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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versão On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. v.2 n.2 Rio de Janeiro dez. 2006

O trabalho com sonhos na terapia cognitiva

The work with dreams in cognitive therapy

Helene Shinohara

Mestre e especialista em psicologia clínica, professora e supervisora do


departamento de psicologia da PUC-Rio
RESUMO

Desde o início do desenvolvimento da terapia cognitiva como abordagem


psicoterápica, muitas inclusões teóricas e técnicas têm sido feitas aos parâmetros
propostos inicialmente. Explorar temas deixados em aberto, como o trabalho com
os sonhos, tem sido um desafio importante para os terapeutas. Pesquisas sugerem
que o conteúdo de alguns sonhos pode ter relação com a personalidade do
sonhador, contém temas e expectativas de desfechos semelhantes com os
pensamentos dele quando acordado, e que as mesmas preocupações conscientes
são expressas na experiência do sonho. Pode-se então considerar alguns sonhos
como rico material terapêutico, onde padrões cognitivos e afetivos são expressados
e esquemas podem estar exercendo sua máxima influência. Uma vez que o
processo de lembrança e discussão do sonho ocorre em estado de vigília, o “modo”
usado pelo cliente para lembrar detalhes e interpretar as memórias do sonho
conterá as mesmas distorções características de suas interpretações da realidade.
O objetivo do artigo é apresentar, de forma sucinta, algumas elaborações teóricas
sobre o modelo cognitivo dos sonhos, assim como propostas de intervenção
cognitiva com posterior descrição de um caso clínico, onde o sonho do paciente foi
utilizado como principal indício de mudança de crença.

Palavras-chave: Sonhos, Terapia cognitiva, Intervenção terapêutica.

ABSTRACT

Several new theoretical aspects and techniques have been added to cognitive
therapy since its beginning as a therapeutic approach. The need to expand the
limits came from the clinical work, especially with challenging clients. The work with
dreams in psychotherapy is one of these issues. Research suggests that some
dreams may have relation to the dreamer's personality, contain the same themes
and expectations of the awaken life, and express similar worries. Therefore some
dreams could be considered important therapeutic material, where cognitive and
emotional patterns are expressed and when schemas are fully activated. As the
access to the dream memories and its discussion occur in the awaken state, the
mode to remember details and the organization of the material will be influenced by
the same characteristic distortions one uses to interpret reality. The objective of
this article is to present some considerations about the cognitive model of dreams,
including the description of an intervention that used a dream as a sign of change
in the client's core belief.

Keywords: Dreams, Cognitive therapy, Therapeutic intervention.


Introdução

Vários assuntos são pouco explorados na literatura sobre terapia cognitiva, por
diferentes razões. Apesar de fronteiras terem sido ampliadas e problemas antes
considerados de difícil prognóstico já poderem ser analisados e tratados, outros
temas relativos a aspectos clínicos relevantes acabaram por ficar fora do âmbito
dos estudos da mais promissora abordagem psicoterapêutica. Até bem pouco
tempo atrás, os principais livros sobre terapia cognitiva para profissionais,
recomendados pelo site do Beck Institute, enfatizavam teoria e técnica, e quase
nada tinha sido publicado sobre relação terapêutica, resistência, transferência e
contra-transferência, inconsciente e sonhos. É importante que artigos existentes
sobre estes assuntos sejam compartilhados e novos sejam escritos, por mais que
pareça difícil ou pretensioso.

Perguntas sobre estes assuntos são freqüentemente feitas por alunos nas salas de
aula. Em conversas entre colegas (terapeutas experientes), discutem-se
dificuldades e peculiaridades dos casos que não respondem aos procedimentos
básicos da terapia cognitiva. Os clientes também nos colocam em situações para as
quais nem sempre estamos preparados tecnicamente. Portanto, são estes os
desafios que nos forçam, cada vez mais, a buscar novos horizontes.

Especificamente a respeito dos sonhos, pouquíssima literatura foi produzida. Em


revisão bibliográfica realizada por Rosner (1994, citado por Rosner, 2004), não foi
encontrado material significativo ou manuais produzidos pelos principais autores
cognitivistas, mas sim, alguns poucos textos escritos por construtivistas. Este artigo
pretende divulgar o escasso material sobre o assunto, tomando como base um livro
editado por Rosner, Lyddon e Freeman em 2004. Complementariamente, será
apresentado o trabalho com um sonho trazido por um cliente para a terapia.

Parece estranho que Beck tenha escrito a teoria cognitiva dos sonhos em 1971 e
quase ninguém tenha ouvido falar disto. Na época, Beck estava fazendo uma série
de estudos sobre os aspectos cognitivos dos sonhos, enquanto ainda ligado, de
certo modo, à psicanálise. Ele apresentou este trabalho em um artigo publicado em
revista daquela abordagem, mas não houve boa recepção às suas idéias e nem à
sua tentativa de encontrar pontos em comum. Talvez, este momento tenha sido um
marco para o desenvolvimento da terapia cognitiva como abordagem independente.

Por outro lado, a comunidade de terapeutas comportamentais recebeu seus outros


trabalhos de pesquisa entusiasticamente. Em primeiro lugar, por causa dos
aspectos empíricos de sua teoria, da metodologia experimental utilizada e da sua
decisão de trazer a ciência para mais perto da psicoterapia. Uma das análises
relacionadas a esta receptividade aponta para a priorização de determinados temas
mais confortáveis para ambos os grupos e a eliminação, temporária, daqueles que
pudessem ser confundidos com a psicanálise (Rosner, 2004).

Na medida em que a terapia cognitiva foi-se ampliando enquanto abordagem, os


assuntos inerentes ao processo terapêutico, e que não são exclusivos de uma
abordagem psicodinâmica, foram sendo estudados e incorporados dentro de uma
perspectiva cognitivista. O trabalho com sonhos é um destes exemplos.
Os sonhos

Sonhar é uma experiência humana que, desde sempre, intriga, confunde e encanta
tanto o homem comum quanto o cientista. A sabedoria popular encontra relações
causais entre um determinado tipo de sonho e certo acontecimento; ou credita-lhe
poderes de revelação sobre o futuro ou sobre enigmas; ou ainda de cura. Há
explicações que enfatizam a necessidade de reencontros com entes queridos que se
foram, ou até que os exploram como oportunidade para experiências extracorporais
importantes, para insights e para soluções de problemas do dia-a-dia. Há, portanto,
uma série de crenças a respeito dos sonhos, seus poderes e significados.

Para a psicologia, qual seu valor? Terá o sonho relação com a personalidade
daquele que o sonha? Terá alguma colaboração a dar? Estas perguntas têm sido
respondidas de forma diferente em cada uma das abordagens. Freud (1976),
destaca a interpretação do sonho como técnica importante para acesso e
entendimento do Inconsciente. Para Jung (1996), os sonhos têm função
compensatória, ao apresentar ao ego pontos de vista que são complementares às
atitudes dominantes quando acordados, além de revelar o inconsciente coletivo. A
Gestalt entende os sonhos como produto pessoal do sonhador, e todos os
elementos introduzidos nele como projeções dos aspectos da sua personalidade
(Perls, 1977). Para os behavioristas radicais, os sonhos são comportamentos
discriminativos que trazem informação relevante sobre a história passada e as
contingências de reforçamento atuais (Skinner, 1976). Concorda-se, então, que é
uma atividade do ser humano que pode ser valorizada em psicoterapia.

Estudos recentes sobre neurofisiologia estabelecem 3 estados de existência do ser


humano: a vigília, o sono, e a parte do sono onde ocorre o sonho. Experiências
diferentes são vivenciadas em cada uma destas fases. As pessoas sonham em torno
de 1/12 de suas vidas, o que corresponde a 50.000 horas. Nenhuma atividade que
consome este tempo do indivíduo pode ser desconsiderada, assim como deve ter
função importante para a sobrevivência da espécie (Doweiko, 2002).

É no estágio do sono chamado de REM, que está associado a movimentos rápidos


dos olhos, que ocorrem os sonhos. Neste momento, observa-se uma alta atividade
cerebral; níveis de acetilcolina altos e de serotonina e noradrenalina baixos; sonhos
vívidos, bizarros e com imagens complexas. As imagens são claras e nítidas, apesar
de ausência de crítica, quando se aceita, por exemplo, como natural, estar
sonhando com uma pessoa que se transforma em outra no meio da conversa;
quando se está em um local e, de repente, em outro; ou quando coisas impossíveis
ocorrem naturalmente naquele contexto.

A experiência do sonho é resultado de um processo extremamente complexo de


ativação e supressão neuronais no córtex cerebral. A neurobiologia moderna
entende que os sonhos podem ser somente uma forma de “barulho” criada por esta
atividade cerebral em certos estágios do sono (Hobson, 1999, citado por Doweiko,
2002).

De qualquer forma, os sonhos fazem parte da experiência humana e têm sido foco
central nas psicoterapias psicodinâmicas. Por isso, discute-se a utilidade de uma
teoria dos sonhos que não esteja estabelecida em princípios psicanalíticos.
Terapeutas cognitivo-comportamentais podem construir uma compreensão dos
sonhos baseada em teorias contemporâneas e encontrar utilidade na análise de
alguns sonhos, de alguns clientes, em algum momento do trabalho clínico.
O modelo cognitivo dos sonhos

O terapeuta com formação em terapia cognitivo-comportamental não é preparado


ou treinado para o trabalho com sonhos e pode perder uma oportunidade valiosa de
entrar em contato com a riqueza de imagens oferecida pelos sonhos.

O modelo cognitivo vê o sonhador como ser idiossincrático e o sonho como uma


dramatização de suas crenças sobre si, sobre o mundo e sobre o futuro, sujeitas às
mesmas distorções de quando acordado. Beck (1971) afirma que o conteúdo de
alguns sonhos tem relação com a personalidade do sonhador, que este contém
temas e expectativas de desfechos semelhantes com os pensamentos dele
enquanto acordado, e que as mesmas preocupações conscientes são expressas na
experiência do sonho.

Deve ser entendido como temático em vez de simbólico. A compreensão do


conteúdo e dos temas dos sonhos oferece oportunidade para o cliente entender
suas cognições e questionar os pensamentos ansiogênicos ou depressores, podendo
ter, como resultado, uma mudança afetiva. Os fatores cognitivos dominantes
exercem influência máxima sobre os sonhos, já que outros processos ativados
durante a vigília não estão presentes.

A recordação e interpretação do sonho ocorre no estado normal de vigília, e estas


memórias relatadas estão sujeitas às mesmas distorções aparentes nas outras
dimensões de sua vida. Os pensamentos, sentimentos e comportamentos que
aparecem nos sonhos estão intimamente relacionados. O conteúdo e tema do
sonho podem ser identificados, questionados e reestruturados (Freeman & White,
2004).

Um Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD) preenchido pelo cliente entre as


sessões relata o que ele pensou, sentiu e fez em determinadas situações,
clinicamente relevantes. O sonho também é uma história que pode ser relatada, ou
registrada, e discutida com objetivos e forma semelhantes. Muitas vezes, crenças
significativas podem ser identificadas a partir dos registros de lembranças dos
sonhos. É, portanto, inquestionável seu valor terapêutico.

Em revisão de pesquisas realizada por Beck (1971), conclui-se que os temas dos
sonhos estão correlacionados com categorias diagnósticas. Por exemplo,
depressivos relatam sonhos de derrota e coerção; paranóides, de perseguição ou
abuso; ansiosos, de perigo; e maníacos, com temas expansivos e de grandeza. É
sugerido que o trabalho com sonhos pode também servir ao propósito de
confirmação ou refutação de hipóteses diagnósticas.

A narrativa imposta pelo sonhador ao seu sonho quando o conta pode servir como
uma tentativa de interpretar e estabelecer alguma ordem à experiência sensorial
caótica vivenciada durante o sono. Este “barulho” refletido da atividade cerebral
durante o sono, quando lembrado em partes ao acordar, será arranjado numa
seqüência coerente para ser relatado.

Esta narrativa será construída de um jeito personalizado, isto é, alguma forma de


estrutura será dada aos fragmentos de lembrança do sonho. Este sonho contado
também conterá as mesmas distorções características da interpretação da realidade
feitas pelo sonhador. Já que o processo de lembrança e discussão do sonho ocorre
em estado de vigília, o “modo” usado pelo cliente para lembrar detalhes e
interpretar as memórias do sonho será peculiar e característico (Gonçalves &
Barbosa, 2004)
O trabalho terapêutico

Muitas vezes, os sonhos são trazidos espontaneamente pelo cliente e podem ser
parte da agenda daquela sessão como qualquer outro assunto. Terapeutas
cognitivo-comportamentais têm dificuldade e se sentem pouco à vontade nestes
momentos, já que não estão familiarizados com esta perspectiva por não
encontrarem referências claras na bibliografia regular. A história do sonho nada
mais é do que uma oportunidade extra para identificação, questionamento e
reformulação de crenças.

O trabalho terapêutico com os sonhos do cliente pode ser escolhido como estratégia
em momentos em que a terapia parece estar estagnada, por exemplo, ou quando
emoções fortes são vivenciadas neles. Para tanto, deve fazer parte da agenda da
sessão como qualquer outro assunto, como sugerido por Freeman e White (2004).

Registros de sonhos, fragmentos ou imagens devem ser pedidos de forma análoga


aos registros de pensamentos disfuncionais. Quando ocorreu o sonho, qual era a
cena, o que pensou, o que sentiu e o que fez. Os personagens envolvidos também
serão explorados, pois podem trazer diferentes perspectivas sobre o tema.

Técnicas de reestruturação cognitiva, compreensão e questionamento das crenças,


criação de finais alternativos ou solução de problemas, e auto-instruções podem
resultar na mudança de humor e no desenvolvimento de habilidades de controlar e
interferir em sonhos aflitivos ou repetitivos. O conteúdo e as imagens dos sonhos
são sujeitos à mesma reestruturação cognitiva que os pensamentos automáticos.

Colocando de maneira mais geral, o trabalho terapêutico compreende acesso,


experienciação, modificação e ação sobre os sonhos (Gonçalves & Barbosa, 2004).
Através de uma série de perguntas, como as relacionadas abaixo, o cliente será
guiado na recordação e exploração deste material. Por exemplo:

1. O que acontece no sonho? Qual o cenário?

2. O que você e os outros personagens estão pensando, sentindo, fazendo? Você


percebe estas relações?

3. Qual o título desta história? Qual a relação deste título com a história?

4. Como esta história pode ser vista por outras perspectivas?

5. Que conexões tem com a sua vida acordada?

6. Qual a “moral” do sonho?

7. Como poderia construir sonhos diferentes sobre este tema?

8. Que outros finais poderiam acontecer?


Caso clínico

Este é um exemplo de um sonho relatado por um cliente após alguns meses de


terapia.

Trata-se de um rapaz de 20 anos, com diagnóstico de ansiedade generalizada com


alguns ataques de pânico. Sua história clínica começa por volta dos 11 anos de
idade quando passa a ter episódios de ansiedade alta e comportamentos evitativos,
principalmente ao ir para a escola e se separar da mãe. Tem um pai exigente,
batalhador, independente desde cedo e que, profissionalmente, se fez sozinho. A
mãe é muito responsável, ansiosa e controladora. O quadro de ansiedade dele volta
a aparecer acentuadamente neste momento em que se encontra mais vulnerável
devido a demandas e estresses do início da vida adulta.

