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Paula Polastri
Universidade Estadual de Maringá
paula_pol@hotmail.com
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Os resíduos da construção civl (RCC) não são coletados pela administração pública, sendo
de responsabilidade do gerador o manejo adequado. Conforme informação extraída do
Plano Municipal de Saneamento Básico de Sarandi (SARANDI, 2009), não há no
município local para destinação final ou reciclagem dos RCC.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado em uma via localizada na franja rural-urbana denominada
estrada Jaguaruna, localizada no município de Sarandi, mesorregião Norte Central
Paranaense, sul do Brasil. O Muncípio de Sarandi faz divisa com o município de Maringá
ao oeste e ao norte, e ao sul e ao leste com o município de Marialva (Figura 1).
Fig. 1 Localização da via periubana em relação à zona urbana e ao município de
Sarandi, estado do Paraná, Brasil
O estudo foi conduzido na via com extensão total de 6,82 km, e segmentada em 3 trechos,
com base na infraestrutura disponível e uso do solo praticado, da seguinte forma:
- Trecho A: iniciando-se ao sul, o qual dá acesso a sítios, chácaras e fazendas e
alguns bairros limítrofes do município de Sarandi com extensão de 4,58 km até a
bifurcação com a estrada Aquidaban;
- Trecho B: com início na bifurcação da estrada Jaguaruna e estrada Aquidaban
seguindo até a intersecção com a Rua Pioneiro Francisco Brogio, com extensão de
1,62 km;
- Trecho C: iniciando-se a partir da intersecção da estrada Jaguaruna com a Rua
Pioneiro Francisco Brogio até Avenida Cuibá, com extensão de 0,619 km.
A via periurbana possuía, até a data de levantamento in loco, trechos com pavimentação
(trecho A) e sem pavimentação e ausência de sistema de drenagem pluvial (trecho B e C).
Com base no objetivo proposto, o presente trabalho foi realizado por meio de pesquisa
exploratória-descritiva. Foi realizada uma visita à estrada Jaguaruna no dia 21 de janeiro de
2018. Durante o levantamento in loco realizou-se registros fotográficos e a coleta de dados
foi efetuada com auxílio de um check-list, no qual foram registradas as seguintes
informações: coordenadas geográficas dos locais, descrição dos pontos e trecho de
disposição, identificação da tipologia de resíduos sólidos observados.
Para elaboração dos mapas com segmentação dos trechos da via, identificação dos locais
de disposição irregular de resíduos sólidos e manipulação dos dados de base foi utilizado o
software QGis versão 2.18.14, com projeção UTM e sistema de coordenadas SIRGAS
2000, Zona 22S.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
(a) (b)
É possível observar pela Figura 5, o maior número de pontos com disposição irregular de
resíduos sólidos nas adjacências dos bairros residênciais no trecho B, sendo um total de 11.
Nas Figura 6 e Figura 7 são expostos registros fotográficos das disposições inadequadas de
resíduos sólidos no trecho B, os quais são compostos por de resíduos de origem doméstica,
compostos por resíduos de papel/papelão, plásticos em geral, resíduos têxteis (vestuários e
calçados), rejeitos, mobiliário (móveis e colchão), resíduos eletroeletrônicos, dentre outros,
bem como a presença de resíduos da construção civil (RCC).
Pela tipologia verificada dos resíduos no trecho B, a maior parte apresentou-se como não
perigosos. No entanto, se faz importante ressaltar que, além dos resíduos sólidos urbanos,
observam-se resíduos como eletroeletrônicos, que devido a alguns de seus constituintes,
podem, de acordo com a classificação proposta pela Norma Brasileira Regulamentadora
(NBR) 10.004:2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, ser
classificados como resíduos perigosos (classe I), o qual apresentam propriedades como
inflamabilidade, corrossividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade.
Isto é, são resíduos que apresentam periculosidade, sobretudo quando não manejados e
dispostos de forma adequada, podendo apresentar risco à saúde pública devido a
contaminação difusa do solo e da água, além de favorecerem o abrigo de vetores e animais
perigosos.
