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Uma das questões que menos entendo quando vejo debates nas redes
sociais é a constante aversão de pessoas, tanto da Esquerda quanto da
Direita, ao livre-comércio. Não consigo entender como essas pessoas
podem se opor a uma pauta que já é consenso entre economistas desde
pelo menos Adam Smith! Creio que essas pessoas estejam apenas cegas
ao óbvio e precisem de um pouco de iluminação.
Assim, o livre comércio entre essas nações permite que o povo de Gondor
consuma 25.000 espadas e 10.000 quilos de milho a mais do que quando
não realização comércio. O povo do Condado pode agora consumir 35.000
espadas e 10.000 quilos de milho a mais do que antes. Ambas as nações
claramente ganham com o processo de livre troca. Que um país é
absolutamente ineficiente e outro absolutamente eficiente não importa para
que a troca seja benéfica para ambos.
O que quero deixar claro aqui é: Não existe alternativa à riqueza que não
seja o livre-comércio e a globalização. Lutar contra ela, em todos os seus
aspectos, é tentar lutar contra a própria natureza da economia e um
caminho direito para a ruína de um povo.
https://tradingeconomics.com/commodity/beef
Vamos supor que o Brexit dê certo (coisa que não está acontecendo
muito nem para o cidadão nem para o governo) e os britânicos saiam
ilesos do processo. Mesmo com a saída, 39.8% do comércio britânico
ainda é feito com a UE (seu maior parceiro comercial) e muito
provavelmente os britânicos iriam querer manter suas relações econômicas
com a Europa. Ele poderia fazer isso se tornando membro da European
Economic Area (junto com outros países não-associados à UE, como a
Noruega e Liechtenstein). Porem, se fizer isso, o Brexit não passará de um
movimento circular tolo, pois os membros da EEA ainda tem que se
submeter a uma série de regulações e legislações feitas em Bruxelas. No
fim das contas apenas viraria um servo da UE. O exemplo norueguês
talvez seja mais ilustrativo do caso. A Noruega ainda tem que aplicar para
sua sobrevivência econômica uma série de regulações econômicas que
não são feitas pelo parlamento em Oslo, mas sim em Bruxelas. Tanto é
que, para a grande maioria dos noruegueses, a sua soberania enfraqueceu
permanecendo fora da União Europeia e não o contrário como pensam os
intelectuais do UKIP.
Outra saída para os britânicos seria negociar uma série de acordos
bilaterais com a União Europeia de maneira a garantir que suas empresas
tenham acesso ao Mercado Comum. Todavia, essa estratégia ignora uma
verdade dura: a União Europeia não tem razões para aceitar uma
negociação boa para os britânicos. A UE é a maior economia do mundo,
compota de várias economias com diferentes vantagens comparativas, e
estaria em uma posição de negociação muito melhor para um acordo
bilateral do que os britânicos. Isso é tão verdade que uma das cenas mais
caricatas do Brexit são as piadas e barreiras criadas pelo presidente da
comissão européia, Jean-Claude Juncker, a um acordo desse tipo.
Uma outra saída para os britânicos poderia ser negociar alguma forma de
acordo comercial que desse ao Reino Unido alguma forma de acesso ao
Mercado Comum. Todavia, essa estratégia ignora os custos de transação
de acordos comerciais com a União Europeia. Um exemplo desses custos
é a dificuldade recente de se firmar um acordo comercial entre a UE e o
Canadá em virtude de divergências regulatórias entre ambas as partes,
sobretudo com relação à questões agrícolas. Além disso, como o Reino
Unido opera, por meio da CITY, como um reduto bancário de operação no
Mercado Comum, uma luta regulatória poderia trazer uma imensa
instabilidade financeira tanto para a UE como para o Reino Unido. Na
verdade, isso já está ocorrendo.
Seja qual for o plano adotado pelos britânicos é bom que ele venha logo e
que seja rápido, pois, com uma onde de protecionismo acelerando pelo
mundo, se tornará cada vez mais difícil para a velha e decadente rainha do
mar achar parceiros comerciais para realizar trocas para sobreviver.