Suas crenças mais negativas sobre si mesmo e sobre o mundo são novamente
ativadas. As crenças nucleares identificadas são: “eu sou inseguro e incapaz de
lidar com a vida” e “o mundo só reconhece os vencedores”. Os principais temas das
suas preocupações se concentravam nos estudos, no estágio, nos relacionamentos,
nas doenças e no futuro. Apresentava medo acentuado de fracassar e decepcionar
principalmente o pai, um modelo de sucesso a ser seguido. As preocupações
tinham como principal objetivo evitar que isto acontecesse.

Além da preocupação, desenvolveu outras estratégias que lhe pareceram eficientes


para não correr riscos, como estudar todas as matérias de Direito diariamente;
adiar começar estágio; interagir pouco socialmente; seguir uma rotina “segura”. No
entanto, estas mesmas estratégias impediam que ele desconfirmasse suas crenças
mais negativas.

Após alguns meses de terapia, nenhum novo ataque de ansiedade tinha sido
relatado, e o cliente demonstrava habilidade em identificar disparadores das
preocupações e trabalhar com seus pensamentos disfuncionais. Conseguiu começar
um estágio em sua área, estabelecer algumas novas amizades e sair pelo menos
em alguns dos fins de semana.

Em uma das sessões subseqüentes, o cliente chegou relatando um sonho que


considerava significativo, tanto por ser bastante freqüente e aflitivo, como por ter
sido um pouco diferente naquela noite. Ele sonha que está andando na rua e, de
repente, é preso, levado para uma delegacia e colocado em uma cela onde fica
sozinho e aterrorizado. A cena principal, por ele relatada, é dele chorando
desesperado e se sentindo completamente desamparado. Começa a ficar cada vez
mais desesperado quando o tempo passa, achando que o pior vai acontecer.
Geralmente acorda nesta hora, apesar de dizer que desta vez o sonho continuou.

Trabalhou-se vários aspectos da história contada, sendo os seguintes alguns dos


pontos principais desta discussão. A primeira parte do sonho foi explorada para
acessar detalhes da cena e identificar seus pensamentos:

T: “O que está passando na sua cabeça, quando você está naquele canto da
prisão?”

C: “Está passando que estou sozinho, impotente, sem ninguém para me ajudar,
que eu vou ficar ali para sempre e, principalmente, que ninguém vai entender
plenamente o que estou sentindo. É um sentimento terrível e é só meu, eu estou
existencialmente sozinho na minha vida, eu não sei como lidar comigo mesmo e
com a situação, preciso que alguém me ajude e não tenho a quem recorrer, estou
despreparado para enfrentar o mundo.”
T: “Este fluxo de pensamentos reproduzem claramente as mesmas crenças que
você tem a seu respeito e sobre a vida, como em outras situações do seu dia a dia
em vigília, não é?”

C: “É, e quando penso assim, sei que sinto muito medo, como no sonho.”

Após alguma discussão sobre isto, continuamos a explorar a segunda parte do


sonho:

T: “O que teve de diferente nesse sonho?”

C: “Em um dado momento, um advogado bem jovem apareceu e perguntou o que


tinha acontecido. Contei para ele que não sabia porque estava ali, que não tinha
motivo. Ele ficou parado na grade olhando para mim, sorrindo e com uma cara que
me tranqüilizou, e aí eu acordei.”

Resolvemos explorar os aspectos relacionados a este novo personagem.

T: “O que este advogado estaria querendo dizer?”

C: “Acho que algo do tipo: Não se preocupe, tudo tem jeito, você pode contar
comigo.”

T: “Porque será que ele aparece neste sonho e não nos anteriores?”

C: “Talvez para me dar alguma esperança.”

T: “Mas você disse que ele era jovem, pouco experiente...”

C: “É, mas ele já devia saber o suficiente de leis, da profissão ou da vida.”

T: “E você conseguiu acreditar nele?”

C: “Consegui e fiquei mais calmo, confiante.”

T: “Você vê alguma relação entre você e o advogado?”

C: “Me parece que tem alguma mudança no sonho e que essa mudança tem a ver
com o que a gente vem discutindo nas sessões.”

T: “Como assim?”

C: “Eu sempre tenho pensamentos negativos a respeito da minha capacidade para


me virar sozinho ou para dar conta da vida, mas eu venho percebendo que posso
mais do que acredito e que sei mais do que imagino.”

T: “Por que será que apareceu no sonho um jovem advogado e não outra pessoa
qualquer, seus pais, por exemplo?”

C: “Talvez porque eu já esteja quase me formando e possa me ver como aquele


advogado, mais fortalecido, mais adulto, mais capaz de resolver as coisas por
mim.”
Foi interessante discutir, a partir deste ponto, as mudanças em suas crenças, ao
longo da terapia. Ele concluiu a sessão refletindo sobre como estava aos poucos se
sentindo menos menino, menos despreparado. Para o terapeuta e para o cliente,
este sonho foi importante no sentido de permitir perceber que antigas crenças
estavam sendo reformuladas e novas crenças estavam, sim, sendo formadas.

Portanto, para alguns clientes, o trabalho com sonhos pode ajudar a identificar
crenças, pode explicitar melhor o funcionamento cognitivo, ou pode evidenciar
mudanças. Assim sendo, o terapeuta cognitivo deve enriquecer seu arsenal de
possibilidades terapêuticas, ao incluir os sonhos como mais um meio para o
entendimento da perspectiva particular de seu cliente sobre si, sobre o mundo e
sobre seu futuro. Beck (2007) afirma que alterar o “tratamento-padrão” é
necessário para abranger a multiplicidade de dificuldades apresentadas pelos
clientes.

Como qualquer procedimento, é essencial que o terapeuta esteja seguro de seu


conhecimento teórico e técnico sobre o assunto e que realize o trabalho em clima
colaborativo e afetivamente significativo.

Conclusão

Apesar de, até recentemente, assuntos como transferência, contra-transferência,


resistência, inconsciente e sonhos terem sido pouco enfatizados na literatura
especializada, e falados com um certo cuidado nos meios acadêmicos, mudanças
são evidentes entre terapeutas e pesquisadores. O caso apresentado ilustra como a
decisão de fazer uso dos sonhos pôde complementar os procedimentos cognitivos
anteriores. Observamos que a descrição e a compreensão destes fenômenos dentro
de uma perspectiva cognitivista têm propiciado referencial teórico e condições para
ampliar o raio de interesses e intervenções terapêuticas. E isto é essencial para
expansão das fronteiras da terapia cognitiva.
Referências Bibliográficas

Beck, A. T. (1971). Cognitive patterns in dreams and daydreams. Em: R. I. Rosner;


W. J. Lyddon & A. Freeman. (Orgs.). Cognitive therapy and dreams (pp.27-32).
New York: Springer.

Beck, J. (2007). Terapia cognitiva para desafios clínicos. Porto Alegre: Artmed.

Doweiko, H. E. (2002). Dreams as an unappreciated therapeutic avenue for


cognitive-behavioral therapists. Journal of Cognitive Psychotherapy, 16 (1) 29-38.

Freeman, A. & White, B. (2004). Dreams and the dream image: using dreams in
cognitve therapy. Em: R. I. Rosner; W. J. Lyddon & A. Freeman (Orgs.). Cognitive
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Freud, S. (1976). Obras completas. Vol. 4 e 5. Rio de Janeiro: Imago.

Gonçalves, O. F. & Barbosa, J. G. (2004). From reactive to proactive dreaming. Em:


R. I. Rosner; W. J. Lyddon & A. Freeman (Orgs.). Cognitive therapy and
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Jung, C. G. (1996). O homem e seus símbolos. 14ª. Ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira.

Perls, F. (1977). Gestalt terapia explicada. São Paulo: Sumus.

Rosner, R. I. (2004). Aaron T. Beck's dream theory in context: an introduction to


his 1971 article on cognitive patterns in dreams and daydreams. Em: R. I. Rosner;
W. J. Lyddon & A. Freeman (Orgs.). Cognitive therapy and dreams (pp. 9-26). New
York: Springer.

Rosner, R. I.; Lyddon, W. J. & Freeman, A. (Orgs.) (2004). Cognitive therapy and
dreams. New York: Springer.

Skinner, B. F. (1976). About behaviorism. New York: Vintage Books.


Como a terapia cognitiva pode mudar seu cérebro

Já não é de hoje que sabemos a respeito da importância de se fazer uma "boa"


psicoterapia em certas fases ou momentos de vida. Muito embora exista
atualmente um número bastante expressivo de abordagens disponíveis no
mercado (mais de 850 em uma última contagem), algumas delas frequentemente
são mais estudadas e, por isso, amplamente testadas em relação à sua eficácia
terapêutica. Nesse sentido, algumas linhas são consideradas mais indicadas em
função de sua eficácia (capacidade de mudança), efetividade (duração da
mudança) e, finalmente, por sua rapidez. Segundo uma publicação internacional
intitulada "Evidências Clínicas" – um manual comparativo das variadas
intervenções, – a ter...
Os vírus mais perigosos "As Idéias"
"Uma ideia é como um vírus, é resistente e altamente contagiosa." A menor ideia pode crescer, pode definir
você ou destruir você ... "

Uma ideia pode mudar o mundo e reescrever as regras.

Quais são os parasitas mais resistentes? "Uma idéia, uma única idéia da mente humana pode construir
cidades, uma idéia para mudar o mundo e reescrever as regras." Então eu tenho que roubá-lo.

Inception
O vírus

Idéias são o vírus mais perigoso que existe. Uma vez que uma ideia tenha sido internalizada e absorvida, ela toma
conta de sua mente.
Transforme sua própria realidade e como você percebe o mundo. As ideias mataram mais pessoas do que qualquer
droga ou doença.
A idéia de Colombo de que a Terra era redonda mudou o mundo, levando o seu caminho para milhões de pessoas,
europeus e indianos, por causa da guerra e das doenças que levaram ao Novo Mundo.

"Uma ideia da mente humana pode construir cidades Uma ideia pode mudar o mundo e reescrever todas as
regras"
Inception
A infecção
Uma vez que você tenha percebido uma ideia em uma pessoa, ela pode ser transmitida para outras pessoas. Na
política, isso é baseado na ideia de que um político pode ter um mundo melhor. Um discurso é um lugar apropriado
para espalhar essas idéias (muitas vezes chamado de propaganda). Idéias nascem mas, quando transmitidas e se
tornam fortes o suficiente, você não pode matá-las.

"O que é que os parasitas mais resistentes? A bactéria? Um vírus? Qualquer verme intestinal? Não. Uma idéia.
Resistente e altamente contagiosa. Uma vez que uma idéia para ganhos de força no cérebro, é quase
impossível de erradicar. Uma noção de que é totalmente, totalmente entendido, permanece ".
Inception
Doença
Terrorismo parte de uma ideia, a ideia de que uma pessoa pode conseguir o que quer através da violência. O fim
justifica os meios. O universo é dividido em dois: um que ajuda o seu amigo, o resto são inimigos. Não é uma ideia
nova, mas a ideia mais simples é a mais provável de entrar na sua cabeça.
Dizem-nos para lembrar as ideias, não os homens, porque um homem pode terminar. Pode parar, pode matar, pode
ser esquecido, mas 400 anos depois, as idéias ainda podem continuar a mudar o mundo.

"Eu vi com meus próprios olhos o poder das idéias. Eu vi pessoas matando-as e morrendo defendendo-as ..."

V de vingança

A ideia de sair do trabalho ou do seu parceiro é lenta, mas inexorável. Se você está apenas em sua mente, seu
trabalho vai melhorar à medida que a outra pessoa atenda às suas expectativas.
A ideia já está aí e é tarde demais. Quando um casal quebra um grupo de amigos, a ideia já foi e é fácil de espalhar.

Consequências
Uma idéia pode colocar sua saúde em risco: um músico que toca para deixar seu sangue no instrumento, um cientista
que joga com sua saúde para completar experimentos, um corredor que quer superar limitações humanas, o artista que
não dorme dominado por sua próxima criação.
Morra, mate, sofra.
Mas sucesso, esperança, progresso impensável . Um novo mundo de possibilidades.

Eu não fui. Foi uma ideia.


Autor: Chris Stevens

Fonte: http://radiokbhr.com/es/filosofia/el-virus-mas-peligroso-sobre-la-tierra/

Dan Dennett sobre memes perigosos (o que é um meme?)


08/05/2011 23:49:16 | Notícias , inglês , involução

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Wassily Kandinsky e sinestesia


Eu ouço as cores, vejo a música
Em neurofisiologia, sinestesia (grego συν- [syn], 'juntos', e αἰσθησία [aisthesía], 'feeling') é a assimilação conjunta ou
interferência de vários tipos de sensações de diferentes sentidos no mesmo ato perceptivo.
Dentro de distúrbios da percepção distingue entre os que afectam a intensidade (aumento da percepção de um objecto
ou diminuir -hiperestesias- mesmos -hipoestesias-), a fidelidade (deformação de um objecto real -ilusión-, deformação
que aparece sem estímulo externo-alucinação-) ou integridade (distorção do objeto percebido -dismorfopsia-,
transformação do objeto -metamorfopsia-).
Entre os distúrbios de percepção que afetam a integridade da percepção são aqueles em que, em vez de distorcer o
objeto percebido, perdendo um ou mais dos seus componentes, as percepções se aglutinam: são a sinestesia, uma
doença rara da percepção que o estímulo através de um dos sentidos simultaneamente causa a sensação em outro.
As sinestesias mais frequentes combinam percepções visuais e auditivas, de modo que sons, palavras ou música
evocam simultaneamente a visão das cores. Para a exploração desses assuntos, o mais usual é que ao ensinar-lhes
números e letras evocam uma determinada cor, ou certos sons também são acompanhados pela visão das
cores. Outras sinestesias mais raras incluem sensações táteis ao ouvir sons, percepção de sabores ao ver certos
objetos ou percepção de cheiros em relação ao toque. Uma de suas principais características é que elas são
involuntárias.
Estima-se que as sinestesias tenham uma frequência de um por 2.000 pessoas. A causa do tratorno é
desconhecida. Acredita-se que possa haver algum fator genético associado, uma vez que há agregação familiar. É
mais comum em mulheres que em homens. Os sujeitos sinestésicos têm a mesma prevalência de processos
psicopatológicos que a população geral. Não há evidências de que esse transtorno perceptivo acarrete maior
inclinação para as artes, embora se conheça muitos artistas - principalmente músicos e compositores - que viam cores
ao ouvir música.
A sinestesia é um efeito comum de algumas drogas psicodélicas, como o LSD, mescalina ou fungos psilocíbicos.
Os sinestetas muitas vezes percebem correspondências entre tons de cores, tons de sons e intensidades dos sabores
involuntariamente. Por exemplo, tocar uma superfície mais macia pode fazer com que se sintam doces. Essas
experiências não são meras associações, mas percepções e depressão tendem a aumentar sua força. Outro exemplo,
associa a cor amarela com o número 7. Alguns vêem cores quando ouvem música, outros podem sentir o gosto das
palavras. Outras pessoas podem perceber a letra A em vermelho, o S em amarelo e o Z em preto.
Cientistas da Universidade da Califórnia argumentam que suas descobertas apóiam a ideia de que a sinestesia se
deve a uma ativação cruzada de áreas adjacentes do cérebro que processam informações sensoriais diferentes. Esse
cruzamento pode ser explicado por uma falha na conexão dos nervos entre as diferentes áreas quando o cérebro se
desenvolve dentro do útero.
A sinestesia pode ocorrer mesmo quando um dos sentidos está danificado. Por exemplo, uma pessoa que pode ver
cores quando ouve palavras ainda pode perceber essas cores, mesmo que ele perca a visão durante a sua vida. Este
fenômeno é também chamado de "cores de Marte", um termo que se originou após um caso de um cinestésico nascido
parcialmente daltônico, mas afirmou ter visto cores 'Alien', que era incapaz de ver no sentido comum e realmente
percebida devido a sua sinestesia.
A primeira descrição desse fenômeno foi feita pelo Dr. GTL Sachs em 1812. Ocorre com mais frequência entre os
autistas. Alguns tipos de epilepsia também causam percepções sinestésicas.
Como fenômeno subjetivo, já visto pela comunidade científica, é necessária uma explicação científica e objetiva da
sinestesia. A estabilidade das associações sinestésicas é mantida mesmo quando é avaliada após períodos
prolongados de até um ano.

