bidirecional de carbono.
29
Figura 16 Visão superior da mesa de compressão afilada linearmente conforme no projeto
original
30
Figura 17 Diferentes formas da curva de Bézier
É importante notar uma propriedade relevante de todas essas curvas, em que todas
elas devem estar limitadas pelos seus pontos de controle.
31
Na sua forma cúbica os pontos da curva de Bezier podem ser representados por:
𝑋
𝐵(𝑡) = [ ]
𝑌
𝑋 𝐵 𝐵 𝐵 𝐵
[ ] = (1 − 𝑡)3 ⋅ [ 0𝑋 ] + 3 ⋅ 𝑡 ⋅ (1 − 𝑡)2 ⋅ [ 1𝑋 ] + 3 ⋅ 𝑡 2 ⋅ (1 − 𝑡) ⋅ [ 2𝑋 ] + 𝑡 3 [ 3𝑋 ]
𝑌 𝐵0𝑌 𝐵1𝑌 𝐵2𝑌 𝐵3𝑌
O desafio de gerar a geometria das mesas foi dividido em duas etapas. A primeira
seria a geração da sua forma em planta, e a segunda etapa seria a determinação da sua
distribuição de espessura.
Analisando esses pontos verifica-se que seriam oito variáveis, porém x1 e x4 são
valores conhecidos, pois x1=0 e x4=1500 mm, uma vez que o primeiro ponto tem que
estar na raiz e o último na ponta da asa. Dessa forma os pontos a serem determinados
passam a ser:
32
Figura 18 Exemplificação da função GeradorMesa
𝑦1 = 17,87
𝑥2 = 3,97
𝑦2 = 1040,86
𝑥3 = 0,30
𝑦3 = 25,21
𝑦4 = 3,16
33
Figura 19 Desenho das mesas com valores de teste das variáveis
34
É importante destacar que com o uso do material composto pode-se obter somente
valores discretos de espessuras, sendo a espessura um múltiplo da espessura de uma
lâmina. Os laminados utilizados nesse trabalho, laminados de carbono unidirecional e
bidirecional, com resina epóxi com proporção de fibra/resina de 50%/50%, são de 0,28
mm e 0,36 mm respectivamente.
1) GeradorMesas
2) CalculoPeso
3) CálculoTensões
4) MargemDeSegurança
35
posição do centroide de cada seção, bem como o seu momento de inercia. Assim utilizam-
se esses dados geométricos juntamente com as cargas calculadas na seção 3.2 para
calcular as tensões de tração, compressão e cisalhamento conforme descrito na seção 2.3.
Sujeito a:
3.4.1 Função GA
A função “ga” é uma função já contida dentro do Matlab que calcula o mínimo de
uma função utilizando um algoritmo genético. Para isso, esta função precisa de receber
como entrada um conjunto de variáveis e funções.
Neste trabalho utilizou-se a função “ga” em que duas entradas eram funções, a
função objetivo (função CalculaPeso), e a função de restrição (função
MargemDeSeguranca), e quatro variáveis. As quatro variáveis, e seus respectivos valores
foram:
36
A figura 20 exibe parte do código desenvolvido que utiliza a função ga.
Para poder simular esta estrutura, o primeiro passo é realizar o desenho dela, para
isto utilizou-se os dados geométricos da longarina otimizada para desenhá-la no programa
de CAD SolidWorks. É importante destacar que o desenho foi feito com todos os
componentes da longarina sendo desenhados como elemento de superfície, uma vez que,
este é o tipo de elemento aceito pelo software Femap/NX-Nastran para modelar elementos
do tipo laminado.
Após o desenho foi feita a modelagem dessa estrutura no software Femap /NX-
Nastran. Neste capítulo será detalhado o passo a passo do que foi feito para realizar essa
simulação com o objetivo de gerar a rastreabilidade dos resultados obtidos. Os resultados
obtidos serão apresentados no capítulo 4.
37
a) Importação da geometria
38
comportamento de uma lâmina. Os valores das propriedades foram preenchidos conforme
os valores contidos na tabela 5. Na figura 22 é possível observar a janela de comando na
qual são preenchidas as propriedades do material.
Uma vez definido o material o próximo passo é definir os layups, que são os
conjuntos de laminas que vão formar o laminado. Nesta etapa define-se as espessuras de
cada lamina, e quantas laminas vão formar o laminado final. A figura 23 exibe a janela
na qual é preenchido as propriedades para definir um layup.
39
Figura 23 Definição do layup
40
Dessa forma criou-se três elementos, um para cada componente da asa (alma,
mesa de tração e mesa de compressão) com os respectivos layups. A força de ligação
interlaminar foi obtido com dados do fabricante da resina, e o critério de falha escolhido
foi o de máxima deformação.
