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O documento descreve a biblioteca do Tempo, onde o Tempo é retratado como um leitor eterno e atento que dá mais valor às obras literárias do que aos eventos históricos. Também reflete sobre como as obras literárias são feitas para o Tempo e como tudo envelhece mais rápido para nós em anos do que para o Tempo em séculos.
O documento descreve a biblioteca do Tempo, onde o Tempo é retratado como um leitor eterno e atento que dá mais valor às obras literárias do que aos eventos históricos. Também reflete sobre como as obras literárias são feitas para o Tempo e como tudo envelhece mais rápido para nós em anos do que para o Tempo em séculos.
O documento descreve a biblioteca do Tempo, onde o Tempo é retratado como um leitor eterno e atento que dá mais valor às obras literárias do que aos eventos históricos. Também reflete sobre como as obras literárias são feitas para o Tempo e como tudo envelhece mais rápido para nós em anos do que para o Tempo em séculos.
O Tempo é um velho leitor, eterno leitor, atento e incansável. Nem um instante
larga o livro. Parece que da vida só existe para ele aquilo que ficou escrito. O resto desaparece, o Tempo não o lê. Não parece dar muita atenção aos acontecimentos. São matéria de pouca monta, digna só de relatórios de historiadores. Podem ferir-se as mais tremendas batalhas, acontecer cataclismos. Ele olha sem curiosidade. Um herói só lhe interessa se um gênio o toma para personagem de seu poema. É um velho de longas barbas, sentado sempre, um livro na mão. Escolhe cuidadosamente as obras que lê, e só dá valor à própria opinião. Se refletíssemos em que é para esse estranho personagem que se escrevem as obras-primas da literatura; para esse antiquário que são feitas as Vênus de mármore de cor mais bela do que a própria carne, seríamos por certo menos apressados em nossas obras e em publicá-las, menos ansiosos da opinião pública e da admiração alheia. Para vermos como somos iludidos em nossa pretensão de modernidade, basta notarmos que o que se fazia há alguns anos, todo o intenso movimento revolucionário que se processou na arte e na literatura dos últimos anos, e podemos mesmo recuar até o Simbolismo ou mesmo até o Romantismo, tudo isso nos parece muito mais velho do que aquilo que há muitos séculos faziam os gregos, tão modernos sempre em qualquer época, ou os egípcios, tão profundos na sua atitude esfíngica, significativa do mistério universal que nos rodeia. Tudo para nós envelhece mais depressa em anos do que em séculos. Aquela que vimos outrora apontada como exemplo de beleza e que vemos agora de óculos, cercada de netos, é muito mais velha que uma igreja secular, na sua perene frescura de pedra.