Explicação biológica
Pesquisa de incidência familiar sugere que é uma característica dominante ligada ao cromossomo X.3
Muitos pesquisadores, como Daphne Maurer, da Macmaster University (Canadá), mostram que todos os bebês com
menos de quatro meses de idade têm um cérebro sinestésico ou sentem a fusão. Isso porque, nessa idade precoce, o
cérebro ainda não fez a especialização das diferentes áreas antes dos estímulos sensoriais. As conexões sinápticas
entre as áreas permanecem unidas.
Desta forma, os bebês respondem de maneira semelhante aos estímulos de diferentes tipos (som de uma nota
musical, uma luz brilhante).
No processo de desenvolvimento de um 'poda neuronal "devido ao elevado crescimento das conexões sinápticas, que
cada conexão sináptica é formando a estímulos de diferentes tipos. Ocorre no cérebro de uma pessoa sináptica
synesthetic poda é ou não menos ocorre, os sinestésicos podem permanecer intactas as ligações sensoriais para as
tarefas envolvidas sensoriais, conduzindo a esse tipo de activação simultânea com os vários estímulos sensoriais, o
que explica que cinestesia durar a vida inteira.

Wassily Kandinsky (em russo Василий Васильевич Кандинский, tr:.. Vasili Vasilievich Kandinski Moscou, 4
diciembrejul./ 16 dez 1866 greg - Neuilly-sur-Seine, 13 de dezembro, 1944) foi um pintor russo, precursor a abstração
em pintura e teórico da arte, considera-se que com ela começa a abstração lírica.
"Os violinos, os tons profundos dos baixos, e especialmente os instrumentos de sopro, incorporaram para
mim toda a força das horas crepusculares. Eu vi todas as minhas cores em minha mente, elas estavam diante
dos meus olhos. Linhas selvagens e quase loucas foram desenhadas à minha frente "(Kandinsky, 1913 / ed.
1982, p.364).
Estas foram as palavras do pintor russo Wassily Kandinsky (1866-1944), um precursor do expressionismo abstrato,
para expressar sua primeira experiência sinestésica. Tudo aconteceu depois de assistir à representação em Moscou da
ópera colossal Lohengrin de Wagner. A descoberta de estar na posse da faculdade de ter múltiplas percepções causou
uma profunda transformação em sua maneira de conceber suas criações.
Como nas teorias de ensaios Der Blaue Reiter Almanac e indicações do compositor Arnold Schoenberg, Kandinsky
também expressou a comunhão entre artista e espectador como sendo disponibilizado para ambos os sentidos e da
mente (sinestesia). Ouvir tons e acordes enquanto a pintura, Kandinsky afirma que, por exemplo, o amarelo é a cor do
centro C em uma trombeta de bronze, o preto é a cor do encerramento e o fim das coisas, e as combinações de cores
produzem freqüências vibratórias , semelhante aos acordes tocados em um piano. Kandinsky também desenvolveu
uma teoria das figuras geométricas e suas relações, afirmando, por exemplo, que o círculo é a forma mais pacífica e
representa a alma humana.
Durante os estudos de Kandinsky, ele se preparou para a Composição IV, se sentiu exausto enquanto trabalhava em
uma pintura e foi dar uma volta. Enquanto ele estava fora, Gabriele Münter organizou seu estudo e acidentalmente lhe
deu a tela do seu lado. Ao retornar e ver o pano (mas ainda não o reconhece), Kandinsky caiu de joelhos e chorou,
dizendo que era a pintura mais bonita que já vira. Ele havia sido liberado do apego a um objeto. Como a primeira vez
que ele viu Monet Haystacks, a experiência que mudaria sua vida.
Em outro episódio com Münter durante os anos do expressionista abstrato da Baviera, Kandinsky estava trabalhando
em sua composição VI. Após quase seis meses de estudo e preparação, o trabalho tinha a intenção de evocar uma
inundação, batismo, destruição e renascimento ao mesmo tempo. Depois de descrever o trabalho em um painel de
madeira do tamanho de uma parede, ele foi bloqueado e não pôde continuar. Münter disse a ele que ele foi pego em
seu intelecto e não alcançou o verdadeiro assunto da fotografia. Ele sugeriu que ele simplesmente repetisse a palavra
uberflut ("inundação" ou "inundação") e focalizasse seu som e não seu significado. Repetindo esta palavra como um
mantra, Kandinsky pintou e completou o trabalho monumental em um período de três dias.
A análise das formas e cores de Kandinsky resulta, não de associações simples e arbitrárias com idéias, mas da
experiência interna do pintor. Ele passou anos criando pinturas abstratas, sensorialmente ricas, trabalhando com
formas e cores implacavelmente, observando suas pinturas e as de outros artistas, levando em conta seus efeitos em
seu senso de cor. Essa experiência subjetiva é algo que o filósofo francês Michel Henry chama de "subjetividade
absoluta" ou "vida fenomenológica absoluta".

Uma versão
de salada da pintura número 201 pelo artista russo Wassily Kandinsky

Do espiritual na arte
Publicado em 1911, o livro de Kandinsky compara a vida espiritual da humanidade a uma pirâmide, o artista tem a
missão de guiar os outros ao topo com o seu trabalho. A ponta da pirâmide são esses poucos artistas, ótimo. É uma
pirâmide espiritual, avançando e ascendendo lentamente, mesmo que às vezes pareça imóvel. Durante os períodos
decadentes, a alma afunda até o fundo da pirâmide, a humanidade busca apenas sucesso externo, ignorando as forças
espirituais.
As cores na paleta do pintor evocam um efeito duplo: um efeito puramente físico no olho que é encantado pela beleza
das cores, semelhante à impressão alegre quando comemos uma iguaria. Esse efeito pode ser muito mais profundo,
no entanto, que causa uma vibração da alma ou uma "ressonância interna", um efeito espiritual no qual a cor toca a
própria alma.
"Necessidade interior" é, para Kandinsky, o princípio da arte e o fundamento das formas e a harmonia das cores. Ele
define como o princípio do contato efetivo da forma com a alma humana. Cada forma é a delimitação de uma superfície
por outra, mas tem um conteúdo interno, o efeito que produz naqueles que olham para ela com atenção. Essa
necessidade interna é o direito do artista à liberdade ilimitada, mas essa liberdade se torna uma licença se não for
baseada na necessidade. A arte surge da necessidade interior do artista de um modo enigmático, místico, através do
qual ele adquire uma vida autônoma, torna-se um sujeito independente, animado por um sopro espiritual.

As propriedades óbvias que podemos ver quando olhamos para um isolado colorido e o deixamos agir sozinho, por um
lado, é o calor ou a frieza do tom da cor, e, do outro lado, a clareza ou a escuridão desse tom. O calor é uma tendência
para o amarelo, e a frieza de uma tendência para o azul, o amarelo e o azul formam o primeiro grande contraste e
dinâmica. O amarelo tem um movimento excêntrico e o azul um movimento concêntrico, uma superfície amarela
parece se aproximar de nós, enquanto uma superfície azul parece se afastar. O amarelo é uma cor tipicamente
terrestre, cuja violência pode ser dolorosa e agressiva. Azul é uma cor azul clara, que evoca uma profunda calma. A
combinação dos rendimentos de imobilidade total e calma azul e amarelo, que é verde.
Clareza é uma tendência para o branco, e a escuridão é uma tendência para o negro. Preto e branco formam o
segundo grande contraste, que é estático. O branco é um silêncio profundo e absoluto, cheio de possibilidades. O preto
não é nada sem possibilidade, um silêncio eterno sem esperança e corresponde à morte. Qualquer outra cor ressoa
fortemente nos seus vizinhos. A mistura de branco com preto para cinza, que não tem força ativa e cujo tom é próximo
ao verde. O cinza corresponde à imobilidade sem esperança, mas tende a se desesperar quando escurece,
recuperando pouca esperança quando é iluminado.
O vermelho é uma cor quente, alegre e agitada, é forte, um movimento em si mesmo. Misturado com preto, fica
marrom, uma cor forte. Misturado com amarelo, ganha calor e fica laranja, o que dá um movimento radiante em seus
arredores. Quando misturado com o vermelho azul que se afasta do homem para se tornar roxo, é um vermelho
fresco. Vermelho e verde formam o grande terceiro contraste, e laranja e roxo do quarto.
As seguintes palavras do artista resumem de maneira muito poética e clara a essência de seu pensamento:

"A cor é um meio de exercer uma influência direta sobre a alma. A cor é o teclado. A alma é o piano com
muitas cordas. O artista é a mão que, por essa ou aquela chave, faz a alma humana vibrar adequadamente ".
Fonte: Wikipedia
Experimento de Young
Podemos mudar a maneira como a realidade se comporta apenas olhando para ela?

O experimento de Young, também chamado de experimento de dupla fenda, foi conduzido em 1801 por Thomas
Young , na tentativa de discernir a natureza corpuscular ou ondulatória da luz. Young encontrou um padrão de
interferência na luz de uma fonte distante à medida que difratava na passagem por duas grades, um resultado que
contribuiu para a teoria da natureza ondulatória da luz.

Posteriormente, a experiência tem sido considerada fundamental quando se trata de demonstrar a dualidade da onda
corpuscular, característica da mecânica quântica. O experimento também pode ser realizado com elétrons, prótons ou
nêutrons, produzindo padrões de interferência semelhantes aos obtidos quando realizados com luz.

Embora esta experiência é geralmente no contexto da mecânica quântica, foi desenhado muito antes da chegada desta
teoria para responder à questão de saber se a luz tinha uma natureza corpuscular, ou melhor, que consistia de ondas
que viajam através do éter , análogo às ondas sonoras que viajam no ar. A natureza corpuscular da luz foi baseada
principalmente nas obras de Newton. A natureza ondulatória, nas obras clássicas de Hooke e Huygens.

Os padrões de interferência observados prejudicaram a teoria corpuscular. A teoria das ondas era muito robusta até o
início do século XX, quando novos experimentos começaram a mostrar um comportamento que só poderia ser
explicado por uma natureza corpuscular da luz. Desta forma, o experimento da dupla fenda e suas múltiplas variantes
tornou-se um experimento clássico por sua clareza ao apresentar uma das principais características da mecânica
quântica.

A maneira na qual geralmente se apresenta o experimento foi não realizado até 1961 usando electrões e mostrando
onda-partícula de partículas subatómicas (Noel Jonsson, Zeitschrift für Physik, 161, 454 dualidade de difracção de
electrões em múltiplas fendas, American Journal of Física, 42, 4-11, 1974). Em 1974 ele era possível para realizar a
experiência em sua forma mais ambiciosa, o elétron a elétron mecânica quântica verificar a hipótese prevista
por Richard Feynman. Este experimento foi realizado por um grupo italiano liderado por Pier Giorgio Merli e repetido
mais conclusivamente em 1989 por uma equipe japonesa liderada por Akira Tonomura.e que ele trabalhou para a
empresa Hitachi. O experimento do duplo elétron para a fenda eletrônica é explicado a partir da interpretação
probabilística da trajetória seguida pelas partículas.

Formulação clássica

A formulação original de Young é muito diferente da formulação moderna do experimento e usa uma dupla fenda. Na
experiência original, um estreito feixe de luz, proveniente de um pequeno orifício na entrada da câmara, é dividido em
dois por um cartão com uma largura de cerca de 0,2 mm. A carta permanece paralela ao feixe que penetra
horizontalmente e é orientada por um simples espelho. O feixe de luz tinha uma largura ligeiramente maior que a
largura do cartão divisório, de modo que, quando era posicionado corretamente, o feixe era dividido em dois, cada um
passando por um lado diferente da parede divisória. O resultado pode ser visto projetado em uma parede em uma sala
escura. Young conduziu o experimento na mesma reunião da Royal Societymostrando o padrão de interferência
produzido pela demonstração da natureza ondulatória da luz.
Formulação moderna

A formulação moderna permite mostrar tanto a natureza ondulatória da luz quanto a dualidade onda-corpúsculo da
matéria. Em uma câmara escura, um feixe de luz é permitido entrar através de uma fenda estreita. A luz atinge uma
parede intermediária com duas fendas. Do outro lado dessa parede há uma tela de projeção ou uma chapa
fotográfica. Quando uma das grades é coberta, um único pico aparece correspondendo à luz que vem do slot
aberto. No entanto, quando ambos estão abertos em vez de formar uma imagem sobrepondo os obtidos com as fendas
abertas individualmente, como aconteceria se a luz fosse feita de partículas, é obtida uma figura de interferência com
as faixas escuras e outras brilhantes.

Este padrão de interferência é facilmente explicada pela interferência de ondas de luz através da combinação da luz de
fendas, muito semelhante ao das ondas na superfície da água combinam-se para criar picos e regiões planas
maneira. Nas linhas brilhantes, a interferência é de um tipo "construtivo". O maior brilho é devido à superposição de
ondas de luz que coincidem em fase na superfície de projeção. Em linhas escuras, a interferência é "destrutiva",
praticamente sem luz, como resultado da chegada de ondas de luz de fase oposta (a crista de uma onda se sobrepõe
ao vale de outra).

O paradoxo do experimento de Young

Esse paradoxo lida com um experimento mental, um experimento fictício não viável na prática, que foi proposto por
Richard Feynman, examinando teoricamente os resultados do experimento de Young analisando o movimento de cada
fóton.

Para a década de 1920, inúmeras experiências (como o efeito fotoelétrico, o efeito Compton, ea produção de x - ray
entre outros) tinha mostrado que a luz interage com a matéria somente em quantidades discretas, em embalagens
"quantizadas" ou "quantum" chamados fótons. Se a fonte de luz pudesse ser substituída por uma fonte capaz de
produzir fótons individualmente e a tela fosse sensível o suficiente para detectar um único fóton, a experiência de
Young poderia, em princípio, ser produzida com fótons individuais com o mesmo resultado.

Se uma das fendas estiver coberta, os fótons individuais se acumularão na tela no tempo, criando um padrão com um
único pico. No entanto, se ambas as fendas estiverem abertas, os padrões de fótons que atingem a tela novamente se
tornarão um padrão de linhas claras e escuras. Este resultado parece confirmar e contradizer a teoria ondulatória da
luz. Por um lado, o padrão de interferência confirma que a luz se comporta como uma onda, mesmo que as partículas
sejam enviadas uma de cada vez. Por outro lado, cada vez que um fóton de uma certa energia passa por uma das
fendas, o detector da tela detecta a chegada da mesma quantidade de energia. Como os fótons são emitidos um a um,
eles não podem interferir globalmente, por isso não é fácil entender a origem da "interferência".

A teoria quântica resolve esses problemas postulando ondas de probabilidade que determinam a probabilidade de
encontrar uma partícula em um dado ponto, essas ondas de probabilidade interferem umas nas outras como qualquer
outra onda.

Um experimento mais refinado é organizar um detector em cada uma das duas fendas para determinar por que uma
fenda passa por cada fóton antes de chegar à tela. No entanto, quando o experimento é organizado dessa maneira, as
franjas desaparecem devido à natureza indeterminista da mecânica quântica e ao colapso da função de onda.