Foi escolhido o critério de falha de máxima deformação por este não necessitar de
variáveis adicionais que precisam de ser obtidas através de ensaios (critério de Tsai-wu),
e por ser um critério bem consolidado dentro da indústria.
e) Malha
41
Figura 25 Modelo da longarina pós aplicação do mesh control
Após a utilização do mesh control foi gerada a malha do modelo, atribuindo a cada
um dos componentes a sua respectiva propriedade. Para isto utilizou-se elementos de
geometria quadrilateral, por esta geometria apresentar maior estabilidade numérica. O
resultado do modelo após a geração da malha pode ser observado na figura 26.
O modelo final contou com 54368 elementos constituídos por 55802 nós.
f) Orientação
42
Como se está trabalhando com materiais compostos que são anisotrópicos, em que
as propriedades dependem de uma orientação de referência, que no caso é a orientação da
fibra, é necessário definir a orientação principal dos materiais dentro do modelo.
g) Cargas
A primeira foi a aplicação das cargas, em cada uma das seções, em nós criados na
região correspondente a 1 cm para frente do ¼ da corda. Esta região foi escolhida por
estar relativamente próxima da região para onde as cargas foram calculadas (¼ da corda),
mas que ao mesmo tempo não seja um nó da longarina, pois neste caso ocorreria uma
concentração de tensão. As cargas nesses nós foram aplicadas como forças na direção
43
correspondente ao eixo global Z com os valores especificados pela tabela 6. Na figura 27
é possível observar o modelo após esta etapa.
A segunda etapa foi distribuir as cargas aplicadas para a longarina. Para isto
utilizou-se elementos de ligação do tipo RB3. Segundo o manual do software, elemento
rígido é uma junção entre nós, havendo o nó de referência, e os nós dependentes desse nó
de referência. Os movimentos dos nós dependentes, são governados pelos graus de
liberdade atribuídos aos nós de referência. Dessa forma, atribuiu-se como nós de
referência aqueles onde as cargas foram aplicadas, e estes nós foram ligados aos nós da
sua vizinhança, para assim distribuir os esforços.
Foi escolhido o elemento rígido RBE3, porque este elemento interpola o valor da
força aplicada a vários nós sem inserir nenhuma rigidez na estrutura. A figura 28 mostra
o resultado do modelo após a aplicação do elemento rígido RB3 para distribuir as cargas.
44
Figura 28 Modelo pos aplicação do elemento de ligação RB3
h) Condição de contorno
45
4. RESULTADOS
Nesta seção serão apresentados os resultados que levaram à determinação da
geometria ótima da longarina, bem como a análise dessa geometria através do método de
elementos finitos
𝑋 = [ 10,0
3,0
383,7
0,6
247,7
2,3
15,2
3,0
1163,4
0,1
281,2
46
1
1]
Estas variáveis geraram uma geometria que tem o peso de 63,5g. A geometria
original que foi utilizada pela equipe na competição de 2015 tinha um peso de 72,7g,
Dessa forma a nova geometria representa uma redução de 12,6% do peso da geometria
original.
𝑋(1: 6) = [10
383,7
0,6
247,7
47
2,3]
𝑋(13: 17) = [1
1]
48
Observa-se que o resultado obtido foi como sendo uma estrutura com uma camada
em todas as estações.
3.0
1163.4
0.1
281.2
3.0]
em que X(7) e X(8), que são 15.2 e 3mm respectivamente, representam a largura na raiz
e na ponta da mesa de compressão.
49
Figura 31 Geometria da mesa de compressão
𝑋(18: 22) = [1
1]
Observa-se que o resultado obtido foi uma estrutura com uma camada em todas
as estações.
50
compressão é menor do que para a mesa de tração, o que já era esperado visto a menor
resistência do material para esta condição. A segunda é que o ponto em que a largura se
estabiliza em 3 mm é de aproximadamente 800 mm em comparação com os 500 mm da
mesa de tração.
𝑋(23: 27) = [1
1]
Estes resultados indicam que somente uma camada é suficiente para resistir as
tensões de cisalhamento a qual a alma é submetida.
51
Figura 32 Distribuição de tensão ao longo da longarina
A figura mostra que a tensão máxima atuante é de 1237 Mpa, e que as tensões
estão abaixo do limite do material, e abaixo do calculado analiticamente pelo programa.
A hipótese para esta diferença está nas aproximações e simplificações para realizar este
cálculo analiticamente.
52
Figura 33 Distribuição do critério de falha ao longo da longarina
Para não ocorra a falha da estrutura este o índice de falha deve estar abaixo de 1,0
e como a região mais crítica tem um índice de falha de 0,94 observa-se que a estrutura
atende os requisitos de segurança.
53
5. CONCLUSÃO
Minimização de peso é um ponto chave no projeto de aeronaves, e este trabalho
apresentou os procedimentos para realizar a otimização estrutural de uma longarina afim
de minimizar o seu peso.
54
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, C. P. D. Introdução ao Projeto de Aeronaves Leves. [S.l.]: [s.n.],
2001.
55
SILVA, S. G. D. Análise de Flutter da Aeronave CEA 311 Anequim. [S.l.]:
[s.n.], 2014.
56