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da cultura"
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Essa luta, como fica claro tanto no texto de Nietzsche como no texto de
Schopenhauer tem como foco, a princípio, a oposição a certas concepções
filosófico-políticas, que o veem no estado o fim supremo da humanidade e à
ideia básica que fundamentaria essa concepção, a de que não há dever mais
elevado para o homem do que servir ao estado.
“Sê tu mesmo! Tudo o que fazes, tudo o que pensas, tudo o que ambicionas
agora, tudo isso não é tu.”
A figura das ervas daninhas atacam o que é mais jovem e, de saída, Nietzsche
anuncia que a verdadeira educação se opõe à concepção de educação de seu
tempo.
Escreve contra seu tempo somente aquele que escreve para si mesmo e,
como ninguém gosta de ser enganado, a autonomia seria, antes de tudo, em
Schopenhauer, atesta Nietzsche um caminho para a verdade.
Nesse sentido a oposição às formas perversas e inescrupulosas do otimismo,
da falsa esperança e, sobretudo, da falsa consciência, seria uma forma de
crítica da cultura de seu tempo.
Ora o que seria nesta passagem indício de uma crítica de seu tempo.
Exatamente o contrário da postura de seu mestre, eu cito:
Neste ponto podemos destacar que a crítica à cultura de seu tempo traz, em
sua gestação, também, o perigo do ressentimento. Parece inegável que crítica
e ressentimento caminham juntos no escrito de Schopenhauer sobre a
filosofia universitária.
O crítico da cultura de seu tempo segue como Hamlet segue o espectro sem
se deixar desviar como fazem os sábios e sem se basear em uma escolástica
conceitual como costumam fazer os dialéticos desenfreados.
Hamlet ao se deparar com uma verborragia explicativa do tipo dialético, em
todos os sentidos, pronuncia o contra-argumento mais simples e ao mesmo
tempo de efeito estrondoso: Palavras, palavras, palavras. Justamente à um
personagem que é de um palavrório proverbial mas se revela o conformismo
político-social.
Na perspectiva de Nietzsche:
Estado, sistema educacional, e a própria ciência, essa que neutraliza o juízo
sobre o valor da vida, são objetos da crítica, em última instância, também,
por promoverem um juízo de valor sobre vida.
A crítica da cultura exigiria ainda um passo contra o próprio devir, deve trazer
à luz tudo o que há de falso nas coisas, e aqui reside talvez o pensamento
mais abissal dessa crítica:
As instituições, o status quo e o próprio homem não vão querer essa reforma,
justamente porque ele, o homem, seria a primeira vítima.
Essa comunidade, porém, não pode ser ligada por formas e leis exteriores,
mas pela identidade de um mesmo pensamento fundamental. Essa seria uma
comunidade espiritual.
Se considerarmos mais uma vez como o viés crítico enfoca o estado neste
contexto, veremos que, segundo Nietzsche as tarefas culturais a que ele se
propõe são “liberar as forças espirituais de uma geração na medida em que
essas possam servir às instituições estabelecidas e lhe serem úteis”. Essa
liberação consiste, continua Nietzsche, em forjar as correntes.
Por fim, talvez a ideia mais inusitada de todo esse escrito aponta como objeto
de crítica o próprio saber, mas exatamente o egoísmo do saber.
A oposição entre a figura do erudito, dissecada em treze qualidades que aqui
não teremos tempo de analisar, e o gênio. A estima ao sábio é prejudicial
para o surgimento do gênio. O sábio não tem ideia alguma do que é a cultura.
A crítica da cultura é também a crítica de um ideal de sabedoria.