Condições para interferência

Ondas causando interferência para ser "coerente", ou seja as vigas a partir de cada uma das fendas têm de manter
uma fase relativamente constante no tempo, além de ter a mesma frequência, embora isto não seja estritamente
necessário, uma vez que o experimento pode ser feito com luz branca. Além disso, ambos devem ter polarizações não
perpendiculares. No experimento de Young, isso é conseguido passando o feixe através da primeira fenda, produzindo
a mutilação da frente de onda em duas frentes coerentes. Também é possível observar franjas de interferência com luz
natural. Neste caso, um máximo central branco é observado junto com outros máximos laterais de cores diferentes.
Além, um fundo branco uniforme é observado. Este fundo não é realmente formado por luz branca, uma vez que se
uma posição é fixada na tela, um espectrômetro é colocado paralelo à faixa através da qual a luz é passada, listras
escuras e brilhantes são observadas alternadamente. Isso foi chamado de espectro com nervuras. As duas fendas
devem estar próximas (cerca de 1000 vezes o comprimento de onda da luz usada) ou, em outro caso, o padrão de
interferência é formado apenas muito próximo das fendas. A largura das fendas é normalmente um pouco menor que o
comprimento de onda da luz usada, permitindo o uso das ondas como fontes pontuais esféricas e reduzindo os efeitos
de difração por uma única fenda.
Fonte: Wikipedia

Capítulo 3. The Young Experiment 2012 03 28 por diego-alejandro-chertoff-4266


Psicodrama
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Psicodrama é uma psicoterapia em grupo ou individual em que a ação representação


dramática improvisada é usada como núcleo de abordagem e exploração
da psique humana e seus vínculos emocionais, visando à catarse e ao desenvolvimento
da espontaneidade do indivíduo.[1]

Índice

 1A Dramatização de uma cena


 2Técnicas dramáticas
 3Elementos da cena psicodramática
 4Jacob Levy Moreno
 5Teoria do Psicodrama
 6A teoria da espontaneidade
 7Teoria dos papéis
 8A psicoterapia grupal
 9Psicodrama psicanalítico
 10Referências
 11Ligações externas
 12Ver também
 13Notas e referências

A Dramatização de uma cena[editar | editar código-fonte]


Distinguem-se, no desenvolvimento da ação psicodramática, três momentos que possuem,
cada um, uma importância singular.

1. A primeira fase, aquecimento, é quando o grupo se prepara. Os participantes


desenvolvem um tema. Aflora um protagonista grupal;
2. Dá-se início a um segundo momento ou fase, que é a dramatização propriamente
dita, a cena dramática. Aqui, ganham, importância, os ego-auxiliares, que serão os
encarregados de encenar os personagens, contracenando, com o protagonista, os
personagens reais ou fantasiosos, aspectos do paciente, símbolos do seu mundo;
3. O terceiro momento ou fase é o compartilhamento, é o retorno do protagonista ao
grupo, momento em que o grupo compartilha seus sentimentos e vivências, tudo o
que lhes foi acontecendo durante a cena, as ressonâncias que ela produziu.

Técnicas dramáticas[editar | editar código-fonte]


As diversas técnicas dramáticas utilizadas durante a representação foram pensadas
por Moreno em relação com sua Teoria do Desenvolvimento dos Papéis. Cada uma delas
cumpre uma função que corresponde também a uma etapa do desenvolvimento psíquico.
O diretor do Psicodrama instrumentará, em cada situação, as técnicas que lhe pareçam
mais adequadas e correspondentes ao momento do drama, segundo o tipo de vinculação
que nele se expressa.
A primeira etapa, em que há a indiferenciação do Eu e do Tu, corresponde à técnica do
duplo. A segunda, do Reconhecimento do Eu, à técnica do espelho. A terceira etapa, do
Reconhecimento do Tu, à técnica da inversão de papéis.
Mediante a técnica do duplo, um ego-auxiliar desempenha o papel do protagonista, no
palco, ao lado dele. Verbal e gestualmente complementa aquilo que, a partir desse
desempenho, intui que o protagonista não pode expressar completamente, ou que não se
dá conta de que está expressando. Podemos considerar a semelhança desta técnica com
a mãe junto ao bebê, a qual tenta apreender a necessidade dele para atendê-lo.
Na técnica do espelho, o protagonista sai do palco e assume a posição de platéia na
representação que um ego-auxiliar faz dele. Busca-se, com isso, que o paciente se
reconheça em determinada representação, assim como na sua infância reconheceu sua
imagem no espelho. Proporciona visão de si próprio sob a ótica do outro, agindo como
fator de percepção de sua identidade.
Já na técnica da inversão de papéis, o protagonista inverte papéis com os personagens do
enredo psicodramático, contracenando com os egos-auxiliares que tomam seu próprio
papel. É a técnica mais importante no Psicodrama, pois é a que investiga e desenvolve a
possibilidade de estar em relação, privilegiando a percepção do protagonista (e,
secundariamente, do grupo) dos significados afetivos e simbólicos que este tem para o
outro e, reciprocamente, o outro tem para este. Para Jacob Levy Moreno, a relação pode
atingir tal grau de intimidade que levaria ao estado existencial do "Encontro".

Elementos da cena psicodramática[editar | editar código-fonte]


Moreno, tomando, do modelo teatral, seus elementos, distingue, ainda, para a cena
psicodramática, cinco elementos:

1. Cenário: neste continente, desdobra-se a produção e, nele, podem-se representar


fatos simples da vida cotidiana, sonhos, delírios, alucinações.
2. Protagonista: o protagonista pode ser um indivíduo, uma dupla ou um grupo. É
quem, em psicodrama, protagoniza seu próprio drama. Representa a si mesmo e
seus personagens são parte dele. Palavra e ação se integram, ampliando as vias
de abordagem.
3. Diretor: o psicoterapeuta do grupo é também o diretor psicodramático. Sua função
é propiciar e facilitar o bom desenvolvimento da cena dramática.
4. Egos-auxiliares: São as pessoas que contracenam com o protagonista, podendo
ser profissionais ou participantes do público que são convidados a subir no palco
terapêutico.
5. Público ou plateia: são os membros do grupo que participam assistindo à cena
dramática.

Jacob Levy Moreno[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Jacob Levy Moreno

O médico romeno Jacob Levy Moreno, o criador do psicodrama e do sociodrama, é um


exemplo de criatividade e dedicação à investigação psicológica e social. Este nasceu
na Romênia em 1892 e faleceu nos Estados Unidos em 1974. Foi um homem de ampla
cultura e fortes ideias religiosas e filosóficas, amante do teatro e incansável investigador
do homem e seus vínculos. Deixou-nos uma obra escrita e um movimento psicodramático
que abrange a América, Europa e Ásia.
Em 1925, indo morar no Estados Unidos, desenvolveu e sistematizou sua descoberta: a
socionomia. A socionomia se divide em sociometria, sociodinâmica e a sociatria. A
socionomia é o estudo do grupo e suas relações. A sociometria visa a medir as relações
entre os membros do grupo, evidenciando as preferências e evitações presentes nas
relações grupais. Utiliza, como método, o teste sociométrico. A sociodinâmica se interessa
pela dinâmica de grupo e utiliza, como método, o role playing ou jogo de papéis. Já a
sociatria busca tratar as relações grupais e utiliza três métodos: o sociodrama,
a psicoterapia de grupo e o famoso psicodrama.
Com a leitura de suas obras, muitos autores declaram que o psicodrama possui um grande
conteúdo emocional e uma audácia renovadora, pois surgiu como uma nova e dinâmica
linha de investigação para o conhecimento e terapia dos conflitos psicológicos. Para o
surgimento desta teoria, Moreno desafiou críticas, rompeu com o movimento médico da
sua época, atacando os valores oficiais caducos, vazios e falsos, conseguindo desenvolver
uma teoria baseada numa concepção do homem e da saúde que tem, como núcleo, a
espontaneidade, o otimismo sobre a vida, o amor, a catarse e os papéis que o Eu do
indivíduo vai formando. Esta busca pelo reencontro dos verdadeiros valores éticos,
religiosos e culturais em uma forma dramática espontânea (mais tarde, denominado como
desenvolvimento do axiodrama) foi o primeiro conteúdo do psicodrama.
O lugar do nascimento do psicodrama foi um teatro dramático de Viena. Moreno declarou
que não possuía nenhuma equipe de atores, nenhuma peça e que, neste dia, apresentou-
se sozinho, sem nenhuma preparação, ante um público de mais de mil pessoas. Segundo
ele, no palco, havia somente uma poltrona de espaldar alto, como o trono de um rei; no
assento, uma coroa dourada. Surgiu com um intento de tratar e curar o público de uma
enfermidade, uma síndrome cultural e patológica que os participantes compartilhavam no
momento (Viena encontrava-se em pós-guerra, não havia governo... a Áustria estava
inquieta em busca de uma nova alma).
Mas, psicodramaticamente, Moreno possuía um elenco e uma obra. Uma vez que o
público era seu elenco, e a obra era retratada pela trama demonstrada pelos
acontecimentos históricos, no qual cada um representava seu papel real. Cada
representante de um papel foi, então, convidado a subir ao palco, e encenar o papel de um
rei, sem preparação e diante de um público desprevenido, que funcionava como jurado.
Mas, neste primeiro momento, nada se passou. Ninguém foi achado digno de ser rei e o
mundo permaneceu sem líder.
Apesar do aparente fracasso desta primeira representação, este foi o marco do
nascimento de uma nova modalidade de expressão catártica que, instrumentada pelo
exercício da espontaneidade e sustentada na teoria dos papéis, viria a se constituir o
método psicodramático de abordagem dos conflitos interpessoais, cujo âmbito natural é o
grupo. Surge, então, a expressão "psicoterapia de grupo". O psicodrama desde seus
primórdios estabeleceu um ambiente basicamente grupal, com a presença do terapeuta
(diretor de cena), seus egos auxiliares e os pacientes (tanto como protagonistas como
público). Aliás, a expressão, "psicoterapia de grupo" foi pela primeira vez utilizada por
Moreno.

Teoria do Psicodrama[editar | editar código-fonte]


Moreno foi capaz de dar importância à improvisação dramática e retomou o conceito de
catarse. Pois, ao ocorrer uma identificação do espectador com os atores, ocorre uma
catarse e, também, certa conscientização. Para que ocorra esta catarse, têm que existir
uma espontaneidade e criatividade, pois do contrário, é uma mera repetição que não trará
nada de novo nem aos protagonistas nem ao público. É na criação espontânea que se
consegue o vínculo do homem com o mundo.
O psicodrama possui o conceito de espontaneidade-criatividade, a teoria dos papéis, a
psicoterapia grupal como pontos básicos da sua teoria, além de outros como: tele
(capacidade de se perceber de forma objetiva o que ocorre nas situações e o que se
passa entre as pessoas), empatia (tendência para se sentir o que se sentiria caso se
estivesse na situação e circunstâncias experimentadas pela outra pessoa.), coinconsciente
(vivências, sentimentos, desejos e até fantasias comuns a duas ou mais pessoas, e que se
dão em "estado inconsciente".) e matriz de identidade (lugar do nascimento).

A teoria da espontaneidade[editar | editar código-fonte]


Está ligada dialeticamente à criatividade, compreendendo uma fenomenologia, uma
metapsicologia, uma psicotécnica, uma psicopatologia e uma psicologia genética. A
psicotécnica, ou treinamento da espontaneidade, procura resgatar a espontaneidade
perdida pelo homem ao longo da sua existência. Segundo a psicologia genética, a criança,
ao nascer, realiza seu primeiro ato criativo: é o primeiro ato de catarse de integração. Ela
nasce com uma capacidade criadora própria do ser humano que irá completando-se com a
maturidade e com a ajuda dos outros. O primeiro eu-auxiliar é a sua própria mãe. Ao longo
de sua infância, à medida em que vai vivendo os diversos papéis e em contato com os
agentes sociais, desenvolve essa capacidade criadora ou a atrofia em maior ou menor
medida, de acordo com o tipo de relações e na medida em que as "tradições culturais" lhe
sejam impostas pelos mais velhos.
Esses agentes da sociedade lhe submetem, durante o
desenvolvimento, condutas estereotipadas, repetitivas, ritualistas, muitas delas, para ela e
para os demais, vazias de significado. Por outro lado, os agentes sociais também podem
ajudar no desenvolvimento da espontaneidade. Depende de cada caso e do meio em que
vive a criança em um determinado momento histórico-social. O ato do espontâneo está
intimamente ligado ao instante: dali, surge a noção do aqui e agora. A filosofia do
momento prega os benefícios do instante, do presente em constante mudança. É lugar
(lócus) onde se dá o crescimento. Segundo Moreno, esta experiência primitiva
da identidade configura o destino da criança. Em toda essa primeira etapa, os papéis
são psicossomáticos. A segunda etapa é a do reconhecimento do Eu. A criança observa o
outro (mãe) como algo diferente dela. Integra as diferentes partes do seu corpo numa
unidade e é a partir dali que se diferencia. É na segunda etapa que aparecem os papéis
psicodramáticos.
Moreno faz uma pormenorizada descrição da evolução da imagem do mundo da criança,
distinguindo:

1. Matriz de identidade total: primeiro universo: tudo é um. As configurações estão


configuradas pelos atos.
2. Matriz de identidade total diferenciada: no segundo tempo do primeiro universo,
diferenciam-se as unidades, porém mantêm, o mesmo grau de realidade, os
indivíduos, os objetos imaginários e os reais.
3. Matriz da lacuna entre fantasia e realidade: começam a se organizar dois mundos,
o da realidade e o da fantasia. Isto, na linguagem moreniana, marca o começo do
segundo universo. O ideal é que o indivíduo possa dominar a situação e que não
desenvolva um mundo real em detrimento da fantasia, nem vice-versa.

Teoria dos papéis[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Teoria dos papéis organizacionais

O termo "papel" é um conjunto das várias possibilidades identificatórias do ser humano. Os


papéis psicodramáticos expressariam, as distintas dimensões psicológicas do eu (self) e a
versatilidade potencial de nossas representações mentais. Nesta teoria, tomam-se os
papéis como núcleo do desenvolvimento egoico e, à medida em que a criança cresce e se
diferencia, esta vai podendo ampliar seu leque de papéis. Alguns papéis ficarão inibidos,
necessitando, posteriormente, ser resgatados (função do psicodrama).

A psicoterapia grupal[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Terapia em grupo

Moreno assim a define: "a psicoterapia de grupo é um método para tratar,


conscientemente, na fronteira de uma ciência empírica, as relações interpessoais e
os problemas psíquicos dos indivíduos de um grupo." Na sua concepção, todos no grupo
são agentes terapêuticos, e todo o grupo também o pode ser em relação a outro grupo.
Este método aspira a alcançar o melhor agrupamento de seus membros para os fins que
persegue. Não trata somente dos indivíduos, mas de todo o grupo e dos indivíduos que
estão em relação com ele. Em sua relação sociológica, vê a sociedade humana total como
o verdadeiro paciente.
O conceito de encontro está no centro da psicoterapia de grupo, comunicação mútua que
não se esgota no intelectual, mas que abrange a totalidade de seu ser. O encontro vive no
"aqui e agora". Vai mais além da empatia e da transferência. Forma um "nós".
Moreno enumera os métodos a serem utilizados, entre os quais, destacam-se: método de
clube ou associação, de assessoramento, de conferência, de classes, psicanalítico,
visuais, discussão livre, sociométricos, de histórias clínicas, da bibliografia, magnetofônico
(sessões gravadas), da música e da dança, ocupacionais, laboratoriais e, especialmente, o
método psicodramático.