Por sua vez, no trecho C foi verificado a disposição irregular de resíduos sólidos por toda a
sua extensão (0,619 km). Vale ressaltar, conforme apresentado na Figura 8 que este
segmento da via situa-se em um vazio urbano entre dois bairros residenciais, com
facilidade de trânsito e acesso pela população.
Dos resíduos sólidos, observou-se no trecho C que, em sua maior parte, correspondiam a
resíduos da construção civil (RCC). Na Figura 10 são apresentados aspectos da disposição
irregular do resíduos sólidos neste trecho.
Diante do cenário exposto, ações de gestão integrada dos resíduos sólidos, em especial, da
via estudada devem ser norteadas para eliminar novos descartes irregulares.
Além disto, outro fator associado que desestimula a adesão de cooperados e contribui à
restrição da área de abrangência da coleta seletiva é a forma de remuneração. A
remuneração dos cooperados, no caso de Sarandi, ocorre ao final de cada mês, variando
pela quantidade de resíduos coletados e comercializados e, ainda, pela divisão dos lucros
igualitária entre os colaboradores, quais sejam suas produtividades. Isto é, a adesão do
coletor de material reciclável com alta produtividade torna-se desinteressante, uma vez que
a sua remuneração pelo serviço será a mesma de um catador com baixa produtividade.
De forma a contornar a limitação das áreas contempladas pela coleta seletiva porta a porta,
sugere-se como alternativa a implantação de novos locais com Pontos de Entrega
Voluntária (PEVs) em espaços públicos, com facilidade de acesso, como praças, parques,
teatros, centros comunitários, escolas municipais, e que possuam atendimento regular de
limpeza pública e manutenção, ou, até mesmo, nos locais com reincidência de descarte
irregular.
Associado a isto, ressalta-se a importância da educação ambiental, de forma a internalizar
o envolvimento e a responsabilidade dos cidadãos quanto a correta separação e destinação
dos resíduos sólidos inseridos no dia a dia. Sugere-se a realização de campanhas de
educação ambiental junto à população para que esta promova não somente o descarte
correto dos resíduos gerados, mas, também, a separação dos RSU na origem e a destinação
à coleta seletiva, ou o encaminhamento para PEV, principalmente para resíduos
mobiliários e outros que não são coletados pela coleta regular de limpeza pública.
Quanto aos resíduos da construção civil, uma alternativa para a correta gestão é a criação
de uma rede de áreas para manejo de pequenos volumes e posterior destinação
ambientalmente correta, com suporte da administração pública. No entanto, segundo a
SEMA, questões legais de cobrança e remuneração impedem o município de realizar tal
ação.
Outra sugestão para os RCC trata-se de uma oportunidade de mercado para a iniciativa
privada, com a instalação de áreas de transbordo ou de centrais/usinas de tratamento para a
valorização através da reciclagem e da reutilização dos resíduos ou o aluguel de tambores
ou contentores metálicos para pequenos geradores em contraponto às caçambas
estacionárias para grandes volumes. Contudo, esta alternativa deve ser pautada por estudos
de viabilidade técnica, financeira e ambiental por parte dos interessados.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se observar que os locais e número de pontos de descartes possuem relação com a
proximidade de bairros e habitações adjacentes, principalmente em áreas com facilidade de
acesso e tráfego. No entanto, sugere-se a elaboração de estudos que possam afirmar esta
correlação e, ainda, verificar a influência do nível socioeconômico em relação aos
descartes irregulares aos bairros adjacentes ao trecho A e aos trechos B e C.
AGRADECIMENTOS
6 REFERÊNCIAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2004) NBR 10.004: Resíduos sólidos
– Classificação, Rio de Janeiro.
Brasil (2010) Lei n. 12.305, de 2 agosto de 2010, Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei n. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, e dá outras providências, Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2 de ago. 2010
Jacobi, P. R. and Besen, G. R. (2011) Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da
sustentabilidade, Estudos Avançados, 25(71), 135–158.
Polastri, P., Angelis Neto, G de, Paredes, E. A. and Okawa, C. M. P. (2016) Identificação e
avaliação de locais de disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos na cidade de
Maringá, Paraná, Proceedings of the 7th Congresso Luso Brasileiro para o Planejamento
Urbano, Regional, Integrado e Sustentável, Maceió, October 5-7, 2016.