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• Periodização
de 1500 até 1549: da chegada de Cabral á instalação do governo geral
de 1549 até fins do século XVIII
de fins do século XVIII até época da Independência (1822).
Os interesses do Império marítimo português
Início: tentativas esparsas de exploração; de 1500 à 1535 - principal atividade econômica: extração de pau-brasil --
sistema de trocas;
Início de colonização efetiva: sistema de Capitanias Hereditárias (divisão em quinze Capitanias entregues aos capitães-
donatários - pequena nobreza, burocratas e comerciantes; todos com ligação com a Coroa);
Capitães-donatários: possuidores mas não proprietários - sistema ele doações de feitorias
Capitanias com êxito: de São Vicente e de Pernambuco
• O Governo Geral:
Maior organização administrativa da Colônia- garantia da posse territorial da nova terra, colonização efetiva
e organização das rendas para a Coroa;
Chegada dos primeiros jesuítas: braço direito elo Estado português na catequização e colonização na
América Portuguesa - catequização dos índios e dos colonos;
São Salvador: capital do Brasil até 1763;
OBS: “A instituição de um governo geral representou um esforço de centralização administrativa, mas isso não
significa que o governo geral detivesse todos os poderes, nem que em seus primeiros tempos pudesse exercer uma
atividade muito abrangente. A ligação entre as capitanias era bastante precária, limitando o raio de ação dos
governadores. A correspondência jesuítica dá claras indicações desse isolamento. Em 1552, escrevendo da Bahia
aos irmãos de Coimbra, o Padre Francisco Pires queixa-se de só poder tratar de assuntos locais, porque às vezes
passa um ano e não sabemos uns dos outros, por causa dos tempos e dos poucos navios que andam pela costa e às
vezes se vêem mais cedo navios de Portugal que
das capitanias. Um ano depois, metido no sertão de São Vicente, Nóbrega diz praticamente a mesma coisa: “Mais
fáci1 é vir de Lisboa recado a esta capitania que da Bahia" (BOSI, 2000: p.47)
Brasil como colônia: sentido básico – Fornecer ao comércio europeu gêneros alimentícios ou minérios de grande
importância.
Política da metrópole: incentivo à empresa comercial, baseada na grande propriedade (enormes latifúndios) e em uns
poucos produtos exportáveis em grande escala.
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Atuação econômica e social dos membros da Igreja;
Função primordial da igreja na colônia : conversão
dos índios e negros , obediência da população aos seus
preceitos e aos do Estado.
Relação ESTADO E SOCIEDADE: (Ver texto
anexado no final)
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“O Estado português na época da colonização é um Estado absolutista. Em teoria , todos
os poderes se concentram por direito divino na pessoa do rei. O reino – sou seja , o território , os
súditos e seus bens- pertencem ao rei , constitui seu patrimônio. Daí o uso da expressão ‘Estado
patrimonialista’ para definir o Estado absolutista , utilizada por muitos autores , a partir da
conceituação do sociólogo alemão Max Weber.
Tudo isso não quer dizer que o rei não devesse levar em conta os interesses dos
diferentes estratos sociais – nobres , comerciante , clero , gente do povo- nem que governasse
sozinho . A preferência pela expressão ‘Coroa’ em vez de ‘Rei’ para designar o poder da
monarquia portuguesa é significativa nesse sentido. Se a palavra decisiva cabia ao rei , tinha
mito peso na decisão de uma burocracia por ele escolhida , formando um corpo de governo.
Mesmo a indefinição das fronteiras entre o público e o privado não foi completa ; pelo menos
no reinado de D. João IV ( 1640-1656), uma série de medidas foram tomadas , principalmente
no âmbito fiscal , como o objetivo de estabelecer limites à ação do rei. O ‘ bem comum ‘ surgia
como uma ideia nova que justificava a restrição aos poderes reais de impor empréstimos ou se
apossar de bens privados para seu uso.
O MERCANTILISMO
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“ A forma pela qual , ao longo de alguns séculos , a Coroa portuguesa tratou de
assegurar maiores ganho do empreendimento colonial relaciona-se com as concepções de
política econômica vigentes na época , abrangidas pela expressão ‘mercantilismo’. Falamos em
concepções no plural porque seria equivocado imaginar que houve uma política econômica dos
Estados europeus , sempre idênticas , entre os séculos XV e XVIII. Ela variou muito , de país a
país , de período a período , mas alguns traços essenciais podem ser definidos . antes de fazer
isso , lembremos que a doutrina mercantilista não era, em si mesma , uma teoria econômica
baseada em conceitos , mas um receituário de normas e política econômica. Foi a partir da
prática e para justificá-la que se chegou à formulação de uma teoria.