Psicodrama psicanalítico[editar | editar código-fonte]


O psicodrama psicanalítico nasceu na França em 1944. Hoje, é uma corrente que define
que a cena dramática tem a função de concentrar o drama e permitir que apareçam
novos significantes. Ela diz que "o psicodrama não é a busca de um certo sentido nem
tampouco de um significante fundamental. Por isso, deve-se evitar a interpretação que
proporcione o sentido e a perda do sentido."
Conforme Didier Anzieu: "o psicodrama analítico favorece a expressão dos conflitos por
intermédio de imagens simbólicas." Didier caracteriza quatro aspectos importantes no
psicodrama: dramatização dos conflitos, comunicação simbólica, efeito catártico e
natureza lúdica. Na América Latina, a Argentina é o país pioneiro em psicodrama.
Atualmente, Brasil, México e outros fizeram um importante desenvolvimento, sendo
pertinente destacar o psicodrama no Brasil, que, inicialmente foi desenvolvido por
docentes argentinos e que, atualmente, é desenvolvido por seus próprios docentes.
Para Osório,[2] a teoria moreniana, que se torna pouco sólida se a compararmos com
a teoria psicanalítica, tem, entretanto, alguns aspectos que não são excludentes, mas que
se complementam e, em alguns casos, são parcialidades de conceitos psicanalíticos não
reconhecidos e rebatizados com outros nomes ou trabalhados sob outros ângulos, como
acontece com os conceitos de regressão e fixação. A regressão em psicodrama não se
obtém através da transferência, mas através de cena dramática, que torna, presente, o
passado. A transferência em Moreno é um conceito herdado da transferência freudiana. A
espontaneidade, essencialmente, está relacionada com o conceito de libido de Freud. Se
nos fixamos na cena dramática, esta, desde o ponto de vista moreniano, fundamenta seu
valor da seguinte maneira: a representação dramática é liberadora, é uma segunda vez, é
a forma que adquirem, o passado e o futuro, no presente.
O encontro, o compartilhar, a criatividade e o ato espontâneo possibilitam novos papéis e
resgatam energias perdidas. Isto levará a uma catarse de integração e a uma catarse do
público. A cena é a representação do passado, um lugar simbólico onde se revela o
imaginário através das cenas atuais ou manifestas, podendo explorar e elaborar situações
conflitivas do mundo externo, encontrando sua conexão com o mundo interno dos
indivíduos, em sucessivas ações dramáticas com cenas antigas e inconscientes.
Sintetizando, a cena dramática é, basicamente, a presentificação e corporização
dos vínculos intrapsíquicos e interpessoais.

Referências
1. ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira.
1986. p. 1 411.
2. ↑ Osório

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

 Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama


 FEBRAP - Federação Brasileira de Psicodrama
 [1]
 Psicodrama.com.br

Ver também[editar | editar código-fonte]

 Terapia em grupo
 Jacob Levy Moreno
 Terapia familiar
 Psicologia de Grupo e a Análise do Ego

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

 OSÓRIO, Luiz Carlos. Grupos : teoria e prática : acessando a era da grupalidade.


Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 210p.
 GRUPOTERAPIA hoje. Porto Alegre: Artes Medicas, 1986. 358p.
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Sándor Ferenczi
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Ferenczi, mais à direita na fileira posterior, com Freud, Carl Jung e outros em 1909.

Sándor Ferenczi (Miskolc, 16 de julho de 1873 — Budapeste, 22 de maio de 1933) foi


um psicanalista húngaro, um dos mais íntimos colaboradores de Freud Tornou-se famoso
pelas experiências psicanalíticas.[1]
Nasceu em Miskolc e formou-se em medicina aos 21 anos pela Universidade de Viena.
Conheceu Freud em 1908 e já se especializava em neurologia e neuropatologia e depois
estudou hipnose. Pertencente à primeira geração da psicanálise, foi um dos organizadores
e defensores do movimento psicanalítico, tendo sido dele a idéia de que um pequeno
grupo de homens pudesse ser analisado por Freud pessoalmente, para depois transmitir a
psicanálise em suas cidades de origem. Essa prática acabou por dar origem à análise
didática e, mais tarde, à institucionalização da psicanálise, com a fundação da International
Psychonalytical Association – IPA, criada por ele a pedido de Freud. Conhecido por ser um
analista eminentemente clínico, se ocupou da teoria do espaço analítico e do lugar do
analista, distinguindo-se de Freud, que tratou mais especificamente da estruturação do
aparelho psíquico.[2]

Índice

 1Psicanálise e Teoria
 2Cronologia
 3Referências
 4Bibliografia

Psicanálise e Teoria[editar | editar código-fonte]


Sua produção teórica teve início logo após seu contato com Freud em 1908. Dedicou toda
sua obra a questionar a psicanálise, procurando ampliar seus limites terapêuticos e, em
suas preocupações, privilegiou o tratamento de psicóticos, de pacientes psicossomáticos e
casos-limites, sendo que muitas de suas idéias encontram-se na origem da teoria
psicanalítica das escolas inglesa e francesa. Dentre seus interesses teóricos destacam-se:
os temas da introjeção e projeção, a ênfase sobre o papel estruturante do objeto externo
no desenvolvimento psíquico, a regressão na cura analítica, a importância dos vínculos –
relação mãe e bebê, o impacto do trauma infantil na constituição do sujeito, a distinção do
trauma, do traumático e do traumatismo, bem como a clivagem corpo e psiquismo. No
desenvolvimento das questões técnicas, propôs a necessidade de contato emocional entre
analista e analisando para a efetiva realização de um processo de mudança psíquica;
ressaltou a importância da empatia e da contratransferência como paradigma técnico, e a
defesa da psicanálise para não médicos.
Cada vez mais, a importância de sua obra tem sido reconhecida pela atualidade das
questões abordadas, que se revela no debate do tratamento de vítimas de abuso sexual
infantil, em sua proposta de integração do biológico com a psicanálise e na investigação
de transtornos graves de caráter, estruturas narcisistas e pacientes limítrofes.
Cronologia[editar | editar código-fonte]
1899
Publica numerosíssimos artigos pré-analíticos até 1908, dentre eles, “Espiritismo”,
dedicado à transmissão de pensamento.
1904
Chefe do serviço de neurologia. Torna-se companheiro de Gizella Palos, casada e oito
anos mais velha do que ele. Essa ligação era tolerada pelo marido de Gizella, que,
entretanto, se recusava a lhe conceder o divórcio. Gizella vivia com suas duas filhas,
Magda, casada com o irmão mais novo de Sándor, e Elma, nascida em 1887. Não só
Ferenczi tornou-se, analista de sua amante, como também não hesitou em tratar de Elma,
quando esta apresentou sintomas de depressão, três anos depois.
1906
Sempre pronto a ajudar os oprimidos, a escutar os problemas das mulheres e a socorrer
os excluídos e marginais, tomou, em 1906, a defesa dos homossexuais em um texto
corajoso apresentado à Associação Médica de Budapeste.
1908
Em 1908 Ferenczi já participou do I Congresso de Psicanálise em Salzburgo e fez uma
conferência sobre "Psicanálise e pedagogia". Depois de ler com entusiasmo “A
interpretação dos sonhos”, visitou Freud em um domingo, 2 de fevereiro de 1908,
acompanhado de seu colega e amigo Fulop Stein (1867-1917). É o começo de uma longa
relação com aquele que se tornaria seu analista, mestre e amigo. Durante um quarto de
século, Ferenczi trocaria com o mestre de Viena 1.200 cartas. Freud e Ferenczi
compartilharam várias férias de verão.
Ferenczi começa a praticar a psicanálise em Budapeste. Realiza conferências de
divulgação da psicanálise para médicos. Descobre a existência da contratransferência,
explicando a seu interlocutor sua tendência em considerar os assuntos do paciente como
seus próprios. Dois anos depois, Freud conceituaria essa noção, fazendo dela um
elemento essencial na situação analítica.
1909
Acompanha Freud em sua célebre viagem aos Estados Unidos, juntamente com Jung, e
publica seu primeiro grande trabalho teórico, “Transferência e introjeção”. Nele, introduz o
termo introjeção, que Freud retomaria e aprofundaria.
1910
Congresso de Nuremberg. Fundação da Associação Internacional de Psicanálise (IPA).
Jung é o primeiro presidente.
1911
Tratamento de Elma, filha de sua futura mulher, Gizella.
No final de 1911, Ferenczi faz algumas semanas de análise com Freud.
1912
Publica: “O conceito de introjeção”.
1913
Publica um caso clínico: “O Pequeno Homem-Galo”.
Novas sessões de análise com Freud.
Mobilização como médico militar.
Esboço de uma teoria do coito e do desenvolvimento genital, que seria posteriormente
exposta no livro “Thalassa”.
Cria com Sandor Rado, Istvan Hollos, Lajos Levy e Hugo Ignotus a Sociedade
Psicanalítica de Budapeste.
Publica vários artigos importantes, entre os quais “Ontogênese dos símbolos”,
“Desenvolvimento do sentido das realidades e seus estágios”. Redige também uma crítica
de Metamorfoses e símbolos da libido, de Jung, expondo publicamente sua posição no
tocante ao conflito Jung-Freud. Sem ambiguidade, Ferenczi toma o partido deste último.
Membro do Comitê Secreto de Psicanálise a partir de 1913, participa de todas as
atividades de direção do movimento freudiano.
1914
Ferenczi analisa duas grandes figuras do movimento psicanalítico: Geza Roheim
e Melanie Klein. Analisa também Ernest Jones, cuja atitude em relação a seu analista seria
marcada pela ambivalência. Fez análise em três ocasiões com Freud, entre 1914 e 1916.
1918
Eleito presidente da Associação Internacional de Psicanálise.
1919
Casamento com Gizella. O casal não teve filhos. Criada pela primeira vez no mundo, uma
cátedra de ensino (a primeira cadeira de psicanálise), na Universidade de Budapeste.
Publicação de “A técnica psicanalítica”, ponto de partida de uma reflexão aventurosa,
original e que conduziu a uma ruptura com Freud e o movimento psicanalítico.
1921
Publicação de “Prolongamentos da técnica ativa em psicanálise”. Em agosto, Ferenczi vai
a “Baden-Baden conhecer Groddeck, que seria seu amigo por toda a vida”.
1922
Apresentação de “Thalassa: teoria da genitalidade”, no Congresso de Berlim.
1923
Publicação de uma série de observações clínicas, entre elas o “Sonho do bebê sábio”.
Freud é afetado por um câncer da mandíbula. Groddeck publica o “Livro do isso”.
1924
Primeira edição de “Thalassa, ensaio sobre a teoria da genitalidade” . Co-autor, com Otto
Rank, de “Perspectivas da psicanálise”.
1926
70° aniversário de Freud. Primeiro encontro com analistas de língua francesa. Publicação
de “Contra-indicações da técnica ativa”. Abandono da “técnica ativa” em prol da “técnica
de indulgência e relaxamento”. Publicação de “Fantasias gulliverianas”. Viagem de
conferências pelos Estados Unidos, onde alguns terapeutas, como Clara Thompson (1893-
1958), grande amiga de Harry Stack Sullivan, o reconheceram logo como um clínico
genial.
1927
Volta dos Estados Unidos por Londres. Ano da fundação da Sociedade Psicanalítica de
Paris.
1928
Conferência pública em Budapeste sobre “Elasticidade da técnica psicanalítica”. Ferenczi
reviu sua técnica ativa e elaborou uma nova, dita de relaxamento e indulgência:
“Elasticidade da técnica ativa”.
1929
Publicação de “O filho mal recebido e sua pulsão de morte.” Apresentação da conferência
“Princípio de relaxamento e neocatarse”, no Congresso de Oxford.
1930
Publicação de “Princípio de relaxamento e neocatarse”. Redação da primeira parte das
“Notas e fragmentos”.
1931
Publicação do artigo "Análises de crianças com adultos". Inauguração de uma policlínica
psicanalítica em Budapeste. Redação das Reflexões sobre o trauma.
1932
Começo do Diário clínico, onde conduziu a conceber a possibilidade de uma análise
mútua. Redação de Confusão de língua entre os adultos e a criança.
1933
Queima de livros "antialemães" nas fogueiras em Berlim. Recusa a publicar Confusão de
língua entre os adultos e a criança. Aos 60 anos de idade, em 24 de maio, acontece o
falecimento repentino de Sándor Ferenczi, em conseqüência de problemas respiratórios
provocados por uma anemia perniciosa.

Referências
1. ↑ «Sándor Ferenczi (1873 – 1933)»
2. ↑ Resenha elaborada por Maria Nilza Mendes Campos, do Instituto de Psicanálise Virgínia Leone Bicudo, da
Sociedade de Psicanálise de Brasília. «Sándor Ferenczi». FEBRAPSI

Bibliografia[editar | editar código-fonte]


 KAUFMANN, Pierre, Primeiro Grande Dicionário Lacaniano, Jorge Zahar Editor, RJ –
1996.
 LAPLANCHE e PONTALIS, Vocabulário de Psicanálise, Ed. Martins Fontes, SP- 2000.
 NASIO, J. D., Introdução às Obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott,
Dolto, Lacan, Jorge Zahar Editor, RJ – 1995.
 ROUDINESCO, Élisabeth, Dicionário de Psicanálise, Jorge Zahar Editor, RJ – 1997.
Fritz Perls
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Fritz Perls

Friederich Perls

Nome completo Friederich Salomon Perls

Conhecido(a) por fundar a Gestalt-terapia

Nascimento 8 de julho de 1893


Berlim
Império Alemão

Morte 14 de março de 1970


Chicago, Estados Unidos

Nacionalidade alemã

Cônjuge Laura Perls

Filho(s) Renate, Steve[1]

Ocupação psiquiatra, professor


universitário, psicólogo

Influências

Lista[Expandir]

Principais Escarafunchando Fritz, Ego, fome


trabalhos e agressão, Isto é Gestalt

Escola/tradição Gestalt-terapia

Friederich Salomon Perls, mais conhecido como Fritz Perls (Berlim, 8 de julho de 1893 –
Chicago, 14 de maio de 1970) foi um psicoterapeuta e psiquiatra de origem judaica que,
junto com sua esposa Laura Perls, desenvolveu uma abordagem de psicoterapiaque
chamou de Gestalt-terapia.

Índice

 1Teorias
 2Vida
 3Referências
 4Ligações Externas}

Teorias[editar | editar código-fonte]


Fritz propôs o conceito de que o desenvolvimento psicológico e biológico de um organismo
se processa de acordo com as tendências inatas desse organismo, que tentam adaptá-lo
harmoniosamente ao ambiente[2] e também criticava a psicanálise antes mesmo do
surgimento da Gestalt-Terapia, podendo ser observado em sua primeira publicação: "The
Ego, Hunger and Aggression"(1942), no qual critica a teoria psicanalítica com base em
pesquisas sobre percepção e motivação. Neste livro Fritz lança uma importante
discordância teórica com relação à psicanálise: a idéia de que a base da agressão e do
sadismo está na fase oral e não na fase anal do desenvolvimento infantil.
É também neste livro que Perls lança alguns conceitos básicos do que seria, mais tarde, a
Gestalt-terapia: a realidade do aqui e agora, o organismo como totalidade, a unidade
organismo/meio, a dominância da necessidade emergente e uma reflexão sobre o conceito
de agressão, que é entendida como uma força biológica importante para o
crescimento.[3] Um ano após sua publicação foi fundado o Gestalt Institute of New
York centro especializado no desenvolvimento da Gestalt-Terapia. É importante salientar
que Gestalt e Gestalt-terapia são conceitos diferentes.

Vida[editar | editar código-fonte]


Nascido em um gueto judeu de Berlim, foi o terceiro e último filho depois de duas meninas,
Else e Grete. Seu pai, Nathan, foi vendedor de fraccionamento de vinhos, e passou muito
tempo longe de casa e sempre teve uma relação muito ruim com seu único filho. Sua mãe,
Amalia, judia, advinda de uma pequena burguesia, decisivamente influenciaria seu filho em
relação às paixões pela ópera e teatro. Em relação aos seus pais, Fritz escreveu em sua
autobiografia: "Meus pais eram judeus, identificados, especialmente o meu pai. Isso
significa que, primeiro vivi a vergonha do meu passado e, por outro, mantive alguns de
meus costumes tradicionais; como ir à igreja aos feriados. Pensei que no caso em que
Deus estava em algum lugar, do qual eu não poderia estar presente, isso e outras
hipocrisia, me fez ateu desde cedo... meu pai odiava minha mãe e outras mulheres, além
de seu tempo livre dedicar-se a jogos. Embora em público, parecia ser amigável".
Era um estudante brilhante, mas pouco esforçado na escola. Ele foi expulso por mau
comportamento com 13 anos de idade. Seu pai, então, força-o a trabalhar em uma loja
como um aprendiz. Suas relações foram sendo cada vez mais ressentidas. Na morte de
seu pai, Perls não compareceu à seu funeral.
Ele retomou seus estudos, mas a escola liberal, o Ginásio Askanischer com um professor
de humanidades, onde começou a fazer contato com o mundo do teatro de forma mais
participativa, uma vocação que mais tarde iria aumentar. Um dos eventos importantes de
sua adolescência veio com o diretor teatral Max Reinhardt, diretor do Deutsches Theater,
com quem teve aulas.
Iniciou seus estudos de medicina, e quando a guerra foi declarada, um problema
cardiovascular o isentou do serviço militar. No entanto, Perls se alistou como voluntário
da Cruz Vermelha, servindo na frente belga em 1915. No ano seguinte, estava na frente,
como um médico de um batalhão de sapadores. Sua experiência da guerra será registrada
como uma das piores da sua vida: "A vida de agonia das trincheiras: horror, horror de viver
e morrer".
Em 1920, formou-se em medicina na Universidade Humboldt de Berlim. Em seguida, foi
contratado na mesma instituição como neuropsiquiatra, passando a ter estreita ligação
com os círculos da esquerda política e da boemia artística, principalmente teatro. (Brücke,
Bauhaus) Ele também foi profundamente influenciado e fascinado pelo filósofo Salomom
Friedlander: "A filosofia era para mim uma palavra mágica, um algo tinha que entender, a
compreender a si mesmo e do mundo, um antídoto para a confusão existencial e
embaraçoso".

Em 1925, com trinta e dois anos ainda vivia com sua mãe. Período de incerteza e
sofrimento. Encontrou-se com Lucy, seu primeiro grande relacionamento romântico. Em
1926 começou a ser analisado por Karen Horney, com quem estabelece um vínculo que
vai sustentar-se toda a sua vida. Fascinado pela psicanálise, considerou a possibilidade de
se tornar um analista.
Ele então mudou-se para Frankfurt, um ano mais tarde, onde passou um ano como
assistente de Kurt Goldstein, um médico pesquisador da Gestalt em traumas cerebrais. Lá
ele conheceu sua futura esposa e colaboradora, Lore Posner (Laura), com quem
estabeleceu uma relação longa, ininterrupta e sentimental. Continuou a sua análise com
um segundo psicanalista: Clara Happel em Viena, e estabeleceu-se para acolher os seus
primeiros pacientes, supervisionados por Helen Deutsch e Hirschman. Ele também tomou
um assistente em um hospital com Wagner-Jauregg e Paul Schilder.
Ao voltar para Berlim em 1928, foi estabelecido como psicanalista, continuando a sua
análise com Eugen Harnik, psicanalista ortodoxo húngaro. Em 23 de Agosto do ano
seguinte, Perls casou-se com Laura (Lore), tendo ele 36 e ela 24 anos. Seguindo o
conselho de K. Horney, começou a sua quarta análise, desta vez com Wilhelm Reich, com
quem manterá uma relação de admiração e amizade por toda a vida, a dizer: "De Reich
tenho vesícula, Horney, o empenho humano sem terminologia complicada." Os anos 30
marcaram a ascensão de Hitler ao poder. No ano seguinte teve sua primeira filha, Renate.
Ele continuou a trabalhar sob a supervisão de Otto Fenichel.
Em 1933 e para evitar prisão pelos nazistas, cruza a fronteira com a Holanda, deixando
sua família no sul da Alemanha, em casa de autoridades por um tempo. Desde a reunião
em Amsterdã, vivem inúmeras vezes dificuldades econômicas. Perls supervisiona
Landanner Karl, outro refugiado, a quem ele lembra como "um homem de grande esforço
para tornar possível o sistema freudiano mais compreensível". Outro amigo, Ernest Jones,
como alguém que fez muito nesse tempo em favor dos psicanalistas judeus que foram
perseguidos, aconselhou-o ir para a África do Sul em 1934, e então Perls saiu para um
trabalho como psiquiatra em Joanesburgo, onde, como em sua autobiografia, contou como
suas melhores lembranças. Juntamente com Laura fundou o Instituto Sul-Africano de
Psicanálise. Vêem tempos de prosperidade econômica e reconhecimento profissional,
longe do caos da guerra.
Em 1935, teve seu segundo filho, Steve. O ano de 1936 é crucial em termos de decepção,
ao invés de antes da psicanálise , para os psicanalistas da época, diria mais tarde,
"Durante anos eu era um pouco exagerado na minha oposição. Perdi a avaliação
por Freud e suas descobertas." No mesmo ano parte para a Checoslováquia para o
Congresso Internacional de Psicanálise em Marienbad e apresenta um trabalho sobre
"Resistência oral", que não foi bem recebido. Perls encontra-se com Freud, mas é tratado
com frieza e descrédito ao apresentar suas teorias.
Em 1942, publicou seu primeiro livro "Ego, fome e agressão", em Durban, em que Laura
teve participação ativa, embora não tenha participado como co-autora.
No início da II Guerra Mundial, alistou-se como médico na Marinha, onde atendeu como
psiquiatra por quatro anos. Isto levou-o a uma mudança gradual longe de Laura e seus
filhos. Com cinqüenta e três, entediado com sua vida burguesa, em 1946, decidiu
abandonar tudo e se instala com a família nos Estados Unidos. Karen Horney ajuda Perls
a se estabelecer em Nova Yorke garante sua entrada no Allanson William White Institute
como professor.
Foi bem recebido pelos psicanalistas americanos. Contracultural e reservado de ambientes
freqüentados, onde conheceu Paul Goodman, Merce Cunningham, John Cage e Living
Theater. No ano seguinte, Laura e seus filhos vieram morar com ele.
Em 1950, era conhecido como o "Grupo dos Sete": Fritz Perls, Laura Perls, Paul
Goodman, Paul Weisz, Elliot Shapiro e Sylvester Eastman Isadore. Mais tarde entraram
para o grupo os psicólogos Hefferline Ralph e Jim Simkin.
Em 1951, publicou "Gestalt-terapia (Gestalt-terapia), escrito por Paul Goodman (Parte II) e
Hefferline (Parte I), em notas manuscritas de Fritz e, como resultado das conversações e
reuniões em sua casa.
Um ano depois Perls fundou o Instituto Gestalt de Nova York e no ano seguinte, outro
Instituto em Cleveland. Fritz delegava a gestão de ambos, junto com Laura e seus colegas,
enquanto percorria os Estados Unidos fazendo demonstrações de grupos e gestalt-terapia.
Os desacordos começam com Laura e seus discípulos sobre a ortodoxia da gestalt-
terapia. O Instituto de Cleveland passa à segunda geração de Gestalt-terapeutas: Joseph
Zinker, Erving e Miriam Polster.
Em 1956 Fritz deixa Laura (nunca se separaram judicialmente) e retirou-se para Miami.
Com sessenta e três anos, a doença cardíaca o debilita e proíbe-o de viajar. No ano
seguinte conheceu Marty Fromm, "a terceira mulher mais importante na sua vida", com
quem viveu por três anos.
Ao separar-se de Marty, em 1959, se mudou para a Califórnia. Colabore com Van Dusen
em San Francisco e Jim Simkin, em Los Angeles. Em 1962, Perls passa um ano viajando
pelo mundo. Estave em Israel (Ein Hod, comuna um dos artistas) e Japão (ficando dois
meses de ensino Mosteiro Zen, em Quioto Daitokuji). A estadia em Israel significou uma
transformação profunda, através do trabalho sistemático sobre si mesmo sob a influência
de LSD.
Em 1965, Fritz tem setenta e dois anos e é severamente afetada a sua saúde. Rolf vai
ajudá-lo a melhorá-lo através dos seus exercícios. Vem para ele o reconhecimento e a
fama, com vários convites de filme em suas oficinas. Em 1966 Perls construiu a sua
própria casa: a casa do Crescente Vermelho.
Em 1968, Fritz escreve as introuduções de vários dicípulos. Em 1969 publicou Gestalt
Therapy Verbatim (Sonhos e existência) e, pouco depois de sua autobiografia "Dentro e
fora da lata de lixo." Em Esalen, o ensino da Gestalt-terapia foi deixada nas mãos de
quatro de seus discípulos, Dick Price, Claudio Naranjo, Bob Hall e Jack Downing, e Perls
passa a morar no canadá.
Em 1969 cria o Instituto Gestalt do Lago Cowichan (Vancouver Island), a que chama
"Gestalt Kibbutz' para onde veio cerca de trinta discípulos de Esalen (Teddy Lyons, Barry
Stevens, Janet Lederman e outros). Em dezembro, viaja para a Europa já muito doente.
Ao voltar à América, em fevereiro do próximo ano, Perls encontra-se com uma saúde
muito debilitada. Dá entrada no Weiss Memorial Hospital, em Chicago. Laura vem visitá-lo
e libera a cirurgia.
Perls morre de ataque cardíaco em 14 de março de 1970. A autópsia revelou câncer
pancreático.

Referências
1. ↑ Patricia Wallerstein Gomes (2001). «Gestalt-terapia: "herança em revista"». Mestrado em Psicologia
Clinica. Consultado em 5 de dezembro de 2014
2. ↑ Gestalt Portal das Curiosidades - Gestaltoterapia
3. ↑ «Alguns aspectos da história e da fundamentação da Gestalt-terapia - Ênio Brito Pinto -».
www.gestaltsp.com.br
Terapia gestalt
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A Gestalt-terapia é um modelo psicoterápico com ênfase na responsabilidade de si


mesmo, na experiência individual do momento atual (chamado também de aqui e agora),
no relacionamento terapeuta-consulente e na autorregulação e ajustamento criativos do
indivíduo, levando em conta sempre o meio ambiente e o contexto social, que constituem o
ser de um modo geral. A teoria foi desenvolvida pelos teóricos Fritz Perls, Laura
Perls e Paul Goodman entre as décadas de 1940 e 1950.

Índice

 1Visão Geral do Gestalt


 2Enfoque
 3Histórico
 4Influências da gestalt-terapia
o 4.1Psicologia da Gestalt
o 4.2Teoria Organísmica de Kurt Goldstein
o 4.3Humanismo
o 4.4Fenomenologia
o 4.5Existencialismo
 5Conceitos
o 5.1Contato
o 5.2O Ciclo do Contato
o 5.3A Neurose
 6Ver também
 7Ligações externas

Visão Geral do Gestalt[editar | editar código-fonte]


A Gestalt-Terapia desenvolveu-se da síntese de várias tendências filosóficas, psicológicas
e culturais. Como bases filosóficas. a teoria lança mão do existencialismo, humanismo e
da fenomenologia, colocando a abordagem no grupo da psicologia humanista considerada
como a terceira via, ao lado da psicanálise e da terapia comportamental.
Foi influenciada pela cultura do pós-guerra, que levantou
novos paradigmas epistemológicos, filosóficos e culturais. A cultura hippie foi bastante
presente na vida de Perls, assim como também as filosofias orientais e o cristianismo.
Depois da desvinculação de Perls em relação à psicanálise, ele passou a utilizar-se de
vários conceitos de psicologia para construir o corpo teórico da Gestalt-terapia, e de
teorias como a psicologia da Gestalt de Wertheimer, Köhler e Koffka, teoria de campo de
Lewin e a teoria organísmica de Kurt Goldstein. A psicanálise também teve seu grau de
influência, além da própria experiência pessoal de Perls.

Enfoque[editar | editar código-fonte]


Dadas as suas bases filosóficas, a Gestalt-terapia tem seu enfoque clínico no conceito
de aqui e agora. Não confundir com a ideia de que a abordagem nega o histórico do
cliente. O conceito refere-se à ideia de que o que se apresenta como fenômeno no
momento atual deve ser levado em consideração. Esta abordagem no aqui-agora pretende
promover o contato e a awareness, também conceitos da teoria. O modo de abordar o aqui
e agora expressa-se na relação terapeuta-consulente, já que é a relação que está
ocorrendo no momento da terapia. O trabalho focado nesta relação sugere ao cliente que
tome consciência do aqui-e-agora e lide com o que emerge desta relação. Estes
elementos que emergem são chamados de figura, conceito da Gestalt conhecido
como figura e fundo. Este enfoque no aqui-e-agora da relação terapeuta-consulente
pretende servir de modelo vivencial das experiências do consulente, acreditando-se que
toda a tomada de consciência advinda desta vivência afetará a relação do consulente
consigo mesmo de modo geral, holístico.

Histórico[editar | editar código-fonte]


Foi cofundada pelos então conhecidos como o "grupo dos sete" (Paul Weisz, Elliot
Shapiro, Isadore Sylvester Eastman, Ralph Hefferline e Jim Simkin), tendo mais destaque
entre eles Fritz Perls, Laura Perls e Paul Goodman dentre os anos de 1940 a 1950. Está
relacionada com a psicologia da gestalt, mas não é a mesma coisa, como também a
Gestalt-Terapia não é a mesma coisa da Psicologia fenomenológica-existencial.
Quando criada, havia uma divergência quanto ao nome que esta abordagem deveria ter.
Entre muitos nomes, foram propostos: Terapia da Concentração, Terapia Integrativa,
Psicanálise Existencial, até proporem Gestalt-Terapia, que, de início, causou certo debate,
mas que logo foi aceito.
Inicialmente baseada nas ideias da psicologia da gestalt, a Gestalt-Terapia foi
desenvolvida como modelo psicoterapêutico, sendo considerada uma teoria bem
desenvolvida que combina abordagens Fenomenológicas, Existenciais, Dialógicas e da
Teoria do Campo aliadas ao processo de transformação e crescimento humano.
Perls sempre frisou que a gestalt-terapia não era uma criação original sua, mas, pelo
contrário, uma união de vários acontecimentos que nos leva aos conhecimentos da área
de psicologia, que ainda não haviam sido experimentados por ninguém. Cabe, à Gestalt-
Terapia, a configuração destes conhecimentos, dando, a eles, uma abordagem própria.
Uma das grandes inovações da Gestalt-Terapia é o fato de compreender o ser humano
como uma totalidade. Rompendo com as psicoterapias tradicionais, a Gestalt vê o homem
nos seus aspectos físico, mental e psíquico. Estas são esferas indivisíveis e inter-
relacionadas. Corpo e psiquismo são inseparáveis.
A Gestalt-Terapia pode ser utilizada no atendimento individual, de grupos, familiar, de
casais, infantil e até em organizações. A visão holística que permeia o pensamento
gestáltico possibilita a sua utilização em grupos. Fritz Perls costumava
realizar workshops com grupos e casais. O próprio Perls, certa vez, declarou preferir o
atendimento em grupos ao atendimento individual, pela sua eficiência, e principalmente
por poder colocar os clientes diante de situações onde estes poderiam ser mais
espontâneos.
Os métodos e objetivos variam de acordo com os autores. Para Perls, o objetivo da terapia
é saltar do apoio ambiental para o autoapoio (self-suport). Em outro momento,
encontramos, como objetivo da Gestalt-Terapia, a Awareness. Awareness é uma palavra
sem conceituação exata para o português, mas que pode convenientemente ser traduzida
para "dar-se conta", também sendo utilizada para conceituar o que muitos
chamam continuum de consciência. Para outros, seria uma transcendência da consciência
de si. Essa consciência refere-se à capacidade de aperceber-se do que se passa dentro
de si e fora de si no momento presente, em nível corporal, mental e emocional.