Tanto a prática como a teoria partiam do princípio de que não há ganho para um Estado
em prejuízo de outro . Como alcançar ganho? Atraindo para si maior quantidade possível do
estoque mundial de metais preciosos e tratando de retê-lo. Isso deveria ser alcançado por uma
política de proteção dos produtos através de uma série de medidas : reduzir pela tributação
elevada , ou proibir a entrada de bens manufaturados estrangeiros e facilitar o ingresso de
matérias –primas ; inversamente , proibir a saída de matérias –primas produzidas no país e
estimular a exportação de manufaturados quando estes concorressem vantajosamente no
mercado internacional.
O EXCLUSIVO COLONIAL
Não é possível colocar-se na linha de uma ou outra dessas interpretações por duas
razões principais :1ª – porque elas se apresentam como um modelo imposto a espaços e
momentos históricos diversos ; 2º- porque ao separar radicalmente Estado de um lado e
sociedade de outro tende-se a excluir a possibilidade de entrelaçamento dos dois níveis .
Começando pela mais antiga, podemos dizer que a ausência do Estado e o preenchimento de
suas funções por grupos privados ocorreu em certas áreas , como no sertão nordestino , voltadas
para a pecuária . Mas isso não serve para definir o quando mais geral da Colônia .
Por outro lado , o Estado português não se ajusta à idéia de uma máquina burocrática
esmagadora , transposta com êxito para a Colônia . A tentativa de transpor a organização
administrativa lusa para o Brasil chocou-se com inúmeros obstáculos , dada a extensão da
Colônia , a distância da Metrópole e a novidade dos problemas a serem enfrentados . O Estado
foi estendendo seu alcance ao longo do tempo, diríamos melhor ao longo dos séculos , sendo
mais presente nas regiões que eram o núcleo fundamental da economia de exportação . Até
meados do século XVII, a ação das autoridade somente se exerceu com eficácia na sede do
governo –geral e das capitanias à sua volta. Nas outras regiões predominaram as ordens
religiosas , especialmente a dos jesuítas , considerada um Estado dentro do Estado , ou os
grandes proprietários rurais e apresadores de índios .
Com a descoberta das minas de ouro e diamantes , no início do século XVIII, o Estado
aumentou seus controles com o objetivo de organizar uma sociedade em rápido crescimento e
de assegurar a percepção dos tributos sobre as novas riquezas. Mas mesmo aí só o Distrito
Diamantino , instalado em Minas Gerais , correspondeu à imagem de um Estado sobreposto à
sociedade , amputando todos os membros que resistissem a seu domínio.
Isto não quer dizer que seja inviável estabelecer um padrão geral das relações entre
Estado e sociedade no Brasil colonial , respeitadas as diferenças de tempo e espaço. Em
primeiro lugar , sobretudo quando nos referimos aos níveis mais altos da atividade do Estado ,
será quase sempre possível distinguir entre a ação do Estado e os interesses dominantes da
sociedade . A Coroa e seus prepostos no Brasil assumiram um papel de organizador geral da
vida da colônia que não correspondia necessariamente a esses interesses . Por exemplo ,
medidas tendentes a limitar a escravização dos índios ou a garantir o suprimento de gêneros
alimentícios por meio do plantio obrigatório nas fazendas foram recebidas até com revolta pelos
apresadores de índios e proprietários rurais.
Mas Estado e sociedade não são dois mundos estranhos . Pelo contrário , há um duplo
movimento do Estado em direção à sociedade e desta em direção ao Estado , cauterizando-se
pela indefinição dos espaços público e privado. Se , por um lado , o Estado é penetrado por
interesses particulares , por outro , sua ação não tem limites claros , decorrentes de garantias
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individuais dos cidadãos. Os traços do Estado patrimonial luso , onde tudo , em última análise é
patrimônio do rei , ajustam-se aos traços da sociedade colonial onde a representação de classe,
pensada como representação coletiva de um setor social , cede terreno à sociedade familiar.
Por caminhos diversos , resulta disso um governos que se exerce não segundo critérios
de impessoalidade e de respeito à lei , mas segundo critérios de lealdade . uma conhecida
expressão , ‘para os amigos tudo , para os inimigos a lei’, resume a concepção e a prática
descritas.” ( FAUSTO , Boris . História Concisa do Brasil.1.ed. São Paulo: EDUSP, 2002.p.36-
38)
1. De acordo com Boris Fausto , pode-se identificar duas interpretações principais acerca
da atuação do Estado Português na Colônia Brasileira. Quais seriam essas duas
vertentes e o que cada uma delas , de maneira geral, argumenta?
2. Tendo em vista as vias interpretativas enumeradas por Fausto e discutidas acima , por
que essa autor revela que não poderíamos nos colocar optando por uma em
detrimento de outra vertente?
3. Um diagnóstico ressaltado por Fausto que coloca por terra a necessidade de opção
ente uma das duas interpretações enumeradas por ele é a afirmação de que no Brasil
Colonial presenciamos a “indefinição dos espaços público e privado.” Explique ,
utilizando primordialmente suas palavras ( mas detendo-se na ideia central do texto),
o que o autor quis dizer com isso .