Influências da gestalt-terapia[editar | editar código-fonte]


A Gestalt-terapia, tem como base, várias teorias do conhecimento humano. Entre elas, as
mais utilizadas por Fritz Perls, de acordo com Tellegen (1984, p. 34), são: análise do
caráter de Reich, o Holismo de Jan Smuts, a fenomenologia, a psicologia da Gestalt, a
teoria organísmica de Kurt Goldstein, a filosofia existencial, zen budismo, a teoria do
campo de Kurt Lewin e a psicanálise. Esta realação a esta última, é interessante que seja
ressaltado que Perls era psicanalista. Em determinado momento, admite o valor da
pesquisa psicanalítica, afirmando: "Quase não existe uma esfera da atividade humana
onde a investigação de Freud não tenha sido criativa, ou, pelo menos, estimuladora"
(1969, p. 13). Contudo, a fundamentação com a psicanálise deve ser vista com cuidado,
pois Perls manteve ásperas relações com a psicanálise. Em certos momentos, faz
comentários sobre Freud e sua teoria.
"[...] Freud, suas teorias, sua influência são por demais importantes para mim. [...] Fico
profundamente abismado diante do que praticamente sozinho realizou, com instrumentos
mentais inadequados de uma psicologia associacionista e uma filosofia de
orientação mecanicista. Sou profundamente grato por tudo que aprendi justamente ao me
opor a ele." (PERLS, 1979)
Nos escritos de Perls, é comum encontrarmos referências a Alfred Adler e Harry Stack
Sullivan. Ambos influenciaram o pensamento de Fritz, principalmente no que toca às
questões referentes à autoestima e autoconceito.
Psicologia da Gestalt[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Gestalt

Gestalt é uma palavra alemã. Existem diversas interpretações para o termo: uma diz que
pode ser considerada a psicologia da forma; outra a associa ao processo de surgimento de
figura-fundo. A palavra adequada para designar a Gestalt seria dizer: Gestaltung, palavra
que indica "dar forma", ou seja, um processo, uma formação.
A concepção da psicologia da Gestalt, até então antiga, é a teoria sobre como o nosso
campo perceptivo segue determinadas tendências sob a forma de conjuntos estruturados.
A percepção estruturada se daria seguindo a tendência das linhas e das formas,
destacando as figuras de seus fundos. Porém, não se pode reduzir os fenômenos somente
ao que é percebido (ao campo perceptivo), pois deve-se levar em conta o todo sendo
diferente da soma das partes. Ex: H2O. Sabemos que a fórmula da água é de duas
partículas de Hidrogênio e uma de Oxigênio; no entanto não se consegue "fazer água"
apenas juntando essas duas moléculas. Assim, "o todo é diferente da soma de suas
partes"; influência também herdada das psicologias de Kurt Lewin (teoria de campo) e Kurt
Goldstein (teoria organísmica).
A principal queixa dos criadores da Gestalt, em relação, às psicoterapias tradicionais, é o
fato de elas não compreenderem o ser como um todo. Quando se analisa um
comportamento, é preciso considerar o contexto, o que poderíamos chamar de espaço-
tempo. Segundo GINGER: "uma parte num todo é algo bem diferente desta mesma parte
isolada ou incluída num outro todo [...] num jogo, um grito é diferente de um grito numa rua
deserta [...]" (1995, p14).
A psicologia da Gestalt possibilitou, a Perls, estudar a hierarquia de necessidades. Ele
dizia que uma Gestalt seria o processo de formação de uma necessidade em busca de
sua satisfação. Então, todo o organismo seria colocado a favor da Gestalt emergente (a
figura que emerge de seu fundo). Um organismo sadio estaria atento ao surgimento de
Gestalten e iria rumo à satisfação.
Um exemplo utilizado por Perls diz respeito a uma mãe com seu bebê recém-nascido, que,
em meio a uma multidão de sons, sono e cansaço (fundo), acorda ao ouvir seu filho
chorando (figura).
Para alguns teóricos, uma das maiores inovações da Gestalt-Terapia em relação à
Psicologia da Gestalt, é o fato de ampliar o conceito de figura-fundo, antes visto apenas
como parte do processo perceptivo, mas que passa a fazer parte da motivação, esta
associado ao processo de emergência das necessidades do organismo.
Teoria Organísmica de Kurt Goldstein[editar | editar código-fonte]
Uma das influências mais incisivas sobre a Gestalt-terapia é a teoria organísmica de
Goldstein. Essa teoria deu base para que Fritz não fosse mecanicista ou associacionista.
A teoria organísmica é contrária às teorias associacionistas, que buscavam causa-efeito.
Ela constituía-se basicamente pela busca entre as inter-relações existenciais entre os
fenômenos, além de analisar as funções psicológicas, mas considerando
o organismo como um todo.
"[...] 'como' um dado fenômeno é constituído, de que forma se tecem as inter-relações
entre suas partes, 'em função do quê' se estrutura o todo de uma determinada maneira e
não de outra. Como ocorrem mudanças nesta estruturação? Existe uma tendência
direcional nestas mudanças?"' Tellegen (1984, p. 38)
O modelo biológico utilizado por Goldstein, concebia um organismo como um sistema em
equilíbrio, e que qualquer necessidade causava um desequilíbrio que precisava ser
corrigido. Perls associou a teoria organísmica junto às leis da psicologia da Gestalt: entre
elas, a lei da "boa forma" (afirma que sempre predominará aquela configuração que
mantiver estados mais harmoniosos). Sendo assim, diante de todo fato que altere esse
equilíbrio, tornar-se-á evidente a tendência das partes em se reorganizarem e da energia
em se redistribuir de acordo com o campo.
Para Goldstein, todo organismo tem uma tendência natural ao equilíbrio, ou seja, todo
organismo possui, em si, a capacidade de se autorregular e se autorrealizar. Há uma
"sabedoria organísmica": o organismo, por si só, pode atingir a saúde. Todo organismo
autorregulado busca sua satisfação, quando lhe é privada a satisfação o organismo busca
outras formas para compensá-la.
A "patologia" aparece como uma forma de regulação, uma tentativa do organismo de se
recuperar. O organismo age de acordo com as demandas ambientais.
De acordo com Lima "[...] o processo de busca de autoatualização como um processo
holisticamente natural do organismo, como uma potencialidade intrínseca do ser humano,
Goldstein afirmava que quando o indivíduo apresentava respostas antagônicas ou
desarmônicas a este princípio é por que este estava submetido a condições inadequadas
de funcionamento."
Humanismo[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: humanismo

A Gestalt se encontra dentro de uma das grandes correntes teóricas da psicologia.


O humanismo é definido pela volta da psicologia ao homem e às questões realmente
humanas (amor, ódio, medo, solidão, saúde, beleza, virtude).
O humanismo busca trazer o homem e a sua história para o centro do debate, o homem
torna-se senhor do seu tempo e do seu mundo.
Aqui, é o homem é capaz de autogerir-se, autogovernar-se, busca sua autorrealização. O
homem pode tomar posse do seu destino.
O homem é um completo vir-a-ser, nunca é algo estático ou estagnado, antes é um ser em
constante transformação e mudança. Conceber o homem como um ser estático é não
compreender o homem em sua essência.
Fenomenologia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: fenomenologia
O pensamento fenomenológico é essencial à compreensão da abordagem. Ela é, antes de
tudo, é uma terapia focada no óbvio, na única coisa que temos, o aqui-agora. Isso
possibilita, à Gestalt-terapia, a qualidade de terapia experiencial.
A fenomenologia propõe um modelo de compreensão do mundo. Na fenomenologia,
estudam-se os fenômenos. Fenômenos estes relacionados com o que aparece, com
manifestar-se. Uma característica essencial do pensamento fenomenológico é o fato de as
coisas terem um apelo interno para revelação, descoberta.
Então, partimos das coisas às coisas mesmas. A fenomenologia é o estudo das essências.
Também encontramos, no pensamento fenomenológico, a noção de intencionalidade: para
tudo que existe, há uma consciência para lhe atribuir significado. E faz-se necessária
a redução fenomenológica, onde o terapeuta precisa se livrar de todas as suas
preconcepções, apenas para observar o fenômeno que ocorre diante de seus olhos. Seu
foco é a descrição fenomenológica.
Na redução fenomenológica, é preciso abandonar de antemão teorias e explicações
universais sobre o ser humano. Para o terapeuta, o que lhe resta é a sua intuição, seu
tato. Torna-se uma terapia onde o terapeuta é seu maior instrumento de trabalho.
A intencionalidade da consciência e a intuição fenomênica nos fazem questionar, aos
clientes, a totalidade do que surge e como surge a sua consciência, "o quê", "como", "para
quê", "qual o significado" compõem seu instrumental de perguntas, abandona-se o "por
quê" e toda uma gama de explicações e interpretações.
A preponderância do "como" sobre os "porquês" nos permite compreender a estrutura
subjacente aos fenômenos, e relata a necessidade de se descrever o que acontece com o
cliente no aqui-agora tendo, como objetivo principal, ampliar constantemente a
consciência, na maneira como o cliente se comporta, e não a razão pelo qual ele age.
Existencialismo[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Existencialismo

A Gestalt-Terapia tem, dentre suas características, recuperar o homem de sua alienação


existencial. O existencialismo incide sobre o pensamento gestáltico, trazendo o homem
para o centro da sua singularidade. Sua subjetividade é o ponto de equilíbrio, e é na
intersubjetividade que se faz humano.
Ao longo de suas obras, Perls demonstrou que o objetivo da terapia era fazer com que o
cliente se tornasse mais responsável, consciente, capaz de realizar um bom contato, e
que, a cada sessão, o cliente se tornasse mais ele-mesmo.
A espécie humana é a única capaz de existir. Existência, que pode ser traduzida por: pôr
para fora, projetar-se. Essa capacidade é caracteristicamente humana, só o ser humano
transcende toda barreira. Enquanto outros seres seguem sua programação biológica, o
homem se faz homem, se constrói com base na cultura, na história, e na sua própria
individualidade.
O homem passa a ter objetivos, sua condição de existência passa a ser o seu potencial,
este então passa a dar sentido para si. É o único que vive num constante devir (vir-a-ser).
Tudo que este é ainda está por se fazer. O homem é, por si só, uma obra inacabada,
tendo seu projeto em suas próprias mãos. Antes de tudo, existência é possibilidade de se
projetar, se construir.
Durante sua vida, o homem, perpassa por um meio social massacrante, avassalador, que
destrói e corrompe suas potencialidades genuínas. O caminho da existência é áspero e
cheio de pedras, para muitos a existência perde seu maior significado, perde-se o sentido,
a sua realização passa a estar cada vez mais distante. O homem sem sentido de vida é
incapaz de viver plenamente. Na existência humana, mergulhar nas trevas é parte da
caminhada. No entanto, para sair das trevas, é preciso encontrar o verdadeiro sentido de
vida. Diante de sua capacidade de autorrealização, mesmo no deserto, a mais bela flor
consegue florescer.
Conceitos[editar | editar código-fonte]
Contato[editar | editar código-fonte]
Em Gestalt-Terapia, o contato é uma das maiores necessidades psicológicas do ser
humano. Para definir contato, precisamos compreender o conceito de fronteira. O homem
vive em íntima e constante relação com o mundo que o cerca, existe uma fronteira entre o
homem e o seu meio. Por mais que nós estejamos ligados ao mundo, temos uma
separação, assim como nossas células em meio ao tecido se separam umas das outras
por meio das membranas citoplasmáticas.
O ser humano necessita do contato para obter elementos para sua satisfação. Sem
contato, não obtemos nutrientes para sobrevivermos. O surgimento de uma gestalt e a sua
realização dependem de um contato satisfatório com o mundo. Senão, a gestalt pode ser
interrompida ou não satisfeita.
Costuma-se utilizar o exemplo de uma célula e sua membrana. Sabe-se que a célula
realiza trocas constantes de moléculas com o seu meio externo e que é através da
membrana e sua permeabilidade que a célula recebe nutrientes e expele substâncias.
Sabemos que a célula vive em sucessivas e incessantes trocas, pois delas depende sua
existência. Graças à permeabilidade da membrana a célula mantém-se em equilíbrio com
seu meio externo.
A fronteira surge como algo dinâmico, fluido, e que se faz a medida que estamos em
contato com as pessoas e o mundo. A fronteira é permeável e na medida em que estamos
abertos ao mundo, ela tende a ser expandir e se tornar mais fluida, mas à medida que
estamos com medo ou inibidos ela tende a se retrair, a se encolher.
Perls faz alusão às fronteiras geográficas dos países: os países que estão em paz, vivem
com suas fronteiras abertas, onde o comércio, as pessoas podem entrar e sair livremente.
Já os países em guerra costumam manter suas fronteiras fechadas, guarnecidas,
cercadas rigidamente.
À fronteira e o contato, segue um ciclo de contato-retração. Há momentos de abertura e há
momentos de retração. Isso se faz graças a própria homeostase, a capacidade natural do
organismo em entrar em contato em busca de satisfação, e se retirar quando satisfeito.
É na fronteira de contato que nos fazemos existir, manifestamos nossos pensamentos,
nossas emoções. Nós agimos na fronteira de contato.
Para o homem, o contato é a passagem entre união e separação, a relação entre homem-
mundo, que se dá através da fronteira, por onde obtemos o alimento psicológico, e
também doamos de nós mesmos ao mundo, numa relação de troca vital onde ambos
(homem-mundo) se transformam.
Várias teorias são utilizadas para fundamentar o conceito teórico de contato. Uma das
mais aceitas no meio gestáltico é a Teoria Dialógica de Martin Buber.
A teoria buberiana é pautada nas palavras-conceito EU-TU e EU-ISSO. Essas são formas
de o homem vivenciar os relacionamentos, compondo, assim, uma intersubjetividade. Nos
relacionamento EU-TU, há uma relação dialógica que necessita de elementos existenciais:
reciprocidade (pressupõe uma relação humana recíproca, onde ambos os sujeitos
envolvidos no diálogo se reconhecem enquanto sujeitos), presença (o momento em que
ambos estejam presentes na sua totalidade e na sua individualidade, reconhecendo o
outro da relação), imediatez (é o aqui-e-agora da relação, não há nada para depois) e
responsabilidade (como a habilidade de responder, ser capaz de assumir, estar presente).
Jorge Ponciano Ribeiro, teórico da Gestalt-Terapia no Brasil, cita um exemplo interessante
em sua obra O Ciclo do Contato: na chuva, a água cai sobre o asfalto, ambos se tocam,
não há contato, se houvesse contato, cita ele, ambos seriam transformados em sua
natureza, o asfalto transformaria a água e, reciprocamente, a água transformaria o asfalto.
O contato por si só é transformador, a sua natureza possibilita a espontaneidade. A
abertura a um contato satisfatório é elemento de cura na Gestalt-Terapia.
O Ciclo do Contato[editar | editar código-fonte]
O contato possui um funcionamento cíclico, que parte do contato à retração. No livro,
Perls, Goodman e Hefferline foram os primeiros a elaborar a forma como a energia do
organismo se distribui ao longo do processo de satisfação de necessidades.
Uma teoria bastante aceita entre os gestaltistas é a de J. Zinker (1979). Este define o
processo da seguinte forma:

 Awareness (sensação): é o surgimento de impressões vagas, inquietude: o paciente


começa a se dar conta, passa a ter consciência. Se a awareness se dá por completo,
o sujeito é capaz de identificar a sua necessidade dominante.

 Energização/Ação: nesta etapa, o organismo convida seus músculos para a ação, há


uma sensação crescente de energia, a awareness passa a ser organizada em prol de
sua satisfação.

 Contato: É nesse momento que se entra em contato com o que satisfará a


necessidade, é o momento do encontro com a diferença (eu e não eu), a
transformação se dá, as figuras emergem de forma nítida.

 Retirada/Conclusão: A necessidade foi satisfeita e o organismo se retira. Neste


momento, há a resolução e o alívio, a energia começa a se retrair.

 Retraimento: Aqui, há o fechamento da gestalt, a energia se retrai totalmente, tem-se a


sensação de dever cumprido.
O Ciclo Gestáltico reflete o funcionamento saudável do organismo. Durante o ciclo, podem
ocorrer interrupções e a energia pode ficar estagnada ou ser prolongada. Logo, começam
a surgir os distúrbios do contato.
Um grande avanço da Gestalt-Terapia, é o fato de compreender o indivíduo observando a
forma como este se satisfaz. O estabelecimento do contato, seja com o meio, seja com
pessoas, é de suma importância no pensamento gestáltico.
A Neurose[editar | editar código-fonte]
Para a Gestalt-Terapia, o indivíduo é uma totalidade, seu funcionamento básico gira em
torno da sua autorregulação organísmica. No pensamento gestáltico, o indivíduo é
um sistema em equilíbrio homeostático que está em contato com um mundo circundante e
que constantemente realiza trocas com o meio, ou seja, faz contato para satisfazer suas
necessidades dominantes. A doença surge quando o sujeito não mais consegue identificar
as necessidades dominantes e o seu organismo, mesmo assim, tenta restabelecer o
equilíbrio perdido. As gestalts não resolvidas ficam pendentes e o equilíbrio fica
prejudicado. Os sintomas surgem como uma tentativa de reorganizar e assimilar as
gestalts abertas, ou não satisfeitas.
De acordo com Ángeles Martín (2008), "o neurótico está continuamente interrompendo o
processo de formação e de eliminação de gestalts. Ele não percebe claramente quais e
como são suas necessidades e suas emoções [...]. Essa forma de agir o faz perder a
oportunidade de completar suas gestalts e, portanto, satisfazer suas necessidades. Isto
cria um contínuo estado de insatisfação. [...] O neurótico nem toma do ambiente aquilo de
que precisa para manter seu equilíbrio e uma sobrevivência sadia, nem contribui para dar
ao ambiente aquilo que dele reclama e que serviria para conformá-lo."
Para que nós satisfaçamos nossas necessidades, é necessário que tenhamos consciência
das necessidades que surgem (processo de surgimento de gestalts). Para a Gestalt-
Terapia, o neurótico é um indivíduo repleto de interrupções, que interrompe a si mesmo no
processo de satisfação das próprias necessidades.
O indivíduo neurótico é, antes de tudo, fóbico: tem medo da dor e da frustração,
interrompe a si mesmo no processo de crescimento, as gestalts não resolvidas se
acumulam e o protegem de estabelecer novos contatos com o mundo e as pessoas. Ele
costuma estar confuso quanto ao que sente ou ao que faz, não reconhece quais são as
suas reais necessidades.
Perls aponta que o neurótico possui um autoconceito e uma autoestima frágeis e, para
sustentar-se, busca, constantemente, apoio ambiental, utilizando-se de manipulação e
defesas estereotipadas para atingir sua satisfação. Falta, ao neurótico, a assimilação das
questões mal resolvidas, o indivíduo passa a ser cheio de pontos cegos.

Ver também[editar | editar código-fonte]


 Gestalt
 Psicoterapia gestaltista

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


 Identidades de gênero na perspectiva da teoria do self: uma leitura gestáltica acerca
da sexualidade na contemporaneidade
 Diez Metáforas para la Gestalt del Siglo XXI
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Franz Alexander
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Franz Alexander

Nascimento 22 de janeiro de 1891


Budapeste

Morte 8 de março de 1964 (73 anos)


Palm Springs

Cidadania Hungria, Estados Unidos

Progenitores Pai:Bernhard Alexander

Ocupação professor universitário, psiquiatra,


psicanalista

Empregador Universidade de Chicago

[edite no Wikidata]

Franz Alexander, nascido Ferenc Gábor Alexander (Budapeste, 22 de janeiro de 1891 —


Palm Springs, 8 de março de 1964) foi um médico e psicanalista húngaro judeu radicado
nos Estados Unidos.[1]
Ele é considerado o fundador da medicina psicossomática de base analítica e da
criminologia psicanalítica.

Obras[editar | editar código-fonte]


 1931, The Criminal, the judge and the public: A psychological analysis. (Together with
Hugo Staub. Orig. ed. transl. by Gregory Zilboorg).
 1960, The Western mind in transition : an eyewitness story. New York: Random House.
 1961, The Scope of psychoanalysis 1921 - 1961: selected papers. 2. pr. New York:
Basic Books.
 1966, Psychoanalytic Pioneers de Franz Alexander (autor), Samuel Eisenstein (autor),
Martin Grotjahn (editor), New York; London: Basic Books. También Transaction
Publishers,U.S. (April 1995), ISBN 1-56000-815-6 (10), ISBN 978-1-56000-815-6 (13)
Extracto online (en inglés)

 The corrective emotional experience (1946) (capítulos 2, 4 y 17 del libro de Franz


Alexander
 1968, The history of psychiatry; An evaluation of psychiatric thought and practice from
prehistoric times to the present. By Franz G. Alexander and Sheldon T. Selesnick. New
York [etc.]: New American Libr.
 1969 [c1935] (with William Healy) Roots of crime: psychoanalytic studies, Montclair NJ:
Patterson Smith.
 1980, Psychoanalytic therapy. Principles and application. Franz Alexander and
Thomas Morton French.
 1984, The medical value of psychoanalysis. New York: Internat. Universities Pr.,
1984. ISBN 0-8236-3285-7.
 1987, Psychosomatic Medicine: Its Principles and Applications. 2nd. ed., New York;
London: Norton. ISBN 0-393-70036-4.

Referências
Categoria:Psicoterapia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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 Treino de habilidades sociais
 1. Joias do Netflix

(Divulgação)

São Paulo -- Alguns filmes são sucesso de crítica, outros estão aqui porque
emocionam demais. E, ó, para assistir não precisa desbloquear nenhum código
secreto, não, é só clicar! Bora?

 2. 1. Os Excêntricos Tenenbaum
Quem conhece o trabalho de Wes Anderson, o diretor do filme, pode esperar por
duas coisas: personagens encantadores e figurinos fabulosos. Em "Os Excêntricos
Tenenbaum" não é diferente, e aí que reside toda a magia do longa, já que a
história não é lá um poço de originalidade. Royal (Gene Hackman) é um vigarista e
só causa problemas para sua família, até o dia que é expulso de casa. Anos
depois, arrependido, inventa estar morrendo para se aproximar dos filhos, todos
eles gênios, diga-se. Humor refinado e um monte de ator bacana, não perca essa
joia!

 3. 2. Um Conto Chinês
O que acontece quando um imigrante chinês sem falar uma palavra sequer de
espanhol acaba em Buenos Aires, na Argentina, e cruza o caminho de um mau
humorado comerciante? O resultado dessa incomum amizade pode ser visto no
delicado "Um Conto Chinês"! É cinema argentino da melhor qualidade e mais uma
performance muito boa de Ricardo Darín!

 4. 3. Thelma & Louise


Clássico dos anos 1990, "Thelma & Louise" é um daqueles filmes que não tem
como ficar indiferente, principalmente quando conhecemos o drama de Thelma
(Geena Davis). Vítima de um relacionamento abusivo, ela topa fugir de seu
opressor ao lado da amiga Louise (Susan Sarandon). O problema é que no meio
do caminho elas acabam se envolvendo no meio de um assassinato e começa
uma busca alucinante da polícia por essas duas. Uma história incrível sobre
amizade que, veja só, traz como bônus o jovem Brad Pitt. Longa obrigatório para
cinéfilos!

 5. 4. Kramer vs. Kramer


Joanna Kramer (Meryl Streep) não verbalizava, mas estava em depressão e
exausta. Exausta de ser a esposa-troféu com uma existência baseada em cuidar
do filho e esperar o marido voltar de seu emprego. Até que um dia ela cansa e,
simplesmente, vai embora. E é aí que começa o filme, já que Ted (Dustin Hoffman)
se vê obrigado a cuidar sozinho do pequeno Billy (Justin Henry), algo antes
impensável. Ele vai ter que aprender a cozinhar, ajustar seus horários, enfim, tudo
o que implica criar uma criança. Até o dia que Joanna volta - trabalhando e
ganhando muito mais dinheiro do que ele - e entra na Justiça pela guarda do
garotinho. Pelo papel, Meryl ganhou seu primeiro Oscar.

 6. 5. Sentidos do Amor
Como seria viver num mundo onde as pessoas perderam os sentidos? Tato, olfato,
audição, visão... O fim dos tempos, parece, está próximo e essa curiosa - e terrível
- doença não para de avançar e acometer mais e mais pessoas. No meio do
furacão está o casal Susan (Eva Green) e Michael (Ewan McGregor), que tenta
equilibrar a relação com a iminente (será?) destruição da raça humana.


 7. 6. Manhattan
Um dos melhores filmes de Woody Allen, "Manhattan" invoca os pontos fortes do
diretor: diálogos maravilhosos, humor ácido, crítica da sociedade afiada e, claro,
Nova York. Para quem quer se aprofundar no trabalho do diretor e entender o
legado dele, o longa é fundamental.

 8. 7. Loucamente Apaixonados
O título em português é muito ruim, mas vai pela gente: o filme é ótimo. E bem fácil
de se relacionar. Anna (Felicity Jones), uma inglesa em intercâmbio nos Estados
Unidos, conhece Jacob (Anton Yelchin) e logo se apaixona, ela fica tão "louca de
amor" que ignora a validade do seu visto e é deportada do país. Longe do amado,
ela tenta fazer durar essa relação à distância. J. Law está no elenco também.

 9. 8. Paris, Texas
Dirigido pelo aclamado diretor alemão Win Wenders, "Paris, Texas", a gente já
avisa, é um filme lento, muito lento! Mas nem por isso deixa de ser genial. Aliás, é
essa lentidão o seu charme. Parece que o longa consegue captar toda a
melancolia e culpa do protagonista, Travis (Harry Dean Stanton), que, quatro anos
após abandonar esposa e filho, é encontrado sem memória num hospital. Apenas
assistam essa joia!

 10. 9. Oranges and Sunshine


Baseado em ~fatos reais~, "Oranges and Sunshine" emociona demais. E só de ler
a sinopse dá para entender! Margaret Humphreys (Emily Watson) é uma
assistente social e descobre um dos maiores escândalos do Reino Unido, o tráfico
de crianças pobres para trabalhar em países como a Austrália. Prepare o lencinho,
tá?

 11. 10. Perdidos na Noite


O grande vencedor do Oscar de 1970 (Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor
Roteiro Adaptado), "Perdidos na Noite" é tudo isso aí mesmo. O jovem Joe Buck
(John Voight) vai embora do Texas para tentar a vida na cidade grande. Em Nova
York, vestido como cowboy, ele começa a ganhar dinheiro como garoto de
programa. Já desiludido, encontra "nos braços" de Ratso (Dustin Hoffman), um
"mendigo" coxo e mau humorado, alguém para lhe fazer companhia na big apple.
E, bem, a relação criada pelos dois é nada menos do que apaixonante. Reflexo da
sociedade da época, o longa é bastante competente em captar o espírito de seu
tempo e, principalmente, abrir espaço em hollywood para temas mais polêmicos.

 12. 11. O Abrigo


Eles eram uma família feliz e tranquila até Curtis (Michael Shannon), o patriarca,
começar a ter perturbadores pesadelos com uma tempestade apocalíptica.
Obssessivo, o cara constrói um abrigo dentro de casa e o espectador não sabe se
ele está falando a verdade ou, se devido seu histórico familiar, está sofrendo de
esquizofrenia. E essa a graça do filme, tentar desvendar esse "mistério", já que o
final é, digamos, controverso. Jessica Chastain está no elenco também.

 13. 12. Uma Boa Mentira


Choque cultural é o que define esse longa! Emocionante, conta a história dos três
sudaneses Mamere (Arnold Oceng), Jeremiah (Ger Duany) e Paul (Emmanuel Jal)
que, após sofrer horrores em seu país de origem, conseguem a oportunidade de
ter uma vida melhor nos Estados Unidos. E é quando conhecem Carrie (Reese
Witherspoon), uma assistente social, que eles se deparam com um novo universo.

 14. 13. Deus da Carnificina


Baseado na peça homônima da francesa Yasmina Reza, "Deus da Carnificina" é
um filme baseado em diálogos. Por isso, não espere grandes efeitos especiais ou
reviravoltas malucas. Agora, espere por excelentes atuações de Jodie Foster, Kate
Winslet, Christoph Waltz e John C. Reilly.

 15. 14. White Elephant


Quando dois padres resolvem comprar briga para ajudar os mais pobres na
periferia de Buenos Aires. Se à primeira vista a história do longa pode parecer
clichê, não se engane: o olhar do diretor Pablo Trapero faz toda a diferença. Ah, e
Ricardo Darín, como sempre, dá um show.

 16. 15. Depois de Lúcia


"Depois de Lucia", dirigido pelo mexicano Michel Franco, é violento, muito violento.
Acompanha a vida de Roberto (Gonzalo Vega Jr.) que, após a morte da esposa,
ao lado de sua filha Alejandra (Tessa Ia), decide mudar para a Cidade do México.
E é lá onde toda a ação do filme acontece. Espere para sentir muito ódio por todas
situações de abusos físicos e emocionais pelos quais a garota irá sofrer em seu
colégio. Um filme contundente, crítico e de extrema importância.

 17. 16. Ginger & Rosa


São os anos 1960, a revolução sexual está aí, assim como a ameaça de uma
bomba nuclear. E é nesse cenário, de uma efervescente Londres, que o
espectador é convidado a conhecer a fascinante amizade de Ginger (Elle Fanning)
e Rosa (Alice Englert), duas garotas muito espertas que desejam ardentemente
não "acabar" como as mães. Mas, né, sempre tem uma pedra no caminho e a
relação das duas vai passar por uma grande prova. Talvez ela acabe...

 18. 17. Um Santo Vizinho


Vincent (Bill Murray) não é exemplo para ninguém. Fumante, alcoolatra, viciado em
corridas de cavalo e sem dinheiro, ele é o retrato de uma pessoa decadente. Mas,
né, o destino, esse danado que adora aparecer pelos lados de Hollywood, resolve
colocar Maggie (Melissa McCarthy), acompanhada de seu filho Oliver (Jaeden
Lieberher), em seu caminho. O resultado é uma incomum amizade e um festival de
lágrimas. É clichê, mas não tem como não se emocionar. Sério.

 19. O ano dos super-heróis

(Reprodução/YouTube)

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